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DIREITOS HUMANOS
Curso - DIREITO
Professora-Mestre Mercedes Lima
Disciplina - Direitos Humanos
Carga Horária 72 horas Horas –TURMA 7º DIM e 7º DIN
Anotações Baseada na Bibliografia indicada.
Ementa
Direitos Fundamentais e sua evolução histórica. Conceitos e Características
de Cidadania e dos Direitos Humanos.Direito : histórico. Os direitos humanos
nas Declarações de Direitos e nas Constituições. A Constituição Brasileira de
1988 e os Tratados Internacionais de proteção dos Direitos Humanos,
Ministério Público e Defesa dos Direitos Humanos. O sistema internacional de
proteção. Dos Direitos Humanos e a redefinição de cidadania no Brasil
Justificativa
Bibliografia
COMPLEMENTAR
Tem como centro dos nossos estudos o ser humano, suas formas de
organização social ao longo da história e conseqüências geradas a partir da busca
pela subsistência e reprodução da própria vida. O que é o cidadão? No que consiste
a dignidade humana?
II. Histórico
Todos eles, cada um a seu modo, foram autores de visão do mundo, a partir das
quais se estabeleceu a grande linha divisória histórica: as explicações mitológicas
anteriores são abandonadas, e o curso posterior da História passa a constituir um
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Jayme Pinsky aponta que se atribui aos hebreus, antecessores dos judeus
modernos, a criação do monoteísmo, embora antes deles já cultuassem um só deus
.Mas, é a partir do povo hebreu que se registra historicamente o monoteísmo.
O ser humano passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como ser
dotado de liberdade e razão, apesar das diferenças de sexo, etnia ( dizemos etnia e
não raça, porque essa é única, a humana) ou costumes sociais. Estão, então,
lançados os fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e
para a afirmação da existência de direitos universais, porque a elas inerentes.”
(Comparato).
Comparato entende que a idéia de que “todos os seres humanos têm direito a
ser igualmente respeitados, pelo simples fato de sua humanidade”, nasce com a lei
escrita, como regra geral e uniforme, igualmente aplicável a todos os indivíduos que
vivem numa sociedade organizada.”. Entre os gregos, uma outra noção importante:
a da lei não escrita, aqui entendida como leis universais, originalmente de cunho
religioso, as quais sendo gerais e absolutas, não se prestavam a ser promulgadas
no território exclusivo de uma só nação.”
Em Aristóteles elas são chamadas leis comuns. Depois elas perdem o sentido
religioso e vão adquirindo, a partir do reconhecimento de sua universalidade, o
conceito de leis comuns a todos os povos ( concepção adotada pelos romanos).
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1. MONOTEÍSMO
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Nessa fase, antes de Cristo, já no monoteísmo, temos os profetas, tais como Isaías
(740 a.C.), Amós (783 a.C.) em seus textos já exigindo um comportamento ético
numa sociedade em que a monarquia já estava dividida entre Israel e Judá, dois
pequenos reinos, com grande estrutura burocrática e com uma vida difícil para a
maioria.Antes, até por volta do ano 1000 a.C. os hebreus tinham vivido divididos em
12 tribos, sem reis ou qualquer outro tipo de monarca, sem divisão de trabalho que
implicasse em hierarquização social, sem propriedade particular de bens.
Tinham juízes que ouviam as partes, tais como Débora ou Samuel e outros que
eram guerreiros,como Sansão. Depois, com a monarquia tudo muda :cria-se a Casa
Real, com toda uma estrutura:militar, burocrática, religiosa, ideológica. Nessa
condição nasce, com o terceiro rei, Salomão, o templo de Jerusalém, que ritualiza a
religião obrigando-a a todos.Nesse contexto, afirma Jayme Pinsky, Isaías e Amós,
criticam o sistema, propõem uma nova sociedade, desistem do deus do templo, “de
qualquer tempo, e criam o deus da cidadania.”
3. O IMPÉRIO ROMANO
A palavra ciuis gerou ciuitas, ou seja, cidadania, cidade, Estado, que para os
romanos constituem um único conceito. Roma foi fundada em 753 a.C. e desde o
seu início caracterizou-se pela diversidade de povos e costumes, formando-se a
partir do domínio etrusco, que, aliás, relevava o papel feminino na sociedade. Em
Roma havia os patrícios, proprietários de terras, com o monopólio dos cargos
públicos, considerados os cidadãos.Formavam o Conselho de Anciãos, o Senado. O
restante da população era o povo, a plebe, que não tinha os mesmos direitos dos
oligarcas. Havia ainda os escravos levados a essa condição pela pobreza.
Assim, também a luta dos Irmãos Tibério e Caio Gracco e finalmente a revolta
comandada pelo líder escravo, Espártaco, vendido como gladiador, atuante em
Cápua (73 a.C.). Na República Romana há grandes avanços com as possibilidades
de iniciativas jurídicas dos cidadãos. Também as eleições representam um avanço
na cidadania. ( voto secreto, por escrito). Otávio Augusto ( após César) reorganiza
em 31 a.C. a estrutura política. Podia-se votar ( não as mulheres) ou ter propriedade
apenas com a cidadania local, que era, então, um privilégio.
