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A SHIVA SAMHITA

Traduzido para o português por:

Uma Yogini em seva ao Senhor Shiva

Em
Rio de Janeiro, Brasil
Abril/2010

http://yogaestudoscomplementares.blogspot.com

Todas as Glórias a Sri Shiva Mahadeva!

Prefácio da Edição para o Português

(NT) para o texto em português: O texto entre parênteses, em itálico e na


cor diferenciada do corpo do texto, são observações que incluo ao original em
inglês. Também, ao editá-lo em PDF, decidi acrescentar algumas ilustrações em
relação às divindades principais que são citadas no texto, de modo que o leitor
possa desfrutar dessa agradável leitura com espírito de devoção pela santidade que
emana desses ensinamentos.
Adicionei ao Texto original, um pequeno glossário dos termos em sânscrito
para uma melhor compreensão do estudante.
Todo o texto pode ser divulgado nos diversos meios de comunicação, sem
prejuízo de qualquer requisição de autoria por minha parte, uma vez que seva é
uma entrega abnegada, em amor devocional, ao nosso Senhor Supremo Ishvara.

Uma Yogini em seva ao Senhor Shiva.


Brasil, RJ - abril/2010

A SHIVA SAMHITA
Fonte de Consulta
Vedanta Spiritual Library
07 de janeiro de 2000.

_______________________

Traduzido para o inglês por:


Rai Bahadur Srisa Chandra Vasu
_______________________

Prefácio da Edição para o Inglês


Este texto eletrônico é baseado em duas edições distintas da Siva Samhita:
* A edição de 1914 traduzido por Rai Bahadur Srisa Chandra Vasu, publicado pela Apurva
Krishna Bose da imprensa indiana;
* Uma edição não-identificada com um título em falta, indica, e algumas das páginas do
primeiro capítulo, mas que contenham os versículos do capítulo IV, que não foram incluídos na
edição imprensa indiana (ou seja, versículos 53 a 79 no título "Vajrondi Mudra").
O texto sânscrito foi omitido, devido à impossibilidade de transcrevê-lo em ASCII. Onde o texto
em itálico é representado está fechado em <>. Onde o comentário é necessário está entre
colchetes [ ] .
1
Todos os direitos autorais foram mantidos. E sobre este texto de Siva Samhita: não é emitido
para o domínio público. Livre distribuição é permitida, desde que este aviso completo seja
deixado intacto. Toda a responsabilidade para o uso, abuso ou danos a qualquer pessoa é
totalmente da responsabilidade dos responsáveis, e não da responsabilidade do responsável
por este E-texto, ou os responsáveis pela sua distribuição.

Monroe P. Munro
1
Parece que pelo menos parte do texto entre parênteses é de um tradutor. Na formatação
deste documento que tenho em itálico técnico termos sânscritos e transferido comentários
MPM para notas de rodapé. Eu não faço nenhum comentário sobre a reivindicação dos direitos
de autor é MPM sobre este documento, apesar de, pessoalmente, estou em dúvida sobre se a
entrada de chave ASCII dá o direito de autor sobre uma datilógrafa eletrônico edição de um
texto - T.S.

CONTEÚDO

CAPÍTULO 1 – PRATHAMAH PATALAH


CAPÍTULO 2 - O MICROCOSMOS
CAPÍTULO 3 - NA PRÁTICA DE YOGA. OS VAYUS
CAPÍTULO 4 - YONI MUDRA, A SAGRADA BEBIDA DOS KAULAS
CAPÍTULO 5 – (...)

CAPÍTULO 1 – PRATHAMAH PATALAH

EXISTÊNCIA ÚNICA

1: Jñana (Sabedoria) é exclusivamente eterno; ele é sem início e sem fim; não
existe nenhuma outra substância real. As diferenças que vemos no mundo são
resultantes das condições dos sentidos; quando estes cessam, então Jñana é único,
e nada mais permanece.

2-3: Eu, Ishvara, o Amante de meus devotos, e Doador da emancipação espiritual


para todas as criaturas, assim declaro a Ciência de Yoganasasana (a exposição do
Yoga). Nela estão descartadas todas as doutrinas disputantes que levam ao
conhecimento falso. É para o desenvolvimento espiritual das pessoas cujas mentes
são imperturbáveis e totalmente voltadas para mim.

DIFERENÇAS DE OPINIÕES

4: Alguns enaltecem a verdade, outros a purificação e o ascetismo; alguns exaltam


o perdão, outros a igualdade e a sinceridade.

5. Alguns exaltam a esmola, outros louvam os sacrifícios feitos em honra de seus


ancestrais, alguns enaltecem a ação (karma), enquanto que outros pensam no
desapego (vairagya) como sendo o melhor.

6. Alguns sábios exaltam o desempenho das funções de chefe de família; outras


autoridades sustentam o sacrifício do fogo como o mais elevado.
7. Alguns enaltecem o mantra yoga, outros a ida aos locais de peregrinação. Deste
modo são as formas que as pessoas proclamam a emancipação.

8. Estando assim diversamente envolvidos neste mundo, mesmo aqueles que


sabem quais as ações são boas e quais são más, embora livres dos pecados,
tornam-se sujeitas à confusão.

9. Pessoas que seguem essas doutrinas, tendo cometido boas e más ações,
constantemente vagam no mundo, no ciclo de nascimentos e mortes, obrigados por
uma extrema necessidade.

10. Outros, mais sábios entre os muitos, e ardentemente dedicados à investigação


do oculto, declaram que as almas são muitas, eternas e onipresentes.

11. Outros dizem, “somente as coisas que podem ser percebidas pelos sentidos
existem, e nada além delas; onde é o céu ou o inferno? Tal é a sua firme convicção.

12. Outros acreditam que o mundo é uma ocorrência da consciência e nenhuma


entidade material; alguns chamam de vazio como o mais elevado. Outros
acreditam em duas essências – Matéria (prakriti) e Espírito (Purusha).

13 - 14. Assim, acreditando em muitas e diferentes doutrinas, com suas faces


voltadas para longe do objetivo supremo, eles pensam, de acordo com sua
compreensão e educação, que este universo é destituído de Deus; outros acreditam
que há um Deus, baseando suas afirmações sobre vários argumentos irrefutáveis,
fundados na diferença entre os textos que declaram a alma e Deus, e ansiosos para
provar a existência de Deus.

15 - 16. Estes e muitos outros sábios, com várias denominações diferentes, têm
declarado nos Shastras como líderes da mente humana em desilusão. Não é
possível descrever completamente as doutrinas destas pessoas tão amantes da
discussão e da discórdia; pessoas assim vagueiam neste universo, afastando-se do
caminho da emancipação.

Yoga, o único método verdadeiro

17. Após ter estudado todos os Shastras, e ponderado muito bem sobre eles,
repetidamente, este Yoga Shastra foi estabelecido como sendo a única doutrina
verdadeira e firme.

18. Uma vez que o Yoga, tudo isto verdadeiramente é conhecimento, tanto quanto
uma convicção, todo o esforço deve ser feito para conquistá-lo. Que necessidade
há, então, de quaisquer outras doutrinas?

19. Este Yoga Shastra, sendo agora declarado por nós, é uma doutrina
verdadeiramente secreta, somente é revelado às mais elevadas almas piedosas
devotadas através dos três mundos.

Karmakanda

20. Existem dois sistemas (como encontrado nos Vedas). Karmakanda (ritualismo)
e jñanakanda (sabedoria). Jñanakanda e Karmakanda são novamente subdivididos,
cada um, em duas partes.

21. O Karmakanda é duplo – consiste de prescrições e proibições.


22. Atos proibidos quando são feitos, certamente levam ao pecado; a realização
dos atos prescritos, certamente resultam em méritos.

23. As prescrições são de três tipos – nitya (regulares), naimittika (ocasionais), e


kamya (opcionais). Pela não realização de nitya, ou os ritos diários, advém o
pecado; mas pela realização delas, nenhum mérito é adquirido. Por outro lado, os
deveres ocasionais e opcionais, se feitos ou deixados de fazer, produzem méritos
ou deméritos.

24. Frutos de ações são de dois tipos – céu ou inferno. Os céus são de vários tipos,
e assim também são os diversos infernos.

25. As boas ações são, na verdade, o céu, e os atos pecaminosos são


verdadeiramente o inferno; a criação é o resultado natural do karma e nada mais.

26. As criaturas desfrutam de muitos prazeres no céu; muitos sofrem dores


insuportáveis no inferno.

27. Os atos pecaminosos resultam em dor; os atos bondosos, em felicidade. Por


causa da felicidade, os homens constantemente realizam boas ações.

28. Quando os sofrimentos pelas más ações são expiados, então acontece o
renascimento certamente; quando os frutos das boas ações têm sido esgotados,
em seguida também, verdadeiramente, o resultado é o mesmo.

29. Até mesmo no céu há a experiência de dor ao ver o maior prazer dos outros;
verdadeiramente, não há dúvida de que todo este universo está cheio de tristeza.

30. Os classificadores do Karma dividiram-no em duas partes, boas e más ações.


Elas são a verdadeira escravidão da alma encarnada, cada um por sua vez.

31. Aqueles que não estão preocupados em desfrutar os frutos de suas ações neste
ou no próximo mundo, devem renunciar a todas as ações que são feitas com
intenção em seus frutos, e tendo igualmente descartado o apego em relação às
ações diárias naimittika, deve empregar-se na prática de Yoga.

Jñanakanda

32. O Yogue sábio, tendo realizado a verdade de karmakanda (trabalhos


ritualísticos), deve renunciar a eles; e tendo deixado ambos, virtude e vício, ele
deve se engajar em jñanakanda (conhecimento).

33. Os textos Védicos, - “O espírito deve ser visto”, - “Sobre isso deve-se ouvir”,
etc., são os reais salvadores e doadores do conhecimento verdadeiro. Eles devem
ser estudados com muito cuidado.

34. Eu Sou a Inteligência, o qual estimula as funções para os caminhos da virtude


(mérito) ou do vício (demérito). Todo este universo, móvel e imóvel, provém de
Mim; todas as coisas são preservadas por Mim; tudo é absorvido em Mim (no
tempo de pralaya, dissolução final); porque nada existe a não ser o espírito, e Eu
Sou esse espírito – não existe nada além disto.

35. Assim como em muitas vasilhas cheias de água, muitos reflexos do sol são
vistos, mas a substância é a mesma; semelhantemente as pessoas, assim como as
vasilhas, são inumeráveis, mas o espírito vivificante (paramatma), como o sol, é
um.
36. Assim como em um sonho, a alma cria muitos objetos por mera vontade, mas
ao despertar todas as coisas desaparecem, muito embora a alma seja única, assim
é este universo.

37. Assim como através da ilusão, uma corda se parece com uma serpente, ou uma
concha de madrepérola se assemelha com a prata, semelhantemente todo este
universo está sobreposto no Paramatma (o Espírito Universal).

38. Assim como, quando o entendimento da corda é obtido, a noção equivocada de


que seja uma cobra não permanece, assim também pelo despertar do
entendimento do eu, desaparece este universo baseado na ilusão.

39. Assim como, quando o entendimento da madrepérola é obtido, a noção


equivocada de que seja prata não permanece, assim também, através do
entendimento do espírito, o mundo sempre parece uma ilusão.

40. Assim como, quando um homem besunta suas pálpebras com o colírio
preparado da gordura da rã, um bambu se parece com uma serpente, assim o
mundo aparece no Paramatma, devido ao pigmento ilusório do hábito e da
imaginação.

41. Assim como através do entendimento da corda a serpente parece uma ilusão;
semelhantemente, através do entendimento espiritual, o mundo parece uma ilusão.
Assim como através dos olhos icterícios, o branco parece amarelo;
semelhantemente, através da doença da ignorância, este mundo aparece no
espírito – um erro muito difícil de ser removido.

42. Assim como quando a icterícia é removida, o paciente vê a cor como ela é,
assim também quando a ilusão da ignorância é destruída, a natureza verdadeira do
espírito se manifesta.

43. Assim como uma corda não pode se tornar uma cobra, no passado, no presente
ou no futuro, assim também o espírito, o qual está além de todos os gunas, e o
qual é puro, jamais se torna o universo.

44. Alguns homens sábios, muito bem versados nas Escrituras, recebendo o
conhecimento do espírito, têm declarado que mesmo os Devas como Indra etc., são
não-eternos, sujeitos ao nascimento e à morte, e passíveis de destruição.

45. Como uma bolha no mar se eleva por meio da agitação do vento, este mundo
transitório surge do Espírito.

46. A Unidade existe sempre. A diversidade não existe sempre; chega um momento
em que ela cessa: duas vezes, três vezes, e a multiplicidade se nota somente
através da ilusão.

47. O que quer que foi, é ou será, seja forme ou informe, em suma, todos esse
universo está sobreposto no Espírito Supremo.

48. Sugerido pelos Senhores da idéia a partir de avidya. Isto é nascido da mentira,
e sua verdadeira essência é irreal. Como pode este mundo com semelhantes
princípios (fundamentos) ser verdade?

O Espírito

49. Todo este universo, móvel e imóvel, originou-se da Inteligência. Renunciando a


tudo, abrigue-se Nele (Inteligência).
50. Como o espaço preenche um jarro, ambos, dentro e fora, semelhantemente,
dentro e fora deste Universo em constante mutação, existe um Espírito Universal.

51. Assim como o espaço preenche os cinco estados falsos da matéria não se
misturando com eles, assim também o Espírito não se mistura com este Universo
em constante mutação.

52. Dos Devas até este Universo material, tudo está preenchido por um só Espírito.
Há um satchitananda (Ser, Consciência, e Bem-aventurança) onipenetrante e sem
um diferente.

53. Uma vez que não é iluminado por outro, pois é auto-iluminado, e visto que é
auto luminosidade, a própria natureza do Espírito é a Luz.

55. Uma vez que o Espírito é distinto deste mundo, o qual é composto de cinco
estados da matéria (terra, água, fogo, ar e éter), que são falsos e sujeitos à
destruição, portanto, Ele é eterno. Ele nunca é destruído.

56. Exceto e além Dele, não há outra substância, portanto, Ele é único; sem Ele,
todo o resto é falso; portanto, Ele é a Verdadeira Existência.

57. Uma vez que neste mundo criado por ignorância, a destruição do sofrimento
significa a conquista da felicidade e, através da Gnose (Conhecimento
Transcendental), a imunidade de todo sofrimento se sucede; dessa forma, o
Espírito é Bem-aventurança.

58. Uma vez que pela Gnose (Conhecimento Transcendental) a ignorância é


destruída, o qual é a causa do universo; dessa forma, o Espírito é a Gnose
(Conhecimento Transcendental); e esta Gnose conseqüentemente é eterna.

59. Desde o momento em que este universo múltiplo teve a sua origem, existe Um
que é verdadeiramente o Eu, do princípio ao fim, através de todos os tempos.

60. Todas estas substâncias externas perecerão no decorrer do tempo, mas Aquele
Espírito o qual é indestrutível pela palavra (existirá) sem um segundo além Dele.

61. Nem éter, ar, fogo, água, terra, nem suas combinações, nem os Devas, são
perfeitos; unicamente o Espírito é.

Yoga e Maya

62. Tendo renunciado todos os falsos desejos e abandonado todos os grilhões


mundanos, o yogue vê certamente em seu próprio espírito o Espírito Universal por
si mesmo.

63. Tendo visto o Espírito que traz à tona a felicidades em seu próprio espírito pelo
auxílio do eu, ele despreza este universo e goza a inefável Bem-aventurança do
Samadhi. (liberação)

64. Maya (ilusão) é a mão do universo. De nenhum outro princípio o universo foi
criado; quando maya é destruída, o mundo certamente deixa de existir.

65. Para ele, a quem este mundo é senão o prazer terreno de maya, e que portanto
é desprezível e sem valor, não pode encontrar qualquer felicidade em riquezas,
corpo etc., nem com os prazeres.

66. Este mundo parece em três diferentes aspectos para os homens – amigável,
hostil ou indiferente; tal como sempre é encontrado no comportamento mundano.
Não há distinção também nas substâncias, conforme sejam boas, más ou
indiferentes.

67. Aquele Espírito, através da diferenciação, verdadeiramente torna-se um filho,


um pai etc. As Sagradas Escrituras têm demonstrado que o universo é o fenômeno
de maya. O yogue destrói este universo fenomenal pela realização de que ele é
senão o resultado de adhyaropa (sobreposto) e pelos meios de aparada (refutação
de uma crença equivocada).

Definição de um Paramahamsa

68. Quando uma pessoa é livre das infinitas distinções e estados de existência,
como casta, individualidade etc., então ela pode dizer que a inteligência é
indivisível e pura Unidade.

Emanação ou Evolução

69. O Senhor desejou criar suas criaturas; de Si proveio avidya (ignorância), a mãe
deste universo falso.

70. Desse modo ocorreu a combinação entre o Puro Brahma (ParamBrahman) e


avidya, do qual surgiu Brahma (o Criador), do qual proveio o akasa.

71. Akasa emanou o ar; do ar surgiu o fogo; do fogo – água; e da água veio a
terra. Esta é a ordem da emanação sutil.

72. Do éter, ar; do ar e éter combinados veio o fogo; do composto triplo de éter, ar
e fogo veio a água; da combinação de éter, ar, fogo e água foi produzido a terra.

73. A qualidade sutil do éter é o som; do ar, o movimento e o toque. A forma é a


qualidade do fogo; e o gosto, da água. Não há como negar isto.

74. Akasa tem uma qualidade sutil; ar, duas; fogo, três; água, quatro; e terra,
cinco qualidades. Ou seja, som, tato, paladar, forma e cheiro. Isto tem sido
declarado pelos sábios.

75 – 76. A forma é percebida através dos olhos, o cheiro através do nariz, o gosto
através da língua, o toque através da pele e o som através do ouvido. Estes são, de
fato, os órgãos da percepção.

77. Da Inteligência proveio todo este universo, móvel e imóvel; queira ou não a
sua existência pode ser demonstrada, o “Todo Inteligência” é Única Causa.

Absorção ou Involução

78. A terra se torna sutil e é dissolvida na água; a água é dissolvida no fogo; o


fogo, igualmente, imerge no ar; o ar é absorvido no éter, e o éter é absorvido em
avidya (ignorância), o qual imerge no Grande Brahma. (a prática desta visualização está
descrita num tratado de tantra yoga, onde o objetivo é visualizar os bhuttas, ou elementos, sendo
dissolvidos no sentido inverso ao de sua emanação. Há também um exercício de bhutta shuddhi, cujo
objetivo é a preparação do yogue para o despertar de Kundalini).

