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GELLY NICANDREA MARQUES PEREIRA

THATIANA BISI OLIVEIRA

AS CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA TRAIÇÃO NO CASAMENTO,


ENVOLVENDO UMA TERCEIRA PESSOA.

Belém/Pará
2002
GELLY NICANDREA MARQUES PEREIRA
THATIANA BISI OLIVEIRA

AS CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA TRAIÇÃO NO CASAMENTO,


ENVOLVENDO UMA TERCEIRA PESSOA.

Trabalho de Graduação apresentado como parte dos


requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel
em Psicologia.

Belém/Pará
2002
Primeiramente, agradeço a Deus que me
concedeu o Dom da vida, a perseverança e a
força para acreditar que eu era capaz de
conquistar vitórias, apesar das adversidades. Por
isso, a cada dia eu louvo pela sua infinita
misericórdia e amor; Aos meus pais Laura e
Henrique pelo amor, carinho, compreensão e
apoio nesta caminhada, apesar de não estarem
juntos de mim, como gostaria de tê-los; A todos
os meus parentes e principalmente aos meus
irmãos Michelly e Javã os quais os amo muito e
que sempre estarão comigo em meu coração.
A todos os amigos dentro e fora do curso, em
especial a minha amiga Fernanda, em que me
ajudou muito nos momentos em que mais precisei
durante essa formação e ao meu amigo Newton..
Ao orientador Paulo Pacheco o meu carinho e
consideração. E a minha grande companheira
Thatiana Bisi pela força, coragem e paciência na
construção e elaboração desse projeto.

Gelly Nicandrea Marques Pereira.


Quero agradecer a minha mãe, pela força,
coragem, carinho, dedicação, por tudo o que ela
fez e faz por mim, e pelo papel fundamental que
ela obteve para a realização e a construção de
mais um sonho, se realizando em minha vida,
pois sem ela eu não seria ninguém. Gostaria
também de agradecer a minha tia Selma, a qual
me ajudou bastante, na realização deste projeto
de pesquisa e é nela que eu me espelho como uma
futura profissional. Digo a mim mesma: se eu
conseguir ser uma profissional pelo menos
parecida com ela, já me dou como vencida.
Ao meu namorado Alexey que sempre esteve do
meu lado em todos os momentos da minha vida,
me dando apoio e carinho. Agradeço também ao
meu orientador Paulo Pacheco pela paciência e
carinho como sempre nos tratou e a Gelly que
além de ser a minha companheira neste projeto, é
também minha grande amiga.
Thatiana Bisi
“Agradecemos esse trabalho primeiramente a
Deus, pois em tudo que existe, vemos a perfeição
daquele que em seu imenso amor fez o céu, a
terra, o mar e tudo o que nele há. Fez-nos a sua
imagem e semelhança, deu-nos a inteligência e a
força para superar os obstáculos que na vida
encontramos. Neste momento tão especial,
também agradecemos as nossas famílias e
amigos que de uma forma direta e indireta
contribuíram para a realização e concretização
desse sonho. Ao nosso professor e orientador
Paulo Pacheco, pelo apoio e carinho durante a
elaboração e a realização desse projeto de
pesquisa”.

Gelly Nicandrea e Thatiana Bisi.


“A mais cara de todas as loucuras é acreditar
apaixonadamente naquilo que claramente não é
verdade”.

PITTMAN (1994, p. 15)


GELLY NICANDREA MARQUES PEREIRA
THATIANA BISI OLIVEIRA

Trabalho de Graduação apresentado como parte dos requisitos


necessários à obtenção do título de Bacharel em Psicologia, em
novembro de 2002, orientado pelo professor Paulo Pacheco.

AS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA TRAIÇÃO NO CASAMENTO,


ENVOLVENDO UMA TERCEIRA PESSOA

BANCA EXAMINADORA:
1° Examinador: Elias Leopoldo Serique Ass: ______________________
2° Examinador: José Guilherme O. Castro Ass: ______________________
3° Examinador: Paulo Roberto Pacheco. Dias Ass: ______________________

Julgado em: _____ /_____ / _______.

Nota: ____________
SUMÁRIO

I – DEDICATÓRIA ................................................................................................................. iv

II – AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... v

III – EPÍGRAFE ..................................................................................................................... vii

IV – RESUMO .......................................................................................................................... 9

V – INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10

VI – METODOLOGIA ........................................................................................................... 21

VII – RESULTADOS ............................................................................................................. 23

VIII – DISCUSÃO .................................................................................................................. 30

IX – REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 32

X - ANEXOS
Gelly Nicandrea Marques Pereira e Thatiana Bisi Oliveira. As Conseqüências Psicológicas da
Traição no Casamento, Envolvendo uma Terceira Pessoa. . Trabalho de Graduação.
Universidade da Amazônia, Belém, Pará. 34 páginas .

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar as conseqüências psicológicas da traição no


casamento e os fatores que levaram o cônjuge à procura e ao envolvimento com uma
terceira pessoa. A pesquisa realizada mostra que a crise do casal é fruto de um
problema cada vez maior e mais dramático do ponto de vista social e familiar, ou
seja, a crescente fragilidade do sis tema casal, que parece estar em profunda crise
enquanto instituição. Participaram da pesquisa 4 (quatro) sujeitos casados, de classe
média, sendo que todos os entrevistados eram do sexo feminino, com idade variando
entre 47(quarenta e sete) anos a 52 (cinquenta e dois) anos. Foram utilizados como
recurso de coleta de dados para a pesquisa, roteiro de entrevistas contendo 6 (seis)
perguntas abertas. As entrevistas demostraram de forma clara, que um dos aspectos
de grande relevância na escolha do cônjuge, vai desde os aspectos físicos até os
aspectos psicológicos bem estruturados, como a experiência de vida e a maturidade,
além do processo de identificação, assim como a necessidade de companhia. Apesar
de todo esse processo, existe uma problemática que perdura entre os casais. Trata-se
da infidelidade, que além de ser perturbadora e desorientadora na relação, é capaz de
destruir o casamento por causa dos segredos e mentiras. Sugere-se que as pesquisas
futuras possam investigar como as mudanças de papéis sociais vivenciados pela
família hoje, tem contribuído para o grande índice de envolvimento com uma outra
pessoa e conseqüentemente levar a relação ao divorcio.

