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Ela começou a lhe dar chupões por todo o corpo. Já deu pra perceber os
pontos fracos dele neste mesmo dia. Algumas vezes já tinha parado pra pensar
sobre quais seriam. Chegou inclusive a se imaginar em seus braços um dia
após se conhecerem. Talvez fosse a abstinência de quase duas semanas pelo
excessivo trabalho. Ou então que estivesse louca, mas apaixonada…? Isso
não imaginava…
Viianny 2
Ele passeava as mãos por todo o corpo dela. Segurava seus seios.
Apertava seu bumbum. Massageava suas coxas. Bagunçava seus cabelos.
Descia ao longo das costas. Segurava seus seios de novo… Até que numa
dessas seqüências, sem mais conseguir se segurar, apoiou as mãos com
segurança no bumbum e enterrou seu membro com força e de uma só vez na
intimidade dela. Na mesma hora, soltaram urros de satisfação. Ela pendeu a
cabeça pra trás gemendo como um animal selvagem desesperado. Começou a
galopar rápido em cima do membro dele. Reter as emoções do quase orgasmo
anterior só aumentou as do que viria pela frente.
Nem eu…
Viianny 3
Marichelo: acorda, Anny! Bom dia! — abriu de uma vez as cortinas do quarto
da filha
Anahí: tá cedo, mãe… Não tenho nada pra fazer hoje… — bocejou ainda com
os olhos fechados
Marichelo: como que não tem? Tem yoga hoje, dona preguiça!
Marichelo: tá com uma cara ótima… Espera aí! Tá com sono, tá com preguiça,
tá feliz… Não me diga que…?
Marichelo: Anahí Giovanna! Se você abrir essa boca mais uma vez pra falar
algo que não seja esse maravilhoso sonho, saiba logo de uma coisinha. Fui eu
que fiz, e muito bem feito, essa sua boquinha linda em um lugar que não vem
ao caso. Então eu posso muito bem desfazê-la! Do tipo que nem em sonhos
vai beijar algum Herrera… — calma, mas extremamente curiosa
Viianny 4
Anahí: sabe que não são sonhos, né? São na verdade lembranças das nossas
transas… Essa de ontem foi no dia em que a gente transou pela primeira vez…
Anahí: foram umas cinco vezes… A que sonhei foi a terceira… Foi no quarto
dele no hotel…
Marichelo: maravilha! Essa vai dar para experimentar com teu pai… —
batendo palmas — Continua!
Marichelo: coitado? Tá por fora do teu pai! Acha que tem sangue pervo só da
minha parte é? Vou te contar um segredinho…
Anahí: fala…
Anahí: mãe, eu tô com fome! Deixa eu contar enquanto tomo café? — fazendo
manha
Marichelo: tá… Mas só pela minha bonequinha… Vai te banhar que eu trago o
teu café aqui…
Anahí: e tu?
Viianny 5
Anahí: se continuar falando assim, vou ter que contratar uns stripers pra me
tirar da seca…
Anahí: essas noites só servem pra Sophie ficar mais próxima do pai…
Alfonso: Oscar, onde é que você tá? — preocupado, falando ao celular com o
irmão
Alfonso: venho sim! Cara, faz só quinze dias que tu recebeu alta! Tem que se
cuidar!
Oscar: eu tô me cuidando… Olha só. Peguei um táxi, não vim a pé… — com ar
divertido — Quando terminar o horário de visitas, não vou ficar passeando
pelos corredores, volto direto pro teu apê…
Oscar: e você nem comece a fazer fofoca só pra ela ficar preocupada…
Alfonso: tu é que tem que ficar preocupado… Sabia que uma cirurgia na
cabeça é muito séria?
Oscar: o médico me explicou tudo, pode deixar… Mas ele também disse que
não era por isso que eu tinha que ficar mofando em casa.
Alfonso: é, realmente ele disse isso… Só que tu tá indo nesse hospital quase
todo dia! E só não vai todos porque eu consigo impedir! Quer voltar pra aí é? —
alterado — Se quiser, me diz que eu mesmo dou um jeito…
Oscar: por aqui, senhor… — guiou Oscar até a porta certa — É esta. Com
licença. — saiu
Oscar: cala a boca, sua metida! — Dulce segurou o riso — Como vai, Dulce?
Oscar: tá sim! Soube que Lawyse tinha acordado… Vim conversar com ela…
Dulce: ela tá descansando no quarto, jogando conversa fora com May… Pode
entrar lá se quiser.
Ele fez uma cara de desgosto e seguiu por um corredor que dava direto
ao quarto. Caminhava um pouco devagar pra evitar tonturas ou enxaquecas,
sintomas certos que apareciam quando se excedia.
