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1 Secretaria
~
Tribunal Pleno
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.436/07

Prestação de Contas do Prefeito Municipal de Prata,


Senhor MareeI Nunes de Farias, relativa ao exercício
financeiro de 2006 - Atendimento integral aos
dispositivos da LRF

ACÓRDÃO APL TC N° Z /.'1 /09

oProcesso TC 2.436/07 trata da Prestação de Contas apresentada


pelo Prefeito reeleito do Município de Prata, Sr. Mareei Nunes de Farias,
relativa ao exercício financeiro de 2006.

CONSIDERANDO que a Auditoria desta Corte, após analisar a


documentação constante nos presentes autos, inclusive a defesa apresentada
por aquela autoridade e as denúncias a eles anexadas, concluiu terem ocorrido
as seguintes irregularidades:

1) Gastos com Pessoal do Poder Executivo correspondendo a 54,67% da


Receita Corrente Líquida (RCL), em relação ao limite de 54% estabelecido
pelo artigo 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal;
2) Repasse a menor ao Poder Legislativo Municipal em relação ao
estabelecido na Lei Orçamentária Anual (LOA);
3) Abertura de créditos suplementares sem autorização legislativa, no valor de
R$ 515.329,75;
4) Abertura de créditos suplementares sem fonte de recursos, no valor de R$
27.436,98;
5) Falta de registro na Dívida Fundada do Município de contrato de
parcelamento com a SAELPA;
6) Despesas não licitadas, no valor de R$ 30.354,71, relativas à aquisição de
carne bovina, frutas e verduras;
7) Aquisição de 03 terrenos, no valor de R$ 48.000,00, sem processo
Iicitatório, laudo de avaliação e decretos de desapropriação;
8) Falta de comprovação de disponibilidade de caixa, no valor de R$
91.611,96, junto à Cooperativa de Crédito Rural do Alto Pajeú -
CREDIPAJEÚ; e convênio irregular com a referida Cooperativa para
recebimento de tributos municipais, pagamento de folhas de pessoal e
ordens de pagamento pelo fornecimento de bens e serviços à Prefeitura;
9) Despesas irregulares com a concessão de diárias no montante de R$
8.217,00;
1O)Falta de funcionamento do Conselho Municipal de Educação e do Conselho
de Acompanhamento e Controle Social;
11)Não recolhimento ao INSS de obrigações previdenciárias patronais, no
valor de R$ 165.678,81;
12)Falta de inclusão na documentação enviada nos Balancetes Mensais da
conta judicial em favor do TRT 13a Região, destinada ao pagamento de
precatórios trabalhistas; ~ t'll1
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13)Falta de condições de trabalho do servidor Valdi Nunes de Lima, que presta


serviços com fiscal no depósito de resíduos sólidos do Município, tendo em
vista as condições insalubres e inadequadas daquele local de trabalho.

CONSIDERANDO que, segundo o Ministério Público junto a este


Tribunal, o fato de a despesa com Pessoal se encontrar, ao final do exercício,
acima do limite previsto na LRF, não constitui, por si só, mácula às contas
prestadas, ensejando apenas as devidas recomendações;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Órgão Ministerial, o repasse


a menor da Prefeitura para a Câmara Municipal não representa ação danosa
ao erário.
CONSIDERANDO que, quanto à abertura de créditos suplementares
sem autorização legislativa, o Ministério Público Especial informou ter sido
posteriormente editada lei convalidando-os;

CONSIDERANDO que, consoante o Órgão Ministerial, a deficiente


indicação de fontes de recursos para abertura desses créditos reflete apenas
falha formal;

CONSIDERANDO que, no entendimento do representante ministerial,


a falha relativa às despesas sem licitação merece ser relevada, porquanto não
há nos autos qualquer indicação de excesso de preço ou falta de fornecimento
dos serviços e dos bens contratados e adquiridos, além de terem eles sido
adquiridos em pequenas quantidades por vez e ser impedida a sua aquisição
em grandes quantidades, em razão de sua natureza;