Palavras – chave: casal, cônjuge, infidelidade, casamento.


A crise do casal é fruto de uma reflexão bastante aprofundada, sobre um problema
cada vez mais dramático do ponto de vista social e familiar; a crescente fragilidade do
sistema-casal, que parece estar em profunda crise enquanto instituição.

O vínculo que une um homem e uma mulher é extremamente complexo. Pela


característica de ser tão próximas e tão íntimas, as reações emocionais intensificam-
se, gerando sentimentos tanto positivos quanto negativos. Tais sentimentos que
permeiam o ser humano e o outro complementar, trazem em si várias formas de
ajustamento e conflitos oriundos de necessidades conscientes e inconscientes.
(ANTON, 2002, P. 6).

Provavelmente, não existe nenhum casal que não tenha vivenciado crises, e poucos que não tenham
entrado em contato com o trauma emocional, devastador que se segue à descoberta, ou a revelação de uma
relação extraconjugal.
Percebe-se então que a crise do casal é um forte sinal do malestar relacional que muitos vivenciam.
Ao mesmo tempo, nos permite refletir sobre as profundas mudanças dos papéis sexuais e familiares evidenciados
nos casais de hoje.

1- A escolha do Cônjuge

Apaixonar-se tem a ver com a criação de sentimentos incipientes, arrebatadores de


engolfamento em um mundo seguro e íntimo, em que dois são como uma companhia perfeita,
e em que existe uma perfeita nutrição. O certo é que o estado de paixão tira aquela pessoa
apaixonada do mundo e da realidade. Segundo (Pittman, 1994), internamente, apaixonar-se
pode parecer uma regressão ao útero ou uma união com o infinito, mas, externamente,
apaixonar-se é comparado a uma insanidade temporária.
Amar tem pouco a ver com apaixonar-se, e mais a ver com o romance, que é uma
forma de sofrimento exótico e narcisista, em que a qualidade especial de um relacionamento
amoroso é distorcida em uma obsessão com sofrimento e sacrifícios para manter as coisas
intensas o suficiente para fazer o mundo e a realidade se desvanescerem. O fenômeno da
paixão tende a ocorrer em pontos de transição nas vidas das pessoas, e pode servir ao
propósito de evitar uma mudança e adaptação a novas circunstâncias ou a um novo estágio de
desenvolvimento.
Diferentemente de amar e ser amado, que nos dão a segurança de encontrar satisfação e alegria na
vida, apaixonar -se pode ser um perigoso episódio de tortura, aventura e exercício emocional. Não é uma doença
que diagnosticamos, nem nós costumamos trancar as pessoas ou lhes dar remédios para isso. Segundo Pittman
(1994, p. 26) “O estado de paixão, é uma forma sagrada de insanidade, tão sagrada quanto às vacas da Índia”.
Paixão e romance têm pouco a ver com amor, que significa trazer prazer, conforto, paz e segurança
um para o outro, ao invés de dor, excitação e ansiedade. No entanto, em nossa sociedade, essas paixões intensas,
desorientadoras serviram, nas últimas décadas, como a base para o casamento. Apesar dos riscos de deixar que
algo trivial e fugaz dite algo permanente e vital, pode ser importante deixar que o romance seja o ponto de
partida do casamento.
Partindo desse ponto, o ser humano busca o outro para poder formar um casal, seguindo suas
necessidades internas de complementaridades.
A escolha do parceiro expressa um jogo extremamente sutil e sofisticado, em que a atenção
culturalmente induzida para receber elementos específicos de interesse no aspecto e no comportamento de
det erminada pessoa é acompanhada de uma “desatenção”. Essa escolha baseia-se então num joga de “vazios” e
“cheios” que permitem, justamente por meio de sua interação dinâmica, que o relacionamento prossiga e evolua,
ou que, pelo contrário, seja interrompido. Neste último caso, às vezes é justamente o trauma ligado a essa
condição que se torna o começo indispensável para uma contínua busca de reconstrução do relacionamento
interrompido sob forma de aspiração a alcançar um suposto “paraíso perdido”, identificado no “infeliz” vínculo
realizado.
É no momento da escolha que a pessoa precisa assumir a responsabilidade por suas ações e verificar,
na realidade aquilo que até então gostaria de se dar ao luxo de viver.
Achar uma solução de compromisso que atenda, ao mesmo tempo, as exigências ligadas ao mandato
familiar e as exigências que se contrapõem a esse mandato, na fantasia ou na realidade, implicam no produto a
qual seria a condensação das tentativas de respostas ao maior número possível de exigências.
Num universo povoado com tantas alternativas, o que faz com que as pessoas se atraiam umas pelas
outras? Porque uns se tornam mais atraentes enquanto que outros mais repulsivos, e o que faz com que isso
ocorra? Na verdade, isso ocorre porque os próprios indivíduos se denunciam, com a mais veemência do que
qualquer discurso, não há como haver enganos em um nível mais profundo, dado que o contato se estabelece
através de mensagens basicamente não verbais. E é por aí que acontece aquela espécie de química, capaz de
atrair e envolver pessoas, assim começam a estabelecer contratos que definem as principais regras de uma
aliança. Para Anton (1998, p.56) “essas relações entre os objetos internos e externos reais são relevantes,
considerando -se que a pessoa, ao escolher alguém para compartilhar a sua vida, o faz a partir de desejos e
necessidades tanto conscientes como inconscientes”.

