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Consequencias Traicao Casamento
Consequencias Traicao Casamento
Belém/Pará
2002
GELLY NICANDREA MARQUES PEREIRA
THATIANA BISI OLIVEIRA
Belém/Pará
2002
Primeiramente, agradeço a Deus que me
concedeu o Dom da vida, a perseverança e a
força para acreditar que eu era capaz de
conquistar vitórias, apesar das adversidades. Por
isso, a cada dia eu louvo pela sua infinita
misericórdia e amor; Aos meus pais Laura e
Henrique pelo amor, carinho, compreensão e
apoio nesta caminhada, apesar de não estarem
juntos de mim, como gostaria de tê-los; A todos
os meus parentes e principalmente aos meus
irmãos Michelly e Javã os quais os amo muito e
que sempre estarão comigo em meu coração.
A todos os amigos dentro e fora do curso, em
especial a minha amiga Fernanda, em que me
ajudou muito nos momentos em que mais precisei
durante essa formação e ao meu amigo Newton..
Ao orientador Paulo Pacheco o meu carinho e
consideração. E a minha grande companheira
Thatiana Bisi pela força, coragem e paciência na
construção e elaboração desse projeto.
BANCA EXAMINADORA:
1° Examinador: Elias Leopoldo Serique Ass: ______________________
2° Examinador: José Guilherme O. Castro Ass: ______________________
3° Examinador: Paulo Roberto Pacheco. Dias Ass: ______________________
Nota: ____________
SUMÁRIO
I – DEDICATÓRIA ................................................................................................................. iv
II – AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... v
IV – RESUMO .......................................................................................................................... 9
V – INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10
VI – METODOLOGIA ........................................................................................................... 21
IX – REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 32
X - ANEXOS
Gelly Nicandrea Marques Pereira e Thatiana Bisi Oliveira. As Conseqüências Psicológicas da
Traição no Casamento, Envolvendo uma Terceira Pessoa. . Trabalho de Graduação.
Universidade da Amazônia, Belém, Pará. 34 páginas .
RESUMO
Provavelmente, não existe nenhum casal que não tenha vivenciado crises, e poucos que não tenham
entrado em contato com o trauma emocional, devastador que se segue à descoberta, ou a revelação de uma
relação extraconjugal.
Percebe-se então que a crise do casal é um forte sinal do malestar relacional que muitos vivenciam.
Ao mesmo tempo, nos permite refletir sobre as profundas mudanças dos papéis sexuais e familiares evidenciados
nos casais de hoje.
1- A escolha do Cônjuge
2- O CASAMENTO
Ainda hoje, em pleno século XXI, percebe-se que, para muitas pessoas, o que
justifica o casamento é um amor apaixonado, idealizado, absoluto. E o que justifica um bom
número de divórcios e recasamentos é a decepção com as histórias vividas, associadas ao
redespertar da esperança, à procura inebriante de novas ilusões. A proliferação de relações
paralelas, ocultas e proibidas nasce desse desejo insaciável, representando exatamente a
mesma busca, a partir da convicção nem sempre consciente de que o fantástico não subsiste
ao dia-a-dia, não passa por nenhum teste de realidade.
O desejo de companhia, de aconchego, de se sentir pert encente a alguém é tão inerente ao ser humano que,
desde que se têm notícias, o homem vive em grupos.
No curso de uma vida e de um casamento, existem pontos críticos, períodos de transição e crise, em que
as coisas mudam. Existe uma instabilidade nesses pontos críticos, e vários tipos de problemas podem surgir. É
nesses momentos que um casamento, e até antes dele, um relacionamento, corre um grande risco de infidelidade.
