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Biogeografia

Ciência que estuda a origem, distribuição, adaptação e associação das plantas e dos animais na
superfície da Terra.

Constitui verdadeiro traço de união entre a geografia física e a geografia humana. Implica no
conhecimento não só da distribuição atual das plantas e dos animais, mas também das causas e
fatores que a presidem, no tempo e no espaço; e na observação da forma pela qual se processou a
adaptação dos seres vivos ao meio e os indícios dessa acomodação. Como nada existe isoladamente
na natureza, procura-se conhecer as causas que originaram determinadas associações de espécies,
bem como apreciar os diferentes aspectos sob os quais se apresentam. Procurando atender a todos
esses objetivos é que Dansereau em Biogeography, an ecological perspective (A Biogeografia, uma
perspectiva ecológica) estabeleceu os denominados planos ou níveis de integração que "representam
as várias limitações que o meio impõe, sucessivamente, aos seres vivos, no tempo e no espaço".
Tais níveis são os seguintes:

Nível histórico: Estuda-se a origem, evolução e causas do declínio ou desaparecimento, dos


diferentes grupos de plantas ou animais. Foram os grandes acontecimentos geológicos (glaciações,
transgressões marinhas, separação de continentes, formação de montanhas) os responsáveis pela
atual distribuição dos elementos da flora e fauna. A tabela organizada por R. J. Russell estabelece
uma comparação entre o tempo geológico e um ano do calendário, assinalando a diversidade de
duração de cada era, e dentro de cada uma os grupos que, sucessivamente, surgiram, evoluíram e
desapareceram. Assim é que os invertebrados precederam os vertebrados e os mamíferos são
posteriores aos répteis, enquanto que, no reino vegetal, às algas seguiram-se os fetos arborescentes,
os ginospermas e os angiospermas. Variando as condições, sobretudo climáticas, de cada era, os
organismos sofreram sucessivas adaptações. Muitas vezes, foram essas tão especializadas que,
modificando-se as condições ambientes, os organismos desapareceram, por se acharem por demais
restritos a determinadas condições.

A atual distribuição dos grupos de plantas e animais resulta de longa sucessão de fatos, e o estudo
das áreas dela resultante constitui um corolário lógico. Entende-se por área a extensão geográfica de
um grupo, quaisquer que sejam as limitações ecológicas; nesta subdivisão do nível histórico
(areografia) são analisadas as descontinuidades existentes e as causas que as originaram. Do ponto
de vista estritamente geográfico, podem-se distinguir: (1) grandes áreas contínuas (as gramíneas
existem no mundo inteiro); (2) grandes áreas descontínuas (as magnoliáceas têm uma extensa
distribuição geográfica, pois existem nos dois hemisférios, mas ocupam regiões limitadas);(3) áreas
limitadas a um hemisfério (cactáceas restritas ao hemisfério ocidental; araucariáceas ao meridional);
(4) a um continente; (5), (6) e (7) às regiões tropicais, temperadas ou glaciais; (8) áreas regionais e
(9) grupos endêmicos. Da análise de todas essas áreas, verifica-se que, geralmente, as ordens mais
altas da escala biológica (famílias) podem ser cosmopolitas, enquanto as mais baixas (espécies)
restringem-se a habitats bem definidos, por serem muitos os seus fatores limitativos.

A origem e dispersão dessas áreas constitui outro ponto importante, embora ainda não solucionado
satisfatoriamente. Dentre os muitos critérios para o estabelecimento do centro da área de um grupo
(centro de dispersão ou de origem) destacam-se os seguintes: ( 1 ) onde há o maior número de
espécies; (2) onde há o maior número de indivíduos; (3) onde o desenvolvimento dos indivíduos é
maior; (4) onde é menor a dependência a um determinado habitat etc. Ligado a esse problema de
determinação do centro de origem e dispersão, acha-se o de vicariância, apresentado pelas espécies
que, tendo origem comum, hoje se acham em áreas geográficas diferentes, por vezes, mesmo, muito
afastadas.