CONSIDERANDO que, segundo o Parquet, a falha relativa à falta de


funcionamento dos Conselhos Municipais de Educação e de Acompanhamento
e Controle Social enseja apenas as devidas recomendações ao gestor;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Ministério Público Especial, o


levantamento realizado pela Auditoria, em relação ao montante de obrigações
patronais não recolhidas ao INSS (R$ 165.678,81), não goza de presunção de
certeza e liquidez;

CONSIDERANDO que, consoante o Órgão Ministerial, a douta


Auditoria considerou procedente as denúncias apresentadas, devendo ser
objeto das devidas determinações ao Gestor Municipal;

CONSIDERANDO que o representante ministerial entendeu como


danosas ao Erário Municipal as falhas relativas ao saldo a descoberto (R$
91.611,96) e à falta de comprovação de despesas com diárias (R$ 8.217,00);

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CONSIDERANDO que, em razão desses entendimentos,o Ministério


Público Especial pugnou, ao final, pela:

a) Emissão de parecer contrário à aprovação das contas;


b) Declaração de atendimento integral pelo Gestor Municipal aos preceitos
da LRF;
c) Conhecimento e procedência da denúncia apurada pela Auditoria;
d) Imputação de débito ao Prefeito do Município de Prata, Sr. Marcel
Nunes de Farias, pelo Saldo a Descoberto e pelas despesas com
diárias sem comprovação;
e) Aplicação de multa ao referido Gestor, por danos ao Erário, com
fundamento no art. 56 da Lei Orgânica deste Tribunal;
f) Determinação à Auditoria para verificação da efetiva redução dos
gastos com Pessoal, dentro dos prazos e através das medidas legais
cabíveis, devendo as informações colhidas subsidiar a Prestação de
Contas Anuais do exercício de 2007, no qual se extingue o prazo para a
redução necessária;
g) Recomendação à atual Administração Municipal no sentido de prevenir
a repetição das falhas apontadas no exercício de 2006, bem como
providências quanto aos itens apontados pela Auditoria em referência à
falta de zelo e planejamento na administração dos veículos da frota
municipal e, ainda, no controle mais eficaz do consumo de combustível
pelos veículos pertencentes ao Município.

CONSIDERANDO que, segundo o Relator, foi de pouco


representatividade a ultrapassagem do limite estabelecido na LRF para os
gastos com Pessoal (0,64%);

CONSIDERANDO que, de acordo com o Relator, o Decreto Municipal


n? 005/2006, acostado pelo defendente, demonstra haver o Gestor adotado
providências administrativas objetivando reduzir as Despesas de Pessoal,
adequando estes gastos ao patamar legal;

CONSIDERANDO que, quanto ao repasse a menor ao Poder


Legislativo Municipal, a defesa atribui o fato a descontos realizados pela
Prefeitura no valor consignado no orçamento por força de débitos
previdenciários do Poder Legislativo pagos por ela;

CONSIDERANDO que, em razão desses fatos, o Relator entende


inexistir qualquer irregularidade atinente à Gestão Fiscal;
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CONSIDERANDO que, em relação à falta de registro de dívida


municipal no Balanço Patrimonial, à abertura de créditos suplementares sem
autorização legislativa, à abertura de créditos suplementares sem fontes de
recursos suficientes para sua cobertura, às despesas não licitadas, à falta de
funcionamento dos Conselhos Municipais de Educação e de Acompanhamento
e Controle Social e à falta de recolhimento parcial de obrigações
previdenciárias patronais ao INSS, o Relator acompanha o entendimento
ministerial;

CONSIDERANDO que, no tocante à denúncia apurada pela Auditoria,


no entendimento do Relator deve ser recomendado à Administração Municipal
a adoção de providências no sentido de regularizar a situação do servidor
municipal a qual ela se refere;