79. Há duas forças – viksepa (a energia da expansão) e avarana (a energia


transformadora) os quais são de grande potencialidade e poder, e cuja forma é a
felicidade. A grande maya, quando não-inteligência e nem matéria, tem três
atributos: sattva (ritmo), rajas (energia) e tamas (inércia).
80. A forma não-inteligente de maya, revestida pela energia de avarana
(transformação), manifesta-se como o universo, devido à natureza da força de
viksepa.

81. Quando, em avidya, tem um excesso de tamas (inércia), então ela manifesta-
se como Durga: a Inteligência que preside sobre Ela é chamada Ishvara. Quando,
em avidya, manifesta-se um excesso de sattwa (equilíbrio), ela se manifesta como
a doce Lakshmi; a Inteligência que preside sobre Ela é chamada Vishnu.

82. Quando, em avidya, tem um excesso de rajas (movimento), manifesta-se como


a sábia Saraswati; a Inteligência que preside sobre ela é conhecida como Brahma.

83. Deuses como Siva, Brahma, Vishnu e os demais, são todos percebidos no
grande Espírito (Paramatma); os corpos e todos os objetos materiais são os
diversos produtos de avidya.

84. O sábio assim explicou a criação do mundo – tattwas (elementos) e não-


tattwas (não-elementos) são assim produzidos – e não o contrário.

85. Todas as coisas são percebidas como finitas (dotadas de qualidades e outras
características), e surgem várias distinções somente através das palavras e dos
nomes; mas não há nenhuma diferença real.

86. Por conseqüência, as coisas não existem; o Grande e Glorioso Um, que se
manifesta através delas, unicamente existe; conquanto as coisas sejam falsas e
irreais, contudo, como o reflexo do real, elas, por enquanto, parecem reais.

87. A Entidade Única, beatífica, completa e todo penetrante, existe sem outro igual,
e nada mais; quem constantemente compreende este conhecimento, liberta-se da
morte e do sofrimento da roda do mundo (samsara, o ciclo de nascimentos e mortes).

88. Quando, através do conhecimento de que tudo é uma percepção ilusória


(aropa) e refutação inteligente (apavada) das outras doutrinas, este universo é
determinado em um; então, além daquele Um nada mais existe.

O Karma reveste Jiva com o corpo

89. Desde o Annamiya Kosa (o veículo físico) do pai (ou dos genitores), e de acordo
com seu karma passado, a alma humana reencarna. Portanto, o sábio considera
este corpo bonito como um castigo, para o sofrimento dos efeitos do karma
passado.

90. Este templo de sofrimento e prazer (corpo humano), feito de carne, ossos,
nervos, medula, sangue e interseção com os vasos sanguíneos e outros
componentes, é somente por causa do sofrimento da dor.

91. Este corpo, a morada de Brahma, e composto dos cinco elementos, e conhecido
como Brahmanda (o ovo de Brahma, ou microcosmos), foi feito para o desfrute do
prazer ou sofrimento da dor.

92. Desde a auto-combinação do Espírito, o qual é Siva, e da Matéria, o qual é


Sakti, e, através de sua interação inerente de um sobre o outro, todas as criaturas
nascem.

93. A partir das quíntuplas combinações de todos os elementos sutis neste


universo, brutos e inumeráveis objetos são produzidos. A inteligência que está
confinada neles, agindo através do karma, é chamada jiva (ser vivente). Todo este
mundo é derivado dos cinco elementos; jiva é quem usufrui dos frutos da ação.
94. Em conformidade com os efeitos do karma passado dos jivas, Eu regulo todos
os destinos. Jiva é imaterial, e está em todas as coisas; mas ele entra no corpo
material para desfrutar os frutos do karma.

95. Confinado na cadeia da matéria por seu karma, os jivas recebem vários nomes.
Neste mundo ele retorna sucessivas vezes para submeter-se às conseqüências
deste karma.

96. Quando os frutos do karma tiverem sido desfrutados (esgotados), jiva é


absorvido no Parambrahma.

CAPÍTULO II – O MICROCOSMOS

1. Neste corpo, o monte Meru – ou seja, a coluna vertebral – está rodeado por sete
ilhas (os chakras); há rios, mares, montanhas, campos; e senhores dos campos
também.

2. Existem nele profetas e sábios, bem como todas as estrelas e planetas. Existem
as sagradas peregrinações, santuários; e as deidades governantes dos santuários.

3. O sol e a lua, agentes da criação e da destruição, também se movem nele. Éter,


ar, água e terra também estão lá. (NT. o sol refere-se ao manipura cakra; a lua, ao bindu. Um
exercício que reverte esse processo é chamado vipareeta karani mudrá, também chamado de posição
invertida, sendo citado tanto no Hatha Yoga Pradipika, quanto no Gheranda Samhita, e cujo objetivo é
fazer com que o néctar que flui da raiz do Sahasrara, em proximidade ao bindu, constantemente, e que
é queimado no fogo do manipura, produzindo a destruição do corpo, seja invertido justamente para
retardar a decrepitude do corpo físico. Nota do Tradutor deste texto para o português.)

Os Centros Nervosos

4. Todos os seres que existem nos três mundos, são também encontrados no
corpo; em torno do Meru eles estão envolvidos em suas respectivas funções.

5. (Mas normalmente os homens não o conhecem). Quem conhece tudo isto é um


yogue; não há dúvida quanto a isto.

6. Neste corpo, que é chamado Brahmanda (microcosmos, literalmente o ovo


mundano), existe o néctar irradiado da lua, em seu local apropriado, no topo do
cordão espinhal (NT. Com referência a bindu e não ao Sahasrara como algumas traduções
meramente especulativas, e sem qualquer reverência pelos ensinamentos dos Swamis, sugerem. Há
uma ligação, entretanto, entre Sahasrara e bindu justamente neste ponto citado.), com oito Kalas
(NT. Literalmente, divisões do tempo. Mas neste caso, implicando em raio. ), na forma de um
semicírculo.

7. Ela tem a sua face voltada para baixo, e flui néctar dia e noite. A ambrosia mais
adiante (amrtam) subdivide-se em duas partes sutis:

8. Um deles, através do canal (nadi) chamado Ida, flui ao longo do corpo para
nutri-lo, como as águas do celestial Ganges – certamente esta ambrosia (amrtam)
alimenta todo o corpo através do canal de Ida.
9. Este raio leitoso (lua) está no lado esquerdo. O outro raio, brilhante como o mais
puro leite e fonte de grande júbilo, entra através do canal central, chamado
sushumna, no cordão espinhal, visando criar esta lua.

10. Junto à base de Meru está o sol , tendo doze Kalas (literalmente, divisões do tempo.
Mas neste caso, implicando em raio. NT). No caminho do lado direito (Pingala) o senhor
das criaturas carrega (o fluído) através de seus raios para a parte superior.

11. Isso certamente engole as secreções vitais, e o néctar vertido do raio. Junto
com a atmosfera, o sol se move através de todo o corpo.

12. O recipiente (nadi) do lado direito, o qual é pingala, é outra forma do sol, e é o
doador de nirvana. O senhor da criação e da destruição, o sol, move-se neste
recipiente através de auspiciosos sinais elípticos.

Os Nervos (as nadis)

13. No corpo de um homem existem 3.500.000 nadis; delas, as principais são


catorze.

14. Sushumna, Ida, Pingala, Gandhari, Hastijihvika, Kuhu, Saraswati, Pusa,


Sankhini, Payaswani, Varuni, Alumbusa, Vishwodari e Yasaswani.

15. Entre estas, Ida, Pingala e Sushumna são as principais.

16. Dentre estas três, somente sushumna é a mais elevado e amada entre os
yogues. Os outros recipientes (nadis) estão subordinados a ele no corpo.

17. Todas estas principais nadis têm suas bocas voltadas para baixo, e são como
finos filamentos de lótus. Elas estão todas sustentadas pela coluna vertebral e
representam o sol, a lua e o fogo.

18. A mais interna dessas três é chitra (canal que fica dentro de sushumna); ela
é minha amada. Nela há a mais sutil de todas as cavidades, chamada
bramarandhra (canal que fica dentro de chitra).

19. Brilhante com cinco cores, puro, movendo-se no meio de sushumna, esta
chitra é a parte vital do corpo e o centro de sushumna.

20. Ela foi chamado nos Shastras como o Caminho Celestial; ela é o doadora da
alegria da imortalidade; pela contemplação nela, o grande yogue destrói todos os
pecados.

A Região Pélvica (Muladhara Cackra)

21. Dois dedos abaixo do reto e dois dedos acima do pênis (NT. a referência é linga no
original) está localizado o adhara lótus (muladhara), tendo uma dimensão de
quatro dedos.

22. No pericarpo do adhara lótus (muladhara) existe uma triangular e bela yoni,
escondida e mantida em segredo em todos os Tantras.

23. Nele se encontra a suprema deusa Kundalini, na forma de eletricidade, em


uma espiral. Ela possui três voltas e meia (como uma serpente), e está na boca de
sushumna (tapando a entrada de sushumna).
24. Ela representa a força criativa da palavra, e está sempre ocupada na criação.
Ela é a deusa do discurso, cuja fala não pode se manifestar, e que é louvada por
todos os deuses.

25. A nadi chamada ida está no lado esquerdo. Enrolada em volta de sushumna,
vai até a narina direita.

26. A nadi chamada pingala está no lado direito. Enrolada em torno do caminho
central (sushumna), ela entra na narina esquerda.

27. A nadi que está entre Ida e Pingala certamente é Sushumna. Ela tem seis
estágios, seis forças, seis lótus, conhecidos pelos yogues.

28. Os primeiros cinco estágios de Sushumna são conhecidos sob vários nomes;
por ser necessário, eles foram divulgados neste livro.

29. As outras nadis partem de muladhara, vão a diferentes partes do corpo, ou


seja, a língua, pênis, olhos, pés, dedos, ouvidos, o abdômen, a axila, dedos das
mãos, o escroto e o anus. Tendo se elevado de seu local apropriado, elas param em
seus respectivos destinos, como acima descrito.

30. De todas estas (catorze) nadis, surgem gradualmente outros ramos e sub-
ramos, pelo que eles se tornam trezentos mil e meio em número, e abastecem seus
respectivos locais.

31. Estas nadis estão espalhadas através do corpo, em diagonal e em


comprimento. Elas são os veículos dos sentidos e conservam a vigília sobre os
movimentos do ar, ou seja, elas regulam as funções motoras.

A Região Abdominal (Manipura Cakra)

32. No abdômen arde o fogo – digestão do alimento – situado no meio da esfera


do sol, tendo doze Kalas. Conhecido como o fogo de Vaiswanara, ele nasce de
uma porção da minha própria energia, e digere os vários alimentos das criaturas,
estando dentro de seus corpos.

[*]No sentido do texto, é o fogo vital. No Mandukhya Upanishad ele é assim descrito: “4: O primeiro
aspecto do Eu é a pessoa universal, o símbolo coletivo dos seres criados, na sua natureza física -
Vaiswanara. Ele está desperto e está consciente apenas dos objetos exteriores. Ele possui sete
membros. Os céus são a sua cabeça, o Sol os seus olhos, o ar o seu alento, o fogo o seu coração, a
água o seu ventre, a terra os seus pés, e o espaço o seu corpo. Ele possui dezenove instrumentos de
conhecimento: cinco órgãos dos sentidos, cinco órgãos da ação, cinco funções de respiração, junto com
a mente, o intelecto, o coração e o ego. Ele é o que desfruta os prazeres dos sentidos.” E mais adiante,
em 10: “Vaiswanara, o Eu como a pessoa universal no seu ser físico, corresponde à primeira letra: A.
(do mantra AUM) Quem quer que conheça Vaiswanara, obtém aquilo que deseja e se torna o primeiro
entre os homens.”.NT, para o português.

33. Este fogo incrementa a vida, e dá força e nutrição, faz o corpo completo de
energia, destrói todas as doenças e dá saúde.

34. O sábio yogue, tendo acendido o seu fogo Viswanarico conforme seus próprios
rituais, deve sacrificar o alimento nele todos os dias, em conformidade com as
instruções de seu guru espiritual. (NT. Clara observação quanto ao modo de se alimentar e a
dieta apropriada a cada sadhana. Uma dieta especial, observada no que se pratica nos Ashramas,
deveria ser adotada pelo praticante, caso realmente deseje-se obter progresso no yoga.)

35. Este corpo chamado o Brahmanda (microcosmos) tem muitas partes, mas Eu
enumerei as mais importantes dele neste Livro. Sem dúvida elas devem ser
conhecidas.
36. Seus nomes são vários, e inumeráveis são os locais neste corpo humano; todos
eles não podem ser enumerados aqui.

O Jivatma

37. No corpo assim descrito, habita o Jiva, todo penetrante, adornado com
guirlandas de constantes desejos, e acorrentadas ao corpo pelo Karma.

38. O Jiva é dotado de muitas qualidades e é o agente de todos os eventos,


gozando os frutos de seus vários karmas acumulados em vidas passadas.

39. Tudo que é visto entre os homens, quer seja prazer ou dor, nasce do karma.
Todas as criaturas regozijam ou sofrem, de acordo com os resultados de suas
ações.

40. Os desejos etc., que causam prazer ou dor, atuam de acordo com o karma
passado do Jiva.

41. O Jiva que acumulou um excesso de boas e virtuosas ações recebe uma vida
feliz; e no mundo ele consegue coisas boas e agradáveis para regozijar sem
nenhum problema.

42. Em proporção à força de seu karma, o homem sofre misérias ou goza dos
prazeres. O Jiva que acumulou um excesso de mal nunca fica em paz – ele não
está separado de seus karmas; excetuando o karma, nada há neste mundo. Da
Inteligência, velada por maya, todas as coisas foram evoluindo.

43. Assim como em suas próprias estações, várias criaturas nascem para desfrutar
as conseqüências de seu karma; assim como através do engano uma madrepérola
pode ser tomada por prata, assim também através da mancha de nossos próprios
karmas, um homem confunde Brahman como sendo o universo material.

44. De todos os desejos as ilusões surgem; eles podem ser erradicados com grande
dificuldade. Quando a salvação, doada pelo conhecimento da ilusão do mundo
chega, então todos os desejos são destruídos.

45. O Ser quando absorvido no Mundo Manifesto (objetivo), surge nele a ilusão
sobre o que é o manifestador – o subordinado. Não há outra (causa da ilusão). Em
verdade, em verdade, vos digo a verdade.

46. A ilusão do Manifesto (mundo objetivo) é destruída quando o Criador do


Manifesto se torna manifesto. Esta ilusão não cessa tão somente por um
pensamento, “Brahma não é”.

47. Ao olhar cautelosa e profundamente a matéria, este falso conhecimento se


desvanece. Caso ele não seja removido, a ilusão da prata permanece.

48. Enquanto o conhecimento sobre o imaculado Manifestador do universo não


chega, então todas as coisas aparecem como que separadas e como numerosas.

49. Quando este corpo, obtido através do karma, é preparado para os meios de
obter nirvana (beatitude divina); então, somente a execução da obrigação se torna
frutífero – não de outra maneira.

50. Qualquer que seja a natureza, é o desejo original (vasana) que abraça e
acompanha o Jiva (através de várias encarnações); semelhantemente é a ilusão o
qual ele sofre, de acordo com seus feitos e mal feitos.
51. Se o praticante de yoga desejar cruzar o oceano da vida, ele deve realizar
todos os deveres de seu ashrama (local onde se ensina as práticas do yoga, dentro de uma
sampradaya específica. NT.), renunciando aos frutos de seus trabalhos.

52. As pessoas ligadas aos objetos sensuais e desejosas de prazeres sensuais,


descem para fora da estrada do nirvana, através do engano de muito falar, e caem
em atos pecaminosos.

53. Quando uma pessoa não vê mais nada aqui, tendo visto o Eu por si mesmo,
então não há pecado (par ele e se ele) renuncia todos os trabalhos ritualísticos.
Esta é a Minha opinião.

54. Todos os desejos e todo o resto são dissolvidos através do Conhecimento


Transcendental, e não de outra maneira. Quando tudo (do menor) tattwas
(princípios) cessam de existir, então Meu Tattva torna-se manifesto.

CAPÍTULO TRÊS – NA PRÁTICA DE YOGA. OS VAYUS

1. No coração existe um lótus radiante com doze pétalas, adornada com um sinal
brilhante. Ele tem letras que vão de k a th (isto é, k, kh, g, gh, n, ch, chh, j, jh, ñ,
t, th), as doze letras bonitas.

2. O prana vive lá; adornado com vários desejos, acompanhado de suas obras
passadas, que não tiveram princípio, e unido com o egoísmo (ahamkara). (Existem
3 tipos de ahamkara, citado no Karika Sankhya. Na filosofia hindu, Ahamkara é uma das quatro
partes do Antahkarana. As outras partes são Buddhi, Citta e Manas. No Bhagavad-Gita, o Senhor
Krsna diz a Arjuna que ahamkara deve ser removido.)

3. Das diferentes modificações do prana, este recebe vários nomes. Todos eles não
podem ser dito aqui.

4. Prana, apana, samana, udana, vyana, naga, kurma, krikara, devadatta e


dhananjaya.

5. Estes são os dez nomes principais descritos por Mim nos Shastras. Eles realizam
todas as funções, animados lá por suas próprias ações.

6. Novamente, desses dez, os cinco primeiros são os líderes e, mesmo entre estes,
prana e apana são os mais elevados agentes, em Minha opinião.

7. A sede do prana é o coração (anahata cakra); do apana, o ânus (muladhara


cakra); de samana, a região acima do umbigo (manipura cakra); de udana, a
garganta (vishuddhi cakra); enquanto que vyana move-se por todo o corpo.

8. Os cinco vayus restantes, realizam as seguintes funções no corpo – eructação,


abrir os olhos, a fome e sede, ronco ou bocejo e, por último, o soluço.

9. Quem conhece, desta forma, o microcosmos do corpo, sendo absolvido de todos


os pecados, alcança o estado mais elevado.

O Guru

10. Agora vou dizer como é fácil obter sucesso no Yoga, por saber que os yogues
nunca falham na pratica do yoga.
11. Somente o conhecimento transmitido por um Guru, através de seus lábios, é
poderoso e útil; caso contrário, torna-se inútil, fraco e muito doloroso.