Há a analisar ainda o fato de serem as áreas primitivas (onde a espécie considerada é realmente
indígena) ou secundárias (invadidas recentemente devido à ação humana), distinguindo-se, nestas
últimas, diferentes graus de invasão. Há os elementos estrangeiros plantados e conservados pelo
homem e a cujos cuidados se acha subordinada sua propagação (o eucalipto no Brasil) e há os que
se naturalizam: dentro das habitações (moscas), nas cidades (pardal), nus lugares abandonados
(agaves), nos campos de cultura etc. Em geral, não oferecem competição aos elementos indígenas,
regredindo quando cessa a intervenção humana. O mesmo não acontece quando o elemento é
indígena ou, mesmo, alguns naturalizados que se propagam espontaneamente, invadindo áreas
devastadas (Tibouchina estrellensis [quaresma]).

Critérios biológicos são utilizados para a compreensão dos deslocamentos das áreas de vegetação: a
forma de seu contorno (quando descontínuas e irregulares indicarn, quase sempre, regressão); a
vitalidade dos componentes (sabendo-se as exigências da planta, poder-se-á constatar o progresso
ou recuo de sua área); as características do limite das árvores (timberline), que mostrarão, pelo seu
avanço ou recuo, se está havendo um aumento ou decréscimo de umidade. Todos esses movimentos
acham-se ligados às flutuações climáticas e, no Brasil, por exemplo, a presença do gênero
Araucária, em pontos das serras do Mar e da Mantiqueira, indica a penetração para o N de um
antigo clima mais frio, e a existência de Melastomatáceas (gênero Microlicia e Lavoisiera) a de
outro mais seco.
Nível bioclimatológico: Nesse nível são estudadas as limitações devidas aos fatores do clima. A
ação desses fatores (latitudes, distribuição dos continentes, relevo, depressões barométricas,
correntes marinhas) faz-se sentir, principalmente, sobre as plantas, através de seus elementos
(temperatura, precipitações, ventos). Assim, a latitude, condicionando a temperatura, acarreta a
divisão da superfície da Terra em grandes zonas, nas quais o comportamento biológico é bem
diversificado equatorial, tropical, temperada e fria, com as respectivas subdivisões. A cada uma
delas, em função também da umidade, correspondem diferentes faixas de vegetação. Quando a
altitude introduz modificações climáticas, também se estabelece um escalonamento (agora vertical)
da vegetação, passando estas faixas a constituir os denominados andares de vegetação. Latitude e
altitude são, assim, os dois fatores que mais influenciam sobre a distribuição das espécies.

Constitui objeto deste nível o estudo dos principais tipos de biócoros (floresta, savana, formações
herbáceas ou grassland e deserto), bem como a análise da distribuição da vegetação com base nas
formas biológicas. Estas foram criadas por Raunkiaer, que procurou classificar as plantas de acordo
com a localização dos órgãos regenerativos, o que lhes confere diferentes graus de defesa contra as
intempéries. Estabelecendo, em várias áreas, a percentagem de cada uma dessas formas, verificou
que, enquanto nas regiões tropicais úmidas predominavam as fanerófitas (com brotos altos e sem
proteção), nas secas dominavam as terófitas (que produzem sementes que caem ao solo e ficam
inativas durante a estação adversa) e nas temperadas úmidas as hemicriptófitas (nestas a parte aérea
morre até o nível do solo, onde fica o broto regenerativo). Além dessas formas, existem ainda as
caméfitas (cujos brotos estão perto do solo, sendo próprias dos climas secos ou frios; nestes últimos,
a neve protege os brotos no inverno) e as geófitas (nas quais a parte aérea morre anualmente,
ficando apenas o broto abaixo do solo, inteiramente protegido).

Para os bioclimatologistas, uma das grandes preocupações é o estabelecimento dos isófenos (linhas
que unem pontos onde determinada espécie tem igual periodicidade biológica: época de floração de
uma planta, reprodução de um animal etc.). Pelo traçado dos isófenos poder-se-á ter uma idéia mais
exata do clima do que pelos simples dados meteorológicos, pois as plantas, reagindo ao meio,
servirão de índices. A melhor caracterização do clima é dada, porém, pelo clímax: tipo de vegetação
expontânea (floresta, pradaria, etc.) que, sem a intervenção humana, vai atingir, de maneira estável,
os seus próprios limites.

