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O Governo propôs a 09 de Março resolver o diferendo entre os moradores dos Bairros dos
Lóios e das Amendoeiras, em Lisboa, e a Fundação D. Pedro IV, que os gere, dando hipótese a
alguns habitantes de comprarem as suas casas.
Em causa está a transferência da propriedade de 1.451 fogos dos Bairros dos Lóios e
Amendoeiras, em Marvila, do extinto Instituto de Gestão e Alienação do Património
Habitacional do Estado (IGHAPE) para a Fundação D. Pedro IV, através de um auto de cessão
de património.
Maria José Nogueira Pinto, que antes do fim da coligação de direita que governava a autarquia
da capital tinha o pelouro da Habitação Social, afirmou hoje que Lipari Pinto assumiu numa
reunião com secretário de Estado do Ordenamento do Território, João Serrão, a disponibilidade
de a Câmara em ficar com a gestão dos Bairros.
«O vereador Lipari Pinto disse que a Câmara podia ficar com os Bairros», disse hoje Maria José
Nogueira Pinto na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal,
que decorreu á porta fechada.
«O vereador Lipari Pinto vai a estas reuniões em representação da Câmara e não dá cavaco a
ninguém», criticou Nogueira Pinto. Também o vereador socialista Dias Baptista afirmou não
querer acreditar que «o vereador Sérgio Lipari tenha assumido compromissos de que não deu
conhecimento ao executivo».
Fonte do gabinete do vereador da Acção Social afirmou, contudo, à Lusa que a proposta levada
por Lipari Pinto à reunião com o secretário de Estado teve «o acordo do presidente da
Câmara».
A mesma fonte negou ainda que o vereador tenha proposto que a autarquia tomasse conta dos
bairros. Em comunicado divulgado hoje, o gabinete de Lipari Pinto «reitera a abertura da
Câmara Municipal de Lisboa para uma solução que garanta uma melhor defesa dos interesses
dos moradores dos Bairros das Amendoeiras e dos Lóios».
Lipari Pinto defende um «acordo tripartido entre Estado, Câmara Municipal de Lisboa e
associações de moradores» que preveja a «denúncia do protocolo existente entre o IGAPHE e
a Fundação D. Pedro IV, dado não ter sido garantida a defesa de eventuais direitos dos
moradores quando da atribuição dos 1398 fogos dos referidos Bairros».
O vereador propõe ainda que as associações de moradores assumam o encargo, num prazo de
quatro anos, da requalificação das casas, revertendo a propriedade dos fogos para os
moradores depois de realizadas as obras.
O vereador socialista Dias Baptista afirmou hoje igualmente estar «muito preocupado com o
facto de o presidente da Fundação não estar disponível para cumprir o que foi acordado», a
venda das casas aos moradores, uma solução que o PS apoia.
Canto Moniz defendeu ainda na altura que «haja um financiamento para a construção de fogos
no âmbito do Programa Pro-Habita, através do Instituto Nacional de Habitação».
Canto Moniz afirmou igualmente que o vereador com o pelouro da Habitação Social na Câmara
de Lisboa, Sérgio Lipari Pinto (PSD), com quem se reuniu quinta-feira, «mostrou
disponibilidade para apresentar soluções».
A Fundação propôs a Lipari Pinto a construção de dois mil fogos, dos quais mil para moradores
do Bairro das Amendoeiras e famílias carenciadas, quinhentos para funcionários municipais e
quinhentos para jovens.