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I PROCESSO TC 02394/07 I

Administração Direta Municipal - Município de MULUNGU •


Prestação de Contas do Prefeito, Senhor JOSÉ LEONEL DE
MOURA, relativa ao exercício financeiro de 2006 - Emissão de
PARECER CONTRÁRIO à aprovação - Restituição ao Erário
de recursos do FUNDEF aplicados fora dos seus objetivos,
com recursos do próprio municipio - Aplicação de multa -
Representação acerca da matéria previdenciária
Recomendações.
Atendimento PARCIAL às exi ências da LRF.
PARECER PPL - TC g 12009
Vistos, relatados e discutidos os autos do PR CESSO TC-02394/07; e
CONSIDERANDO os fatos narrados no Relatório;
CONSIDERANDO que durante a instrução os esclarecimentos prestados foram
suficientes para afastar irregularidades apontadas pela Auditoria, em relação a
algumas despesas e, em outros casos, desconsideradas pelos motivos colacionados
pelo Relator e admitidos pela Corte;
CONSIDERANDO que após o contraditório persistiram irregularidades com
reflexos negativos nas contas prestadas, a saber: aplicação de apenas 20,95% na
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, não pagamento do salário minlmo, não
recolhimento de parte dos valores retidos dos servidores a título de contribuições
previdencíárias e despesas sem realização de prévio procedímento Iicitatório, em que
pese, neste últímo caso, entender o ilustre Conselheiro Fernando Rodrigues Catão,
não merecer ser considerada para efeito da emíssão de parecer;
CONSIDERANDO os Relatórios da Unídade Técníca de Instrução e do Relator,
que passam a integrar a decisão consubstanciada neste ato;
CONSIDERANDO o mais que dos autos consta;
Os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA (TCE-Pb), à
unanimidade, de acordo com a Proposta de Decísão do Relator, na Sessão desta data,
decidiram EMITIR E REMETER à Câmara Municipal de MULUNGU, PARECER
CONTRÁRIO à aprovação da prestação de contas do Prefeito Municipal, Senhor JOSÉ
LEONEL DE MOURA, referente ao exercício de 2.006, neste consíderando que o
Gestor supra indicado A TENDEU PARCIALMENTE às exigências da LRF.
Publique-se, mtime-se.e.reçistre-se.
Sa);:!das Sessões do TCE-Pb - PI . iOMinistro João Agripino
../--'~ João Pessoa, 18 de . ve elro de 2009.

Conselheiro Fer~~dngUeS Catão

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 02394/07 lPág. 116I'j
Administração Direta Municipal - Município de MULUNGU •
Prestação de Contas do Prefeito, Senhor JOSÉ LEONEL DE
MOURA, relativa ao exercido financeiro de 2006 - Emissão de
PARECER CONTRÁRIOà aprovação - Restituição ao Erário
de recursos do FUNDEF aplicados fora dos seus objetivos,
com recursos do próprio municipio • Aplicação de multa -
Representação acerca da matéria previdenciária
Recomendações.
Atendimento PARCIAL às exi ências da LRF.
RElAT6RIO E PROPOSTA DE DECISÃO

