Arede 002

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 02
TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 02 2
CENA 01 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

Continuação da seqüência final do capítulo anterior.
Teresa, trêmula, não consegue falar nada. Olga entra e se
aproxima rápida de Teresa, demonstrando preocupação.
OLGA – Tetê? Tá se sentindo bem?
Teresa não responde.
OLGA – Teresa!
Close no rosto de Teresa, ainda em estado de choque.
CORTA PARA
CENA 02 – RECIFE/BARNET – INT – NOITE

Mick está imóvel, sendo mirado pelos dois revólveres.
Apenas seus olhos se movem, expressando preocupação.
MICK (off) – Meu Deus, a Tetê tá vendo isso.

Tenho que desligar, tenho que desligar...
Corta para a parte de baixo do balcão. Mostra as pernas

de Mick. Um de seus pés alcança o estabilizador e muda a
posição do interruptor, desligando o computador. Corta de
volta para o rosto dele.
MICK (tentando manter a calma) – Olha... Eu

não vou sair daqui. (pausa) A renda... A renda
tá toda aí dentro dessa gaveta, tá
destrancada, podem levar o celular e...
RAPAZ 1 (grita) – Cala a boca!
Mick permanece calado. Os dois rapazes que estão na

frente de Mick começam a pegar os pertences dos outros
clientes, enquanto o terceiro, atrás dele, permanece com o
revólver apontado para sua cabeça.
CORTA PARA
CENA 03 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

Continuação da cena 01. Teresa, completamente
atrapalhada, digita a mensagem ‘Meu amor, toma cuidado!’ e
envia para Ed.
OLGA – Teresa... Acho que você fez confusão.
TERESA – Hã? Que confusão?
OLGA – Olha de novo pra quem você mandou essa

mensagem aí. (pausa) Não tá na hora de dormir
não?
TERESA – Ai, caramba! Fiz besteira.
OLGA – É só pedir desculpa, ué.
TERESA – E falar ‘desculpa, Ed, te confundi

com meu outro namorado!’? Vou perder os dois!
OLGA (meiga) – Vai dormir, vai.

TERESA (desliga o computador de qualquer jeito

e levanta) – É, gatinha, você tá certa. Já
fiquei tempo demais aqui. Boa noite...
Teresa dá um beijo na testa de Olga e sai. Olga a segue.
CORTA PARA
CENA 04 – RECIFE/BARNET – INT – NOITE

Os assaltantes já foram embora. Mick e os clientes estão
paralisados, atordoados. Uma menina chora, assustada. Um dos
clientes vai até o balcão.
CLIENTE – Ei, cara. Bora lá na delegacia!
MICK – Hã?
CLIENTE – Mick, acorda aí, pôxa! A gente não

vai ficar parado enquanto aqueles filhos da
mãe fugirem com as nossas coisas, né?
MICK – Não, não...
Amélia entra correndo e abraça Mick. Emílio entra atrás

dela.
AMÉLIA – Mickey! Você tá bem, meu filho?
MICK – Tô, mãe.

AMÉLIA – Ligaram lá pra casa dizendo tudo. Eu

sabia que algo errado ia acontecer! (pausa)
Não te machucaram, né?
MICK – Não, mãe. Tô inteiro.
EMÍLIO – Vamos ter que passar na delegacia,

com todo mundo, fazer BO...
MICK – Sim, vamos.
Todos vão saindo da lan. Mick sai por último, com Amélia
o tempo todo abraçada a ele.
CORTA PARA
CENA 05 – NY/CASA DE ALIENA/QUARTO DE TERESA – INT – NOITE

Sonoplastia: Future call – Jill Cunniff.
Teresa está em sua cama, rolando de um lado para o
outro, muito preocupada.
TERESA – Agora acabou tudo! Com certeza já

fizeram meu Mick em pedacinhos e o Ed...
Depois da mancada ele não vai querer saber de
mim!
Aliena entra sem bater.
ALIENA – Ainda acordada?
TERESA – É que aconteceu uma coisa horrível.

ALIENA – Quer me contar?
TERESA – Mas você já tá com tanto problema...
ALIENA – Eu já me sinto melhor. Pode desabafar

se quiser.
TERESA – Eu acho que perdi meus namorados.
ALIENA – Como?
TERESA – Bom... Primeiro eu tava falando com o

Mick e de repente vi ele com um revólver
apontado pra cabeça. Depois a conexão dele
caiu e eu troquei tudo, chamei o Ed de Mick...
Tô sentindo que vou ficar sem os dois.
ALIENA – Acho que você tá exagerando...
TERESA – Eu só consigo pensar que aconteceu

uma desgraça...
ALIENA – Pode ter sido só um susto e não ter

acontecido nada.
TERESA – Tá, mas e o Ed? Ele deve ter ficado

fulo porque confundi ele com outro... Eu não
me perdoaria se fosse ele.
ALIENA – Pára de pensar nisso, tá bom? Tenta

dormir, amanhã vai ser um dia melhor.
TERESA – Não consigo. Só penso besteira...

