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Caro leitor, pessoas cristãs, ou simplesmente honestas, não necessitam do jugo da lei
para fazerem o que é certo. Pensando nisso, a RCC Brasil está lhe dando cinco bons
motivos para não copiar o material contido nesta publicação (fotocopiar, reimprimir,
etc), sem permissão dos possuidores dos direitos autorais. Ei-los:
1) A RCC precisa do dinheiro obtido com a sua venda para manter as obras de
evangelização que o Senhor a tem chamado a assumir em nosso País;
2) É desonesto com a RCC que investiu grandes recursos para viabilizar esta
publicação;
3) É desonesto com relação aos autores que investiram tempo e dinheiro para colocar
o fruto do seu trabalho à sua disposição;
4) É um furto denominado juridicamente de plágio com punição prevista no artigo 184
do Código Penal Brasileiro, por constituir violação de direitos autorais (Lei
9610/98);
5) Não copiar material literário publicado é prova de maturidade cristã e oportunidade
de exercer a santidade.
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil 2010
“O Espírito é prometido à Igreja e a cada um dos
fiéis como Mestre interior, que no segredo da
consciência e do coração faz compreender aquilo que se
tinha ouvido, sem condições de o captar. A este propósito
S. Agostinho dizia: „O Espírito Santo instrui doravante
os fiéis segundo a capacidade espiritual de cada um
deles. E acende nos seus corações um desejo mais vivo,
na medida em que cada um vai progredindo nesta carida-
de, que o leva a amar aquilo que já conhece e a dese-
jar o que ainda não conhece‟” (João Paulo II,
Catechesi Tradendae, n. 72)
Parte I................................................................................. 9
CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................ 9
Parte II.............................................................................. 13
A BÍBLIA, PALAVRA DE DEUS! ....................................... 13
Parte III............................................................................. 19
CONHEÇA MAIS DE PERTO A SAGRADA
ESCRITURA ...................................................................... 19
Parte IV ............................................................................ 29
PROGRAMA PARA A LEITURA DA BÍBLIA ....................... 29
Parte V ............................................................................. 55
A BÍBLIA TODA EM UM ANO! ....................................... 55
CONCLUSÃO .................................................................. 59
“Colocar-se à escuta do Espírito” é um carisma
profético a que a liderança da Renovação Carismática
Católica tem aprendido a se dedicar e exercitar. Percebe-
se, ultimamente, nessa escuta, um insistente direciona-
mento sobre a necessidade de darmos à Palavra de Deus
– no que diz respeito aos nossos programas de formação
e à nossa espiritualidade – uma ênfase mais acentuada, tal
como era a prática entre a grande maioria dos
“carismáticos” nos primeiros tempos do Movimento...
O Batismo no Espírito Santo é aspecto fundamental
de nossa identidade. Dizia Paulo VI na primeira vez que se
dirigiu aos dirigentes da RCC, em Grottaferrata
(10/10/1973), perto de Roma, que uma das “notas co-
muns” que alegrava o seu coração pela renovação
espiritual que se manifesta na Igreja hoje em dia, era a
“frequência mais assídua à Escritura”. Ou seja, um
dos sinais da autêntica experiência da efusão do Espírito é
o despertar no individuo de “uma nova leitura, um sabor
novo, um profundo interesse e compreensão das Sagradas
Escrituras”, como diriam outros teólogos e autores...
Ainda que através de seus “Seminários de Vida” a
Renovação Carismática esteja constantemente colocando
em destaque a importância do uso das Sagradas Escrituras
entre seus seguidores, ela interpreta nas atuais inspirações
do Espírito um insistente chamado a revitalizar – de uma
maneira que afete o comportamento das pessoas – a
1
cf. 2Tm 4,1-5.
7
prática do uso frequente, dedicado e valorizado da Sa-
grada Escritura em sua espiritualidade, em sua dinâmica...