2- O CASAMENTO

Ainda hoje, em pleno século XXI, percebe-se que, para muitas pessoas, o que
justifica o casamento é um amor apaixonado, idealizado, absoluto. E o que justifica um bom
número de divórcios e recasamentos é a decepção com as histórias vividas, associadas ao
redespertar da esperança, à procura inebriante de novas ilusões. A proliferação de relações
paralelas, ocultas e proibidas nasce desse desejo insaciável, representando exatamente a
mesma busca, a partir da convicção nem sempre consciente de que o fantástico não subsiste
ao dia-a-dia, não passa por nenhum teste de realidade.
O desejo de companhia, de aconchego, de se sentir pert encente a alguém é tão inerente ao ser humano que,
desde que se têm notícias, o homem vive em grupos.

Para (Anton, 1998), o “outro” é um ponto de referência indispensável para a


conservação da percepção lógica e organizada de si mesmo.Um adulto, mesmo sem saber,
conserva a própria unidade e lucidez no confronto com as demais pessoas. A solidão, em suas
formas mais radicais, leva a confusão entre realidade e fantasia. Muitas relações infelizes não
terminam nunca, justamente porque os indivíduos nelas envolvidos sentem-se incapazes de
estabelecer laços mais felizes com outras pessoas e preferem estar mal-acompanhados, pois
esta alternativa pode estar associada a um insuportável medo da loucura de ficarem sós.
Individualidade e solidão, no entanto, podem ser experiências altamente gratificantes
e enriquecedoras para aquele que se sente pertencente ao parceiro (a), e cuja vida tem valor,
no pequeno e no grande grupo social onde eles (a) encontram-se verdadeiramente engajado.
Estar só pode representar um momento de sossego, de reabastecimento pela intimidade
consigo mesmo, de um mergulho no seu mundo interno. O confronto entre as verdades de
cada um leva a descoberta de uma verdade mais consistente, mais ampla e, inclusive, mais
profunda. A convivência entre as pessoas conduz, portanto, a descoberta e ao
desenvolvimento da individualidade, e é condição de saúde mental. (Anton, 1998).
Algumas pessoas encontram dificuldades em conciliar desejos opostos, como o da liberdade com o
comportamento e o da individualidade com o vínculo. Segundo (Anton, 1998), embora comprometidas, em nível
pessoal e profissional, preferem diluir o elo, dirigindo suas energias afetivas mais para grupos e tarefas, do que
para alguém especial, eleito para um convívio mais estreito. Outras, mesmo optando por uma relação de
casamento, procuram manter o controle e distância, através de subterfúgio que, descobrem, e isso geralmente
ocorre quando o desenvolvimento está marcado por desencontros e pela inexistência de respostas felizes aos
mais íntimos dos anseios. Significa que, às vezes, as feridas são tão profundas que as pessoas não querem mais
correr risco e se protegem definitivamente. Defendem-se das relações difíceis porque são difíceis; das
superficiais porque nada representam (embora esta possa ser a preferida, justamente por isso), das intensas e
profundas, porque o medo de se expor e de criar laços torna-se intolerável, já que as primeiras relações
fracassaram.
Em nossa cultura, uma aura de romantismo envolve o casamento, pintando-o como instrumento de
libertação e de felicidade; o outro se torna responsável pela realização dos sonhos de seu parceiro, e tais papéis,
em alguns casos, devem coexistir, mesmo que incompatíveis entre si. Essa leveza idealizada torna -se, na prática,
uma bola de chumbo, atada aos pés de ambos os prisioneiros, condenados a carregar pesados fardos que jamais
poderão satisfazer a qualquer uma das partes envolvidas. Casais que se acusam mutuamente por não
corresponderem à ilusão até então cultivadas. Casamentos se desfazem em um número cada vez maior, e tendo
que ser conservado por um espaço de tempo cada vez mais breve. Alguns autores consideram que o desespero
das pessoas para o casamento deve-se as promessas de mais ampla felicidade que o acompanha, expressa pelo
clássico final de contos de fadas “casaram-se e foram felizes para sempre”.
A sociedade responsabiliza a incompatibilidade entre os hábitos e interesses conscientes de ambos os
parceiros pelo fracasso conjugal. Embora as opiniões se justifiquem, elas dizem respeito a uma camada
superficial de uma realidade bem mais profunda e complexa, pois tanto os “finais felizes” estimulam ilusões
acerca do casamento, se quando são sinais e produtos de pensamento mágico. O despreparo emocional tem
muito mais a ver com a evolução global da personalidade do que com esses esquemas pré-fabricados, uma vez
que a experiência anterior, responsável pelo comportamento do ego, é que vai determinar a capacidade de
reconhecimento e de adaptação à realidade, ou o predomínio da ilusão, em detrimento real. Mais decisivo do que
a incompatibilidade do casal é a preponderância do conflito entre os objetivos conscientes e inconscientes de
ambos, acerca de si mesmos como indivíduos e acerca da relação conjugal.

3- Pontos Críticos do Casamento:

No curso de uma vida e de um casamento, existem pontos críticos, períodos de transição e crise, em que
as coisas mudam. Existe uma instabilidade nesses pontos críticos, e vários tipos de problemas podem surgir. É
nesses momentos que um casamento, e até antes dele, um relacionamento, corre um grande risco de infidelidade.
Os casamentos geralmente começam bem, e o casal parece que estará nele para sempre. Os defeitos que
eram aparentes para todos os amigos e parentes, não evoluíram para nada mais sério. Então, de alguma maneira,
ele deixa de funcionar. O casamento torna-se mais distante, ou mais cheio de conflitos. Nada muito dramático
aconteceu, o casamento simplesmente não está funcionando. Tipicamente, um dos parceiros suspeita que o outro
está tendo um caso, e nesse ponto, a suspeita muitas vezes é correta. Mas, a crise, embora seja muito diferente e
infinitamente mais fácil de resolver sem o caso, ainda é uma crise e com a instabilidade dos pontos críticos
vários problemas podem surgir, como “apaixonar-se”, “pânico pré-nupcial”, “diminuição do sexo”, “ciúme” e o
“fim do romance”.