Os casamentos geralmente começam bem, e o casal parece que estará nele para sempre. Os defeitos que
eram aparentes para todos os amigos e parentes, não evoluíram para nada mais sério. Então, de alguma maneira,
ele deixa de funcionar. O casamento torna-se mais distante, ou mais cheio de conflitos. Nada muito dramático
aconteceu, o casamento simplesmente não está funcionando. Tipicamente, um dos parceiros suspeita que o outro
está tendo um caso, e nesse ponto, a suspeita muitas vezes é correta. Mas, a crise, embora seja muito diferente e
infinitamente mais fácil de resolver sem o caso, ainda é uma crise e com a instabilidade dos pontos críticos
vários problemas podem surgir, como “apaixonar-se”, “pânico pré-nupcial”, “diminuição do sexo”, “ciúme” e o
“fim do romance”.
Apaixonar-se:
Existe uma crise em todos os relacionamentos de namoro, quando um dos parceiros começa a sentir um
vínculo primeiro. Se o outro ainda não começou a ter idéias românticas, o relacionamento pode começar a ficar
desorientador e bastante pegajoso. Alguém precisa reconhecer primeiro que aquilo que está sendo sentido pode
ser “amor”. Dizer “eu te amo” é assustador, não dizer também é assustador, e não ouvir de volta é motivo para
suicídio (Pittman, 1994). As pessoas inseguras podem se separa logo em um relacionamento quando sentem que
sua necessidade de amor não será satisfeita. Elas não estão preocupadas com qualidade de seu próprio amor ou
com as necessidades da out ra pessoa, mas apenas se o outro lhes dará o amor que elas temiam jamais conseguir.
Pittman, 1994, acredita que as pessoas inseguras que estão namorando podem ficar malucas e deixar
todos em volta delas igualmente malucos, enquanto esperam a resposta amor osa da qual depende sua vida.
Qualquer pessoa sadia que receba uma baforada desse desespero provavelmente irá sair correndo. A
maioria das pessoas consegue crescer e deixam de entrar em pânico sobre a questão de ser amada, mas outras
sentem a mesma insegurança todos os dias e precisam de um reasseguramento regular de que são
verdadeiramente amadas, independentemente do que tenham ou não tenham feito.
Pânico pré-nupcial:
A diminuição do sexo
No passado, as pessoas casavam sem considerar sua compatibilidade sexual. Mesmo os casais que
pareciam compatíveis provavelmente não os eram. O sexo geralmente é intenso no início de um relacionamento,
mesmo que não seja eficiente e efetivo. Na verdade, muitos casais apreciaram mais sua sexualidade durante o
namoro do que no casamento. Tradicionalmente, os rapazes deveriam fazer investidas sexuais, enquanto as
moças deveriam conter-se. Como resultado, havia muito romance, prazer e preliminares e pouca penetração, o
que era em geral muito mais divertido e orgástico para a mulher, e para o homem também, mas ele não se dava
conta disso. Depois que estavam casados, não havia mais barreiras, de modo que o sexo muitas vezes tornava -se
frequente e rápido, sem preliminares, e totalmente dirigido para a penetração, “estou chegando esteja pronta ou
não” Pittman (1994, p.78). Não surpreende que as mulheres não ficassem muito entusiasmadas com o sexo
marital, e desenvolvessem dores de cabeça (reais ou relatadas) à simples idéia. Depois de um ano, mais ou
menos, o cara cansava de rejeição, da batalha e da falta de resposta, e o sexo se tornava apenas suficientemente
assíduo para manter em vigor a certidão de casamento.
O sexo, portanto no casamento talvez mais do que qualquer outra coisa precisa ser liberado do mito de
que há uma diferença entre os homens e as mulheres. Isso geralmente não acontece até haver algum tipo de crise.
O sexo pode tornar-se até melhor depois disso.
Ciúme:
O fim do romance:
De modo típico, a névoa romântica continua a desorientar o casal até que eles estejam casados há um
certo tempo. Se o romance esfriou antes do casamento, a festa do casamento ainda pode acontecer, mas um ou
ambos os parceiros podem se lembrar de ter ditos “eu sabia que estava errado”. Algumas pessoas, na verdade,
nunca sentiram muito romance em seu casamento e jamais pensam que deveriam passar por um período de
desorientação romântica. Para essas, não há crise. Mas para a maioria, a perda daquele brilho romântico
luminoso é um bocado triste. Elas começam a notar que o cônjuge é menos maravilhoso do que pensavam. Elas
não sentem a mesma intensidade sexual. Podem inclusive ficar aborrecidas, irritadas com as fragilidades
humanas de seu parceiro, até mesmo com simples condição humana, preferindo passar a noite com amigos e
passam a se questionar se cometeram algum erro ao casar-se, ou ao casar com essa pessoa em específico.