Fica comigo um pouquinho?
ALIENA – Vou pensar.
Teresa faz cara de quem vai chorar.
ALIENA – Tá bom, eu fico! Mas só até você

dormir.
Aliena vai para a cama. Teresa começa a rir. Elas

brincam e conversam, fora de áudio.
CORTA PARA
CENA 06 – NY/AP. DE ED/QUARTO – INT – NOITE

Sonoplastia: Pnevmatika.
Ed está deitado em sua cama, com um laptop no colo, mas
no momento não faz nada nele. Sentado em uma cadeira junto da
porta, está Bradley, que fuma tranqüilamente um cigarro.
ED – É cada mulher estranha que me aparece...
BRADLEY – What did you say? [o que disse?]
ED – I was thinking ‘bout these weird women…

[eu tava pensando nessas mulheres estranhas]
BRADLEY – What happened this time? [o que foi

dessa vez?]
ED – Teresa. Do you remember her? (pausa) I

think she’s hanging out with another guy.
[Teresa. Lembra dela? Acho que ela tá saindo
com outro cara.]
BRADLEY – And so what? [E daí?]
ED – Imagine she’s dating someone. It’s

dangerous to my plans. [Imagine que ela esteja
ficando com alguém. Isso é perigoso pros meus
planos.]
BRADLEY – Bullshit! But in fact I think you

should change your aims... Women are becoming
smarter. [Besteira! Mas eu acho mesmo que você
devia mudar de alvo… As mulheres estão ficando
mais espertas.]
ED (digitando, com um sorriso maroto nos

lábios) – I disagree... [Eu discordo...]
CORTA PARA
CENA 07 – NY/AP. DE FELÍCIA/SALA – INT – NOITE

Felícia está diante do computador, bebendo refrigerante
e lendo a mensagem de Ed, que diz: “estou ansioso para ir à
NY só para ver você.” Ela coloca o copo no chão, sorri e
começa a digitar uma resposta.
CORTA PARA
CENA 08 – NY/AP. DE ED/QUARTO – INT – NOITE

Continuação da cena 06. Ed faz sinal para que Bradley se
aproxime. Este se levanta e vai até Ed, que mostra a ele o
conteúdo da conversa do MSN.
ED (rindo) – You see? There’s more innocent

girls in this world than you could think, my
friend. [Vê? Há mais mocinhas inocentes nesse
mundo do que você pensa, meu caro.]
BRADLEY (também começa a rir) – That’s true!

[É verdade!]
Ed continua conversando com Felícia pelo MSN, sob o

olhar curioso de Bradley.
CORTA PARA
CENA 09 – NY/AP. DE FELÍCIA/QUARTO – INT – NOITE

Sonoplastia: Feminina - Joyce.
Felícia entra, saltitante e com um sorriso bobo no
rosto. Vai até um mural, onde se encontram fotos dela com
família e amigos, e alguns papéis coloridos. Ela coloca mais
um papel lá, com os dizeres: “meeting Ed right after Xmas!”
[Encontrar Ed logo depois do Natal!]
CORTA PARA
CENA 10
Tomada de Recife. Efeito de transição noite/dia.
CORTA PARA
CENA 11 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Minerva e Miranda estão sozinhas, deitadas no sofá porém
acordadas, abatidas pela noite mal dormida. Entram Michelle,
Emílio, Amélia e Mickey. Este se joga no sofá, entre as
irmãs.
MIRANDA – Conseguiram pegar os caras?
MICHELLE – Ainda não. Mas não vai ser nada

difícil. São três fugitivos da FUNDAC.
MINERVA – Graças a Deus ninguém se feriu...
MICK – Com certeza. (levanta) Agora vou subir,

tô morrendo de sono.
AMÉLIA – Depois desça que eu vou preparar um

lanche pra você, viu?
MICK (subindo, desanimado) – Tá bom, mãe.
AMÉLIA – Enquanto isso, vamos ter uma

conversinha séria, seu Emílio!
EMÍLIO – Agora não, Amelinha! Outra hora,

outro dia, mas agora também preciso de um
banho, de comida, de um cochilo...
AMÉLIA – Mas é importante...

EMÍLIO (interrompe, bravo) – Amélia! Agora não

dá. Mais tarde conversamos e acabou-se.
Emílio também sobe as escadas, o mais rápido que

consegue. Amélia suspira, aborrecida.
MIRANDA – Ô, mãe. Dá um tempo pro velho, né?
AMÉLIA – Só não quero que ele fique me

enrolando. Dessa vez vai ter que tomar uma
atitude!
MINERVA – Sobre o quê?
AMÉLIA – Sobre essa lan house. Eu quero que

ele feche essa porcaria e não aceito
enrolação!
MINERVA – Mas mãe, a gente tem um lucro legal!

