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1ª Edição

2022
Bahia / Brasil
Copyright © 2022 Bibi Santos

Capa: Tati Dias


Revisão: Stefany Carvalho e Valquíria Machado
Diagramação Digital: Tati Dias

Esta capa foi desenhada usando os recursos do Freepik.com

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
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Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios ─ tangível ou
intangível ─ sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
AVISO

A novela Casada com um Desconhecido, é uma


comédia romântica para nos divertir, passar o tempo,
sem grandes dramas. Se você gosta de algo leve e
engraçado, esse livro é perfeito para você!
Não se esqueça de deixar sua avaliação ao final, está
bem?

Bibi Santos, 2022


SINOPSE

Mel Castro vê sua vida toda virada de cabeça para baixo ao


ser traída e roubada por seu noivo — alguém que ela considerava
como melhor amigo. Com uma dívida por um casamento que não
aconteceu e o aluguel do apartamento atrasado, para somar a essa
tragédia, ela perde o emprego.

Seu desespero é tanto que ela aceita se casar com um


homem que nunca viu na vida em troca de um teto e de dinheiro para
pagar as dívidas. Porém, o problema — além de serem de serem
desconhecidos — é que eles são totalmente diferentes um do outro;
como água e vinho.

Renato Gusmão é um advogado conceituado no mercado,


conhecido por ser exigente, meticuloso e frio. Seu objetivo é ser o
presidente do escritório de advocacia da família, e nada vai impedir
que isso aconteça — nem mesmo o fato de que uma das exigências
para a promoção seja que o candidato seja casado há no mínimo um
ano. Essa é a razão pela qual ele se casa com uma desconhecida…
e maluca.

Os dois não têm nada em comum.

Eles dividirão o mesmo teto por um ano.

Ele não pode negar que ela é uma maluca gostosa.

Ela não pode negar que, apesar de ser grosso e mal-


educado, ele é muito bonito e cheiroso.

A confusão está armada.

Será que eles conseguirão ficar um ano casados?


Índice
AVISO
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
EPÍLOGO
AGRADECIMENTO
OUTRAS OBRAS DA AUTORA
PRÓLOGO

Tem duas horas que me pergunto o que estou fazendo da


minha vida e logo em seguida indago que vida? Sei que estou
fazendo uma loucura imensa ao casar. Sim, hoje vou casar com um
cara que não faço ideia de quem seja — não que eu não tenha feito
algumas pesquisas e lido o contrato de casamento — mas não faço
ideia qual sua cor preferida ou se ele come muito ou se tem mania
de soltar pum debaixo das cobertas.
Sinceramente duvido, pois o homem é uma geladeira
ambulante, olha para todos como se tivesse em um tribunal,
condenando, acusando, desprezando. Aff, tremo só de imaginar a
cena. Com certeza ele preferia está em Marte a estar casando
comigo, mas agora o caminho é sem volta, estou aqui e vou seguir
em frente. Levanto e arrumo as plumas do vestido branco e olho
para todos os convidados que não faço ideia de quem são. Ainda
casei com esse vestido honroso que foi da avó dele, estou muito
desesperada, com certeza.
Falei que casaria com o outro vestido que ia casar antes, mas
ele me olhou com aquele jeito frio e distante suspendendo as
sobrancelhas em indagação, e acabei cedendo para não quebrar um
vaso na cabeça dele. Agora estou me sentindo uma galinha indo para
o abate, uma galinha gorda pelo tanto de plumas que tem essa
porcaria de vestido.
Sem contar a droga da irmã dele, a vadia me encheu de
pergunta e ainda fica me olhando com aquele olhar superior que de
quem não precisa perguntar o preço das coisas quando vai alguma
loja. Odeio essa gente, o que estou fazendo aqui Deus? Pagando
suas dívidas, minha consciência me lembra cheia de deboche.
Por que me iludi com aquele imbecil do Gustavo, cinco anos
jogado no lixo e mais cinquenta mil de dívidas de um casamento que
não aconteceu, pois ele preferiu os seios da minha vizinha, aquela
vaca. Minha melhor vizinha, ai não vou chorar, pois a única coisa
bonita em mim hoje é a droga da maquiagem, que deve ter custado
uma grana preta. Alguma coisa vai ficar bonita no meu álbum de
casamento. Suspiro saindo do meu esconderijo e meu marido — que
louco dizer isso — vem ao meu encontro caminhando rápido — acho
que ele pensa que fugir, com certeza essa era minha vontade.
Respiro fundo e grudo da boca um sorriso mais falso que meus
peitos neste vestido que precisou por enchimento, pois a minha
pessoa é desprovida de volume nesse local.
— Onde você estava? — Fala por entre os dentes fingindo
naturalidade, só que ele é um péssimo ator.
— Me escondendo. — Digo a verdade.
— Amanhã você pode se enfiar onde quiser, mas hoje faça
sua parte, sorria e finja que eu sou o cara mais especial desta festa.
Sinto uma necessidade gigante de revirar os olhos, porém me
seguro.
— Sou uma vendedora e não uma atriz. — Resmungo — Você
não é especial com essa cara amarrada de quem pretende
processar o mundo.
— O mundo não, só você se não cumprir a droga de sua
parte neste acordo.
Sim, seria um tormento conviver com esse mal educado de
olhos azuis. Como pode ser tão lindo e um babaca? A vida não era
fácil!
— Muito bem meu querido esposo, estou ansiosa por nossa
noite de núpcias!
Bato os cílios e faço biquinho, ele me olha com desgosto, e
sinto vontade de gargalhar.
— Se comporte! — reclama concertando a gravata e
passando a mão no cabelo pondo os fios imaginários no lugar, o
tanto de gel que tem neste cabelo nem o furacão consegue
movimentar. — Vamos tirar foto, meu pai está aguardando.
— Não podemos deixar meu sogro esperando.
Seguro seu braço com intimidade, Renato Gusmão o maior
advogado penal do país, rico, poderoso e mimado. E eu casei com
essa geleira por dinheiro e agora vou precisar manter esse
casamento por um ano. Vou conseguir, afinal não precisamos ficar
juntos ou nos encontrando o tempo todo, só vamos viver no mesmo
apartamento durante esse tempo e comparecer alguns eventos
familiares — foi o que ele disse — pelo casamento vejo o quanto ele
é rico e sua família tradicional, estou boba que todos caiu neste papo
de paixão à primeira vista — segundo ele contou, foi comprar um
terno e se apaixonou pela vendedora — cínico — usou o artifício que
as pessoas gostam de romance clichê, que por isso não deveríamos
enfeitar muito a história para não cair em contradição — e parece
que deu certo, todos acreditaram que a pobretona casou com o
príncipe encantado.
— Você está fazendo aquela cara de novo. — Ele
cumprimenta alguém desconhecido no caminho até seu pai — Pode
parar!
— Não estou fazendo nada! — me defendo e a necessidade
de fugir só cresce — Você que é um paranoico.
— Sorria e finja me amar, só isso, é difícil? — Parece nervoso
ao se aproximar da família real.
— Sim, é difícil! — resmungo, porém dou meu melhor sorriso
e uso meu charme para o velho que beija minha mão.
— Você esta linda neste vestido. — Que mentiroso! — Não é
Vera?
Vera é a nova namorada dele, deve ter dezoito, sei lá, a moça
só tem silicone e pernas belíssimas, acho que isso compensa a falta
de cérebro.
— Sim, quando casarmos vou querer um modelo mais
moderno. — Diz me olhando com desprezo.
Piranha! Os irmãos reviram os olhos automaticamente e eu
caiu na risada sem conseguir me conter.
Todos me olham e o meu marido quase arranca meu braço
apertando.
Vai ser incrível fazer parte desta família unida e linda — Só
que não, penso no ataque de riso.
CAPÍTULO 01
Renato Gusmão

Procuro em toda mesa e nada do processo, parece que tudo


desandou em meu dia hoje, nada que programei deu certo. Olho
novamente o relógio e folgo a gravata em seguida. Odeio perder
tempo, além de sair dos horários que programei.
Primeiro encontro minha esposa de calcinha branca desfilando
pela casa logo cedo — isso estava totalmente fora do nosso acordo
— apesar que calcinha branca fio dental cai bem nela, aquela bunda,
aquelas pernas — Droga, estou eu de novo levando meus
pensamentos para lugares que não se deve.
A mulher é totalmente maluca — e gostosa lembro — Não
devo ver a Mel como uma mulher pronta para meu prazer, não ela é
cilada, a testa dela tem uma lâmpada piscando “confusão das
grandes” preciso ter foco, não casei para isso, não me amarrei a
uma desconhecida para jogar tudo para o alto por conta de uma
boceta.
Não sou o melhor na minha área para me deixar seduzir por
uma maldita de uma calcinha branca. Proibi terminantemente ela de
andar nesses trajes na sala ou em qualquer local onde possamos
nos encontrar.
Não desejo distração da minha missão.
Ainda tenho nove meses amarrado a ela, droga de meses que
não passa rápido.
— Sua cara está péssima! — Dra. Val minha colega e amiga
fala da porta — Dormindo pouco?
Debocha entrando na sala, ela é a única que sabe de tudo,
além de ter sido a pessoa quem me apresentou a maluca da Mel.
Não consigo entender os que as duas tem em comum, Val é uma
mulher educada, sagaz, e bem Mel é uma maluca, de trajes rasgado,
desinteressada e gostava de usar calcinha branca na sala de
desconhecidos. Não preciso ficar lembrando disto, avisei ao meu
cérebro que tema em voltar para essa cena.
— Fecha a porta! — Ordenei e ela fez, se fosse a Mel
mandaria eu mesmo fechar, como podem serem amigas? Nunca vou
entender.
— O que Mel fez desta vez? — Senta-se educadamente da
cadeira e sorri confiante para mim.
— Por que não casei com você? — Me jogo na minha cadeira,
nervoso.
— Será que é porque eu disse não e nos dois gostamos da
mesma coisa e todo mundo sabe? — Brinca, Val é lésbica e casada
com uma promotora de justiça nossa amiga. — O que está
acontecendo agora? Você precisa ter paciência com a Mel!
— Você a defende? Ela, ela...
— Fala! — Incentiva!
— Estava de calcinha branca na minha sala hoje pela manhã.
— Explico minha indignação — Imagine minha cara ao encontrá-la
quase nua com a bunda para cima procurando uma porra de escova
de cabelo rosa?
Sinto que ela fica vermelha e prende a respiração para não
gargalhar.
— Deve ter sido uma visão horrível a bunda da Mel na sua
frente! — Diz depois de respirar várias vezes.
— Eu não disse nada disto, só que somos dois estranhos e
imagine se tivesse outra pessoa comigo?
O que era mentira, odiava pessoas estranhas e até
conhecidos em meu apartamento. Só estou em choque, só isso.
Nada de imaginar minha mão segurando aquele traseiro enquanto a
fodo com força.
Tossi e concertei a minha gravata focando minha cabeça
pensar em coisas plausíveis.
— Você está buscando subterfúgios para mantê-la longe. —
Me acusa.
— Casamo-nos para que eu consiga meu intuito e nada de
romance. — Aviso levantando-se — Somos diferentes, não sei o que
fazer com ela ou no que está pensando, é esquisito.
— Resumindo: Renato Gusmão pela primeira vez não tem
controle sobre algo.
Não respondo e olho para janela deixando de lado suas
palavras. Não sou um controlador.
— Vou fazer compras com ela mais tarde. — Ela fala também
ficando de pé, a olho de lado — Sua esposa precisa se vestir altura
de um Gusmão.
— Quem vai pagar?
Viro ficando de frente para ela.
— Advinha?
Pisca deixando minha sala sorrindo. Estou achando que neste
casamento eu fui o único que saiu no prejuízo. Minha irmã entra em
seguida acabando com o que me resta de bom humor.
— O que deseja?
Nunca consegui ser próximo da Zara, sua falsidade e futilidade
sempre foram um empecilho, sem contar que ela me odeia por ter
nascido homem — segundo ela sou privilegiado, pois posso me
candidatar a ser o presidente da empresa, e ela por ser mulher não
pode — Não foi eu que criei a droga destas regras, mas gosto de
saber que tenho poucos concorrentes.
— Sempre educado, acho isso tão legal! — Zomba pondo a
bolsa na minha mesa.
Parece uma boneca fútil, com um tempo louco que temos, não
sei como alguém precisa de um casaco de pele? Zara gosta de ser
rica e ostenta isso em sua banalidade.
— Como vai o casamento? — Pergunta olhando as unhas.
— Não tem o seu casamento, por que fica perguntado pelo
meu? — busco mais uma vez na mesa pelo processo que mandei
imprimir mais cedo — Era só isso?
Não lhe dirijo nem mais um olhar.
— Eu sei que você se casou com aquela brega e pobre pela
empresa e eu vou provar. — Ameaça e ganha minha atenção —
Posso parecer burra Renato, mas meu marido merece bem mais que
você a presidência, como sou sua irmã e te conheço bem, sei o quão
baixo você é capaz descer para conseguir o que deseja.
Respiro fundo e riu da sua cara, ela fica vermelha de raiva.
— Não ria de mim! — bate na mesa e pega sua bolsa. —
Você vai ver do que Zara Gusmão é capaz.
— Vai encher o saco do seu marido, sua desocupada!
E ela bate o pé deixando minha sala chateada com minha falta
de atenção. Porém ela ganhou meus pensamentos, minha irmã pode
ser burra e fútil, mas seu marido não era, e isso me faz sentir o
alerta que preciso ter cuidado. Com isso, preciso ser convincente em
meu casamento.
Pego o meu celular e ligo para a Val e ela atende rápido.
— Oi.
— Compre um guarda-roupa novo para ela, de tudo, e a
convença largar as drogas daquelas calças rasgadas.
Ela rir do outro lado.
— Não ria, estou falando sério.
— Okey, vou ver o que posso fazer. — Desliga e eu suspiro
encostando na cadeira.
CAPÍTULO 02
Mel Castro

Estou me sentindo muito contente hoje, realmente há trinta


dias que estou casada e só hoje me sinto feliz, será que é por que
estou fazendo compras e pagando com dinheiro de terceiros? Sorriu
dos meus próprios pensamentos ardilosos, mas não posso negar
que amo gastar o dinheiro do insuportável do meu marido. Passei
uma vida sendo atendente em lojas como aquela, com fardinhas
arrumadas e engomadas, tendo as madames me olhando como se
fosse um inseto.
— Como você conseguiu convencê-lo? — Pergunto a minha
amiga e advogada de sucesso Val, sou apaixonada nela, até hoje me
culpo por não a ouvir sobre o meu ex.
— Ele ainda deu o cartão?
— Do mesmo jeito que o convenci a casar com você. —
brinca segurando minha mão — Ele gosta de achar que tem controle,
o deixe pensar que tem.
Bufo e reviro os olhos.
— Você deveria tentar. — Me empurra de leve e acabo
sorrindo — O que acha de uma pequena vingança?
— Tipo? — Me interesso, pois sou humana e como qualquer
outro, adoro vinganças.
— Tipo visitar seu antigo emprego?
Acho que meu sorriso é tão largo que não está cabendo no
meu rosto. Porém preciso de uma armadura e no momento não
estou vestida com uma.
— Antes preciso de vestido novo. — Bato o dedo no queixo
pensativa — A final sou a senhora Gusmão agora, não é?
— Meu Deus, você me assusta muito. — Val sorrir
gostosamente.
Nós duas somos muito amigas desde a infância, a Val sempre
sonhou em fazer direito e eu sempre alimentei seu sonho, pois ela
merecia, já que sua família nunca apoiava em nada por conta de sua
sexualidade — Não percebendo como ela é inteligente e linda — Sou
a fã número 1 dela, quase alaguei seu casamento de tanto chorar de
alegria a vendo ser feliz.
Entramos em uma boutique chiquérrima que antes nunca
imaginei passar na porta, quem dirá comprar um vestido — segundo
descobri meu marido é um homem muito rico e por isso preciso me
vestir altura — e eu não tenho muitas roupas, passei muito tempo
economizando para casar, não podia gastar com roupas — burra
demais, como não percebi os sinais? Não quero pensar nisto, não vai
adiantar muita coisa, agora é segurar um ano deste casamento e ter
minhas dívidas pagas e um local próprio para morar.
A loja cheirava a riqueza, assim como a outra que trabalhei
por algum tempo, a atendente olhou para nós duas, e quem ganhou
atenção, lógico que foi a Val. Creio que meu tênis barato e minhas
calças de brecho não eram atrativos aos olhos dela.
Estava escrito na minha testa, em caixa alta: POBRE!
Segurei a risada quando a Val disse que o vestido era para
mim e não para ela.
— O esposo dela é exigente. — Brincou rindo — O Renato
Gusmão é bem chato com essas coisas.
Que coisa horrorosa precisar usar o nome do meu marido
para conseguir atendimento em uma boutique. Mas era o que temos
para hoje, e faria de tudo para estourar aquele cartão Black dele,
creio que mereço por suportá-lo.
Apesar de bonito, cheiroso, o homem é um bloco de gelo,
quase me mata com o olhar só porque precisei ir à sala procurar
minha escova de cabelo. Qual é o cara que nunca viu um fio dental?
A crise de tosse dele e o fato que ficou quase roxo foi sinal suficiente
paras mostrar o quanto estava encrencada.
Não tinha intensão que isso fosse acontecer, era só pegar a
escova e voltar correndo para o quarto, quem poderia imaginar que o
bendito homem acordava cedo para malhar? Inferno que os ternos
que encontrei ele vestido antes não fazia jus aos seus músculos. E
aquele cabelo bagunçado, e todo suado — subiu um arrepiou que
fiquei paralisada olhando para ele sem saber o quer dizer na hora —
droga, fiz papel de trouxa. O insuportável é uma delícia.
— Mel? — acho que viajei por alguns minutos.
— Não sabia que era a esposa do senhor Gusmão, será um
prazer atender você.
A moça cortou o chamado da Val toda feliz em poder me
ajudar a escolher um vestido.
— Temos vestidos para todas as ocasiões, aceita uma taça
de vinho, água, suco?
— Ser rico é outro nível.
— Creio que uma taça de champanhe me deixe um pouco
relaxada. — Digo sentando-me numa poltrona e tiro meus óculos
escuro da vinte cinco de março — Pode ser?
— Claro, senhora.
A moça quase dança indo providenciar o que pedi.
— Você é terrível! — Val rir de leve — Feliz em tiver se
divertindo. Pisca e solta beijos para mim de sua poltrona.
Sei o que ela quer dizer, meses atrás a procurei parecendo
um trapo sem saber para onde ir e o que fazer da vida depois de ser
traída e perder tudo que tinha. E como sempre ela foi meu abraço e
meu aconchego, ela é uma pessoa incrível, mais que família para
mim.
A moça se desdobra trazendo vários vestidos para que eu
possa escolher e me divirto horrores comprando várias peças sem
olhar o preço. O Gusmão que lute, não me importo.
Escolhi para o momento um verde musgo de corte reto e
sandálias da mesma cor, chique, fina, ninguém diria que não tinha
nenhum centavo na conta. Dava vontade de rir de nervoso, mas
segurei a onda e sai da loja com várias sacolas.
Será que foi assim que Julia Robert se sentiu no filme uma
linda mulher? Creio que sim.
— Vamos aquela loja que perdeu a melhor vendedora? —
Indago pondo meus novos óculos escuros que custou um ano do meu
salário anterior.
— Assim que se diz senhora Gusmão e vamos aproveitar e
comprar umas lingeries mais sexys. — Diz e a olho sem entender. —
Nada, esquece. — Gargalha.
Começa a rir e eu fico voando na conversa, o que minhas
calcinhas tinha a ver com essa história? Maluca total essa minha
amiga.
A loja fica na mesma avenida da outra que comprei as roupas,
e entro com satisfação, parecendo a rainha da Inglaterra, a
sensação é tão gostosa. Lá vende roupas masculinas, ternos
caríssimos para homens do estilo meu marido. E por isso que ele
inventou que foi lá que nos conhecemos para todos. Fui vista logo de
cara por uma praga — antiga colega — Que veio me encontrar
parecendo em choque com minha presença.
— Mel? É você?
— Poderei trazer uma gravata de seda para meu esposo?
Ela franze a testa perdida, com certeza o meu casamento não
foi notícia por ali. Como pode? Casei com um homem tão rico e
minhas inimigas não descobriu isso? Vamos resolver agora.
— Vamos minha filha!
— Mas...
— Aqui vende gravatas de seda? Não vende?
— Mas que marido? Você não foi traída? — Muita audácia
desta piranha.
— Quem traiu quem?
Todas nós viramos para voz imponente do Renato Gusmão
que está atrás de mim com sua cara bonita parecendo escupida em
granito. O homem é imagem do sucesso e do poder e para meu
desespero minhas mãos ficam suadas e meu coração disparar com
sua visão.
CAPÍTULO 03
Renato Gusmão

Estou aqui para ter a certeza que minha esposa não compre
mais calças rasgadas e blusas com cara de roupa da minha avó. Só
por isso larguei o escritório, nada ver com a foto que recebi dela
muito elegante e gostosa em um vestido novo.
Com certeza não me abalaria até ali por conta de um traseiro
perfeito no vestido. Porém o vestido caiu bem e sua silhueta, ela
devia se vestir assim mais vezes.
— Amor, você veio me ajudar nas compras? — A dissimulada
sorrir e pegando em meu braço com intimidade — Ia escolher uma
bela gravata de seda para você.
Sua atitude me pegou de surpresa, não esperava que ela
entrasse no personagem.
Mas como um bom advogado que sou, sei fazer meu papel.
— Almocei com um cliente aqui perto e reconheci as duas
quando passei. — Olhei para atendente que parecia que o queixo ia
despencar a qualquer momento — Já foi buscar a gravata que me
esposa pediu?
— Ah sim, vou pegar, perdão, ah desculpa...
Olhei friamente para ela que engoliu em seco e foi atender
minhas ordens.
— Amigo, já que você está aqui, creio que poderia ajudar a
sua esposa com as compras, a minha está me ligando. — Val
levanta a mão em um pedido de desculpas que não me convence e
vai saindo de costas da loja — Amiga te ligo mais tarde.
— Mas... — Diz Mel
— Val! — Resmungo eu
E ela nem dá bola e sai andando rápido para longe de nós.
Que droga! Pensei olhando para o rosto rubro da minha esposa.
— Aqui estão as gravatas.
Fomos salvos pela atendente que trouxe várias gravatas de
diversas cores que eu não precisava no momento, mas me forcei a
olhar.
— Qual você prefere querida?
E ela escolhe a verde limão, percebo que ela fez de propósito
e sorriu de leve e os olhos dela brilha em desafio.
— Você e seus gostos peculiares. — Brinco pondo na frente
da camisa — Combina?
— Ficou lindo senhor. — Atendente diz suspirando e leva uma
encarada fria da Mel que me faz querer a deixar mais chateada.
— Obrigada, você tem bom gosto — ela fica rubra e minha
esposa quase arranca minha cabeça com os olhos — Vou levar.
— Não gostei, vou escolher outra. — Mel diz e seguro o riso.
Ela é muito transparente, penso.
— Obrigada, mas creio que nada aqui combina com meu
esposo. — Comenta afrontosa para a moça que a encara com raiva
— Que pena que não vai ganhar comissão.
Se vira e me puxa pelas mãos para fora da loja.
— Isso foi infantil! — Resmungo.
— Foda-se!
Responde.