Tendo em vista que os climas apresentaram grandes variações através dos tempos, o exame dessas
alterações é do maior interesse. Pode ser feito pela análise dos varvitos, pelos exames dos anéis de
crescimento das árvores e, sobretudo, pelo exame das turfeiras. Compõem-se estas, na maior parte
de musgos do gênero Sphagnum, que têm a propriedade de conservar o pólem das plantas que o
rodeiam. Com a interrupção vegetativa ocasionada pelo inverno, formam-se camadas bem distintas
e através da analise do pólen nelas contido, é possível chegar até a identificação de gêneros ou
mesmo de espécies. As glaciações, que assinalaram diferentes épocas geológicas, tiveram
importante papel na distribuição da vida na Terra e os estudos das flutuações pós-glaciais também
pertence ao nível bioclimatológico. De diversas maneiras, fazem-se notar esses efeitos e os da
última glaciação (que abrangeu no Pleistoceno, extensa área) são os mais sensíveis. Os principais
foram: (1) destruição de alguns gêneros (o Sequóia desapareceu completamente da Europa); (2)
restrição (esse mesmo gênero Sequóia, que durante o Plioceno existia em quase toda a América do
Norte, acha-se hoje limitado à Califórnia); (3) isolamento de grupos: em algumas áreas, que não
foram cobertas pelos gelos, mas apenas cercadas, mantiveram-se determinadas espécies, que
passaram a constituir relíquias; esse isolamento foi por vezes muito acentuado (nas ilhas que não
foram glaciadas, por exemplo); e (4) endemismo, que constitui o último grau na restrição geográfica
das espécies; é nas ilhas e nas altas montanhas que apresenta as mais altas percentagens.

Nível sinecológico: Neste nível são estudadas a composição, estrutura e dinâmica dos ecossistemas
(conjuntos dinâmicos formados pelo habitat e as associações de seres que nele vivem). A
sinecologia estuda, assim, as comunidades biológicas e não o indivíduo isoladamente. Para melhor
compreensão do que significa um habitat, é preciso salientar que dentro de cada biócoro principal
(meio geográfico, onde dominam certas formas biológicas adaptadas a um conjunto particular de
fatores meteorológicos), podem ser encontrados vários habitats, isto é, locais onde se desenvolvem
todas as atividades das espécies. Em cada habitat, por sua vez, podem existir unidades menores,
como as sinusias e os biótopos. As primeiras constituem as camadas horizontais, de altura definida,
apresentadas pela vegetação num determinado local e que incluem plantas de mesma forma
biológica (ex.: sinusia herbácea, arbustiva, arbórea). Os segundos representam unidades ainda
menores que, no interior das sinusias, apresentam-se com condições de vida ainda mais particulares.
Obedecendo à ordem decrescente de grandeza: biociclos (água salgada, água doce e meio terrestre),
biócoros, habitats, sinusias e biótopos. Poucos são os organismos que se acham exclusivamente
restritos a um biótopo; alguns limitam-se a uma sinusia ou, mais freqüentemente, a um habitat. Este,
geralmente, limita ás espécies, havendo porém algumas que não se restringem nem aos biócoros,
ou, nem mesmo, aos biociclos. O capim gordura (Melinis minutiflora), por exemplo, pode ser
encontrado em mais de um biócoro, enquanto que o salmão (Salmo salar) vive tanto na água doce
quanto na salgada. Quanto mais limitado, porém, o organismo, tanto melhor indicador será das
condições do habitat.

No estudo dos biociclos, é a parte referente ao meio terrestre a que mais interessa ao geógrafo. Para
a distinção dos diversos habitats, toma-se como base o fator umidade; o grau de saturação do solo
pela água é principal critério para a diferenciação dentro do biociclo. Brejos e desertos constituem
os dois extremos, intercalados por numerosos habitats: a mesofilia (eqüidistância entre as condições
úmidas e secas), a higrofilia (preferência pela umidade excessiva) e a xerofilia (tolerância à seca).
São exemplos de habitats higrófilos as florestas-galeria (nas áreas de campo), as matasciliares (onde
o clímax é a mata), as turfeiras e os brejos. A maioria das florestas é mesófìla, embora haja também
tipos de habitats herbáceos que são mesófilos (pradarias, p. ex.). Aliás, o clímax de uma região
geográfica é sempre o tipo de vegetação mais mesófilo possível dentro dos limites do biócoro. São
exemplos de habitats xerófilos as dunas, as praias e as paredes rochosas, habitats esses que podem
ser encontrados em qualquer biócoro e não somente nas áreas desérticas: numa duna, em um litoral
sujeito a um clima úmido, podem ser encontradas plantas semelhantes às dos desertos, constituindo
as espécies suculentas um bom exemplo.