RELATÓRIO

o Senhor JOSÉ LEONEL DE MOURA, Prefeito do Município de MULUNGU, no


exercício de 2006, apresentou, no prazo legal, a PRESTAÇÃO DE CONTAS, sobre a qual a
DIAFI/DEAGM IIDIAGM ESPECIAL emitiu Relatório, com as observações principais, a
seguir, sumariadas:
1. A Lei Orçamentária n° 10, de 30/11/2005, estimou a receita e fixou a despesa em
R$ 6.283.100,00;
2. A receita orçamentária arrecadada e a despesa orçamentária realizada
apresentaram, respectivamente, os valores de R$ 6.212.768,26 e R$ 6.541.263,18;
3. Os gastos com obras e serviços de engenharia, no exercício, totalizaram
R$ 392.834,45, correspondendo a 6,00% da Despesa Orçamentária Total, não
tendo sido formalizado, até a presente data, processo de acompanhamento de
obras;
4. Os recursos oriundos de convênios, escriturados no exercício, totalizaram o
montante de R$ 414.986,80, sendo R$ 195.352,01 originários do tesouro estadual e
R$ 219.634,79 da União (fls. 13/20);
5. A remuneração recebida pelo Prefeito e Vice foi de R$ 60.000,00 e R$ 30.000,00,
respectivamente, estando dentro dos parâmetros legalmente estabelecidos;
6. As despesas condicionadas comportaram-se da seguinte forma:
8.1 Com ações e serviços públicos de saúde, verificou-se um percentual de 15,11 %
da receita de impostos e transferências (mínimo: 15,00%);
) 8.2 Em MDE representando 20,95% das receitas de impostos e transferências
(mínimo: 25%);
8.3 Com Pessoal do Poder Executivo, equivalendo a 55,37% da RCL (limite
máximo: 54%);
8.4 Com Pessoal do Município, representando 62,43% da RCL (limite máximo:
60%);
8.5 Em Remuneração e Valorização do Magistério, constatou-se a aplicação de
57,24% dos recursos do FUNDEF (mínimo: 60%).
7. O repasse para o Poder Legislativo foi de 8,00% da receita tributária mais
transferências do exercício anterior e foi superíor ao limite fixado no orçamento,
cumprindo' o que dispõe o art. 29-A, §2°, incisos I e 111 da Constituição Federal;
8. Há registro de denúncia protocolizada através do Processo TC n" 06732/06,
dando conta de possíveis irregularidades no tocante à con ssão de diárias,
encontrando-se em análise neste Tribunal;
9. No tocante à gestão fiscal, registrou-se qu
ÀS EXIGÊNCIAS DA LRF, no tocante à:
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I PROCESSO TC 02394107 Ipág.2161 I
9.1 Gastos com pessoal, correspondendo a 62,43% da RCL, em relação ao limite
(60%) estabelecido no art. 19 da LRF;
9.2 Gastos com pessoal, correspondendo a 55,37% da RCL, em relação ao limite
(54%) estabelecido no art. 20 da LRF, conforme PN TC 12/2007;
9.3 Comprovação da publicação dos RGF referentes aos 1° e 2° quadrimestres,
em órgão de imprensa oficial.
10. Quanto às demais disposições constitucionais e legais, inclusive os itens do
Parecer Normativo Te 52/04, constataram-se as seguintes irregularidades:
10.1. A LDO não está acompanhada da correspondente mensagem de
encaminhamento ao Poder Legislativo e da comprovação da realização de
audiência pública, assim como não contém todos os demonstrativos
exigidos de acordo com o §2° do art. 4° da LC 101/00;
10.2. A Lei Orçamentária do Município, para o exercício de 2006, não guarda
compatibilidade com a Constituição Federal, a LRF e a RN TC 07/04, por
não haver autenticação de sua cópia;
10.3. Utilização de créditos adicionais sem fontes de recursos, no valor de
R$ 258.173,73;
10.4. Utilização de Reserva de Contingência em desacordo com o art. 5°, inciso
111, alínea "b" da LC 101/00;
10.5. Deficit Orçamentário de R$ 328.494,92;
10.6. Divergência entre o valor da despesa do Poder Legislativo apresentado na
Prestação de Contas da Prefeitura e o constante na Prestação de Contas