Mais de duas horas vejo a Mel entra e sair dos vestuários


com vários tipos de roupas e digo não ou sim. E faço minha parte
nesta farsa, tiro fotos com o celular da minha esposa e posto nas
redes sociais dela, depois explico. Mel está tão empolgada que nem
percebe que deixou o celular comigo, e foi bom, pois assim nossa
farsa ganha mais veracidade aos olhos de quem acompanha.
Como um advogado que sou preciso me ater aos detalhes, foi
para isso que me casei, para ser o presidente e futuro administrador
das riquezas dos Gusmão, foi por isso que me preparei a vida toda.
Não tinha lugar para romance na minha vida, só metas as serem
alcançadas.
— Olha como esse ficou lindo?
Atendente parede feliz em gastar meu dinheiro.
— Achei revelador.
Mel se aproxima e perco o fôlego com sua beleza no vestido
branco e quase furo a calça de tão duro quando ela vira e o decote
vai quase ao meio da sua bunda perfeita.
— Não gostei! — Digo depois do ataque de tosse e ter bebido
toda água do copo
— Procure outro.
— Eu gostei, acho que minha bunda fica linda nele, e nem
precisa usar roupas íntimas por baixo. — Diz se virando para olhar
melhor no espelho.
— Você está nua por baixo disto? — Indago sem saber como
agir.
— Sim, não marca. — Dá de ombro — Veja aqui.
— Humm?
Se aproxima e põe minha mão no seu traseiro. Ela não é
normal, caralho que bunda dura, perfeita, ia ficar linda com meus
dedos apertando-a. enquanto a fodo de quatro. Ficou quente de
repente e tiro minha mão da sua bunda rápido e olho para a moça ao
redor que nos olha com curiosidade.
— Acho que você vai se sentir melhor com outro vestido. —
Olho sério para ela que se vira, mas depois volta para mim.
— Insuportável!
Fala baixo, mas eu ouço. Antes ser insuportável que passa a
noite duro ou protegendo minha esposa de olhos cobiçosos.
— Obrigada por pagar meu jantar estava com fome. — A
vontade é comentar que não faço ideia porque estou fazendo isso. —
Não faço ideia para que serve tanto copos e tantos talheres.
Com isso lembro o abismo entre nós, porém o fato dela
assumir que não sabia, era bem legal, Mel é muito transparente e
linda. Mas não diria, não quero criando expectativas.
— Só presta atenção em mim. — Ela assente focada.
Faço o pedido das bebidas e nossa comida. Tudo com ela
prestando atenção.
— Por que perdeu seu dia comigo?
— Porque minha irmã está desconfiada. — Não iria mentir —
Então preciso que sejamos vistos juntos como os recém-casados
fazem.
Ela dá de ombro e nem parece decepcionada com minha
resposta.
— Entendo, poderia arrumar um fotógrafo para tirar fotos
nossas e fazer matérias, em lugares aleatórios. — Comenta e gosto
da sua ideia — Saímos para jantar ou posso buscar você nos
lugares ou passeio no parque num domingo.
— Sua ideia é boa. — Analiso.
— Eu sei, sou maravilhosa. — Reviro os olhos — E você
poderia me dar um carro, sua esposa andando de ônibus ou metrô
não fica legal.
— Você é uma pequena mercenária.
— Nada que vá abalar seus milhões. — Faz biquinho levando
os lábios a taça de vinho que a pouco o garçom encheu — Que
perfeição, gostei.
Achei sexy a forma que fechou os olhos e degustou a bebida.
— Obrigada pelas roupas não vou devolver quando nos
separarmos. — Põe a taça na mesa.
— Ainda não sei por que te escolhi. — Solto e ela me encara
fechando o semblante.
— Tenha a certeza de que eu não irei me interessar por seu
jeito sexy e amoroso.
— Tem certeza de que não tem interesse? — Ela feriu meu
ego.
— Você e uma geleira da Antártida são muito quentes, a
vontade de cair aos pés dos dois é enorme. — Debocha, essa
mulher é uma bruxa. — Então, creio que possamos usar meu plano?
— Irei pensar sobre. — Não daria o gosto de aceitar de cara.
— Tudo bem, só não pode dar para trás, preciso do meu
dinheiro.
Realmente ela é uma bruxa metida.
CAPÍTULO 04
Mel Castro

Como aquele ogro frio e sem coração se atreve a tirar fotos


minha e postar nas redes socias e ainda usar a legenda “Tiradas por
meu amor”, “Pelos olhos de quem me ama”?
Palhaço!
Segurei o celular firme e fui até a porta do seu quarto bati
com força, saiu com uma toalha na cintura e o cabelo molhado,
reprimir minha reação, pois o homem estava perfeito com aqueles
olhos maravilhosos. Esqueci o que ia dia dizer.
— Então? — ele cruza os braços deixando os músculos em
evidências e sua pele bronzeada descendo gotículas de água — Veio
admirar a geleira?
Humm? Do que ele estava falando?
— Ahm, então...
Droga, eu vim fazer o que mesmo? Porra, esqueci
completamente. Olhei o meu celular para fugir dos seus olhos e
lembrei. Levantei o aparelho e mostrei a minha foto.
— Quem autorizou? E como você sabe minha senha?
Ele nem parece culpado.
— Sou seu marido e sua senha é muito óbvia. — Dar de
ombro sem pensar muito
— Eu odeio meu ex.
Eu odeio o meu marido no momento.
— Vou trocar a senha! — resmungo — E nada de postar fotos
em minhas redes.
Se bem que ganhei muitos seguidores e muitas curtidas.
— Somos um casal e isso é normal entre quem se ama. — diz
exasperado.
— Mas eu não te amo.
— Ninguém sabe disto fofinha!
Realmente eu o odeio. Tenho uma ideia e miro o celular para
ele que põe a mão na frente rápido, mas consigo capturar seu corpo
escultural.
— Já que somos um casal irei postar sua foto.
— Não!
— Vou!
Danço feliz e sopro um beijo para ele que tenta tomar meu
celular, mas sua toalha cai e olho seu pau robusto com a boca aberta
e olhos cobiçosos. Será que cabe? Pois mole é assim, imagine duro?
Se Deus fez, é porque cabe Mel! Meus pensamentos divagam e não
consigo desviar o olhar, e a coisa lá começa a ficar dura.
— Maluca!
Bate à porta na minha cara. Mal-educado! Tenho olhos, não
tenho culpa disto.
— OLHEI MESMO! — Grito para porta — JÁ VI MAIORES!
Corro para quarto e bato a porta rápido. E de vingança posto
sua foto, aparece metade do seu rosto com a mão na frente e seu
corpo delicioso enrolado na toalha. Qual legenda? Já sei! “Meu
Adônis”
Ele vai surtar! Jogo o celular na cama e vou tomar banho frio!

— Apaga a droga desta foto!


Tomo um susto e viro no corredor, no meio dele e atrás de
mim está um Renato Gusmão irado, vestido de terno e gravata —
Sua roupa preferida — Parece que deseja torcer meu pescoço.
— Que foto? — melhor fazer a sonsa e ganhar tempo.
— Não se faça de besta Mel, você postou a droga desta foto
e agora estou recebendo mensagens de um monte de mulheres e
meus amigos estão fazendo piadas com a porra do Adônis.
Mulheres?
— Não posso, recebi muitas curtidas e estou com muitos
seguidores. — Digo a verdade, não imaginei a repercussão.
— Eu vou, eu...
Bate o pé sem palavras.
— Minha vontade é torcer seu pescoço!
Se vira e caminha para porta com raiva.
— Vou fazer o jantar hoje, não atrase! — Falo para suas
costas.
— Não confio em você para comer sua comida. — Diz e me
deixa com raiva. — Delete a droga da foto!
— Jamais meu Adônis!
E ele corre atrás de mim que fujo me escondendo na cozinha
atrás do balcão.
— Ainda vou torcer seu pescoço! Sua louca!
— Muito drama por conta de uma foto! — debocho.
— Maldita! — range os dentes e vai embora do apartamento.
— Acho que vou ter que jantar sozinha hoje.

Realmente queria deletar a foto, muitas idiotas comentando,


maravilhoso, delícia, gostoso. Falta de respeito, mas não deletaria,
não daria o gostinho ao senhor metido a besta. Fiz sanduíches de
pepino para o jantar, e sentei entediada, não dou para ser madame,
sinceramente preciso de um plano para ocupar o tempo.
A porta bateu e não me levantei já sabendo quem era. Sua
silhueta chegou até meus olhos, parecia cansando.
— Dia ruim? — Pergunto lambendo meus dedos da maionese.
Seus olhos focam nisto ficando mais intenso e seus pés se
aproxima do balcão, sua mão busca um sanduíche no meu prato.
— Tem veneno! — Digo e ponho vinho na taça vazia.
— Engraçadinha! — leva a comida boca e geme mastigando
— Estou com muita fome, não tive tempo para comer hoje.
— Tadinho, vou fazer uns lanches para você levar.
Ele nem responde ao meu deboche concentrado na comida,
devia estar com muita fome mesmo. Pego mais pão e começo a
fazer outros.
— Não se acostume. — Deixo claro e ele se senta na cadeira
afrouxando a gravata
— Muita ou pouca maionese?
— Bastante!
Faço mais sanduíche e ele me conta sobre o novo caso que
está trabalhando. Normal para um casal conversar depois do
trabalho, só que não somos um casal normal. E para meu medo ouço
e dou opinião como uma esposa interessada dos assuntos do
marido.
CAPÍTULO 05
Renato Gusmão

O dia não saiu como imaginei, tive que enfrentar um almoço


com o papai onde todas as cobranças foram enormes, além do
famoso papo de que “preciso de um neto”, queria saber de onde
meu pai tirou que eu daria para ser pai de um ser pequeno que chora
de madrugada? Sinceramente ele só prova que não presta atenção
nos filhos que colocou no mundo. — Bufo com tédio imaginando a
cena.
Minha irmã uma narcisista que controla o marido com a fama
e o dinheiro que o nome da família tem, onde que ela pode ser mãe
de alguém? Imaginar um mini ser igual Zara Gusmão me causava
azia. E pensar que posso ter um mini eu — Não, sinceramente, meu
pai não sabe quem são os filhos deles.
Mas a reunião do conselho estava perto, preciso focar e
esquecer essa coisa de achar minha esposa gostosa — meu pai tem
razão nisto — casei-me para ser presidente e não para transar como
estou pensando em fazer. Ele não faz ideia de que meu casamento é
fake, mas acha que estou perdendo o foco para o cargo da
presidência.
Aquela foto me causou muitas confusões e olhares
atravessados na empresa, sem contar insinuações desnecessárias.
— Apagou a foto? — Indaguei depois de comer os
sanduíches que Mel fez.
— Nem em sonhos docinhos! — Imaginei que não fosse fazer.
A personalidade dela é vingativa, percebi assim que ela entrou
no restaurante para o nosso primeiro encontro, ela tinha raiva e era
capaz de tudo para se vingar do ex traidor. E isso é um grande
problema, me aproveitei, Mel nem olhou direito os termos do nosso
acordo, ela queria o dinheiro, sua dignidade e o coração do cara em
uma bandeja — o que já estou providenciando — uma mulher traída
é capaz de tudo.
E eu como um bom advogado sou capaz de usar isso ao meu
favor — fui e fiz — não tenho nenhum arrependimento, a vida é feita
de oportunidades.
Além dela ser incrivelmente sagaz e sonsa, Mel enganou toda
minha família com sua cara de apaixonada.
— Posso mover um processo contra você. — Aponto o dedo
— por uso indevido de imagens.
— E vai pedir o que no processo, dinheiro? Oh amor,
esqueceu que sou uma pobre?
É uma abusada e me pego rindo de sua resposta.
— Você queria me ver nu. — Debocho.
— Não nego que é uma bela visão — dar de ombro
guardando o pão no armário o que a faz ficar na ponta dos pés e seu
mini short subir um pouco mostrando a polpa da bunda durinha —
Seu pau é bonito também.
Engasgo com minha própria saliva e acho que estou vermelho
igual um tomate maduro.
— Você não deveria sair dizendo essas coisas por aí. —
Acuso e ela rir — Minha esposa não fala esse tipo de coisa.
— Com certeza ela só late como um cão adestrado. — Que
mulher mais atrevida
— Só baby que eu sou uma tigresa e não um cãozinho.
Fez um gesto com a unha que era para ser engraçado, mas
ficou sexy pra caramba. Meu pênis criou vida olhando para ela,
droga.
— Foi por isso que seu noivo deixou você. — Ela me encara
com rancor e me arrependo da insinuação — Você nunca disse o
motivo dele ir embora?
— Ele também não me contou. — Planta as mãos no balcão e
me encara friamente
— Um dia ele transou comigo pela manhã bem feliz e quando
voltei a noite descobrir que partiu — limpou o apartamento de todos
os moveis, só ficou minhas roupas e uma pilha de contas de meses
de aluguéis que ele nunca pagou. — Deve ter sido duro para ela, só
de imaginar quero matar o cara — Simples, limpou a conta do banco
faltando uma semana para o nosso casamento.
— Você não percebeu nada estranho, não foi nada sagaz
colocar o dinheiro na conta dele. — Sou advogado e não sou de
aliviar, penso maldoso.
— Sei que sou burra, me culpo todos os dias, mas foram dois
anos juntos, fazendo planos como iria imaginar que ele estava
fazendo os mesmos planos com minha vizinha?
— Sorri com os olhos tristes — Pensei que ele fosse um
príncipe.
— Esse é o grande problema de vocês mulheres, vivem
fantasiando essas coisas
— Nunca vou entender essa tendência a filme da Disney —
Não somos príncipe.
Ela revira os olhos e foca em mim de novo, eu acho linda.
— Você me salvou, lembra? Um príncipe que apareceu para
pagar minhas dívidas e me deu um lar — debocha.
— Não lindinha, eu me aproveitei dos seus problemas, foi isso
docinho. — Pisco e ela fecha a cara — Já achei seu noivo. — Mudei
de assunto para um terreno menos perigoso, tinha facas naquela
cozinha — Ex no caso, já que sou seu marido.
Os olhos dela brilham em fogo do ódio. E eu fico babando em
sua beleza, Mel é linda de uma forma selvagem — indomada. Foco
cara, foco Renato.
— Onde? Vou matar aquele escroto.
— Ele está viajando pelo Nordeste, deve voltar em alguns
dias. — O filho da mãe se casou com a vizinha da Mel e ainda
roubou toda grana da poupança da moça, mas isso não vou contar
ainda — Já está tudo pronto para você poder se vingar.
— Quero eles na cadeia, quero eles no chão gritando, quero
beber o sangue dos dois. — Bate na mesa.
— Vingativa você em? — levanto e sinto a dor do dia em
minhas costas — Mereço uma massagem depois desta informação.
— Porque falei isso, não é meu perfil esse tipo de brincadeira. —
Desculpa foi só uma brincadeira.
— Vamos, tira a camisa!
— O que?
Ela estava falando o que estou pensando?
— Tira a camisa e se senta no sofá, vou fazer uma massagem
em você. — diz com naturalidade — Meu ex dizia que tenho mão de
fada.
— Humm, não precisa, foi só...
— Para de charme senta logo e tira essa camisa, vou buscar
os óleos.
E foi para o corredor com aquele pijama que deixa sua bunda
perfeita, isso não vai prestar — Penso puxando minha camisa para
fora da calça com rapidez.

Realmente ela tem mãos de fada, mas isso não está sendo
uma boa ideia, cada vez que ela aperta um músculo das minhas
costas, mas meu pau fica duro e os gemidos aumentam. Caralho,
estou quase gozando igual um adolescente precoce.
— Você malha muito, não é? — Ela diz e só balanço a cabeça
sem conseguir articular uma fala, sou a porra de um advogado
conceituado e mais bem pago da droga deste país e não estou
conseguindo lidar com uma mulher gostosa que por sinal é minha
esposa — Por que nunca se casou antes? Suas namoradas eram
modelos belíssimas...
— Mel...
Gemo em desespero.
— Oi?
— Melhor a gente parar. — Estou suando, estou louco para
foder com ela. — A porra da sua vagina está na minha bunda e sua
mão na minha pele.
— O que tem isso? Não está gostando da massagem — faz
um movimento que sua vulva passeia por minha bunda, o que é
estranho e sexy pra caralho — Não sou uma mulher com esses
pudores, quando morava com alguns primos no interior...
— Não quero saber de histórias de massagens em outros
homens...
Corto rápido e com um sentimento de raiva fervendo em
imaginar ela fazendo o mesmo em outro cara. Mel levanta me
trazendo um sentimento de abandono.
Viro para ela que defronta comigo confusa e seus peitos
estão duros, são pequenos, mas cabe perfeitamente na minha boca.
Salivo com vontade de experimentar. Só penso está maluco, mas
avanço igual uma cobra para dar o bote a trazendo para cima de
mim e a safada nem pisca.
CAPÍTULO 06
Mel Castro

Sei que estou brincando com fogo, mas meu marido é gato,
gostoso, é o tipo de homem que nunca olharia para mim em uma
situação comum. Com certeza ele nem olharia na minha cara se
passasse por mim na rua, agora está na minha frente de pau duro.
Acho que é meu dia de sorte, o que faço? Vou fazer um doce, mas
não tão doce para ele desistir.
Ele tem um pau lindo, como alguém pode ter uma
indumentária tão perfeita? Ele é todo perfeito, vou me segurar, mas
estou mais molhada que as cataratas.
Divagando tomei um susto quando ele me puxa para seu colo
e cola sua boca na minha, me seguro nele com as pernas abertas
em sua cintura, seu pau cutuca minha bunda. Sua boca domina a
minha, sua língua brinca no centro da minha e eu acompanho. Que
beijo delicioso, acho que o som é dos nossos gemidos. Sua mão
busca minha blusa levantando e fico com vergonha do tamanho
mínimo do meu seio.
— Estava doido para chupar eles. — Perco a vergonha com
sua declaração e seus olhos admirados — Me dá eles?
Pede e atendo descendo meu troco até sua boca poder tocá-
los. Gemendo vejo os olhos azuis do Renato saboreá-los, lamber,
chupar. Jesus, quero muito ser penetrada por esse homem. Logo,
rápido e forte, que safada sou eu.
— Me foda?
Peço segurando seus cabelos e cavalgando sua boca com
meus peitos. Minha boceta está úmida de vontade de ser fodida.
Faz muito tempo que estou na seca.
— Sua franqueza me dá tesão sabia? — Diz abaixando meu
short e descobrindo que estou sem calcinha — Caralho mulher,
estava sem calcinha esse tempo todo? Que boceta gostosa!
Jogo a cabeça para trás enquanto ele sonda minhas dobras
encharcadas.
— Meu Deus Mel, toda molhadinha!
Geme e eu aperto seu peito malhado, desço a boca no bico
do peito de Renato, ele perde a compostura pedido mais, enquanto
chupo ele brinca com meu clitóris, acho que vou explodir.
— Que gozar? Quer safada? — Pergunta segurando meus
cabelos por entre seus dedos e trazendo meu rosto para perto do
seu. — Diz que quer meu pau nesta boceta?
— Humm...
Antes que eu consiga responder a campainha toca.
— Não atende, esquece a porta...
Segura meu rosto e voltar a beijar meus lábios com fervor e
eu correspondo. Mas a droga não para de tocar com insistência, e
nós nunca recebemos visita na cobertura. Pulo do seu colo e visto a
minha blusa e vou abrir enquanto ele solta um resmungo alto e
raivoso atrás de mim.
Abro a porta pronta para matar quem estivesse do outro lado,
porém para meu susto era o motorista do pai dele que conheci no
outro dia.
— Perdão senhora Gusmão, mas preciso falar com Sr.
Renato. — Diz nervoso.
— O que aconteceu Alfredo? — Meu marido já está atrás de
mim perto da porta.
Sinto um arrepio de coisas ruins passando por minha pele.
— Seu pai sofreu um infarto e encontra-se hospitalizado.
— Meu Deus! — digo impactada com a notícia.
— Onde? — Renato já é uma máscara de sentimentos frios e
distante, não é mais o amante de minutos antes naquele sofá, todo
sentimento se esvaziou dando o lugar ao homem que me casei sinto
sua distância com pesar. — Vou me trocar.
— Vou com você. — Digo no automático.
— Não precisa. — Responde friamente.
— Sou sua esposa e vou com você. — Respondo e passo por
ele indo para meu quarto trocar de roupa. — Não vai passar por
isso sozinho, ninguém precisa passar por isso sozinho.
— Tudo bem. — Ouço sua resposta, mas não revido.

O hospital é um dos mais conceituados de São Paulo e assim


que chegamos já fomos recebidos pelo secretário pessoal do pai
dele que chorava baixo, mas disse que tinha os melhores médicos
cuidando do velho. A namorada chorava sentada enrolada em algo
que parecia um cobertor, como se tivesse saído da cama nua e as
pressas. A menina com certeza deveria ter uns vinte três anos.
Sentei-me ao seu lado e segurei sua mão, Renato foi obter mais
notícias nos deixando na sala de espera. A irmã dele logo chegou
vestida parecendo que ia para uma festa noturna, nem acredito que
ela pensou em maquiagem em um momento como aquele.
Que família maluca, quando meus pais faleceram eu chorei
por dias, nem conseguia comer ou beber, fiquei quase em depressão
de saudades. Meus primos que me ajudou na época a não perder a
sanidade, enquanto essa família aqui parece que tudo bem o pai
está quase morto na cama do hospital.
E quase pulo de susto com o tapa que a louca da Zara deu no
rosto da “madrasta”, a moça não revidou só chorou.
— Sua puta, deu remédio de novo ao meu pai não foi? — Gritou
histérica — Pensa que vai herdar algo desta família, não vai não.
— Ei, para de agredir a moça! — reclamo e ela se vira para mim.
— Cala boca você também! — a ponta o dedo para mim.
Levanto ficando a sua frente e torço seu dedo com força e ela grita
de dor.
— Não se atreva a falar comigo deste jeito. — Digo por entre os
dentes — Ou arranco essa sua peruca loira na unha.
O marido dela a puxa para longe me fuzilando com os olhos, o
homem parece um rato, não só na aparência, mas em seu jeito de se
comportar. Volto a sentar e pego a mão da pobre moça que ainda
chora.
— O que ela quis dizer com remédio? — Sei que estou sendo
curiosa, mas não resisto — Ele tomou...
Ela faz que sim com a cabeça e chora alto. Meu Deus, não
posso rir, que merda é essa? O velho tomou remédio para trepar
com a moça mais de trinta anos mais nova que ele e queria o que?
Morrer né? Não vou rir o homem pode estar morrendo uma hora
desta.
Prendo o riso e dou um olhar triste e dissimulado para menina
que me abraça.
— Falei com os médicos, e o papai está bem, graças a Deus. —
Renato entra na sala com passadas firmes — Mas vai precisar de
uns dias aqui no hospital para se recuperar.
— Ele tomou aquelas merdas de novo não foi? — a antipática da
irmã vai para cima dele cheia de marra — Tudo culpa dessas
interesseiras que leva para casa. — Fala alto parecendo uma
barraqueira, se fosse eu seria pobreza e ela é o que? — Você é
igual a ele.
— Zara vai para casa. — Renato nem se abala — Meu pai é bem
grandinho para saber que tomar esses remédios pode causar
reações. — Dar de ombro com normalidade.
— Nosso pai, não fala como se fosse só seu. — Estufa o peito —
E só vou sair daqui quando o médico falar comigo e vou processar
essa garota.
Meu Deus, que ser humano antipático!
— Que a imprensa sabendo de tudo? É isso?
Ela fica pálida com a insinuação do Renato e se afasta, o cara
de rato se aproxima e fala algo baixo que o meu marido assente sem
dar uma palavra e sai arrastando o projeto de árvore de natal com
quem casou para fora da sala.
— Vamos Vera, irei levar você para casa. — Diz dando a mão a
moça que sorri por entre a lágrimas em agradecimento — Para sua
casa, e nada de tentar ver o papai. — Puxa o talão de cheque na
minha frente e eu fico chocada com sua frieza. — Quanto?
— Renato? — resmungo segurando o braço da Vera que o encara
— Ela está abalada...
— Não se meta Mel! — odeio a forma que ele olha para mim, vazio e
arrogante.
Desgraçado!
— Quanto? — repete olhando para moça perto de mim.
E para meu espanto ela me solta e dar um passo à frente indo até
ele.
CAPÍTULO 07
Renato Gusmão

Assinei o cheque e despachei a Vera para sua casa, era uma


rotina normal para mim, sempre limpar a bagunça que meu pai
deixava. Já devolvi a princesa falsa para o castelo, agora era deixar
a imprensa longe do hospital, e em seguida conseguir terminar o que
comecei no meu apartamento com a Mel.
O que pela cara dela seria difícil.
Ela estava me odiando, seus olhos desviavam de mim o
tempo todo, seu corpo dizia que estava muito zangada — ela odiou a
forma que me comportei com a Vera — Mel ainda era ingênua e não
entendia como as coisas em meu meio funcionava.
Meu pai tem quase 60 anos, mas se comporta como se
tivesse dezoito, gasta como ainda fosse um jovem e prefere as
meninas novas — para mim isso tinha nome — mas homens como
ele não são punidos, são vistos como os “caras” — Pegadores — só
que essas garotas sempre querem algo em troca para desfilar ao
lado deles.
O velho Gusmão é um tubarão no meio advocatício, um
profissional que fez nome sobrenome, porém tem gosto duvidoso
para sexo. Suspirei olhando o trânsito e minha esposa de lado. Ela
não disse uma palavra até o momento, o que era um perigo sendo
ela quem é.
Com certeza vou ser pisoteado quando ela tiver oportunidade.
Não posso negar que o fato dela querer ir comigo ao hospital me
tocou — Ninguém nunca se importou muito com essas coisas —
Sempre foram babás e elas não era tão amorosas.
Agora pelo jeito ela queria me matar, nunca sabia o que fazer
com Mel, logo eu que derrotei muitos homens no tribunal, não
consegui vencer uma baixinha marrenta.
Que banana estou me tornando e nem gosto dela tanto assim.
Mentiroso! Meus pensamentos gritam para mim. Jogo para longe
esses pensamentos insanos.
— PARA O CARRO! — ela grita e eu freio rápido e a mesma
abre a porta e sai correndo igual uma maluca e eu tento
acompanhar, pois acho que sou maluco também.
— Mel, caralho...
Ela nem se vira e abaixa atrás de uma lata de lixo perto do
beco e algo faz um barulho parecendo um miado. Me afasto rápido e
aponto o dedo para ela que levanta com um filhote sujo de lama que
era nada mais e nada menos que um gato.
— Ah seu fofinho, te salvei! — E ele mia como se tivesse
entendido o que ela disse.
— O que pensa que está fazendo? — Indago nervoso.
Acho que meus olhos estão enormes e assustadores, pois o
gato faz um barulho assustador como se fosse me atacar me afasto
mais ainda daquela fera feia e sanguinolenta.
Ela não responde e caminha com “aquilo” para o carro.
— Ei, aonde você vai com isso? — Grito e ela nem se vira
entrando e batendo a porta do carro — Não quero essa coisa suja
no meu carro, ei...
Droga de mulher! Desgraçada! Eu vou torcer o pescoço dela e
deste maldito gato. No meu apartamento ele não entra.