O presente manual quer ser uma singela ferramenta
auxiliar nesse itinerário de relacionamento amoroso com a
Bíblia, onde, sob a ação do Espírito Santo – que nos
ensina, educa e desafia –, “quer por meio da pregação dos
legítimos pastores, quer também com o estudo, a medita-
ção e a profunda experiência espiritual da Escritura”
(Constituição Dogmática Dei Verbum, n.8), a compre-
ensão da Revelação progride, e nos capacita a proclamar a
Palavra e anunciar a boa nova com mais força e eficácia...
Uma pequena bibliografia é indicada no final da obra
para os que queiram se dedicar a passos mais largos nessa
sublime aventura.
8
Parte I
CONSIDERAÇÕES GERAIS
9
1. Modos de se dividir e agrupar os livros da Bíblia
Evangelhos (4)
Atos dos Apóstolos (1)
As Cartas Paulinas (14, embora a carta aos Hebreus
não seja atualmente atribuída a São Paulo)
10
Cartas Católicas – ou Universais (7)
Apocalipse (1)
11
de outros Apóstolos: Tiago, 1ª Pedro, 2ª Pedro, 1ª
João, 2ª João, 3ª João e Judas.
Livro Profético (1): O Apocalipse, também cha-
mado de Livro da Revelação.
Além dessas divisões mais amplas, a maioria dos livros
divide-se, por sua vez, em CAPÍTULOS E VERSÍCULOS.
Em situações de estudo ou a título de uma identifi-
cação mais precisa, os versículos podem ainda ser dividi-
dos em letras a, b, c.......(trataremos disso em detalhes
mais adiante).
12
Parte II
A BÍBLIA, PALAVRA DE DEUS!
13
e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, por
termos visto a sua majestade com nossos próprios
olhos. Porque ele recebeu de Deus Pai honra e glória,
quando do seio da magnífica glória lhe foi dirigida esta
voz: “Este é o meu filho muito amado, em quem
tenho posto todo o meu afeto”. Esta mesma voz que
vinha do céu, nós a ouvimos, quando estávamos com
ele no monte santo. Assim demos ainda maior crédito
à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender,
como a uma lâmpada que brilha em um lugar
tenebroso até que desponte o dia e a estrela da
manhã se levante em vossos corações. Antes de tudo,
sabei que nenhuma profecia da Escritura é de
interpretação particular. Porque, jamais uma profecia
foi proferida pela produção de uma vontade humana.
Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da
parte de Deus (2Pd 1,16-21).
14
Cremos e professamos, portanto, que o autor
primeiro de toda a Sagrada Escritura é o próprio Espírito
Santo, que é quem sonda as profundezas de Deus, do
infinito, revelando-as ao coração daqueles que se abrem à
Sua inspiração. (leia, oportunamente, ICor 2,1-16).
15
se serve de homens limitados para transmitir a todos a Sua
mensagem de amor e salvação!
É bom, portanto, termos em mente que tudo aquilo
que, na Bíblia, não estiver diretamente relacionado ao
propósito de salvação de Deus, não é essencial. Se uma
passagem se apresenta confusa e conflituosa, é sinal de
que ali não está o fundamental, mas em outro lugar.
Lembremo-nos de que Deus sempre respeitou as
limitações do hagiógrafo. Acolhida sob a luz da fé, a Bíblia
é a “palavra de Deus”, mas escrita a partir de experiências
vividas por homens e mulheres de épocas, culturas,
lugares e contextos diferentes. Pessoas cultas, mas
também pessoas rudes, simples, que por vezes nem
sabiam ler ou escrever, mas que transmitiam via oral
aquilo que experienciavam e percebiam como vindo de
Deus, que com eles caminhava. Muitos livros – embora
com o nome de um só autor –, foram na verdade escritos
por diversas pessoas e, por vezes, em distantes períodos
de história (entre alguns salmos, por exemplo, há uma
diferença de – pasmem! – 700 anos!!!), e para diferentes
destinatários...