Algumas vezes o relacionamento é suficientemente bom para que ambos reconheçam o fim do romance e o
começo do casamento (Pittman, 1994).
Por fim, o casamento não pode proporcionar um constante estado de romance, e as pessoas que são
aditas ao romance não conseguem manter um casamento. Mas nenhuma das pessoas que casam sabem disso. E
algumas não aprendem nem mesmo depois de muitos casamentos.
4 – INFIDELIDADE E SUAS CONSEQÜÊNCIAS.
A infidelidade hoje é tão comum que já não se constitui um desvio, mais sim em uma
problemática que perdura entre os casais. Pois a infidelidade não se resume somente ao ato
sexual, mas na desonestidade e no segredo do ato.
O que viria ser a infidelidade? Esta pergunta sobre o que exatamente é, e o que não é
infidelidade, é bastante delicada. Segundo Pittman (1994, p.4) “a infidelidade é uma quebra
de confiança, a traição de um relacionamento, o rompimento de um acordo”.
Há muitos tipos de infidelidade, porém a que irá ser tratada refere-se à infidelidade
sexual em um casamento monógamo, ou seja, o envolvimento com uma terceira pessoa na
relação.
A maioria dos casais mantém completa exclusividade sexual dentro do casamento,
permitindo a masturbação e qualquer outro tipo de fantasia que cada um gostaria de ter.
Portanto o contato sexual com uma outra pessoa não é aceito, uma vez que, a relação sexual
se restringe ao casal.
Alguns casais desenvolvem seu próprio conjunto de regras com relação ao que seja ou
não infidelidade. Sendo que alguns como os adeptos do swinger aceitam a troca de casais e a
orgia, enquanto que a relação sexual seja feita em público, ou seja, com vários casais juntos,
mas ficam indignados se a mesma for privada. Enquanto que outros decidem que o
comportamento homossexual fora do casamento seria aceitável e o heterossexual seria
desaprovado. E há alguns casamentos nos quais os homens podem ter casos e as mulheres
não. Então seja qual for o acordo, se ele é realmente um acordo, isso é o ideal aceito por esse
casal, neste casamento, e a infidelidade esta justamente no rompimento deste acordo.
A infidelidade pode não ser a pior coisa que um parceiro faça ao outro, porém pode ser
a mais perturbadora e desorientadora situação ocorrida na relação, e consequentemente capaz
de destruir o casamento, não necessariamente pelo sexo e sim pelos segredos e mentiras.
Tanto que para Pittman (1994, p.6) “Uma mentira pode ser uma traição mais direta do que
manter um segredo relevante, mas as duas coisas acabam sendo a mesma coisa”.
O drama da infidelidade tem sempre três participantes, o traidor, o que é traído e o parceiro do caso. O
traidor é a pessoa que é infiel, ou seja, quem está cometendo a infidelidade, ao fazer algo sexual fora do
casamento. Já o traído é a vitima no casamento de quem o cônjuge (traidor), escapa e se esconde. Enquanto que
os parceiros de um caso são chamados de “amantes”.
Os casos são emocionalmente complexos e envolvem uma raiva considerável, parte dela em relação ao
parceiro do casamento, parte em relação ao parceiro do caso, parte em relação à instituição casamento e uma
grande parte em relação ao gênero visto como “oposto”. Nessa confusão emocional o amor acaba sendo o menor
ingrediente na relação.
A infidelidade não é uma questão de “saúde mental, e sim uma questão moral” Andolfi (2002, p.108).
Essa reação origina-se de varias suposições, uma vez que a “saúde mental é alcançada quando as restrições dos
julgamentos morais são superados, ou seja, tudo aquilo que traz à liberdade de uma pessoa com relação à
restrição sexual deve ser mentalmente sadia”.