Eu não acredito que esse maldito gato está no meu sofá! Com
certeza sou um banana, pelo menos ele parece que tomou banho,
até mais bonitinho. Jogo uma almofada e ele nem se abala.
— Sai do meu sofá!
E ele faz aquele som caraterístico de desgosto para mim.
— A recíproca é verdadeira. — Resmungo para ele que
lambe a pata. — Você não vai morar na minha casa, não paguei
milhões em uma cobertura para ter pelos espalhados por ela.
E mais uma vez sou ignorado.
— Vem Zeus!
A voz da Mel vem da cozinha e o gato levanta seguindo som e
faço o mesmo.
— Não quero esse gato na minha casa! — repito como um
gravador o que já tinha dito ontem à noite e fui ignorado quando ela
bateu à porta do quarto da minha cara. — Dê ele a um abrigo de
animais.
— Nossa casa, somos casados e eu moro aqui. — Resmunga
de mau humor.
— Minha casa, você está aqui por pouco tempo.
Seus olhos têm mágoa ao me encarar. Droga, odeio quando
ela me olha assim, não devia me importar, mas me importo.
— Se o gato sair eu saio junto.
Ameaça como se tivesse para onde ir.
— Okey, tudo bem!
Desafio e ela me encara ficamos nos encarando por alguns
minutos e não vou ceder, não gosto de gatos. Ela bate o pé, abaixa
pegando o gatinho no colo indo para fora da cozinha, suspiro
pegando o celular no bolso. Tem uma ligação da minha irmã e outra
do secretário do papai.
Ignoro as duas e ligo para o hospital que reafirma que o
estado dele é estável. Assim que desligo o barulho de rodas chama
minha atenção. Seguindo para sala encontro a Mel e o maldito gato
indo para porta puxando uma mala.
— O que? Eu não acredito!
Só faltava isso para completar.
— Pode ficar com esse apartamento frio e sem amor, eu e
Zeus vamos para debaixo da ponte, mas eu não vou dar meu gato
para nenhum abrigo.
Tenho certeza de que é um infarto fulminante que está se
iniciando em meu peito, essa mulher vai me matar, para que eu casei
com essa peste? Inferno! Folgo a gravata e a praga me encara
ainda de pijama de gatinho, short curto e confesso que com o gato
nos braços ficou fofa demais.
— Não morra, lembre-se que sou sua esposa que vou ficar
com seu dinheiro. — Desdenha — Primeira coisa que faço é vender
esse apartamento e viajar o mundo com Zeus, conhecendo homens
interessante que gostam de gatos.
— Temos um contrato sua louca, você não pode ir embora. —
Lembro com vontade de apertar seu pescoço — O que fiz para
merecer isso?
— Só fico se Zeus ficar!
Bate o pé e olha o gato que sibila para mim.
— Okey, mas mantenha essa praga longe de mim. — Só
posso estar ficando louco.
Volto para o quarto com passadas raivosas e ela chama.
— O que foi? — respondo de má vontade.
— Preciso de dinheiro para o veterinário. — Não estou
acreditando na cara de pau dela.
Dou meia volta e entrego um cartão Black em suas mãos
viradas para cima em espera.
— Qualquer dia deste...
Resmungo e ela sorri sonsa.
Desisto ou vou morrer, penso caminhando para o quarto e
ainda nem fizemos sexo, casamento era um inferno mesmo.
CAPÍTULO 08
Mel Castro

Val olha para o Zeus sem acreditar, mas ele está tão fofo em
sua roupa nova, ficou lindinho nesta fantasia de coelho, não resisti e
comprei umas gravatas também. Agora vacinado, cheiroso e muito
amado por mim.
— Você tem um gato? E ele mora aqui?
— Sim, eu moro aqui meu gato mora aqui. — Porque todo
mundo acha um absurdo o Renato deixar o gato mora na casa dele?
— O Renato deixou, assim, fácil? — Ela ainda está em
choque.
— Ainda pagou o veterinário, as roupas e a ração. — Mostro
o cartão.
— Ainda não acredito! — Realmente sua cara é de choque —
Ele odeia animais.
— Todo mundo diz isso até olhar para essas carinhas peludas
e fofas! — Faço carinho e o Zeus ronrona feliz — Não é fofinho,
estava sozinho, pelas ruas, abandonado.
— Você transou com ele? — Minha amiga me interrompe e
pergunta.
— Com o gato? — Sinceramente a Val está estranha hoje.
— Com o Renato! — quase grita e depois revira os olhos.
Fico vermelha com tudo que rolou ontem entre nós.
— Não, mas tipo quase...
Ela me encara sem entender.
— Quase ficamos, rolou, beijo amasso, muita putaria gostosa,
mas o pai dele enfartou. — Dei de ombro — O que por um lado foi
bom.
— O pai dele enfartar?
— Dam, não, não ter rolado. — Tento explicar melhor — Ele
chutou a namorada do velho, assinou um cheque e mandou ela
embora, tipo: Você não é nada! Eu me vi na pele da moça, foi triste,
sei que ela recebeu a grana e não reclamou, mas eu me vi passando
por isso quando nosso tempo juntos terminar.
— Ahh minha querida, vem cá! — me joga em seus braços e
Val me aperta com carinho — Está com medo?
— Sim, não posso me apaixonar por ele Val. — Tenho medo
de transar e no final acontecer isso, mas uma vez um coração
quebrado e uma mala nas mãos — Ele me partiria mais do que já
estou.
— Você sempre foi a destemida, aquela que namorava,
festeira, feliz. — brinca beijando minha testa — Sempre foi minha luz
nos dias tristes, a minha menina destemida, que sempre dizia: Você
é melhor do que todos aqui, e vai ser a melhor advogada deste
planeta, seus pais são burros por não perceber o quanto você é
incrível.
— E estava certíssima, você é a melhor! — reafirmo o que
sempre achei — Melhor advogada deste planeta.
— E você é luz amor, nada de ficar se segurando, o Renato
não é aquele embuste do Gustavo — Diz e eu entendo, mas temo
partir meu coração — Se você quer transar com ele, faça isso
durante os meses que estão juntos, que mal há? — O problema é
me confundir, pois sou uma pessoa emocionada.
— Amiga, posso me apaixonar, e depois vou sofrer.
— Se apaixone pelo pau, pela pegada, desde quando ser feliz
por alguns dias pode te machucar?
— Eu sou amiga emocionada, que beija e acha que vai casar
e ter filhos — Faço bico e ela rir. — Não quero aquele ogro partindo
meu coração. — Suspiro e me solto — Preciso ocupar meu tempo,
sei que no contrato tem que devo ser a esposa em tempo integral,
viver durante um ano como uma dondoca. — Odiei essa parte do
acordo, mas estava tão desesperada por um local para ficar e o
dinheiro para pagar as dívidas que aceitei — Nunca fui de ficar
parada, sempre ganhei meu dinheiro. — Bufo com raiva — Vou fazer
um bolo para nós duas.
— Hum, acho que tenho uma ideia, mas vou organizar e te
conto tudo depois. — Val fala levantando — Não dá tempo fazer bolo
querida, temos um jantar de negócios para ir.
Bato o pé, aff, odeio essa parte do acordo, ser boneca de
efeito de macho idiota. Tenho que ir a um jantar de negócios com
meu marido, por isso a Val veio me ajudar escolher o vestido. Como
o todo poderoso vai estar no tribunal até mais tarde, irei me
encontrar com ele no evento.
Lembrar deste detalhe me faz rir e me virar para minha amiga.
— Me conte mais como é esse jantar?
— O que você está aprontando? — Cruza os braços curiosa
com os olhos estreitos — Não gosto nada desta carinha sua.
— Na realidade quero fazer uma surpresa para meu marido,
já que ele pagou de boa vontade as coisas do Zeus. — Dou de
ombro com carinha inocente.
— Guarde sua cara esperta para o Renato, a mim você não
engana. — Passa por mim indo para meu quarto e eu a sigo rindo —
Desembucha, qual o plano?
Gargalho e sigo para o closet com ela e Zeus atrás de mim.

Estou eufórica para ver a cara do Renato quando me


encontrar neste maldito jantar. O local parece uma cena de filme,
tem carros de todos os estilos – manobrista, e muitas mulheres bem
vestidas ostentando joias caríssimas, estou no carro esperando o
meu odioso esposo chegar. Val já entrou com a esposa Monalisa,
estava belíssima combinando com os vestidos verde oliva. Eram tão
fofas juntas.
Segundo as duas me explicaram a festa era jantar oferecido
pela ordem dos advogados onde medalhas eram distribuídas e
monte de baboseiras para puxa o saco deles. Sai até em revistas e
jornais. Com certeza o pomposo do Renato iria ganhar todas as
medalhas, do jeito que é metido a besta — Não tenho dúvidas disto.
O homem é tão lindo que deveria ser pecado, e a sua arrogância era
o composto que o deixava mais sexy, e gostoso.
Maldita hora que ele chupou meus peitos, e a droga daquele
pau? Meu Deus que coisa mais linda, salivo só de imaginar. O
homem pegava gostoso. Será que Val tem razão, que devo
aproveitar toda situação? Ohh dúvida cruel!
Suspiro com todos os pensamentos embaralhados em minha
cabeça. O motorista abre o vidro que nos separa, mas não sorri
para mim. Parece que tem um cabo de vassoura enfiado no rabo de
tão pomposo. Deve achar que não mereço ser a senhora Gusmão,
foda-se!
— O senhor Renato lhe aguarda.
Me seguro para não mostrar a língua para ele — o cara
estava fazendo o trabalho dele, merecia meu respeito — Ele dá a
volta e abre a porta do carro para mim, perco o fôlego com a beleza
do meu marido que me aguarda na calçada e me dá sua mão. Quase
um príncipe!
Seus olhos ficam perfeitos com contraste do terno azul claro,
e seus cabelos com gel, e a barba bem amparada. Acho que estou
de boca aberta, preciso ser mais controlada.
— Você...
Tinha esquecido da minha surpresa.
— Não disse que não era para comprar esse vestido?
— Mas eu gostei dele e não é você que tem que dizer o que
vou usar. — Como eu disse: Quase um príncipe, logo ele vira um
sapo — Ficou maravilhoso em mim, nem precisa de calcinha.
Fiz de propósito!
E ele afrouxa a gravata e me encara.
— Vamos para casa!
— Como é?
— Eu disse que...
— Renato Gusmão?
Um homem mais velho de cabelo cor de algodão se aproxima
de nós feliz em ver meu marido, ele está ao lado de uma senhora
muito distinta e bem vestida.
— Vossa excelência! — Renato faz uma reverencia educada.
— Não estamos no tribunal, nada de formalidade, quem é
essa moça bela? — Gostei daquele senhor de sorriso fácil e feliz —
Essa é minha esposa Estela.
— E essa é minha esposa Mel. — Renato cumprimenta a
senhora e faço o mesmo com o casal. — Muito prazer conhece-la.
— Vamos entrar que aqui fora está frio e Estela não gosta
muito de lugares gelados. — E sorri amorosamente para esposa que
retribui.
Renato me encara na dúvida, ele não sabe o que fazer neste
momento. Não nego que queria rir, mas me segurei, somos um casal
apaixonado — Não posso sair do papel!
Segurando meu braço praticamente sou arrastada para dentro
da festa com o casal simpático e um esposo a ponto de torcer meu
pescoço. A noite seria incrível, pensei.
CAPÍTULO 09
Renato Gusmão

A noite parecia um tomento, todos estavam olhando para


bunda da minha esposa. Malditos velhos babões e a sonsa toda
derretida com as atenções que recebia. Estou a ponto de socar a
cara de alguém, estou de muito mau humor.
Nem devia, o plano era esse, a Mel conquistar a todos com
seu carisma, provar que tenho todos os motivos de estar loucamente
apaixonado por ela. E com isso ganhar pontos para conseguir o meu
tão sonhado lugar na presidência.
E porque estou incomodado com o plano dando certo, porque
estou odiando dividir atenção dela com outros homens? Porque estou
a ponto de ir na pista de dança e tira-la dos braços do Juiz Hercules?
O cara é o top dos tops dos magistrados, mas estou querendo que
ele enfarte no momento.
— Você não parece feliz! — Val diz ao meu lado — Está com
cara de quem chupou limão.
— Como você teve coragem deixa-la sair vestida assim? Mel
nunca faz o que eu digo. — Bufo bebendo todo o drinque.
— Ela está belíssima com esse vestido.
Não podia negar e era isso que me incomodava, pois todos
estavam vendo a mesma coisa — O quanto ela é gostosa!
—Você deveria se sentir feliz, ela é um sucesso. — Pisca e
Monalisa rir junto.
— Engraçadinhas! — Pego mais um drinque e a minha esposa
volta da dança com o rosto rosado de tanto dançar e se divertir,
enquanto estou sofrendo. — Se divertindo?
— Muito! — toma minha taça e bebe.
Sua boca é linda e sua língua rosa aparece me deixa duro. Val
olha de mim para ela e eu desviou o olhar.
Começam as os discursos da noite, a falação de sempre. Não
ouço nem a metade, já sei quem são os ganhadores, quem não será
e quem não será lembrado. Minha irmã não apareceu, o que dei
graças a Deus, o marido dela nem seria citado, me certifiquei disto.
Não entro em brigas que não posso vencer, penso e olho a Mel que
está conversando algo com Val. Acho que nem todas as brigas irei
ganhar. O que está rolando comigo? Ando confuso e disperso.
Meu nome é dito no microfone e sorriu, seguro a mão da Mel
e beijo, ela pula feliz beijando de leve meus lábios, e eu descubro
que desejei isso o dia inteiro. E a beijo mais forte na frente de todos,
mas não para fotos e sim para mim, porquê era isso que eu desejava
no momento.
Não lembro bem o que falei no meu discurso, só que olhava
para ela que não parava de sorri, parecia uma estrela brilhante meio
à multidão. Um imã, estava hipnotizado pela Mel e seu brilho. A
queria muito e a teria, era uma promessa, antes de findar essa noite,
ela estaria gemendo meu nome embaixo de mim enquanto soco sua
boceta com meu pau.
E todo o resto foi um borrão, concentração zero.
Enquanto fui abordado por vários amigos para ser
parabenizado por todos os cincos prêmios que ganhei, vi na minha
visão periférica minha esposa se encaminhar para o banheiro — me
desenvencilhei de todos e a seguir — nem sei o porquê, mas eu
queria ficar sozinho com ela.
— Ei! — Se assusta quando deixa o banheiro — Como é ser
o advogado de milhões? — Brinca, mas eu não estou para gracinhas
no momento e a empurro de volta e tranco a porta a encostando na
pia.
— Você está me deixando louco!
— Renato...
Beijo seus lábios com tesão e como uma gata ela se segura
em mim. Trago seu corpo para perto do meu segurando sua bunda
dura, e lembro a falta de calcinha. Chupo com mais força sua linda
boca e procuro sua boceta por baixo do vestido. Caralho, ela é muito
gostosa.
— Meu Deus, isso é...
— Incrível! — Gemo em sua boca — Quero foder você!
Suspendo seu corpo e sento na bancada e ela abre as pernas
e perco o rumo, salivo querendo muito por minha língua lá. E em
rendo ajoelhando desesperando. E a safada abre as pernas na
minha cara, trago para frente sua bunda e chupo aquela boceta
perfeita, aliso os grandes lábios e passo a língua no clitóris. Mel
segura meus cabelos por entre seus dedos e delirando sobre o
comando da minha língua.
— Só um pouquinho, meu Deus, só um pouquinho — diz
choramingando.
— Quero foder essa boceta, me dá ela? Por favor....
Meu pau estava doido para entrar nela, devo ter molhado a
calça de tanto tesão.
Caralho, fodo a boceta da Mel com a língua e o dedo
totalmente alucinado, assim que ela goza puxa meu cabelo e
mordendo a mão solta para não gritar alto. A visão é tão perfeita que
prometo que vou ver mais vez cenas assim vindo dela. Juro que vou
foder essa mulher a noite toda e só meu nome vai sair dos seus
lábios.
— Casal, Gusmão, o povo já está comentando nos corredores
a falta de vergonha dos dois.
Levanto rápido ao ouvir a voz da Val do lado de fora e seu riso
descarado. Que droga eu fiz? Logo eu? Um cara conhecido pela
frieza e passos controlados, se perdendo para os hormônios como
um adolescente dentro de um banheiro. Quase sendo pego e
podendo ser indiciado por atentando ao pudor. Estou ficando maluco
só pode! Porém foi muito gostoso, nunca fiz nada igual antes.
Mel sorrir para mim, com a boceta ainda a vista e os cabelos
bagunçado e morde os lábios. E perco o rumo dos pensamentos de
novo.
— Melhor a gente ir para casa! — Diz e eu concordo, na
realidade eu faria tudo que ela pedisse neste momento.

Saímos da festa escondidos pelos fundos, como dois


traficantes, mas sem chance de passar no meio das pessoas no
estado que nos encontramos. Sei que minha esposa está segurando
o riso e eu estou fazendo o mesmo. Seguro sua mão assim que
entramos no carro e ela não reclama ou repele. Como o motorista
está conosco, ficamos em silêncio. O percurso foi calmo, mas a
tensão causada pelo tesão ainda estava lá, o vestido dela ainda
estava arruinado pelos meus dedos, o cabelo bagunçado e sua boca
que foi beijada por mim diversas vezes ainda trazia traços do batom
que eu quase arranquei com meus lábios.
O elevador chegou, entramos e assim que ele se fechou me
virei para Mel.
— Eu quero tudo! — Toque sua boca com a ponta dos meus
dedos — Eu quero você.
— Renato Gusmão! — Apesar de ter dito meu nome ela não
se afasta.
— Vou te foder a noite toda Mel Gusmão, será meu nome que
vai sair destes lábios e será meu pau que sua boceta vai lembrar
para o resto da vida. — Passo a mão na vulva por cima do seu
vestido.
— Convencido! — Resmunga e lambe os lábios — Se acha!
Segura meu pau por cima da calça e faz um movimento de vai
e vem. Vou gozar feito um idiota.
— Eu não acho lindinha, eu sou! — levanto seu corpo a trago
sua boca para minha a encostando na parede do elevador, chupo
sua boca enquanto meu pênis sarra em suas partes íntimas sem
calcinha. — Gostosa!
— Que boca gostosa, senhor Renato Gusmão...
É uma safada e eu adoro essa entrega da Mel, fico louco.
Chupo sua língua e o elevador chega à cobertura, não a solto para
entrar no apartamento, rasgo o vestido no caminho. Ela fica nua na
minha frente, perfeita. Seus seios pequenos sãos lindos. Babo
imaginando-os na minha boca, ela é muito gostosa.
— Você estragou meu vestido! — Bufa com raiva.
— Eu compro outros dez para você, essa porra de vestido me
atormentou anoite toda. — Reclamo e trago seu rosto para mim —
Mas agora quero você assim, nua pronta para mim.
E como se os deuses mandassem um recado, a Mel abre o
zíper da minha calça e ajoelha e tira meu pau da cueca e leva a
boca. Simplesmente entrei em combustão, segurando sua cabeça a
deixei brincar com meu pau, minhas bolas estão a ponto de explodir.
— Porra Mel, eu vou gozar na sua boca...
Estremeço, não quero que acabe logo, seguro seu corpo
afastando sua boca do meu pênis, trago-a para cima, enganchando
seu corpo na minha cintura tomando sua boca novamente, a levando
para minha cama.
— Vou deixar sua boceta assada.
— Estou contando com isso!
Essa mulher ainda vai me matar!
CAPÍTULO 10
Mel Castro

Assim que meu corpo encontrou a cama e suas mãos


voltaram a me tocar com intimidade, a minha consciência tentou me
avisar que estava entrando em uma furada, mas seus olhos focam
nos meus, aquela coisa bela e límpida trepidando de puro desejo por
mim. Trouxe seu rosto para perto e busquei sua boca com rapidez,
para não pensar muito. Sua língua é perfeita, seu beijo é delicioso e
me deixa louca de tesão.
Sua boca deixa meus lábios e vai para meu pescoço criando
trilhas de beijos até meus seios e a sua língua toca o bico quando os
encontra. Acho que vou derreter, nunca tive alguém tão intenso como
o Renato.
Projeto meu corpo em busca de mais contato.
— Seus seios são lindos! — ele afirma em deleite descendo a
língua e eu gemo.
— São pequenos. — Respondo por entre os gemidos.
— São perfeitos para meus lábios.
Derreto totalmente molhada e pronta para deixá-lo me foder
forte e sem piedade.
Queria traduzir em palavras o que estou sentindo, mas sua
boca entre minhas pernas levou meu raciocínio embora. Sua língua e
dedo estão fazendo milagres em mim.
— Ahh Meu Deus...
Meu grito deve ter sido ouvido por todo prédio. Caiu no
abismo do orgasmo, porém Renato não me soltou continuou
segurando minhas pernas abertas e o rosto enterrado na minha
vagina.
— Eu...
Não sabia o que ia dizer, mas em segundos uma camisinha
apareceu na mão do Renato e ele soltou minhas pernas e não tive
força para ajudá-lo colocar o objeto, e rapidamente voltou para
montar em mim.
E já estava sem roupas, perfeito, com todos aqueles
músculos, cabelos bagunçados e seus olhos pareciam duas lagoas
cheia de luxúrias.
— Eu vou foder você agora! — Dito isso entrou em minha
boceta com uma estocada certeira.
Delirei com seu volume todo dentro de mim.
— Apertada, perfeita... caralho Mel!
— Quero gozar de novo. — Peço mordendo os lábios olhando
seu corpo pairando sobre o meu.
Entrando e saindo falando coisas desconexas me preenchia
socando fundo. Abracei sua cintura com minhas pernas e me deixei
levar para um segundo orgasmo. Ele não parava de bater dentro e
fora. Gritei seu nome e ele veio em seguida chamando o meu.
Seu corpo suado tombou em cima do meu e sua cabeça no
meu pescoço.
— Me dá um tempo para descansar...
— Para? — Indago rindo e tirando o cabelo de sua testa.
— Quero testar outras formas de prazer.
Brinca rindo e eu o acompanho no sorriso, ele leve assim, fica
tão bonito. Penso eu fazendo carinho em seus cabelos molhado de
suor do amor que acabamos de fazer.