Apaixonar-se:

Existe uma crise em todos os relacionamentos de namoro, quando um dos parceiros começa a sentir um
vínculo primeiro. Se o outro ainda não começou a ter idéias românticas, o relacionamento pode começar a ficar
desorientador e bastante pegajoso. Alguém precisa reconhecer primeiro que aquilo que está sendo sentido pode
ser “amor”. Dizer “eu te amo” é assustador, não dizer também é assustador, e não ouvir de volta é motivo para
suicídio (Pittman, 1994). As pessoas inseguras podem se separa logo em um relacionamento quando sentem que
sua necessidade de amor não será satisfeita. Elas não estão preocupadas com qualidade de seu próprio amor ou
com as necessidades da out ra pessoa, mas apenas se o outro lhes dará o amor que elas temiam jamais conseguir.
Pittman, 1994, acredita que as pessoas inseguras que estão namorando podem ficar malucas e deixar
todos em volta delas igualmente malucos, enquanto esperam a resposta amor osa da qual depende sua vida.
Qualquer pessoa sadia que receba uma baforada desse desespero provavelmente irá sair correndo. A
maioria das pessoas consegue crescer e deixam de entrar em pânico sobre a questão de ser amada, mas outras
sentem a mesma insegurança todos os dias e precisam de um reasseguramento regular de que são
verdadeiramente amadas, independentemente do que tenham ou não tenham feito.

Pânico pré-nupcial:

Se um casal consegue superar o “pânico do terceiro encontro” e se apaixona mais ou


menos ao mesmo tempo, eles eventualmente irão se aproximar do casamento. Nesse ponto,
logo antes de se casarem, a maioria dos homens e um número cada vez maior de mulheres
irão subitamente interromper o namoro e considerar as implicações. Ele geralmente pode
“esfriar” o relacionamento por um tempo, aberta ou veladamente. Seria improvável que
ambos experienciassem esse esfriamento no mesmo momento, de modo que ela ficará
chocada com isso. O esfriamento é uma tentativa de voltar atrás e ver se ele ainda se pertence,
se ainda pode controlar sua vida e seu destino e especialmente à distância que cria entre ele
mesmo e a sua amada. Obviamente, se sua noiva reage a sua frieza entrando em pânico e
puxando-o com mais força, seu experimento falhou e ele percebe que está perdendo a si
mesmo no relacionamento, e pode se afastar ainda mais deliberadamente de sua amada.
A mulher que entra em pânico quando um homem fica um pouco distante é apropriadamente conhecida
como a “garota do adeus”. Isto está mudando segundo Pittman, (1994), pois a vida de uma mulher não precisa
mais se centrar no casamento. Cada vez mais, conforme fica claro que o casamento é um negócio melhor para os
maridos do que para as esposas, de modo que a mulher cria distância e nós podemos ver “garotos do adeus”.
Quanto mais inseguros forem esses caras, mais irão rodear mulheres mais jovens, mais dependentes e mais
inadequadas, e tentar controla -las, até que elas se assustem e partam.

A diminuição do sexo

No passado, as pessoas casavam sem considerar sua compatibilidade sexual. Mesmo os casais que
pareciam compatíveis provavelmente não os eram. O sexo geralmente é intenso no início de um relacionamento,
mesmo que não seja eficiente e efetivo. Na verdade, muitos casais apreciaram mais sua sexualidade durante o
namoro do que no casamento. Tradicionalmente, os rapazes deveriam fazer investidas sexuais, enquanto as
moças deveriam conter-se. Como resultado, havia muito romance, prazer e preliminares e pouca penetração, o
que era em geral muito mais divertido e orgástico para a mulher, e para o homem também, mas ele não se dava
conta disso. Depois que estavam casados, não havia mais barreiras, de modo que o sexo muitas vezes tornava -se
frequente e rápido, sem preliminares, e totalmente dirigido para a penetração, “estou chegando esteja pronta ou
não” Pittman (1994, p.78). Não surpreende que as mulheres não ficassem muito entusiasmadas com o sexo
marital, e desenvolvessem dores de cabeça (reais ou relatadas) à simples idéia. Depois de um ano, mais ou
menos, o cara cansava de rejeição, da batalha e da falta de resposta, e o sexo se tornava apenas suficientemente
assíduo para manter em vigor a certidão de casamento.
O sexo, portanto no casamento talvez mais do que qualquer outra coisa precisa ser liberado do mito de
que há uma diferença entre os homens e as mulheres. Isso geralmente não acontece até haver algum tipo de crise.
O sexo pode tornar-se até melhor depois disso.

Ciúme:

O ciúme é certamente a mais mal-entendida de todas as emoções humanas, pois está


estreitamente relacionada com o amor, às vezes, é considerado o “verdadeiro” teste do amor.
A ausência do ciúme pode ser tão perturbadora quanto a sua presença. E até o ciúme
moderado pode assustar, ofender ou irritar a pessoa a quem é dirigido (Pittman, 1994).
Algumas pessoas são incapazes de tolerar uma pontada de ciúme. Aqueles que desejam ser fiéis e que
desejam uma intensa intimidade podem perceber o ciúme do companheiro como uma evidência de desconfiança;
consequentemente ofensivo. A mensagem, ao sentir o ciúme é de que eles ainda não merecem confiança
suficiente, apesar de terem sido leais todo o tempo.