A Bíblia, portanto, não é um livro com preocupações
científicas, de precisões históricas eruditas e absolutas,
que oferece garantias segundo os critérios e parâmetros
das ciências naturais. Nela, o que importa é a revelação
pretendida por Deus, a verdade de caráter religioso
com que Deus quis se revelar e se tornar conhecido entre
os homens.
Quando considerada em seu contexto original, e
observa-se o gênero literário, as motivações históricas e o
fim último da mensagem em questão, não há oposição
entre a Bíblia e as ciências naturais. Aliás, a ciência ajuda
16
em muito o exegeta (estudioso das Sagradas Escrituras) a
melhor interpretar o significado de seus escritos.
Na Sagrada Escritura há uma quantidade enorme de
gêneros (e estilos) literários: epopéias, fábulas, relatos
históricos propriamente ditos, poemas, cânticos, crônicas,
novelas, parábolas, hipérboles, figuras de linguagem,
evangelhos (gênero genuinamente cristão), cartas, escritos
proféticos, provérbios, registros genealógicos, gênero
apocalíptico, jurídico, e outras tantas derivações de
caráter linguístico...
“Deus, na condescendência de sua bondade, para reve-
lar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas”, nos diz
o Catecismo da Igreja Católica (n° 101). Na Constituição
Dogmática Dei Verbum nos ensinou o Concílio Vaticano
II: “Na redação dos Livros Sagrados, Deus escolheu homens,
dos quais se serviu, fazendo-os usar suas próprias faculdades
e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e por
eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo
que Ele próprio quisesse” (DV, n.11). E a finalidade fun-
damental, essencial de toda a Sagrada Escritura, é anunciar
a Jesus Cristo como Filho de Deus que se encarnou,
morreu e ressuscitou para a nossa salvação, para a nossa
justificação: “Através de todas as palavras da Sagrada
Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu verbo único,
no qual se expressa por inteiro” (Catec., n. 102).
17
recusa ao Seu Plano de Amor, as consequências do
pecado, e... a salvação realizada por Jesus Cristo a nosso
favor! Nela, o conhecimento de preciosas promessas
garantidas por Deus a nós, homens, e a certeza do dom
do Espírito – Seu amor derramado em nossos corações –,
pelo qual somos capacitados a viver nossa vocação ao
amor e à santidade...
É por Suas palavras, pela observação de Seus pre-
ceitos, pelo conhecimento de Suas promessas que nos
reconhecemos como filhos de Deus, com direito à heran-
ça de uma vida que não vai acabar nunca mais, na eterna
alegria da contemplação de Sua face... É nela – na Bíblia –
que descobrimos a certeza da salvação, o poder da
oração, o sentido do sofrimento e da morte, e que a paz
por todos tão sonhada é possível... É ela a “luz para os
nossos passos”, o “abrigo na tempestade”, o “escudo nas
lutas inevitáveis”, o “consolo na aflição”... Por ela, conhe-
cemos a Jesus Cristo! E, por Ele, na força do Espírito,
vamos ao Pai!...Benção indescritível...
18
Parte III
CONHEÇA MAIS DE PERTO A
SAGRADA ESCRITURA
Gênesis 1º Crônicas
Êxodo (ou 1º Paralipômenos)
Levítico 2º Crônicas
Números (ou 2º Paralipômenos)
Deuteronômio Esdras (ou 1º Esdras)
Josué Neemias (ou 2º Esdras)
Juízes Tobias
Rute Judite
1º Samuel (ou I Reis) Ester
2º Samuel (ou II Reis) 1º Macabeus
1º Reis 2º Macabeus
2º Reis
19
Estes são os LIVROS HISTÓRICOS (incluindo o
PENTATEUCO, nome dado ao conjunto dos 5 primeiros
livros dessa lista, que estão em negrito).