Participantes:
Local:
Material:
Foram usados seguintes materiais: uma resma de papel A-4, um cartucho de tinta
colorida e preta para a impressora HP 840c, canetas, borrachas e roteiro de entrevistas,
contendo 6 (seis) perguntas abertas.
Instrumentos e Técnicas:
Foi realizada uma análise qualitativa dos dados, onde o sujeito-observador do processo
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“Nós nos identificamos por termos tido uma infância muito parecida. Ele
preocupado em sustentar sua mãe e eu com meus irmãos, a fome, a falta de amor
P2
embora tivesse pais. Enfim, à vontade de viver, a necessidade de amar, os
sofrimentos, o apoio mútuo nos uniu”.
“Como nos conhecemos muito novinhos com 17 anos e namoramos por seis anos, as
personalidades foram se envolvendo, e fomos crescendo juntos para a vida.
A escolha com certeza se deu justamente pelo tempo de convivência e por ser uma
pessoa honesta, amiga, companheira além de ser extremamente apaixonado por
P3 mim.
Mas acredito que a mulher tem um amadurecimento maior que o homem e ao longo
do tempo foram surgindo às diferenças, com certeza na época nem nos dávamos
conta das mudanças”.
“As pessoas se casam basicamente por amor, só que damos um jeito de nos
apaixonar por alguém que tenha características semelhantes as nossas, porque assim
P4
parece haver maior facilidade no relacionamento”.
Observou-se que tanto P2 e P3 fizeram sua escolha levando em conta a convivência e os anos que se
amadurecimento, experiência e beleza. Já P4 fez sua escolha pelas características e semelhanças existentes entre
eles.
Quadro II: “Em sua opinião o que levou o seu parceiro (a), ao envolvimento em uma relação extra-
conjugal?”.
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“Era uma pessoa muito livre, não havia cobrança da minha parte em seus horários
pela profissão que tinha (corretor autônomo) e isso contribui para um contato maior
P1
com o sexo oposto”.
“Ele era muito ingênuo embora com 21 anos, foi trabalhar com uma turma de 40
homens em uma fabrica onde 80% eram mulheres, durante 7 meses ele suportou a
P2 pressão dos outros sobre ele, depois começou a mudar e trair e então não parou
mais”.
casamento?”.
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“A pessoa com que vivia tornou desacreditada, o relacionamento ficou abalado pela
desconsideração, pois eu vivia para ele e ele traiu a minha confiança, não houve mais
“Todos sentimos um certo desespero quando o amor se vai. Não se trata unicamente de
dor, ansiedade de separação ou medo, mais que tudo de uma sensação de uma
P4
diminuição da auto-estima e de insegurança na própria capacidade de seduzir e amar”.
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“Tudo passei a olhar mais para mim, pois vivia em função dele, voltei a estudar, tirei
minha carteira de motorista enfim tentei recuperar o t empo que perdi”.
P1
“Tudo, me sentir um lixo no principio, mas a minha fé no Senhor Jesus, saber que
ele me ama e que tinha 4 filhos me susteve pois essa situação durou 22 anos,
P2 descobrir que sei desenhar, pintar, escrever poesias, que sou mais eu, além de
começar a trabalhar, ser dependente dele era o meu maior problema”.
“Com certeza com maior amadurecimento para a vida, mas também com uma
P3 enorme precaução em relação a qualquer tipo de envolvimento amoroso”.
“Amadurecimento e me descobrir, tendo um conhecimento melhor de mim mesmo.
P4 Tendo uma noção mais clara da minha própria força e fraqueza”.
Percebeu-se nas respostas de P1 e P2 com relação ao que mudou em sua vida após
terem experienciado uma traição, um consenso no que diz respeito ao olhar mais para si, e a
recuperação do tempo perdido. Enquanto que P3 e P4 concordam que essas experiências
trouxeram-lhes amadurecimento para a vida.
Quadro V: “Se o seu casamento continuou após essa traição, o que mudou em seu relacionamento
conjugal?”.
