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Capitães da Areia (Mais sobre a Obra)

Em Capitães da Areia - 1937 - A "cidade alta" é que serve de cenário. Pedro Bala é o chefe de
um grupo de jovens arruaceiros que roubam para sobreviver. Nunca ninguém havia
mencionado em literatura este bando de jovens que engenhosamente desafia as autoridades,
roubando a classe privilegiada e dividindo o produto do roubo entre os seus camaradas
subnutridos. Embora claramente uma obra de protesto "Capitães da Areia" não se vale de ocas
figuras centrais que se limitem a expor determinadas filosofias, tampouco marcas negativas. Ao
contrário todas principais personagens, como as secundárias mais significativas, são bem
desenvolvidas, ainda que um tanto sentimentalmente capazes mesmo de combater com
excessivo preconceito do narrador onisciente.
Os personagens são em sua maioria masculinos, e dentre eles, Pedro Bala, cuja agilidade
sugerida pelo apelido, merece especial atenção- Sem Perna, Pirulito, O Professor são os mais
destacados: Ainda temos no grupo João Grande, Volta Seca, Boa Vida muito bem configurados
pelos seus apelidos baseados na aparência física.
Dora é a única figura feminina merecedora de destaque, pois ela passa a assumir o
referencial feminino da família, a mãe.
Para alguns ela é uma mãe, para outros uma irmã, e para Pedro Bala uma namorada.
Voltando a Pedro Bala, suas valentes façanhas de jovem capitão de enjeitados a organizador
comunista dão margem a uma curiosa interpretação.
Ele e seu bando vivem e agem como muitos jovens nas mesmas circunstâncias. Estes
jovens enfrentam o Governo, moram escondidos e garantem o Pão roubado dos ricos.

Os Capitães da Areia se mostram bastantes envolvidos e respeitadores do folclore e


religião da Bahia.
Ao mesmo tempo que eles se relacionam bem com o padre José Pedro, eles se dão bem
com a Mãe de Santo D. Aninha. Envolviam-se no candomblé, capoeira e respeitavam a igreja.

A justiça se mostrava indiferente ao Capitães da Areia só se preocupando com eles


quando roubavam alguém importante! Aí eles eram perseguidos.

A igreja também não se mostrava preocupada com os Capitães da Areia. Apenas o padre
José Pedro se interessava em ajudá-los.

A impressa fazia o papel de porta-voz de problemas relacionados aos Capitães da Areia;


mas o espaço era sempre e mais destacados quando o material era para acusá-los

Personagens

1 - Pedro Bala: Era um jovem loiro de 15 anos, que tinha um corte no rosto. Era o chefe dos
Capitães da Areia, ágil, esperto, respeitador e sabia respeitar a todos. Saiu do grupo para
comandar e organizar os Índios Maloqueiros em Aracaju, desejando com líder do grupo
Barandão. Depois disso ficou muito conhecido por organizar várias greves, como perigoso
inimigo da ordem estabelecida.

2 - Professor: Era um garoto magro, inteligente, calmo e o único que sabia ler no grupo. O
professor era quem planejava os roubos dos Capitães da Areia. Depois de muito tempo aceitou
um convite e foi pintar no Rio de Janeiro.

3 - Gato: Era o mais bonito e mais elegante da turma. Tinha em caso com Dalva mulher das
noites que todo o dia ia vê-la. Participava dos planos mais arriscados e era muito malandro e
esperto. Tempos depois foi embora para Ilheús tentar a sorte.

4 - Sem Pernas: Era um garoto pequeno para sua idade, coxo de uma perna, agressivo,
individualista. Era quem penetrava nas casas de família fingindo ser um pobre órgão com o
objetivo de descobrir os lugares da casa, onde ficavam os objetos de valor depois fugia e os
Capitães da Areia assaltavam a casa. Seu destino foi suicidar-se atirando-se do parapeito do
elevador Lacerda, pelo ódio que nutria pela polícia baiana.

5 - João Grande: Era um negro alto, forte e burro. Era também o defensor dos menino
pequenos do grupo. Era figura importante no grupo, e realizava os mais audaciosos furtos ao
lado de Bala, seu destino foi se mandar como ajudante num navio.

6 - Pirulito: Era magro e muito alto, um cara seca, meio amarelado, olhos fundos, boca rasgada
e pouco risonha. Era o único do grupo que tinha vocação religiosa apesar de pertencer ao
Capitães da Areia. Quando parou de roubar, para sobreviver vendia jornais, seu destino foi
ajudar o padre José Pedro numa paróquia distante.

7 - Boa Vida: Era mulato troncudo e feio, o mais malandro do grupo, e sabia tocar violão,
também participava dos principais roubos do grupo. Seu destino foi virar um verdadeiro
malandro, que vivia a correr pelos morros compondo sambas.

8 - Volta Seca: Era um mulato sertanejo, afilhado de Lampião que odiava a polícia. Seu destino
foi ir para o Nordeste na rabada de um trem, até entrar no grupo de Lampião e virar um
cangaceiro destinado.

9 - Dora: Tinha treze para quatorze anos, era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele.
Era uma menina muito simples, dócil, bonita, simpática e meiga. Conquistou facilmente o grupo
com seus cabelos lisos. Seus pais haviam morrido de alastrine e ela ficou sozinha no mundo
com seu irmão pequeno. Tentou arrumar emprego, mais ninguém queria empregar filha de
bexiguento. Aí ela encontrou João Grande e professor que a chamaram para morar no
Trapiche, e logo ela já era considerada por todos como uma mãe, irmã e para Bala uma noiva.
Ela participava dos roubos com os outros meninos. Morreu queimando de febre.

Espaço

A narrativa se desenrola no Trapiche (hoje Solar do Unhão e o Museu de Arte Moderna); no


Terreiro de Jesus (na época era lugar de destaque comercial de Salvador); onde os meninos
circulavam na esperança de conseguirem dinheiro e comida devido ao trânsito de pessoas que
trabalhavam lá e passavam por lá; no Corredor da Vitória área nobre de Salvador, local visado
pelo pelo grupo porque lá habitavam as pessoas da alta sociedade baiana, como o
comendador mencionado no início da narrativa.

Tempo

A obra apresenta tempo cronológico demarcado pelos dias, meses, anos e horas
conforme exemplificam os fragmentos: "É aqui também que mora o chefe dos Capitães da
Areia, Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus 5 anos. Hoje tem 15 anos. Há
dez anos que vagabundeia nas ruas da Bahia."
O tempo psicológico correspondente às lembranças e recordações constantes na
narrativa.
A fala de Zé Fuinha (...) "Quando terminaram, o preto bateu as mãos uma na outra, falou:
- Teu irmão disse que a mãe de você morreu de bexiga...
- Papai também...
- Lá também morreu um...
- Teu pai?
- Não. Foi Almiro um do grupo."

Foco Narrativo

A obra "Capitães da Areia" é narrada na terceira pessoa, sendo o autor, Jorge Amado, o
narrador apenas o expectador. Ele se comporta, durante todo o desenvolvimento do tema, de
maneira indiferente, criando e narrando os acontecimentos sem se envolver diretamente com
eles.

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