12. Ele que é devotado a qualquer conhecimento, embora gentil ao seu Guru, com
toda atenção, rapidamente obtém o fruto daquele conhecimento.

13. Não há dúvida de que o Guru é pai, Guru é mãe e Guru é até mesmo Deus; e
como tal ele deve ser servido por todos, com seus pensamentos, palavras e ações.

14. Pelo favor de um Guru tudo de bom relativo a si mesmo é obtido. Assim o Guru
deve ser diariamente servido; do contrário nada pode ser auspicioso.

15. Deixe-o saudar seu Guru após caminhar três vezes em torno dele, e tocar com
sua mão direita seus pés de lótus.

O Adhikari

(significa literalmente: aquele que tem a qualificação necessária. NT)

16. A pessoa que tem controle sobre si mesmo verdadeiramente obtém sucesso por
meio da fé; nenhum outro pode ser bem sucedido.

17. Aqueles que estão viciados nos prazeres sensuais, ou andam e más
companhias, que são descrentes, que são desprovidos de respeito para com seu
Guru, que recorrem a encontros promíscuos, que são viciados em controvérsias
falsas e inúteis, que são cruéis em seu discurso, e que não dão satisfação ao seu
Guru, nunca alcançam sucesso.

18. A primeira condição do sucesso é a firme crença que ele (vidya) deve ter êxito
e ser frutífero; a segunda condição é tendo fé nele; a terceira é respeito para com o
Guru; a quarta é o espírito de igualdade universal; a quinta é a restrição dos
órgãos dos sentidos; a sexta é a moderação na alimentação. Estas são todas; não
há uma sétima condição.

19. Tendo recebido as instruções no Yoga, e obtido um Guru que conhece Yoga,
deixe-o praticar com sinceridade e fé, de acordo com o método ensinado pelo
professor.

O Local, etc

20. Deixe o yogue ir a um bonito e agradável local de retiro, ou a uma cela.


Assuma a postura de padmasana e, sentando em um assento (feito de grama kusa)
comece a praticar a regulação do alento. (Também no Hatha Yoga Pradipika e Gheranda
Samhita, a prática de yoga começa pelo controle da respiração, das práticas mais fáceis às mais
difíceis, evoluindo gradativa e progressivamente, a começar por nadi Shodhana pranayama, um
exercício de purificação das nadis. NT).

21. O iniciante deve manter seu corpo firme e inflexível, suas mãos juntas como se
estivesse em súplica, e saudar os Gurus no lado esquerdo. Ele deve também
prestar saudações a Ganesha em seu lado direito, e novamente aos guardiões do
mundo e à deusa Ambika (é um aspecto da deusa também chamada Durga, Kali, Parvati e outras.
NT) que estão no lado esquerdo.

O Pranayama

22. Em seguida, deixe o sábio praticante fechar com seu polegar direito a entrada
de pingala (narina direita), inspirar o ar através de ida (a narina esquerda), e
reter a respiração – suspendendo seu alento – o quanto ele puder; e depois deixe-o
expirar lentamente, e sem esforço, através da narina direita (pingala). (NT. Os outros
tratados, Hatha Yoga Pradipika e Gheranda Samhita, ensinam que a retenção do ar deve ser
gradual, até que o yogue consiga atingir naturalmente o estado de kevala do kumbhaka na retenção,
ou seja, a suspensão sem qualquer esforço do alento).

23. Novamente, deixe-o inspirar através da narina direita, reter a respiração tanto
quanto sua força permite. Em seguida, deixe-o expelir o ar através da narina
esquerda, sem esforço, mas lenta e gentilmente.

24. De acordo com o método de yoga acima, deixe-o praticar vinte kumbhakas
(retenção da respiração). Ele deve praticar diariamente sem negligencia ou
preguiça, e livre de todos os conflitos (do amor e do ódio, e dúvida e discórdia),
etc.

25. Estes kumbhakas devem ser praticados quatro vezes – uma vez no início da
manhã, ao nascer do sol, a segunda vez ao meio-dia, a terceira vez ao pôr do sol e
a quarta vez à meia-noite. (NT. O mesmo procedimento é instruído nos tratados acima já
mencionados)

26. Quando isto tem sido praticado diariamente, por três meses, com regularidade,
as nadis (NT. Caminhos por onde flui o prana) do corpo, rápida e prontamente são
purificadas.

27. Quando, por esse meio, as nadis da percepção da verdade do yogue são
purificadas, então seus defeitos são todos destruídos. Ele entra no primeiro estágio
na prática do yoga, chamado Arambha.

28. Certamente os sinais são percebidos no corpo do yogue cujas nadis foram
purificadas. Descreverei brevemente todos estes vários sinais.

29. O corpo da pessoa praticante do controle da respiração se torna


harmoniosamente desenvolvido, emite doce aroma, e parece bonito e adorável. Em
todos os tipos de yoga, existe quatro estágios do pranayama – 1: Arambha-
avastha (o estágio inicial); 2: Ghata-avastha (o estágio de cooperação do ego
com o mais elevado Ser; 3: Parichaya-avastha (conhecimento); 4: Nishpatti-
avastha (a consumação final).

30. Nós já temos descrito o início de Arambha-avastha do pranayama; o


restante será descrito posteriormente; Eles destroem todo o pecado e tristeza.

31. As seguintes qualidades certamente são sempre encontradas nos corpos de


cada yogue – forte apetite, boa digestão, alegria, uma imagem bonita, grande
coragem, entusiasmo e força plena.

32. Agora vos direi dos grandes obstáculos ao yoga, os quais devem ser evitados.
Como pela remoção deles, os yogues atravessam esse mar de tristeza do mundo.

As coisas a serem renunciadas

33. O yogue deve renunciar o seguinte:

1 – ácido; 2 – adstringentes; 3 – substâncias picantes; 4 – sal; 5 – mostarda; 6 –


coisas amargas; 7 – caminhadas longas; 8 – banhar-se cedo antes do sol nascer; 9
– coisas fritas no óleo; 10 – roubo; 11 – matanças (de animais); 12 – inimizade
para com qualquer pessoa; 13 – arrogância; 14 – duplicidade; 15 – desonestidade;
16 – jejum; 17 – mentira; 18 – pensamentos que não sejam de moksha; 19 –
crueldade para com os animais; 20 – companhia de mulheres; 21 – culto do (ou
com as mãos ou junto do) fogo; 22 – falar muito, sem levar em consideração a
simpatia ou o aborrecimento do discurso e, por último, 23 – comer muito.
Os meios

34. Agora direi os meios pelos quais o sucesso no yoga é rapidamente obtido; ele
deve ser mantido em segredo pelo praticante, desta forma o sucesso virá com
certeza.

35. O grande yogue deve sempre observar os seguintes hábitos. Ele deve usar: 1 –
manteiga clarificada (ghee); 2 – leite; 3 – comida doce; 4 – betel sem [lime] (NT.
na definição, opto por visgo. Uma outra tradução seria limão, que é uma fruta
ácida, sendo proibido a ingestão de alimentos ácidos); 5 – cânfora; 6 – palavras
amáveis; 7 – monastério agradável, ou retiro em uma cela, tendo uma pequena
porta; 8 – ouvir discursos sobre a verdade; 9 – sempre cumprir suas tarefas
domesticas com vairagya (com afeto); 10 – cantar o nome de Vishnu; 11 – ouvir
música doce; 12 – ter paciência; 13 – constância; 14 – piedade; 15 – austeridades;
16 – purificações; 17 – modéstia; 18 – devoção; e 19 – serviço ao Guru.

36. Quando o ar perfura o sol, é o momento propício para o yogue se alimentar (ou
seja, quando o ar flui através de pingala); quando o ar perfura a lua, ele deve
dormir (ou seja, quando o ar flui através de ida).

37. O yoga (pranayama) não deve ser praticado logo após as refeições, nem
quando se está com muita fome; antes do início da prática, um pouco de leite com
manteiga (ghee) deve ser tomado.

38. Quando se está bem estabilizado em sua prática, então não precisa mais
observar estas restrições. O praticante deve comer em pequenas quantidades,
embora frequentemente, e deve praticar kumbhaka diariamente nos horários
indicados.

39. Quando o yogue pode, de sua própria vontade, regular o ar e parar o alento
(quando e por quanto tempo for) ele quiser, então certamente ele conseguiu o
sucesso no kumbhaka (NT. Referência ao estado de kevala do kumbhaka, suspensão natural
do alento), e somente pelo sucesso no kumbhaka, quais coisas o yogue não pode
comandar aqui?

O primeiro estágio do pranayama

40. No primeiro estágio do pranayama, o corpo do yogue começa a transpirar.


Quando ele transpirar, ele deve esfregar bem (NT. De modo que o suor seja espalhado no
corpo), caso contrário, o corpo do yogue perde seus dhatus (NT. A ciência do Ayurveda
explica que os Dhatus primários são 7: Sukra dhatu – tecidos reprodutivos; Majja dhatu – tecidos
nervosos; Asthi dhatu – ossos; Meda dhatu – tecidos gordurosos; Mamsa dhatu – tecidos dos
músculos; Rakta dhatu – formam as células do sangue; e Rasa dhatu – o plasma. Literalmente, em
sânscrito, dhatu significa “aquele que entra na formação do corpo”)

O segundo e terceiro estágios do pranayama

41. No Segundo estágio o corpo começa a tremer; no terceiro, ele pula como um
sapo; e quando a pratica se torna elevada, o adepto caminha no ar.

Vayusiddhi

42. Quando o yogue, apesar de permanecer em padmasana, pode elevar-se no ar e


sair do chão, então ele sabe que obteve vayusiddhi (sucesso sobre o ar), o qual
destrói a escuridão do mundo.
43. Mas enquanto ele não obteve (vayusiddhi), deixei-o praticar observando todas
as regras e restrições colocadas acima. Da perfeição do pranayama segue a
diminuição do sono, dos excrementos e da urina.

44. A percepção da verdade torna o yogue livre de doenças,e tristeza ou aflição;


ele nunca tem (fétida) transpiração, saliva e vermes intestinais.

45. Quando no corpo do praticante, não há qualquer aumento de fleuma, gases,


nem bile, então ele pode impunemente ser regular em sua dieta e no resto.

46. Não há resultados prejudiciais quando se segue, quando o yogue ingere uma
grande quantidade de alimento, ou muito pouco, ou não come nada. Através da
força de uma prática constante, o yogue obtém bhucharisiddhi, ele se move em
pulos de sapo sobre o chão quando assustado pelo bater das mãos.

47. Na verdade, há muitos obstáculos difíceis e quase intransponíveis no yoga, no


entanto o yogue deve prosseguir com sua prática em todos os perigos, mesmo se
sua vida vir a fazer a passagem.

48. Em seguida, o praticante deve, sentado em um local retirado, restringir seus


sentidos, proferindo pela repetição inaudível e por longo tempo o pranava OM, a
fim de destruir todos os obstáculos.

49. O sábio praticante certamente destrói todo o seu karma, qualquer que tenha
sido adquirido nesta vida ou em seu passado, através da regulação do ar.

50. O yogue elevado destrói pelos dezesseis pranayamas as várias virtudes e os


vários vícios acumulados em sua vida passada. ( NT. Com referência às 16 espécies de
pranayamas)

51. Este pranayama destrói o pecado, como o fogo queima uma pilha de algodão,
ele torna o yogue livre do pecado; seguindo a isto, ele destrói os laços de todas as
suas boas ações.

52. O yogue poderoso, tendo atingido, através do pranayama, as oito sortes de


poderes psíquicos, e tendo cruzado o oceano da virtude e do vício, move-se
livremente através dos três mundos.

Aumento da Duração

53. Em seguida, gradualmente, ele deve ser capaz de praticar por três gharis.
Através disto, indubitavelmente o yogue obtém todos os poderes cobiçados. ( NT.
Ghari = Uma hora e meia por vez. Ele deve conter a respiração por este período – isso se denomina
Kevala de Kumbhaka e de modo algum deve-se reter a respiração voluntariamente por tanto período,
pois levaria indubitavelmente à morte. O estado de Kevala de kumbhaka chega naturalmente após um
desenvolvimento progressivo nas técnicas dos pranayamas.).

Siddhis ou Perfeições

54. O yogue adquire os seguintes poderes: 1 – vakya siddhi (profecia); 2 –


Kamachari (transportar-se à vontade para todos os lugares); 3 – duradristhi
(clarividência); 4 – durashruti (clariaudiência); shushma-drishti (visão sutil);
parakaypravesana (o poder de entrar em outro corpo); o poder de tornar metais
comuns em ouro esfregando-os com sua urina; o poder de se tornar invisível e, por
último, mover-se no ar.

O Ghata Avasta
(O Estado de Pratyahara, como obtê-lo)
55. Quando, pela prática do pranayama, o yogue alcança o estado de ghata (jarro
de água), então, para ele, nada há neste círculo do universo o qual ele não possa
realizar.

56. O ghata é dito ser o estado no qual o prana e o apana vayus, o nada e o
bindu, o jivatma (o espírito humano) e o Paramatma (o Espírito Universal),
combinam-se e cooperam.

57. Quando ele (o yogue) recebe o poder de suspender a respiração (kevala do


kumbhaka), isto é, entrar em transe, por três horas, então certamente o magnífico
estado de pratyahara é alcançado sem fracasso.

58. Qualquer que seja o objeto percebido pelo yogue, deixe-o considerá-lo como
sendo o espírito. Quando os modos da ação dos vários sentidos são conhecidos,
então eles podem ser conquistados.

59. Embora, por meio das práticas mais elevadas, o yogue possa realizar um
kumbhaka por três horas inteiras, embora por oito dandas (3 horas) o alento do
yogue fique suspenso, embora esse sábio possa balançar-se em seu polegar;
todavia ele parece aos outros como um insano.

O Parichaya Avastha

60. Depois disto, através de exercícios, o yogue alcança o Parichaya-avastha.


Quando o ar, partindo do sol e da lua (pingala e ida), permanece imóvel e fixo no
éter do tubo sushumna, então ele (o yogue) está no estado de parichaya.

61. Quando ele, pela prática do yoga, adquire o poder da ação (kriya Shakti), e
perfura completamente os seis Cakras, e alcança a condição certa de parichaya,
então o yogue, verdadeiramente, vê os efeitos triplos do karma.

62. Então, deixe o yogue destruir a multidão dos karmas pelo pranava (OM);
deixe-o realizar kayavyhua (um processo místico de organização dos vários
skandas do corpo), a fim de desfrutar ou sofrer as conseqüências de suas ações
em uma vida, sem a necessidade de renascimento.

(NT. Skandas são os cinco agregados que compõem um indivíduo e que são: rupakkandha, corpo;
vedanakkhanda, sensações; sannakkandha, percepções dos órgãos dos sentidos; samkarakkanda,
formações mentais; e vinnanakkandha, a consciência vinculada aos órgãos dos sentidos.)

63. Nesse momento, deixe o grande yogue praticar cinco vezes formas de dharana
da concentração em Vishnu, pelo qual o comando sobre os cinco elementos é
obtido, e o medo das lesões de qualquer um destes é removido. (terra, água. Fogo,
ar, akasa não podem feri-lo)

Nota do tradutor para o inglês: Ele deve executar 5 kumbhakas em cada cakra.

64. Deixe o sábio yogue praticar dharana assim – cinco ghatis (2h e meia) no
muladhara lótus; cinco ghatis no assento do linga (swadhisthana); cinco
ghatis na região acima dele (manipura); o mesmo no coração (anahata); cinco
ghatis na garganta (vishuddha) e, por último, ele deve dobrar o dharana por
cinco ghatis no espaço entre as sobrancelhas (anjapur). Por esta prática os
elementos (os cinco elementos) deixam de causar qualquer prejuízo ao grande
yogue.

65. O sábio yogue, que continuamente pratica a concentração (dharana), nunca


morre por centenas de ciclos do grande Brahma.
O Nishpatti Avastha

66. Depois disto, através de um exercício gradual, o yogue atinge o Nispatti-


avastha (a condição de consumação). O yogue, tendo destruído todas as sementes
do karma, os quais existem deste o princípio, bebe as águas da imortalidade.

67. Quando o jivan-mukta (entregue nesta vida presente), o yogue tranqüilo,


tiver obtido, através da prática, a consumação do samadhi, e quando esse estado
de samadhi consumado puder ser voluntariamente evocado, então deixe o yogue
tomar posse de chetana (inteligência consciente), junto com o ar, e com a força de
(kriya-sakti) conquistar as seis rodas, e absorvê-la na força chamada jñana-
sakti.

Vayu-sadhana

68. Agora vamos descrever a conduta do ar a fim de remover os problemas (os


quais aguardam o yogue); através deste conhecimento de vayu-sadhana
desaparecem todos os sofrimentos e prazeres no círculo deste universo.

69. Quando o hábil yogue, pela colocação da língua na raiz do palato, puder beber
o prana vayu, então ocorre a completa dissolução de todos os yogas (ou seja, ele
não necessita mais de yoga). (NT. Referência ao kechari mudrá)

70. Quando o hábil yogue, conhecendo as leis de ação do prana e do apana, puder
beber o ar frio através da concentração da boca, na forma de um bico de corvo,
então ele se torna autorizado à liberação. (NT. Referência ao shitali pranayama)

71. O sábio yogue, que diariamente bebe o ar ambrosial (amrtam), de acordo


com as regras prescritas, destrói a fadiga, o ardor (febre), a decadência e a velhice,
e as injúrias.

72. Apontando a língua para cima, quando o yogue pode beber o néctar que flui da
lua (situado entre as duas sobrancelhas), dentro de um mês ele certamente irá
conquistar a morte.

73. Ao ter fechado firmemente o glote pelo método yóguico próprio, e


contemplando a deusa Kundalini, ele bebe (o fluído da lua da imortalidade –
amrtam), ele se torna como um sábio ou como um poeta dentro de seis meses.

74. Quando ele bebe o ar através do bico de corvo, tanto na manhã quanto no
entardecer, meditando que ele (o ar) vai para a boca de Kundalini, a destruição
dos pulmões (tuberculose) é curada.

75. Quando o sábio yogue bebe o fluído dia e noite através do bico de corvo, suas
doenças são destruídas: ele adquire certamente os poderes da clariaudiência e da
clarividência.

76. Ao fechar firmemente os dentes (pressionando a parte superior com o maxilar


inferior), e colocando a língua para cima, o sábio yogue bebe o fluído muito
lentamente, dentro de um pequeno período ele conquista a morte.