Ainda como fator ligado à vegetação encontrasse o solo, o que explica a importância da pedologia
para o nível em estudo; se, por um lado, o solo resulta da ação do clima sobre a rocha matriz, por
outro é conseqüência da proteção e do enriquecimento trazidos pela vegetação. Alguns tipos de solo
(podzol, tchernoziom etc.) têm perfis característicos e acham-se ligados a tipos de vegetação-solo
manifestos, indicando influências recíprocas.

Desde que se forme um novo solo e surja a possibilidade de colonização pela vegetação, verifica-se
uma ecese (ocupação sucessiva do solo por diferentes plantas), sempre iniciada por elementos muito
tolerantes c pouco exigentes. À medida que estes vão contribuindo para a melhoria do solo, outras
plantas podem estabelecer-se nele. Aos poucos, instala-se uma competição, tanto entre indivíduos
da mesma espécie, quanto entre os de diferentes espécies; é, precisamente, este último tipo de
competição que constitui a base da própria sucessão. À proporção que esta se processa, evoluem as
condições do solo, multiplicam-se os indivíduos, as espécies tornam-se mais numerosas,
diversificam-se as sinusias, até que seja atingido o equilíbrio entre a dinâmica do solo, a vegetação e
o clima, equilíbrio esse que representa o clímax. Cada estádio que lhe é imediatamente anterior é
um subclímax (ou anteclímax) e um estádio ainda mais anterior, pioneiro. O clímax coincide,
geograficamente, com o clima e, nas margens de sua área (zonas de contato com outro clímax),
poderá encerrar ilhas desse outro clímax vizinho (caso este o tenha precedido). Chama-se a essa
persistência de pré-clímax, se o clima anterior foi mais seco e quente, e pós-clímax, se foi mais
úmido e frio. Esta persistência pode ser também originada por um microclima, por acidentes
geográficos insuperáveis, pela ação do homem - sendo, então, designada disclímax. Por sua
reiterada atuação, pode o homem interromper uma sucessão, fazendo com que persista o disclímax,
como ocorre no vale do Paraíba (Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro).

Além da dinâmica da vegetação, sua composição e estrutura também tem que ser estudadas, embora
pelo aspecto quantitativo pertençam mais ao campo da biologia (sociologia vegetal) do que ao da
geografia. Enquanto o dinamismo é indicado pelo lugar ocupado pela associação na sucessão (se é
subclímax, clímax etc), a estrutura resulta da forma biológica dos indivíduos. Cada formação tem
estrutura própria. Para sua compreensão, além da forma biológica, são consideradas a estratificação
e a cobertura. A composição é o conjunto das espécies presentes, cada uma com papel ou valor de
índice próprio. Da análise dos resultados dos levantamentos obtém-se dados sobre a abundância,
sociabilizada, freqüência, presença, constância e fidelidade dos diferentes componentes de uma
associação.

Nos estudos de sociologia vegetal, é necessário que as áreas escolhidas para amostra sejam bem
homogêneas quanto aos seus fatores físicos.