Isaías Abdias
Jeremias Jonas
Lamentações (de Jeremias) Miqueias
Baruc Naum
Ezequiel Habacuc
Daniel Sofonias
Oseias Ageu
Joel Zacarias
Amós Malaquias
20
Evangelhos = Mateus, Marcos, Lucas (chamados
de Evangelhos sinóticos) e João.
Cartas (ou Epístolas): De Paulo aos Romanos, 1ª
aos Coríntios, 2ª aos Coríntios, aos Gálatas, aos
Efésios, aos Colossenses, Iª aos Tessalonicenses, 2ª
aos Tessalonicenses, 1ª a Timóteo, 2ª a Timóteo, a
Tito, a Filêmon, carta aos Hebreus, carta de
Tiago, 1ª de Pedro, 2ª de Pedro, 1ª de João, 2ª de
João, 3ª de João e carta de Judas.
Livro Profético (ou da Revelação): Apocalipse.
Ab Abdias Dn Daniel
Ag Ageu Dt Deuteronômio
Am Amós Ecl Eclesiastes
Ap Apocalipse Eclo Eclesiástico
At Atos dos Ef Efésios
Apóstolos Esd Esdras
Br Baruc Est Ester
Ex Êxodo
Cl Colossenses
Ez Ezequiel
1Cor 1ª Coríntios Fl Filipenses
2Cor 2ª Coríntios Fm Filêmon
1Cr 1º Crônicas Gl Gálatas
2Cr 2º Crônicas Gn Gênesis
Hab Habacuc
Ct Cântico dos
Hb Hebreus
Cânticos
Is Isaías
21
Jd Judas Na Naum
Jl Joel Ne Neemias
Jn Jonas Nm Números
Jó Jó Os Oseias
Jo Evangelho de João 1Pd 1ª Pedro
1Jo 1ª de S. João 2Pd 2ª Pedro
2Jo 2ª de S. João Pr Provérbios
3Jo 3ª de S. João Rm Romanos
Jr Jeremias 1Rs 1° Reis
Js Josué 2Rs 2º Reis
Jt Judite Rt Rute
Jz Juízes Sb Sabedoria
Lc Evangelho de Sf Sofonias
Lucas Sl Salmos
Lm Lamentações 1Sm 1º Samuel
Lv Levítico 2Sm 2º Samuel
Mc Evangelho de Tb Tobias
Marcos Tg Tiago
1Mc 1ª Macabeus 1Tm 1ª Timóteo
2Mc 2ª Macabeus 2Tm 2ª Timóteo
Mq Miqueias 1Ts 1ª Tessalonicenses
MI Malaquias 2Ts 2ª Tessalonicenses
Mt Evangelho de Tt Tito
Mateus Zc Zacarias
22
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, 1º Livro dos
Macabeus, 2º Livro dos Macabeus e Baruc. Estes livros são
chamados também “deuterocanônicos” (deutero = segun-
do; cânon = lista). Os outros 39 livros do AT são chama-
dos “protocanônicos” (proto = primeiro).
Os “deuterocanônicos” foram escritos em grego.
Foram aceitos, no início, pelos judeus e pelos primeiros
cristãos. Mais tarde, porém, foram rejeitados pelos judeus
(mais por critérios “nacionalistas” que por qualquer outra
coisa) e pelos protestantes.
23
de os seus livros. Alguns serão de uso mais frequente, e
para encontrar outros, por vezes, deveremos recorrer ao
índice, no começo da Bíblia. Mas algumas observações nos
ajudarão a identificar e a citar corretamente os textos
sagrados, tanto por escrito como de maneira falada.
24
capítulo 11, devemos nos expressar com os numerais
cardinais. Exemplo = para At 19,6, devemos dizer: Livro
dos Atos dos Apóstolos, capítulo dezenove, versículo
seis. (Na prática, de fato, é muito comum ouvirmos as
citações somente com os numerais cardinais, mesmo,
ficando: Jo 3,16 = João três, dezesseis; 1Cor I (ou, assim
grafado: 1Cor 6,19) = “Primeira” de Coríntios seis,
dezenove).