O fim do romance:

De modo típico, a névoa romântica continua a desorientar o casal até que eles estejam casados há um
certo tempo. Se o romance esfriou antes do casamento, a festa do casamento ainda pode acontecer, mas um ou
ambos os parceiros podem se lembrar de ter ditos “eu sabia que estava errado”. Algumas pessoas, na verdade,
nunca sentiram muito romance em seu casamento e jamais pensam que deveriam passar por um período de
desorientação romântica. Para essas, não há crise. Mas para a maioria, a perda daquele brilho romântico
luminoso é um bocado triste. Elas começam a notar que o cônjuge é menos maravilhoso do que pensavam. Elas
não sentem a mesma intensidade sexual. Podem inclusive ficar aborrecidas, irritadas com as fragilidades
humanas de seu parceiro, até mesmo com simples condição humana, preferindo passar a noite com amigos e
passam a se questionar se cometeram algum erro ao casar-se, ou ao casar com essa pessoa em específico.
Algumas vezes o relacionamento é suficientemente bom para que ambos reconheçam o fim do romance e o
começo do casamento (Pittman, 1994).
Por fim, o casamento não pode proporcionar um constante estado de romance, e as pessoas que são
aditas ao romance não conseguem manter um casamento. Mas nenhuma das pessoas que casam sabem disso. E
algumas não aprendem nem mesmo depois de muitos casamentos.
4 – INFIDELIDADE E SUAS CONSEQÜÊNCIAS.

A infidelidade hoje é tão comum que já não se constitui um desvio, mais sim em uma
problemática que perdura entre os casais. Pois a infidelidade não se resume somente ao ato
sexual, mas na desonestidade e no segredo do ato.
O que viria ser a infidelidade? Esta pergunta sobre o que exatamente é, e o que não é
infidelidade, é bastante delicada. Segundo Pittman (1994, p.4) “a infidelidade é uma quebra
de confiança, a traição de um relacionamento, o rompimento de um acordo”.
Há muitos tipos de infidelidade, porém a que irá ser tratada refere-se à infidelidade
sexual em um casamento monógamo, ou seja, o envolvimento com uma terceira pessoa na
relação.
A maioria dos casais mantém completa exclusividade sexual dentro do casamento,
permitindo a masturbação e qualquer outro tipo de fantasia que cada um gostaria de ter.
Portanto o contato sexual com uma outra pessoa não é aceito, uma vez que, a relação sexual
se restringe ao casal.
Alguns casais desenvolvem seu próprio conjunto de regras com relação ao que seja ou
não infidelidade. Sendo que alguns como os adeptos do swinger aceitam a troca de casais e a
orgia, enquanto que a relação sexual seja feita em público, ou seja, com vários casais juntos,
mas ficam indignados se a mesma for privada. Enquanto que outros decidem que o
comportamento homossexual fora do casamento seria aceitável e o heterossexual seria
desaprovado. E há alguns casamentos nos quais os homens podem ter casos e as mulheres
não. Então seja qual for o acordo, se ele é realmente um acordo, isso é o ideal aceito por esse
casal, neste casamento, e a infidelidade esta justamente no rompimento deste acordo.
A infidelidade pode não ser a pior coisa que um parceiro faça ao outro, porém pode ser
a mais perturbadora e desorientadora situação ocorrida na relação, e consequentemente capaz
de destruir o casamento, não necessariamente pelo sexo e sim pelos segredos e mentiras.
Tanto que para Pittman (1994, p.6) “Uma mentira pode ser uma traição mais direta do que
manter um segredo relevante, mas as duas coisas acabam sendo a mesma coisa”.
O drama da infidelidade tem sempre três participantes, o traidor, o que é traído e o parceiro do caso. O
traidor é a pessoa que é infiel, ou seja, quem está cometendo a infidelidade, ao fazer algo sexual fora do
casamento. Já o traído é a vitima no casamento de quem o cônjuge (traidor), escapa e se esconde. Enquanto que
os parceiros de um caso são chamados de “amantes”.
Os casos são emocionalmente complexos e envolvem uma raiva considerável, parte dela em relação ao
parceiro do casamento, parte em relação ao parceiro do caso, parte em relação à instituição casamento e uma
grande parte em relação ao gênero visto como “oposto”. Nessa confusão emocional o amor acaba sendo o menor
ingrediente na relação.
A infidelidade não é uma questão de “saúde mental, e sim uma questão moral” Andolfi (2002, p.108).
Essa reação origina-se de varias suposições, uma vez que a “saúde mental é alcançada quando as restrições dos
julgamentos morais são superados, ou seja, tudo aquilo que traz à liberdade de uma pessoa com relação à
restrição sexual deve ser mentalmente sadia”.

Os problemas inerentes à infidelidade geralmente giram em torno da culpa e do ciúme.