4. O CRISTIANISMO
Kant distingue as coisas (entes que não dependem de nossa vontade, mas da
natureza, quando irracionais), com valores relativos, como meios dos entes
racionais, denominados de pessoas, marcados, pela sua própria natureza, como fins
em si mesmos, ou seja, “como algo que não pode servir simplesmente de meio.
Aqui ocorre o reconhecimento de que o homem é o único ser vivo que dirige a sua
vida em função de preferências valorativas. Ele é, ao mesmo tempo, o legislador
universal, em função dos valores éticos que aprecia, e o sujeito que se submete
voluntariamente a essas normas valorativas.
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AS REVOLUÇÕES
Afirma Comparato (obra cit.) que era necessário a dissolução total do sistema feudal
“para que as forças modernizadoras do modo de produção capitalista
desabrochassem por completo, livres de qualquer entrave , faltava algo mais, e esse
algo mais chamava-se revolução.”
certa paz durante os reinados de Henrique VII (1485-1509) e Henrique VIII (1509-
1547), uma era de plena colaboração entre a monarquia e o Parlamento.
Governa : o gentry ( o agricultor capitalista), uma nova classe social que governaria
a Inglaterra pelos próximos três séculos e mais a a classe burguesa, urbana, com
seu sistema doméstico de manufatura.
Primeiramente derruba, de certa forma, a idéia do poder divino dos reis; pode-se ter
a partir daí uma postura crítica à Igreja. ( Thomas Hobbes – Leviatã – 1651 –
defendendo que os homens firmam um pacto que lhes preserva a vida em troca da
sua liberdade individual). Já se aponta para a futura relação moderna entre o Estado
e os homens, aquele como uma criação artificial do homem.
Finalmente ,o indivíduo vem antes do Estado. Depois temos Locke afirmando que
a função do poder político é elaborar leis para regular a propriedade. Essa posição
leva ao individualismo exacerbado, mas, defende como ninguém a tolerância entre
os seres humanos. Há a defesa – como um valor universal – dos direitos de
cidadania.
Por fim advém a Lei de Habeas Corpus, de 1679, com o nome oficial de “uma lei
para melhor garantir a liberdade do súdito e para prevenção das prisões ultramar”. O
direito inglês, ao contrário do francês e do nosso, não concebe ,desde essa época, a
existência de direitos sem uma ação judicial própria para sua defesa. Para os
latinos, como sabemos, ocorre o contrário: os direitos subjetivos são principal e as
ações judiciais, o acessório, que a eles deve adaptar-se. ( doc.anexo a Lei)
Quando o navio MayFlower aportou na então Nova Inglaterra (EEUU) ali era uma
terra abandonada pela Inglaterra.Formam as trezes colônias.O primeiro grito de
liberdade da Inglaterra ocorre na Virginia, em 1676, na luta do general Bacon contra
W.Berkeley, e, apenas cem anos depois advém a Declaração de Independência,
datada de 4 de Julho de 1776.
Desde o início a proposta dos mais pobres contra os mais ricos era a de rapinagem
contra os indígenas. Os ingleses não davam atenção às colônias.e isso permitiu, de
certa forma, um comércio mais livre.Depois, a Inglaterra, pressionada por dívidas
começa a exigir pesados impostos. A revolução, entretanto, segundo estudiosos, é
conservadora já que nasce buscando restaurar uma situação anterior, ou seja, a não
interferência inglesa. A Declaração de Independência afirma que todos os homens
foram criados iguais e dotados pelo Criador de direitos inalienáveis, como vida,
liberdade, busca de felicidade. Mas, é preciso dizer que a democracia do século
XVIII e início de XIX era restrita porque dela se excluía as mulheres, os brancos
pobres e, claro, havia a escravidão dos negros. ( assim como a democracia grega
excluía as mulheres, os estrangeiros e os escravos).
Para dar um fim aos conflitos nas ruas Luiz XVI chama todos para uma reunião em
Versalhes, tendo como pauta um único assunto: a votação do orçamento do
Estado.Comparece os chamados Estados Gerais (deputados dos nobres) o Alto
Clero ( bispos, cônegos, arcebispos) e o Terceiro Estado (plebeus, advogados,
médicos, juízes). Este último, nas reuniões, era obrigado a reunir-se em separado.
Mas, nessa reunião decide se reunir juntamente com o os outros dois poderes. O
pedido vai a voto e não passa ( os nobres a recusam e o Clero fica dividido).
O artigo primeiro estabelece que “os homens nascem e permanecem livres e iguais
em direitos”, sendo tais direitos naturais e consistentes na liberdade, no direito à
propriedade, na segurança e na resistência à opressão. A liberdade é definida:
trata-se da liberdade da pessoa, da liberdade individual. Estabelece os direitos e
também seus limites.Define-se que a nação é soberana.
Da primeira participou K. Marx, que, falecido em 1883, não viu essa Segunda.
A primeira Convenção de Genebra foi uma iniciativa de Henri Dunant, um suíço, que
organiza em 1863 com um grupo de pessoas, uma convenção não oficial para
estudar os meios de combater a insuficiência do serviço sanitário nos exércitos em
campanha. Essa convenção foi um marco para a criação da Cruz Vermelha.