Nível auto-ecológico: O objetivo desse nível é o estudo do ser vivo individualizado, nos vários
aspectos de seu ciclo vital e em relação ao meio. Todo ser vivo manifesta urna série de exigências e
de tolerâncias. Na tolerância, há a considerar também a duração e a variação do fator. Exigências e
tolerâncias são fatores complementares e contrários, resultando do balanço entre ambos a melhor ou
pior adaptação. Os elementos que possuem poucas exigências e muita tolerância podem aproveitar
melhor os recursos do meio. Para sobreviver, os organismos têm, pois, de adaptar-se não só aos
fatores cósmicos (número de horas de insolação) e climáticos (regime térmico), como também aos
de seu habitat, manifestando, assim, mais diretamente, sua capacidade de reação e de
aproveitamento dos recursos. Os fatores limitativos impostos pelo habitat podem ser: (1) químicos -
quantidade de oxigênio, teor de cálcio e silício no solo, quantidade de sal, condições de pH etc; (2)
físicos-luz (pela influência sobre a fotossíntese e reprodução, a forma, a germinação e o
fototropismo), calor (tanto pelo excesso como pela deficiência; o frio p. ex., exerce grande
influência sobre os seres vivos), a umidade, a pressão (esta mais sobre os animais, pela influência
direta sobre a pressão do sangue); (3) biológicos - (a) vigor (plantas e animais mais vigorosos
transformam, rapidamente, em seu proveito, as possibilidades oferecidas pelo meio); (b) vitalidade
(capacidade de um organismo em cumprir todas as fases de seu ciclo; a esta se liga a noção de
longevidade); (c) fecundidade; (d) dispersão (pelo vento, água ou animais, especialmente aves); (e)
vagilidade (capacidade de locomoção própria de cada organismo).

Da participação dos diversos organismos nos elementos nutritivos do meio ou em todos os recursos
do ambiente resultam as relações biocenóticas, que são as seguintes: (1) parasitismo (um dos dois
organismos precisa do outro para subsistir); (2) saprofitismo (sobrevivência sobre matéria orgânica
em decomposição); (3) epifitismo (as plantas aproveitam-se de outras apenas como suporte, sem
utilizar-lhes a seiva); (4) simbiose (associação de duas ou mais espécies com benefício para todas);
(5) comensalismo (para que possam conviver no mesmo habitat, as diferentes espécies têm que
possuir exigências muito vizinhas, porém, complementares); (6) fitofagia (consumação de plantas
pelos animais; alguns manifestam preferências específicas); (7) predação (há animais que se
alimentam de outros).

Nos estudos da auta-ecologia, podem ser utilizados dois métodos: observação direta (o ser vivo no
seu meio natural) e experimentação (controle em laboratório dos fatores que afetam o
comportamento dos indivíduos).
Nível industrial: Utiliza Dansereau para esse nível o termo 'indústria' no mesmo sentido que é
usado pelos antropologistas, ou seja, o resultado do impacto de adaptação do homem ao meio.
Compreende seis fases sucessivas, de intensidade crescente: coleta, caça e pesca, pastoreio,
agricultura, indústria e urbanização. Se da primeira poucas modificações resultam para os elementos
do meio, já a partir da Segunda as alterações se fazem sentir (extermínio do bisão em áreas da
América do Norte; desaparecimento do salmão c de muitos rios). Pelo pastoreio continuado (a não
ser em regiões de pastagens naturais), podem constituir-se áreas de disclímax, como é o caso dos
Alpes (na Europa) e do vale do Paraíba (no Brasil); todavia, como a ação do pastoreio acha-se quase
sempre acrescida pela das queimadas periódicas, torna-se, muitas vezes, quase impossível
determinar o clímax primitivo. Pela agricultura, o homem não só modifica a área mas também
introduz nela novas espécies na vegetação (plantas domesticadas p. ex.). O estabelecimento de
usinas influi, muita vez, na vegetação, pela fumaça e eliminação de outros vapores ou de poeiras
prejudiciais; por outro lado, a indústria madeireira é responsável pelas alterações na composição das
florestas. Finalmente, para atender aos imperativos da urbanização, é preciso modificar e,
freqüentemente, destruir todo um revestimento vegetal.

Movimentando-se o homem de um ponto para outro da Terra, seu deslocamento é acompanhado por
migrações, tanto de plantas como de animais, fazendo com que determinadas espécies venham a ter
uma grande disseminação. Por isso, os deslocamentos de populações, as guerras as navegações etc.
tiveram grande papel na disseminação de ervas daninhas, de pragas (ratos p. ex.), sem falar do
transporte premeditado das plantas cultivadas.
Constitui, pois, objetivo deste nível o estudo da forma pela qual o homem utiliza os recursos do
meio, bem como a maneira pela dual transforma a paisagem até o ponto de muitas vezes,
estabelecer um novo equilíbrio, diferente do primitivo.