Melanie: criei birra com os Herrera, depois que aquele fez aquilo com Anny…
— cochichando — Como é que pode? O casal mais mel que eu conhecia
terminar daquele jeito?
Dulce: pensei que eu e Chris é que fôssemos o casal mais mel que conhecia…
Melanie: é! Cada dia vocês tão de um jeito. Tem hora que vocês aparecem,
tem hora que somem… Mas todo mundo sabem que estão bem ali…
Oscar: ok! — sentou — Poncho me disse que havia acordado, aí vim te ver…
Lawyse: ah, que bom! Queria até agradecer por ter ficado do meu lado
naquele dia horrível…
Oscar: eu poderia dizer que não me custou nada… Mas não posso… — ela
mostrou um semblante pensativo — Eu não me lembro do que aconteceu
naquele dia…
Oscar: eu bati a cabeça em algum lugar. Tive que tirar um coágulo no cérebro.
Graças a Deus não foi mais grave! Só que, como seqüela, perdi parte da minha
memória recente…
Viianny 8
Lawyse: quando me disseram que tinha vindo me visitar quase todo dia, fiquei
toda emocionada… Nem me conhece direito e ficou todo prestativo. Mas se
não se lembra de nada daquele dia, como se lembrou de mim?
Oscar: na verdade, foi Poncho que me contou de ti. Eu quis saber exatamente
tudo o que tinha acontecido. Inclusive, quero que me conte o que aconteceu lá
dentro do prédio.
Lawyse: me responde uma coisa. O que aconteceu com o resto do povo que
tava com a gente?
Oscar: Ada foi baleada e infelizmente não resistiu. Teve uma infecção
generalizada e acabou não sobrevivendo.
Oscar: calma, você não pode se alterar… Tem que ficar boa pra sair daqui
logo! Estavam todos apreensivos pela sua melhora… Até aquela sua irmã mala
chorou… — rindo
Oscar: garanto que ela não foi a nenhuma festa nesses três meses…
Lawyse: e quanto aos outros? Tinha mais gente na recepção com a gente.
Lawyse — falando baixo: bem que podia ter ido no lugar da Adinha…
Oscar: como?
Oscar: Poncho me disse que eu tinha descoberto não sei o que e que o tinha
chamado pra conversar com Anny lá…
Melanie: dá pra parar de olhar pra mim? — falou sem mudar a direção perdida
do olhar
Melanie: ah tá, desculpa… Oh, fulano?! — ficou fingindo que falava com
alguém na sua frente — Dá pra sair de perto de mim? Porque tem gente aqui
que fica olhando pra cá sem querer… — irônica
Oscar: é isso sim! Você tem cara de ser daquelas que bota os homens na
palma da mão… que só ama a si mesma… que só quer tirar dos homens o que
precisa e depois joga fora… Tá precisando sim saber o que é amar alguém!
Melanie: e quem você pensa que é pra ter tanta certeza disso?
Oscar: qualquer um pode dizer a verdade quando esta parece tão evidente…
— sério
Melanie: sei o suficiente pra afirmar que vive indo e voltando com as mesmas
mulheres… Porque elas são perfeitas, são ideais em todos os sentidos, mas
mesmo assim o amor não veio…
Oscar: fala da boca pra fora! — tentou não se mostrar abalado — Ou então,
mostrou que entende tanto do assunto que aposto como isso é o que acontece
contigo!
Viianny 11
Oscar: não… Pelo amor se faz tudo… Não sabe mesmo o que é amar!
Sólo una vez he vencido la distancia entre tus labios y yo. Sólo una vez
he sentido el incendio de tu piel. Sólo una vez he tenido tu calor entre mis
manos y te besé, te besé, te besé… Sólo una vez y ya no puedo respirar
porque no hay nadie en tu lugar… Sólo una vez y el miedo me quiere matar. No
sé si volverá a pasar. Y te besé, te besé, te besé… [Te besé – MDO]
***
Dulce: ah, com certeza! Ele explicando como se faz uma massagem cardíaca
e você experimentando… — se alterando
Christopher: nada disso… Vai pro meu consultório e me espera lá. — Dulce
saiu se remoendo de raiva
Christopher: então fica pra outro dia… Com licença! — entrou no próprio
consultório
Clarisse: essa idiota tinha que atrapalhar tudo! Vou ter que voltar outra vez pra
bancar a netinha preocupada! Droga!
#Dentro do consultório…
Christopher: Dul, não te entendo… Sabe muito bem que eu tenho que tratar o
melhor possível as pessoas…
Dulce: isso mesmo… Era isso o que eu fazia durante toda minha vida! Mas
agora talvez seja impossível!
Christopher: quê?!
Dulce: é! Aquele velho é meu pai. — ressentida — Me custa muito falar isso…
Christopher: então acho que deva saber que ele tá internado aqui há três
dias…
Dulce — rindo: não brinca com isso… Ah, que história é essa de casados?
