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Professora: Cleide Laurindo Disciplina: Arte Data: 26/11/2020

Aluno (a): _________________________ Turmas: 9° ano A Bimestre:4°


Conteúdo: Dança e tecnologia
Roteiro: Leia o texto com atenção!

DANÇA E TECNOLOGIA
Bailarinas clássicas passam horas e horas tentando fazer maravilhas, a maior parte do tempo na ponta
dos pés. Não à toa, têm joanetes e precisam de muito alongamento para aguentar a rotina de exercícios em
cima dos dedos. O sonho de dançar flutuando, porém, foi alcançado pelos bailarinos contemporâneos, com
uma mãozinha da tecnologia. Câmeras, projeções, edições de vídeo e uma série de outras parafernálias
permitem que a plateia assista ao espetáculo a partir dos mais diversos ângulos de visão, até mesmo de
lugares bem distantes.
Essa história começa, é claro, com a invenção da lâmpada elétrica, no fim do século 19. O grande
produto de Thomas Edison sequer havia se tornado popular e um grupo de artistas tratou de fazer
experiências de iluminação. A norte-americana Loie Fuller foi uma das pioneiras nessa tarefa. Até então, a
luz utilizada na arte era de querosene. Ela foi a primeira a perceber que a luz elétrica poderia ser usada para
criar um efeito visual, explica a coreógrafa Ivani Santana, professora da Universidade Federal da Bahia.
Loie projetou luzes coloridas em tecidos brancos e criou o que ficou conhecido como serpentine
dance. Isso nada mais era do que a iluminação refletida em longos pedaços de seda. Mas essa foi a primeira
vez que o recurso foi usado não para iluminar um ambiente, e sim para criar uma nova poética, ressalta
Ivani, que pesquisa técnicas de dança com mediação tecnológica desde 1990. Depois de Loie, as iniciativas
ocorreram de forma isolada até a década de 1960, quando ocorreu o primeiro manifesto sobre a interação
entre artistas e equipamentos eletrônicos.
Nesse meio tempo, no entanto, o teremim, instrumento musical que inaugurou a era da música
eletrônica, também acabou entrando na dança. O inventor do aparelho, o russo Lev Sergeivitch Termen
(conhecido pelo nome francês Léon Theremin), realizou uma experiência com bailarinos em uma plataforma,
que batizou de terpsitone. O dançarino se movimentava em cima de uma placa de metal de 7 metros e o
aparelho transformava os passos em música. Apesar de grandioso, o invento não era lá muito resistente:
dos três exemplares construídos por Theremin, apenas o que o engenheiro fez para sua sobrinha em 1978
sobrevive até hoje.
As maiores inovações na arte de movimentar o corpo começaram a aparecer na década de 1960, sob
o comando do coreógrafo estadunidense Merce Cunningham. Merce, que faleceu em 2009, se uniu a outro
vanguardista, o músico John Cage, e desenvolveu uma série de experiências em que dança e música
interagiam de formas inusitadas. Com essa dupla, a cena passou a ser o local de encontro para essas artes.
Muitas vezes, o bailarino não sabia qual música iria dançar e o compositor não tinha ideia sobre a coreografia
que iria encontrar, explica a professora Sílvia Geraldi, da Universidade Anhembi-Morumbi.
Se isso parece um pouco maluco, imagine o que dizer de uma coreografia montada através de um
programa de computador. A ideia também foi de Merce Cunningham, que, a partir de 1991, lançou mão do
software LifeForms para criar suas montagens. O programa utiliza câmeras e sensores que captam os
movimentos dos bailarinos. O computador, então, processa a informação e ajuda o coreógrafo a ter uma
visão de como ficará a composição do espetáculo, apresentando possibilidades para braços, pernas, cabeças,
entradas e saídas de cena.
Espaço e tempo