Através desses cinco diferentes níveis, tem-se uma idéia do campo da biogeografia, da variedade de
suas pesquisas e dos métodos que emprega. Para atender principalmente aos interesses dos
estudiosos divide-se a biogeografia em dois ramos: a fitogeografia, que estuda a distribuição
geográfica dos diferentes tipos de vegetação e a zoogeografia, que faz o mesmo em relação às
comunidades animais.

Apesar do inegável interesse dos estudos biogeográficos, poucos têm sido os que a eles
integralmente se dedicaram. Talvez sua complexidade restrinja um pouco sua difusão, uma vez que
se entrelaçam, freqüentemente, com outras ciências. Quase todos os trabalhos abordam determinado
setor, em prejuízo dos demais; pela acentuada expressão que imprime à paisagem, é a fitogeografia
que reúne as preferências, salientando-se esse fato até mesmo quando se examina a bibliografia que
acompanha a maior parte dos trabalhos
publicados.
Biogeografia
A biogeografia tem por objetivo o estudo da distribuição dos seres vivos sobre a superfície do
globo, atualmente ou no tempo passado, e das condições desta distribuição, contemplando a
composição das floras e faunas viventes ou fósseis, o determinismo e as conseqüências desta

Este conceito quer dizer geografia da vida ou distribuição geográfica dos seres
vivos. Os biogeógrafos são aqueles que tentam compreender os diferentes
padrões de distribuição dos animais e plantas. Para tanto buscam reconstruir
estes padrões, unindo a história da Terra em diferentes escalas espaciais e
temporais à história das formas dos seres vivos, ou seja, entender como se
processaram as modificações morfológicas de animais e plantas, quais suas
causas e como isso aparece refletido no espaço geográfico.

Desde que o homem surgiu, vem se


preocupando onde encontrar os
animais ou plantas, isto em função
da sua curiosidade e também pelo
fator alimentação. A Biogeografia é
uma ciência; é um ramo da Biologia
que se preocupa com a distribuição
dos seres vivos, tanto atualmente
quanto no passado. Portanto,
Biogeografia preocupa-se com a
história evolutiva dos seres vivos,
qual ou quais ou fatores que
determinaram a distribuição dos
táxons em uma ou mais regiões. As
histórias dos táxons são semelhantes e seguem os seguintes passos: origem,
expansão, redução e extinção. A Biogeografia se preocupa com essa história
associada à cada região.

A primeira etapa do domínio da biogeografia é o estudo da dispersão e da


distribuição dos seres vivos que é chamada de corologia onde o ponto de
partida é traçar as áreas de ocorrência das unidades taxonômicas
consideradas.

As áreas de ocorrência dependem da ecologia e da paleohistória. As vezes um


desses dois fatores dominam, às vezes eles se integram um no outro,
dificultando o reconhecimento do dominante.

Quando falamos em distribuição geográfica das formas de vida, o quê implica


na composição de bioformas ou espectros biológicos das comunidades,
estamos nos referindo à Ecogeografia. Quando falamos em padrões
geográficos da adaptação, nos referimos à Ecologia propriamente dita. Agora,
se nos referimos à distribuição geográfica dos táxons, estaremos nos
reportando à Biogeografia, que pode ser:

Biogeografia fenótica - área de distribuição individual

Biogeografia de dispersão - composição e afinidades de regiões e


localidades. Centros de origens e história da dispersão de táxons (Biogeografia
Filogenética)

Biogeografia Vicariante e Panbiogeografia- área de distribuição congruente


de táxons de filogenia distinta.

Para entendermos a distribuição de um táxon, necessitamos:

conhecer a história deste, quais são seus parentes (Filogenia);

determinar quais fatores climáticos atual (Climatologia);

conhecer a composição química do solo, eventos geológicos que


determinaram a área atual de distribuição (Geologia);

investigar se há registros fósseis de seus antecedentes (Paleontologia);

estudar o tipo de região, se há ou não predadores, parasitas, etc.