O café da manhã faço assoviado feliz, até o gato parece


entender que o clima está ótimo. Ganhei dois orgasmos hoje cedo,
acordei com o Renato me chupando e além do banho delicioso que
tomamos juntos. Zeus mia pedindo ração e atendo, mas antes o
seguro fazendo carinho do seu corpinho peludo e fofo.
Foi tudo tão mágico que tenho até medo de algo estragar.
Não falamos muito, só transamos, não vamos dar uma de
emocionada dona Mel, foi só sexo.
— Não, vou direto para o fórum, tenho que conversar
diretamente com o juiz. — Renato entra na cozinha já todo vestido
com seu paletó de duas peças preto e camisa branca, gravata rosa
claro, o homem está um escândalo de lindo — Não quero saber,
preciso deste processo para leitura ainda hoje.
Continua a conversa e põe café na xícara no automático. Não
olha para mim em nenhum momento e isso me magoa um pouco.
— Não quero desculpas! — desliga na cara de quem quer
seja. — Preciso ir.
— Mas eu fiz café para tomarmos ...
Ele me fita neste momento e percebo que não vou gostar do
que vai dizer.
— Sobre o que aconteceu entre nós, creio que é melhor ficar
claro que não muda nada.
E eu murchei igual uma flor despedaçada, sentir a dor da
rejeição invadir meu peito.
— Não muda, e com certeza não vai acontecer de novo. —
Respondo friamente para ele me viro indo para pia onde derramo a
jarra de suco.
— Mel...
— Já entendi o recado Renato. — Me viro sorrindo
falsamente para ele — Porém da próxima vez deixa umas notas na
cama. — Ele fecha o semblante chocado com minhas palavras, mas
não me importo — Desculpa, esqueci que você já paga minhas
contas então não precisa pagar por sexo, preciso dar algo em troca.
— Não falei isso, você está pondo palavras no meu
comentário. — Aponta o dedo para mim enraivado — Só acho
melhor colocar limites...
— Posso não ser formada em direito, mas não subestime minha
inteligência! — Grito com raiva — Já entendi seu recado, pode ir
para onde pretendia ir.
Saiu da cozinha e ele vem atrás de mim, meu gato sibila para
ele e creio que seja para me defender.
— Odeio esse gato! — resmunga e não dou a mínima — Mel,
ouça!
Segura meu braço me parando na sala sem graça dele, toda
cinza, com paredes estéreo de tão brancas, era tudo igual a ele,
sem sentimentos.
— Já ouvir, já entendi e não me importo! — É minha resposta
mau criada — Cai fora!
Puxo meu braço de volta e ele passa as mãos no cabelo os
bagunçando.
— Está sendo infantil, pois temos um contrato...
— Lembro cada detalhe dele, nada de sexo, nada de criar
expectativas, com um ano estarei fora da sua vida e não pode ter
nenhuma criança desta relação. — Lembrei a ele — Estava na hora,
eu sei do maldito contrato, mas nele dizia sem sexo e foi você que
estava me fodendo não faz nem uma hora.
Renato fica vermelho e se afasta de mim.
— Não tive orgasmos sozinha Renato quebramos a droga do
acordo juntos.
— Desculpa, eu sei, estou errado não deveria...
— Vai se foder!
Caminho para longe dele de braços cruzados e Zeus me
acompanha. Esse é o meu grande problema, sempre me interesso
pelos mais cuzões que existe neste planeta. Parece que tenho um
imã. Que ódio de mim, mas uma vez criei expectativas por conta de
uma boa trepada.
Não vou mais ceder. Prometo sem convicção nenhuma, sei
meu valor. Será?
— Mel? Vamos conversar?
Jogo almofada nele quando aparece na porta do meu quarto.
— Cai fora!
Ele recua e fecha a porta. Melhor assim, foi bom ele deixar
claro como se sente, assim não corro o risco de me iludir. Meu
celular toca neste momento e atendo sem olhar o visor.
— Oi!
Minha voz saiu bem grosseira pela intensidade dos meus
sentimentos no momento.
— Você vai ficar bem? Podemos falar a noite?
Desligo em sua cara, atrevido!
CAPÍTULO 11
Renato Gusmão

— Eu pedi a droga de um relatório sobre o caso Marvin, qual


a dificuldades de atender meu pedido? — Jogo a pasta na mesa e
todos me encaram — Estão achando que isso aqui é uma festa? —
soco a mesa e eles estremecem, e me satisfaço com isso, sei que
estou sendo um escroto, mas preciso descontar em alguém minhas
frustrações — Quero os três trabalhando nisto, não pretendo perder
esse processo por incompetência de vocês.
— Desculpa, doutor Gusmão, mas...
— Mas droga nenhuma! — Soco a mesa de novo — Não
quero desculpas Olavo.
— Calma, Renato! — Val toca minhas costas de leve — Vou
supervisionar os rapazes.
Ela promete e sei que fará, mas estou puto e não é com eles,
é com a maldita amiga dela, a desgraçada me colocou no meu lugar
hoje cedo. Sei que fui um idiota e mereci tudo que ela me disse.
Inferno, não sei lidar com todos esses sentimentos, foi uma
noite incrível, ela abalou todos meus muros, agora não estou
sabendo como lidar com toda essa situação.
— O que está rolando? — Ela indaga.
— Saiam agora! — aponto a porta e os três sai da sala de
cabeça baixa me viro para Val — Você também.
— Depois que você disser o que rolou? Hoje você já chutou o
motorista, o entregador, agora os estagiários, sem contar que quase
bateu na secretária. — Você pode ser um idiota as vezes, mas nunca
é mal-educado.
— Você pode me deixar em paz hoje? — Peço me jogando na
cadeira — Tenho outra reunião.
— Eu sei, mas deste jeito você vai matar os outros
advogados. — Ela é uma chata quando quer, mas é minha única
amiga — Ontem estava se pegando no banheiro com a Mel, hoje ela
rejeita todas minhas chamadas e você chega no escritório querendo
matar todo mundo.
Não vou contar minha intimidade para ela.
— O que rolou entre vocês? — Continua as perguntas.
— Nada tá?
— Nada?
Antes que eu a mande a merda, a secretária avisa que a sala
de reunião está pronta e preciso ir, agradeço mentalmente a
interrupção.
— Vamos voltar a falar sobre o assunto. — Avisa antes de
sair e eu ignoro.
Pego meu celular e olho se tem alguma ligação da Mel, não
tem nada nenhuma palavra, nada. Droga, não deveria estar me
importando.
Jogo o aparelho na mesa e volto os pensamentos para a
próxima reunião.

Uma noite de cão, simplesmente não consegui dormir, o


quarto da Mel está trancando, nem o Zeus apareceu para me
receber, gato ingrato. Bati na porta do quarto e ela me mandou ir a
merda.
Acordei sem o cheiro do café e mais uma vez silêncio, sempre
vivi assim, por que a falta de barulho e café pronto me incomoda
tanto, fazendo meu peito se apertar? Não estou nenhum pouco
acostumado com essas confusões de sentimentos.
Queria ter dormido de novo com a Mel, transado com ela
novamente, não posso enganar que me masturbei no banho
pensando nela. Olho a cafeteira e resolvo comprar café na rua.
Voltando para sala dou de cara com minha esposa totalmente
vestida e gostosa. Um vestido verde claro até o joelho e colado ao
corpo, gola alta, e saltos. Os cabelos castanhos estão presos para
trás e o batom rosa forte está marcando seus lábios.
— Hum, vai sair? — Tento me acalmar, para não falar a
palavra errada.
E o dedo do meio aparece bem no meio da minha cara. E
com isso Mel dá a volta no sofá pega a bolsa e sai de casa.
— Miserável! — ligo para o motorista — Descubra aonde a
Mel vai, agora!

Inferno de mulher, como fui cair nesta furada e aceitar casar-


se com essa louca? Tudo culpa da maldita Val que disse que tinha a
pessoa certa para me ajudar a solucionar meus problemas. Nenhuma
palavra, nada, a desgraçada não disse para onde iria toda linda logo
cedo. Agora estou com uma crise de ansiedade, acho que é isso,
porque estou nervoso, chateado, quero matar todo mundo e já criei
milhões de cenários da minha cabeça de onde ou com quem ela
pode estar.
— Bom dia senhor Gusmão. — Atendente comenta toda feliz.
— Espero que seja bom. — Resmungo. — Doutora Val já se
encontra no trabalho?
— Ah, sim chegou logo cedo com uma nova funcionária.
Enrugo o rosto, não sabia que tinha nova funcionária, porém
não me meto nas contratações, isso é com o RH. Saio do elevador e
uma comoção masculina estava perto de uma porta que dava para o
almoxarifado.
Seguro o braço de um dos estagiários que ia passando todo
feliz, mas deixa o sorriso morrer quando me encara.
— O que está acontecendo? — Ele dá aquele sorriso
masculino de cumplicidade.
— A nova funcionária, é muito gata e muito gostosa. — Conta
todo serelepe com a novidade — Ela é muito educada também,
estão todos amontoados para recebê-la.
Que merda é essa? Quem é a mulher? Olho para ele que
perde o sorriso e sai da minha frente. Vejo a Val de longe que dá de
ombro e sorri como se soubesse de algo. E uma sensação ruim se
avoluma em meu peito, a lembrança da Mel toda arrumada e
atendente dizendo que tinha funcionária nova.
— Não, ela não fez isso!
Caminho rápido e abro o caminho por entre os idiotas que se
avoluma na porta do almoxarifado. E lá está ela, sorrindo para uma
xícara de café que um dos advogados entregava a ela. Eu vou
matar essa mulher! Minha cabeça gira e como um touro enfurecido
entro na sala.
— Que porra está acontecendo aqui? — Grito.
— Essa é a Mel...
O Selmo tenta dizer, mas ela mesma o interrompe. Ele é um
dos advogados sêniores da empresa, sonha em poder ser sócio um
dia, estava ido bem mau sem está dando em cima da minha mulher.
— Oi Marido!
— Caiam fora! — Grito nervoso e todos se atrapalham
tentando sumir
— Marido? Como? — Selmo estava sem entender nada —
Sua esposa?
— Acho que você não estava em nosso casamento. — Ela
responde sorrindo para ele — Senhor?
— Me chame de Selmo. — Ele responde rapidamente feliz
demais para meu gosto.
— MEL? QUE PORRA É ESSA? — Eu vou torcer o pescoço
dela.
Com certeza estou tendo um infarto agora.
CAPÍTULO 12
Mel Castro

Meu lado vingativo amou a reação do Renato me encontrando


no escritório como nova funcionária — ideia da Val que conseguiu a
vaga para mim — sei que ele vai odiar e vai tentar me sabotar, para
que eu peça demissão. No entanto ele não vai conseguir, tenho uma
personalidade forte e vou sobreviver a todas suas sabotagens. Além
disso, vou dar meu melhor neste almoxarifado. Parece que todos
são legais, em nosso casamento, poucos foram convidados da
empresa, pelo jeito meu marido não era tão amigo dos funcionários e
nem se importou em apresentar a nova esposa.
Eu odeio esse homem, penso enquanto ele bate à porta do
almoxarifado na cara do Selmo, pobre homem com certeza vai ter
retaliação do Renato.
— O que pensa que está fazendo? — sua voz é fria. Cruza os
braços e me encara.
— Trabalhando! — cruzo os braços e o encaro de volta.
Ficamos nos olhando uns minutos sem querer ceder e desviar
o olhar intimidador do outro. Não iria deixar ele dominar minha vida e
me fazer de enfeite em casa. Desta vez daria a última palavra, não
tem nada no contrato que me proibisse de ter uma fonte de renda.
Só precisaria está pronta para qualquer eventualidade quando ele
necessitasse de mim, além de fingir ser uma esposa apaixonada.
— Vai fazer o que aqui? Me conte!
Perguntou com olhos de águia pronto para atacar.
— Sou a mais nova chefe do almoxarifado.
E ele gargalha com minha afirmação, mas não é risada
alegre, é de puro desdém, deboche.
— Minha esposa é chefe de almoxarifado? Nem por cima do
meu cadáver!
— Então morra, pois eu vou trabalhar aqui sim.
— Não vai não! — se aproxima e dou um passo para trás
ficando encurralada entre ele a parede — Eu não vou desistir disto.
— Seus olhos descem para minha boca e meu coração dispara feito
um louco.
— Vai! — afirma ainda de olho nos meus lábios e
automaticamente passo a língua por entre eles. — Você é minha
esposa...
Sua mão vai para cima da parede, ficando do lado do meu
rosto, e seus dedos longos são lindos, a unhas bem-feitas, e
percebo neste momento que não tem uma parte no corpo deste
homem que seja feia.
Sua boca desce e toca a minha, por alguns segundo me deixo
levar pela minha libido desacerbada. Porém, não vou cair nesta,
consigo me afastar e virar o rosto.
— Pare! — passo por baixo dos seus braços e o volume da
sua calça entrega o seu estado.
— Peça demissão! — Diz baixo — Você não vai trabalhar
aqui.
— Então arrumo emprego em outro lugar, mas não vou ficar
em casa como um abajur de enfeite. — Grito.
— Você nem de perto parece um abajur. — Seus olhos estão
quentes ao dizer isso — Está demitida!
— Não estou não! — Informo — Ou vou contar a todos que
você é brocha.
— O que? — se vira rápido para mim — Você sabe que isso
é mentira.
Sei, e como sei, tenho sonhos com seu pau lindo. Mas isso
aqui é uma guerra, e eu vou ser a vitoriosa.
— Sabe como é fofoca de escritório, como se espalha rápido.
— Dou de ombro.
— Vou te processar! — a ponta do dedo para mim e depois
conserta a gravata.
— Eu já disse que não tenho um centavo? — Reviro os olhos
em tédio — Como vou pagar a indenização?
— Com horas de sexo, sendo minha escrava sexual.
Fico sem palavras, como ele se atreve?
— Não quero você no meu escritório, pare de sorrir para
esses idiotas.
— Ciúmes? — pergunto balançando a cabeça e batendo o pé.
Com passadas largas se aproxima de mim e suspende meu
rosto ficando no nível dos seus olhos.
— Não brinca com fogo Mel, posso queimar você. — Avisa
com aquela voz sexy — Vou fazer você pedir demissão.
Solta meu rosto, vira as costas e sai da sala. Altivo e
poderoso, como o dono do lugar tem que ser. Maldito homem
gostoso!

O dia passou rápido, fiz relatório de tudo que tinha no


almoxarifado, organizei as listas de todos os pedidos dos setores.
Peguei o Renato me observando de longe várias vezes, e fazendo
cara feia para todos os homens que se aproximava de mim. Acho
que ele estava desocupado para ficar me perseguindo.
Entrei na cozinha e fiz um chá de camomila e pedi a copeira
para entregar a ele na reunião que estava rolando naquele momento.
Pelos gritos, o homem iria enfartar. Não que eu me importe.
Pisquei para pobre mulher que sorriu sem graça, mas fez o
que eu pedi. Voltei ao meu setor, iria almoçar com a Val, assim que a
maldita reunião terminasse. Ela estava doida para saber sobre a
noite que tive com Renato, como sou amiga, vou contar minha
humilhação.
— Ele ficou a reunião toda tomando chá e olhando para xícara
com cara de cachorro apaixonado. — Val estava se divertindo — A
cena foi impagável, ele gritando e a moça entrega a xícara e diz: Sua
esposa mandou e pediu para o senhor se acalmar ou vai enfartar. —
Eu começo a rir dela contando como foi — O pobre segurou a xícara
perdido, e todos querendo rir, mas segurando a onda. — Nossa
risada chama atenção das pessoas ao redor — Pela primeira vez eu
vi o poderoso Renato Gusmão sem palavras.
— Ele merece por ser um idiota. — Resmungo parando de rir
e bebendo água — Ele jurou que vai fazer com que eu peça
demissão.
— Ele vai tentar, mas não conhece a força da minha Mel. —
Val solta beijo e toca meu queixo — Sou mais você.
— Vou ganhar essa! — Soco sua mão em cumprimento —
Preciso ocupar meu tempo.
— Mas não mude de assunto, como foi?
Pisca e eu suspiro sem querer abrir sobre isso, mas acabo
contando tudo para ela.
— Ele está confuso, você mexeu com ele. — Afirma convicta
e o garçom entrega nossos pedidos e sai — Tenho certeza, Renato
sempre foi o cara que desejava a empresa e viveu para isso, agora
está vivendo uma novidade com alguém totalmente oposta ele.
— Não amiga, ele só pensa em ser presidente, quem casa
com uma desconhecida para conseguir isso? — Lembro a ela — O
homem vive para ter o poder total.
— Eu sei, depois que descobriu a cláusula deixada por seu
avô para ser o presidente da empresa ele fez o que sabe fazer de
melhor, arrumou uma solução prática, que foi casar sem se
comprometer, mas não contava que no pacote vinha sua
personalidade marcante. — diz calma comendo, Val ver tudo com
simplicidade, o que eu não consigo, só vejo caos nesta situação toda
— Ele quer você, está louco por você.
— Não viaja! — ponho a comida na boca que está deliciosa.
— Não entendo por que seu avô impôs essa ideia de casamento por
um ano. — Realmente não entendia essa lógica dos ricos
empresários — Ele poderia casar ou não, e continuar sendo um
ótimo profissional.
— Esse é o problema, ele nunca ia conhecer alguém, se
apaixonar, sair da frieza deixada pela mãe e pelo pai desinteressado,
o medo do velho é que ele se tornasse alguém sem sentimentos,
sozinho, sem família. — Conta e eu acabo entendendo o avô —
Renato nunca namorou sério ninguém, nunca se interessou por uma
mulher por muito tempo, e o avô dele tomou essa decisão drástica,
mas morreu logo em seguida.
— Queria ter conhecido ele.
— Era um homem íntegro, faz muita falta.
— Atrapalho? — Nós duas olhamos para cima e Renato está nos
olhando com as mãos dentro do bolso — Posso almoçar com vocês?
Val franze o senho e depois dar de ombro, mas ele nem
espera nossas respostas e se senta. O Garçom traz seu prato e põe
a sua frente com simpatia, mas é ignorando.
— Obrigada. — Agradeço ao rapaz e assim ganho atenção
do meu marido que olha para mim e depois para o garçom que
agradece e se afasta — Mal-educado! — digo entre um sorriso falso
— Não mata dizer obrigado.
— Você é simpática demais, por isso os homens ficam
babando por você. — Fecha a cara e eu não dou a mínima — Foi
ideia sua Val contratar minha esposa?
— Sim, ela queria ser útil, só ajudei.
Seguro a mão dela por cima da mesa e beijo.
— Te amo! — digo e ela solta beijo para mim.
Ele revira os olhos e nós duas sorrimos.
— Você nunca comeu aqui. — Val comenta e Renato mostra-
se desinteressado como se fosse mero detalhe.
— A comida é boa.
— Verdade, eu gostei. — Comento andando ao lado deles
depois do almoço e voltando para o escritório. Sua mão deslisa para
minha com naturalidade, e não me afasto, estamos em público, só
por isso que vou permitir que segure minha mão. Não é porque meu
coração vadio está disparado.
— Renato sempre gostou de comida sofisticadas, o
restaurante ali é básico e todos dos escritórios vão lá almoçar — Ela
continua a falar e ele a encara de lado com cara feia.
— Mudei de ideia hoje e isso não é da sua conta. — Diz
malcriado e ela sorri com deboche.
Os dois se alfineta o tempo todo, mas é nítido o respeito que
um tem pelo outro.
— Bem tenho uma consulta para fazer no fórum. — Val se
despede e atravessa a rua.
Ele torce o pescoço cansado, poderia oferecer uma
massagem, mas não vou. Penso entrando no prédio com ele.
CAPÍTULO 13
Renato Gusmão

— Quero que todos saibam disto. — Digo ao estagiário —


Seja eficiente e eficaz, quero todos longe da minha mulher, uma
gracinha e ponho a pessoa na rua.
— Certo senhor irei transmitir o recado. — O dispenso.
Não vou deixar esses abutres de gracinha com Mel, bando de
idiotas babões, ela não pode passar que os olhares a segue. Mas a
bunda da mulher pede tapas e vontade de apertar. Mel é muito
gostosa. Preciso de estratégias para fazer com que ela mesma peça
demissão.
Bato a caneta na mesa pensativo.
— O papai vai sair do hospital hoje. — Minha irmã estraga
meu dia com sua presença — O que vamos fazer para que não
chame atenção?
A encaro quase ficando cego com tantos brilhos na sua roupa.
Que necessidade de uma hora daquela da tarde, a pessoa está
parecendo que vai para um baile noturno? Realmente dinheiro não é
sinônimo de bom gosto. Minha irmã é prova disto.
— Já resolvi essa parte, ele vai para casa de campo com a
enfermeira e os empregados.
— Temos que ficar de olho nele Renato, nosso pai está
perdendo a linha com essa coisa de meninas jovens. — Ela tinha
razão nisto — Daqui há uns meses vai ter o conselho e podemos
perder tudo se ele falecer antes ou tiver um escândalo.
Zara é uma mulher fútil, mas é prática e no fundo sabe o que
está em jogo.
— Não vai acontecer nada disto.
— Você sabe que nossos primos podem ser um empecilho,
eles têm parte na empresa. — Ela lembra com semblante estranho
— Você precisa de mim, juntos somos mais fortes.
— O que deseja Zara?
— Quero que indique o Nicolas para o conselho.
Sabia que ela desejava algo grande.
— O que eu ganho fazendo isso? Ele não está na
concorrência a presidência da empresa? — O homem nunca aparece
para trabalhar vive na aba da esposa, mas quer ser presidente.
Ela rir sem humor nenhum.
— Não se faça de bobo Renato, pois sei que não é. —
Segura a bolsa — Você anulou todas as portas para o Nicolas, jogou
lama no nome do meu marido quando não o deixou ser indicado aos
prêmios, é um ardiloso, ainda se casou com aquela coisa, e sabe
que precisa da minha cota na empresa o meu voto é necessário. —
E mais uma vez ela tem razão — Quero a indicação ao conselho da
OAB, ele merece.
— Compro sua parte nas ações. — Ela nada diz, se vira e sai
da sala.
Coço a barba olhando as opções dada por Zara. Preciso
estar à frente de tudo isso. A cabeça da Mel aparece no vão da
porta de minha sala.
— Posso entrar? — faço sinal que sim curioso com sua visita.
— Para você.
Olho o copo que ela tem na mão com água e uma pílula.
— Percebi que está tenso com dor no pescoço. — Olha para
todos os lados, menos para mim — Hum, seu escritório parece com
você.
Estava com vários pensamentos, menos em meu escritório e
todos envolvia fodê-la.
— Comigo? Por quê?
Levanto me aproximando com as mãos no bolso e ela
continua desviando o olhar.
— Frio, sem emoção. — Ela diz sorrindo de leve e desta vez
me encara e eu devolvo o sorriso — Tome o remédio, vai relaxar.
— Naquela noite quando gritava meu nome, não me achou frio
e sem emoção. — Suas bochechas ficam vermelhas e adoráveis —
Lembro bem de cada palavra.
— Hum, vou indo. — Sai da minha sala quase correndo e eu
rio.
Ela é incrível e preciso arrumar um jeito de trazê-la para
minha cama, temos alguns meses juntos, podemos aproveitar da
melhor forma possível, ou seja, necessito convencê-la que o melhor
será dormindo toda noite comigo.
Então preciso seduzi-la. Analiso com calma minha nova
abordagem. Pego o remédio e copo com água e bebo.

— Onde está a Mel? — Pergunto ao motorista.