26
É bom também termos em conta que, em verdade,
os escritos bíblicos são o resumo humano da ação e da
palavra divina. Embora a acolhamos como “Palavra de
Deus”, é preciso considerar a distância real que existe
entre a Palavra de Deus propriamente dita e a Escritura.
A Palavra é muito mais do que a Escritura. Ela sempre
precede, acompanha e ultrapassa a Escritura, porque
contém o Espírito vivo. É Ele que dá vida à Escritura.
Sem Ele, os escritos são “letra morta”. Somente Ele – que
um dia tornou possível a encarnação do Verbo – da
Palavra! – pode, impregnando-a com Sua força, fecundá-la
permanentemente no coração de cada homem, de todas
as épocas... Abordar essa Palavra de Revelação escrita,
pois, sem buscar os auxílios adequados do Espírito, é
infrutífero, como no-lo ensinou o Concílio Vaticano II:
28
Parte IV
PROGRAMA PARA A LEITURA
DA BÍBLIA
I. “DESCONHECER AS ESCRITURAS É
DESCONHECER A JESUS CRISTO” (São
Jerônimo)
29
ticos de apoio, pronunciamentos do Magistério, foram
alguns dos fatores que contribuíram para esse despertar
católico quanto ao apreço pela Palavra de Deus. E, para
dar consistência a todas essas tendências, o Concílio
Vaticano II (1962-1965) nos brindou com a Constituição
Dogmática “DEI VERBUM”, sobre a Revelação Divina,
onde afirmava, entre outras tantas riquezas: “... A Igreja
sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como
o próprio Corpo do Senhor (...) Elas comunicam
imutavelmente a palavra do próprio Deus e fazem ressoar
através das palavras dos Profetas e Apóstolos a voz do
Espírito Santo. É necessário, portanto, que toda pregação
eclesiástica, como a própria religião cristã, seja alimentada e
regida pela Sagrada Escritura” (DV,21)...
30
e) Aprender os versículos-chave.
f) Adquirir um conhecimento prático da Bíblia.
g) Formar o hábito permanente de estudar a Bíblia,
o que enriquece toda a vida.
31
no coração daqueles que perderam o entusiasmo por essa
prática, ou, quem sabe, descortinar um caminho de
crescimento renovado para aqueles que nela perseveram.
Cremos no que afirmava Santo Ambrósio: “Deus passeia
ainda hoje, no jardim, quando leio as Escrituras...”. E espera
por você!!!
32
seus filhos (o livro do Gênesis); e o relato de proposta de
uma nova criação e uma nova vida mediante a obra de seu
Filho, o cordeiro imolado que, de pé vence todo o mal e o
pecado dos homens (o livro do Apocalipse). Entre esses
dois relatos, a grande aventura da revelação divina que dá
sentido à nossa história e a orienta para a pessoa de Jesus,
caminho único para a experiência do amor do Pai e para o
gozo da liberdade da criação.
33
c. “A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o
auxílio do próprio Espírito Santo, mediante o qual ela foi
escrita, a fim de que se possa descobrir com exatidão o
sentido dos textos sagrados” (DV, n.12).
Santo Ambrósio – e outros Padres da Igreja –, repeti-
ram com insistência esta frase: “Quando lemos os textos
sagrados, é a Deus que escutamos. Quando oramos, a Ele
respondemos!” Ou seja, Deus nos fala pela Sua Palavra;
acercando-nos dela em atitude de escuta, O ouvimos; e a
nós Ele ouve quando respondemos à sua fala pela Palavra,
em oração. A Bíblia deve ser para nós “um lugar de um
encontro marcado”. Nela, dizemos a Ele – pela própria
Palavra: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta” (1Sm 3,10).
E, ouvindo, a Ele também respondemos mediante a escuta
dócil, que se confirma com o compromisso de vida.