Christopher: que não pode se casar sem Anny estar aqui… Já sei disso. Mas
eu não falei que seria amanhã ou depois…
Christopher: OK! Mas tem uma coisa que tá me irritando agora! — fingindo
estar bravo
Christopher: como é que nesses minutos com a gente sozinho aqui e eu não
ganho nem um beijo?
Ela o puxou com força pela gravata e uniu os lábios num beijo com ritmo
intenso. Ficaram totalmente envolvidos, esquecendo até onde estavam. Foi
com o chamado do bip de Chris que se desgrudaram e ele saiu correndo,
sorrindo de felicidade, apesar do olhar apreensivo de médico. Dulce acordou
do transe em que estava e discou um número no celular.
Juliana: Juan… Ele impôs algumas condições… Acho que não vai rolar…
Viianny 15
X: e…?
Juliana: como ‘e’? Conheço esse tipo de gente! Vai querer acabar a noite em
um motel e isso antes de fazer a parte dele…
X: tá… Olha, não sei se é porque acabei de sair de um dia exausto de trabalho,
mas até agora não entendi o problema…
X: a única coisa que vi aí foi uma bela noitada como parte do pagamento. Qual
o problema nisso? Tá é no lucro, querida!
Juliana: eu vou fingir que não ouvi isso… Assim como também não vou fazer
isso…
Juliana: é.
X: então vai fazer sim! E espero que seja muito bem feito!
X: tá bom… Então amanhã vou ter uma conversa séria com tua irmã…
X: já sabe das minhas condições… Sabia que todo dia vou lá ver como ela tá?
Hoje eu disse que ia falar contigo e ela mandou um beijo! — deu uma
gargalhada bem alta, chamando a atenção de alguns presentes no restaurante
— Não sei por que de vez em quando te dá esses ataques de moralidade. Pelo
que me lembro, não demorou quase nada pra abrir as pernas pra aquele cara
da boate…
Juliana: porque eu não sabia que seria dopada enquanto dormia e que
acordaria numa cidade entre o nada e a baixa da égua!
Viianny 16
Cláudia: já disse pra não falar meu nome! — zangada — Não contrataria uma
pessoa burra pra fazer meus servicinhos… Não me decepcione!
Juliana: obrigada pelo elogio! — sarcástica — Mas por que tem tanta certeza
de que eu não vou desobedecer? Posso muito bem desistir e que morra minha
irmã, que você se lixe e o mundo se dane!
Cláudia: é uma opção que você tem… Só que não combina com seu estilo
romântico mexicano de ver a vida… E também porque tenho uns amigos com o
dedo coçando no gatilho pra te enfeitar de chumbo… Como eu disse, é uma
opção!
Cláudia: como que não?! Mas ela tá grávida! Como pintou o cabelo?
Juliana: pintando ora! Deve haver alguma tinta especial, não sei…
Cláudia: ah, isso não interessa! Tem certeza que é ela, né?
Cláudia: tá, simples camponesa de nobre coração que vai todos os dias ao
bosque recolher lenha… Depois entro em contato de novo. Tenha um bom
almoço! — saiu da conversa pela webcam
Poncho passou o dia agitado. A cada dia sentia mais saudade de Anny.
Principalmente nos finais de semana, quando costumavam passar o dia juntos
somente se curtindo. Mas não era puramente uma questão de costume.
Porque o vazio que sentia só ela poderia preencher.
Do outro lado da linha, Anny olhava chorosa pro celular deitado em sua
cama. Ela e Fernanda estavam conversando animadamente no quarto quando
o celular começou a tocar. Só pelo toque, já sabia que era Poncho. Cada
amanecer siempre termino consolando el corazón, porque despertar es una
batalla, siempre perdida, noche tras noche por tu ausencia. Sólo Dios sabe,
cuanto sueño con tenerte… ¡Sólo Dios sabe, que me calmo solo al verte! Não
queria atender. Não sabia como iria reagir. As forças que criara nesses últimos
meses eram voltadas tão e somente pra sua filha. Sua vida se resumia a ela
agora. A outra parte de si ficou perdida entre um choro e outro, num dia
qualquer de inverno. Fernanda a abraçou. Sabia que ali estava a face mais
frágil da então amiga. Juntam só observavam o celular dançar e cantar sobre
as cobertas arrumadas, até cessar.
Fernanda: vocês se amam ainda, Anny! Não tem como fugir disso…
Anahí: por enquanto eu tenho, pela minha filha… Depois vejo o que faço
comigo, com esse amor…
Fernanda: ainda bem que não é daquelas mulheres que vão correndo atrás de
homem pra esquecer o ex…
Anahí: ex… Não tinha parado para pensar nisso… Nunca pensei que fosse
chamá-lo de ex…
Fernanda: tá aí uma boa idéia… Se ela não escrever, eu escrevo! Pode deixar!