Maior do que na papelaria... Era mais negócio
fechar a papelaria e ficar só com a lan!
AMÉLIA – Lucro, lucro! Por acaso a gente saiu

no lucro com esse assalto? Seu irmão poderia
ter morrido.
MINERVA – Foi uma fatalidade, mãe! A papelaria

também pode ser assaltada qualquer dia desses.
AMÉLIA – Ai, vira essa boca pra lá!

MINERVA – Não tô rogando praga. Só tô falando

a verdade!
AMÉLIA – Mas eu vou convencer Emílio a fechar

esse negócio. Nem que pra isso eu tenha que...
Tenha que... Ah, sei lá!
MINERVA – Mãezinha, é melhor a senhora

esquecer isso um pouco. Vai acabar ficando
doente!
AMÉLIA – É melhor ir preparar o lanche do

Mick. (vai saindo para a cozinha)
MIRANDA – Aproveita e prepara pra gente

também! Não tomamos café.
AMÉLIA – Venham pra cozinha e me ajudem!
As garotas se levantam e seguem Amélia.
CORTA PARA
CENA 12
Sonoplastia: Bob – Otto.
Tomada aérea da Vila do Ipsep.
CORTA PARA
CENA 13 – RUA – EXT – DIA

Movimento relativamente intenso. Um carro, modelo
Fiesta, de cor preta, estaciona na frente de um mercadinho.
CORTA PARA
CENA 14 – CARRO – INT – DIA

Hélio tira o cinto de segurança e abre a porta do carro.
Jacqueline permanece quieta, olhando pela janela, entediada.
HÉLIO – Vamos lá?
JACQUELINE (aborrecida, tira o cinto de

segurança) – Tudo bem. Não tem outro jeito
mesmo...
Os dois saem do veículo.
CORTA PARA
CENA 15 – RUA – EXT – DIA

Jacqueline caminha na frente, olhando para os lados,
reconhecendo o lugar. Hélio vai logo atrás dela, e a alcança.
HÉLIO – Ei! Que pressa é essa?
JACQUELINE – Tô andando na velocidade normal.

E não precisa me levar até em casa não, eu sei
o caminho.
HÉLIO – Eu vou levar assim mesmo, dona

bravinha.
Hélio segura Jacqueline pelo braço. Ela se solta

bruscamente.
JACQUELINE – Quer parar?
Eles continuam andando, em silêncio, até pararem na

frente de uma casa amarela, onde entram.
CORTA PARA
CENA 16 – CASA DE Mª EDUARDA/SALA – INT – DIA

Jacqueline larga as malas no chão e se joga no sofá.
Hélio permanece parado junto da porta.
HÉLIO – Pronto, tá entregue!
JACQUELINE – Valeu mesmo, tio. Agora senta...

Vou lá dentro ver se tem gente em casa.
HÉLIO – Certo.
Jacqueline sai levando as malas.
CORTA PARA
CENA 17 – CASA DE Mª EDUARDA/QUARTO DE JACQUELINE E ELOÍSE –

INT – DIA
Eloíse está deitada na cama, lendo um livro. Jacqueline
entra.
JACQUELINE – Cheguei!
ELOÍSE (larga o livro sobre a cama e levanta-

se, surpresa) – Jackie?
JACQUELINE – É... Por incresça que parível,

voltei mais cedo!
Eloíse vai abraçar a irmã ternamente. Jacqueline tenta

disfarçar o aborrecimento.
ELOÍSE – Você devia ter ligado pra avisar que

vinha... Dava tempo de fazer uma festinha...
JACQUELINE (interrompe) – Não, não, foi melhor

eu ter vindo de surpresa mesmo. Mais uma
daquelas festinhas bestinhas, com esse povo
chato desse bairro sem graça... Não me leva a
mal, Elô, mas você não acerta uma...
Eloíse fica séria, tentando disfarçar o desapontamento.
ELOÍSE – Veio com tio Hélio, né?
JACQUELINE – É, né... Ele tá lá na sala,

sozinho.
ELOÍSE – Vou lá falar com ele.
Eloíse sai apressada do quarto. Sozinha, Jacqueline

começa a andar pelo cômodo, observando-o com certo desgosto.
JACQUELINE – Não sei o que é pior...
CORTA PARA
CENA 18 – ESCOLA/SECRETARIA – INT – DIA

Amanda está sozinha, fazendo anotações em uma caderneta.
Está muito desanimada. Fecha a caderneta e suspira, triste.
Jorge entra, sem que ela perceba e dá um beijo em sua cabeça.
AMANDA – Oi...
JORGE – Minha nossa, que desânimo é esse?
AMANDA – Tava aqui fechando as notas dos

meninos... Um monte de reprovação.
JORGE – Ah, por isso que você tá chateada.
AMANDA – Pois é. Eu já tava prevendo isso aí.