Vídeo dança não é simplesmente colocar uma filmagem no meio do palco, isso pode virar uma
instalação. Na vídeo dança, as coisas acontecem na tela. Mesmo coreografias criadas da forma tradicional
não podem simplesmente ser gravadas, elas precisam de adaptação para se tornar vídeo dança, explica
Paulo Caldas, um dos responsáveis pelo festival Dança em Foco. Esse tipo de linguagem tem crescido muito
nos últimos anos, principalmente por conta do barateamento das câmeras. Hoje, não é difícil registrar algo
no celular e colocar no YouTube, completa.
A queda no preço dos equipamentos também permitiu aos diretores ousadias em relação ao espaço
e ao tempo. O espetáculo Isadora.obt, que foi apresentado em Brasília no Palco Giratório de 2009, simula
dançarinos flutuando em um ambiente sem gravidade. Rick Seabra, um dos criadores da peça, a concebeu
pensando na estação espacial que orbita a Terra: uma câmera é colocada no teto, com os bailarinos,
literalmente, sem chão.
Outra possibilidade são os espetáculos de dança telemática, que ocorrem simultaneamente em
diversos lugares e são transmitidos pela internet. A professora Ivani Santana é pioneira nessa técnica no
Brasil. Uma de suas montagens, Versus, de 2006, foi encenada em Brasília e em Salvador ao mesmo tempo.
Foi o primeiro espetáculo que fiz pensando nas possibilidades da internet. Fizemos uma justaposição de
imagens com pessoas que estavam nas duas cidades, conta. Na época, não foi tão complicado, porque todos
os bailarinos eram da minha companhia, os ensaios ocorriam no mesmo lugar, apenas em salas diferentes.;

Além do ritmo

Nem só de movimentos é feita uma bela coreografia. Iluminação, som, computadores e até mesmo
tocadores de MP3 podem fazer parte do espetáculo.

Veja como isso acontece:

Bailarinos viram a tecnologia subir ao palco no fim do século 19, quando as primeiras máquinas
fotográficas começaram a registrar peças. Mas uma bailarina em especial, a norte-americana Loie Fuller,
decidiu ir além e passou a usar a luz como elemento da coreografia.
A Grosso modo, Loie projetava feixes multicoloridos nos trajes dos dançarinos, formados por longos
pedaços de seda. A grande ideia de Loie, que ficou conhecida como serpentine dance, acabou sendo
absorvida por outras artes, entre elas o teatro, que, até então, não abusava da iluminação.
Em 1966, um encontro chamado 9 Evenings Theater and Engeneering reuniu 10 artistas e 30
engenheiros em Nova York, na primeira tentativa para mostrar ao público o que seria a arte tecnológica,
incluindo a dança. Foram nove noites de performances tão impactantes que, mais tarde, geraram DVDs.
O músico John Cage, um dos nomes do 9 Evenings, se uniu ao coreógrafo Merce Cunningham para
inaugurar o que se tornou a quebra da dança moderna para a contemporânea. A dupla experimentou muita
coisa, principalmente a composição de movimentos não necessariamente cadenciados com a música.
Além da parceria com Cage, Merce Cunningham sempre abraçou novas ideias. Em 1991, ousou adotar
o Life Forms, um software que organiza os movimentos do corpo humano e ajuda a montar a coreografia.
Outra novidade de Merce veio em 2006, no espetáculo eyeSpace. Na entrada do teatro, o público
recebia iPods com diversas opções de trilha sonora e podia escolher a que quisesse ouvir para assistir à
apresentação.
Merce é também um dos responsáveis pela difusão da vídeo dança, um formato em que bailarinos
encenam pensando na câmera, para um espectador remoto. Diversos grupos adotam essa linguagem, há
inclusive um festival voltado para a vídeo dança no Brasil, o Dança em Foco.
Nos últimos 10 anos, outras tendências são o uso de projetores a dança telemática, que reúne
profissionais espalhados em diferentes lugares em uma mesma apresentação. O público pode ver todo o
elenco e um dos locais, com as cenas conectadas por meio da internet.

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