Fernanda: meu amor, seu nome vai estar em todas as páginas! Depois de
cada gemido!
Anahí: não! Assim não! — rindo muito — O que vão pensar de mim?
Minha loirinha, minha eterna loirinha, não sei se você está aí, ou se outra
pessoa é quem vai escutar essa mensagem… Na verdade, eu sinto que de
uma forma ou outra você vai saber dessa mensagem, se é que seu coração já
não lhe falou. — depois de uma pausa, voltou a falar — Eu te amo. A cada dia
que passa, só te vejo mais presente em mim… De manhã, quando tô me
arrumando pra trabalhar, me lembro das nossas compras juntos… Se lembra
daquela regata Pink que eu não comprei, mas você comprou? Pois então,
comprei uma parecida… — riu — Queria me sentir mais perto de ti… Quando
saio de casa pro trabalho, não tenho mais a alegria de quem acabou de
acordar com um orgasmo… No meu escritório, tem uma foto enorme de nós
dois na praia. É aquela em que teus olhos ficaram bem mais azuis, que parece
até efeito de computador… Toda manhã me perco nesse mar que é o teu
olhar… Relembro cada vez que te vi sorrir… Aquela gargalhada gostosa que
só você sabe dar… Ou pelo menos, é a única que me encanta… Quando volto
pra casa de noite, é tudo tão escuro… E não é porque não paguei a conta de
luz! É você que não está lá… Era seu coração batendo junto ao meu que me
dava forças, que me alimentava… Tenho até vergonha que veja em que me
transformei hoje… Confesso que ainda vejo e fico todo envaidecido com os
olhares admirados das mulheres. Mas nenhuma me interessa… A partir de
hoje, vou ter mais vida. Sabe por que? Porque vou estar te esperando… Não
sei quando vai ser isso, mas leve o tempo que for, te ver sorrindo pra mim de
novo vai valer por uma eternidade! Quero te pedir perdão… Confesso que
tentei te esquecer. Não saí com ninguém mais… Só que tentei te arrancar
daqui de dentro… E isso é pior! Só hoje, agora, que eu resolvi não me omitir
Viianny 19
***
Após desligar o celular, Poncho se mostrou bem mais aliviado com tudo
o que escondia sobre seus sentimentos. Não estava feliz, ainda, mas muito
orgulhoso de si mesmo por ter dado primeiro passo. Não esperava um retorno
de Anny sobre sua mensagem. Muitas pedras no meio do caminho tinham que
ser removidas. Aos seus olhos, o futuro era bem claro, no entanto, o presente é
que se tornava cada vez mais obscuro. Só tinha que seguir em frente. E o fará.
Alfonso: ah, que bom… Nunca te perguntei isso, mas… por que tanto
interesse assim nela?
Oscar: não sei… Acho que me senti responsável por ela por alguma razão…
Ela mesma me contou que eu a protegi lá na hora daquele episódio na
promotoria…
Alfonso: sabe que sou direto, então vou perguntar logo… Tá a fim dela?
Alfonso: claro! — irônico — Inclusive, nem me disse nada porque sabia que eu
ia meio que criticar…
Alfonso: já disse pras suas conquistas quando volta pros Estados Unidos?
Oscar: não, cara! Que é isso?! Ainda não contei pro vendedor de bombom lá
da esquina… — riu muito, mas não do comentário, e sim da cara de tédio de
Poncho
Oscar: não decidi ainda… Quem sabe até vire cidadão teresinense, quem
sabe…
Alfonso: falei! Isso só comprova que tá interessado em uma das irmãs! Senão
nas duas…
Âncora: o corpo foi encontrado por pescadores, que logo acionaram a polícia.
O laudo preliminar não foi liberado, mas alguns dos moradores da região
afirmam não terem visto nenhuma marca de arma de fogo. A repórter da
emissora, Cindy Siqueira, esteve no local e foi impedida pelo comandante da
Polícia Federal, assim como outros repórteres, de gravar áudio ou video da
cena. Segundo o relato de Cindy, o corpo todo apresentava marcas roxas e
tanto pulsos como calcanhares estavam cortados.
Oscar: que coisa! — assustado — Por isso todo mundo se calava quando iam
falar dela na minha frente… É pra proteção dela…
Oscar: então ela viajou sem saber, ou seja, ela viajou por tua causa mesmo…
A mulher do jornal falou que ela prolongou as férias por segurança, não que
viajou por isso…
Alfonso: concordo…
Oscar: certo. Se tu não tivesse brigado com ela, naquela hora da invasão,
onde ela estaria?