Toda vez que eu saía daqui, passava na frente
da lan house aqui perto e os alunos todos
lá... Não estudaram, deu nisso.
JORGE – E você está triste.
AMANDA – Claro, né? Eu queria que todo mundo

se desse bem... Dá aquela tristezinha, uma
sensação de que falhou em alguma coisa.
JORGE – Mas você não falhou, você é ótima!
AMANDA – Gostaria de estar pensando assim

agora.
JORGE – Vê só... Se de todos os seus alunos,

mais da metade tivesse reprovado, aí sim, o
problema podia até estar com você. Mas não é
isso, não é?
AMANDA – É... É isso.
JORGE – Vamos mudar de assunto, certo? Não

quero mais ver a senhorita chateada. (a
abraça)
AMANDA – Então puxe o assunto aí. (pausa)

Sobre o que você quer falar?
JORGE – Que tal falar sobre o casamento?
AMANDA – Ih, falta tanto pra isso!
JORGE – Um ano passa voando.
AMANDA – Pior que é mesmo.
JORGE – A gente precisa ir logo escolhendo a

casa, e todas aquelas coisas...
AMANDA (interrompe) – Meu Deus! Nunca pensei

em ver um homem tão animado com essas coisas!
JORGE – Sabe o que é? (pausa) É que finalmente

encontrei alguém que valha a pena.
Amanda e Jorge se beijam. Sonoplastia: Pra ser só minha

mulher – Otto.
CORTA PARA
CENA 19
Tomada de vários pontos da cidade, indicando passagem
de dois dias.
CORTA PARA
CENA 20
Tomada do prédio do Centro de Artes e Comunicação –
UFPE. Sonoplastia: Mama Palavra – João Bosco e Ana Carolina.
CORTA PARA
CENA 21 – CAC/1º ANDAR – INT – DIA

Duas mulheres conversam e fumam junto a varanda. Helena,
muito elegante, sobe as escadas e entra na sala do NELFE
[Núcleo de Estudos Lingüísticos da Fala e Escrita]. Logo
depois, Catarina, Joyce, Geysa e Ilma descem, vindas do
segundo andar. Das quatro, Geysa e Ilma são as que parecem
estar mais nervosas. Geysa está fumando.
CATARINA – Ô, Ge, quer fazer o favor de apagar

esse cigarro?
GEYSA – Quando eu estiver calma, tá?
JOYCE – Só não vai queimar a Helena com isso

aí.
ILMA – Do jeito que ela é, é até capaz de se

encostar ali com a Ge e ficar fumando também!
CATARINA – E todos ficam felizes?
JOYCE – Tomara!
As garotas param de frente para a porta da sala do

NELFE, onde Helena tinha entrado.
ILMA – Quem entra?
CATARINA – As interessadas, ué.
GEYSE – Mas bem que tu podia entrar logo,

fazer a frente, né, Catarina? Tu é monitora
dela mesmo...
JOYCE – Ela pode não estar aí, né?
CATARINA – Bem provável.
Ilma suspira, irritada, e se dirige a uma das mulheres

que está fumando ali perto.
ILMA – Oi, licença... Você sabe informar se a

professora Helena Mendonça passou por aqui?
MULHER – Entrou ali agora a pouco. (indica a

sala)
ILMA – Obrigada. (volta para perto das amigas)

Ela tá aí dentro. A gente entra ou espera?
GEYSA – Vamos ficar por aqui... Quando ela

sair a gente pega.
Elas continuam conversando, fora de áudio.
CORTA PARA
CENA 22 – SALA DO NELFE – INT – DIA

Walter e Helena estão sozinhos na sala, em cantos
opostos: enquanto ele está em um dos computadores, lendo um
texto qualquer, um tanto desconcentrado; ela mexe em uma das
prateleiras, selecionando alguns livros. Depois de colocar
três livros sobre a grande mesa no centro da sala, Helena se
vira e pára, olhando fixamente para Walter, que até então não
parece ter se dado conta de sua presença.
WALTER (baixinho) – Por que essa criatura

tinha que ser assim, hein? Por que ela não...
HELENA (com ar zombeteiro) – Deu pra ler

romances baratos agora, Walter?
WALTER (olha para ela, irritado) – Ah, você tá

aí, é?
HELENA – É, já faz quase cinco minutos. Mas

você estava tão distraído com o seu weblivro
água com açúcar, fiquei até sem jeito de
interromper.
WALTER – A última coisa que eu esperava era

começar mais um dia de trabalho tendo que
ouvir suas observações sarcásticas e
inconvenientes, pra variar.
HELENA – Ah, meu querido... Sinto muito. Não

queria estragar seu dia.
WALTER – Mas você nunca quer. Você consegue!

(pausa) Olha, Helena, eu tô aqui tentando ler
um artigo, não tô me concentrando direito,
preciso ficar sozinho. Tem jeito?
HELENA – Tudo bem! Seu desejo é uma ordem,

senhor Tavares!
Sonoplastia: No substitute for arrogance – The Joe Perry

Project.
Walter volta-se para o computador, tentando retomar a
leitura. Helena recolhe os livros que tinha colocado sobre a
mesa e dirige-se para a porta. Antes de sair, joga um beijo
para Walter.
CORTA PARA
CENA 23 – CAC/1º ANDAR – INT – DIA

Helena sai da sala e encontra Joyce, Ilma e Geysa a
esperando.
HELENA – Bom dia.

