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A Prescrição

A prescrição (art. 109 a 118, CP), considerada (erroneamente) por muitos a institucionalização
da impunidade, pode ser dividida em antes do trânsito em julgado e depois do trânsito em
julgado (retroativa ou da pretensão executória).

A ocorrência da prescrição resulta na extinção da punibilidade (o Estado não pode mais punir o
autor de um fato ilícito).

A prescrição começa a ser contada a partir da ocorrência de um dos fatos previsto no art. 111, do
CP (data da ocorrência do fato delitivo, quando cessar a atividade ilícita nos casos de crime
permanente etc.).

A contagem do prazo pode ser suspensa (a contagem pára, mas quando volta continua de onde
estava) ou interrompida (pára a contagem e depois ela volta a correr do zero).

Há duas formas de se calcular a prescrição que ocorre antes ou durante o processo. A primeira é
baseada na provável pena do autor do delito (pena em abstrato), a outra é fundada na pena
definitiva aplicada em sentença transitada em julgado para a acusação (pena em concreto).

Para se calcular a prescrição em abstrato, considera-se o máximo de pena possível que pode
aparecer numa provável sentença condenatória (incluindo qualificadoras, causas de aumento
etc.). Se uma das fases do processo (período em que a prescrição corre, entre o cometimento do
crime e a data em que a denúncia é recebida ou entre o recebimento da denúncia e a publicação
da sentença, p. ex.) exceder esse limite, deve ser declarada a prescrição.

Quando a sentença condenatória transita em julgado para a acusação (o MP ou o querelante não


podem fazer mais nada no processo) utiliza-se o tamanho dessa pena para calcular a prescrição
(pena em concreto) e verifica-se se uma das fases anteriores ultrapassou o prazo prescricional.

Após o fim do processo (com o trânsito em julgado para ambas as partes), tem início a execução.
A partir desse momento, o Estado também tem um prazo para executar a pena do condenado
(colocá-lo na prisão). Se não conseguir dentro do prazo prescricional, deve ser reconhecida a
extinção da punibilidade.

Abaixo uma tabela baseada no CP para facilitar o trabalho de quem precisa calcular a prescrição:

Quantidade de Pena Prazo prescricional


Menor que 1 2 anos
Igual a 1 e menor igual a 2 4 anos
Maior que 2 e menor ou igual a 4 8 anos
Maior que 4 e menor ou igual a 8 12 anos
Maior que 8 e menor ou igual a 12 16 anos
Maior que 12 20 anos

Os intervalos que devem ser utilizados para verificar se ocorreu a prescrição são:
 Entre o cometimento do crime e o recebimento da denúncia;
 Entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença (ou acórdão, caso houve
apelação) condenatória;
 Entre o recebimento da denúncia e a pronúncia (ou acórdão que confirma a pronúncia)
(nos crimes do procedimento do júri);
 Entre a pronúncia e a publicação da sentença condenatória (nos crimes do procedimento
do júri);
 Entre o trânsito em julgado da sentença para a acusação e o início do cumprimento da
pena;
 Entre a fuga do presídio e a captura (sim, se o condenado for suficientemente inteligente
para se esconder do Estado, não precisa voltar pra cadeia).

Para melhores informações consulte um livro sobre Direito Penal Parte Geral, só não sei qual
porque ainda não achei um bom que eu goste (eu uso o do Mirabete, Manual de Direito Penal,
mas não recomendo).

Crimes Imprescritíveis. São eles,

- Art. 5º, XLII e XLI da CF-88):


- Crimes de Racismo previstos na lei 7.716/89 e a prática de crimes por grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional democrática, previstos na Lei de Segurança Nacional (lei
7.170/83).

A Remição e a Detração

Com a criação da Lei de Execução Penal (LEP), a pena tem função de ressocialização. Ou seja, a
prisão deve fornecer elementos que facilitem a (re)introdução do indivíduo na sociedade após o
cumprimento da pena.

Com isso o preso deve aprender um ofício ou estudar. E para incentivar os presos a realizarem
uma dessas atividades (sem ter que colocar uma bola de ferro na perna) a lei prevê um benefício
para aquele que exerce uma profissão ou estuda enquanto se encontra preso.

Nos arts. 126 a 130 da LEP encontramos as disposições mais relevantes sobre a remição. A mais
importante é a proporção de dias remidos (descontados da pena) por dia trabalhado, que é de 3
dias trabalhado para 1 dia descontado na pena.

O art. 127 da lei diz que o preso condenado por falta grave perde os dias já remidos e a contagem
começa novamente. O problema desse artigo é que ele vai contra o direito adquirido, uma vez
que o preso realizou a atividade necessária para a remição e, por isso, o desconto na pena deve
ser garantido por aquele tempo já trabalhado.

Considerar o contrário é uma grande sacanagem. Seria como alguém perder os salários de todos
os meses trabalhados numa empresa se fosse demitido por justa causa.
A detração (art. 42, Código Penal) é algo mais simples. É o desconto na pena em razão de uma
prisão processual (temporária, flagrante, preventiva, decorrente de decisão de pronúncia ou
decorrente de sentença condenatória recorrível).

É bem simples, para cada 1 dia preso antes da sentença é descontado um dia do cumprimento da
pena.

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