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Miriam Makeba

Mamã África

Miriam Makeba é a cantora africana cuja fama chegou a todo o mundo. Faleceu em
Novembro de 2008, de ataque cardíaco, após um concerto anti-racista no Sul de Itália.
Também chamada «Imperatriz da canção africana», era um símbolo internacional da
luta contra a segregação racial. Ela pôs a sua voz portentosa, o seu talento e o seu
sorriso ao serviço da paz e da construção de um mundo melhor.

Miriam Makeba nasce num subúrbio de Joanesburgo, na África do Sul, a 4 de Março de


1932. A sua mãe, da etnia suazi, ao vê-la tão pequenina e débil, dá-lhe o nome
«Uzenzile». Na língua da etnia do pai – o xosa – significa «Não subsistirá». Porém, ela
sobrevive.
Quando Miriam tem 8 anos, a família transfere-se para Pretória, porque o pai arranja
trabalho numa empresa petrolífera. Ele, porém, morre vítima de cancro ainda Makeba é
adolescente. A mãe vai servir numa casa de brancos, e ela abandona os estudos para
também trabalhar e, deste modo, contribuir para a economia familiar.
Aos 17 anos, nasce a sua única filha, Bongi, do primeiro marido, James Kubay. Porém,
ao descobrir que ele a trai, divorciam-se quatro anos mais tarde.
Miriam Makeba adora cantar. Começa no coro da igreja. Quando tem 20 anos, é
seleccionada para fazer parte do grupo Manhattan Brothers e tem a oportunidade de
visitar vários países vizinhos da África do Sul. É nesta altura que adopta o nome
Miriam. Pouco depois, forma o seu próprio grupo, o Skylarks, só de mulheres
(www.xiconhoca.net/MakebaSkylarksMP3/index.htm).
Em 1956, compõe a canção fabulosa «Pata Pata» (assiste em
http://br.youtube.com/watch?v=kCc61z9IFu4), que tem enorme êxito em todo o mundo.
Depois dela, recebe convites para cantar, a solo, na Europa e nos Estados Unidos. Aqui
desperta a atenção de Harry Belafonte, músico, cantor, actor e activista político e
pacifista norte-americano com ascendência na Jamaica.
Makeba mistura o jazz com os sons tradicionais da África do Sul nas suas canções.
Depois, empresta-lhes as suas enormes qualidades vocais, as suas coreografias em palco
e o seu poder de comunicação com o público, e isso contribui para espalhar a sua fama
pelo mundo inteiro. Os estalos feitos com a língua, que são típicos do dialecto xosa,
tornam as suas interpretações inconfundíveis. Em 1959, ela é estrela na ópera de jazz
King Kong, sobre um lutador de boxe, e no filme antiapartheid «Come Back África»
(http://br.youtube.com/watch?v=Ui0xSaleVB0), com o seu segundo marido, o
compatriota Hugh Masekela.
As canções de Miriam Makeba são apelos em favor dos povos oprimidos, em particular
do povo da África do Sul, onde o Governo aplica um regime que impõe a segregação
racial. Este facto faz dela uma embaixadora dessa África onde a liberdade não existe.
O mesmo espírito das suas canções acarreta-lhe dissabores. Em 1960, o Governo sul-
africano retira-lhe o passaporte, para lhe dizer que lhe nega a nacionalidade, porque a
mensagem que ela passa no estrangeiro desagrada às autoridades. É, por isso, forçada a
viver no exílio.
A glória chega em 1966. Ela é a primeira africana a receber um Grammy. Este prémio
distingue o álbum «Uma tarde com Harry Belafonte e Miriam Makeba» (escuta-o em
www.akh.se/makeba/lsp3420.htm).
As terceiras núpcias, em 1969, com o norte-americano Stokely Carmichael, líder da
banda Black Panthers, causam embaraço nos Estados Unidos. A sua editora discográfica
anula o contrato e cancela-lhe os espectáculos. Numerosas rádios recusam passar as
músicas dela. Então, o casal vai viver para a Guiné-Conacri, em África. Enquanto ele é
assessor do presidente da República Sekou Touré, ela faz digressões na Europa, África e
América do Sul.
Em 1976, Ano Internacional contra o Apartheid, assim declarado pela Organização das
Nações Unidas (ONU), ela discursa na sede desta organização. É a segunda vez que fala
perante a assembleia das nações. Três anos antes, pedira a libertação dos prisioneiros
políticos da África do Sul.
Nos primeiros anos da década de 80, ela é delegada da Guiné-Conacri na ONU e por
este cargo recebe, em 1986, o Prémio da Paz Dag Hammarskjöld (nome de um antigo
secretário-geral da ONU), em Bruxelas, onde reside desde o ano anterior.
Makeba volta à África do Sul apenas em 1990, depois de um pedido pessoal de Nelson
Mandela, libertado a 11 de Fevereiro desse ano. A população negra recebe-a como
heroína. Em Abril do ano seguinte, faz o concerto que encerra trinta anos de ausência.
Pouco depois, cria a Fundação Zenzile Miriam Makeba para patrocinar acções de
protecção das mulheres.
Em 2002, recebe, em Estocolmo, na Suécia, o Prémio Polar, considerado como o Nobel
da música. Este galardão distingue-a como batalhadora contra todas as formas de
opressão.
Em 2005, inicia a «Digressão de Despedida», que terminou em Novembro de 2008,
com a sua morte em Itália, aos 76 anos. Nelson Mandela, ao saber do falecimento,
exclama: «Foi a primeira-dama da canção da África do Sul e ganhou, merecidamente, o
título de Mama África. Foi a mãe da nossa luta e da nossa jovem nação.»

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