Se os mesmos forem superados, a traição deixara de ser um problema. Mas infelizmente, a
culpa e o ciúme raramente são superados durante o período de uma vida, levando a
infidelidade conseqüentemente a ser mantida em segredo.De acordo com Andolfi (1995, p.32)
“se as pessoas compreenderem como suas mentes funcionam, serão mais capazes de se
comportar de uma maneira que caiba melhor a elas”.
As pessoas ponderadas, diferentemente das inconseqüentes, tentam escolher seus valores de forma sábia
e generosa, e então procuram viver de acordo com esses valores estabelecidos. Portanto, quando sentem culpa,
isso serve como sinalizador de que estão traindo seus próprios valores e consequentemente machucando-se a si
próprias e aos outros. De acordo com Andolf (2002, p.85) “Poucas experiências são tão gratificantes quanto
à satisfação por conduzir-se de modo adequado, contrariamente à inclinação das próprias emoções”.
As maneiras de considerar a infidelidade envolve valores e julgamentos de valor, porém esses não são
os que usualmente são associados com a moralidade tradicional, que seria a maneira apropriada de se comportar
perante os outros, assegurando assim a consideração com os sentimentos da outra pessoa (o cônjuge). Segundo
Pittman (1994, p. 10) “a moralidade assumiu um sentido pejorativo por estar mais preocupada com as aparências
do que com a realidade[...]”.
A preocupação com aquilo que outras pessoas irão achar muitas das vezes acaba sendo maior do que
como uma determinada situação irá afetar as pessoas amadas.
A crença na fidelidade conjugal e no casamento monógamo não só são almejados, como também
servem de base para a maiori a das fantasias e ideais românticos vivenciado pelas pessoas. Segundo Andolfi
(1995, p. 177) “mesmo que a fidelidade seja o nosso ideal, talvez não acreditemos que ela seja atingível, às
vezes, a tratamos menos como um ideal do que como uma fantasia”.
Os seres humanos ainda que falhem em praticar a fidelidade, parecem acreditar que a infidelidade não
deve ser tolerada; inclusive em todos as culturas, em toda vasta literatura a infidelidade raramente é
recompensada, podendo ter como conseqüência, trágico final para as pessoas envolvidas.
A pesar de parecer obvio que a infidelidade possa causar todo tipo de problemas, sendo eles imediatos
ou não, a mesma continua a surpreender a muitos, inclusive pela maneira como as pessoas se envolveram nela.
Portanto, apesar do casamento estar vivenciando todas essas crises, inclusive a inclusão de uma terceira
pessoa na relação, o mesmo, ainda continua sendo uma das bases mais sólidas para a estruturação de uma pessoa,
uma vez que, o outro sempre será um ponto de referênci a lógica para a conservação e organização de si próprio.
MÉTODO

Participantes:

Participaram do projeto de pesquisa 04 (sujeitos) casados, sendo todos do sexo


feminino, com idade variando entre 47 (quarenta e sete) anos a 52 (cinquenta e dois) anos.

Local:

As entrevistas foram realizadas em local pré–estabelecido pelos participantes.

Material:

Foram usados seguintes materiais: uma resma de papel A-4, um cartucho de tinta
colorida e preta para a impressora HP 840c, canetas, borrachas e roteiro de entrevistas,
contendo 6 (seis) perguntas abertas.

Instrumentos e Técnicas:

Foi primeiramente realizado um levantamento de dados de identificação dos sujeitos


e em seguida foi feita a aplicação dos roteiros de entrevistas.
PROCEDIMENTOS

1º) Etapa: Entrevista Inicial

Inicialmente, ocorreu um contato prévio com um dos cônjuges, quando nos


apresentamos como alunas da UNAMA, falamos sobre o tema e os objetivos.

2º) Etapa: Realizou-se a pesquisa.

3º) Etapa: Marcou-se o dia para que as entrevistas fossem realizadas.

4º) Etapa: Realizaram-se as entrevistas individualmente com cada participante.

Tratamento dos Dados

Foi realizada uma análise qualitativa dos dados, onde o sujeito-observador do processo

interpretou os dados coletados.


RESULTADOS

Quadro I: “Quais as características que levaram a escolha de seu cônjuge?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“Maduro, bonito, experiente”.


P1

“Nós nos identificamos por termos tido uma infância muito parecida. Ele
preocupado em sustentar sua mãe e eu com meus irmãos, a fome, a falta de amor
P2
embora tivesse pais. Enfim, à vontade de viver, a necessidade de amar, os
sofrimentos, o apoio mútuo nos uniu”.
“Como nos conhecemos muito novinhos com 17 anos e namoramos por seis anos, as
personalidades foram se envolvendo, e fomos crescendo juntos para a vida.
A escolha com certeza se deu justamente pelo tempo de convivência e por ser uma
pessoa honesta, amiga, companheira além de ser extremamente apaixonado por
P3 mim.
Mas acredito que a mulher tem um amadurecimento maior que o homem e ao longo
do tempo foram surgindo às diferenças, com certeza na época nem nos dávamos
conta das mudanças”.
“As pessoas se casam basicamente por amor, só que damos um jeito de nos
apaixonar por alguém que tenha características semelhantes as nossas, porque assim
P4
parece haver maior facilidade no relacionamento”.

Observou-se que tanto P2 e P3 fizeram sua escolha levando em conta a convivência e os anos que se

conhecem. Enquanto que P1 levou em consideração as características físicas e psicológicas, como:

amadurecimento, experiência e beleza. Já P4 fez sua escolha pelas características e semelhanças existentes entre

eles.
Quadro II: “Em sua opinião o que levou o seu parceiro (a), ao envolvimento em uma relação extra-

conjugal?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“Era uma pessoa muito livre, não havia cobrança da minha parte em seus horários
pela profissão que tinha (corretor autônomo) e isso contribui para um contato maior
P1
com o sexo oposto”.
“Ele era muito ingênuo embora com 21 anos, foi trabalhar com uma turma de 40
homens em uma fabrica onde 80% eram mulheres, durante 7 meses ele suportou a
P2 pressão dos outros sobre ele, depois começou a mudar e trair e então não parou
mais”.

“Imaturidade, e eu por possuir uma personalidade muito forte devo tê-


lo sufocado.
P3
Eis que surgiu uma terceira pessoa, e com certeza a carência dele deve ter sido
suprida por ela, principalmente por ser uma pessoa conhecida nossa e vizinha de
prédio e também casada na época”.
“O anseio por uma vida sexual totalmente livre, sem limites”.
P4

Observou-se nas respostas de P2 e P3 um consenso com relação à ingenuidade por


parte do cônjuge quando envolveu-se com uma outra pessoa. Já P1 atribuiu o envolvimento
do parceiro a uma grande liberdade e as poucas cobranças com relação a horários. Enquanto
que P4 acredita que o motivo que levou o seu cônjuge ao envolvimento com uma outra
pessoa, foi o anseio por uma vida sexual sem limite.
Quadro III: “Para você quais as conseqüências acarretadas mediante a descoberta da traição para o seu

casamento?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“A pessoa com que vivia tornou desacreditada, o relacionamento ficou abalado pela
desconsideração, pois eu vivia para ele e ele traiu a minha confiança, não houve mais

P1 clima para conviver como antes com dedicação constante”.