Na verdade, quando nos dispomos a ler e meditar Sua
Palavra, saímos ao seu encontro com a certeza de que Ele
nos espera para esse diálogo em que Ele mesmo tomou a
iniciativa. Deus é quem nos fala primeiro. É Ele quem vem
falando com os homens através do chamado à vida, pelos
Seus projetos, pelos acontecimentos. Falou conosco de
modo especial por Seu Filho, a Palavra encarnada. E, hoje,
continua a falar pela Palavra escrita, inspirada...
d. No Espírito Santo!
34
Palavra não apenas para nos instruirmos, mas antes para
crescermos na fé, para descobrirmos nas palavras
humanas do texto sagrado a Palavra de Deus que gera
vida e constrói a fé. E essa descoberta, só é possível no
Espírito Santo: “Que homem, pois, pode conhecer os
desígnios de Deus, e penetrar nas determinações do Senhor?
Tímidos são os pensamentos dos mortais, e incertas as nossas
concepções: porque o corpo corruptível torna pesada a alma,
e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados.
Mal podemos compreender o que está sobre a terra,
dificilmente encontramos o que temos ao alcance da mão.
Quem, portanto, pode descobrir o que se passa no céu? E
quem conhece vossas intenções, se vós não lhe dais a
Sabedoria, e se do mais alto dos céus, vós não lhe enviais
vosso Espírito Santo? (Sb 9, 13-17).
Jorge Zeveni (“La Bíblia, parola di Dio agli uomini”,
Ed. L.D.C., Turim), estudioso da Sagrada Escritura, afirma:
35
nem pela erudição do mundo, mas somente pela pureza
da mente através da erudição do Espírito Santo”.
36
b. A “Lectio Divina”, ou, leitura orante da Bíblia, é um
método de leitura da Sagrada Escritura que vem sendo
praticado por muitas pessoas na vida da Igreja, especial-
mente a partir dos tempos do monaquismo. Esta
expressão – lectio divina – nos foi legado por um dos cha-
mados Padres da Igreja – Orígenes –, que viveu pelo final
do século II até meados do século III. Orígenes dizia que
“para se ler a Escritura com proveito é necessário um
esforço de atenção e assiduidade: cada dia, de novo,
temos de voltar à fonte da Escritura; e o que não se
consegue com o próprio esforço, deve ser pedido na
oração, pois é absolutamente necessário rezar para se
compreender as coisas divinas”.
Essa proposta de leitura orante foi criteriosamente
sistematizada a partir do século XII, quando o monge
Guigo de Chartreux a organizou em quatro degraus:
Leitura, Meditação, Oração e Contemplação. (Mais tarde
acrescentou-se um quinto degrau de Ação). Dessa siste-
matização, define-se: Lectio Divina é a leitura da Sagrada
Escritura feita para suscitar Oração e conduzir à Contem-
plação...
Depois de um extenso período no esquecimento
(especialmente em virtude da reforma protestante), foi
depois do Concílio Vaticano II que a Lectio Divina voltou a
ser incentivada – juntamente com a leitura da própria
Bíblia!. Diversos documentos magisteriais e a exortação
Apostólica Pós-Sinodal Pastores dabo vobis, trataram de,
após o Concílio, destacar o valor da Lectio Divina. À
Renovação Carismática, no Brasil, o Doc. 53 da CNBB
recomendou a “prática da leitura orante da Bíblia (Lectio
Divina), fazendo dela uma fonte e inspiração de nosso
encontro com Deus e os irmãos” (nº 37). A antiga
37
Secretaria Paulo Apóstolo, em resposta a esse apelo,
publicou pela Editora Santuário, o Documento nº 7 da
Escola Paulo Apóstolo, sobre a matéria.