Alfonso: na promotoria…
Oscar: resumindo, ter brigado com ela foi até melhor… Ou preferiria chorar
diante de um túmulo a passar horas diante do telefone?
Anahí: já tem alguma noção de como vai ser a cerimônia? — falava ao celular
com a amiga
Anahí: porque eu suponho que ela vai ser branquinha e com certeza que vai
ser toda enfeitada! Tem que ver o tanto de coisinhas que eu já comprei mais a
mammy…
Dulce: eu pensei que ficasse nas nuvens quando sonhava com Poncho… —
rindo
Anahí: não! Quando sonho com ele, me sinto no próprio inferno… — suspirou
profundamente
Anahí: não, não é por isso… É que, quando tenho aquelas lembranças, fica
tudo tão mais quente… — se abanou sem nem perceber, rindo muito
Anahí: ai, agora deu medo… Começa pelas boas… Má a gente nunca esquece
mesmo…
Dulce: pior que agora pensando, não sei se vai concordar com a minha
classificação de boas ou ruins…
Anahí: e o que vão fazer com tudo agora? Não tem como fingir que nada
aconteceu!
Dulce: agora a mídia vai divulgar o que rolava nas investigações… A gente
lógico que vai controlar tudo o que sair por aí, mas nada vai ser igual…
Anahí: até depois que morre esse idiota vai atrapalhar tudo… Droga! O que já
divulgaram?
Dulce: não sei como, mas descobriram que tu tá meio que escondida por
segurança…
Dulce: não vão descobrir! Fica tranqüila! E se desconfiarem vai ser de que está
na Espanha…
Anahí: é… pode ser… Boa idéia essa de reforçar a proteção da minha casa na
Espanha e vim morar nessa comprada agora…
Dulce: é sim…
Anahí: mas tu também tem que ter cuidado! Eu tava a frente das
investigações, mas tu se envolveu muito assim como eu…
Dulce: ela disse que tá mais protegida que a Madonna quando sai com seu
namoradinho brasileiro…
Viianny 25
Dulce: Madonna?
Dulce: continua sim… Ela disse que tá virando moda e vai aproveitar…
Dulce: pois eu não quero ver não! Imagina só eu ter que cuidar da minha mãe
pra ela não se envolver com qualquer um aí…?
Dulce: eu sei que sim… Ela é muito forte, determinada, me educou sozinha…
— foi interrompida
Anahí: ih, então é bom não confiar muito nela… — começou a rir muito
Anahí: não perguntei nada sobre ele. Não sei por que começou a falar… Mas
já que falou, vou te contar… Eu tenho notícia dele todos os dias…
Anahí: há quase uma semana que todo dia ele me liga. Eu não atendo, mas
ele deixa sempre uma mensagem de voz.
Dulce: Anny, ainda bem que o período de risco da gravidez já passou, porque
senão não sei como seria…
Viianny 26
Anahí: não!
Dulce: então não tem por que pensar assim… Se quiser, vou atrás dela e
descubro o que tá rolando…
Anahí: mas cuidado com o que vai falar, Dul! May é mais sensível, pode não
entender bem o que tu fizer… Não quer perder o contato com ela, né?
Dulce: pode deixar… Vou ser um doce com ela… Agora tenho que desligar…
Te amo! Muitos beijos pra minha sobrinha linda…
***
Oi, meu amor. Hoje cheguei mais cedo em casa só pra te ligar. Não me
agüentava de saudade. Sei que está bem. Eu sinto isso. Pena eu também não
estar bem… Preciso de ti! Tinha dito que ficaria bem por estar te esperando,
mas hoje não consegui… Me senti sozinho, sem saída… Meu único momento
feliz do dia é quando te deixo essa mensagem. Na minha cabeça eu te imagino
escutando cada palavra, sorrindo, suspirando, chorando… Sei que ainda chora
por mim. Muitos poderiam me chamar de louco, de idiota ou sei lá mais o que
por pensar que ouve cada recado meu ou que ainda se importa comigo… Mas
me renegar esse direito seria como ir contra o que eu sou, porque em cada
parte minha, até na minha respiração, está você… Sempre fui independente,
mas o que me direciona hoje e me ergue a cada dia é o meu amor por ti…
Desculpa te deixar com esse peso, tem muito com que se preocupar, né?
Recebi em meu escritório pela manhã alguns amigos advogados cariocas.
Vieram a trabalho, mas acabaram me fazendo uma visitinha. Sabe o que mais
gostaram da minha sala? Fiz um cantinho na minha sala só pra nós dois.
Naquela parede com aquele quadro que tu achava esquisito. Tirei o quadro e
mandei botar umas prateleiras transparentes. Enchi de fotos tuas e nossas.