daquele Poder;
10.7. Divergência entre o valor dos restos a pagar, inscritos no exercício,
constante na Prestação de Contas Anual, e o registrado no SAGRES;
10.8. O valor das consignações do Poder Legislativo registrado na receita e
despesa extra-orçamentária diverge do apresentado na Prestação de
Contas daquele Poder;
10.9. Deficit financeiro no valor de R$ 370.937,09;
10.10. Aumento de 75,31 % da dívida municipal;
10.11. Despesas no montante de R$ 103.516,35 sem os devidos procedimentos
Iicitatórios;
) 10.12. Despesas não comprovadas com recursos do FUNDEF no valor de
R$ 75.888,65;
10.13. Não aplicação dos recursos do FUNDEF, segundo o disposto na legislação
aplicável, notadamente no tocante à Remuneração e Valorização do
Magistério (aplicação de apenas 57,24% da cota-parte do exercício);
10.14. Não aplicação do percentual mínimo da receita de impostos mais
transferências constitucionais em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
(aplicação de apenas 20,95% da receita);
10.15. Inexistência de controle de entrada e saída de medicamentos;
10.16. As contribuições previdenciárias (INSS) descontadas dos servidores no
exercício não foram recolhidas em sua totalidade (saldo a recolher:
R$ 56.265,80);
10.17. As obrigações patronais empenhadas no exercício corresponderam a
apenas 5,42% das despesas com folha de pagamento;
10.18. Não cumprimento oportuno de decisões do Tribunal;
10.19. Não pagamento efetivo do salário míni o nacional t nificado;
10.20. Despesas irregulares com auxílio fin nc íro no nta e de R$ 21.966,84.
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Regularmente intimado para o exercício do contraditório, o interessado apresentou a
defesa às fls. 1008/1643, que a Unidade Técnica de Instrução analisou e concluiu:
1. Elidindo a falha quanto à ausência de autenticação da cópia da Lei Orçamentária
do Município, para o exercício de 2006, bem como parte da irregularidade em
relação à LDO, quais sejam o Demonstrativo das Metas Anuais e a comprovação
da realização de audiência pública.
2. Modificando as irregularidades discriminadas a seguir:
2.1. Ausência de comprovação da publicação do RGF referente ao 1°
quadrimestre, em órgão de imprensa oficial;
2.2. Despesas, no montante de R$ 58.424,35, sem os devidos procedimentos
Iicitatórios (valor anterior de R$ 103.516,35);
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! 2.3. Despesas não comprovadas, com recursos do FUNDEF, no valor de
R$ 26.827,17 (valor anterior de R$ 75.888,65).
3. Mantendo integralmente as demais.
Instado a se pronunciar, o Ministério Público Especial emitiu parecer da lavra da ilustre
Procuradora Geral Ana Terêsa Nóbrega, opinando, após considerações, pela:
1. Emissão de parecer contrário à aprovação das contas da Prefeitura Municipal de
Mulungu, relativas ao exercício de 2006;
2. Atendimento parcial às disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal;
3. Imputação de débito, no valor de R$ 26.827,17, referente às despesas não
comprovadas com recursos do FUNDEF;
4. Comunicação à Receita Federal a respeito das irregularidades de natureza
previdenciária;
5. Recomendação no sentido de evitar toda e qualquer ação administrativa que
venha macular as contas da gestão.
Estes autos estavam previstos para serem apreciados na Sessão Plenária de
11/02/2009. Por solicitação do Relator, atendendo ponderação do Procurador do
Interessado, o julgamento foi transferido para esta Sessão, advertindo-se na ocasião da
manutenção das comunicações e da impossibilidade da recepção de novos documentos.
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É o Relatório.