77. Quem diariamente pratica este exercício por seis somente, torna-se livre de
todos os pecados e destrói todas as doenças.

78. Se ele continuar este exercício por um ano, ele se torna um Bhairava (NT. Uma
forma terrificante de Shiva); ele obtém os poderes de anima e tantos outros, e
conquista todos os elementos e os elementais.
79. Se o yogue puder permanecer por meio segundo com sua língua dobrada para
cima, ele se torna livre das doenças, morte e da velhice.

80. Em verdade, em verdade, Eu voz digo a verdade que a pessoa nunca morre,
quem contempla, pelo pressionar da língua, combinado com o fluído vital do prana.

81. Através deste exercício e do yoga, ele se torna como Kamadeva (NT. Na tradição
Gaudiya Vaishnava é o Sr. Krsna, pois conta a história que ele foi fundido em Vasudeva-Krsna logo
depois de ter sido queimado por Shiva. Há muitas historias ligadas a ele, mas em particular,
Kamadeva é associado ao amor ), sem um rival. Ele não sente fome, nem sede, nem
sono, nem desmaio.

82. Atuando sobre estes métodos o grande yogue se torna no mundo perfeitamente
independente; e livre de todos os obstáculos, ele pode ir para qualquer lugar.

83. Praticando assim, ele nunca renasce, nem é maculado pela virtude e pelo vício,
mas desfruta (por eras) com os bons.

As posturas

84. Existem oitenta e quatro postura de modos diferentes. Destas, quatro deverão
ser adotadas, como segue abaixo: 1 – siddhasana; 2 – padmasana; 3 –
ugrasana; e 4 – swastikasana.

1. Siddhasana

85. O siddhasana que dá sucesso ao praticante é como se segue: pressionando


com cuidado pelo calcanhar a yoni, o outro calcanhar o yogue deve colocar sobre o
linga; ele deve fixar seus olhos para cima no espaço entre as duas sobrancelhas,
deve ser constante e restringir seus sentidos. Seu corpo, especialmente, deve
permanecer reto e sem qualquer curvatura. O local deve ser um aposento sem
qualquer ruído.

86. Aquele que deseja obter uma consumação rápida no yoga, pelo exercício, deve
adotar a postura siddhasana, e praticar o controle do alento.

87. Através dessa postura, o yogue deixando o mundo, atinge o mais elevado fim
e, em todo o mundo, não há postura mais secreta que esta. Por assumir e meditar
nesta postura, o yogue é livre de pecado.

2. O Padmasana

88. Agora descreverei o padmasana, o qual afasta todas as doenças (ou cura): -
Tendo cruzado as pernas, cuidadosamente coloque os pés em oposição às coxas
(ou seja, o pé esquerdo na coxa direita e vice versa); cruzando ambas as mãos e
colocando-as semelhantemente nas coxas, fixe os olhos na ponta do nariz,
pressione a língua contra a raiz dos dentes, (o queixo deve ser elevado, o peito
expandido), em seguida inale o ar lentamente, preencha o tórax com toda a sua
força e exale lentamente, em um fluxo desimpedido.

89. Isso não pode ser praticado por todos; somente o sábio obtém sucesso nele.

90. Pela pratica e desempenho desta postura, indubitavelmente o ar vital do


praticante torna-se completamente equilibrado e flui harmoniosamente através do
corpo.
91. Sentando na postura de padmasana, e conhecendo a ação do prana e apana,
quando o yogue executa a regulação do alento, ele é emancipado. Eu vos digo a
verdade. Verdadeiramente, Eu vos digo a verdade.

3. O Ugrasana

92. Estique ambas as pernas e mantenha-as separadas; firmemente segure a


cabeça com as mãos e coloque-a entre os joelhos. Isto é chamado ugrasana
(postura rígida), ela excita o movimento do ar, destrói o embotamento e a
inquietação do corpo, e é também chamado paschima-uttana (a postura cruzada
posterior). O sábio que diariamente pratica esta nobre postura pode certamente
induzir o fluxo de ar para cima através do ânus.

93. Quem pratica isto obtém todos os siddhis; portanto, aqueles desejosos de
obterem poderes, devem praticar isto diligentemente.

94. Isto deve ser mantido em segredo com grande cuidado, e não deve ser dado a
qualquer um e nem a todos. Através dela, vayu-siddhi é facilmente obtido, e ele
destrói a multidão de misérias.

4. O Swastikasana

95. Coloque as solas dos pés totalmente sob as coxas, mantenha o corpo em linha
reta e sente-se à vontade. Isto é chamado Swastikasana.

96. Desta forma o sábio yogue deve praticar a regulação do ar. Nenhuma doença
pode atacar seu corpo, e ele obtém vayu-siddhi.

97. Isto também é chamado Sukhasana, a postura fácil. Isto é doador de saúde, o
swastikasana benéfico deve ser mantido em segredo pelo yogue.

CAPÍTULO 4 – Yoni-Mudrá, a Sagrada Bebida dos Kaulas

1. Primeiro, com uma forte inspiração, fixe a mente no adhara lótus (muladhara
cakra). Em seguida, concentre-se na contração da yoni, o qual está situado no
espaço perineal.

2. Deixe que ele contemple que o Deus do amor reside neste Brahma Yoni, e que
ele é belo como a flor Bandhuk (Pentapetes pheanicia) – brilhante como dez
milhões de sóis, e frio como dez milhões de luas. Acima desta yoni existe uma
chama pequena e sutil, cuja forma é a inteligência. Em seguida, deixe-o imaginar
que a união acontece neste local, entre ele mesmo e aquela chama (o Siva e a
Sakti).

3. Em seguida, imagine que – neste ponto sobe, através do canal de sushumna,


três corpos em suas respectivas ordens (ou seja, os corpos etérico, o astral e o
mental). Naquele lugar é emitido em todo o cakra o néctar, a característica que é
grande Bem-aventurança. Sua cor é rosa esbranquiçada (rosa), cheia de esplendor,
derramando jatos do imortal fluido. Deixe-o beber este vinho da imortalidade, o
qual é divino, e, então, novamente penetre o Kula (ou seja, o espaço perineal).

Nota do tradutor para o inglês: Enquanto este corpo sutil sobe, ele bebe em todos
os estágios este néctar, chamado kulamrtam.

4. Em seguida, deixe-o novamente ir para o Kula através da prática do mantra


yoga (ou seja, pranayama). Esta yoni tem sido chamada por Mim nos Tantras
como igual à vida. (NT. O mantra yoga não é pranayama como o texto original no inglês sugere,
porém sim a repetição de um mantra. Na primeira meditação o yogue utiliza o pranayama aliado à
meditação na yoni; na segunda, ele utiliza um mantra).

5. Novamente deixe-o ser absorvido naquela Yoni, onde habita o fogo da morte –
a natureza de Shiva, etc. Assim foi descrito por Mim o método da pratica da
grande yoni mudra. Do sucesso em sua prática, não há nada que não possa ser
realizado.

6. Mesmo aqueles mantras que são deformados (chhinna) ou bloqueados (kilita),


queimados (stambhita) por fogo, ou cuja chama se torna atenuada, ou são
escuros, e deveriam ser abandonados, ou que são mus, ou também velhos, ou que
são orgulhosos de sua juventude, ou que foram para o lado do inimigo, ou fracos e
essencialmente sem vitalidade, ou que foram divididos em centenas de partes,
mesmo eles se tornam férteis através do tempo e desse método. (NT. Os mantra,
chhinna, kilita e stambhita, citados neste texto, e dessa forma, referem-se aos que foram inutilizado, ou
pela retirada de uma letra, ou por outros meios - pelo mau uso que se fez no passado através deles -,
tornando-os, por este meio, improdutivos.). Todos estes podem dar poder e emancipação
quando dados ao discípulo pelo Guru, depois de tê-lo iniciado de acordo com os
ritos próprios, e o banhado umas mil vezes. Esta yoni mudra foi descrita com o
propósito de que o estudante possa merecer (ser iniciado dentro dos mistérios
dele) e receber os mantras.

7. Quem pratica yoni mudra não é poluído pelo pecado, mesmo que ele tenha
assassinado milhares de Brahmanas ou matado todos os habitantes dos três
mundos.

8. Mesmo que ele mate seu professor ou beba vinho, ou viole a cama de seu
preceptor, ele não é manchado por estes pecados em virtude desta mudra.

9. Portanto, aqueles que desejam a emancipação devem praticar isto diariamente.


Através da prática (abhyasa), o sucesso é obtido; através da prática obtém-se a
liberação.

10. A perfeita consciência é obtida através da prática. O yoga é atingido através da


prática; o sucesso na mudra vem pela prática, e o homem se torna o conquistador
da morte pela prática.

11. Através da prática obtém-se o poder do vach, profecia, e o poder de ir a


qualquer lugar pelo mero esforço da vontade. Esta yoni mudra deve ser mantida
em grande segredo, e não deve ser revelada a todo mundo. Mesmo quando
ameaçado de morte, não deve ser revelada ou dada aos outros.

O Despertar de Kundalini

12. Agora vos falarei do melhor meio de se alcançar sucesso no yoga. Os


praticantes devem manter em segredo. Ele é o mais inacessível yoga.

13. Quando o sono da deusa Kundalini é despertado através da graça do Guru,


então todos os lótus e nós são facilmente perfurados do começo ao fim. ( NT. Os nós a
que o texto se refere, são os Granthis, a saber: Brahma Granthi no muladhara cakra, Vishnu
Granthi no vishuddhi cakra e Shiva Granthi no ajña cakra. Os granthis são representados em
cada cakra por um triângulo invertido, trikona, e por um linga, símbolo do poder criador, que está
dentro do trikona. O linga do Brahma Granthi se chama Savyambhu e é de pedra negra; o do
Vishnu Granthi é chamado Bana Linga e é de ouro; e o do Shiva Granthi é chamado Itara Linga e
é de fogo.).
14. Por esse motivo, a fim de que a deusa, que está dormindo na boca do
Brahmarandhra (o mais profundo da concavidade de sushumna) seja
despertada, as mudras devem ser praticadas com grande cuidado.

15. Além dos muitos mudras, as seguintes são as melhores: 1 – mahamudra; 2 –


mahabandha; 3 – mahavedha; 4 – khechari; 5 – jalandara; 6 – mulabandha;
7 – viparitkarana; 8 – uddana; 9 – vajrondi; e 10 – shaktichalana.

16. Meu querido, descreverei agora a mahamudra, de cujo conhecimento os


antigos sábios Kápila e outros obtiveram sucesso no yoga.

1 – Mahamudra

17. De acordo com as instruções do guru, pressione gentilmente o períneo com o


calcanhar do pé esquerdo. Estique o pé direito para fora, segure-o firme com as
duas mãos. Tendo fechado os nove portões (do corpo), encoste o queixo no peito.
Então, concentrado nas vibrações da mente, inspire o ar e retenha-o por meio de
kumbhaka (tanto quanto puder confortavelmente fazê-lo). Esta é a mahamudra,
mantida em segredo em todos os Tantras. O yogue de mente estável, tendo
praticado-a no lado esquerdo, deve então praticá-la no lado direito; e em todos os
casos deve ser firme no pranayama – a regulação do alento.

18. Desta forma, mesmo o mais infeliz dos yogues pode obter sucesso. Por este
meio, todos os canais do corpo são despertados e postos em atividade; a vida é
ampliada e sua decadência é restringida, e todos os pecados são destruídos. Todas
as doenças são curadas, e o fogo gástrico aumentado. Dá beleza perfeita ao corpo
e destrói a decadência e a morte. Todos os frutos do desejo e do prazer são
obtidos, e os sentidos são conquistados. O yogue, fixado em meditação, adquire
todas as coisas acima mencionadas através desta prática. Não deve haver nenhuma
hesitação em fazê-lo.

19. Ó adorado dos deuses! Sabemos que esta mudra é para ser mantida em
segredo com grande cuidado. Obtendo isto o yogue cruza o oceano do mundo.

20. Este mudrá, descrito por Mim, é doador de todos os desejos ao praticante; ele
deve ser praticado em segredo e nunca deve ser dados a todo mundo.

21. Em seguida (depois da mahamudra), tendo estendido o pé direito, coloque-o


sobre a coxa esquerda; contraia o períneo, e puxe o apana vayu para cima,
unindo-o com samana vayu; prenda o prana vayu abaixo e, então, deixe o sábio
yogue ligá-lo em três no umbigo (ou seja, o prana e o apana devem ser unidos
com samana no umbigo, manipura cakra). Eu tenho explicado como o
mahabandha mostra o caminho da emancipação. Por este meio, todos os fluídos
nos canais do corpo do yogue são impelidos à cabeça. Isto deve ser praticado com
grande cuidado, alternadamente com ambos os pés.

22. Através desta prática, o vento (os vayus) penetra o meio do canal de
sushumna, o corpo se torna revigorado por ele, os ossos são firmemente
reforçados, o coração do yogue se torna cheio (de alegria). Por meio deste
bandha, o grande yogue realiza todos os seus desejos.

3 – Maha-Vedha

23. Ó, Deusa dos três mundos!, quando o yogue, ao executar o mahabandha,


provoca a união de prana e apana vayus, e preenchendo as vísceras com ar
lentamente em direção aos portais, isto é chamado mahavedha.
24. O melhor dos yogues tendo, através da ajuda do vayu, perfurado com este
perfurador o nó que está no caminho de sushumna, deve então perfurar o nó de
Brahma.

25. Quem pratica este mahavedha com grande segredo, obtém o vayu-siddhi
(sucesso sobre o vento). Ele destrói a decadência e a morte.

26. Os deuses residentes nos Cakras tremem devido ao suave influxo e refluxo de
ar no pranayama; a grande deusa, Kundalini Maha Maya, também é absorvida no
monte Kailasa.

27. A mahamudra e a mahabandha se tornam infrutíferas se elas não forem


seguidas pela mahavedha. Portanto, o yogue deve praticar todos estes três
sucessivamente com grande cuidado.

28. Quem praticar estes três diariamente, quatro vezes, com grande cuidado,
indubitavelmente conquista a morte dentro de seis meses.

29. Somente o siddha conhece a importância desses três e ninguém mais;


conhecendo isto, o praticante obtém todo sucesso.

30. Isto deve ser mantido em grande segredo pelo praticante desejoso de obter
poder, caso contrário, é certo que os poderes cobiçados nunca poderão ser obtidos
através das práticas de mudras.

4 - Kechari

31. O yogue sábio, sentado em vajrasana, em um local livre de perturbações,


deve firmemente fixar seu olhar no ponto no meio das duas sobrancelhas; e
invertendo a língua para trás, fixá-la no espaço oco sob a epiglote, colocando-a
com grande cuidado na boca do poço de néctar, (ou seja, fechando a passagem de
ar). Esta mudrá, descrita por Mim a pedido de meus devotos, é a khecharimudra.

32. Ó, meu amado!, sei que isto é a fonte de todo o sucesso, sempre praticando,
deixe-o beber a ambrosia diariamente. Por este meio ele obtém vigraha-siddhi
(poder sobre o microcosmo), como um leão sobre o elefante da morte.

33. Quer seja puro ou impuro, em qualquer condição que alguém possa estar, em
caso de êxito obtido em khechari, ele se torna puro. Não há dúvida quanto a isso.

34. Aquele que praticá-lo ainda que por um momento, atravessa o grande oceano
de pecados, e tendo desfrutado os prazeres no mundo do Deva, nasce em uma
família nobre.

35. Quem praticar esta khecharimudra calmamente e sem preguiça, conta como
segundos o período de centenas de Brahmas.

36. Quem conhece esta Khecharimudra, de acordo com as instruções de seu


Guru, obtém o mais elevado fim ainda que mergulhado em grande pecados.

37. Ó, vós, adorado dos deuses!, esta mudra, querida como a vida, não deve ser
dada a todas as pessoas; ela deve ser mantida escondida, com grande cuidado.

5 – Jalandhara

38. Tendo contraído os músculos da garganta, pressione o queixo no peito. Isto é


Jalandhara mudra. Até mesmo os deuses consideram-na como inestimável. O fogo
na região do umbigo (ou seja, o suco gástrico) bebe o néctar que emana do lótus
de mil pétalas. A fim de prevenir que o néctar seja consumado, ele deve praticar
este bandha.

39. Através deste bandha, o sábio yogue bebe ele próprio o néctar, e, obtendo a
imortalidade, desfruta dos três mundos.

40. Este jalandhara bandha é o doador de sucesso ao praticante. O yogue


desejoso de sucesso deve praticá-lo diariamente.

6 – Mula-bandha

41. Pressionando bem o ânus com o calcanhar, forçosamente empurre lentamente


para cima o apana vayu por meio desta prática. Isto é descrito como mula bandha
– o destruidor da decadência e da morte.

42. Se, no curso da prática desta mudra, o yogue puder unir o apana com o prana
vayu, então ele se torna do curso da yoni mudra.

43. Aquele que tiver realizado yoni mudra, o que ele não pode realizar neste
mundo? Sentado em padmasana, livre de preguiça, o yogue, deixando o solo,
move-se através do ar, pela virtude deste mudra.

44. Se o sábio yogue está desejoso de cruzar o oceano do mundo, deixe-o praticar
este bandha em segredo em um local retirado.

7 – Vipareeta Karani, ou viparit-karana

45. Apoiando a cabeça no chão, deixe-o esticar suas pernas para cima, movendo-as
em torno e completamente. Este é o viparit-karana, guardado em segredo em
todos os Tantras.

46. O yogue que o pratica diariamente, por três horas, conquista a morte e não é
destruído nem mesmo no pralaya. (NT. Em poucas palavras, Pralaya, é a dissolução do
universo, o fim do dia de Brahma e início da noite, pelo mesmo período).

47. Quem bebe o néctar se torna igual aos Siddhas; quem praticar este bandha se
torna um adepto entre as criaturas. (NT. Parece que a explicação da execução completa desta
mudra foi suprimida aqui. Talvez para que não houvesse uso indevido do exercício, como muito
aconteceu até mesmo com os mantras ao longo dos séculos. Contudo, no livro de Swami Satyananda
Saraswati, Kundalini Tantra, ele está muito bem explicado.)