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“Não havia mais o desempenho sexual ativo, as horas em que ele não se encontrava
em casa era um martírio e quando chegava em casa eu sentia nojo de tocar em seu
P1
corpo”.
“Sei que não sou mais a mesma, ele também mudou muito, nos reuniu, pediu
perdão, começou a freqüentar uma igreja e nunca mais se envolveu com ninguém,
P2 isso já faz 5 anos. Eu brinco com ele, converso bastante, mas é como se ele fosse
outra pessoa. Se me perguntar se o amo, posso responder: não quero outra pessoa,
mas acho que não o amo mais”.
“Não. O casamento acabou no momento em que soube de tudo”.
P3
P4 “Não continuou”.
você passou?”.
PARTICIPANTES RESPOSTAS
“Que procure encarar a situação com os pés no chão, não adianta pensar em
vingança, procure se valorizar, pois tem sempre alguém que vai observar as nossas
P1
qualidades e valorizar o que temos de bom”.
“Se você tem Deus em sua vida você tem uma esperança e isto
fortalece, ajuda a perdoar e reconstruir, pois só nele se perdoa.
Se você não tem Deus procure amar a si mesma se valorize, não adianta colocar
alguém em sua vida só para preencher o vazio deixado pela outra. Pare repense sua
P2
vida e comece a olhar em volta, o homem não nasceu par viver só e isso não
significa que a companhia que se precisa deva ser um homem.
Tudo e belo quando se ama a Deus, a vida, a natureza e os nossos semelhantes”.
“Como diz o ditado: Não há “bem” que nunca se acabe e nem “mal” que dure para
sempre. De a volta por cima, tire proveito de tudo fazendo uma análise de sua vida,
P3 revendo valores e procurando se gostar cada vez mais”.
“Todos nós temos um desejo de ser feliz, mas esse desejo muitas vezes se frustra.
Viver e crescer, e o crescimento acontece sempre de vagar.
No nosso encontro com o destino, vamos aprendendo a lidar com os imprevistos,
P4 com o perigo. Portanto não adianta acreditar que não existem abismos na estrada da
vida. O importante e atravessa-los e supera-los”.
Constatou-se que todas as respostas elaboradas pelos sujeitos P1, P2, P3 e P4, que o
conselho que dariam a uma pessoa que estivesse passando por uma situação semelhante as
suas, que essa pessoa se valorizasse mais, procurando encarar a situação de uma forma
realista, além de tirar proveito da mesma, sem precisar procurar uma outra pessoa para
substituir a “vazio” deixado pelo o cônjuge.
DISCUSSÃO
O presente estudo mostra que a cri se vivenciada pelo casal reflete em um forte sinal do malestar
relacional que muitos vivenciam, permitindo assim uma maior reflexão sobre as profundas mudanças dos papéis
sexuais e familiares evidenciados nos dias de hoje. Apesar de todos esses processos, existe uma problemática
que perdura entre os casais. Trata-se da infidelidade conjugal.
Provavelmente, não existe nenhum casal que não tenha vivenciado crises, e poucos que não tenham
entrado em contato com o trauma emocional, devastador que se segue à des coberta, ou a revelação de uma
relação extra-conjugal.
A infidelidade não se resume somente ao ato sexual, mas na desonestidade e no segredo do ato.
Segundo Pittman (1994, p. 4) “a infidelidade é uma quebra de confiança, a traição de um relacionamento, o
rompimento de um acordo”. Confirmando assim as respostas emitidas nas entrevistas, quando P1 relata que “a
pessoa com quem vivia tornou-se desacreditada, o relacionamento ficou abalado pela desonestidade... ele traiu a
minha confiança”. Este relato aparece em todas as outras entrevistas realizadas, mostrando que a infidelidade
possui um grande poder desestruturador na relação.
