O texto que se segue é uma reprodução escrita, com
pequenas adaptações e esclarecimentos, do programa exibido pela Rádio e Televisão de Portugal, “1996 – Clonagem” integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informação
constante deste documento foi apresentada pela citada estação de televisão portuguesa, aquando da exibição do documentário referido.
Resta-me recordar, em último lugar, que no ano de 2007 a
Rádio e Televisão de Portugal celebrou o seu quinquagésimo aniversário. CLONAGEM (1996)
Em 1996, a 5 de Julho, nasce, na Escócia, a Ovelha Dolly, o
primeiro animal clonado a partir das células retiradas de um animal adulto. A clonagem cria expectativas, por outro lado cria receios.
(Carolino Monteiro, geneticista) “Estamos em 1996, a Ovelha
Dolly cria inúmeros receios, com o pensar que era uma técnica que poderia criar novos ditadores, com Hitler à cabeça.”
Apenas se clonou uma ovelha, não se clonaram ditadores. Há
o risco de se estar a abrir uma “caixa de Pandora”, mas esta é, sem dúvida, uma das grandes descobertas da Ciência.
(Carolino Monteiro) “Eu considero que é um dos marcos
importantes do século XX e, hoje, trabalha-se graças ao avanço com Dolly para nós termos a Medicina regenerativa, isto é, células que são compatíveis com o nosso organismo, que nós não façamos rejeição.”
Os cientistas britânicos que criaram Dolly temiam a reacção à
descoberta. Por isso, esperaram meses até a apresentarem ao Mundo. O baptismo público da ovelha ainda teve de esperar até Fevereiro de 1997. Por todo o mundo, o acontecimento foi divulgado e também em Portugal.
(Clara de Sousa, pivot do Telejornal da RTP) «A Genética
conseguiu uma das maiores vitórias científicas dos últimos tempos: a clonagem de um ser vivo adulto. Um grupo de cientistas escoceses criou um carneiro geneticamente idêntico ao original.»
Mas os média portugueses não deram ao feito todo o
destaque que merecia.
(Carolino Monteiro) “Foi dado muito pouco relevo a este
acontecimento, exactamente porque a Ciência não era chamativa para os média. E 1996-1997 faz parte de um momento do despertar do jornalismo científico. É este o meu olhar para o passado. Por isso, os jornalistas não deram a devida atenção, quer na rádio, quer na televisão.”
Dolly foi o primeiro clone, seguida de muitos outros animais. A
clonagem para fins terapêuticos já reúne um largo consenso, mas a clonagem para fins reprodutivos ainda é objecto de controvérsia. O debate ético e científico vai continuar…