8 – Uddana bandha

48. Quando os intestinos acima e abaixo do umbigo são trazidos para o lado
esquerdo, isto se chama uddana bandha – o destruidor de todos os pecados e
tristezas. As vísceras do lado esquerdo da cavidade devem ser trazidas acima do
umbigo. Isto se chama uddana bandha, o leão sobre o elefante da morte. ( NT. Estas
contrações, bandhas, nada mais são do que processos que ocorrem naturalmente com a subida de
Kundalini; ou seja, o corpo do praticante passa automaticamente por esses bandhas, como por
exemplo, em jalandhara, o queixo encosta no peito sem qualquer esforço, permitindo assim a
passagem por sushumna acima do bulbo espinhal. Também a língua dobra para trás e alcança a
epiglote sem qualquer esforço do praticante durante o transe. Os bandhas nada mais são do que a
repetição intencional, em estado ordinário de consciência, dessas contrações que ocorrem
automaticamente, em estado de transe do samadhi, na subida de Kundalini.)

49. O yogue, que pratica isto quatro vezes ao dia, purifica rapidamente seu umbigo
(sede de manipura cakra), através do qual os ventos (vayus) são purificados.

50. Praticando isto por seis meses, o yogue certamente conquista a morte, o fogo
gástrico é aceso, e ocorre um aumento de fluído no corpo.
51. Através disto, conseqüentemente, o vigrahasiddhi, também é obtido. Todas
as doenças do yogue são certamente destruídas.

52. Tendo o método do Guru, o yogue sábio deve praticá-lo com grande cuidado.
Este mais inacessível mudrá deve ser praticado em um local retirado e
imperturbável.

9 – Vajrondi mudra

(NT. Esta técnica da vajrondi mudrá, citada aqui, refere-se ao ritual do maithuna, para ser realizado
por um casal tântrico, devidamente qualificado no caminho. Existe outra técnica do Vajrondi mudra,
não citada aqui, mas que está descrita no livro “Kundalini Tantra” de Swami Satyananda
Saraswati, que é propícia ao renunciante, ou seja, aos que não mantêm intercurso sexual e guardam
abstinência.)

53. Impulsionado pela compaixão de meus devotos, vou agora explicar a Vajrondi
mudra, a destruidora da escuridão do mundo, a mais secreta entre os secretos.

54. Mesmo quando seguir todos os seus desejos, e sem obedecer aos regulamentos
do Yoga, um chefe de família se torna emancipado se ele praticar a Vajrondi
mudra.

55. Esta prática de Vajroli yoga outorga a emancipação mesmo quando se está
imerso na sensualidade; portanto, ele deve ser praticado pelo yogue com grande
cuidado.

56. Primeiro deixe o praticante talentoso trazer para o seu próprio corpo, de acordo
com os métodos próprios, as células germinativas do órgão feminino da geração,
pela sucção através do tubo da uretra; restringindo seu próprio sêmen, deixe-o
praticar a cópula. Se, por acaso, o sêmen começar a se mover, deixe-o interromper
esta emissão pela prática de yoni mudrá. Deixe-o colocar o sêmen no duto da
mão esquerda e interromper o intercurso. Depois de um tempo, deixe-o continuar
novamente. De acordo com as instruções de seu preceptor e por meio da pronúncia
do som hum, deixe-o forçosamente puxar através da contração de Apana Vayu as
células geminais do útero.

57. O Yogue, adorador dos pés de lótus de seu Guru, deve, por este meio, obter
rapidamente sucesso no yoga, beber o leite, ou néctar desta forma.

58. Conhecendo que o sêmen é como a lua, e as células germinativas o emblema


do sol; deixe o yogue fazer esta união em seu próprio corpo com grande cuidado.

59. Eu sou o sêmen, Shakti é o fluído embrionário; quando ambos são combinados,
então o yogue realiza o estado de sucesso, e seu corpo se torna brilhante e divino.

60. A ejaculação do sêmen é a morte, preservando-o no interior é a vida; portanto,


deixe o yogue preservar seu sêmen com grande cuidado.

61. Em verdade, em verdade, os homens nascem e morrem através do sêmen.


Conhecendo isto, deixe o yogue praticar sempre a preservação de seu sêmen.

62. Quando, através de grande esforço, o sucesso na preservação do sêmen é


obtida, o que então não pode ser realizado neste mundo? Através da grandeza de
sua preservação, a pessoa se torna como a Mim em glória.

63. O bindu (sêmen) causa o prazer e a dor de todas as criaturas viventes neste
mundo, que estão enfeitiçadas (apaixonadas) e estão sujeitas à morte e à
decadência. Para o yogue, esta preservação do sêmen é o melhor de todos os
yogas, e é o doador de felicidade.

64. Embora imersos nos prazeres, os homens obtêm poderes através desta prática.
Através da força de sua prática, ele se torna um adepto no devido tempo , em sua
presente vida.

65. O yogue certamente obtém, através desta prática, todos os tipos de poderes,
ao mesmo tempo em que desfruta todos os inumeráveis prazeres do mundo.

66. Este yoga pode ser praticado junto com os muitos prazeres; portanto, o yogue
deve praticá-lo.

67. Existem duas variações do Vajrondi, chamado Sahajoni e Amarani.


Independente das variações, deixe o yogue preservar o sêmen.

68. Se, no momento da copula, o bindu for emitido, e não ocorrer uma união do sol
e da lua, então, deixe-o absorver esta mistura através do tubo do órgão masculino
(uretra). Isto é Amarani.

69. O método pelo qual o bindu, no momento da emissão pode ser retido por yoni
mudrá, é chamado Sahajoni. Ele deve ser mantido em segredo em todos os
Tantras.

70. Embora, em última instância, a ação deles (Amarani e Sahajoni) seja a


mesma, existem diferenças devido a diferentes nomenclaturas. Deixe o yogue
praticá-las com grande cuidado e preserverança.

71. Através do amor por meus devotos, Eu revelei este yoga; ele deve ser mantido
em segredo com grande cuidado, e não deve ser dado a todo mundo.

72. Este é o mais secreto de todos os segredos, que já foi ou será; portanto, deixe
o yogue prudente mantê-lo em sigilo tanto quanto possível.

73. Quando, no momento de urinar, o yogue puxar forçosamente, por intermédio


de apana vayu, e mantê-la (a urina), descarregando-a devagar e lentamente,
praticando isto diariamente, de acordo com as instruções de seu Guru, ele obtém o
bindu siddhi (poder sobre o sêmen) que doa grandes poderes.

74. Quem praticar isto diariamente, de acordo com as instruções de seu Guru, não
perde seu sêmen, ainda que desfrute de centenas de mulheres de uma só vez.

75. Ó, Parvati!, quando o bindu siddhi é obtido, o que mais não pode ser
realizado? Mesmo a glória inacessível da Minha divindade pode ser atingida através
dele.

10 – Shakti chalan

76. Deixe o sábio yogue, com força e firmeza, atrair a deusa Kundalini, dormindo
no adhara lótus, por meio de apana vayu. Isto é Shakti chalana mudra, a doadora
de todos os poderes.

77. Quem pratica esta Shakti chalana diariamente, obtém aumento da vida e
destruição das doenças.

78. Deixando o seu sono, a serpente (ou seja, Kundalini), vai para cima; portanto,
deixe o yogue, desejoso de poder, praticar isto.
79. Quem pratica sempre a suprema shakti chalana, de acordo com as instruções
de seu Guru, obtém o vigraha siddhi, o qual é o doador dos poderes de anima etc.,
e não tem medo da morte.

80. Quem pratica a Shakti chalan apropriadamente por dois segundos, e com
cuidado, está muito próximo do sucesso. Esta mudra deve ser praticada pelo yogue
em uma postura própria.

81. Estas são as 10 mudras, cuja igualdade nunca houve e nem haverá jamais:
através da prática de qualquer uma delas, uma pessoa se torna um siddha e obtém
sucesso. (NT. Todas estas mudras estão descritas detalhadamente no livro Kundalini Tantra, de
Swami Satyananda Saraswati.)

Capítulo V

1. Parvati: Ó, Senhor, Ó amado Shankara!, diga-me, pra o bem daqueles cujas


mentes indagam acerca do supremo fim, os obstáculos e os impedimentos ao yoga.

2. Shiva: Ouça, Ó Deusa!, Eu Vos direi de todos os obstáculos que estão no


caminho do yoga. Para a realização da emancipação, os prazeres (bhoga) são os
maiores de todos os impedimentos.

Bhoga (prazeres)

3. Mulheres, camas, assentos, roupas e riquezas são obstáculos ao yoga. Betel,


pratos requintados, carros, reinos, altivez e poderes; ouro, prata, bem como cobre,
pedras preciosas, pau de aloé e vacas. (NT. do original “kine”, no plural de vacas.). O
conhecimento dos Vedas e dos Shastras; danças, canções e ornamentos; harpa,
flauta e tambor; andar sobre elefantes e cavalos; esposas e filhos, prazeres
mundanos. Todos estas são os muitos impedimentos. Estes são os obstáculos que
surgem de bhoga (prazeres). Ouça agora os impedimentos que surgem da religião
ritualística.

Dharma (ritualismo da religião)

4. Os seguintes são os obstáculos os quais o dharma interpõem: abluções (banhos


de purificação), adoração às deidades, observação aos sagrados dias da lua,
sacrifício do fogo, ânsia por moksha, votos de penitência, jejuns, celebrações
religiosas, silêncio, práticas ascéticas, contemplação e o objeto da contemplação,
mantras, doações de esmolas, fama em todo o mundo, escavação e doação de
tanques, poços e reservatórios, conventos e bosques, sacrifícios, votos de fome,
Chandrayana, e peregrinações. (NT. Chandrayana é um jejum que dura um mês
inteiro).

Jñana (obstáculos do conhecimento)

5. Agora descreverei, Ó, Parvati, os obstáculos que surgem do conhecimento.


Sentado na postura gomukh e praticando dhauti (lavar os intestinos por meio do
hatha yoga). O conhecimento da distribuição (NT. quantos em número e como se localizam
no corpo) das nadis (os canais do corpo humano), o aprendizado de pratyahara
(subjugação dos sentidos), tentando despertar a força de Kundalini pelo
movimento rápido da barriga (um processo de hatha yoga), entrando no caminho
dos indriyas (NT. Existe uma prática do yoga que vincula a meditação com a observação dos
indriyas, isto é, os sentidos, intencionando alcançar a verdadeira natureza pela compreensão da
independência do Eu real às ações a aos sentidos ), e o entendimento da ação das nadis;
estes são os obstáculos. Agora ouça as noções equivocadas da dieta, Ó, Parvati.
6. Que o samadhi (transe) pode ser induzido pela ingestão de substâncias
químicas, algumas essências e pela ingestão de certos tipos de alimentos, é um
erro. Agora ouça acerca da noção equivocada da influência da companhia.

7. “Manter a companhia dos virtuosos e evitar a dos viciosos”, é uma noção errada.
Medir o peso e a leveza do ar inspirado e expirado (é uma idéia errada).

8. Brahman está no corpo ou Ele é o criador da forma, ou Ele tem uma forma, ou
Ele não tem uma forma, ou Ele é tudo – todas essas doutrinas consoladoras são
obstáculos. Tais noções são impedimentos de Jñana (conhecimento).

Os quatro tipos de yoga

9. O yoga é de quatro tipos: primeiro o mantra yoga; segundo o hatha yoga;


terceiro o laya yoga; e quarto o raja yoga, os quais descartam a dualidade.

Sadhakas (aspirantes)

10. Saiba que os aspirantes são de quatro tipos – suave, moderado, ardente e os
mais ardentes – o melhor que pode cruzar o oceano do mundo.

Suave – autorizado ao Mantra Yoga

11. Os homens de pouca iniciativa, esquecidos, enfermos e que inventam falhas


nos professores; avaros, pecadores da gula e afeiçoados e dependentes de suas
esposas; inconstantes, tímidos, doentes, não independentes e cruéis; aqueles, cujo
caráter é mau e que são fracos – saiba que todos estes acima são sadhakas
suaves. Com grande esforço tais homens obtêm sucesso em doze anos; os
professores devem ajustá-los no mantra yoga.

Moderado – autorizado ao Laya Yoga

12. Pessoas inclinadas à independência (generosas), desejosas de virtudes, doces


em seus discursos; que nunca vão aos extremos em qualquer cometimento – estes
são os medianos. Estes devem ser iniciados, pelo professor, no laya yoga.

Ardente – autorizado ao Hatha Yoga

13. Pessoas inclinadas à firmeza, conhecendo o Laya Yoga, independentes, cheias


de energia, magnânimas, cheias de simpatia, clementes, verdadeiras, corajosas,
cheias de fé, adoradoras dos pés de lótus de seus Gurus, ocupadas sempre na
prática de yoga – saiba que tais homens são adhimatra (praticantes ardentes).
Eles obtêm sucesso na prática de yoga dentro de seis anos, e devem ser iniciados
no Hatha Yoga e seus ramos.

O mais ardente – autorizado a todos os yogas

14. Aqueles que têm uma maior quantidade de energia, são empreendedores,
cativantes, heróicos, que conhece os Shastras, e são perseverantes, livres dos
efeitos das emoções cegas, e não são facilmente confundidas, que estão no auge
de sua juventude, moderados em suas dietas, regras e seus sentidos, destemidos,
purificados, hábeis, caridosos, um socorro para todos; competentes, firmes,
talentosos, contentes, sempre dados ao perdão, bons em sua natureza, religiosos,
que mantêm seus esforços em segredo, de discurso doce, pacíficos, que têm fé nas
escrituras e são adoradores de Deus e do Guru, que são avessos a desperdiçar o
seu tempo na sociedade, e são livres de quaisquer doenças graves, que são
conhecidos com os deveres do adhimatra, e são praticantes de todos os tipos de
yoga, sem qualquer hesitação.

Invocação da sombra – pratikopasana

(NT. “Durante o período do fogo védico, o sol, o ar, a mente etc., foram tratados como pratikas
(símbolos) para representar o Brahman. Como os pratikas foram relacionados com Brahman? Havia
duas maneiras de fazer isso e, portanto, era pratikopasana védica de dois tipos: sampad e adhyasa.
Em sampad upasana um objeto inferior é usado como um símbolo para representar a realidade
superior. O símbolo é importante, os atributos da realidade superior dominam o campo de meditação.
(Para dar um exemplo moderno, quando um ídolo de pedra ou salagrama é adorado como Visnu, o
adorador se esquece da pedra e pensa apenas no esplendor luminoso de Visnu. Isto pode ser
considerado uma forma moderna de sampad upasana. Em adhyasa upasana o símbolo upasana
escolhido é, em si, um objeto superior e domina o campo de meditação. Após este símbolo os atributos
da realidade se sobrepõem, mas o símbolo é tão importante quanto os atributos. Meditação sobre o sol
(uma das mais belas meditações jamais concebidas) é um exemplo disso. O Upanisad ensina: "O sol é
Brahman, esta é a instrução". O sol, com seu brilho ofuscante, tem uma notável semelhança com
Brahman e pode-se diretamente ser meditado como Brahman. Tudo o que se tem a fazer é sobrepor
sobre o sol os atributos do Brahman como o infinito, a consciência, a felicidade, a causalidade final,
etc... Com o desaparecimento da tradição védica essas meditações Pratikas antigas não estão mais
em voga... O Brahma-Sutra ensina claramente que o Pratika deve ser encarado apenas como um
símbolo de Brahman. Deus não deve ser reduzido a símbolos, mas os símbolos devem ser exaltados
por Deus. Em outras palavras, a propósito de um pratima é servir apenas como uma ajuda visual
(saukaryam Dristi) para a concentração. Swami Bhajanananda, Extraído de Prabuddha Bharata
de 1979 a 1986)

15. A invocação de Pratika (sombra) dá ao devoto os objetos aparentes, bem


como os não aparentes; indubitavelmente, por esta visão real, um homem se torna
puro.

16. Em um céu claro e iluminado pelo sol, com um olhar firme, fixe em seu próprio
reflexo divino; sempre quando isto é visto, mesmo por um único segundo no céu,
você observa Deus imediatamente no céu.

17. Quem diariamente vê sua sombra no céu, tem os seus anos aumentados e
nunca morrerá de morte acidental.

18. Quando a sombra é contemplada completamente, refletida no céu, então ele


obtém vitória; e conquistando vayu, ele vai a todos os lugares.

Como invocar

18b. No momento do nascer do sol (aurora), ou pela lua (entardecer), deixe-o fixar
firmemente um olhar fixo no pescoço da sombra que ele reflete. Então, depois de
algum tempo, deixe-o olhar para o céu. Se ele vir uma sombra cinza no céu, isto é
auspicioso.

19. Quem sempre pratica isto e conhece o Paramatma (Ser Supremo), torna-se
plenamente feliz, através da graça de sua sombra.

20. No momento do início de uma viagem, casamento, ou de um trabalho


auspicioso, ou quando em dificuldade, isto é de grande auxílio. Esta invocação da
sombra destrói os pecados e aumenta as virtudes.

21. Ao praticá-lo continuamente, ele começa finalmente a contemplá-lo


(Paramatma) em seu coração, e o yogue perseverante obtém a liberação.

Raja Yoga

22. Deixe-o fechar os ouvidos com seus polegares, os olhos com os dedos
indicadores, as narinas com os dedos médios, e com os quatro dedos restantes (os
2 anelares e os 2 mínimos), deixe-o pressionar juntos os lábios superior e o
inferior. O yogue, tendo por esse meio, confinado firmemente o ar, contempla sua
alma na forma de luz. (NT. Este é um exercício também chamado yoni mudrá, que leva o
praticante a ouvir os sons místicos).

23. Quando se contempla, sem obstrução, esta luz mesmo por um momento,
torna-se livre de pecados e ele alcança o mais elevado fim.

24. O yogue, livre de pecados, e praticando isto continuamente, esquece-se de


seus corpos físico, sutil e causal e se torna um com aquela alma (Paramatma).

25. Quem praticar isto em segredo, é absorvido no Brahman, mesmo que ele tenha
se envolvido em trabalhos pecaminosos.

26. Isto deve ser mantido em segredo; uma vez que produz convicção, ele concede
o nirvana à humanidade. Este é o meu mais elevado yoga. Com a pratica disto,
gradualmente o yoga começa a ouvir os sons (nadas) místicos.

Sons do Anahad (NT. Anahad = vibrações sutis)

27. O primeiro som é como o zumbido de abelhas intoxicadas de mel, o próximo é


a de uma flauta, em seguida uma harpa; depois disto, pela prática gradual de yoga,
o destruidor da escuridão do mundo, ele ouve os sons do repique de sinos; então,
os sons parecem como o rugido de trovão. Quando fixar sua total atenção neste
som, estando livre de medo, ele obtém a absorção, Oh, minha amada!