Diversidade e Conservação
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Riqueza e Diversidade
• Riqueza e Diversidade: representam o
número de espécies em uma determinada
área.
• Riqueza: contagem de espécies
• Diversidade: medida da contribuição, com
números de indivíduos para a
comunidade.
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Os princípios físicos e biológicos
que estruturam as comunidades
e ecossistemas naturais
interagem produzindo os
padrões de distribuição dos
indivíduos e o número de
espécies.
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Tipos de Diversidade:
• Genética;
• Bioquímica;
• Específica;
• Estrutural;
• Local, Regional e Global;
• de Hábitats;
• entre Hábitats;
• de Recursos;
• Paisagística;
• Ecossistêmica;
• Cultural;
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Riqueza e Diversidade
Biológica
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Diversidade biológica
• Aproximadamente 3/4 das espécies
mundiais encontram-se confinados nos
trópicos
• Teoria dos refúgios
• Teoria dos centros de dispersão
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"Diversidade biológica" significa a variabilidade
de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros
ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos de que fazem parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de
espécies, entre espécies e de ecossistemas.
(Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade
Biológica)
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Amazônia
• Compreende cerca de 50% da diversidade
biológica do mundo
• São desmatados 2,5 milhões de hectares
por ano
• No Brasil são derrubados cerca de 1,7
milhões de hectares ano (folha on line
13/12/2004 )
• Desde 1990 o Brasil perdeu 16,5% de sua
massa florestal.
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Efeitos da fragmentação
• A mortalidade de árvores é sete vezes
maior nos primeiros 60m da borda,
• O microclima se torna mais seco e quente,
• A composição de espécies das
comunidades de invertebrados de liteira,
besouros, borboletas, aves, pequenos
mamíferos e morcegos muda
consideravelmente.
• Efeito “Floresta vazia”
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Fatores de Ameaça
• Destruição do Habitat
• Biopirataria
• Tráfico de Animais
• Caça e Pesca Predatória
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Dificuldades Para Preservação
• Determinar a área a se preservar
• O tamanho das áreas
(+100.000 Hectares)
• Tempo de pesquisa
• Falta de políticas de conservação de longo
prazo
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Conservação e Manejo de Fauna
• Unidades de Conservação
• Corredores ecológicos
• Desenvolvimento Sustentável
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Educação Ambiental
• Envolvimento das comunidades
moradoras das bordas das UC’s na
conservação
• Conscientização Ecológica do público em
geral
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Espécies Ameaçadas
• 395 espécies ameaçadas de extinção fora
a fauna aquática.
(IBAMA - maio de 2003)
• 300 espécies que faltam dados para se
determinar a situação.
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Unidades de Conservação
• O que são Unidades de Conservação?
• Unidade de conservação é uma área
dedicada a conservar a natureza.
(Dourojeanni, 2001)
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Classificação das UC’s
• Internacionalmente (WCPA) são
reconhecidas 6 categorias de UC’s
• Categoria I – Áreas naturais selvagens
• Categoria II – Parques Nacionais
• Categoria III – Monumento Natural
• Categoria IV – Área de Manejo de habitats
• Categoria V – Paisagens Manejadas
• Categoria VI – Área protegida com
Recursos Manejados
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UC’s no Brasil
• No Brasil são reconhecidas por lei 12 categorias
de UC’s:
– Estação Biológica
– Reserva Biológica
– Parque Nacional/Estadual/Municipal
– Monumento Natural
– Refúgio da Vida Silvestre
– Área de Relevante Interesse Ecológico
– Área de Proteção Ambiental
– Reserva Extrativista
– Reserva de Fauna
– Reserva de Desenvolvimento Sustentável
– Floresta Nacional/Estadual
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UC’s
• Podemos destacar dois grandes grupos
de Unidades:
– Áreas de uso indireto ou Proteção Integral
– Áreas de uso direto ou Uso Sustentável
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Histórico das UC’s