Ela não estava em seu setor, disseram que já tinha saído e
nem foi na minha sala dizer que já ia embora. Bufo com raiva da
cabeça dura daquela mulher.
— Na academia do prédio. — Responde e assinto e
automaticamente me pego indo para academia.
Nosso prédio do escritório mantinha uma academia e centro
de lazer para os funcionários, segundo meu pai, as pessoas
trabalhavam melhor se tivesse algum conforto. Pretendia manter
essa linha quando for o presidente do conjunto Gusmão.
Vejo a Mel correndo na esteira e perto dela o personal do
local sorria de algo que ela dizia. Essa mulher é igual pote de mel
para atrair abelhas. Neste caso homens idiotas. Passo pelos
funcionários que viram o rosto para o outro lado e me aproximo dos
dois que estão entretidos em uma conversa interessante já que não
me veem chegar.
— Sugiro que se gosta do emprego, senhor...
O rapaz se vira rápido para mim e olho se crachá.
— Juarez, se mantenha longe de minha esposa. — Digo e ele
fica pálido, gosto disto, que sinta medo, pedindo licença se afasta —
Estou aguardando no carro.
— Ficou maluco? — Mel parece que vai me esganar.
A malha é curta e toda preta, caralho, temos academia em
casa, por que ela tem que vir em uma publica vestida assim?
— Sugiro que enquanto vigorar nosso acordo mantenha-se
longe de outros homens.
— Você é louco!
— Termine que estou no carro aguardando.
Dou meia volta, saiu de dentro da academia e sinto o olhar de
todos em mim, inclusive o dela. Entro no carro e começo a ler um
processo no meu Ipad, faço anotações e nem vejo o tempo passar.
Horas depois a porta do carro abre e uma Mel de cabelos molhados
e bolsa grande de academia se senta do meu lado.
— Vamos! — Motorista põe o carro em movimento olho o seu
perfil abandonando o Ipad no banco — Temos uma academia em
casa.
— Eu sei, mas é prático malhar no trabalho, ainda tenho
acompanhamento de um profissional. — Diz com voz cansada —
Para compensar toda vergonha que me fez passar, poderia pedir
comida em algum restaurante.
É uma sonsa mesmo.
Pego o celular e faço o pedido de comida em um restaurante
tailandês que eu gosto bastante.
— Dia cansativo? — Pergunto tentando manter um diálogo.
Anoto mentalmente para despedir o personal da academia e
contratar outra pessoa, de preferência do sexo feminino.
— Sim, mas é bom se sentir útil, amo trabalhar. — Sorri e
acho seu sorriso perfeito. — Notícias do meu ex? — Muda de
assunto e não gosto, pois odeio lembrar do ex noivo dela.
— Nada concreto, mas assim que tiver tudo acertado será a
primeira a saber.
Ela assente positivamente e encosta a cabeça no banco do
carro, fechando os olhos, me aproximo mais e deixo Mel usar meu
ombro como travesseiro para descansar. Parece normal fazer isso.
E ela parece tão calma, tão fresca e a sensação de posse toma
conta de mim. Realmente preciso trabalhar meus ciúmes, pois odeio
o fato que outros homens se aproximem dela, isso não é legal, irei
controlar meu temperamento. Prometo a mim mesmo, pois sou um
homem controlado, e dono das minhas emoções. Além do mais essa
relação é por pouco tempo.
Mel está dormindo quando chegamos a garagem do prédio,
não quero acordá-la, parece cansada. A pego no colo e peço ao
motorista para subir nossas coisas. O elevador particular já está
aberto quando me aproximo com ela nos braços. Sua mão rodeia
meu pescoço, sua cabeça pende no meu peito, e um barulho sexy
sai dos seus lábios. E como um raio invadindo meu peito percebo
que estou irremediavelmente atraído por ela, que a desejo além de
um contrato.
CAPÍTULO 14
Mel Castro

A comida estava saborosa, nunca tinha comido comida


tailandesa, foi uma experiência diferente. Os olhares do Renato
tinham muitas mensagens e uma delas era “deixa eu comer você de
sobremesa? “NEM SONHANDO! Já sei onde terminaria, na vergonha
do outro dia, com o papo não vai mudar nada ente nós. E meu
coração já tinha sido partido pelo Gustavo, doeu muito descobrir que
ele me roubou e que tudo foi uma mentira. Descobri que sou uma
emocionada burra, que confia em machos toscos e mentirosos.
Não vou cair neste olhar sexy e nem ficar querendo beijar sua
boca de língua rosada, e pensar em seu pênis delicioso, que chupei
algumas vezes no dia que transamos. Não, preciso ser uma mulher
controlada, nada de cair nessas armadilhas manipuladas pelo
demônio para me fazer cair em tentação.
Até Zeus me olhava acusatório, como se soubesse que meus
pensamentos são libidinosos. Coloquei a louça na lavadora sobre o
peso dos seus olhos e uma taça com vinho foi colocada nas minhas
mãos, agradeci com um sorriso que achei que foi convidativo, deveria
sorrir menos para ele. Levei aos lábios e saboreei fechando os
olhos, assim que abrir o Renato já estava em cima de mim, perto da
pia, gravata frouxa pendendo na camisa branca. Sua língua fez um
gesto sexy quando tocou a taça que estava em suas mãos. E a outra
mão segurou a pia, ficando próximo a mim.
Esse cara vai foder minha vida. Foram meus pensamentos
enquanto a boca dele descia para tocar a minha, abrindo meus lábios
com seu o sabor do vinho, explodindo em minha língua, sua mão me
agarrou suspendendo meu corpo e levando para cima do balcão da
cozinha.
Renato desceu meu corpo alisando todas as partes com a
mão calma e me derreti, não fiz resistência nenhuma, o que era uma
merda, mas estava louca para ser fodida por ele.
Abri as pernas dando passagem por entre o vestido leve que
coloquei assim que chegamos em casa. Um beijo nas minhas pernas,
outro na minha barriga e o vestido ia subindo sendo puxado por suas
mãos ansiosas. Minha calcinha foi rasgada e meu corpo virado.
— Ahhhh
O som foi abafado por minha mão que mordi segurando os
arquejos de prazer trazidos pela mordida que levei na bunda, uma
tapa me fez arquear.
— Perfeita! — Fala com sua voz sexy e com certeza minha
boceta molhou todo o balcão. Seu pênis já com camisinha sondou
minhas dobras enquanto meu corpo pendia para frente, ficando de
quatro seguro no balcão.
Uma estocada e me encontro preenchida pelo Renato, meu
cabelo é seguro por seus dedos firmes enquanto ele arremete com
força para dentro de mim.
— Assim, assim, isso...
Empino bem o bumbum e agarro seu pau com minhas paredes
vaginais pronta para o prazer. Eu amo a sua boca suja.
— Gostosa, boceta perfeita, adoro te foder...
Só chamo seu nome como uma vitrola descontrolada.
— Diz quem é o homem que te fode? Isso, lembra bem que
sou eu Renato Gusmão que está comendo essa boceta...
Aperto seu pau, pronta para me soltar no abismo do orgasmo,
ele bate forte sem pena, tira e volta me preenchendo e falando
palavrões, dizendo o quanto gosta de me comer. A sua intensidade
me empurra para o prazer, o êxtase me domina, me consome.
— Goza, caralho, goza...
Mais um tapa na minha bunda que deve ficar vermelha, mas
isso me excita a ponto que passo a gozar apertando seu pau com
minha vulva.
— Caralho Mel, caralho...
E socando um pouco mais dentro e fora ele também me
segue no prazer.
— Mel! Mel...
Ah meu Deus, como vou resistir a esse homem convivendo
sobre o mesmo teto e fodendo igual a um deus?

Tive um sonho tão gostoso, a língua do Renato estava dentro


da minha vagina chupando. Que coisa mais deliciosa, não abro os
olhos para não acordar, quero gozar, preciso gozar.
Não era um sonho, realmente ele estava entre minhas pernas
chupando minha boceta nua. Jesus, prendi sua cabeça com as mãos
e lembrei de tudo que passamos na noite passada. Assim que
terminamos na cozinha tentei falar, mas ele me calou com um beijo
de arrasar e me colocou nas costas direto para o chuveiro onde
fizemos amor de novo e foi assim durante toda noite em sua cama.
Abri mais as pernas aproveitando a situação, o que não mata
pelo menos dar orgasmos deliciosos. Já estava nesta loucura
mesmo, então iria aproveitar.
— Ahhh...
— Acordou? — Descobre a cabeça me encarando com seus
belos olhos.
— Um excelente jeito para acordar. — Pisco e ele sorri —
Continue.
E assim ele o faz.
Escolho meu look com cuidado, opto por um vestido rosa chá
até o joelho, solto os cabelos e salto preto. Renato olha admirado
quando me encontra pondo nosso café na mesa, gosto deste clima
logo cedo.
— Venha tomar café antes de sairmos. — Ele assente e se
aproxima, mas antes de sentar segura minha mão me parando.
— Estamos bem? — Pergunta sincero.
— Ótimos! — Sorriu para ele e beijo seu rosto antes de soltar
minha mão.
Sei qual sua dúvida e temor, mas dessa vez sei onde estou
indo e não vou esperar nada mais.
Tomamos café em um clima gostoso e silencioso, ele
analisando a bolsa de valores e sites de processo e eu atualizando
minhas redes sociais, aproveitei para tirar uma foto dele entretido no
seu Ipad e com uma xícara de café nas mãos.
Lindo com seu terno azul escuro, camisa verde claro e gravata
branca. Uma espécie sexy e muito linda, e se todos soubesse as
maravilhas que sua boca pode fazer. Um arrepio sobe em mim com a
imagem projetada.

Saímos do elevador e ainda trago um sorriso mesmo porque,


ele faz questão de segurar minha mão, como um casal apaixonado
entro na empresa. Todos nos olham e cumprimento a todos com
carinho, são meus colegas de trabalho.
— Tenho reunião no centro, mas voltarei para almoçar com
você. — Toca meu rosto com carinho e me beija de leve. — Tudo
bem?
— Sim, fico no aguardo.
Assim que se afasta toco minha boca, e dou aquele sorriso
idiota.
— Vocês transaram de novo. — Pulo com o som da voz da
Val.
— Quem contou?
Olho para todos os lados e a puxo para minha sala.
— Ninguém, só a cara descarada dos dois de quem acabou
de trocar orgasmos. — Ela responde ainda rindo — Vocês não
conseguem manter as mãos longe um do outro.
— Foi só sexo! — Afirmo com convicção
— Continua repetindo, continua, uma hora você se convence!
Solta beijo e sai da minha sala rindo.
— Foi só sexo sim!
Afirmo, mas sem convicção nenhuma desta vez.
CAPÍTULO 15
Renato Gusmão

— Você parece de bom humor?


A promotora Lúcia Prado diz andando ao meu lado. É uma
mulher bonita que já tivemos umas noites interessantes juntos, mas
somos muito focados no sucesso para conseguir nos relacionarmos.
— Por que diz isso? — olho para ela de lado e a mesma dar
um sorriso de canto de boca.
— Em nenhum momento na audiência tentou me matar. — Sei
que estava brincando — Estranho!
— Sei que é causa ganha! — Pisco e me afasto a deixando
no corredor.
— Parabéns pelo casamento.
Me viro e ela está me olhando altiva. Lembro que não a
convidei, por motivos óbvios.
— Obrigado! — aceno deixando o local, preciso almoçar com
a Mel. — Para o escritório.
Peço ao motorista, mas ele olha para trás de mim e me viro.
— Oi! — Mel diz simplesmente segurando sua bolsa.
— Ei, o que faz aqui?
— Sua secretária disse que você tinha duas audiências hoje e
precisaria passar o dia aqui no centro — dá de ombro — Então achei
melhor vir almoçar com você e depois voltar para empresa.
É um gesto simples, mas de grande significado para mim, ela
entendeu que eu precisava, pois poderia perder tempo indo e
voltando. O fato de Mel pensar nisto fez meu coração acelerar e
desejar tê-la sempre por perto.
Caminhei para ela e a trouxe para perto de mim em um
abraço confortável, mas que despejei todo meu agradecimento por
seu gesto.
— Tudo bem? — Pergunta me encarando.
— Obrigado, temia me atrasar para nosso almoço.
Comentei levantando seu rosto com o dedo e beijando seus
lábios. Assim que a solto vejo por meu lado esquerdo a Promotora
nos encarando, um sorriso cínico brinca em seus lábios, mas ignoro
e levo a Mel para longe dos olhos curiosos.

O almoço é mais rápido do que desejei, pois, minha esposa


trabalha e precisa voltar, mas foi doce o quanto as descobertas da
Mel em meu mundo nos fazem rir. Ela não teme dizer que não
conhece, nunca viu ou não comeu antes. Cada hora mais sua
simplicidade me encanta. Ela sorri com a alma, sem medo, me toca,
me enfeitiça com suas piscadas safadas.
E assim que me despeço já sinto saudades. Lembro que a
noite a terei toda para mim e de várias formas. E como um viciado
sonho com a chegada deste momento.
— Podemos jantar fora? — Pergunto assim que ela entra no
carro.
Mel põe a cabeça para fora e traz meu rosto para perto do
seu me dando um beijão.
— Eu escolho o local bonitão! — Pisca e o motorista a leva
embora para o escritório.
Onde vai ser o jantar? Medo! Penso com bom humor entrando
no fórum.
— Mande para meu e-mail todas as pastas do processo. —
Peço ao assistente — Meu estagiário virar amanhã pegar todo o
resto sobre o processo, creio que o próximo passo seja pedir a
soltura.
— A família irá no escritório amanhã. — Ele avisa. — O irmão
está nervoso com toda situação.
— Amanhã eu o coloco no lugar dele, pensa que somos o
que?
Respondo e ele balança a cabeça em afirmação.
— Quero o processo do filho do Deputado Gonçalves, e quero
que fique de olho em todos os comentários sobre isso — Olho para
o relógio e percebo que estou atrasado para o encontro com minha
esposa — Foi para isso que coloquei você aqui — Lembro e mais
uma vez ele assente positivamente. — Estou indo.
Bato no balcão de processo em despedida.
— Bonita sua esposa. A promotora se aproxima — Bonito ver
você derretido.
— Fico feliz em ser entretenimento para sua vida. — Já tinha
uma ligação da Mel perdida — Preciso ir.
— Ah, sim, vi sua esposa perto do seu carro aguardando. —
Ela diz escorrendo deboche.
O ego das mulheres me enerva.
— Obrigado pelo aviso, não posso deixá-la esperando. —
Faço um gesto de continência, mas ela não rir. E eu não dou a
mínima para isso.
Realmente Mel me aguarda e sorri radiante quando me vê.
— Aonde vamos? — Pergunto me aproximando e ficando a
sua frente.
Sinto vontade de beijá-la e fico excitado.
— Surpresa! — Diz segurando minha gravata e levando meu
rosto para perto do seu beijando meus lábios em seguida. —
Preparando? — Pergunta assim que afasta.
— Estou!

— Eu não acredito nisto! — Era para estar chateado, mas


deveria imaginar que ela inventaria algo assim. — Que porra é
essa?
— Apresento ao senhor Gusmão uma barraca de lanches,
com especialidade em cachorro-quente.
— Você é louca!
— Venha, vou apresentar meu mundo ao senhor, alteza!
Realmente ela é maluca! Sento em uma coisa que se parece
com uma cadeira, mas é plástica e desconfortável, a mesa mão
cabe minha mão em cima, não consigo imaginar a comida sendo
servida ali. Mel vai ao balcão onde tem um rapaz de branco e
sorridente, ela parece conhecê-lo pelo cumprimento acalorado.
Fico observando a facilidade dela em tratar com as pessoas,
deve ter vendido muitos ternos quando trabalhava na loja, por isso foi
sabotada pela colega para perder o emprego. Mel parece uma luz, e
todos queriam um pouco do seu brilho e energia.
Encantadora ou estou muito fodidamente envolvido?
CAPÍTULO 16
Mel Castro

Renato com certeza nunca esteve numa barraquinha de


cachorro quente na vida e estou me segurando para não rir. Meu
primo ficou chocado em saber que levei meu marido figurão,
palavras usadas por ele quando me viu com o Renato em seu
carrinho de lanche na avenida.
O boy realmente destoava do local, Renato é visão do rico
bem sucedido além de arrogante e lindo.
— Anda sumida prima. — Leo comenta — Já resolveu o
processo contra aquele escroto?
Sorri para ele, Leo, Val e eu viemos para São Paulo logo que
tivemos oportunidade, éramos sonhadores, mas ele se apaixonou e
hoje tem seis filhos gêmeos, por isso não podia de forma nenhuma
contar com ele na época que Gustavo me roubou.
— Meu marido está providenciando tudo, como estão as
crianças e Diana?
— Do mesmo jeito, estamos ficando loucos com quatro
adolescentes e dois bebês — imagino a loucura, mas meu primo é
um pai incrível igual o seu foi para ele — Passa lá qualquer dia deste
e não esquece que estou aqui para você.
— Eu sei, meu querido. — Ele tinha tão pouco, mas o coração
é enorme.
Faço o pedido e volto para nossa mesa com os dois
cachorros-quentes nas mãos. Meu marido está totalmente perdido
olhando para todos os lados, e sinto vontade de tirar sarro dele, mas
me seguro. A necessidade ali era mostrar meu mundo, já que
conheço o dele, e apesar do glamour sinto falta de sentar na calçada
e rir de coisas simples como fazia antes.
Apesar da vida da Val ter mudado totalmente depois que
entrou no escritório dos Gusmão e ter casado com a mulher da sua
vida, ainda era minha amiga simples e cheia de vida que conheci na
infância.
— Sério que você escolheu esse local para jantar? — Levanta
e puxa a cadeira para mim — Nem cabe agente direito nessa mesa
— segura o cachorro quente desajeitado — Não tem talher?
Gargalho sem conseguir me conter e todos olham de lado
para nós dois, Renato me encara de cara feia e minha vontade de
beijá-lo cresce e uma sensação de alegria domina meu peito. Seus
olhos brilham me encarando em um entendimento multou. Acredito
que ele também está sentindo vontade de largar a comida e correr
para casa e fazer amor assim que as portas se fecharem.
— Se continuar com esse olhar não vamos chegar nem no
carro. — Avisa com sua olhada clássica de vou te comer — Porque
a intimidade com o rapaz? — Aponta para meu primo.
Um dia vou acreditar que o Renato é ciumento comigo, pois
possessivo pelo jeito ele é. Porém, sei que era o fato de que sou sua
propriedade e que ele pagou bem caro. E por isso ele desejava
manter na rédea e não queria outros por perto do seu objeto.
Uma pontinha de tristeza acomete meus sentimentos felizes
do momento, no fundo queria que ele me desejasse mais do que só
para um fim que era ter a empresa da família.
Queria seu olhar de amor, se é que ele sabe o que é isso.
— Ele é meu primo. — Digo e como um pouco do meu
cachorro enquanto ele me observa.
— Não lembro de ter convidado ele para seu casamento.
— Não convidei! — Estava fazendo um negócio e tinha nada a
ver com amor, já foi vergonha demais mandar convite para o
casamento com o Gustavo e depois aparecer com um novo marido.
— Explicações demais para dar! — Dei de ombro.
— Entendo! — Mas seu olhar dizia ao contrário — O que
contou a eles sobre o Gustavo?
— Meus parentes distantes só sabem que acabou e ao meu
primo ali, falei a verdade, menos que casei por dinheiro. — Essa
vergonha carrego para mim — Mas ele sabe o que o Gustavo fez, e
queria matá-lo na época, pensei em deixar, mas meu primo tem seis
filhos e cadeia não seria legal.
— Seis filhos? — Olha para meu primo e depois para mim —
Tão jovem!
— Essas coisas acontecem, mas ele tem tendência a ter
filhos gêmeos. — Conto.
Renato estremece, volta a comer seu cachorro-quente e saboreia
chocado com o sabor.
— Gostoso! — Diz pensativo e caçou dele rindo — Nunca tive
curiosidade sobre essa iguaria, mas é muito gostosa.
— Todos os dias depois do trabalho passava aqui antes de ir
para casa. — Comento e ele fecha o semblante — Com a Val.
Ele fica mais relaxado depois desta notícia, Gustavo não
curtia muito essas aventuras, preferia filmes em casa, comida de
restaurante, mas só agora entendo que ele não podia ser
reconhecido por outras vítimas que todas as viagens eram pagas por
mulheres que ele enganava. Fui tão burra, porque não percebi os
sinais? Ele me traiu com a minha vizinha, alguém que levava comida
para nós a noite, que curtia o churrasco que fazíamos, ela ia ser
madrinha de casamento de nós dois.
Que ódio dos dois!
— Ficou pensativa!
Olho diretamente para ele e resolvo mudar de assunto.
— Por que deseja tanto ser presidente?
Leva alguns segundos com os olhos fixos em mim, mas
comendo o cachorro quente. Limpa a boca e joga o guardanapo no
pratinho a nossa frente. Empurra o refrigerante para mim e cruza os
dedos com elegância. O seu Rolex fica a vista mostrando o seu nível
de riqueza.
— Fui criado para isso, depois da perda da minha mãe foi
tudo que restou, meu avô me criou para isso, para ser o dono de
tudo, era seu desejo. — diz com naturalidade — Ele era o único que
se importava de verdade comigo, dizia que me amava e eu seria um
reizinho daquilo tudo.
— Tudo é por seu avô? — Pergunto dando uma última
mordida na minha comida.
— Sim, se eles pegarem acaba tudo que ele construiu. — Dá
de ombro.
— Ele deve se orgulhar de você.
Ele fica em silêncio, depois levanta, me dá sua mão e eu
seguro.
— Vamos para casa. — diz e eu balanço a cabeça em
afirmação — Vou pagar a conta.
— Já paguei.
Mostro o cartão que ele me deu.
— Aceita cartão em locais como esse?
Reviro os olhos e aceno para meu primo segurando no braço
do Renato, mas ele pega minha mão e seguimos unidos por elas
como um casal comum pela calçada.

Já no carro a mão dele passa a segurar minhas pernas e


tentar invadir minha calcinha, o homem é um ordinário sem vergonha,
e eu adoro esse lado safado dele. Abro mais as pernas enquanto
ele me explora por cima da calcinha olhando para seu iped.
— Amanhã vou à Minas, preciso ver um cliente além de levar
o papai para repousar. — Diz com naturalidade enquanto eu estou
pegando fogo com nossa brincadeira no banco de trás — Devo
dormir lá.
— Vai dormir lá?
Sento ereta no carro e fico alerta.
— Sim. — Tira os olhos do aparelho e me encara — Mas será
só uma noite.
— Tudo bem, seu pai é prioridade.
Um sorriso simples sai dos seus lábios e seus dedos voltam a
mexer na minha calcinha.
— Ia levar você comigo, mas não pode faltar ao trabalho, seu
chefe é bem mau. — Brinca ficando com o rosto mais bonito do que
já é — Ele pretende tirar seu couro no trabalho.
— Ou minha calcinha né?
— As duas coisas, sem bem que nunca transei em um
almoxarifado. — Introduzir um dedo em mim e eu gemo — Deve ser
excitante.
Assinto ainda nas nuvens com seus dedos nervosos dentro da
minha vagina.