28. Quando a mente do yogue está extremamente ocupada neste som, ele
esquece todas as coisas externas, e ele é absorvido neste som.

29. Pela prática do yoga ele conquista todas as três qualidades (ou seja, bom, mau
e indiferente); e estando livre de todos os estados, ele é absorvido em chidakas (o
éter da inteligência) (*NT. extremamente sutil).

Um Segredo

30. Não existe postura como aquela da Siddhasana, nem poder como aquele do
kumbhaka, nem mudra como aquela de kechari, e nem absorção como aquela
do nada (o som místico).

31. Agora vou descrever a Ti, Oh, Querida, a antecipação da salvação, o qual
conhecendo, até mesmo o aspirante pecador pode obter a salvação.

32. Tendo adorado o Senhor Deus apropriadamente, e tendo completamente


realizado o melhor dos yogas, e estando em uma postura firme e calma, deixe que
o sábio yogue inicie-se neste yoga junto de seu amável Guru.

33. Após ter doado todo o seu gado e propriedades ao Guru que conhece yoga, e
tendo satisfeito-o com grande cuidado, deixe o homem sábio receber esta iniciação.

34. Tendo satisfeito os Brahmanas (e sacerdotes), pela doação a eles de todos os


tipos de coisas boas, deixe o homem sábio receber este yoga auspiciosa em minha
casa (ou seja, o templo de Siva) com pureza de coração.

35. Tendo renunciado, pelos métodos acima, todos seus corpos anteriores (o
resultado de seu karma passado), e estando em seu corpo espiritual, deixe o
yogue receber este mais elevado yoga.

36. Sentado na postura de padmasana, renunciando a sociedade dos homens,


deixe o yogue pressionar as duas vijnana nadis com seus dois dedos.
(NT. Os pontos das vijnana nadis são por onde passam as artérias carótidas, responsáveis por
oxigenar o cérebro, mais especificamente a carótida externa. Tais artérias (carotídeas) passam pelo
pescoço, descrito muito bem no livro “A. Van Lysebeth, Pranayama, a dinâmica da respiração, tr.it.,
pp.162- 164”, e devem ser feitos com cuidado sob o risco de causar dano cerebral e até mesmo a
morte. Esse conhecimento não foi detalhado aqui, mas estudando um pouco do assunto, descobri que
pressionando levemente a artéria correta, em cada lado do pescoço, o praticante entra num estado de
transe, nem sono e nem desmaio, mas um estado propício para o samadhi, sendo que o jalandhara tem
efeito semelhante, porém não induzindo o tal estado. Nos tratados de acupuntura, esses pontos de
pressão que provocam desmaios são citados como os fu (LI_18) Renying (E-9) e SHUITU (D-10.)).

37. Ao obter sucesso nisto, ele se torna inteiramente felicidade e imaculado;


portanto, deixe-o se empenhar com toda sua força, com o propósito de garantir o
sucesso.

38. Quem pratica isto constantemente, obtém sucesso dentro de um curto espaço
de tempo; ele recebe também vayu siddha no decorrer do tempo.

39. O yogue, que faz isto mesmo que uma vez, verdadeiramente destrói todos os
pecados, e indubitavelmente nele os vayus penetram o canal do meio ( NT.
sushumna).

40. O yogue que pratica isto com preserverança é adorando até mesmo pelos
deuses; ele recebe os poderes psíquicos de anima, laghima etc., e pode ir a
qualquer lugar, por toda parte, nos três mundos, ao seu prazer.

41. De acordo com a força de um praticante em comandar o vayu, ele obtém o


poder sobre seu corpo; o sábio, permanecendo no espírito, desfruta o mundo no
presente corpo.

42. Este yoga é um grande segredo, e não deve ser dado a todo mundo; pode ser
revelado somente a ele, em quem todas as qualificações de um yogue são
percebidas.

Vários tipos de Dharana

43. Deixe o yogue sentar-se em padmasana e fixar sua atenção na cavidade da


garganta, deixe-o colocar sua língua até a base do palato; por este meio ele irá
extinguir a fome e a sede.

44. Abaixo da cavidade da garganta há uma bela nadi chamada kurma; quando o
yogue fixa sua atenção nela, ele adquire grande concentração do princípio do
pensamento (chitta).

45. Quando o yogue constantemente pensa que ele tem um terceiro olho – o olho
de Shiva – no meio de sua testa, ele então percebe um fogo brilhante como
relâmpago. Por meio da contemplação nesta luz, todos os pecados são destruídos,
e mesmo a mais perversa pessoa obtém o mais elevado fim.

46. Se o experiente yogue pensa nesta luz dia e noite, ele vê os Siddhas
(adeptos), e certamente pode conversar com eles.

47. Quem contemplar em sunya (vazio), enquanto caminha ou parado, sonhando


ou acordado, torna-se completamente etéreo e absorvido no chid-akasa (NT.
Chidakasa está além de todos esses planos de existência. Não tem formas nem atributos. É o Atma
em si)
48. O yogue, desejoso de sucesso, deve sempre obter este conhecimento; pelo
habitual exercício ele se torna igual a Mim. Através da força deste conhecimento,
ele se torna amado por todos.

49. Tendo conquistado todos os elementos, e sendo vazio de todas as esperanças e


ligações mundanas, quando o yogue senta em padmasana, fixa firmemente o seu
olhar na ponta do nariz, sua mente se torna morta e ele obtém o poder espiritual
chamado khechari.

50. O grande yogue contempla a luz, pura como a sagrada montanha Kailas, e
através da força de seus exercícios, ele se torna o senhor e guardião da luz.

51. Esticando-se no chão, deixe-o contemplar esta luz; ao fazê-lo, todo o seu
cansaço e fadiga são destruídos. Contemplando na parte de trás de sua cabeça ( NT.
Em bindu), ele se torna o conquistador da morte. (Descrevemos anteriormente o
efeito de fixar a atenção no espaço entre as duas sobrancelhas, por isso não precisa
ser enumerado aqui).

52. Dos quatro tipos de comida (ou seja, que é mastigado, o que é sugado, o que é
lambido e o que é bebido), que um homem toma, o fluído é convertido em três
partes. A melhor parte (ou o mais fino extrato da comida) vai para a nutrição deste
corpo denso, composto de sete dhatus (humores).

53. O terceiro, ou a parte mais inferior, vai para fora do corpo em forma de
excremento e urina. As primeiras duas essências da comida são encontradas nas
nadis, e sendo carregados por eles, nutrem o corpo da cabeça aos pés.

54. Quando o vayu se move através de todas as nadis, então, devido a este vayu,
os fluídos do corpo obtêm extraordinária força e energia.

55. O mais importante destas nadis são catorze, distribuídos em diferentes partes
do corpo e realizando várias funções. Elas são ambas fracas ou fortes, e o prana
flui através delas.

Os seis Cakras

1 – Muladhara Cakra

56. Dois dedos abaixo do reto e dois dedos acima do linga, quatro dedos de
largura, existe um espaço semelhante a uma raiz bulbosa.

57. Entre este espaço está a <yoni>, tendo sua face voltada para trás; aquele
local é chamado de raiz; lá habita a deusa Kundalini. Ela circunda todas as
<nadis>, e tem três voltas e meia; e prendendo a sua cauda em sua própria boca,
repousa na entrada de sushumna.

58. Ela dorme lá como uma serpente, e é luminosa por meio de sua própria luz.
Como uma serpente ela vive entre a junção; é a deusa do discurso, e é chamada a
semente (Bija).

59. Plena de energia, e semelhante ao ouro ardente, saiba que esta Kundalini é o
poder (shakti) de Vishnu; ela é a mãe das três qualidades – sattwa (ritmo),
rajas (energia) e tamas (inércia).

60. Lá, bela como a flor Bandhuk, está colocada a semente do amor, LAM; ela é
brilhante como o ouro polido, e está descrito no yoga como eterna.
61. A sushumna também a abraça, e a bela semente está lá; lá ela repousa
rebrilhante como a lua outonal, com a luminosidade de milhões de sóis, e a frieza
de milhões de luas. A deusa Tripura Bhairavi tem estes três (fogo, sol e lua)
juntos, e, em conjunto, ela é chamada de bija. Ela também é chamada de a
Grande Energia. (NT. Tripura Bhairavi é um aspecto feroz e terrificante da Deusa Kali; é uma
das 10 mahavidyas, ou aspectos da mãe divina).

62. Ela (bija) é dotada com os poderes da ação (movimento) e sensação, e circula
através de todo o corpo. Ela é sutil, e tem uma chama de fogo; às vezes ela sobe, e
outras vezes ela desce e cai na água. Esta é a grande energia, a qual repousa no
períneo, e é chamada de swayambhu-linga (o auto-manifestado).

63. Tudo isto é chamado de adhara padma (o lótus de apoio), e as quatro pétalas
dela, estão designadas pelas letras (v), (d), (s), (s).

64. Junto deste Swayambhu-linga existe uma região dourada, chamada kula; é
presidido pelo deva chamado Dviranda, e ele preside a deusa chamada Dakini. No
centro daquele lótus, está a yoni onde Kundalini reside; a energia circulando
brilhante sobre este local é chamada kama bija (a semente do amor. O sábio que
sempre contempla neste Muladhara, obtém Darduri siddhi (o poder de saltar
como um sapo); e, gradualmente, ele pode deixar o solo totalmente (ou seja,
elevar-se no ar) (NT. Sobre Kula: “Ku” significa a terra absoluta (pruthvi) como elemento, e “la”
significa a fusão. Kula, significa neste contexto, portanto, fundir-se ou destruir o elemento terra
presente em Muladhara cakra. Num outro sentido, Kula significa “família”; porém, não devemos crer
que o termo “família”, como seu significado, esteja implícito nesta citação como o original em inglês
sugere). (NT. Sobre Dakini: A Dakini de muladhara é conhecida como Shakti Dakini, correspondendo
à Rasa Dhatu, ou plasma).

65. O brilho do corpo é incrementado, o fogo gástrico se torna poderoso, e livre de


doenças, inteligência, resultando em onisciência.

66. Ele sabe o que foi, o que é e o que será, juntamente com suas causas; ele
domina as ciências desconhecidas juntamente com seus mistérios.

67. Em sua língua constantemente dança a deusa do aprendizado. Ele obtém o


mantra siddhi (sucesso nos mantras), somente através da constante repetição.

68. Este é o lema do Guru: “Ele destrói a velhice, a morte e inumeráveis


problemas”. O praticante de pranayama deve sempre meditar sobre ela
(Kundalini); por sua real contemplação, o grande yogue se torna livre de todos os
pecados.

69. Quando o yogue contempla este muladhara lótus – o Swayambhu-linga –


então, indubitavelmente, naquele exato momento, todos seus pecados são
destruídos.

70. O que quer que a mente deseje, ele recebe. Através do exercício habitual ele o
vê, aquele que dá a salvação, que é o melhor bem, tanto dentro quanto fora, e que
é adorado com grande cuidado. Melhor que Ele, não conheço ninguém.

71. Aquele que deixando Shiva, que está dentro, adorar o que está fora (ou seja,
adorar as formas externas), é semelhante aquele que joga fora o doce em sua
mão, e se afasta em busca de comida.

72. Deixe-o, assim, meditar diariamente, com negligência, em seu próprio


Swayambhu-linga; e não tendo dúvidas de que disto virão todos os poderes.
73. Pelo exercício habitual, ele dá sucesso em seis meses; e indubitavelmente seu
vayu perfura o canal do meio (sushumna).

74. Ele conquista a mente, e pode restringir seu alento e seu sêmen; então, ele
obtém sucesso neste, bem como nos outros mundos, sem dúvida.

2 – Swadhisthana Cakra

75. O segundo chakra está situado na base do pênis. Ele tem seis pétalas
designadas pelas letras (b), (bh), (m), (y), (r), (l). Sua haste é chamada
Swadhisthana, a cor do lótus é vermelho sangue, é presidido pelo deva Bala, e
sua deusa é Rakini.

76. Quem, diariamente, contempla neste Swadhisthana lótus, torna-se um


objeto do amor e da adoração a todas as belas deusas.

77. Ele que corajosamente recita os vários Shastras e as ciências antes


desconhecidas para ele, torna-se livre de todas as doenças, e se move através de
todo o universo corajosamente.

78. A morte é devorada por ele, ele não é devorado por ninguém; ele obtém o mais
elevado poder psíquico como anima, laghima, etc. O vayu se move em equilíbrio
através de todo o seu corpo; os humores (dhatus) de seu corpo são também
aumentados; a ambrosia que flui do lótus etéreo também é incrementado nele.

3 – Manipura Cakra

79. O terceiro cakra, chamado manipura, está situado junto ao umbigo; ele é da
cor dourada, tendo dez pétalas, designadas pelas letras (d), (dh), (n), (t), (th), (d),
(dh), (n), (p), (ph).

80. O deva que o preside é chamado Rudra – o doador de todas as coisas


auspiciosas, e a deusa que preside este local é chamada a mais sagrada Lakini.

81. Quando o yogue contempla no Manipura lótus, ele obtém o poder chamado
patala siddhi – o doador de constante felicidade. Ele se torna o senhor dos
desejos, destrói as tristezas e as doenças, engana a morte e pode entrar no corpo
de outro.

82. Ele pode fazer ouro etc., ver os deuses (clarividência), descobrir remédios para
as doenças e encontrar tesouros escondidos.

4 – Anahata Cakra

83. No coração está o quarto chakra, o Anahata. Ele tem doze pétalas designadas
pelas letras (k), (kh), (g), (gh), (n), (ch), (chh), (j), (jh), (ñ), (t). sua cor é de um
vermelho sangue profundo; ele tem a semente de vayu, YAM, e é um local muito
agradável.

84. Neste lótus está uma chama chamada van linga; pela contemplação disto,
obtêm-se objetos vistos e o universo invisível.

85. Ele está presidido pelo deva Pinaki, e Kakini é sua deusa. Quem sempre
contempla neste lótus do coração, é ansiosamente desejado por donzelas celestiais.

86. Ele obtém imensurável conhecimento, conhece o passado, o presente e o


futuro; tem clariaudiência, clarividência e pode andar sobre o ar, sempre que
desejar.
87. Ele vê os deuses, e a deusa conhecida como yoginis; obtém o poder conhecido
como khechari, e conquista tudo que se move no ar.

88. Quem diariamente contempla o mais elevado Banalinga (vanlinga, citado acima),
indubitavelmente obtém os poderes psíquicos chamados khechari (movimento no
ar) e Bhuchari (ir à vontade sobre todo o mundo).

89. Eu não posso descrever completamente a importância da meditação neste


lótus, mesmo os Deuses Brahma etc., mantêm este método de contemplação em
segredo.

5 – Vishuddha Cakra

90. Este chakra, situado na garganta, é o quinto, é chamado Vishuddha lótus.


Sua cor é como o ouro brilhante, está adornado com dezesseis pétalas e é o
assento do som das vogais, ou seja, suas dezesseis pétalas são designadas por
dezesseis vogais, (a), (a), (i), (i), (ri), (ri), (lri), (lri), (e), (ai), (o), (au), (am),
(ah). Ele é presidido pelo deva chamado Chhagalanda, e sua deusa presidente é
chamada Sakini.

91. Quem sempre o contempla, é verdadeiramente o senhor dos yogues, e merece


ser chamado de sábio; pela meditação deste vishuddha lótus, o yogue
compreende os quatro Vedas, com seus mistérios, de uma só vez.

92. Quando o yogue, fixando sua mente neste local secreto, sente raiva, então,
indubitavelmente todos os três mundos começam a tremer.

93. Mesmo se por ventura a mente do yogue for absorvida neste local, então ele se
torna inconsciente do mundo externo e desfruta certamente o mundo interno.

94. Seu corpo nunca cresce fraco, e ele retém sua força plena por milênios, ele se
torna mais duro que o diamante.

95. Quando o yogue abandona sua contemplação, então, para ele, neste mundo,
milhares de anos se assemelham como muitos momentos.

6 – Ajña Cakra

96. O chakra de duas pétalas, chamado Ajña, está situado entre as duas
sobrancelhas, e tem as letras (h) e (ksh); é presidido pelo deva chamado Shukla
Mahakala (o Grande Tempo Branco); é presidido pela deusa chamada Hakini. (NT.
Shukla Mahakala também é conhecido como Ardhanarishvara, metade homem, metade mulher. A
forma Ardhanari ilustra bem a união Shiva-Shakti. Em muitas murtis e desenhos é representado
como a parte esquerda sendo feminina, e a direita masculina.)

97. Dentro daquela pétala existe um bija eterno (a sílaba tham), brilhante como a
lua outonal. O sábio eremita, pelo conhecimento disto, nunca é puxado para baixo.

98. Esta é a grande luz mantida em segredo em todos os Tantras; pela


contemplação disto, obtém-se o mais elevado sucesso, não há dúvida disto.

99. Eu sou o doador da salvação, Eu sou o terceiro linga no turiya (o estado de


êxtase, bem como o nome do lótus de mil pétalas). Pela contemplação nisto, o
yogue se torna, certamente, como a Mim. (NT. No Mandukiya Upanishad, sob a
interpretação de Shankaracharya, existem 4 estados de consciência. O primeiro é Vaishvanara, é o
estado de vigília; o segundo é Taisaja, é o estado de sono; o terceiro é o Prajna, o estado do sono
profundo; o quarto estado é Turya, aquela que “não é consciência que está voltada para fora, nem
voltada para dentro, nem as duas coisas reunidas”, ou seja, é o samadhi).
100. Os dois canais chamados ida e pingala são os reais Varana e Asi. O espaço
entre eles, chamado Varanasi (Benares, a cidade sagrada de Siva). Naquele lugar
é dito que o Vishwanatha (o Senhor do universo) habita.

101. A grandeza deste local sagrado foi declarada em diversas Escrituras pelos
sábios percebedores da verdade. Seu grande segredo tem sido muito
eloqüentemente ponderado por eles.

7. O Lótus de Mil Pétalas

102. Sushumna vai ao longo do cordão espinhal até onde Brahmarandhra (a boca
de Brahma) está situada. Em seguida, por certa curvatura, vai para o lado direito
de Ajña lótus, de onde procede para a narina esquerda, e é chamado o Ganges.