PROPOSTA DE DECtSÃO
O que concluiu a Unidade Técnica de Instrução, após a análise de defesa, merece
reparos, data vênia, nos seguintes aspectos:

1. As falhas referentes à não comprovação da publicação do RGF relativo ao 10


quadrimestre, bem como, no que tange à Lei de Diretrizes Orçamentárias, embora
mereçam tal falha ser censurada, não acarretou prejuízo ao erário nem à gestão
fiscal, não havendo de sejam repetidas na análise das contas do exercício
seguinte;
2. No intuito de melhor esclarecer a irregularidade referente às despesas sem
comprovação com recursos do FUNDEF, a Assessoria do Relator partiu do
montante de R$ 75.888,65, noticiado no relatório inicial da A . ria às fls. 989,
para análise pormenorizada da matéria, da ual restou evi ncí do que, do total
indicado de R$ 25.823,07 foram transferid s para ou s ntas bancárias da
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Prefeitura, devendo tal quantia ser devolvida à conta do FUNDEF com recursos
do próprio município, e o valor restante subdivididos da seguinte forma:
R$ 38.467,40 aplicados na Remuneração e Valorização do Magistério (RVM) e
R$ 11.598,18 como Outras Despesas, não havendo mais o que se falar em
despesas não comprovadas;
3. Baseado nas conclusões do item anterior, a aplicação na Remuneração e
Valorização do Magistério (RVM) que, após análise da defesa, implicara em
apenas 57,24% da cota-parte do exercício (R$ 1.377.592,69), passa a ser de
R$ 826.962,45, correspondendo a 60,03%, atingindo, assim, o percentual mínimo
exigido (60%);
4. Em que pese a Unidade Técnica de Instrução ter elaborado cálculo, mediante
estimativa, informando que o recolhimento das contribuições previdenciárias,
parte patronal e segurados, ao órgão previdenciário competente (INSS), se deu a
) menor do que estaria obrigado a recolher, não obstante haver informações nos
autos (fls. 1001) da existência de parcelamentos celebrados junto ao INSS, mas
que não se faz menção aos períodos a que se referem, tem-se que tal matéria
merece ser representada junto à Receita Federal do Brasil, para os
questionamentos que julgar cabíveis;
5. Em nenhum momento houve restrição à comprovação das despesas efetivadas
com auxílios financeiros, além do que a defesa apresentada (fls. 1629/1643)
demonstra razoabilidade com o gasto despendido, limitando-se, unicamente, à
falta de lei específica estabelecendo os requisitos para concessão, cabendo
recomendação no sentido de que a municipalidade promova a edição de lei neste
aspecto, segundo dispõe o art. 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal', sem
prejuízo da aplicação de multa, não em caráter punitivo, mas educativo, com
vistas a que não mais se repita tal falha;
6. Em que pese a defesa mostrar-se insuficiente quanto ao não cumprimento
oportuno de decisão do Tribunal, in casu, do Acórdão AC2 TC 800/2006 (fls.
32/33), referente à gestão de pessoal, entende o Relator que não foi colacionado
a verificação efetiva do cumprimento de decisão, mediante o procedimento próprio
de exame, de modo a subsidiar a uma eventual censura acerca desse aspecto.
Por outro lado, o Relator acompanha o entendimento da Auditoria nos seguintes
pontos:
) 1. Permanece a irregularidade quanto à indicação do percentual de 62,43% e 55,37%
da RCL de gastos com pessoal, em relação aos limites de 60% e 54%
estabelecidos, respectivamente, nos arts. 19 e 20 da LRF. Tais fatos merecerão
maior atenção do Tribunal, mas na oportunidade devida, havendo a Auditoria de
verificar a efetiva redução do contingente excessivo de pessoal, quando da análise
da Prestação de Contas do exercício de 2007, no qual extingue-se o prazo para a
necessária redução;
2. Ocorreu, realmente, abertura e utilização de créditos suplementares sem a
correspondente fonte de recursos, qual seja, excesso de arrecadação, no
montante de R$ 258.173,73, haja vista que não ocorreu, até o mês de
novembro/2006 (período anterior à abertura do crédito - 01/12/2006), saldo
positivo das diferenças entre a arrecadação prevista e a realizada, conforme
preceitua o §3° do art. 43 da Lei nO4.320/64;
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3. De fato, restou evidenciada a utilização da Reserva de Contingência, sem


comprovação da destinação para cobertura de passivos contingentes e outros
riscos e eventos fiscais imprevistos, como preceitua o art. 5°, inciso 111, "b" da LRF.
Tal falha merece ser ponderada, cabendo recomendação no sentido de que não
mais se repita, mas, por outro lado, enseja que tal seja sancionada com aplicação
de multa;
4. No tocante à aplicação na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, resta frisar
preliminarmente que o montante gasto com precatórios estava integralmente
previsto na Lei Orçamentária Anual, em nada interferindo na base de cálculo para
apuração do índice, posto que o Gestor não foi surpreendido com gastos sem
previsão orçamentária. Assim sendo, a aplicação na MDE é de 20,95% da receita
de impostos mais transferências, inferior ao mínimo exigido constitucionalmente,
redundando em reflexos negativos quando da emissão de parecer, na inteligência
do subitem 2.3 do Parecer Normativo n" 52/2004;
J 5. De fato, restou comprovado o não pagamento do salário mínimo nacionalmente
unificado, referente à folha de pagamento dos professores do Programa de
Educação de Jovens e Adultos (PEJA), relativo a maio/2006, mês em que iniciou o
valor do novo salário mínimo vigente à época (R$ 350,00), fls. 930/933, bem assim
não se comprovou, conforme aduzido pela defesa, o pagamento da diferença no
mês seguinte, configurando, por conseguinte, hipótese descrita no subitem 2.2 do
Parecer Normativo n° 52/2004;
6. Quanto às despesas não licitadas, a defesa apresentada mostrou-se insuficiente
para elidir as restrições apostas, importando a pecha no montante de
R$ 58.424,352, correspondente a 0,89% da Despesa Orçamentária Total (DOT),
perfazendo a hipótese prevista subitem 2.10 do Parecer Normativo n° 52/2004;
7. Respeitante às divergências noticiadas pela Auditoria quanto ao valor da despesa
do Poder Legislativo e de suas respectivas consignações extra-orçamentárias,
bem como ao montante dos Restos a Pagar inscritos pela municipalidade, no
exercício em tela, tem-se que tais fatos representam transgressão de natureza
orçamentária e financeira, cabendo recomendação no sentido de se expurgar tal
prática da contabilidade da Edilidade, por afrontar as normas contábeis e
financeiras norteadoras da matéria;
8. Quanto à inexistência de controle dos medicamentos, vê-se que tal fato evidencia
falta de organização administrativa da Edilidade, sem que, com isto, tenha causado
) prejuízos ao Erário, embora seja conveniente recomendar que em ocasiões
futuras tal seja evitado;
9. No que se refere ao deficit orçamentário e financeiro, bem como ao aumento da
dívida municipal, tem-se que representa transgressão de natureza orçamentária e
financeira, sendo necessária recomendação ao responsável no sentido de buscar
o equilíbrio das contas públicas, preconizada no art. 1°, § 1° da Lei de
Responsabilidade Fiscal;
10. Não há dúvidas que o Gestor reteve R$ 244.157,77 de contribuições
previdenciárias de servidores e somente recolheu ao INSS, R$ 187.891,97,
restando uma diferença de R$ 56.265,80, Veja-se que não se trata de cálculo
obtido mediante estimativa, sem as cautelas de estimo para se apontar a mácula,
posto que importa em aspecto negativo a ser considerado por acasião da emissão
de parecer, porquanto constante do subitem 2.2 do Parecer PN Te 52/2004.