Acordo com o lado da minha cama vazia, fico triste e com


saudades. Como pode alguém se sentir assim por uma pessoa que
deixa claro que não a quer para sempre. Zeus me encara deitado no
travesseiro ao meu lado.
— Sou uma boba, não é?
Ele mia alto em afirmação, seguro seu corpo peludo cheirando
sua cabeça.
— Se o Renato te pega na cama dele surta. — Brinco. —
Vamos trabalhar!
O dia passa rápido e nenhuma ligação do meu marido, o que
me deixa irritada, pois queria que me ligasse, mesmo com minha
mente lembrando o tempo todo que tudo que estamos vivendo é
fake. Odeio isso, esse meu lado carente. Bufo com raiva e arrumo
as caixas de canetas na prateleira.
— Zangada gatinha? — Viro para voz do Selmo.
— Não, porque?
— Sei lá, o chefão viaja para encontrar a antiga namorada, eu
ficaria chateado se fosse comigo.
— O QUEEEE?
Com a cara dissimulada ele se aproxima e toca meu braço, eu
retiro seus dedos com fervor.
— Ele não disse quem era a cliente?
Franzo o cenho para ele que se afasta de mim perdendo o
pouco do sorriso debochado, foi por isso que aquele canalha viajou?
CAPÍTULO 17
Renato Gusmão

Meu pai continuava com seu jeito costumeiro de ser, a casa


de campo em Minas era aconchegante e excelente para ele
descansar. Assim ficaria longe de confusão ali no meio do nada.
E eu poderia respirar melhor.
— Já providenciou os netos para mim? — Indaga concertando
o cobertor — Com aquela mulher gostosa impossível não querer
fazer muitos filhos.
— Está falando da minha esposa. — Resmungo ajudando a
enfermeira arrumá-lo na cama.
— Não estou inválido! — Reclama com voz cansada — Vou
ficar bem, só não deixa sua irmã vim para cá. — Diz — Ela me deixa
nervoso com aquela idiota com quem casou.
Esse era meu pai, muito amoroso.
— Se aprontar algo mando a Zara para cá.
— Não me ameace mocinho, ainda sou o chefe desta família!
— aponta o dedo para mim, mas a mão despenca na cama, ele está
bem debilitado depois do infarto — Você pode ter cumprindo as
cláusulas do contrato se casando, mas precisa do meu voto.
— Pai, se o senhor votar contra mim vai perder tudo pelo qual
trabalhou tanto tempo. — Levanto e o fito com seriedade — Sabe
que sou o melhor para gerir tudo ali.
— Igual ao seu avô, metido igual a ele. — Troça com
despeito.
— Fui treinado por ele. — Não dou a mínima se meu pai tem
ciúmes do meu amor pelo vovô — Volto assim que possível, tenho
reunião com uma cliente...
— Não acho que rever sua ex é uma coisa boa depois de tão
pouco tempo casado. — Reclama — Aquela víbora quer você.
— Problema dela e não é minha ex, só alguém com quem
transei por um tempo. — Porque aquela maluca amava dizer as
pessoas que foi minha namorada, Amora é rica, mimada e
mentirosa. — Volto para o jantar.
Avisei a enfermeira e antes de sair me virei para olhar meu pai
debilitado deitado e algo como medo se volumou em meu peito,
temia um dia terminar como ele.
Liguei para o motorista e a Mel foi trabalhar, estava tudo bem.
Sei que deveria ligar para ela, porém isso era íntimo e criaria
expectativas. Sou um babaca medroso, pensei ao entrar na empresa
da Amora. No fundo no fundo, temia que a Mel me achasse um
pegajoso por ficar ligando para ela. Era isso, meus medos idiotas!
Mas queria ligar, mandar mensagens e saber como estava
seu dia, saber se iria ficar bem sem mim, se comeu — dizer que a
noite foi perfeita, que amei tomar vinho em seu umbigo — ela acabou
comigo na cama — Mel é perfeita, se entrega, me deixa maluco.
— Que sorriso! Prefiro acreditar que seja por estar me vendo.
— Amora entra no meu campo de visão linda como sempre,
impecável em seu terno caro, mas ela não tem o brilho igual a minha
Mel, droga estou indo por um caminho perigoso com minha esposa.
— Parece que o casamento fez bem a você.
— Olá Amora, continua do mesmo jeito que lembro. — Beijo
seu rosto com educação e cortesia — Vamos aos negócios?
— Vai ter que almoçar comigo para compensar o fato de
casar com outra mulher. — Faz bico tocando minha gravata, penso
em me afastar só que Amora é uma das melhores clientes que
tenho, além de mimada e vingativa. — Vamos lá.
Sorri e ela beija minha bochecha me deixando desconfortável,
coisa que nunca senti antes, não era meu desejo me envolver, mas
nunca me neguei a um bom sexo com quem desejava me dar sem
compromisso. Hoje não quero mais ninguém que não seja está entre
as pernas deliciosa da Mel, fodendo aquela boceta perfeita e doce.
— Ei que sorriso foi esse? — Volto ao presente com sua
pergunta e disfarço tocando seu queixo — Sua mulher sabe como é
um safado?
Não respondo e torço para Mel nem sonhar que estou com
Amora, do jeito que ela é vai querer meu pescoço, penso. Será que
ela ia sentir ciúmes se soubesse? Melhor nem inventar uma coisa
desta, a minha mulher é o demônio e vou acabar sofrendo as
consequências ou meu cartão de crédito. Reflito imaginando a cena e
fico com frio na barriga só em pensar.

Depois de horas debruçadas sobre o processo da empresa


do pai da Amora, realmente o seguro estava errôneo com seus
dados, preciso estudar com calma como processá-los e ganhar a
causa sem erro.
Meu celular toca e é uma mensagem.
“Espero que sua ex namorada esteja tratando você bem.”
Ferrou, ferrou!
— Aconteceu algo senhor Gusmão? — O advogado da
empresa pergunta preocupado — O senhor ficou pálido.
— Bem, creio que tenho tudo que preciso aqui, mande todo o
resto para meu e-mail — Levanto rápido sacando meu telefone —
Compre minha passagem de volta, não, para hoje, para agora na
realidade. — Me viro para o advogado desligando a ligação para
minha secretária — Preciso partir.
— Mas...
— Qualquer coisa mantenha contanto com o meu escritório.
— O calo indo direito para saída do local, droga!
Quem foi o filho da puta que contou a Mel com quem eu
estava? Com certeza foi na empresa e vou demitir quem fez isso.
Meu celular vibra de novo.
“EU VOU MATAR VOCÊ RENATO GUSMÃO!!!!”
A mensagem é clara e com certeza estou ferrado! Ligo para o
celular dela e nada de atender, ligo para o meu motorista.
— Cada a senhora Gusmão?
— Senhor, ela saiu com a turma do escritório e estão em um
bar.
— O que? Quem está com ela?
— Veja o senhor mesmo.
Uma foto chega ao meu celular dela bebendo e meu ex-
funcionário, pois com certeza será demitido, com a mão na sua
perna intimamente. Todos que estão naquele bar, estarão no olho da
rua amanhã.
— Não saia daí até ela ir para casa.
— Pode deixar senhor.
Eu vou matar a Mel.
“SAI DESTE BAR AGORA, MELISSA GUSMÃO!!!”
Mando a mensagem e ela visualiza rápido, para isso ela não
está ocupada, mas não atende minha ligação.
“VAI SE FUDER COM SUA AMIGUINHA.”
“OPS! NÃO FODE NÃO OU VOU TE MATAR.”
“SEU CANALHA.”
Ela deve estar bêbada e com ciúmes? Será isso? Sigo direto
para o aeroporto, qualquer dia desses, dona Mel, eu vou torcer esse
pescoço! Essa mulher ainda vai me matar do coração.
Chego à São Paulo no final da noite, pois a droga do voo
atrasou, nem peguei minha mala na casa de campo e nem falei com
o papai. O carro já me aguardava assim que saio do aeroporto.
Ligo para meu motorista.
— Onde?
— Em casa senhor.
— Okey! — Desligo

O gato se encontra na porta do banheiro da Mel, miando sem


parar, abro a porta e dou de cara com ela praticamente com a cara
dentro do vaso sanitário. Dobro a manga da camisa e tiro o paletó,
abaixo para segurar seus cabelos enquanto ela põe a cachaça e
todas mágoas por mim para fora.
— Quando terminar aqui vou matar você — ameaça assim
que consegue falar — Seu traidor.
— Depois você me mata, mas agora vamos tomar um banho
frio. — Seguro o corpo dela e levanto como uma boneca de pano, a
deixo em baixo do chuveiro e tento tirar sua roupa, mas sua mão é
tentáculos e sua boca uma arma que me xinga de vários nomes
durante o processo — Amanhã a sua ressaca vai ser dura.
— Estou com raiva, estou com ciúmes, eu não devia, mas
estou.
Seu rosto está molhando com o cabelo grudando nele e seu
rímel borrado, mas ela é a mulher mais linda que já vi na vida.
— Não quero sentir isso, não quero.
— Eu sei, eu sei.
Pois também não quero, mas estou me apaixonando por ela.
CAPÍTULO 18
Mel Castro

Minha cabeça estava explodindo de dor, a luz da janela


parecia que perfurava meus olhos com seus raios brilhantes, uma
afronta para minha ressaca o dia amanhecer tão bonito. Várias
lembranças da noite anterior povoavam minha cabeça e nenhuma era
uma coisa boa ou de se alegrar.
Como disse um grande filósofo que nem sem quem é: “A
cachaça quando não mata, ela humilha!” — Quero morrer, vou ficar
nesta cama para sempre, até minha morte chegar.
Vida cruel demais.
— Tome, vai se sentir melhor. — Um copo com água e uma
mão com uma pílula aparecem no meu campo de visão e eu quero
morrer — Não adianta ficar deitada, é atitude de perdedores.
Atitude de vencedores e mandar mensagem de ciúmes para
o cara que transou com você e deixou claro que não era nada
sério? Sendo que ele estava com sua ex namorada? Pois eu acho
que prefiro ser uma perdedora! Porque eu cedi aos meus instintos de
emocionada sentimental e carente?
— Vamos Mel, tenho assuntos para resolver logo cedo. —
senta na cama e eu abro os olhos devagar olhando de lado estou
morta de vergonha.
Ele me viu vomitando, me deu banho, e eu falei que sentia
ciúmes dele. Eu realmente quero morrer.
— Pode ir trabalhar, vou ficar bem. — Resmungo com voz
baixa.
— Precisamos conversar sobre ontem à noite. — Segura
minha mão e eu puxo de volta.
— Mel?
— Quero que você esqueça tudo que eu disse ontem à noite,
quando digo tudo, é tudo mesmo. — Peço virando o rosto para
janela — Por favor?
— Okey, não vamos falar sobre isso hoje, mas prometo que
voltaremos ao que aconteceu ontem. — diz levantando o vejo pondo
as mãos no bolso pelo canto dos olhos e um suspiro cansado sai dos
seus lábios — Foi um erro colossal sair para beber, isso não consta
no contrato, não aceitarei novos erros como esse. — eu me calo e
fico olhando para janela uma lágrima escorre por meu rosto, estou
me sentindo humilhada.
— Mel...
— Entendido, não vai mais acontecer. — Antes que ele diga
algo que machuque mais meu coração prefiro aceitar suas palavras
— Prometo.
— Hum, tudo bem, eu acho...
— Não me interessa o que você acha, já falou o que queria, já
deixou claro sua posição? — Viro nervosa e me arrependo, pois as
lágrimas estão caindo sem que eu queira — Eu já entendi, estou
assumindo meu erro, agora pode ir.
— Você está chorando? — Ele parece em choque e segura
os cabelos nervosos caminhando de um lado para o outro.
— Descobriu a América! — Debocho — Por favor, saia.
— Mas eu não posso deixar você sozinha assim...
— Qual é Renato Gusmão? Está perdendo o foco, o contrato
diz casamento de mentira, não sou nada para você, peço mais uma
vez desculpa por atrapalhar sua viagem, por ter feito tudo errado. —
Não suporto o peso das minhas palavras e fecho olhos para segurar
as lágrimas que teimam em cair — Agora já pode ir.
Os olhos dele estão focados em mim quando abro os meus, e
tem um pesar neles, porém sinto mais vergonha pelo que fiz. Não
pertenço ao mundo do Renato, preciso focar nisto, foi uma proposta
de um ano casados, minhas dívidas pagas e o Gustavo da cadeia.
Foi tudo claro, eu que estou errada, sou eu que estou fantasiando
algo que não vai acontecer. Não tem romance aqui, não tem romance
para mim neste relacionamento.
Não adianta encher a cara por ciúmes ou levá-lo para comer
cachorro quente.
Todo caminho se dava para separar no final do nosso
contrato. E eu preciso entender isso e cumprir minha parte do
acordo.
— Vou cumprir minha parte do acordo, prometo. — Afirmo
com convicção. — Sem erros.
— Essa conversa não termina aqui! — Diz apontando o dedo
para mim.
E com as mãos no bolso e cabeça baixa deixa o meu quarto.
— Essa conversa terminou aqui! — Resmungo e me jogo no
travesseiro.

Não saio do quarto o dia inteiro, não tinha fome e nem


vontade de viver. Porque fui cair na conversa do doutor Selmo?
Porque você é uma idiota pondero me martirizando. Zeus é minha
única companhia no café da manhã no dia seguinte e agradeço por
isso, olhei minha carta de pedido de demissão. Triste, mas era o
melhor a se fazer, uma das cláusulas do contrato era que ele me
sustentaria e eu ficaria 24 horas a sua disposição como uma esposa
troféu. Preciso fazer a coisa certa.
O meu telefone toca e atendo sem humor nenhum.
— Para polícia federal agora, pegamos o Gustavo. — Val
está eufórica do outro lado da linha e minha tristeza some como
passe de mágica — Põe seu melhor vestido que o dia é hoje!
— Estou indo!
Saiu correndo para o quarto e esqueço o telefone na mesa do
café, me arrumo em tempo recorde. Calça pantalona vermelha e
blusa da mesma cor, salto alto, cabelo preso em um belo rabo de
cavalo, aplico uma maquiagem poderosa.
— Hoje que eu piso no seu pescoço, seu maldito!
Giro feliz e pulo de alegria, lembro do dia que fui despejada,
humilhada, chorando cheguei no apartamento da Val, estava com
tanta raiva, com frio, tinha perdido o emprego e o apartamento no
mesmo dia. E aquele filho de uma vaca curtindo com nosso dinheiro,
esse que era para pagar a festa de casamento que assinamos o
contrato, pagar as prestações do apartamento e o carro que
comprei em meu nome para ele. Tudo levado sem piedade por
aquele canalha.
Sonhei tanto em poder vê-lo atrás das grades e por isso
aceitei a proposta feita pelo Renato Gusmão, o ódio era meu gás
naquele momento. Pego as chaves do carro do Renato e o celular na
mesa e saio correndo do apartamento.

Assim que paro o carro, Renato abre a porta e toma a chaves


entregando ao manobrista. Fico assustada com a rapidez de toda
ação. Deixo o carro e ele me leva para outro carro que aguarda a
frente sem uma palavra. Não consigo ver seus olhos nos óculos
escuros.
— O que está acontecendo?
— Eu liguei para você, mas ignorou toda as minhas ligações.
— Diz por entre os dentes trincado, ele estava com raiva e nem sei o
que fiz desta vez — Tem jornalista para todos os lados, a Val não
deveria ter ligado para você.
— Eles não sabem nada sobre mim. — Argumento.
— Hoje você é uma Gusmão e só sua presença levantaria
suspeitas — Solta e me encolho, mas uma vez não pensei nas
consequências — Dê a volta no quarteirão.
O motorista faz o que ele pede e eu me calo olhando para as
janelas. Ele fala com alguém no telefone aos berros.
— DESCUBRA QUEM VAZOU A PORRA DESTA
INFORMAÇÃO, AGORA! — grita — NÃO ME IMPORTA, QUERO
TODAS AS PORTAS DOS GRANDES ESCRITÓRIOS FECHADAS
PARA ELE. — Bate o telefone — O Selmo que divulgou a informação
como retaliação, ouviu a conversa da Val e fez o trabalho sujo.
— Retaliação?
— Sim, ele foi demitido.
Droga, a culpa era minha.
— Mas...
— Mas nada, ele não deveria ter dito a você com quem eu
estava em Minas, era confidencial, se não sabe guardar segredos,
não serve para os escritórios Gusmão. — Tudo porque ele estava
com sua ex, se amava tanto ela porque não se casou? — Agora foi e
fez essa merda, vou acabar com a vida dele.
— A culpa foi minha. — Olhos o dedo das minhas mãos.
— Não foi, ele fez isso porque é um vigarista invejoso. — O
telefone dele toca novamente.
— Oi.
Atende e fica ouvindo o que dizem do outro lado da linha e eu
continuou calada olhando meus dedos das mãos.
— Pode ir pelos fundos, já temos como entrar, Val está
aguardando lá dentro. — Diz assim que desliga — Pronta?
Assinto em silêncio.
Ele parece não acreditar muito em mim, mas estou apesar de
tudo, eu queria muito socar a cara do Gustavo.
— Não é o procedimento padrão, mas tenho amigos e eles
vão felicitar sua entrada como prometi.
Realmente ele prometeu, não ia conseguir reaver meu
dinheiro, já que não tinha como comprovar o roubo por parte do
Gustavo, mas queria que ele soubesse que sou eu quem o colocou
na cadeia.
O carro para em um beco e a porta é aberta para minha
saída.
— Vamos?
Renato busca minha mão e leva aos lábios com carinho
inesperado.
— Estou com você, Mel! — Diz com calma e um olhar que
tento desviar, pois não desejo me iludir com suas atitudes mais uma
vez.
CAPÍTULO 19
Renato Gusmão

Não gosto da dor fria que vejo nos olhos da Mel, odeio o fato
que foi eu quem a colocou lá, que a fiz chorar por não saber lidar
com a situação. Já derrotei promotores já convenci enormes juris e
juízes. Porém não consigo lidar com a minha esposa, o campo
relacionamento era uma incógnita para mim. E teve um tempo que
achei que era simples dizer não, sim, quero sexo, mas tudo parece
ter mudado com a chegada da Mel. Ela me desconcerta, me deixa
sem palavras ou parecendo um idiota.
Não sei porque não disse que também sentia ciúmes dela,
que também não queria sentir, mas já estava sentindo. Porque não
tomei-a nos braços e a consolei, porque tive que complicar as
coisas? Minha fúria foi tão grande que soquei o Selmo quando ele
falou que a Mel estava pedindo por isso. Desgraçado, mas o dele
estava guardando, acabaria com sua carreira só pela sua ousadia de
ter pensando em seduzir minha esposa.
Ele mexeu com a mulher errada.
Mas o que dói é ver a Mel distante sem o brilho desafiador,
sem a luz e sem o seu deboche costumeiro. Temia que tivesse
quebrado de alguma forma seu espírito livre. Sua mão era fria na
minha e seu olhar ia para todos os lados, menos para os meus.
Fomos recebidos pelo policial Oliveira meu amigo e contato na
federal.
— Um prazer conhecer sua esposa. — Não gostei do olhar
dele para ela e menos ainda do sorriso brilhante dela para ele, me
tornei um idiota ciumento — Vamos por aqui.
Sigo segurando sua mão, não quero soltar, não quero perder
seu calor e nem a deixar sozinha em um momento como esse.
— Acrescentou o que pedi? — Perguntei.
— Sim, o passarinho está engaiolado por bastante tempo.
Mel olhou de mim para ele, mas não fez perguntas. Seu corpo
paralisou ao meu lado quando avistou o ladrão do ex dela. Já tinha
visto fotos dele, mas não era como nas fotos, o cara é vistoso, usa
óculos de grau, cabelos escuros, pele bronzeada, um jeito de
inteligente — com certeza era para enganar tantas mulheres — Seu
sorriso foi glorioso ao ver a minha esposa e desejei poder socar seu
rosto bonito.
— Mel, por favor Mel, diz a esses caras que não fiz nada.
É um safado filho da mãe.
Afastando minha mão ela se caminha para perto na sala e fica
a sua frente. Faço sinal para o agente que deixa o local e a nós três
em privacidade.
Sua mão vai direto para o rosto dele em um tapa forte, sem
se conter ela dá outro.
— Se vagabundo desgraçado! — Penso em me aproximar,
mas lembro que prometi isso a ela — Seu pinto pequeno — Essa é a
Mel que eu conheço — Você me roubou, me enganou seu miserável!
— Mel foi um equívoco, deve ter uma outra explicação.
— A explicação é a seguinte, você viu em mim uma
emocionada que desejava casar, ter filhos e essas coisas que casais
normais fazem, além de ser uma forma de ter um teto, um carro,
uma besta que te sustente e meu salário, enquanto passava para
trás outras mulheres — Bate na mesa — Sabe Gustavo quem
colocou você aqui?
— Você não faria isso conosco, vamos conversar, vamos nos
entender, sei que você me ama, eu te amo também. — Avancei, mas
voltei quando ouvir o estalo do terceiro tapa que ela deu nele. — Não
fala de amor comigo, nunca mais fale essa palavra. — Ela está com
muita raiva.
— Quem ama não magoa, não rouba, não trai, você não
entende nada de amor — Seus olhos se levanta e trava em mim e
parece que era para mim suas palavras, pois senti em meu coração
— Quem ama cuida, divide e entende, amor é transparente e sabe a
hora de ir e a hora de calar, até mesmo a de errar, mas errar pelos
dois, para ter algo pelos dois, não somos perfeitos, mas nós dois
Gustavo nunca nos amamos, na realidade eu acho que queria só
alguém, a solidão é o pior sentimento para nos levar a ter alguém. —
diz se voltando para ele — Quero que saiba que está aqui e foi eu
quem colocou você aí.
O idiota sorri mostrando a verdadeira face.
— Acha que vai achar outro idiota para te suportar, aturar
suas esquisitices? Foram os dois anos mais longos da minha vida,
você é muito chata Mel. — Ela tentar bater nele, mas o mesmo se
esquiva — Ninguém vai querer você.
Ela rir e eu me aproximo.
— Terminou? — Indago.
Seus olhos brilham.
— Quem é você? — O babaca pergunta.
— O marido dela!
Ele olha para ela e para minha mão que segura a dela.
— Acho que seu palpite está errado Gustavo, eu já tenho
alguém, mas você vai continuar preso por longos anos. — Ela troça
com um sorriso cínico — São tantos crimes, muitas mulheres
roubadas lesadas...
— E tráfico de drogas. — Comento e ele fica pálido — Acho
que vai ser complicado sua saída da cadeia.
— Eu não tinha drogas comigo...
— Não foi isso que a polícia disse.
Respondo com calma e sento na cadeira a sua frente.
— Bem, tenho duas propostas para você.
— Não confio em você dois.
— A recíproca é verdadeira. — Mel resmunga.
— Quero a grana da minha mulher de volta.
Ele rir e seguro pelo seu pescoço o mesmo fica vermelho.
— Tem alguém rindo aqui? — solto seu pescoço — Te dou 24
horas para dar conta do dinheiro ou vou transformar sua vida na
cadeia um inferno.
— Com essa carinha vai ter vários presos querendo esse rabo
dele. — Mel solta e tento não rir.
Olho de volta para Gustavo que está pálido e pensativo.
— Você tem 24 horas.
Levanto e levo Mel comigo, mas ela se solta e volta para
perto do cara, socando seu rosto.
Meu Deus, ela é incrível!
DOIS MESES DEPOIS

As risadas são altas e a conversa caótica, muita gente no


mesmo espaço com comida e bebida era o típico evento que eu
odiava, mas precisava participar, principalmente para capitar novos
clientes e bajular os atuais. Mel veio comigo e brilhava com sua
beleza em um vestido branco e elegante, conversando com as
pessoas com uma naturalidade incrível.
Todos que olhasse diria que somos um casal perfeito, mas eu
a conheço e sei que representa um papel e não está feliz. Desde o
dia do seu porre que ela não é mais a mesma comigo, não tem mais
as conversas, não tem mais café quente quando chego, quase nem a
vejo. Sinto tanta falta de sua boca, de seu sorriso direcionando a
mim. Das fotos tiradas sem eu ver para o seu perfil nas redes
sociais. Não tem mais nem jantar e conversa a noite. Até demissão
ela pediu do emprego, e vive trancada em seu silêncio.
Isso está me deixando louco, era esse tipo de relacionamento
que projetei quando fiz a proposta a ela. O problema que me
acostumei com seu outro lado moleca e me apaixonei por ela.
Inferno, que confusão!
Sei que vai chegar ao fim e vou sofrer quando ela partir. O
noivo foi preso, e ela conseguiu reaver a grana que perdeu e ainda
teve vinte por cento a mais. A única coisa que nos liga é o contrato.
Na maioria das vezes me pego perguntando se ela sente falta dos
meus beijos, do nosso sexo perfeito, de como é bom nos dois
fodendo. A única pessoa que me tolera pelo jeito é o maldito gato,
toda manhã toma café comigo, e fica me olhando com aqueles olhos
sagazes e acabo dando sua comida.
— O contrato de parceria com a o governo está de pé? —
Pergunta um dos meus clientes, ele tem uma empresa multimilionária
que presta serviço para alguns estados minha equipe é quem cuida
dos seus contratos — Você parece cansado, Renato — Todos dão
risada ao redor e faço o mesmo, apesar de não está no clima. —
Imagino como seja, casado de novo, com uma mulher linda e
graciosa, você é um sujeito de sorte — Levanta um brinde.
— Sim, sou mesmo. — Respondo olhando para Mel do outro
lado da sala conversando.
O que posso fazer para mudar tudo isso?
— Parar e conversar! — Responde um dos homens sobre
outro assunto que nem sei o que é, mas casa bem com meus
pensamentos conturbado no momento.
Era isso, precisamos ter uma conversa séria. Anoto
mentalmente para preparar tudo para ser algo especial.
— Já bajulou muita gente? — sua voz é doce no meu ouvido
— Podemos ir embora, meus sapatos estão me matando.
Toco seu rosto com carinho e ela parece confusa com meu
gesto.
— Vamos, também quero voltar para casa. — Seguro sua
mão e levo aos lábios — Estou com saudades.
Estreitando o olhar e olhando para todos os lados se volta
para mim.
— Acho que você bebeu demais, melhor ir embora.
Sorri e seguro sua mão, passamos a cumprimentar todos até
a saída. E levamos um empurrão, no qual acabo batendo em suas
costas.
— Não tomei nenhuma gota de álcool. — Digo em seu ouvido
e ela se arrepia.
— Renato...
— Mel, vamos para casa, precisamos conversar — Vou ser
prático e dizer tudo a ela hoje mesmo.
— Renato...
Seus olhos estão transtornados e desço o olhar para sua mão
que segura o abdômen ensanguentado. E desmaia em meus braços.
— UM MÉDICO — grito desesperado segurando seu corpo.
O medo rasteja por minha pele, temo perdê-la. Não, não, isso não
vai acontecer, não agora que sei que amo que não pretendo deixá-la
partir.
CAPÍTULO 20
Mel Castro