103. O lótus que está situado no Brahmarandhra é chamado Sahasrara (o mil


pétalas). No centro deste espaço, habita a lua (chandra). A partir do espaço
triangular o elixir exsuda continuamente. Este fluído lunar da imortalidade flui
incessantemente através de ida. O elixir flui em um córrego – um contínuo córrego.
Indo para a narina esquerda, ele recebe dos yogues o nome de “Ganges”.

104. Da porção do lado direito do Ajña lótus e indo para a narina direita, flui o
canal ida. Aqui ele é chamado Varana (fluindo para o norte do Ganges).

105. Deixe o yogue contemplar no espaço entre os dois (ida e pingala) como
Varanasi (Benares). Pingala também vem do mesmo modo do lado esquerdo da
porção do Ajña lótus, e segue para a narina direita, e tem sido chamado por nós
de Asi.

106. O lótus que está situado no Muladhara tem quatro pétalas. No espaço entre
elas, habita o sol.

107. Daquela esfera do sol, o veneno exsuda continuamente. Aquele aquecimento


excessivo do veneno flui através de pingala.

108. O veneno (fluído solar da mortalidade) que flui continuamente lá, em um


córrego, vai para a narina direita, assim como o fluído lunar da imortalidade vai
para a esquerda.

109. Subindo do lado esquerdo do Ajña lótus e indo para a narina direita, este fluxo
para o norte em pingala tem sido chamado do antigo Asi.

110. O Ajña lótus de duas pétalas tem sido descrito como a morada do Deus
Maheshwara. Os yogues descrevem mais três estágios sagrados acima deste. Eles
são chamados bindu, nada e shakti, e estão situados no lótus da testa.

111. Quem sempre contempla no oculto Ajña lótus, destrói todos os karmas de sua
vida passada, sem qualquer oposição.

112. Permanecendo neste local, quando o yogue medita constantemente, então


para ele todas as formas, adorações e orações parecem inúteis.

113. Os Yakshas, Rakshashas, Gandharvas, Apsaras e Kinnaras, todos


servem aos seus pés. Eles se tornam obedientes ao seu comando.

114. Ao inverter a língua e colocá-la no poço do palato, deixe o yogue entrar em


meditação que destrói todos os medos. Todos os seus pecados, de quem cuja
mente permanece aqui firmemente, mesmo que por um segundo, são todos
destruídos de uma só vez.

115. Todos os frutos que tem sido descritos acima como resultantes da
contemplação dos outros cinco lótus, são obtidos através do conhecimento deste
único Ajña lótus sozinho.

116. O sábio que continuamente pratica a contemplação deste Ajña lótus, torna-
se livre da cadeia poderosa de desejos, e desfruta felicidade.

117. Quando, no momento da morte, o yogue contempla este lótus, deixando sua
vida, aquele santo é absorvido no Paramatma.

118. Quem contempla isto, parado ou andando, dormindo ou acordado, não é


tocado pelo pecado, mesmo que fosse possível para ele cometer atos pecaminosos.

119. O yogue se torna livre da cadeia por seu próprio esforço. A importância da
contemplação do lótus de duas pétalas não pode ser totalmente descrita. Mesmo os
deuses como Brahma etc., aprenderam somente uma porção desta grandeza de
Mim.

120. Acima disto, na base do palato, está o lótus de mil pétalas, naquela parte
onde a cavidade de sushumna está.

121. Da base, ou raiz do palato, sushumna se estende para baixo, até que alcança
o Muladhara e o períneo: todos os canais rodeiam-na ou estão suportadas por ela.
Estas nadis são as sementes do mistério, ou a fonte de todos os princípios que
constituem o homem, e mostram o caminho para Brahma (ou seja, doam a
salvação).

122. O lótus que está na raiz do palato é chamado Sahasrara (o de mil pétalas);
neste centro existe uma yoni (sede, ou centro da força) que tem sua face voltada
para baixo.

123. Nela (yoni) está a raiz de sushumna, junto com sua cavidade; isto é chamado
Brahmarandhra (a cavidade de Brahma), que se estende até o Muladhara
padma.

124. Naquela cavidade de sushumna habita, com a sua força interior, a Kundalini.
Em sushumna existe também uma contínua corrente de força, chamada chitra,
suas ações ou modificações devem ser chamadas, em Minha opinião, como
Brahmarandhra etc.

125. Pela simples recordação disto, obtém-se o conhecimento do Brahma, todos os


pecados são destruídos e ninguém nasce novamente como homem.

126. Deixe-o introduzir o polegar em sua boca: por este meio, o ar, que flui através
do corpo, é parado. (NT. Muito provável “boca” faz referência à cavidade de Sushumna)

127. Devido a este vayu, o homem vagueia no ciclo do nascimento; os yogues,


portanto, não desejam manter esta circulação (de vayu); todas as nadis são
limitadas pelos oito nós. Somente Kundalini pode perfurar estes nós e passar
através de Brahmarandhra, e mostrar o caminho da salvação.

128. Quando o ar (vayus) está completamente confinado nas nadis, então a


Kundalini deixa esses nós e força seu caminho para fora do Brahmarandhra.
129. Então, o ar vital flui continuamente em sushumna. No lado direito e esquerdo
de Muladhara estão situados ida e pingala. Sushumna passa através do meio
deles.

130. A cavidade de sushumna, na esfera do adhara, é chamada de


Brahmarandhra. O sábio que conhece isto é emancipado de todas as cadeias do
karma.

131. Todos estes três canais encontram-se, certamente, na boca de


Brahmarandhra; ao banhar-se neste local, certamente obtém-se a salvação.

O Sagrado Triveni (Prayaga)

(NT. Triveni é o local de junção das três nadis. Simbolicamente é o encontro dos rios sagrados,
Ganges (ida), Jamuna (pingala) e Saraswati (sushumna). Prayaga é a confluência destes três
rios.)
(NT. A Kumbhamela é uma peregrinação que se realiza quatro vezes a cada doze ano, quando os três
rios sagrados se encontram, e tem por turno os seguintes locais: Prayag, o nome indiano de
Allahabad (em Uttar Pradesh), Hardwar (em Uttaranchal), Ujjain (em Madhya Pradesh) e Nasik
(em Maharashtra). O último maha kumbhamela (realizado em 2001) reuniu cerca de 70 milhões de
pessoas.)

132. Entre o Ganges e Jamuna, flui o saraswati: ao banhar-se neste encontro, o


afortunado obtém a salvação.

133. Dissemos antes que ida é o Ganges, e pingala é a filha do sol (Jamuna); no
meio, sushumna é saraswati; o local onde todos os três se unem é o mais
inacessível.

134. Quem realizar o banho mental no encontro da Branca (ida) e da Preta


(pingala), torna-se livre de todos os pecados, e alcança o eterno Brahma.

135. Quem realizar os ritos funerários de seus ancestrais na união destes três rios
(Triveni), adquire a salvação de seus ancestrais, alcançando ele próprio o mais
elevado fim.

136. Quem diariamente realizar os triplos deveres (ou seja, o regular, ocasional e
opcional) por mentalmente meditar neste local, recebe a recompensa inalterável.

137. Quem se banha neste local sagrado, desfruta da felicidade celestial, seus
múltiplos pecados são queimados; ele se torna um yogue de mente pura.

138. Quer seja puro ou impuro, qualquer que possa ser o estado, pela realização de
ablução neste local místico, ele se torna indubitavelmente sagrado.

139. Na hora da morte, deixe-o banhar-se na água desta Triveni: quem morre
pensando nisto, então alcança a salvação neste local.

140. Não há segredo maior do que este em todos os três mundos. Isto deve ser
mantido em segredo com grande cuidado. Ele não deve nunca ser revelado.

141. Se a mente se torna firmemente fixada, mesmo que por meio segundo, em
Brahmarandhra, torna-se livre de pecados e alcança o mais elevado fim.

142. O sagrado yogue, cuja mente está absorvida nisto, é absorvido em Mim depois
de ter desfrutado dos poderes chamados anima, laghima etc.
143. O homem que conhece este Brahmarandhra torna-se meu amado neste
mundo; conquistando pecados, ele adquire direito à salvação; pela propagação do
conhecimento, ele salva milhares de pessoas.

144. O Quatro-faces (NT. Referência a Brahman) e os deuses dificilmente podem obter


este conhecimento, ele é o mais valioso tesouro dos yogues; este mistério de
Brahmarandhra deve ser mantido em grande segredo.

A Lua do Mistério

145. Tenho dito antes que existe um centro de força (yoni) no meio do
Sahasrara; abaixo é que está a lua; deixe o sábio contemplar isto.

146. Pela contemplação disto, o yogue se torna adorado neste mundo, e é


respeitado pelos deuses e adeptos.

147. No seio da testa, deixe o yogue contemplar o oceano de leite; deste local,
deixe-o meditar na lua, que está no Sahasrara.

148. No seio da testa existe a lua contendo o néctar, tendo seis kalas completos.
Deixe-o contemplar nesta única imaculada. Pela prática constante, ele a vê em três
dias. Pela mera visão dela, o praticante queima todos os seus pecados.

149. O futuro se revela a ele, sua mente se torna pura; e embora ele possa ter
cometido os cinco grandes pecados, no momento da contemplação disto, ele os
destrói.

150. Todos os corpos celestiais (planetas etc.) se tornam auspiciosos, todos os


perigos são destruídos, todos os acidentes são desviados, o sucesso é obtido na
guerra; os poderes de khechari e de bhuchari são adquiridos pela visão da lua
que está na testa. Pela mera contemplação dela, todos os resultados se sucedem,
não há dúvida disto. Pela constante prática do yoga, verdadeiramente a pessoa se
torna um adepto. Em verdade, em verdade, novamente em muita verdade, ele se
torna, certamente, Meu igual. O contínuo estudo da ciência do yoga, concede
sucesso aos yogues.

Aqui termina a descrição do Ajñapura Cakra.

O Místico Monte Kailash

151. Acima disto (ou seja, da esfera lunar), está o brilhante lótus de mil pétalas.
Ele está fora deste corpo micro cósmico e é o doador da salvação.

152. Seu nome é verdadeiramente o monte Kailash, onde habita o grande Senhor
Shiva, que é chamado Nakula, e é indestrutível, e não aumenta ou diminui.

153. Homens, assim que descobrirem este mais secreto local, tornar-se-ão livres de
renascimentos neste universo. Pela prática deste yoga, ele obtém o poder da
criação ou destruição da criação deste agregado de elementos.

154. Quando a mente está firmemente fixada neste local, que é a residência do
Grande Swan (NT. Swan = literalmente, Cisne), e é chamada Kailash, então, aquele
yogue, desprovido de doenças e subjugando todos os acidentes, vive por longos
anos, livre da morte.

155. Quando a mente do yogue está absorvida no Grande Deus, chamado Kula,
então a plenitude do samadhi é alcançada, em seguida o yogue obtém
imutabilidade.
156. Pela constante meditação, esquece-se o mundo e, então, de fato o yogue
obtém maravilhoso poder.

157. Deixe o yogue, continuamente, beber o néctar que flui para fora dele; através
disto, ele dá regra (lei) à morte, e conquista o kula. Aqui a Kula Kundalini
forçosamente é absorvida, depois disto a criação quádrupla é absorvida no
Paramatman.

O Raja Yoga

158. Por este conhecimento, as modificações da mente são suspendidas, não


obstante ela possa ser ativada; portanto, deixe o yogue, incansavelmente e
desinteressadamente, tentar obter este conhecimento.

159. Quando as modificações dos princípios mentais estão suspensas, então


certamente alguém se torna um yogue; em seguida, conhece-se o Indivisível,
sagrado e puro Conhecimento Transcendental.

160. Deixe-o contemplar, em seu próprio reflexo no céu, como além do Ovo
Cósmico, da forma descrita anteriormente. Através disto, deixe-o pensar no Grande
Vazio incessantemente.

161. O Grande Vazio, cujo princípio é vazio, cujo meio é vazio, cujo fim é vazio,
tem o brilho de dez milhões de sois, e a frieza de dez milhões de luas. Pela
contemplação contínua disto, ele obtém sucesso.

162. Deixe-o praticar com energia diariamente esta dhyana, dentro de um ano ele
obterá todo o sucesso, indubitavelmente.

163. Ele, cuja mente está absorvida naquele local, mesmo que por um segundo, é
certamente um yogue, e um bom devoto, e é reverenciado em todos os mundos.

164. Todos os seus pecados acumulados são, de uma única vez, verdadeiramente
destruídos.

165. Por vê-lo, a pessoa nunca retorna ao caminho deste universo mortal; deixe o
yogue, portanto, praticar isto com grande cuidado pelo caminho de
Swadhisthana.

166. Eu não posso descrever a grandeza desta contemplação. Quem praticar,


saberá. Ele se torna respeitado por Mim.

167. Pela meditação uma única vez, conhece-se os maravilhosos efeitos deste yoga
(ou seja, da contemplação do vazio); indubitavelmente ele alcança os poderes
psíquicos, chamados anima e laghima etc.

168. Assim eu tenho descrito o Raja Yoga, ele é mantido em segredo em todos os
Tantras; agora vou descrever para você brevemente o Rajadhiraj Yoga. (NT.
Rajadhiraj Yoga é uma forma mais ampla e mais abrangente de Asthanga Yoga. O Rajadhiraj
Yoga, “o yoga do rei dos reis”, tem algumas variâncias em relação ao Asthanga, como o texto a seguir
irá definir).

O Rajadhiraj Yoga
169. Sentando em Swastikasana, em um bonito mosteiro, livre de todos os
homens e animais, tendo saudado ao seu Guru, deixe o yogue praticar esta
contemplação.

170. Conhecendo, através dos argumento do Vedanta, que o Jiva é independente


e auto manifestado, deixe-o fazer sua mente também auto manifestada; e não
permita que ele contemple nada mais.

171. Indubitavelmente, por esta contemplação, o mais elevado sucesso (maha-


siddhi) é obtido; tornando a mente sem função, ele se torna perfeitamente
Completo.

172. Quem sempre pratica isto, é o autêntico yogue impassível. Ele nunca usa a
palavra “Eu”, mas sempre encontra a si mesmo completo de Atma.

173. O que é a escravidão? O que é a emancipação? Para ele, sempre, tudo é Um;
sem dúvida, quem pratica sempre isto, é o autêntico emancipado.

174. Ele é o yogue, ele é o verdadeiro devoto, ele é adorado em todos os mundos,
aquele que contempla o Jivatma e o Paramatma relacionando-os como “Eu” e
“Sou”; aquele que renuncia “Eu” e “Tu” e contempla o indivisível; o yogue livre de
todo apego, tomando abrigo naquela contemplação, no qual, através do
conhecimento da super afirmação e negação, tudo é dissolvido.

175. Deixando aquele Brahma, que é Manifesto, que é Conhecimento, que é Bem-
aventurança, e que é Consciência Absoluta, os iludidos vagueiam em vão,
discutindo o Manifesto e o Imanifesto.

176. Quem medita neste universo móvel e imóvel, que é realmente imanifesto, mas
abandona o supremo Brahma – diretamente manifesto – está verdadeiramente
absorvido neste universo.

177. O yogue, livre de todo apego, esforçando-se constantemente em manter esta


prática que leva ao Conhecimento Transcendental, de tal modo que não poderá ser
novamente perturbado pela ignorância.

178. O sábio, pela restrição dos sentidos dos seus objetos, e estando livre de toda
companhia, permanece no meio destes objetos, como se em um sono profundo, ou
seja, não os percebe.

179. Assim, constantemente praticando, o Eu luminoso torna-se manifesto: aqui


terminam todas os ensinamentos do Guru, (ele não pode mais auxiliar o
estudante). Doravante, ele tem que auxiliar a si mesmo, ele não pode mais
aumentar sua razão, ou poder. De agora em diante, pela mera força de sua própria
pratica, ele deve obter o Conhecimento Transcendental.

180. Aquele Conhecimento Transcendental, o qual as palavras tornam a mente


frustrada (confusa), é somente para ser obtido através da prática; visto que este
Conhecimento puro irrompe do Eu.

181. O hatha yoga não pode ser obtido sem o raja yoga, nem o raja yoga pode
ser obtido sem o hatha yoga. Portanto, deixe o yogue primeiro aprender o hatha
yoga pelas instruções de seu sábio Guru.

182. Quem, enquanto viver no corpo físico, não pratica yoga, vive meramente por
causa dos prazeres sensuais.
183. A partir do momento em que ele começa, até o momento em que ele obtém
perfeita maestria, deixe o yogue comer moderadamente e abstêmio, caso contrário,
por mais inteligente, ele não obterá sucesso. (NT. Já foram explicados anteriormente os
procedimentos que devem ser adotados pelo chefe de família, para o seu sucesso no yoga. A abstemia
aqui é indicada para os solteiros.).

184. O sábio yogue, em uma assembléia, deve proferir palavras de elevada


bondade, mas não deve falar muito: ele come um pouco para manter seu corpo;
ele renuncia a companhia dos homens, ele renuncia a companhia das mulheres;
verdadeiramente, ele renuncia a todas as companhias: caso contrário, ele não pode
obter mukti (salvação); em verdade, eu digo a você a verdade.

185. Deixe-o praticar isto em segredo, livro da companhia dos homens, em um


local retirado. Por causa da aparência, ele deveria permanecer na sociedade, mas
não deve tê-la em seu coração. Ele não deve renunciar aos deveres de sua
profissão, casta ou categoria; mas ele deve realizá-los meramente, como um
instrumento do Senhor (NT. Como um sacrifício ao Senhor Supremo, como o Bhagavad-Gita
ensina, sem esperar os frutos desse trabalho. Sem se alegrar com os resultados bons e sem se
entristecer com os maus resultados), sem qualquer pensamento sobre o evento. Ao fazer
assim, não há pecado.

186. Mesmo o dono de casa (Grihastha), por sabiamente seguir este método,
pode obter sucesso; não há dúvida disto.

187. Permanecendo no meio da família, sempre cumprindo os seus deveres de


chefe de família, quem está livre dos méritos e dos deméritos (NT. Ou seja, que não
almeja nada na realização dos deveres), e tem restringido os seus sentidos, alcança a
salvação. O chefe de família, praticando este yoga, não é tocado por pecados. Se,
ao proteger a humanidade, ele comete qualquer pecado, ele não é poluído por ele.

O Mantra (Om, Aim, Klim, Strim)

188. Agora vou dizer a você a melhor das práticas, o japa do mantra: disto, obtém-
se felicidade neste, bem como no mundo além deste.