GEYSA – Helena, a gente pode dar uma

palavrinha com você?
HELENA – Agora?
GEYSA – É, agora.
HELENA – Sobre?
GEYSA – Sobre a nota da final. A gente tá

querendo recorrer e...
HELENA (interrompe, seca) – Minha querida,

isso não é mais um problema meu. Recorram ao
departamento, sim?
GEYSA (levanta a voz) – Mas é claro que é um

problema seu! Quem foi injusta na correção foi
você, não o departamento de letras!
ILMA – Ge, se acalma...
GEYSA – Acalmar porcaria nenhuma! Eu não vou

reprovar nessa maldita cadeira por causa de
quatro décimos! (grita) Não vou!
HELENA – Minha filha...
GEYSA – Sua filha uma conversa! Quero uma

solução e agora!
HELENA (firme) – Se quer uma solução, então

abaixe agora mesmo o tom de sua voz.
Geysa encara Helena, muito séria.
ILMA – Olha, Helena... Releva isso, a Geysa tá

muito nervosa. Mas por favor, uma
recorreção...
HELENA (olha no relógio) – Desculpem-me, mas

agora não tenho mais tempo para conversar.
Helena desce a escada rumo ao térreo, sobre o olhar

estupefato de Ilma e Joyce. Geysa está bufando de ódio.
ILMA – Acho que não tem mais jeito.
GEYSA (gritando) – Tá vendo? Tá vendo, Ilma?

Foi bancar a mocinha polida, tá aí, se lascou!
ILMA – Quer ficar calma?
JOYCE – Meu Deus, achei que tu fosse matar a

professora, Ge.
GEYSA – Pois devia. Devia mesmo ter esganado

ela, pra ver se ela reencarnava como uma
criatura menos nojenta, asquerosa. (pausa)
Isso não é uma professora, é... É o Satanás!
CATARINA (subindo) – Assim, de quem vocês

estão falando?
JOYCE – Adivinha...
GEYSA – Olha, Catarina, tu vai me odiar pelo

que eu vou dizer, mas aquela Helena é
insuportável! Odeio aquela mulher, odeio
aquela mulher, odeio!
ILMA – Ela passou por aqui, e pelo jeito não

vai revisar porcaria nenhuma.
GEYSA – Mas ela vai ver, vai ver!
CATARINA – Vai ver o que, criatura?
GEYSA – Vai ver o que vou armar pra cima dela.

Vou fazer todo mundo nesse centro saber quem é
Helena Mendonça, aí eu quero ver ela agir do
jeito que ela age!
CATARINA – Garota, você enlouqueceu?
GEYSA – Enlouqueci nada! Todo mundo fica aí,

se acabando com as palhaçadas dessa mulher que
acha que ensina, que se acha a bala que matou
Jesus, mas ninguém, ninguém fala nada. (pausa)
Tão com medo de quê? De represália? Essa vaca
por acaso é melhor do que qualquer um aqui
dentro?
CATARINA – Não é isso, Geysa! Mas convenhamos,

minha amiga, não é assim que se resolvem as
coisas. Não tá certo!
GEYSA – Você tá falando isso só porque é

amiguinha da cachorra! Queria ver se você
tivesse ferrada que nem eu!
CATARINA – Olha, eu não vou perder tempo

discutindo com você não. Tenho mais o que
fazer.
Catarina entra na sala do NELFE, batendo a porta.
GEYSA – Muito bom, muito bom. (pausa) É assim

que a gente descobre quem são as amigas de
verdade!
ILMA – Geysa, é melhor você se calar. Vai

acabar falando uma besteira.
GEYSA – Não, eu sei do que eu tô falando!

Catarina não era assim. Mas fazer o quê, né?
Se vendeu por causa de uma bolsa de iniciação
idiota!
CORTA PARA
CENA 24 – CASA DE Mª EDUARDA/QUARTO DE ELOÍSE E JACQUELINE –

INT – DIA
Jacqueline está dormindo. Eloíse, já pronta para sair,
vai acordá-la.
ELOÍSE – Jackie! Acorda, menina.
JACQUELINE (sonolenta) – O que é?
ELOÍSE – Já estou saindo.
JACQUELINE – E o que o meu sono tem a ver com

isso?
ELOÍSE – Tem leite na geladeira, e café,

mainha fez torrada, tá tudo lá na...
JACQUELINE (levanta, irritada) – Eloíse, tá

achando que eu não sei me orientar dentro da
minha própria casa? Que não sei procurar as
coisas?
ELOÍSE – Desculpa. Pode voltar a dormir.
JACQUELINE – Não, agora esquece. Vou comer.
Jacqueline sai. Eloíse atrás dela.
CORTA PARA
CENA 25 – CASA DE Mª EDUARDA – INT – DIA

A cena transcorre acompanhando a ida das irmãs à
cozinha.
JACQUELINE – Que silêncio!