A terceira Convenção de Genebra foi escrita em 1929 e teve como objetivo definir o
tratamento ao prisioneiro de guerra, sendo reconhecido como tal todo combatente
capturado, podendo este ser um soldado de um exército, um membro de uma milícia
ou até mesmo um civil, como os resistentes. Por essa convenção, foi permitido ao
Comitê Internacional da Cruz Vermelha visitar todos os campos de prisioneiros de
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guerra, sem restrições. O Comitê também pode dialogar, sem testemunhas, com os
prisioneiros.
Os teóricos socialistas nos meados do século XIX sofrem pressões de uma massa
cada vez maior, desta feita organizados, em partidos e nas Internacionais. Havia
diversas correntes no socialismo, mas todos instavam à mobilização dos
trabalhadores. De todas as perspectivas apresentadas ( Blanqui, Bakunin, Lassalle)
vence a formulação teórica-política de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
( 1820-1895).
E, assim, em quase toda a Europa, e mais para frente mais conquistas, por
temer o comunismo, a partir da vitória dos trabalhadores na União Soviética.
Resta estabelecido chamado- estado de bem estar social – o conjunto de
direitos sociais de amparo aos trabalhadores e suas famílias- que foi possível
porque o capitalismo estava em seu auge, garantindo praticamente o pleno
emprego.
Também a Segunda Guerra Mundial impulsiona à luta pelos direitos sociais. É desta
época o Plano Beveridge (1941/1942) prevendo o pleno emprego e sobretudo a
universalização dos direitos sociais ( não mais para esta ou aquela categoria).Na
Conferência de 1944 tem-se a chamada Declaração de Filadelfia ( uniformidade,
unicidade e uniformidade.A Declaração eleva os direitos sociais a nível dos demais
direitos humanos, quando afirma que todos os seres humanos gozam do direito de
viver com segurança econômica e oportunidades iguais. O trabalho não é uma
mercadoria.( assertiva essa,impossível de ser cumprida no capitalismo).
BRASIL
É posto em foco a realidade da pessoa, não só enquanto pessoa, mas ela imersa no
mundo ( yo soy yo y mi circunstancia – Ortega y Gasset). Aponta-se também na
filosofia contemporânea que o ser do homem não é imutável: ele é um vir-a-ser, um
contínuo devir, no sentido de cada um de nós já nasce moldada por um passado
coletivo. A essência do ser humano é evolutiva, porque a personalidade de cada
indivíduo, isto é, o seu ser próprio, é sempre, na duração da vida, algo de incompleto
e inacabado, uma realidade em contínua transformação, conforme aponta
Heidegger. Toda pessoa é um processo de vir-a-ser. Somos patrimônio genético e
patrimônio social.
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Em 1993 foi criado o posto de Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, com a missão de “promover o respeito universal de todos os direitos
humanos, traduzindo em atos concretos a vontade e a determinação da comunidade
internacional, tal como ela se exprime por intermédio da ONU.”
Embora aprovado em 66, ambos os Pactos entraram em vigor apenas dez anos
depois, em 1976, cabendo aos Estados -partes o dever de proteger os indivíduos
contra violações de seus direitos.Seriam autoaplicáveis, enquanto que os sociais e
econômicos seria implantado progressivamente. Direitos protegidos : direito à vida,
de não ser submetido à tortura, a tratamento desumano, direitos á liberdade, a uma
nacionalidade, etc. Os Estados-membros têm que apresentar relatórios sobre as
medidas legislativas, já que o Pacto prevê a existência do Comitê de Direitos
Humanos, para monitorar as ações dos Estados. Previu também o Pacto, o
Protocolo Facultativo que permite a possibilidade do direito de petição individual
perante o Comitê, e, ultimamente, tem se aceitado petições feitas por organizações.
(sempre que esgotadas todas as vias de recursos internos).
Outra diferença que poderia ser apontada seria quanto ao caráter espacial , ou
seja, direitos fundamentais seriam aqueles direitos do ser humano reconhecidos e
positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao
passo que a expressão direitos humanos guardaria relação com os documentos de
direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao
ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada
ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os
povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter
supranacional(internacional) – (1) SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2006, p. 35 e 36.).
Para quem tem uma visão materialista da história, vai se dar conta de que os
valores que permeiam os direitos humanos, tais quais a liberdade e a igualdade têm
uma construção muito limitada. São noções que permanecem ofuscadas quando se
trabalha com categorias capitalistas, sendo, na verdade, nada mais do que sombras,
arremedos do que efetivamente deveriam ser. Na verdade, as construções
burguesas de liberdade e igualdade não nos fazem atingir o que, na essência,
poderiam vir a ser, para uma humanidade solidária, estas duas categorias.
Ainda com Marx vamos verificar que o mesmo despreza essa divisão entre cidadão
e o homem, crendo que essa é uma visão que separa o ser político do ser cidadão.
Consulta Bibliográfica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre :
Livraria do Advogado, 2006, p. 42.