• Até 1920 a América latina possuía apenas
uma unidade de concervação
• Em 1996 já existiam mais de mil segundo
a UICN
• 1980 – 33 milhões de hectares protegidos
• 1996 – 131,5 milhões de ha.
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Brasil
• Em 1970 apenas 11 UCs reconhecidas
pela UICN no Brasil com 3 milhões de
hectares protegidos
• Atualmente são mais de 180 UCs
federais; mais de 39 milhões de hectares
protegidos (4,6% do território nacional)
• Este número sobe para 8% se inseridas
as RPPNs (Reservas particulares do
patrimônio natural)
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Mentalidade
• Nos últimos 30 anos importantes
mudanças de critério vem surgindo para a
criação de unidades
• Critérios científicos foram incorporados na
mentalidade de criação de unidades de
conservação
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Sistemas de conservação
• A porcentagem de cada unidade
ecológica ou ecossistema a ser
preservada é de 10% de seu território
• Dentro de um país todos os ecossistemas
devem estar representados
• Unidades devem ter pelo menos 100.000
ha de área para sustentar animais de
grande porte, principalmente predadores
– Somente 25% das UCs sulamericanas tem
+100.000 e apenas 3% mais de 1.000.000
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SNUC - Brasil
6,8
3,78
1,62
1,47
0,93
0,61
0,45
0,13
0,05
Zona Costeira e Floresta Atlântica
Amazônia
Pantanal
Cerrado
Floresta estacional semidecidual
Pinheiras
Caatinga
Extremo sul
Meio Norte
% do bioma
protegido
Principais biomas brasileiros
FONTE: MMA (1998)
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UCs de uso direto
• Na decada de 1970 até 80% das UCs
eram de uso indireto
• Atualmente são pouco mais de 50%
• Maioria das UCs estaduais são de uso
direto
• 72% da área protegida em MG é de uso
direto (situação semelhante ao Acre,
Amazonas, Amapá e Tocantins)
• As APAa representam 62% do total.
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Outros problemas
• Falta de manejo e cuidado com as UCs
• Várias UCs são criadas e “abandonadas”
“Tem sido um hábito latino-americano criar UCs
e abandoná-las à sua própria sorte. Esta
prática, mais que nenhum outro fato, tem
contribuído para a má reputação das UCs.”
Dourojeanni et al. (2001)
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Planos de manejo
• No final da década de 70 os planos de
manejo foram popularizados
• Até então as tomadas de decisão vinham
sem nenhum tipo de planejamento ou
estudo, por parte dos chefes ou governos
centrais.
• Atualmente cerca de 50% das UCs de uso
indireto do Brasil não possuem plano de
manejo.
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Investimento Externo
• Investimento externo:
– Apenas US$ 0,11/ha em 22 UCs amazônicas
– Sendo que 76% eram investimento e 24%
custos operacionais
• Situação Mundial:
– US$ 20,6 p/ha para países desenvolvidos
– US$ 0,27 p/ha para países menos
desenvolvidos
– Brasil US$ 2,2 p/ha
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Investimentos
• Brasil e o Peru estão entre os países com
mais baixo nível de investimento em UCs
• O investimento financeiro têm caído pela
metade nos últimos 20 anos, e área a
protegida dobrou.
• Os gastos com conservação no Brasil
cairam de R$ 29 milhões em 1995 a
apenas R$ 5,3 milhões em 1999
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Situação Financeira e Fundiária
• 57% das áreas protegidas federais não
estão regularizadas
• Seriam necessários 520 milhões de
dólares somente para regularizar a
amazônia e 1,8 bilhões para todas as UCs
• É estimado um déficit de 31 milhões de
dólares por ano para o manejo das UCs
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Desenvolvimento Sustentável
• Chamado também de “Conservação
baseada na comunidade”
• “epidemia” dos anos 90, sendo adotados
por inúmeras ONGs e instituições
• Seu princípio: “não é possível proteger a
natureza sem providenciar condições de
vida dignas e oportunidades de
crescimento econômico às sociedades do
entorno.”
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Realidade
• Após 20 anos de tentativas a teoria não se
aplica na prática
• Não se demonstrou a relação entre
melhoria na qualidade de vida da população
e melhoria na conservação da UC.
• No geral, ocorreu o oposto. A melhora na
qualidade de vida e situação economica da
população aumentou a pressão sobre a UC

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