2 Tais despesas referem-se à aquisição de medicamentos, gêneros ali

transporte de estudantes e de lixo domiciliar;


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Isto posto, propõe no sentido de que os integrantes deste egrégio Tribunal Pleno:

1. EMITAM E REMETAM à Câmara Municipal de MULUNGU, PARECER


CONTRÁRIO à aprovação da prestação de contas do Prefeito Municipal, Senhor
JOSÉ LEONEL DE MOURA, referente ao exercício de 2.006, neste considerando
que o Gestor supra indicado ATENDEU PARCIALMENTE às exigências da LRF;
2. DETERMINEM a restituição à conta corrente do FUNDEF (58.022-8), no prazo de
30 (trinta) dias, da quantia de R$ 25.823,07, referente às transferências
realizadas indevidamente da citada conta para outras pertencentes à Prefeitura,
com recursos do próprio município;
3. APLIQUEM multa pessoal ao Senhor JOSÉ LEONEL DE MOURA, no valor de
R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), em virtude de
grave infração a preceitos e disposições constitucionais e legais, especialmente
por ter deixado de executar procedimentos Iicitatórios que estaria obrigado a
realizá-los, por não ter aplicado o mínimo exigido na Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino e por ter deixado de realizar pagamentos a seus
servidores sem atender ao valor do salário mínimo nacionalmente unificado,
configurando a hipótese prevista no artigo 56, inciso li, da LOTCE (Lei
Complementar 18/93) e Portaria 39/2006;
4. ASSINEM-LHE o prazo de 15 (quinze) dias para o recolhimento voluntário do
valor da multa antes referenciado, sob pena de cobrança executiva, desde já
recomendada, inclusive com a interveniência da Procuradoria Geral do Estado, ou
do Ministério Público comum, na inação daquela, nos termos dos parágrafos 3° e
4°, do artigo 71 da Constituição do Estado, devendo a cobrança executiva ser
promovida nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo para recolhimento
voluntário, se este não ocorrer;
5. DETERMINEM à Unidade Técnica de Instrução que, quando da análise da
Prestação de Contas do exercício de 2.007, verifique a efetiva redução do
contingente excessivo de pessoal;
6. REPRESENTEM à Receita Federal do Brasil, com relação aos fatos atrelados às
contribuições previdenciárias;
7. JULGUEM REGULARES as despesas sobre as quais não foram objeto de
quaisquer restrições apuradas nestes autos, REGULARES COM RESSALVA as
'"
I realizadas com auxílios financeiros sem legislação específica e IRREGULARES
as sem a antecedência dos procedimentos Iicitatórios que estaria o gestor
obrigado a realizá-los e aquelas abaixo do salário mínimo nacionalmente
unificado;
8. RECOMENDEM à Administração Municipal de MULUNGU, no sentido de que não
mais se repitam as falhas constatadas nos presentes autos, no que toca à
observância às disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal e dos princípios
constitucionais e administrativos, além de organizar e manter a Contabilidade em
estrita consonância com as normas pertinentes, além de realizar controles
eficazes do estoque de medicamentos, com vistas a evitar conseqüências
adversas em futuras prestações de contas.
É a Proposta.

João Pessoa,

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