Gritos, gemidos muito barulho e eu só quero dormir, estou


sentindo dor no abdômen e muito sono, ouço longe a voz estressada
do Renato, eu acho que é dele a voz gritando que vai processar todo
mundo.
Coisa de advogado metido a besta, tento sorrir, mas não
consigo, a dor em meu abdômen não passa, queria um remédio,
quero vomitar, ai meu Deus, acho que peguei a droga de uma virose.
Choramingo, mas não sai som nenhum algo frio pica meu
braço e uma letargia vem a seguir, não faço ideia do que está
acontecendo, de onde estou, só que sinto sono e estou com dor e
confusa.
Renato Gusmão

Ainda estava sujo com o sangue da Mel e sentia que tudo se


esvaia, assim como o sangue que saía do corpo dela. Estou com
tanto medo, sinto que posso morrer junto com ela. Não, Mel não vai
morrer.
— Ela não vai morrer! — digo limpando o rosto e sem noção
que estou é sujando-o com sangue — Ela não vai. — Repito — Cadê
notícias sobre ela, cadê? Quero notícias agora ou vou acabar com
porra deste hospital!
— Calma Renato! — Val pede chorando.
— Calma porra nenhuma, eu quero saber o que está
acontecendo com minha esposa. — Bato no balcão e a atendente se
encolhe — Vou acabar com esse hospital se não conseguir notícias
em cinco minutos. Já tem tempo demais eles lá dentro, tinha muito
sangue, droga, porque ninguém diz nada?
— Já conseguimos identificar o suspeito. — Monalisa entra no
meu campo de visão ereta e pronta para uma guerra se for
necessário, é a melhor promotora que conheço.
— Ele foi contratado pelo ex noivo da Mel, saiu da cadeia, já
temos imagem dos dois de dentro do presídio em uma boa conversa,
o que corrobora por tentativa de assassinato. — Imaginei que fosse
o canalha que mandou fazer isso — Vamos acabar com ele Renato,
estou cuidando de tudo.
— Obrigada, eu agradeço, estou sem cabeça para isso no
momento.
E ela toca meu ombro com pesar e olhos brilhantes de
determinação.
— Cuida da nossa Mel e o resto deixa comigo. — Bate de
leve no meu ombro e olha para Val que está sentada chorando e
caminha para lá — Vai ficar tudo bem amor. — Diz abraçando sua
esposa — Ela vai ficar bem.
— Como isso foi acontecer? — Val indaga abalada.
— O cara entrou na festa como garçom, passou todo o tempo
de olho na Mel — Mona conta — Ele ia fazer isso na ida dela ao
banheiro ou quando ficasse sozinha, mas o Renato ia saindo com ela
e o mesmo precisou improvisar. — Suspira — Foi detido ainda na
cozinha tentando esconder a faca. — Que vontade de matar, mas
minha hora de estar na mesma sala que ele ia chegar logo — As
câmeras tinham todas as imagens e está um burburinho lá fora,
estamos tentando abafar o caso.
Olha para Val e segura seu rosto com carinho.
— Ela é forte e vai ficar bem.
— Assim espero ou eu mesmo acabo com aquela vaca, ela
não pode me deixar.
— Ela não vai! — afirmo de forma incisiva olhando para ela
que assente em lágrimas.

Duas horas se passa e nada de notícias só que a Mel está


passando por uma cirurgia de emergência, que maldito hospital é
esse que não atualiza as pessoas? Meu pai já ligou, meu motorista,
até o secretário do meu pai ligou. Sem contar a louca da minha irmã
que mandou abafar o caso ou ela me processaria se isso fosse a
mídia e as amigas dela descobrissem. Lógico que a mandei para o
inferno. Se eu soubesse que a Zara seria tão egoísta e irritante a
teria sufocado no berço. Tudo era sobre ela. Uma camisa limpa foi
entregue para mim pelo motorista, não iria sair dali até ter notícias
da Mel.
— Senhor Gusmão? — Virei rápido olhando de frente para um
senhor grisalho e com aparecia de cansado — Acabei de operar sua
esposa. — diz e eu o encaro a espera de mais explicações — Ela
passa bem no momento, não sofre ricos de infecção, mas de todo
modo é preciso esperar às 24 horas do pós operatório.
Eu só ouvi que ela passava bem e segurei na parede para não
cair de tanto alívio.
— Os ferimentos de facada são dolorosos, sangrentos e
potencialmente fatais, por isso deve ser tratado com rapidez inerente
ao perigo — sua voz é calma — Quem fez isso queria matá-la, foi
preciso estacar o sangramento antes da cirurgia, mas sua esposa é
uma guerreira brava e lutou bastante.
— Realmente ela é! — afirmei emocionado e sem convicção,
pois o desejo era ajoelhar e agradecer por ela está viva. —
Obrigado, doutor!
— Fiz meu trabalho, logo poderá vê-la.
Val segura o rosto e chora e eu abraço. Estamos tão gratos
pela vida daquela maluca.

Ela parece tão plácida dormindo, ninguém imagina como me


deixa louco. E acho que ninguém nem imagina como estou alucinado
e apaixonado pela Mel. Saber que pode existir um mundo sem ela
me trouxe um medo enorme e a certeza que não poderei viver sem
essa maluca.
— Você vai ficar com ela? — Indago para Val e ela assente,
já tomada banho, depois da cirurgia Monalisa a levou para casa para
descansar um pouco. — Tenho uns assuntos para resolver, mas
voltarei antes que a sedação acabe.
— Faça o que tiver que ser feito. — Ela diz entendendo onde
pretendo ir — Você gosta dela, não é?
Volto a olhar para Mel e sua palidez e me viro de volta para
Val.
— Sim, não sei como vou resolver toda essa bagunça. —
Suspiro cansado.
— Prove a ela que é mais que um contrato.
— Não sou bom com relacionamentos. — Esse é meu medo,
não conseguir acertar.
— Ela é uma mulher maravilhosa e vai ensinar a você, tenho
certeza.
Balanço a cabeça em afirmação e deixo o quarto, preciso
acabar com um idiota.

O local fede a ratos, está cheio deles por aqui. Depois de um


banho, roupas limpas e um café, olho para o rato do Gustavo que é
trazido a minha presença. Fica pálido ao me reconhecer, medo, é
isso tenha medo. Tenha bastante medo seu rato!
— Não tenho nada para falar com você. — Se afasta com
passadas trôpegas.
Pela sua aparecia a Mona já fez seu serviço, olho roxo, braço
quebrado.
— Fica longe de mim! — Geme.
— Você não é medroso quando é para arquitetar planos de
matar minha esposa.
— Levanto e caminho até ele — Não vou tocar em você, pois
não toco em ratos fedidos. — Coloco as mãos no bolso — Mas eu
avisei Gustavo, eu disse a você que não era legal mexer com a Mel.
— EU NÃO FIZ NADA! — Grita — ELA ME TIROU TUDO, EU
NÃO FIZ NADA...
— Quem tirou tudo foi você mesmo com sua ganância,
enganou, roubou, ludibriou, tudo para seu prazer. — Lembro e ele
olha para o outro lado — Burro, você é burro!
— Não sei de nada!
— Seu colega já delatou você como mandante.
Seus olhos ficam enormes e se vira para olhar as paredes que
nos rodeia.
— Você nunca mais vai ter sossego ou vai sair deste lugar vou
cuidar para que sua vida seja um inferno! — E isso era a mais pura
verdade — Vou acabar com toda sua paz.
— Por favor?
— Suplique, grite, se humilhe...
— Por favor!
— Não vai adiantar.
Me afasto e olho o guarda, passando um maço de notas para
ele.
— Cuide dos detalhes para mim, acho que um braço só
quebrado não está combinando com ele.
Um sorriso corrupto e frio se abre nos lábios do homem,
Gustavo tentar gritar e fugir. Não me importo, ele não deveria ter
mexido com a Mel. A Lei tinha vários lados e aprendi a muito anos
atrás que todos esses lados custam bastante dinheiro e isso eu
tenho muito para gastar.
CAPÍTULO 21
Mel Castro

Será que fui atropelada? Creio que sim.


Com certeza foi um carro bem grande, não é possível que
tanta dor seja causada por uma facada, agora eu lembro que um
homem estranho cruzou meu caminho com os olhos sem vida, frios e
na mão tinha uma faca.
Grito com as lembranças assustada e olho para todos os
lados, Val segura minha mão rápida e aperta o botão perto da minha
cama.
— Calma amiga, você está saindo de uma cirurgia
complicada. — Pede chorosa — Quase mata todos de susto, sua
louca!
— Estou machucada, não pode me xingar. — Estou
desnorteada olhando para todos os lados — Cadê o Renato?
Antes que ela diga algo, uma horda de enfermeiro entra na
sala, acho que são médicos também, todos me apertam, me
cutucam e eu só quero voltar a dormir. Cadê o Renato? Porque ele
não está aqui? Porque estaria? Não sou nada para ele.
Volto a dormir.

— Porque ela não acorda? — O meu marido mandão está no


quarto e pelo tom de voz esculachando alguém — Já faz mais de 48
horas.
— É normal a senhora Gusmão acordou assustada, mas
voltou a dormir, o corpo dela está se recuperando, esse sono é bom.
— Alguém explica.
— Olhou a pressão dela? Tem certeza que está tudo bem?
Não é normal dormir tanto — Como sempre ele não deu a mínima
para explicação dada. — Quero falar com seu superior...
— Renato...
Chamo baixo, ninguém merece ser esculachado por estar
fazendo seu trabalho.
— Mel! — praticamente ele voa até minha cama e segura
minha mão — Está bem? Não tem nada doendo? Como se sente?
— Tonta!
— Olha aí, tem que ver um remédio...
Diz olhando para enfermeira em pé que sorri sem graça.
— Tonta com tantas perguntas — Completo — Estou bem, só
com dor de cabeça.
— Traga um remédio para dor...
— Só o médico pode prescrever, vou avisar que ela acordou
— A moça diz e sai voando do quarto, pobre criatura, entendo sua
recusa em ficar com o Renato no mesmo espaço.
— Incompetente! — Ele resmunga e volta seu olhar para mim,
seu rosto suaviza e parece mais calmo e feliz — Você nos deu um
baita susto.
— Desculpa!
— Não peça desculpa por algo que não teve culpa nenhuma!
Ele tinha razão, mas outras pessoas poderiam ser feridas por
aquele maluco.
— O que aconteceu? — Indago querendo mais detalhes.
Com um suspiro e sem soltar minha mão, ele conta tudo que o
Gustavo fez para tentar me matar por vingança. O meu ex sentiu
raiva por ter perdido o que ele chamava de pé de meia e parar na
cadeia por minha causa. E por isso contratou um idiota dentro da
cadeia mesmo para fazer o serviço, o burro saiu em condicional e
agora voltou preso por tentativa de assassinato.
Isso prova que nunca conheci o homem com quem passei
alguns anos. Lágrimas desce por minha bochecha e o Renato as
enxugam com carinho. Seus olhos estão tristes me olhando.
— Eu não protegi você como devia. — Diz com pesar.
— Nós subestimamos o Gustavo, a única culpa é dele.
— Sinto muito.
Beija minha testa e o médico entra, Renato se afasta dando
passagem para equipe médica. Porém continua no quarto
observando tudo como uma águia que cuida e protege.
Será que estou vendo coisa ou ele realmente está preocupado
com tudo isso? O sol adentra a janela e o sono me domina, mas
antes de deixá-lo me pegar de vez, vejo o Renato me observando e
meu coração dispara, eu poderia ter morrido e nunca iria poder dizer
que o amo.

— Zeus está bem?


Estou com saudades do meu gato. Estou com saudades de
casa, meu primo e a esposa passaram no hospital para me visitar,
ele todo triste por não ter sabido antes do que aconteceu.
— Aquele vira-lata está ótimo. — Resmunga lendo o jornal.
— Você não maltratou ele não né?
— Ele merece depois de subir na mesa e comer minha
comida, mas não fiz isso.
— Deveria dar comida, deve sentir fome e minha falta. —
Pobre Zeus, sozinho naquela casa sem mim.
— Ele já tinha comido e mesmo assim me roubou. —
Resmunga dobrando o jornal — Zeus está gordo demais, precisa de
exercício ou vai explodir.
Faço careta para ele e suspiro.
— Entediada? — Renato levanta e põe meu cabelo atrás da
orelha, meu coração bobo dispara com seu gesto — Deseja fazer
algo.
— Caminhar um pouco, estou odiando ficar deitada nesta
cama.
— Vou perguntar ao médico se podemos caminhar um pouco.
Bato palmas feliz e solto um beijo para ele no automático, e
com um sorriso ele baixa a cabeça beijando minha bochecha com
lentidão e sexualidade, fico toda mole. Sou mesmo uma emocionada.
Seu olhar para mim era quente e amoroso, quase me iludo!

— Você está pensativa! — Val pergunta como uma boa


detetive — O que roda essa cabeça?
— Deixa ela Val! — Mona reclama e pisca para mim — Minha
mulher é muito curiosa.
— Conheço a Mel e sei que tem algo incomodando essa
cabeça que ama criar neuras.
— Não começa! — afundo no travesseiro — Só acho que o
Renato anda estranho.
As duas se encaram e uma comunicação mútua que acho
incrível. Elas se falam com o olhar e é puro amor, lindo de se ver a
conexão delas.
— Estranho como? — Mona me pergunta.
— Sei lá, ele está ficando o tempo todo comigo e nem
trabalha direito. — Olho as unhas — Sei lá, está carinhoso.
E elas se olham de novo.
— Renato está preocupado com você, querida. — Mona volta
a falar. — Ele quase derruba esse hospital por notícias suas, além
de ir pessoalmente acabar com a raça daquele cretino do Gustavo.
— Ele não é assim, nosso relacionamento não é deste nível.
— Mordo a unha nervosa — Não quero criar expetativas, não desejo
sofrer e estou confusa.
Val levanta da poltrona e segura minha mão.
— Vai agora se proteger e fingir que nada disto está
acontecendo? — Ela me conhece bem — Não vai não.
Dá um tapa na minha cabeça.
— Aí, estou doente. — Lembro.
— Já sei o que a senhora está tentando fazer — a ponta o
dedo em acusação para mim — Você merece sim e não vai ficar se
sabotando com medo de sofrer porque aquele idiota do Gustavo
disse um monte de merda e tentou matar você. — Faz uma cara
ameaçadora — Nem pense nisto dona Mel!
— Mas eu não posso amar sozinha, já fiz isso e dói muito.
Ela desfaz a cara feia e me abraça.
— Vai ficar tudo bem, deixa ele cuidar de você.
— Sim Mel, deixa as coisas acontecerem. — Mona endossa a
conversa da Val.
—Não sei aguento mais um coração dilacerado! — resmungo
e Val beija minha testa.
CAPÍTULO 22
Renato Gusmão

Fico com medo de que ela se machuque, mas a Mel é forte e


parece não precisar muito de mim. Estou de olho nela o tempo todo,
porém ela nunca pede ajuda, nunca reclama ou resmunga. O gato
que recebe toda atenção, até meu pai recebeu carinho e beijos dela
quando veio visitá-la, o velho cabeçudo pegou um avião — sem
ninguém saber e veio para São Paulo — Segundo ele tinha algo
muito importante para fazer. Estou com a cabeça tão cheia com a
Mel que não indaguei o que era esses assuntos.
Meu pai parecia um adolescente ao lado da minha mulher, os
dois cochichavam e sorriam o tempo todo de algo. Senti ciúmes do
meu velho era um absurdo — queria que ela risse comigo, que
fizesse piadas como antes — mas estraguei tudo pelo jeito.
Meu pai saiu feliz do apartamento prometendo voltar para
almoçar com ela depois que resolvesse algumas situações. E a Mel
bocejou, indo para o quarto sem dar a mínima para minha presença.
Só o gato ficou olhando para mim — estou com a impressão de que
ele está rindo da minha cara.
— Gato idiota!
Bufo com raiva e jogo os papéis que estava fingindo analisar
no sofá, levanto para tomar água e o maldito gato cinza gordo me
acompanha, seu jeito é desdenhoso, como se a minha casa fosse
dele. Sobe no balcão e começa a lamber as patas tranquilamente
ainda me olhando com desdém.
— Você deve estar se divertindo com minha miséria, não é?
— Miau! — e mais lambidas na pata.
— Não vou mais te dar sachê de atum, seu gordo!
— Miau!
Ele se aproxima e mia perto de mim passando a cabeça no
meu braço insistente como se desejasse carinho.
— Carência? — Bufo, mas passo a mão em sua cabeça
peluda e Zeus ronrona feliz e manhoso — Não se acostume seu
gordinho.
Ele mia como se agradecesse. Estou maluco ou muito
carente, pois acho que estou gostando da companhia deste peludo
TRÊS DIAS DEPOIS

Estou engasgado, enjaulado, sinto que preciso fazer algo,


mas não quero deixar a Mel desconfortável enquanto ela se
recupera.
— Café cheiroso! — Ela geme e fico louco de tesão com o
som — Está ficando bom em fazer café.
Faz uma careta de dor e corro para perto dela.
— Estou bem, só sentei rápido demais — sorri feliz — Não
deveria ficar preso em casa comigo. — Desvia o olhar para xícara —
Estou bem, juro.
— Gosto de cuidar da minha mulher. — Ponho seu cabelo
atrás da orelha com carinho.
— Você está me deixando confusa! — me encara — Não é
minha babá Renato.
— Lógico que não! — dou uma risada feliz e toco seus lábios
— Sou seu marido, lembra? Na alegria e doença ....
— Casamento de mentira, esqueceu? — Bufa e põe a xícara
na mesa, ainda estou ao seu lado encarando seu belo rosto — Não
pode me iludir assim.
— Quem disse Mel que estou tentando iludir você? Quem
disse que nosso casamento precisa ser de mentira...
A campainha toca incessante como se alguém tivesse
esquecido o dedo nela.
Abro dando de cara com o puxa saco do secretário do meu
pai.
— O que faz aqui essa hora?
— Seu pai pede sua presença logo cedo na empresa. —
Entrega um papel e se despede.
Celular e e-mails servem para isso, pensei chateado com a
interrupção. Abro o papel é um convite para uma reunião
extraordinária às oito horas da manhã na sala da Gusmão.
O que aquele velho está aprontando.
Será que descobriu sobre o meu acordo de casamento? Se
for isso tudo estará perdido, minha presidência que almejo há anos
vai estar perdida.
— O que aconteceu? — Mel entra na sala caminhando
devagar, pois ainda está se recuperando — Quem era? — Pergunta
olhando da porta para mim.
— O meu pai convocando para uma reunião logo cedo. —
Volto a olhar o papel preocupado e pesando nas possiblidades para
evitar essa confusão. — Você acha que nosso acordo pode ter sido
descoberto?
Vejo ela olha os dedos e depois dar de ombro.
— Nunca contei nada para ele. — Responde.
Seu olhar parece triste e magoado.
— Falta pouco tempo para o contrato acabar, não acho que
ele tenha descoberto.
— Mel...
— Vou deitar-me um pouco. — Corta — Estou cansada.
Inferno, o que eu disse de errado desta vez?

A empresa inteira está polvorosa quando entro 07:15 da


manhã tinha que me adiantar se algo fosse descoberto, além de sair
de casa cedo, Mel estava estranha e se comportando como se
minha presença a deixasse desconfortável. Trabalhei até a
madrugada para tentar diminuir o impacto do que virá se isso
acontecer.
Ninguém no escritório faz ideia do que estava acontecendo
para essa reunião ser escalada pelo meu pai. Todos os acionistas
estavam convidados.
Droga, vai acontecer algo bem grande e acho que desta vez
serei pego desprevenido, pois não faço ideia do que seja. Mas se eu
cair, meu pai também perde, essa empresa também é a vida dele
para ser entregue a um desconhecido. É do interesse dele que eu
seja o presidente.
Tamborilei o dedo na mesa pensativo. Odeio ser pego de
surpresa, odeio perder o controle das coisas e ultimamente é o que
vem acontecendo com frequência se tudo isso for descoberto, a Mel
pode sofrer represálias e ficar numa situação descontrolada. E isso
não vou permitir. Eu vou protegê-la!
— Senhor, está sendo chamado na sala de reunião.
Inferno, não percebi o tempo passar, assenti e a segui, todos
os acionistas estão sentados, menos meu pai e minha irmã.
— Meu Pai onde está? — Perguntei a secretária.
— Na sala dele ainda com sua irmã.
Em vez de entrar na sala de reunião, segui para sala
informada, talvez conseguisse salvar alguma coisa desta tragédia.
Preciso proteger a Mel pelo menos.
— Não quero falar mais sobre isso, Zara! — Meu pai bate na
mesa.
— Atrapalho? — Pergunto entrando na sala.
— Filho, estou conversando com sua irmã, pode ir para sala
de reunião. — Meu pai parece nervoso, tentando se livrar de mim.
— Zara?
Ela não me encara olhando diretamente para meu pai, na sua
mão tem um papel e eu tomo. Ela grita e tenta obter de volta, nem
percebo a presença desnecessária do marido dela no canto
esquerdo da sala.
E como eu temia era cópia do meu contrato com Mel.
— Onde conseguiu isso? — Seguro seu braço e sacudo.
— Não toque na minha esposa.
E perco paciência e soco a cara do idiota que cai no sofá de
pernas para o ar segurando o nariz. Zara corre até ele, mas parto
para cima de novo e o meu pai me detém pondo a bengala na frente.
— Não, Renato!
— Eu posso explicar tudo, pai! — Resmungo desabotoando
meu paletó.
— Explicar que se casou para conseguir a presidência que
nunca viu aquela vagabunda antes? — Zara grita e eu tento chegar
até ela que se encolhe vendo minha ira. — Você trapaceou para
conseguir o poder. — Grita — Eu sei de tudo e vou contar ao
conselho hoje e sua presidência vai por água baixo, nem o papai
pode te salvar agora.
— Não fala assim da minha mulher! — Grito — Você não
chega nem o ao dedo mindinho da Mel, sua fútil desocupada, sem
noção e preguiçosa!
Quero torcer o pescoço da Zara e deste imbecil com quem
ela se casou. Dois sanguessugas imbecis, como ela se atreve a falar
da minha Mel?
— Vou acabar com a raça dos dois, todos vão saber que seu
marido é um viciado em jogo, que tem amantes e uma família falida,
por isso vive como um cordeiro atrás de você. — Ele tem a decência
de arregalar os olhos e Zara fica pálida — Vou destruir toda essa
fama de dama da sociedade.
— Você não passa de um metido a besta que se acha melhor
que todo mundo! — Ele se levanta — Fica humilhando todos....
— Eu sou melhor mesmo, se acostume com isso ou se mate!
— Família falida...
Zara repete em transe como se só tivesse ouvido isso na
conversa.
— CHEGAAAAAAAAAAA! — Meu pai bate a bengala na
mesa e segura o coração, vou até ele com medo de um novo infarto
— O que fiz de errado para ter filhos tão idiotas? Não precisa
responder — Ele mesmo diz olhando para o céu — Você acha que
eu não sabia da droga deste casamento falso?
— O QUE? — agora sou eu que estou chocado — Mas
como? Eu... Mel não tem culpa nenhuma de nada e eu...
— Se apaixonou por ela, não é isso? — Ele diz sentando-se
— Saiu como previa.
— Humm? — Zara parece tão chocada como eu.
— Lógico que eu sabia que você ia arrumar uma noiva ou
tomar uma atitude idiota — bufa — Você sempre foi determinado
para ter a empresa , sempre foi igual ao seu avô, aquele velho
metido — Resmunga e eu sento na cadeira, pois acho que minhas
pernas vão ceder — Então fui comprar um terno e conheci a linda
Mel, que menina feliz e boca porca — estremeceu e riu — O oposto
de você, como é tão metido achei que seria o par ideal.
— Pai, isso é loucura, por que não me disse? — Não acredito
que cai na armadilha do meu pai.
— Foi bom acompanhar os dois, me diverti horrores com o
relatório que recebia, a Mel é maravilhosa, não é? Que garota
incrível! Encantadora, será que vai me perdoar por ter feito ela
perder o emprego?
— Pai! Foi você? A Mel passou muitas dificuldades por isso...
— Eu sei, cresceu bastante com elas, queria que a Zara fosse
um pouquinho como a Mel — Bufou e minha irmã xinga com raiva —
Menina malcriada!
— Mas como fez para que eu aceitasse casar?
— Foi fácil! Chamei aquela sua amiga que trabalha aqui e
disse que ela perderia o emprego se não plantasse a ideia de se
casar com a Mel na sua cabeça — Diz com calma.
— Foi tudo um plano para me humilhar! — Zara grita
chorando.
Reviramos os olhos e eu me volto para ele sem entender por
que ele queria tudo isso.
— Mas por quê?
— Garoto tolo! Você ia se casar com qualquer uma e nunca
iria sentir amor de verdade.
— Pai...
— Vamos para reunião e Zara esqueça esse assunto ou vou
deserdar você.
Ameaça com a bengala e ela fica pálida se afastando do
marido quando percebe que segurou no braço dele — acho que ter
uma família falida não pegou bem para ele — ainda estou meio
zonzo com tudo isso.
CAPÍTULO 23
Mel Castro