De acordo com o referencial teórico e com o que foi verificado nas entrevistas, que a infidelidade não é
a pior coisa que um parceiro faça ao outro, mas pode ser a mais perturbadora e desorientadora situação ocorrida,
não somente pela relação sexual e sim pelos segredos e mentiras relacionados. Conforme Pittman (1994, p. 6)
“uma mentira pode ser uma traição mais direta do que manter um segredo relevante, mas as duas coisas acabam
sendo a mesma coisa”.
Os problemas inerentes à infidelidade, geralmente giram em torno da culpa e ciúmes. Se os mesmos
forem superados, a traição deixará de ser um problema. Mas a infidelidade, ou melhor, a culpa e o ciúme
raramente são superados durante o período de uma vida. Tanto que em todos os relatos, a mesma, não é admitida
além de trazer sérias conseqüências, que iam desde a falta de confiança, mágoa, dor, e até a separação.
Conforme o referencial teórico à crença na fidelidade conjugal e no casamento monógamo ainda servem
de base para as fantasias e ideais românticos das pessoas.
Apesar do ser humano ser falho, acredita-se que a infidelidade não deve ser tolerada. Pittman (1994),
ressalta que apesar da fidelidade ser o ideal almejado, não se acredita que ela seja atingível e a mesma acaba
sendo tratada mais como uma fantasia do que como um ideal.
Sobre a mesma questão P3 afirma que ao experienciar uma traição em seu relacionamento conjugal,
passou por um processo de amadurecimento, além de uma enorme precaução em relação a qualquer tipo de
envolvimento amoroso, confirmando assim, o que foi exposto no referencial teórico anteriormente.
Apesar da infidelidade ser tão comum a ponto de já não se constitui um desvio e sim uma problemática
existente entre os casais, a mesma continua a surpreender aqueles que a experienciam.
Em nossa sociedade muitas paixões intensas e romances serviram nas ultimas décadas como base para o
casamento. Pois é no momento da escolha que a pessoa precisa assumir a responsabilidade por suas ações.
Enquanto que outras, nunca sentiram muito romance em seu casamento.
Existem pessoas que nunca sentiram muito romance em seu casamento e jamais pensam que deveriam
passar por um período de desori entação romântica. Mas para muitos casais a perda do romantismo faz com que a
relação se torne desorientadora, conforme o relato de P3 que diz “ao longo do tempo foram surgindo às
diferenças (...) na época nem nos dávamos conta disso’’. Nota-se uma contrap osição no que foi explicitado no
referencial teórico, quando Pittman (1994, p.34) diz “algumas vezes o relacionamento é suficientemente bom
para que ambos reconheçam o fim do romance e o começo do casamento”. Mostrando a necessidade de aprender
a lidar com adversidades que surgirão na relação, e a busca da compreensão de que as diferenças e divergências
sempre existiram, pois a relação constitui-se de duas pessoas.
Sugere-se que as pesquisas futuras possam investigar como as mudanças de papéis sociais vivenciados
pela família hoje, tem contribuído para o grande índice de envolvimento com uma outra pessoa na relação
conjugal e conseqüentemente ao divórcio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Roteiro de Entrevista
I - Identificação:
Iniciais do nome:
Idade:
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )
2 – Em sua opinião o que levou o seu parceiro (a), ao envolvimento em uma relação extra-conjugal?
3 – Para você quais as consequências acarretadas mediante a descoberta da traição para seu casamento?
5 – Se o seu casamento continuou após a essa traição, o que mudou em seu relacionamento conjugal?
6 – O que você diria a uma pessoa que estivesse passando por uma situação semelhante a que você passou?
IDENTIFICAÇÃO
Sujeito: P1 Sujeito: P2
Iniciais do nome: C.M.P.Q Iniciais do nome: M.P.D
Idade: 52 anos Idade: 49 anos
Sexo: Feminino Sexo: Feminino
Religião: Católica Religião: Evangélica
Classe Social: Classe média Classe Social: Classe média
Sujeito: P3 Sujeito: P4
Iniciais do nome: D.P Iniciais do nome: V.T
Idade: 50 anos Idade: 47 anos
Sexo: Feminino Sexo: Feminino
Religião: Católica Religião: Católica
Classe Social: Classe média Classe Social: Classe média