“Dor, desconfiança, magoa levam um ser humano a se sentir um farrapo, os filhos


sabem que algo esta acontecendo e é terrível você tentar passar outra coisa para eles.
Não acreditei mais nele, a verdade tornou-se mentira, é como você construir algo
P2
muito grande e ver destruído em minutos, o sentido da vida vai sendo perdido pouco a
pouco”.
“Com certeza as conseqüências foram as piores possíveis, principalmente porque
estavam envolvidas duas crianças na época com 9 e 5 anos”.
P3

“Todos sentimos um certo desespero quando o amor se vai. Não se trata unicamente de
dor, ansiedade de separação ou medo, mais que tudo de uma sensação de uma
P4
diminuição da auto-estima e de insegurança na própria capacidade de seduzir e amar”.

Notou-se nas respostas de P1 e P2 semelhanças a respeito das conseqüências


acarretadas mediante a descoberta da traição para os seus casamentos foram: desconfiança
descrédito e dor. Já P3 afirma que as conseqüências foram as piores possíveis, devido o
envolvimento dos filhos na relação. Enquanto P4 relata que as conseqüências acarretadas
mediante a traição, foram: desespero, ansiedade de separar-se, medo e diminuição da auto –
estima.
Quadro IV: “O que mudou em sua vida após ter vivenciado uma traição?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“Tudo passei a olhar mais para mim, pois vivia em função dele, voltei a estudar, tirei
minha carteira de motorista enfim tentei recuperar o t empo que perdi”.
P1
“Tudo, me sentir um lixo no principio, mas a minha fé no Senhor Jesus, saber que
ele me ama e que tinha 4 filhos me susteve pois essa situação durou 22 anos,
P2 descobrir que sei desenhar, pintar, escrever poesias, que sou mais eu, além de
começar a trabalhar, ser dependente dele era o meu maior problema”.
“Com certeza com maior amadurecimento para a vida, mas também com uma
P3 enorme precaução em relação a qualquer tipo de envolvimento amoroso”.
“Amadurecimento e me descobrir, tendo um conhecimento melhor de mim mesmo.
P4 Tendo uma noção mais clara da minha própria força e fraqueza”.

Percebeu-se nas respostas de P1 e P2 com relação ao que mudou em sua vida após
terem experienciado uma traição, um consenso no que diz respeito ao olhar mais para si, e a
recuperação do tempo perdido. Enquanto que P3 e P4 concordam que essas experiências
trouxeram-lhes amadurecimento para a vida.
Quadro V: “Se o seu casamento continuou após essa traição, o que mudou em seu relacionamento

conjugal?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“Não havia mais o desempenho sexual ativo, as horas em que ele não se encontrava
em casa era um martírio e quando chegava em casa eu sentia nojo de tocar em seu
P1
corpo”.
“Sei que não sou mais a mesma, ele também mudou muito, nos reuniu, pediu
perdão, começou a freqüentar uma igreja e nunca mais se envolveu com ninguém,
P2 isso já faz 5 anos. Eu brinco com ele, converso bastante, mas é como se ele fosse
outra pessoa. Se me perguntar se o amo, posso responder: não quero outra pessoa,
mas acho que não o amo mais”.
“Não. O casamento acabou no momento em que soube de tudo”.
P3

P4 “Não continuou”.

Constatou-se que P3 e P4 após a descoberta da traição seus casamentos acabaram. Já


P2, apesar de não querer outra pessoa, afirma não amar mais o seu cônjuge. Enquanto que P1
afirma, não ter mais o mesmo desempenho sexual de antes, além de sentir nojo de seu
parceiro.
Quadro VI: “O que você diria a uma pessoa que estivesse passando por uma situação semelhante a que

você passou?”.

PARTICIPANTES RESPOSTAS

“Que procure encarar a situação com os pés no chão, não adianta pensar em
vingança, procure se valorizar, pois tem sempre alguém que vai observar as nossas
P1
qualidades e valorizar o que temos de bom”.

“Se você tem Deus em sua vida você tem uma esperança e isto
fortalece, ajuda a perdoar e reconstruir, pois só nele se perdoa.
Se você não tem Deus procure amar a si mesma se valorize, não adianta colocar
alguém em sua vida só para preencher o vazio deixado pela outra. Pare repense sua
P2
vida e comece a olhar em volta, o homem não nasceu par viver só e isso não
significa que a companhia que se precisa deva ser um homem.
Tudo e belo quando se ama a Deus, a vida, a natureza e os nossos semelhantes”.
“Como diz o ditado: Não há “bem” que nunca se acabe e nem “mal” que dure para
sempre. De a volta por cima, tire proveito de tudo fazendo uma análise de sua vida,
P3 revendo valores e procurando se gostar cada vez mais”.
“Todos nós temos um desejo de ser feliz, mas esse desejo muitas vezes se frustra.
Viver e crescer, e o crescimento acontece sempre de vagar.
No nosso encontro com o destino, vamos aprendendo a lidar com os imprevistos,
P4 com o perigo. Portanto não adianta acreditar que não existem abismos na estrada da
vida. O importante e atravessa-los e supera-los”.