CONSIDERANDO que, segundo o Parecer escrito do Ministério


Público Especial restaram duas irregularidades capazes de conduzir à
desaprovação das contas sob análise (despesas irregulares com a concessão
de diárias e falta de comprovação de disponibilidade de Caixa e "convênio"
irregular com a Cooperativa de Crédito Rural do Alto do Pajeú - CREDIPAJEÚ
Ltda)

CONSIDERANDO que, referente às despesas irregulares com a


concessão de diárias (R$ 8.217,00), as falhas apontadas pela douta Auditoria
resumem-se à descrição genérica dos deslocamentos dos favorecidos e à falta
de comprovação desses gastos;

CONSIDERANDO que o Relator entende não serem essas verbas


destinadas ao ressarcimento do beneficiado, destinando-se, na verdade, a
indenizá-lo por despesas presumidamente realizadas em razão de seu
deslocamento, prescindindo, por isso, das comprovações exigidas pelo Órgão
Técnico;

CONSIDERANDO que a falta de comprovação de disponibilidade de


Caixa (R$ 91.611,96), segundo a Prefeitura Municipal de Prata, deveu-se ao
fato de parte desta quantia (R$ 72.061,67) encontrar-se em poder da
Cooperativa de Crédito Rural do Alto Pajeú (CREDIPAJEU Ltda.), a qual, com
fundamento em um Termo de Convênio assinado entre ela e aquela Edilidade,
realiza a arrecadação dos tributos municipais, o pagamento de folhas de
pessoal e a emissão de ordens de pagamentos em favor de fornecedores de
bens e serviços da Prefeitura.

CONSIDERANDO que, de acordo com o Relator, a defesa apresentou


documentação comprovando o depósito de R$ 72.061,67 na Cooperativa, o
qual seria destinado ao pagamento de folhas de servidores atinentes aos
meses de setembro e outubro de 2006;
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CONSIDERANDO que, consoante o Relator, também foram


apresentadas essas folhas de pagamento autenticadas pela Cooperativa e
devidamente assinadas pelos servidores, demonstrando terem sido elas
quitadas;

CONSIDERANDO que, segundo o Relator, também foram juntadas


aos autos cópias das notas de empenho desses pagamentos no valor total de
R$ 72.061,67;

CONSIDERANDO que, quanto ao saldo restante (R$ 19.550,29), a


defesa comprovou, através de cópias de notas de empenho e de folhas de
pagamento devidamente assinadas pelos favorecidos, haver ele sido utilizado
no pagamento de algumas folhas de pessoal diretamente pela Tesouraria da
Prefeitura;

CONSIDERANDO que o relator entende válidos os argumentos e


documentos apresentados pela Prefeitura de Prata, relevando a falha em
debate, sem prejuízo da recomendação à Administração Municipal para que
estude uma alternativa para pagamento de seus servidores e fornecedores.

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciamento do


Órgão de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público junto a esta
Corte e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os Conselheiros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


DA PARAíBA, na sessão realizada nesta data, por unanimidade de votos, em

1. Declarar o atendimento integral às exiqências da Lei de


Responsabilidade Fiscal pelo Chefe do Poder Executivo Municipal de
Prata, Sr. Marcel Nunes de Farias, relativamente ao exercício de 2006;
2. Determinar que se comunique à Receita Federal do Brasil acerca do
recolhimento de contribuições patronais devidas pelo Município de Prata,
para as providências de sua competência;
3. Recomendar à atual Administração Municipal no sentido de corrigir e
prevenir a repetição das falhas apontadas no exercício em análise,
inclusive quanto à viabilidade de pagamento de seus servidores e de
seus fornecedores através de instituição bancária ou correspondente
credenciado para tanto, sob pena da desaprovação de contas futuras,
além da aplicação de outras cominações.~

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Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

Te - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa,,25 de ~.!\~':;..o de 2009.

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ÓSÉ MARQUES MARIZ
~, Conselheiro Relator

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