O Renato sai de casa bem cedo, ele não dormiu bem a noite,
ficou horas ao telefone no escritório aqui de casa, mexendo em
papeladas que nem percebeu que eu o observava. Estava obcecado
depois que o pai mandou o convite para reunião. Meu coração se
aperta em imaginar que possa ser tudo descoberto, isso queria dizer
que vamos ter que nos despedir mais cedo.
Não estou preparada para dizer adeus. Estou há dias me
mantendo distante dele para aprender a conviver sem o Renato na
hora que tudo acabar. Achei que amei o Gustavo, mas não foi, foi
solidão, medo de viver uma vida só. Já o que sinto com o Renato é
grandioso como fogos de artifícios — Cada vez que ele me encara
com aquele jeito lindo sinto algo explodir dentro do peito — uma
vontade de agarrar ele e dizer o quanto o amo — Sei que não sou
correspondida, e dói, é uma dor gigante.
Ser roubada por Gustavo foi horrível, mas ser rejeitada por
Renato é doloroso, pois minha alma vai se quebrar junto com meu
coração apaixonado. Então só quero que fique tudo bem, que ele
consiga seu sonho de ser presidente. E no final vamos dizer adeus.
Um crime nos separar, pois ele faz amor tão gostoso, beija
tão bem. Suspiro e tomo um susto quando Zeus arranha minhas
pernas.
— Você também vai sentir falta dele? — Pego minha bola
peluda no colo fazendo carinho em sua cabeça — Vamos ser felizes
juntos meu amor.
Alguém faz barulho na porta e Zeus fica ouriçado, pula do meu
colo indo para frente da porta, onde a campainha toca incessante e
várias vozes são ouvidas do outro lado. Nem eram oito horas da
manhã, quem poderia ser? Esse andar era todo do Renato, então
não podia ser engano. O elevador também é privativo, o que quer
dizer se passou foi com autorização.
Abro a porta dando de cara com a Zara e o cara de rato do
marido dela.
— O que faz aqui?
Ela passa por mim com vários carregadores e um papel que
reconheço bem, já que tenho uma cópia guardada.
— Onde conseguiu isso?
— Hoje quem tem dinheiro consegue tudo. — Debocha — O
quarto é aquele, quero tudo fora daqui em segundos.
— O que?
Estou confusa, o que está acontecendo?
— Descobri tudo Mel, você não passa de uma vagabunda
farsante e vou pôr você no lugar que deve, na rua! – puxa meu braço
com força e uma dor no meu abdômen me dobra ao meio — Não
finja sua vadia oportunista, acabou toda farsa, não vai levar nem um
centavo da minha família.
— Renato...
Tento perguntar, mas a dor é muito forte. Começo a suar frio,
droga, acho que não estou bem. O Renato, preciso falar com ele,
coitado perdeu tudo, e agora?
— Renato...
— Ele não vai te salvar. — Rir forte apertando meu braço e
depois me empurra e eu tombo no chão — grito com o impacto da
dor que parece me cortar ao meio. Olho para baixo e uma macha
vermelha suja meu pijama. — O que é isso? — Zara dá um pulo para
trás e olha para o marido idiota.
— Preciso de hospital!
— A moça está sagrando. — Um dos carregadores diz —
Temos que ajudá-la.
— Não, faça o que mandei, tenho uma reunião agora. — O
imbecil fala e o rapaz moreno da mudança parece não saber o que
fazer — Coloque tudo na rua!
— Ela está sangrando, amor.
Zara parece sentir nojo e eu perco o sentido caindo no escuro
do desmaio.

— Está tudo bem agora, foi uma hemorragia, a senhora vai


ficar bem. — A enfermeira me enrola e eu agradeço com um sorriso
— deseja ligar para alguém, os rapazes que trouxeram a senhora já
se foram.
— Meu celular eles trouxeram?
Ela nega com o balançar de cabeça. Não importa, não tenho
para onde ir mesmo, a Zara colocou tudo na rua e o Renato não
apareceu. Deve estar tentando uma brecha na lei para conseguir ser
presidente. Uma lágrima silenciosa desce por meu rosto e lembro de
um número, aquele que nunca vai me abandonar se eu precisar.
A enfermeira faz a ligação e eu pego o celular.
— Val, preciso de você.

Estou virada para o pano que separa uma cabine de outra,


hospital público não tem essa de privacidade. O local está cheio pelo
barulho de pessoas caminhando de um lado para o outro, sou grata
pelos entregadores não seguirem o conselho daquela gente e me
deixarem na emergência do hospital.
Nem pude agradecer! Suspiro olhando os dedos das mãos.
— NÃO VAI ME DETER, PORRA NENHUMA! — Renato?
Tento sentar-se, mas a dor volta. — VOU PÔR A DROGA DESTE
LUGAR ABAIXO SE MINHA ESPOSA NÃO APARECER AGORA.
Minha esposa? Com certeza a arrogância era do Renato,
cadê a Val? Foi para ela que liguei.
Fico quieta, não vou fazer barulho, deve ser um erro ou ele foi
lá para jogar mais terra na minha humilhação.
— ELA PODE ESTAR MORRENDO SOZINHA,
SANGRANDO, ENTENDE? O QUE VOCÊ NÃO ENTENDEU?
Meu coração vibra emocionado com a preocupação dele, será
que sou boba demais?
— Ela não pode morrer, diz onde a Mel está, eu não vou
suportar se algo acontecer a ela.
Sua voz está embargada? O Renato parece está
desesperado mesmo, mas está falando coisas tão bonitas, vou
continuar calada.
— Calma senhor, vamos achá-la, tente se acalmar, pode subir
sua pressão...
Ele pode passar mal? Jogo as pernas para fora da cama e a
dor volta com tudo. Mas tenho que mostrar a ele que estou viva
antes que ele morra.
— Não me importo, só quero que ache minha esposa. — Ele
continua — Ela deu entrada aqui e está sozinha neste lugar cheio e
pode morrer, você entende que a mulher que eu amo pode morrer?
A mulher que amo? Paraliso e neste momento meus pés
parece superar a dor, afasto o pano e tento gritar, porém estou fraca
e acabo caindo nos braços do meu marido.
— Mel!
— Eu...
Toco seu rosto com a ponta dos dedos.
— Achei você, amor, achei.
Ele parece emocionado e seus olhos brilham como se fosse
lágrimas. E eu o amava tanto.
Quatro horas depois me encontro em uma clínica particular e
já fiz vários exames, e o meu marido já gritou com todos do local. Sai
do hospital público de UTI área como se tivesse realmente
morrendo. Renato é tão dramático segurou minha mão o tempo todo.
Val chegou em seguida, pois estava fora da cidade em uma
audiência, mas pegou o primeiro voo de volta a São Paulo. O pai do
Renato apareceu, mas foi logo embora, segundo ele tinha uma filha
para deserdar e hospitais não era um local de energias saudáveis
para ele.
Ainda não falamos sobre o assunto Zara, não tivemos tempo
era muito entra e sai de médicos e visitas.
— O médico avisou que amanhã mesmo está de alta, um
ponto se rompeu. — Val explica — Mel perdão pôr colocar você
nesta situação.
— Você não tem culpa pelas loucuras da irmã do Renato. —
Brinco segurando sua mão, mas algo me diz que não é disto que ela
está falando — Vou ficar bem.
— Quando o velho me chantageou, pensei bem e achei que
estava protegendo você e no final achei os dois parecidos demais,
completa...
— Do que você está falando?
— Do fato que ela se juntou com meu pai para casar a gente.
— Renato fala entrando no quarto e ela baixa a cabeça — Meu pai
sempre soube desde o início, e na realidade foi a cabeça por trás do
plano.
— Como é isso? Estou confusa!
Olho de um para o outro e não recebo nenhum olhar de volta
— Val continua olhando para o chão e o Renato para ela esperando
que se defenda — E eu estou em choque com essa revelação.
— Sua irmã descobriu tudo. — Digo baixo — Não precisamos
mais fingir.
— Eu sei, ela tentou mostrar ao conselho nosso contrato, mas
meu pai revelou todo seu plano, além de passar para mim todas as
suas ações. — Agora ele me encara e sorri — Achei que tudo estava
perdido ontem à noite, e consegui negociar com meus primos a parte
deles, temia que algo assim tivesse para acontecer.
— Isso quer dizer que...
— O Renato é automaticamente presidente, não precisa de
votação para isso. — Val responde — O pai dele queria que o filho
se apaixonasse de verdade e por isso armou tudo.
— Mas porque eu?
Não conseguia entender essa parte da história, como eu
entrei no plano. Não tinha nada em comum com aquelas pessoas.
— Ele comprou terno na loja que você trabalhava e gostou do
seu atendimento além da história de vida que você contou a ele. —
Renato continua — Foi pesquisar e descobriu que é amiga da Val e
ajudou pagar a faculdade dela, mesmo tendo tão pouco — Que
loucura — Na cabeça dele achou que seria a mulher ideal para mim.
— Estou sem saber o que dizer, como vamos desfazer esse
mal-entendido?
— Desfazer? Como assim?
Val faz um bico estranho e se afasta para janela.
— Renato...
— Eu acabo de quase matar meu cunhado para saber onde
você estava, quase derrubo todos os hospitais desta cidade a sua
procura, bati no entregador que trouxe você para emergência —
suspira e eu me encolho — eu fiz um papelão dizendo a uma
desconhecida que te amo e mesmo assim você chama tudo um mal-
entendido? — Quase grita e eu quero rir, mas seguro — Ficou
maluca, bateu a cabeça Melissa? Pois esqueça essa droga de
contrato, inclusive rasguei na cara da Zara.
— Você me ama mesmo? — Foi minha pergunta e ele suspira
forte como se tivesse com vontade de me sacodir — Porque não
tenho nada, sou uma maluca, desempregada que só tem um gato. —
Zeus, cadê ele? — Meu gato!
— Não acredito que você está mais preocupada com o gato
que com minha declaração e nosso casamento!
— Mas ele deve estar sozinho na rua sem comida
— Já está em casa alimentado, junto com suas coisas, ele
ficou na garagem tomando conta de tudo. — Bufa ao dizer isso —
Pelo jeito sabia que ia ser resgatado, não deixou ninguém tocar nele,
até eu aparecer e pegá-lo.
— Ele gosta de você. — Digo feliz — Eu gosto de você.
Seus olhos brilham e se aproxima tocando minha mão.
— Estou saindo! — Val fala saindo do quarto, mas nenhum de
nós dois respondemos estou hipnotizada com aquele olhar.
— Eu te amo, Mel, não sei como isso aconteceu, mas não
consigo viver sem você. — Levanta meu queixo e leva seus lábios
até perto do meu — Diga que gosta pelo menos um pouco de mim?
— Também te amo, mas tenho medo de ser um sonho e eu
acordar. — Sou sincera com minhas palavras.
— Não é sonho.
Sua boca vem para minha e eu recebo seu beijo,
aprofundando e trazendo seu rosto para perto do meu. Parece um
conto de fadas, mas é minha história de vida.
CAPÍTULO 24
Renato Gusmão
UM ANO DEPOIS...

Olho o relógio várias vezes como sempre minha esposa está


atrasada. Mel é uma caixa de surpresa, a cada dia uma novidade
nova, agora ela está fazendo faculdade de moda. E como sou um
idiota apaixonado apoio em tudo que se propõe a fazer. Não posso
negar que não existia monotonia ao lado dela. Adorava voltar para
casa, voltar para ela, sempre tinha jantar e um bom vinho depois.
Sem contar horas e horas de sexo, Mel acaba comigo, fico
louco com as coisas que ela faz com meu corpo. Olho para os lados
para ver se alguém percebe meu pau duro apertando minha calça. E
a vejo chegando me procurando com olhos ávidos e assim que me
ver um sorriso se abre em meu rosto.
Odeio restaurantes de faculdade, mas amo a Mel e almoçar
com ela, por isso me desloquei do centro até aqui, no meio deste
antro de adolescentes estranhos e desajeitados para poder comer
com minha esposa.
— Oi amor! — se joga em meus braços e olha feio para uma
mesa do lado — Para de olhar para meu marido, ousada!
Essa é minha Mel!
— Quem olhou, deixa ver...
— Você morre se olhar outra mulher Renato Gusmão!
Faz um gesto com os dedos como se fosse uma faca
cortando o pescoço e se senta na minha frente para a moça não
poder olhar.
— Casar-se com homem bonito dá nisto! — Alfineto e ela dá
língua para mim
— Como foi seu dia?
— Tive muitas aulas! — Passa falar eufórica enquanto
comemos e ouço tudo com atenção. — E o seu amor? Acabou com
aquela promotora?
— Com certeza! — Rio vendo seu gesto de isso aí.
— Vamos jantar no mesmo horário? Tenho mais duas aulas
hoje. — Faz bico.
— Sabe que te amo?
E me apaixono cada vez mais quando ela abre esse delicioso
sorriso quando digo que amo.
— Sei que me ama e vou avisando que comprei uma calcinha
nova. — Pisca —Bem pequena e vou usar hoje à noite.
Se dobra na mesa e fala uma obscenidade em meu ouvido.
— Agora vai ser difícil sair daqui sem uma rapidinha!
Ela rir levanta e eu acompanho, passamos no caixa e pago a
conta, percebo vários olhares em nós. Realmente sou um homem de
sorte por estar ao lado da mais gata do local.
— Te espero à noite. — Tomo seu rosto e beijo sua boca
assim que alcançamos meu carro — Tem certeza de que não pode
me mostrar a calcinha agora?
Ela se afasta um pouco e abre o botão da calça mostrando a
calcinha na frente, pequena, muito pequena. E quero muito fodê-la ali
mesmo.
— Caralho!
Com uma rebolada se vira tocando meus lábios, pisca e vai
embora me deixando de pau duro. Mulher gostosa da porra, o dia vai
ser difícil. Mas a noite vai compensar.

Abro a porta do apartamento e a encontro em pé só de


calcinha, solto a pasta no chão, com passadas largas chego até Mel
assaltando sua boca. Coloco seu corpo de costas na parede e solto
um tapa na sua bunda perfeita.
— Gostosa!
— Gostou do jantar? — Indaga com o rosto encostando na
parede e minha mão amassando sua bunda — Está com fome?
— Muita fome, sempre tenho fome de você — Respondo em
seu ouvido. — Vou comer essa boceta sem pena!
Ela geme e lambo seu pescoço puxando a calcinha para cima
esfregando meu pau em sua bunda.
— Empina esse rabo. — Ordeno e ela assente ao meu
comando empinando desço chupando seu traseiro, me lambuzo com
suas dobras.
— Preciso tocar você!
— Não, hoje sou que comando, passei o resto do dia
pensando nesta calcinha.
Ponho para o lado a calcinha e enfiando a língua na sua
bunda, Mel geme e quase se dobra, ela adora quando fodo seu
rabo. É uma máquina na cama e eu amo. Volto a ficar em pé e trago
seu rosto capturando sua boca e nossas línguas se encontram, meu
peito colado a suas costas — enquanto isso abro o cinto e abaixo
minhas calças junto com a cueca.
— Quero você! — Pede e eu dou o que ela pede entrando
com uma única estocada em sua boceta. Domino sua boca e as
coisas ficam tensas neste momento, perco todo a sanidade e passo
arremeter com força, mas fundo. Estou excitado demais para ser
gentil.
— Minha, minha!
— Isso!
— Minha mulher, minha esposa, te amo caralho!
Pensei que poderia controlar minha vida, minhas escolhas e
jamais iria amar ou ser dominado pelo amor. Uma mentira que contei
para mim mesmo durante anos. Foi só uma baixinha sem limites e
marrenta entrar no meu caminho que todas minhas convicções
caíram por terra. Não nego que sou cadelinha da Mel e amo viver na
coleira dela.
— Ahhhh!
Ela goza apertando meu pau e eu sigo fodendo com mais
força, até me exaurir dentro dela.
— Droga! — Ela diz e me afasto.
— O que foi?
— Esqueci de tomar pílula hoje.
Seus olhos estão estranhos e amedrontados, nunca falamos
em filhos durante esse tempo. Curtimos nosso casamento sem medo
ou neuras.
— Seja o que Deus quiser! — Tento parecer calmo.
— Tem certeza?
— Absoluta, vamos jantar e terminar isso na cama. — Volto
abraçá-la.
DOIS MESES DEPOIS!

— Sai deste banheiro Melissa! — Bato com força, mas ela


não responde.
Será que vou ter que ligar para Val vir tirá-la daí? Estou
tentando não surtar, pois a Mel já faz isso por nós dois, alguém tem
que manter a cabeça fria nesta hora. Sou um advogado renomado,
destruo grandes promotores e outros colegas no tribunal — Posso
muito bem ser pai de um ser minúsculo — o pânico com essa
imagem toma conta de mim.
Sim, melhor ligar para Val ou para corpo de bombeiro, alguém
para me ajudar. Meu pai nem pensar, estava na Europa com a nova
namorada — a enfermeira que contratei para cuidar dele foi seduzida
pelo velho sem vergonha — Minha irmã nem posso contar, é uma
pilantra, vai odiar saber que vai ser chamada de tia — O que vou
adorar, só assim ela paga tudo que me fez — mas ela se encontra
na Grécia com o novo namorado.
Zara largou o marido assim que soube que ele tinha uma
família falida. Muito fútil, só mostra a índole da criatura. A porta do
banheiro abre e me afasto Mel sai de lá com o nariz vermelho de
chorar.
— E aí? — Pergunto calmo aparentemente pelo menos Mel
não estava percebendo meu pânico.
— Positivo!
Me entrega o exame e funga chorosa.
— Está com raiva? Não sei nada sobre ser mãe! E ser for
igual meu primo? Gêmeos — dispara em falar.
— Gêmeos?
Sim, acho que vou passar mal, não estou bem nadinha.
— Renato? Renato!
Não vejo mais nada, só a imagem de gêmeos e desmaio.
EPÍLOGO
Renato Gusmão
CINCO ANOS DEPOIS

Os gritos são altos e não me dou o trabalho de verificar, com


certeza era mais um dos chiliques da Zara com os gêmeos. Os
meninos transformavam a vida dela em uma montanha russa de
emoção. E ela alega que os odeia, mas não pode passar pelo Brasil
sem vir visitá-los e ainda traz presentes. Ela nem disfarça que é
louca nos dois pestinha.
Continuo analisando o processo, amanhã estarei no tribunal
contra uma das maiores seguradoras do país. É causa ganha, eles
nem saberão o que os atingiu — Penso comigo mesmo — uma mão
gordinha toca minhas pernas por baixo da mesa e finjo não perceber.
O Alan era o mais serelepe dos dois, tinha meu rosto, mas a
personalidade era da mãe, Luan é mais calmo e compenetrado,
sempre analisando as situações e não gostava de correr riscos. Ao
contrário do Alan que se jogava em tudo sem medo. Um completava
o outro, pois são inseparáveis.
O nascimento deles foi uma festa para toda família, meu pai
queria assistir o parto dos netos, quase processa o hospital, o
homem estava impossível no dia. Minha irmã que não foi convidada,
chegou com uma câmera, bolsas, balão e muitos brinquedos.
Sinceramente Zara é um ser estranho e por incrível que pareça os
gêmeos amam a tia deles. Coisa que nunca vou entender.
Uma cabeça de cabelos castanho aparece por entre minhas
pernas com um sorriso luminoso e cheio de chocolate nos dentes.
— Se escondendo de quem? — Pergunto baixinho e ele faz
um gesto de silêncio com os dedos.
— ALAAAAAN!
O grito da Mel é a resposta que procuro, olho para ele e faço
cara feia, o mesmo sorri despreocupado. Eles sabem que sou o
mais maleável com as traquinagens dos dois. Mel é mais dura na
educação dos meninos. Sou o pai que acha engraçado tudo que eles
fazem.
Minha esposa aparece na porta com os olhos semicerrados
deixando claro que o Alan está ferrado.
— O que foi? — Pergunto sem dar sinal de onde o garoto
está.
Ela está de avental com os cabelos presos em uma touca, e
um vestido rosa forte, linda e suja de farinha de trigo e chocolate.
— Fiz um bolo e ia cobrir de calda de chocolate, mas seu filho
comeu toda calda — Quando eles aprontavam passava a ser só
meus filhos — Ele vai passar mal, uma dor de barriga.
O safado embaixo da mesa arregala os olhos e eu tento
disfarçar.
— Você não o viu?
O que faço agora? Um grito no andar de cima chama atenção
da Mel.
— Sua irmã vai me deixar louca! — Resmunga — Agora está
ensinando o Luan a jogar vídeo game e está perdendo, por isso a
raiva dela, perder para um menino de quatro anos é um absurdo.
Resmunga e revira os olhos e eu começo a dar risada.
— Não ria Renato Gusmão, só mande ela para casa.
— Okey amor, farei isso.
— Obrigada, te amo.
Me derreto todo, a cada eu te amo dela meu coração vibrava.
Era muita loucura, mas anos antes não imaginei minha casa
bagunçada com duas crianças e um gato, que escolhe esse
momento para subir na minha mesa. Pelo bigode, ele também
aproveitou a cobertura de chocolate — Zeus era cúmplice de todas
as traquinagens do Alan — e nós dois ainda não somos amigos, mas
confesso que gosto um pouquinho do bichano.
Nem diria a ela que daqui alguns minutos meu pai chegaria
para almoçar, já resolvi tudo com um restaurante de comida
preferida da Mel, seria enviada para nós. A casa ficaria mais
barulhenta, mas não troco nada disto pela minha solitária vida antiga.
Mel solta um beijo e volta para cozinha e eu pisco para o Alan
que gargalha embaixo da mesa. Tudo normal por ali, pensei sorrindo
e voltei ao meu processo daqui alguns minutos não teria tempo para
estudá-lo com a casa cheia.
AGRADECIMENTO

As minhas betas e revisoras, Stefany e Valquíria, foram elas


que fizeram o trabalho de revisão e organização — como sempre
maravilhosas e amorosas, cheias de energias e que se jogam
sempre que as convido — Obrigada por acreditarem em mim
meninas.
Agradeço a autora Tati Dias pela capa linda que ganhei —
muito obrigada, eu amei, ficou muito linda e fofa. — Vocês precisam
conhecer os livros desta mulher, são maravilhosos, sou fã.
Agradecimento a todas as leitoras que chegaram até aqui.
Muito obrigada pelo carinho amores!
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