Constatou-se que todas as respostas elaboradas pelos sujeitos P1, P2, P3 e P4, que o
conselho que dariam a uma pessoa que estivesse passando por uma situação semelhante as
suas, que essa pessoa se valorizasse mais, procurando encarar a situação de uma forma
realista, além de tirar proveito da mesma, sem precisar procurar uma outra pessoa para
substituir a “vazio” deixado pelo o cônjuge.
DISCUSSÃO

O presente estudo mostra que a cri se vivenciada pelo casal reflete em um forte sinal do malestar
relacional que muitos vivenciam, permitindo assim uma maior reflexão sobre as profundas mudanças dos papéis
sexuais e familiares evidenciados nos dias de hoje. Apesar de todos esses processos, existe uma problemática
que perdura entre os casais. Trata-se da infidelidade conjugal.
Provavelmente, não existe nenhum casal que não tenha vivenciado crises, e poucos que não tenham
entrado em contato com o trauma emocional, devastador que se segue à des coberta, ou a revelação de uma
relação extra-conjugal.
A infidelidade não se resume somente ao ato sexual, mas na desonestidade e no segredo do ato.
Segundo Pittman (1994, p. 4) “a infidelidade é uma quebra de confiança, a traição de um relacionamento, o
rompimento de um acordo”. Confirmando assim as respostas emitidas nas entrevistas, quando P1 relata que “a
pessoa com quem vivia tornou-se desacreditada, o relacionamento ficou abalado pela desonestidade... ele traiu a
minha confiança”. Este relato aparece em todas as outras entrevistas realizadas, mostrando que a infidelidade
possui um grande poder desestruturador na relação.
De acordo com o referencial teórico e com o que foi verificado nas entrevistas, que a infidelidade não é
a pior coisa que um parceiro faça ao outro, mas pode ser a mais perturbadora e desorientadora situação ocorrida,
não somente pela relação sexual e sim pelos segredos e mentiras relacionados. Conforme Pittman (1994, p. 6)
“uma mentira pode ser uma traição mais direta do que manter um segredo relevante, mas as duas coisas acabam
sendo a mesma coisa”.
Os problemas inerentes à infidelidade, geralmente giram em torno da culpa e ciúmes. Se os mesmos
forem superados, a traição deixará de ser um problema. Mas a infidelidade, ou melhor, a culpa e o ciúme
raramente são superados durante o período de uma vida. Tanto que em todos os relatos, a mesma, não é admitida
além de trazer sérias conseqüências, que iam desde a falta de confiança, mágoa, dor, e até a separação.
Conforme o referencial teórico à crença na fidelidade conjugal e no casamento monógamo ainda servem
de base para as fantasias e ideais românticos das pessoas.
Apesar do ser humano ser falho, acredita-se que a infidelidade não deve ser tolerada. Pittman (1994),
ressalta que apesar da fidelidade ser o ideal almejado, não se acredita que ela seja atingível e a mesma acaba
sendo tratada mais como uma fantasia do que como um ideal.
Sobre a mesma questão P3 afirma que ao experienciar uma traição em seu relacionamento conjugal,
passou por um processo de amadurecimento, além de uma enorme precaução em relação a qualquer tipo de
envolvimento amoroso, confirmando assim, o que foi exposto no referencial teórico anteriormente.
Apesar da infidelidade ser tão comum a ponto de já não se constitui um desvio e sim uma problemática
existente entre os casais, a mesma continua a surpreender aqueles que a experienciam.
Em nossa sociedade muitas paixões intensas e romances serviram nas ultimas décadas como base para o
casamento. Pois é no momento da escolha que a pessoa precisa assumir a responsabilidade por suas ações.
Enquanto que outras, nunca sentiram muito romance em seu casamento.
Existem pessoas que nunca sentiram muito romance em seu casamento e jamais pensam que deveriam
passar por um período de desori entação romântica. Mas para muitos casais a perda do romantismo faz com que a
relação se torne desorientadora, conforme o relato de P3 que diz “ao longo do tempo foram surgindo às
diferenças (...) na época nem nos dávamos conta disso’’. Nota-se uma contrap osição no que foi explicitado no
referencial teórico, quando Pittman (1994, p.34) diz “algumas vezes o relacionamento é suficientemente bom
para que ambos reconheçam o fim do romance e o começo do casamento”. Mostrando a necessidade de aprender
a lidar com adversidades que surgirão na relação, e a busca da compreensão de que as diferenças e divergências
sempre existiram, pois a relação constitui-se de duas pessoas.
Sugere-se que as pesquisas futuras possam investigar como as mudanças de papéis sociais vivenciados
pela família hoje, tem contribuído para o grande índice de envolvimento com uma outra pessoa na relação
conjugal e conseqüentemente ao divórcio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDOLFI, M. (org.). O Casal em Crise. São Paulo: Summus, 1995.

_________, M. (org.). A Crise do Casal. Porto Alegre: Artemed, 2002.

ANTON, I.L.C. A Escolha do Cônjuge. Porto Alegre: Artemed, 1998.

_______, I.L.C. Homem e Mulher. Porto Alegre: Artemed, 2002.

PITTIMAN, F.M.D. Mentiras Privadas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.


Universidade da Amazônia – UNAMA
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS
Curso de Psicologia

Roteiro de Entrevista

I - Identificação:
Iniciais do nome:
Idade:
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

1 – Quais as características que levaram a escolha de seu cônjuge?

2 – Em sua opinião o que levou o seu parceiro (a), ao envolvimento em uma relação extra-conjugal?

3 – Para você quais as consequências acarretadas mediante a descoberta da traição para seu casamento?

4 – o que mudou em sua vida após ter vivenciado uma traição?

5 – Se o seu casamento continuou após a essa traição, o que mudou em seu relacionamento conjugal?

6 – O que você diria a uma pessoa que estivesse passando por uma situação semelhante a que você passou?
IDENTIFICAÇÃO

Sujeito: P1 Sujeito: P2
Iniciais do nome: C.M.P.Q Iniciais do nome: M.P.D
Idade: 52 anos Idade: 49 anos
Sexo: Feminino Sexo: Feminino
Religião: Católica Religião: Evangélica
Classe Social: Classe média Classe Social: Classe média

Sujeito: P3 Sujeito: P4
Iniciais do nome: D.P Iniciais do nome: V.T
Idade: 50 anos Idade: 47 anos
Sexo: Feminino Sexo: Feminino
Religião: Católica Religião: Católica
Classe Social: Classe média Classe Social: Classe média

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