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Procurador-Geral da República
Nossa Referência: FP 043/2009
Rua da Escola Politécnica, 140
Data: 11-03-2009
1269-269 LISBOA
Decreto Lei nº 139-A/90, de 28 de Abril, com a redacção que lhe foi dada pelo
Decreto Lei nº 15/07, de 19 de Janeiro.
a) Artigo 3º nº 1
Este normativo do Decreto Regulamentar em questão, vem dispensar da avaliação
a que se refere o artigo 18º do Decreto Regulamentar nº 2/08, de 10 de Janeiro
(efectuada pelo órgão de direcção executiva) os indicadores de classificação
constantes da c) do nº 1 daquele preceito legal relativas aos resultados e abandono
escolares.
Por sua vez, o nº 2 do mesmo artigo 3º do Decreto Regulamentar nº 1-A/09 vem
condicionar, ao pedido do interessado, a observação de aulas a que se refere o
artigo 17º do citado Decreto Regulamentar nº 2/08, no âmbito da avaliação a
cargo dos coordenadores de departamento.
Ora, a aplicação do nº 1 da referida norma contraria o disposto no artigo 45º, nº 1,
d) e nº 2 e) do Estatuto da Carreira Docente.
Com efeito, de acordo com o primeiro dos referidos preceitos legais, na avaliação
efectuada pelo coordenador de departamento curricular ou do conselho de
docentes, é ponderado o envolvimento e a qualidade científico-pedagógica do
docente, designadamente com base na apreciação do “processo de avaliação das
aprendizagens dos alunos” (sublinhado nosso).
Por outro lado, o nº 2 c) do mesmo preceito legal do ECD vem determinar que, na
avaliação efectuada pelo órgão de direcção executiva são ponderados, entre outros
indicadores, “O progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e
taxas de abandono escolar tendo em atenção o contexto sócio-educativo”
(sublinhado nosso).
Posto isto, o artigo 3º, nº 1 do Decreto Regulamentar em apreço, ao determinar a
não aplicação dos indicadores de classificação constantes da alínea c) do nº 1 do
artigo 18º do Decreto Regulamentar nº 2/2008 (resultado escolar dos alunos e
abandono escolar) contraria expressamente os supra citados preceitos legais do
ECD que exigem a sua ponderação obrigatória na avaliação do pessoal docente.
3
b) Artigo 3º, nº 2
Por sua vez, este preceito do mesmo Decreto Regulamentar nº 1-A/2009, também
contraria o disposto no artigo 45º nºs 3 c) e 4, do ECD.
Com efeito, estes normativos determinam que, com vista à classificação dos
parâmetros definidos para a avaliação de desempenho, deve atender-se, entre
outros elementos, à observação de aulas, devendo o órgão de direcção executiva
calendarizar para o efeito, a observação pelo avaliador de “… pelo menos, três
aulas leccionadas pelo docente por ano escolar”. (sublinhado nosso)
Decorre, portanto, do ECD que este elemento avaliativo é obrigatório para todos os
docentes sem excepção (não depende do requerimento do avaliado) e, ainda, que
é exigível, independentemente da menção qualitativa a aplicar, que a observação
não seja inferior a três aulas.
Posto isto, ao estipular que a observação de aulas fica dependente do
requerimento do docente avaliado só sendo obrigatória para efeitos de atribuição
das menções de “Muito Bom” e de “Excelente”, o disposto no nº 2 do artigo 3º do
DL nº 1-A/09 também se diverge do disposto no citado artigo 45º nº 3 c) e nº 4 do
ECD.
c) Artigo 6º, nº 2
Tal como as anteriores, este normativo também diverge do ECD, contrariando o
disposto no seu artigo 45º, nº 5.
Na verdade, esta disposição estatutária limita as acções de formação continua a
considerar para efeitos de avaliação de desempenho efectuada pelo órgão de
direcção executiva, às que incidam sobre conteúdos de natureza cientifico-
didáctica com ligação à matéria curricular leccionada e às relacionadas com
necessidades da escola definidas no respectivo projecto educativo ou plano de
actividades.
Contrariando o conteúdo desta norma, o Decreto Regulamentar nº 1-A/2009 vem,
em relação à matéria da formação, considerar, para efeitos de avaliação, todas as
acções de formação contínua acreditadas, independentemente do ano em que
tenham sido realizadas, apenas excepcionando as que tenham sido consideradas
em avaliações anteriores.
4
d) Artigo 7º
Ao dispor que, na situação prevista no artigo 3º nº 2 é apenas calendarizada pelo
avaliador a observação de duas aulas leccionadas pelo avaliado, ficando
dependente de requerimento deste a observação de uma terceira, o artigo 7º do
Decreto Regulamentar em apreço, também contraria o já citado nº 4 do artigo 45º
do ECD, que determina a obrigatoriedade de observação de pelo menos três aulas
leccionadas pelo docente.
Por este facto também este normativo do Decreto Regulamentar nº 1-A/2009 é
ilegal por violação do disposto no ECD.
f) Artigo 10º, nº 2
Finalmente, esta norma do mesmo Decreto Regulamentar nº 1-A/2009, também
diverge do artigo 43º, nº 2 do ECD, no que respeita à avaliação dos professores
titulares que exerçam competências de coordenadores de departamento curricular.
De facto, enquanto no primeiro destes diplomas legais tal competência é atribuída
a um Inspector da área departamental do avaliado, o ECD atribui tal competência
exclusivamente ao Conselho Directivo ou Director, nos termos do artigo 29º do
Decreto Regulamentar nº 11/2008, de 10 de Janeiro.
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O Secretariado Nacional