Obviamente, não há nas pretensões deste presente
manual espaço para desenvolvermos considerações mais
específicas e aprofundadas sobre esse assunto. Mas
recomendamos que, no tempo adequado, os interessados
se inteirem tanto desse material da antiga Escola Paulo
Apóstolo como também do Livro do Pe. Isac Isaías Valle –
assíduo colaborador e praticante da espiritualidade da
RCC –, “Leitura Orante da Bíblia” (ver bibliografia no final
deste nosso manual).
38
usá-la de modo comunitário (nos Grupos de Oração, no
Círculo Bíblico, na Escola da Fé, e assim por diante).
É fundamental que sua Bíblia tenha o “Imprimatur” –
aprovação eclesiástica firmada por um bispo da Igreja
Católica (que pode também vir acompanhada de “Nihil
obstat” e de um “Imprimi potest”). Essa aprovação aparece
logo em uma das primeiras páginas do livro.
Depois de todas essas considerações, chegamos enfim
ao aspecto mais prazeroso de nossos propósitos: A leitura
amorosa da palavra de Deus, “Luz e Abrigo para a aventura
de nossas vidas!”... Fonte saudável de água viva, que sacia
todos os que dela se aproximam sem jamais se esgotar...
Que o Espírito nos assista continuamente nessa prá-
tica, para que possamos sempre entender a Palavra com o
mesmo sentido com que Ele a quis revelar!...
PLANO DE LEITURA
Recomendações:
40
que situações posso (ou poderei) aplicar essa
mensagem à minha vida, ao meu ministério?
d) Que promessas – ou princípios divinos – estão
contidos nessa passagem, para mim? (Note que,
para responder a essas perguntas, você já irá
naturalmente reler o capítulo proposto, também
no mesmo dia...)
e) Será muito útil você anotar as respostas a essas
indagações em um caderno próprio (a que muitos
chamam de “Diário Espiritual”). Mas não deixe
que isso se converta para você numa “tarefa a
mais”, que o leve a desanimar na alegria da
leitura. Com o tempo, você fará naturalmente
essas anotações – num “diário”, na própria Bíblia,
em cadernos de anotações para futuras palestras
ou reflexões em grupo, etc. Com o tempo,
também, poucos continuam a fazer o seu “diário
espiritual” – a menos que isso faça parte das
regras de uma Comunidade ou Congregação à
qual se pertence. Mas o importante, mesmo, é
você desenvolver o hábito de leitura diária da
Sagrada Escritura... As demais práticas serão
incentivadas em sua vida pelo próprio Espírito,
que irá mostrando a você a utilidade delas.
41
Palavra – entre outros sentimentos. Por que então não
lermos também um salmo (ou parte de alguns) por dia?*2
Na primeira vez, você poderá lê-los na sequência em
que se encontram na Bíblia. Com o tempo, você mesmo
irá aprendendo a procurá-los conforme as suas necessida-
des do momento. Ocasionalmente, você poderá também
pedir ao Espírito que lhe indique uma leitura, ou mesmo
abrir o Livro dos salmos (ou outro) aleatoriamente, pe-
dindo antes que o Espírito lhe dê uma palavra para aquele
dia...
Sugestão
a) Leia, de uma só vez, cada um dos seguintes salmos,
conforme aparecerem em sua sequência: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20, 22,
23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 31, 32, 35, 38, 39, 40,
41, 42, 44, 45, 46, 47, 48, 50, 51, 52, 53, 55, 56,
57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 69, 71, 74,
75, 76, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 89,
90, 91, 92, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 102, 107,
109, 110, 111, 112, 114, 115, 116, 119, 120, 121,
122, 123, 124, 125, 126, 127, 128,129, 130, 131,
132, 133, 134, 136, 137, 139, 140, 141, 142, 143,
144, 145, 146, 147, 148, 149 e 150.
b) Leia, distribuindo a leitura por 2 dias, os seguintes
salmos: 9 (versículos de 1 a 21, no primeiro dia, e
de 22 a 39, no segundo dia); 17 (de 1 a 14, e de 25
a 51); 21 (de 1 a 16, e de 17 à 31); 30 (de 1 a 10, e
2
Você poderá também estabelecer seu próprio ritmo com os Salmos.