Não sei se rasgou as minhas fotos. Acho que não. De onde quer que esteja,
sinto que reluta pra ignorar minhas mensagens e não voltar. Mas meu coração
continua te chamando… E vai te chamar eternamente… Tava pensando hoje à
tarde naquela tua entrevista falando que a gente tinha acabado. Deve ter doído
muito. Vi o quanto se esforçou pra se mostrar forte. Fiquei muito triste quando
vi na internet pela primeira vez. Repeti o video várias vezes. Tentei me
convencer de que era uma sósia, uma impostora, uma atriz… — ela derramou
uma lágrima, limpando-a logo em seguida — Sabe o que me deixou feliz
depois de muitas repetições? Quando a câmera fez uma imagem aproximada
rapidamente, eu vi aquela ruguinha de aflição em cima da sobrancelha. Só eu a
conheço. Eu a via cada vez que a gente se amava. Deve tá pensando que
passo o dia só relembrando nós dois… E é isso mesmo… Pra mim não tem
sentido morar num apartamento de luxo, ter milhares de regalias, poder viajar,
me divertir, curtir se você não tá aqui pra dividir tudo isso comigo… Esse é meu
maior desejo! Dividir minha vida contigo… O que vai me fazer levantar da cama
amanhã é a esperança de te encontrar batendo na minha porta com os braços
abertos. Porque é assim que eu tô agora. Com os braços abertos te
esperando… As rosas tô guardando uma em cada página de um álbum
nosso… Elas também tão te esperando… Te amo!
Viianny 28
Juliana: só que aqui são quatro da manhã! — furiosa — Sendo que eu fui
dormir ontem, ou melhor, hoje às três horas!
Cláudia: ah, muito bem! Pense nisso como uma questão de vida ou morte. Até
porque é isso mesmo… Vem cá, vai nem perguntar como eu tô? — se fingindo
de ofendida
Cláudia: e devia interessar sim! Nunca ouviu falar daqueles casos em que o
mandante deixa ordens secretas do que deve acontecer caso aconteça algo
com ele? Meus seguranças, ou melhor, teus seguranças podem brincar de
cabo de guerra com teu pescoço amarrado na corda… Ou também… — foi
interrompida
Cláudia: acho que está melhor do que deveria ou merecia… Recebeu o carro
novo?
Cláudia: se “aquilo” for o que te contei ontem, vou sim. Mais algum tempo e o
sinal vai ficar verde… Olho no tempo!
Cláudia: quando chegar mais perto do dia, quero atualizações dos dados.
Juliana: vou ter que dormir com aquele cara de novo? — assustada
Cláudia: isso aí, queridinha! Pensa assim… Se desistir agora, tudo o que já fez
foi em vão. Além disso, tu vira poeira em questão de segundos! Posso levar
uma coroa pra Julieta também… Quer? — Juliana se calou — Muito bem…
Juliana: ele me pegou no hotel. Fomos pra um boteco numa lata em forma de
carro. A comida era horrível… A bebida tinha gosto de urina com álcool… Até
os ratos eram fregueses lá! Acho que tinham melhor atendimento que as
pessoas mesmo. Depois fomos pra um motel imundo! Era uma espelunca
vizinha a um cabaré de quinta… Me senti transando com vários de tão usada
que era a cama. — fez cara de nojo — Fora os buracos na parede que ficaram
direto tampados por olhos curiosos.
Juliana: não, esse não era lascado não… Ele próprio me falou que ia ser
assim porque não tinha por que me levar pra algo melhor já que eu ia de
qualquer jeito e que não queria gastar o dinheirinho dele comigo…
Cláudia: qual o problema? E fique você sabendo que eu dou as cartas aqui! Se
eu mandar casar com algum deles, você só vai lá e assina tudo… Até parece…
Esses subordinados de hoje… — balançou a cabeça negativamente — São tão
trabalhosos… Precisa ter um gatilho preso na cabeça pra obedecer…
Dulce: mas tu é fraco, hein?! Não agüenta nem um dia de shopping… — rindo
— Até parece que não passa o dia andando naquele hospital…
Christopher: triste…
Dulce: foi… Queria tá perto dela… Logo agora que ela deve tá precisando…
Christopher: falei com ela um dia desses e me pareceu bem. Não tem por que
se preocupar…
Dulce: isso é por hora. E também Anny sabe mentir e fingir como ninguém!
Comigo ela tenta, mas não consegue… Eu faço de tudo pra ela não chorar,
mas quem sabe quando não tô falando com ela…
Dulce: teria…
Christopher: e então?
Dulce: sei lá! Anny é bastante responsável, mas às vezes não passa de uma
menina inocente e carente… E tem Sophie que está… — foi interrompida
Alfonso: o que tem Sophie, Dul? Aliás, de quem vocês tão falando?
Alfonso: e então?
