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Na mensagem que enviou aos iranianos pelo Nowruz - o ano novo persa -
Barack Obama quis assinalar o que havia de comum entre o Irão e os EUA,
dizendo algo como isto: "Vocês celebram esta festa da mesma maneira que
nós fazemos com os nossos feriados, recebendo a família e os amigos,
trocando presentes e histórias, e olhando para o futuro com um sentido de
renovação."
Isto é tanto mais curioso quanto o olhar antropológico foi talvez o mais
vilipendiado na política dos últimos anos, por causa do seu "relativismo". É
verdade que muita gente olha para as diferenças de cultura como forma de
compartimentar e espartilhar a humanidade, como se os povos se pudessem
selar hermeticamente. Na verdade, chama-se a isso "essencialismo". Mas o
olhar que procura entender os outros colocando-se no lugar deles faz parte de
um relativismo que une, no qual as próprias diferenças são relativas, ou seja,
diferenças de grau mais que de tipo.
Há que reconhecer que Obama ainda não resolveu nada de fundamental, mas
às vezes dá gosto vê-lo desatar estes pequenos nós cegos. Na sua visita à
Turquia, uma estudante perguntou-lhe sobre a oposição de Sarkozy à entrada
do país na União Europeia e o problema de considerar ou não que houve um
genocídio dos arménios por parte dos turcos - pequenas questões que são
como dinamite política para políticos banais. Obama desenvencilhou-se
tranquilamente e demonstrou como a sua flexibilidade rapidamente se
converte numa arma de força e não de fraqueza.