189. Pelo conhecimento deste mais elevado dos mantras, o yogue certamente
alcança sucesso: isto dá todo poder e prazer ao indicado yogue.

190. Nas quatro pétalas do muladhara lótus, está o bija do discurso, brilhante
como o relâmpago (ou seja, a sílaba AIM.

191. No coração está o bija do amor, belo como a flor Bandhuk (ou seja, a sílaba
KLIM). Neste espaço, entre as duas sobrancelhas, no Ajña lótus, está o bija de
Shakti (STRIM), brilhante como dez milhões de luas. Existem três sementes que
devem ser mantidas em segredo – elas doam prazer e emancipação. Deixe o yogue
repetir estes três mantras (ou seja, Om, Aim, Klim e Strim) e tentar alcançar
sucesso. (NT. O pranava OM, estaria incluso nestes três mantras, uma vez que ele é a fonte de todos
os mantras).

192. Deixe-o aprender este mantra de seu Guru, deixe-o repetir, nem muito rápido,
nem muito lento, mantendo a mente livre de todas as dúvidas, e compreendendo a
relação mística entre as letras do mantra.

193. O sábio yogue, atentamente fixando sua atenção neste mantra, executando
todos os seus deveres peculiares à sua casta, deve realizar cem mil homas
(sacrifícios ao fogo), e, então, repetir este mantra trezentas mil vezes na presença
da Deusa Tripura. (NT. Tripura Bhairavi é uma das dez mahavidyas).
194. Ao final desta sagrada repetição (japa), deixe o sábio yogue novamente
realizar homa, em uma cavidade triangular, com açúcar, leite, manteiga (ghee) e
flor de karari (NT. É a flor do oleandro, também conhecida como loandro-da-índia, loureiro-rosa,
espirradeira, flor-de-são-josé. Nome científico: Nerium oleander).

195. Pela execução de Homa-japa-homa, a deusa Tripura Bhairavi, que tem


sido propiciada pelo mantra acima, torna-se satisfeita, e concede todos os desejos
ao yogue.

196. Tendo satisfeito ao Guru, e tendo recebido este mais elevado dos mantras, de
forma adequada, e realizando as repetições da forma prevista, com a mente
concentrada, até mesmo os mais sobrecarregados com karmas passados, obtêm
sucesso.

197. O yogue que, tendo controlado seus sentidos, repete este mantra cem mil
vezes, obtém o poder de atrair os outros.

198. Ao repeti-lo por duas lacs de vezes, ele pode controlar todas as pessoas – que
chegam junto dele como as mulheres vão para uma peregrinação. Eles dão-lhe
todas as suas posses, e permanecem sempre sob controle. ( NT. Lacs, a que se refere o
texto, é o equivalente a laque, no singular “lakh”, que significa cem mil rúpias, moeda da Índia).

199. Pela repetição deste mantra por três lacs de vezes, todas as deidades que
presidem as esferas, bem como as esferas, são trazidas sob o seu domínio.

200. Pela repetição deste, por seis lacs de vezes, ele se torna o veículo do poder –
sim, o protetor do mundo -, cercado por serviçais.

201. Pela repetição disto, doze lacs de vezes, os senhores de Yakshas, Rakshas e
Nagas ficam sob seu controle; todos obedecem o seu comando constantemente.

202. Pela repetição disto, por quinze lacs de vezes, os Siddhas, os


Viddyadharas, os Gandharvas, os Apsaras, ficam sob o controle do yogue. Não
há dúvida disto. Ele obtém imediatamente o conhecimento de toda a audição e,
conseqüentemente, todo o saber.

203. Pela repetição disto por dezoito lacs de vezes, ele, em seu corpo, pode se
levantar do chão: ele atinge verdadeiramente o corpo luminoso; ele vai a todo o
universo, onde quer que queira; ele vês os poros da terra, ou seja, ele vê os
espaços e as moléculas da terra sólida.

204. Pela repetição disto, por 28 lacs de vezes, ele se torna o senhor dos
Viddyadharas, o sábio yogue se torna Kamarupi (ou seja, assume qualquer
forma que ele desejar). Pela repetição disto por 30 lacs de vezes, ele se torna igual
a Brahma e Vishnu. Ele se torna um Rudra. Por 60 lacs de repetições, por 80
lacs de repetições, ele se torna todo desfrutador. Pela repetição por 10 milhões de
vezes, o grande yogue é absorvido no Pram Brahman. Tal praticante dificilmente
é encontrado em todo os três mundos.

205. Oh, Deusa! Shiva, o destruidor do Tripura, é o Único Primeiro e a mais


elevada Causa. O sábio O alcança, quem é imutável, indecadente, todo paz,
imensurável e livre de todos os males – o Mais Elevado Sucesso.

206. Oh, Grande Deusa!, esta ciência de Shiva é a Grande Ciência (mahavidya); ela
sempre foi mantida em segredo. Portanto, esta ciência revelada por Mim, o sábio
deve manter em segredo.
207. O yogue, desejoso de sucesso, deve manter o hatha yoga como um grande
segredo. Ele se torna fruitivo quando mantido em segredo; revelado ele perde o
poder.

208. O sábio, que lê isto diariamente, do início ao fim, sem dúvida, gradualmente,
obtém sucesso no yoga. Ele atinge a emancipação a que honra diariamente.

209. Deixe esta ciência ser recitada para todos os homens santos que desejam a
emancipação. Pela prática o sucesso é obtido, sem ele como pode o sucesso
suceder?

210. Portanto, o yogue deve realizar yoga de acordo com as regras da prática.
Quem está contentado com o que ele dá, quem restringe seus sentidos, sendo um
chefe de família, que não é absorvido nos deveres do lar, certamente obtém a
emancipação pela prática do yoga.

211. Mesmo os senhores, proprietários de casas, obtêm sucesso pelo japa se eles
executarem seus deveres de yoga apropriadamente. Deixe, portanto, os
proprietários de casas também empregar o yoga (sua riqueza e condição de vida
não são obstáculos nisto).

212. Vivendo no meio de uma casa, com esposa e filhos, mas livres de apegos para
com eles, praticando yoga em segredo, um chefe de família ainda encontra marcas
de sucesso (lentamente coroando os seus esforços), e assim seguindo estes Meus
ensinamentos, ele sempre vive em Bem-aventurança feliz.

______________

GLOSSÁRIO DAS PALAVRAS EM SÂNSCRITO

A: partícula negativa.
Abhaya: ausência de medo.
Abhaya Mudra: o gesto que afasta os temores.
Abhayapada: o passo corajoso do sábio.
Adhama: inferior.
Adhara: suporte, base.
Adhi: sobre, em cima.
Adhikara: qualificação.
Adhikari: aquele que têm a qualificação necessária.
Adho: para baixo.
Aham: eu.
Ahamkara: ego (noção do eu).
Airavata: Rei dos elefantes.
Ajna Chakra: 6º Chakra, significa mando, comando.
Akasa: espaço.
Amrtam: imortalidade ou o néctar da imortalidade.
Anahata Chakra: 4º Chakra, significa som místico.
Ananda: plenitude.
Ananta: sem fim, eternidade.
Anga: disciplinas secundárias, membro ou parte de um corpo.
Angi: corpo, aquele que possui membros.
Antah-karana: instrumento interno de conhecimento.
Antara: estar dentro.
Anuloma: ordem natural.
Apah: água.
Apana: o prana do Muladhara Chakra encarregado da eliminação.
Ardha: meia, metade.
Artha: objetos e também objetivo.
Asanas: posturas.
Ashtanga: oito membros (astha = oito, anga =membros).
Asuras: demônios.
Asva: cavalo.
Ati: acima.
Atma-jnana: o conhecimento do Ser (Atma = eu, o Ser, jnana = conhecimento).
Avyakta: nuvem original de energia e matéria indiferenciada,não manifesto.
B
Bahya-karana: instrumentos externos de conhecimento e ação (bahya = externo,
karana = instrumento).
Baddha: retido, preso.
Bhadram: prosperidade.
Bahya: suspender a respiração após a expiração.
Bandha: apertado, corrente, nó, preso, amarrado.
Bhava: atitude, temperamento, disposição mental, inclinação.
Bhedana: dividido, alternado.
Bija: semente.
Brahma: o criador da trindade Hindu.
Brahman: o Absoluto.
Brahma-Dvara: porta de Brahma (Criador da trindade Hindu).
Buddhi: intelecto.
C
Chakras: roda, centros de energia com características da personalidade.
Chakshu: olho.
Chit: consciência.
Chittam: memória.
D
Dakini: Senhora das lanças brilhantes.
Dakshina Tantra: Tantra da mão direita.
Damaru: tambor.
Danda: cajado, vara, bastão.
Danta: dente.
Darshana: visão.
Dattatreya: três rostos (representando Brahma, Vishnu e Shiva).
Daya: compaixão.
Deha: corpo.
Devadatta: dado por Deus.
Devas: deuses.
Devata: deidade.
Dhananjaya: conquistador de riqueza.
Dharana: concentração.
Dhatus: elementos constituintes ou ingredientes essenciais do corpo humano.
Dhrti: firmeza.
Durga: a difícil de ser alcançada, a que não se curva para ninguém.
Dhyana: meditação.
Dvandvatitha: além dos opostos (dvandva = opostos, atitha = além de).
G
Gada: maça de guerra.
Gaja: elefante.
Gajanana: que tem cara de elefante.
Ganesha: Senhor de todos os seres.
Garuda: águia, veículo de Vishnu.
Ghi: manteiga clarificada no fogo.
Go: vaca.
Govinda: que cuida das vacas ou das escrituras (Krshna).
Granthi: nó.
Gunas: características.
Guru: mestre, (aquele que elimina a ignorância).
H
Hala: arado.
Hansa: cisne ou pássaro mitológico.
Hari: salvador.
Hasta: mão.
Hatha: força.
Himalaya: morada da neve.
I
Iccha: vontade.
Ida: canal que vai contornando todos os Chakras desde o testículo direito até a
narina esquerda.
Indra: o Senhor dos Deuses.
Indriyas: instrumentos externos de conhecimento e ação.
Ishta Devata: Deus pessoal.
Ishvara: corpo total, o Senhor (Deus pessoal).
J
Jagrat: estado de vigília.
Jala: água.
Janu: joelho.
Jathara: estômago, abdome.
Jihva: língua.
Jiva: o indivíduo; corpo individual, aquele que está identificado com o corpo, a
mente e com o intelecto.
Jnana: conhecimento.
Jnana-indriyas: órgãos de percepção.
K
Kailasa: pico mais alto dos Himalaias, residência de Shiva.
Kaka: corvo.
Kakini: a sempre existente.
Kali: a negra.
Kapota: pombo.
Kama: desejo.
Kamandalu: cabaça, o pote do Sannyasi.
Kapala: crânio, cabeça.
Karana: causal.
Karma-indriyas: órgãos de ação.
Karttikeya: filho de Shiva e Parvati que foi cuidado pelas Krttikas.
É conhecido como deus da guerra e irmão de Ganesha.
Kesha: cabelo.
Khadga: espada.
Khatvanga: cajado encimado por uma caveira.
Kona: ângulo.
Kosha: invólucro, bainha.
Krttikas: as plêiades (estrelas da constelação).
Kriyas: ação, exercícios de limpeza dos condutos sutis de energia (Nadis).
Krkara: pássaro.
Krodha: raiva
Krshna Saranga: antílope negro.
Kumbha: pote.
Kurma: tartaruga.
L
Lakini: a benfeitora de todos.
Lobha: cobiça.
M
Mada: arrogância.
Madhyama: meio.
Manduka: sapo.
Mahabhutas: os cinco elementos perceptíveis que constituem a criação.
Mahadeva: o grande Deus.
Mahamaya: a grande ilusão.
Mamakara: noção do meu.
Mananam: refletir sobre o ensinamento.
Manas: mente.
Manasa-puja: culto mental.
Mandala: círculo, diagrama dotado de profundo simbolismo.
Mandir: templo.
Mangalam: auspiciosidade.
Manipura Chakra: 3º Chakra, que significa cidade das jóias.
Matsarya: inveja.
Matsya: peixe.
Maya Shakti: poder da criação.
Maya: ilusão.
Mayura: pavão.
Merudanda: coluna vertebral.
Mitratvam: amizade.
Modaka: doce.
Moha: ilusão.
Mohini: filha da ilusão.
Moksa: liberação.
Mukha: boca, face.
Mukta-triveni: lugar da junção de três (Nadis) para a liberação.
Mula: base, raiz.
Muladhara: 1º Chakra que significa básico ou raiz.
Murali: flauta de Krshna.
N
Nabhi: umbigo.
Nabhi Chakra: círculo do umbigo.
Nadichakras: gânglios ou plexos existentes nos corpos grosso, sutil e causal.
Nadikas: pequenos condutos aonde circula a energia vital.
Nadis: canais através dos quais circula a energia vital.
Naga: serpente.
Nakha: unha.
Namaskara: saudações com as mãos unidas na frete do peito.
Namaste: saudações a você.
Nandi: touro, representa Jiva (o indivíduo), sempre perto e com saudade do Atma
(Eu).
Nauka: barco.
Niralamba: sem suporte.
Niyama: disciplinas específicas para a purificação do estudante.
P
Pada: sílabas, pé.
Padma: lótus.
Pancha-prana: cinco pranas.
Panchikaranam: processo através do qual os elementos sutis vão se grossificando.
Parashu: machado.
Parivartana: virado.
Parsva: lateral do corpo.
Pashchimottana: grande estiramento posterior.
Pavana: vento, ar.
Pingala: canal que vai contornando todos os Chakras desde o testículo esquerdo até
a narina direita.
Prajna: ignorante.
Prakrti: natureza, matéria perecível.
Pramoda: alegria.
Prana: energia sutil.
Pranayama: disciplina da respiração para a harmonia da energia sutil ou vital.
Prasada: presente.
Prasarita: esticado.
Pratyahara: abstração dos sentidos.
Pratyaya: pensamentos, cognição.
Preman, Prema: amor.
Prthivi: terra.
Puraka: pulmão cheio (inspiração).
Purnam: plenitude.
Purusha: ser.
Puroshottama: o mais alto Ser.
Purva : anterior.
Purvottana: grande estiramento anterior.
Pushpa: flor.
R
Rajas: ação, movimento, atividade.
Rajju: corda.
Rshis: sábios.
Rudra: um aspecto de Shiva, que é considerado o devorador do poder cósmico.
Rudraksha: “olhos de Shiva”. Semente de uma determinada árvore com que se faz
um colar.
S
Shabda: som.
Shabda-prapanca: mundo do som.
Sadhaka: buscador.
Sadhana: disciplina.
Sadhya: objetivo.
Sah: ele.
Sahasrara: lótus de mil pétalas.
Salambha: com suporte.
Samadhi: absorção mental, quando se reconhece que não há diferença entre a
criatura a criação e o Criador.
Samana: o prana do Manipura Chakra encarregado da assimilação.
Samatvam: capacidade de estar sempre o mesmo, tranqüilo.
Sanmukha: que tem seis faces (cinco órgãos de percepção e a mente). Nome que é
dado a Karttikeya.
Sannyasa: renúncia.
Sannyasi: renunciante.
Sarasvati: Deusa do conhecimento e das artes, esposa de Brahma.
Sarva: todo.
Sarvanga: todos os membros do corpo.
Sat: existência.
Sattva: tranqüilidade, conhecimento, clareza, pureza.
Satyam: verdade.
Shalabha: gafanhoto.
Shankha: concha.
Shariram: corpo, veículo de manifestação do indivíduo.
Shakti: poder, energia, força.
Shama: disciplina mental.
Shanti: paz.
Shasha: coelho.
Shastras: escrituras.
Shava: cadáver.
Shodhana: purificação.
Shraddha: fé.
Shravanam: escutar o ensinamento.
Simha: leão, veículo de Durga.
Snayu: músculos.
Sneha: apego.
Sthiti: estabilidade.
Sthula: grosso.
Sukshma: sutil.
Supta: dormindo, deitado.
Shula: lança.
Sukham: felicidade.
Sushumna: canal central, que parte do Muladhara e sobe até o Sahasrara
atravessando todos os Chakras.
Sushupti: estado de sono.
Svadhisthana: 2º Chakra que significa suporte do sopro da vida.
Svapna: estado de sonho.
Svasthya: tranqüilidade, paz.
Svast:i boa sorte.
Svayambhu: auto-existente.
T
Tada: montanha.
Taijasa: luminoso.
Tamas: inércia, ausência de atividade e clareza mental.
Tanmatras: elementos sutis originais.
Tantra: governar, controlar, manter através de disciplina.
Tara: estrela.
Tattva: elemento.
Tejas: fogo.
Tola: balança.
Trigunatmika: possui três características.
Trikona: triângulo
Tvak: pele
U
Udana: o prana do Visuddha Cakra encarregado da ação inversa.
Upavish: sentar.
Urabhra: carneiro.
Urdhva: para cima.
Utkata: poderoso.
Uttha: levantar.
Uttama: superior.
Uttana: grande esticada.
Utthita: levantado.
V
Vahana: veículo.
Vaikuntha: céu.
Vajra: raio.
Vakra: dobrado.
Vakya: frases.
Vama: lado esquerdo.
Vama Tantra: Tantra da mão esquerda.
Vara Mudra: o gesto que concede a graça.
Varna: letras, cor, classificação.
Vayu: ar, forma cósmica da energia sutil, aquele que se move por toda parte.
Vidyarambha: início do conhecimento, dia da iluminação.
Vikshepa Shakti: o poder de projetar, criar.
Viloma: ordem invertida.
Viparita: ao contrário.
Vira: herói.
Virabhadra: herói criado pelos cabelos de Shiva.
Vishnu: O preservador da trindade Hindu.
Vishvarupa: forma total, múltipla.
Vishuddha: 5º Chakra que significa grande pureza.
Vishva: aquele que é total.
Viveka: discernimento.
Vrksha: árvore.
Vrtti: pensamento, movimento da mente.
Vyaghra: tigre (veículo de Durga).
Vyakta: manifesto.
Vyana: o Prana do Svadhisthana Chakra encarregado da distribuição.
Vyasa: sábio que compilou os Vedas e escreveu o Mahabharata.
Y
Yama: disciplinas éticas.
Yantra: forma geométrica.
Yoga: unir, direcionar, concentrar, preparar, disciplina.
Yoni: triângulo de cabeça para baixo que representa o sexo feminino e a Shakti.
Yukta-Triveni: lugar da junção de três (Nadis) para a liberação

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