ELOÍSE – Já foi todo mundo pro mercado. Também

tô indo pra lá.
JACQUELINE – Você continua trabalhando lá?
ELOÍSE – Por enquanto sim. Mas em breve vou

começar a estudar e tal... Aí só vou ficar
dando uma força de vez em quando.
JACQUELINE – Estudar? Massa... Onde?
ELOÍSE – Vou fazer educação física lá na FBV.

Na verdade o que eu queria era dança, mas não
rolou, paciência.
JACQUELINE – Dança?
ELOÍSE – É. Eu não te contei antes, mas tô

namorando um bailarino.
Jacqueline, que estava tomando café com leite, engasga e

começa a rir.
JACQUELINE – Bailarino? Tem certeza?
ELOÍSE – É. E não dá pra entender por que todo

mundo faz essa cara de espanto quando eu falo!
JACQUELINE – Vai me desculpar, mas bailarino

não tem lá uma boa fama!
ELOÍSE – Mas o Rodrigo é ótimo, tô muito feliz

com ele, aprendo coisas novas, ele é muito
inteligente.
JACQUELINE – Nossa, que legal.
ELOÍSE – Pena que ultimamente ele só viva

viajando, por causa das apresentações. Mas
esse fim de semana ele tá voltando, e vai
ficar um bom tempo!
JACQUELINE – Legal! Quero ver o moço pra ver

se aprovo. Rodrigo, né?
ELOÍSE – É. Agora eu tô com pressa, mas depois

te mostro uma foto dele. (saindo) Até mais!
JACQUELINE – Tenha um bom dia!
Sozinha, Jacqueline come uma torrada, depois bebe mais

um pouco de café com leite. Fica por um instante quieta,
pensativa. Depois levanta e sai. Sonoplastia: Devolve, moço –
Ana Cañas.
CORTA PARA
CENA 26 – CASA DE Mª EDUARDA/QUARTO DE JACQUELINE E ELOÍSE –

INT – DIA
Jacqueline entra no quarto e vai direto para o criado
mudo de Eloíse, começa a mexer nas gavetas até encontrar um
álbum de fotos. Abre o álbum e começa a folheá-lo, com
interesse. Vê várias fotos de Eloíse e Rodrigo se beijando,
abraçados, em diversos cenários: praia, shopping center, etc.

Jacqueline sorri.
JACQUELINE – Bom gosto, hein, irmãzinha?

(pausa) Muito bom gosto...
Jacqueline sorri, olhando a foto.
CORTA PARA
CENA 27
Sonoplastia: Dilata – Otto.
Tomada aérea de São Paulo/Avenida Paulista.
CORTA PARA
CENA 28 – HOTEL/QTO DE ANUSKA – INT – DIA

Mostra um plano geral do quarto do hotel, um pouco em
desordem. Anuska é vista de costas, encostada à janela. A
imagem se aproxima e dá a volta para mostrar seu rosto,
contemplativo, sério. Corta para a porta do quarto. Rodrigo
entra, animado.
RODRIGO – Ei, Nuska! (ela não responde)

Anuska!
ANUSKA (olha para trás, um pouco assustada) –

Oi?
RODRIGO – Tá dormindo, é?
ANUSKA – Nada, só tava pensando aqui no que eu

vou fazer agora que tô de férias.
RODRIGO – Bom, você eu não sei. Mas a primeira

coisa que vou fazer assim que chegar em Recife
é ir atrás da Eloíse... Não agüento mais de
saudade!
ANUSKA – Bom pra você, né? (pausa) Só que eu

não queria voltar pra casa. Pelo menos não
agora.
RODRIGO – E por que não?
ANUSKA – Não sei explicar...
RODRIGO – Ainda aquela história com o Jorge?
ANUSKA – Nada! Esses vacilos eu faço questão

de esquecer.
RODRIGO – Mas você ainda gosta dele?
ANUSKA – Não sei.
RODRIGO – Anuska! Isso lá é resposta que se

dê?
ANUSKA – E isso é pergunta que se faça?
RODRIGO – Desculpa. Eu só vim te chamar pra

dar uma volta.
ANUSKA – Tá certo, eu vou. Contanto que o

senhor não me venha puxando esse assunto chato
de novo.
RODRIGO – Sim, senhora. Mas também vai ter que

me agüentar falando da Elô o tempo inteiro!
ANUSKA (sorri) – Prefiro!
RODRIGO – Te espero lá fora.
Rodrigo sai. Anuska vai tomar um banho.
CORTA PARA
CENA 29 – SÃO PAULO/RUAS – EXT – DIA/MEIA HORA DEPOIS

Anuska e Rodrigo caminham lado a lado, em silêncio.
ANUSKA – Soube que ele arrumou uma namorada e

tá querendo casar logo.
RODRIGO – Quem?
ANUSKA – Você não soube? O Jorge tá com uma

noiva...
RODRIGO – Não foi você mesma que falou que não

queria tocar nesse ‘assunto desagradável’?
ANUSKA – É, eu disse, mas...