Dulce: pra que? Pra comprovar se ela continua sendo uma puta? — furiosa
Alfonso: claro que não! Dul, eu a amo! Quero pedir perdão pessoalmente e
trazê-la pro meu lado!
Alfonso: não acredito… Sei que ainda sou correspondido! Quero minha
loirinha de volta!
Dulce: sinto muito, mas é bom tirar o pangaré da chuva porque não vai ter não!
— séria
Dulce: não fiz nada… Ela nem tá loira mesmo… — deu de ombros
Dulce: tem que sofrer mesmo! Não foi justo o que ele fez com Anny… Não sou
uma santinha pra achar que merece o perdão por se arrepender! Comigo é no
olho por olho e dente por dente!
Oscar: eu adoro essa! — sentou numa mesa com ela — É só você não
exagerar já que faz pouco tempo que saiu do hospital…
Lawyse: tô, mas é que não curto muito agito e também não me sinto segura…
Oscar: não… Eu te faço companhia aqui… Vou pegar uma bebida pra mim…
Quer?
Oscar: ok!
Oscar saiu em direção ao bar. Pediu drinques pros dois. Nada muito
carregado. Enquanto o barman preparava os pedidos, ficou passando o olhar
pelo ambiente. Estava tudo muito animado. Ele mesmo tava se segurando pra
não se esbaldar com os ritmos eletrônicos que se sucediam. Adorava multidões
hipnotizadas por batidas de som, nem que fosse mecânico. Sempre ia a festas
em Nova York. Até porque seu trabalho exigia estar sempre antenado com as
novas tendências. Fora que era o lugar perfeito pra namorar. Mas nessa noite
não faria nada disso. Iria com calma com Lawyse. Estavam apenas se
conhecendo e ela parecia ser uma pessoa sensível, daquelas que se trata
como a uma pétala de rosa. Nunca teve alguma namorada assim. Tinha certo
receio por isso. O que o confortava era o carinho enorme que sentia por ela.
Adorava seu jeito delicado, sua doçura, sua simplicidade, seu sorriso sincero…
Seguir com calma era a maneira que mais combinava com o estilo dela. E
assim seria…
Recebeu os drinques e voltou pra junto de Lala. Não falou nada sobre a
presença de May e dos outros lá porque queria que os dois passassem um
tempo a sós pra se conhecerem mais.
Lawyse: não, é que não tô me sentindo à vontade aqui… Não curto muita
agitação… Quem gosta disso é Mel. Aliás, ela pode até tá no meio daquela
gente toda…
Lawyse: vamos…
Oscar: oi, pessoal! — sentou numa mesa em que estavam Dulce, Christopher,
Mayté e Filipe
Dulce: tenho assuntos pendentes aqui… — disse olhando fixamente para Mel
dançando
Dulce: não quero que brinque com as duas. Os três podem sair machucados…
Oscar: nem eu sei o que tá se passando! — virou pro barman — Um duplo, por
favor! — voltou a olhar pra Dulce — Eu cresci com uma idéia na minha cabeça.
Que eu iria curtir feito doido minha juventude, mas que chegaria uma hora em
que teria que formar uma família.
Dulce: continue…
Oscar: o modelo de família que tenho é o dos meus pais biológicos e adotivos.
E a imagem de esposa que criei encaixa perfeitamente em Lala…
Oscar: não sei! Todas as mulheres com quem já saí são do perfil de Mel…
Oscar: não! Então, eu sinto que preciso de alguém pra algo sério. Não
casamento, mas algo mais compromissado. Tô saindo com Lala pra tentar ver
o que eu realmente sinto. Nós não somos muito parecidos nos gostos, mas ela
traz a paz que talvez eu precise… Eu sinto que ficando com Lala vou alcançar
esse meu objetivo, enquanto que com Mel vou continuar sendo o que sempre
fui até agora, que não vou dar um rumo mais fixo pra minha vida… — respirou
fundo — Agora pode falar.
Dulce: aleluia! Já parou pra pensar que a vida não é um videogame desses
que tu projeta?
Dulce: agora eu vou falar, portanto cale sua boca! Seguinte. Na minha opinião,
com esse pensamento tu não vai casar é nunca! — deu uma gargalhada —
Mas analisa comigo a situação. Tu fica com Mel pra continuar a curtição da
vida. Já que curtição é com ela mesma… — esboçou um riso — Só que um dia
a vida de playboy cansa e tu não vai agüentar mais… Por outro lado, tu fica
com Lala pensando que ela é a esposa ideal. Só que e se não a ama? Acha
que uma relação dessas vai durar muito? Nem ouse me responder! A saída,
meu caro, é ficar com quem realmente gosta, sendo o que tu imaginava ou
não. Não se escreve a vida e depois vive. Ela é escrita enquanto vivida… Há
quem pense que ela já tá escrita, mas que não por nós, ou seja, dá no
mesmo… O importante mesmo é descobrir de quem gosta afinal… Já ficou
com Lala?
