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A ORALIDADE EM SALA DE AULA

A fala é um instrumento fundamental e essencial para entender o desenvolvimento do homem, no que refere aos

seus instintos de desbravador, de curioso, de cientista. Isso se deu pelo fato de suas ações, suas experiências e

suas impressões serem transmitidas oralmente de geração a geração numa evolução natural humana. Através da

oralidade, os povos conservam uma fonte viva de suas culturas tradicionais.

Sendo assim, percebendo que a fala é mais espontânea e acompanha o homem em suas aventuras desde as

épocas mais remotas, como a prática deve valorizar o ensino da oralidade? E por que trabalhar a oralidade se faz

importante na prática educativa?

É válido afirmar que trabalhar com a oralidade tem como um dos objetivos desenvolver as habilidades linguísticas

de falar e escutar. E, neste sentido, o escutar não pressupõe uma atitude passiva através da qual expressa o

respeito pelo interlocutor, mas, principalmente, a observação de toda argumentação, de seu encadeamento e

desenvolvimento de ideias e o respeito aos turnos conversacionais. Enfim, sendo a oralidade um valioso

instrumento interdisciplinar e a primeira modalidade linguística a ser adquirida pelo indivíduo, faz-se necessário

que a escola ponha em relevância o seu papel no processo ensino-aprendizado.

Uma criança desenvolve seu ato comunicativo apenas vendo e convivendo com adultos. Isto significa que, mesmo

não fazendo uma leitura de livros ou outras, a mesma consegue comunicar-se. Ela traz consigo uma pré-

disposição, uma gênese psicológica que a leva a desenvolver suas habilidades, a partir do momento no qual esta é

apresentada às situações de desafios e aprendizagens.

Visto isso e para que haja então uma melhor fundamentação da escrita e para que a promoção de atividades

escolares contemple também o interesse por ouvir e manifestar sentimentos, experiências, ideias e opiniões, o

trabalho com a oralidade precisa assumir maior ênfase no processo educativo.

As ações educativas tornam o processo mais eficaz ao propiciarem situações dinâmicas e envolventes, através das

quais os alunos podem explorar e desenvolver seu instrumento comunicativo e social o qual tem assumido lugares

secundários na aprendizagem: a fala.

Através de “rodas de conversa”, por exemplo, nas quais o professor induz os alunos a relatarem suas impressões

a respeito dos conteúdos, dos desafios propostos e, até mesmo, a fazerem uma avaliação da aula e das ações

assumidas nesta, ou através de verbalização de textos escritos, nos contos, músicas, dentre outras formas, a

oralidade pode ser contemplada nas séries iniciais.

Porém é importante que os educadores percebam que estas estratégias serão meios através dos quais irão

estimular, indagar, questionar, levar o aluno à curiosidade e, nestes momentos, favorecer o respeito ao espaço do

outro, oportunizando os educandos a argumentar e salientar aspectos os quais enriquecem e estimulam a

pesquisa e o estudo.
Dependendo do avanço dos anos, através desta observação e prática de conversação, o educador poderá pontuar

e contemplar os aspectos linguísticos, gramaticais e semânticos de maneira a tornar-los mais eficazes do que

apenas um ensino tradicional e escrito, uma vez que eles estarão em suas situações de uso e adequação

linguística.

É fato que sabemos a importância da fala em nossa natureza humana, uma vez que, desde novos, nos

comunicamos e, desde o balbucio, sentimos e temos necessidade de falar. É certo também que, enquanto

educadores, reconhecemos a importância deste aspecto da linguagem no desenvolvimento educativo e humano do

indivíduo. Mas, acima de tudo, é necessário que a discussão acerca desta temática não seja inibida e possibilite

novas ações e práticas, realmente, eficazes neste sentido.

O falar e ouvir são fundamentais. É através da fala, da oralidade que compartilhamos ideias, debatemos opiniões,

fundamentamos e adequamos os fatores linguísticos os quais contemplamos na escrita.

Lembremo-nos durante nossa ação, no que se refere ao ensino da língua materna, da frase de Bakhtin, a qual

ganhou destaque no início deste: “O homem se faz na linguagem e pela linguagem” e busquemos

contemplar o trabalho da oralidade como fator essencial em sala de aula, até mesmo para que favoreçamos o

desenvolvimento de alunos participativos, críticos e falantes os quais concretizam o fator sócio-comunicativo da

linguagem.

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