RODRIGO – Toda errada, você.
ANUSKA – Saiu sem querer, caramba!
RODRIGO (pára de andar e a detém) – Isso é

porque você não conseguiu esquecer ele.
ANUSKA – Quem esquece em dez meses uma

história de quase dez anos? Nem ele, que tá
querendo posar de forte, esqueceu, tenho
certeza.
RODRIGO – E se pudesse voltar no tempo?
ANUSKA – Não sei. Não sei de nada. (pausa)

Volta a falar da tua história que é mais
feliz.
Rodrigo solta Anuska e os dois seguem andando e

conversando.
CORTA PARA
CENA 30
Sonoplastia: Naked eye – Luscious Jackson.
Tomada aérea do Rockefeller Center/Nova York.
CORTA PARA
CENA 31 – NOVA YORK/RUAS – EXT – DIA

Olga e Teresa caminham juntas, cada uma carregando uma
sacola de compras. Passam na frente de um anúncio colado em
um muro – é o anúncio de um show da banda Luscious Jackson.

Olga olha ligeiramente o anúncio e repentinamente se detém.
OLGA – Eu tinha esquecido!
TERESA (também pára de andar e olha para Olga)

– Esqueceu o quê?
OLGA – Não, foi o show. (indica o cartaz)
TERESA – E?
OLGA – Ganhei uns ingressos de uma amiga lá do

colégio. Eu pensei em vender e tal...
TERESA (lendo o anúncio) – E o show nem vai

ser aqui.
OLGA – É. Eu ia falar com você pra me levar,

mas esqueci... Agora acho que vou ter que
vender. A apresentação é daqui a dois dias.
TERESA – Não, não, não precisa vender! Esse

negócio de show fora da cidade até me deu uma
idéia.
OLGA – Sobre?
TERESA – Sobre fazer a Ali parar de pensar lá

no namorado fantasma dela.
OLGA – Ela até melhorou um pouquinho, tá menos

triste.
TERESA – Mas ainda não tá bom... Acho que

ficar uns dias fora é a solução mesmo. Ela
pode até conhecer um cara menos complicado,
que pelo menos visitasse a casa da namorada.
OLGA – Mas você também namora e a gente nunca

viu o seu namorado.
TERESA – Bom... Mas eu não tenho filhos com

esse meu namorado virtual. E logo, logo vou
acabar com isso.
OLGA – Quando?
TERESA – Acho que depois do Natal. Antes da

viagem vou marcar algo com ele. E, se tudo der
certo, a minha vida vai mudar!
OLGA – E se der errado?
TERESA – Se der errado... Ai, que pessimismo,

Oliushka! Não vai dar errado, tenho certeza.
Agora vamos andando, que eu quero falar com
sua mãe sobre nosso passeio.
CORTA PARA
CENA 32 – NY/CASA DE ALIENA/COZINHA – INT – DIA

Aliena e Teresa preparam juntas o almoço.
TERESA – Ali, tenho uma proposta pra te fazer.
ALIENA – Sobre?
TERESA – Que tal se fizéssemos uma viagem

rápida?
ALIENA – Pra onde?
TERESA – Vermont. Vai ter um show lá, Oliúshka

quer ir, aí eu pensei “puxa, seria legal se
fôssemos todas, passar uns dois dias fora de
casa”... O que acha?
ALIENA – Quando?
TERESA – Amanhã.
ALIENA – Amanhã? Mas...
TERESA – Não me diga que Ed está de passagem

por Nova York de novo!
ALIENA – Não sei, não falei mais com ele. Mas

queria muito falar.
TERESA – Aproveita que ele sumiu e arruma um

pai mais decente pras tuas filhas.
ALIENA – Não gosto quando você fala assim do

Ed.
TERESA – E nós não gostamos desse seu namoro

esquisito. Mas você vai ou não vai com a
gente? Se o problema for falta de grana, tenho
umas economias, dá pra desviar parte da
verba...
ALIENA – O problema não é esse. Mas na verdade

eu não queria sair daqui.
TERESA – Pôxa, Ali! (irritada, acaba jogando

um copo no chão)
ALIENA – Não precisa se irritar tanto assim!

Eu só não tô no espírito ainda.
TERESA – E nunca vai ficar, né? (pausa)

Aliena, você tá muito diferente. E eu não
gosto dessa Aliena que eu tô vendo!
Teresa vai começar a recolher os cacos do copo quebrado.