Oscar: não.
Oscar: ela não é disso… Também não me sentiria à vontade usando ela como
teste.
Dulce: usou a palavra certa: teste! E eu conheço uma pessoa que adora isso,
ao contrário de Lala… — pegou o celular e enviou um torpedo — Ela vai já
aparecer… — se acomodou num banco e ficou olhando pra multidão — E lá
vem ela! — rindo
Melanie: disse que tinha uma missão pra mim… Tô pronta pra ação! —
animada
Dulce: apresentar ele pra galera e mostrar pra ele como é de fato uma festa
em Teresina! — riu calmamente
Melanie: com maior prazer! Vem, gato! — puxou ele pela mão, conduzindo-o
pra pista
Viianny 37
Oscar: não quis te ofender, só que estranhei já que a gente sempre briga…
Melanie: aprende uma coisa, meu caro… Aqui não tem Oscar ou Melanie,
somos somente homem gostoso e mulher descarada… Lá naquela pista
ninguém é de ninguém… E vem logo que a gente só tá perdendo tempo!
Nãoooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Blanca: é… É sempre muito triste pensar que, a partir de um dia, não vamos
mais ver um ente querido… Ou que não vamos mais ser vistos… Mas a vida é
assim. Uns sorriem enquanto outros choram…
Dulce: todos estavam lá… Ele era muito querido! Lindo o casal que eles
formavam… Por que tinha que acabar assim? — derramou uma lágrima
Dulce: e agora prometi a Anny que contaria tudo sobre o enterro. Olha pra
minha cara pra ver se eu tenho condição! Não consigo me conformar, mãe!
Blanca: vai ajudar mais se guardar toda essa raiva pra pegar esse assassino.
E sobre Anny, ela quer se sentir lá no funeral. Ela queria tá aqui pra apoiar
todos os amigos e se despedir de Filipe. Talvez ela não tenha conseguido
desabafar e liberar essa tristeza… Tem que a ajudar, Dul…
Dulce: eu sei… Ela gostava muito de Filipe… Acho que no fundo se sente
culpada porque foi quem apresentou May a ele.
Dulce: pela mesma pessoa que tentou pegar Anny naquela invasão.
Blanca: então tem a ver com esse caso que vocês tavam envolvidas? —
surpresa
Dulce: só uma referência a liberar os idiotas que foram presos, mas conheço
esse tipo de gente.
Dulce: lá dizia claramente: “Meus homens na rua ou os seus fora dela.” Quem
tá por trás disso tudo quer atingir Anny. Os seus… Foi assim que se referiu…
Quer chegar até Anny através dos amigos dela. Nunca que iam liberar
bandidos de forma fácil por esse tipo de ameaça. E ele sabe disso… Ou ela…
— falou meio pensativa
Dulce: sem chance! Não tenho absoluta certeza, mas acho que o que antes foi
por dinheiro com o tráfico, agora virou pessoal…
Anahí: outra coisa não, mas tia Sophie tem aos montes! — rindo
Fernanda: não fala assim porque ainda não viu as compras da tua mãe de
ontem…
Marichelo: lógico! Sophie disse que tava precisando de roupas novas. Não
posso atender a um pedido da minha neta?
Anahí: só me faltava essa! Vou ter que cuidar de um bebê e uma mãe louca…
Anahí: que vê diz que é normal… — balançou a cabeça rindo — Mas vamos
começar logo enquanto tá cedo.
Anahí: que roupinha mais sem gosto! Combinar legging e camiseta com a
mesma estampa florida… Ela queria o que? Atrair homens ou pássaros?
Marichelo: e a de cabelo castanho que tava do meu lado? Por falar nisso,
aquilo era cabelo? Parecia que uma vaca tinha mastigado todinho e depois
botaram pra secar no varal… E as luzes?
Anahí: acho que era pra ser luz de vela… — as três riram
Anahí: se a vida dessa mulher se resume àquele cabelo, meu amor, é bom
tirar ela de perto dos precipícios…
Anahí: e daí?
Marichelo: daí que teriam que trocar pro velório! E esperar semanas pra eles
ficarem normais… Até lá ela já vira múmia…
Anahí: eu não ouvi isso… — pasma — Fê, vamos embora? Acho que o lugar
que tá mexendo com a cabeça dela…
Anahí: eu vi, hein, dona Marichelo! Meu daddy vai adorar saber o que você faz
nas ruas…
Marichelo: eles que assobiaram pra mim, não eu… Além disso, tava só dando
uma forcinha pra Nanda… Ela tá precisando…
Marichelo: precisa nem dizer. Faz dias que tu não pega ninguém…
Anahí: vamos…