Aliena a detém.
ALIENA – Deixa, eu faço isso. Vai descansar um

pouquinho e quando tudo estiver pronto, eu te
chamo.
TERESA – Tá bom...
Teresa sai. Aliena a observa, triste. Sonoplastia:

Lubit, ne lubit – Natalia Bannova.
CORTA PARA
CENA 33
Tomada aérea de Recife, indicando passagem de algumas
horas.
CORTA PARA
CENA 34 – BARNET – INT – TARDE

Horário de almoço. Apenas Miranda e Geysa estão lá. Um
pouco impaciente, Miranda se aproxima do computador que Geysa
está utilizando.
MIRANDA – Oi... Vai demorar muito? É que eu

queria fechar pro almoço, sabe?
GEYSA – Eu só vou terminar de mandar uns e-

mails aqui.
MIRANDA (tentando ler o que Geysa digita) –

Nossa. Pelo jeito você tá bastante revoltada,
né? Quem é a vítima?
GEYSA – Vítima sou eu, que fui prejudicada por

uma professora estúpida. (pausa) Mas todo
mundo vai saber a verdade.
MIRANDA – Nossa, adoro esses barracos...
Minerva entra.
MINERVA – Oi, Mi! O Mick pediu pra eu ficar um

pouco aqui enquanto você vai almoçar. Depois
ele vem.
MIRANDA – Ah, já não era sem tempo! Tô

morrendo de fome. (para Geysa) E depois me
conta que fim teve essa história, tá?
GEYSA – Tá certo.
Miranda sai. Minerva caminha um pouco pelo lugar e

depois vai para o balcão. Depois de alguns instantes de
silêncio, o telefone toca.
MINERVA – Alô.
VOZ MASCULINA (off) – É da Barnet?
MINERVA – Sim, mas quem tá falando?
VOZ MASCULINA – Emílio está?
MINERVA – Não... Quem gostaria?
VOZ MASCULINA – Um amigo.
MINERVA (irritada) – Olha, se não quer se

identificar, não vou perder meu tempo.
VOZ MASCULINA – Espere, não desligue, moça!

Tenho uma coisa importante a dizer.
Minerva fica na escuta, desconfiada.

Efeito de encerramento do capítulo.
FIM DO CAPÍTULO 02

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Apresenta

CENA 01 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

OLGA – Tetê? Tá se sentindo bem?

Teresa não responde.

Close no rosto de Teresa, ainda em estado de choque.

CENA 02 – RECIFE/BARNET – INT – NOITE

MICK (off) – Meu Deus, a Tetê tá vendo isso.

Corta para a parte de baixo do balcão. Mostra as pernas

MICK (tentando manter a calma) – Olha... Eu

RAPAZ 1 (grita) – Cala a boca!

Mick permanece calado. Os dois rapazes que estão na

CENA 03 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

OLGA – Teresa... Acho que você fez confusão.

TERESA – Hã? Que confusão?

OLGA – Olha de novo pra quem você mandou essa

TERESA – Ai, caramba! Fiz besteira.

OLGA – É só pedir desculpa, ué.

TERESA – E falar ‘desculpa, Ed, te confundi

OLGA (meiga) – Vai dormir, vai.

TERESA (desliga o computador de qualquer jeito

Teresa dá um beijo na testa de Olga e sai. Olga a segue.

CENA 04 – RECIFE/BARNET – INT – NOITE

CLIENTE – Ei, cara. Bora lá na delegacia!

CLIENTE – Mick, acorda aí, pôxa! A gente não

MICK – Não, não...

Amélia entra correndo e abraça Mick. Emílio entra atrás

AMÉLIA – Mickey! Você tá bem, meu filho?

MICK – Tô, mãe.

AMÉLIA – Ligaram lá pra casa dizendo tudo. Eu

MICK – Não, mãe. Tô inteiro.

EMÍLIO – Vamos ter que passar na delegacia,

MICK – Sim, vamos.

CENA 05 – NY/CASA DE ALIENA/QUARTO DE TERESA – INT – NOITE

TERESA – Agora acabou tudo! Com certeza já

Aliena entra sem bater.

ALIENA – Ainda acordada?

TERESA – É que aconteceu uma coisa horrível.

ALIENA – Quer me contar?

TERESA – Mas você já tá com tanto problema...

ALIENA – Eu já me sinto melhor. Pode desabafar

TERESA – Eu acho que perdi meus namorados.

TERESA – Bom... Primeiro eu tava falando com o

ALIENA – Acho que você tá exagerando...

TERESA – Eu só consigo pensar que aconteceu

ALIENA – Pode ter sido só um susto e não ter

TERESA – Tá, mas e o Ed? Ele deve ter ficado

ALIENA – Pára de pensar nisso, tá bom? Tenta

TERESA – Não consigo. Só penso besteira...

ALIENA – Vou pensar.

Teresa faz cara de quem vai chorar.

ALIENA – Tá bom, eu fico! Mas só até você

Aliena vai para a cama. Teresa começa a rir. Elas

CENA 06 – NY/AP. DE ED/QUARTO – INT – NOITE

ED – É cada mulher estranha que me aparece...

BRADLEY – What did you say? [o que disse?]

ED – I was thinking ‘bout these weird women…

BRADLEY – What happened this time? [o que foi

ED – Teresa. Do you remember her? (pausa) I

BRADLEY – And so what? [E daí?]

ED – Imagine she’s dating someone. It’s

BRADLEY – Bullshit! But in fact I think you

ED (digitando, com um sorriso maroto nos

CENA 07 – NY/AP. DE FELÍCIA/SALA – INT – NOITE