(ler sempre o salmo inteiro, por exemplo, no dia). Mas é importante
que você leia pelo menos o que está aqui sugerido, no dia.
42
de 11 a 25); 33 (de 1 a 13, e de 14 a 23); 34 (de 1
a 16, e de 17 a 28); 36 (de 1 a 17, e de 18 a 40);
37 (de 1 a 9, e de 10 a 23); 43 (de 1 a 10, e de 11
a 27); 49 (de 1 a 10 e de 11 a 23); 54 (de 1 a 12, e
de 13 a 24); 67 (de 1 a 19, e de 20 a 36); 68 (de 1
a 16, e de 17 a 37); 70 (de 1 a 12, e de 13 a 14);
72 (de 1 a 15, e de 16 a 28); 73 (de 1 a 12, e de 13
à 23); 88 (de 1 a 26, e de 27 a 53); 93 (de 1 a 11, e
de 12 a 33); 101 (de 1 a 16, e de 17 a 29); 103 (de
1 a 15, e de 16 a 35), 104 (de 1 a 22, e de 23 a 45);
105 (de 1 a 24, e de 25 a 48); 106 (de 1 a 22, e de
23 a 43), 108 (de 1 a 16, e de 17 a 31); 113 (de 1 a
8, e de 9 a 26 – dependendo da tradução3); 117
(de 1 a 13, e de 14 a 29); 135 (de 1 a 13, e de 14 a
26); 138 (de 1 a 12, e de 13 a 24)...
c) Leia, em três dias, o salmo 77 (versículos de 1 a 22
no 1º dia, de 23 a 55 no 2º dia, e de 56 a 72 no 3º
dia).
d) Leia, em 11 dias, o salmo 118 (1º dia = versículos
de 1 a 16; 2 dia = de 17 a 32; 3º dia, de 33 a
48; 4º dia: de 49 a 64; 5º dia, de 65 a 80; 6º dia,
de 81 à 96; 7º dia, de 97 a 112, no 8º dia, de 113 a
128; no 9º dia, de 129 a 144; no 10º dia, de 145 a
160; e no dia 11º dia, do versículo 161 ao versículo
176).
3
Algumas traduções trazem alguns salmos com a divisão dos
versículos dispostos de maneira diferente (conforme se considera a
versão hebraica ou não. Algumas Bíblias trazem notas explicativas
sobre essas diferenças. Se você tiver dificuldade em identificar os
versículos de algum salmo, consulte algum amigo já familiarizado com
o uso da Bíblia).
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Vamos entrar em um novo passo? Doravante – se
ainda não começou a fazê-lo –, sempre que um versículo
se destacar para o seu gosto ou para o seu entendimento,
copie-o em um papel à parte (uma ficha, um pequeno
cartão, ou em um “post it”), e coloque à vista (com a
citação bíblica anotada abaixo da frase), de modo que
você o decore em pouco tempo. Isso lhe será de muita
valia em sua caminhada espiritual...
Para a sequência das leituras (sempre com o pro-
pósito de um capítulo por dia, mais o salmo), siga o
seguinte roteiro:
a) Leia o Evangelho de São João. Ele é diferente
dos outros 3 evangelhos, e contém narrativas
exclusivas e fundamentais para o nosso enten-
dimento a respeito da divindade de Jesus Cristo.
Ele contém uma impressionante catequese de
Jesus sobre o Espírito Santo (aliás, aqui o Espírito
é, pela primeira vez, nos revelado como pessoa
divina). Quando o capítulo lhe parecer mais
complicado, ore ao Espírito, peça luzes para o
entendimento, e leia novamente. Saiba que, às ve-
zes, a chave para a melhor compreensão de um
capítulo a encontramos em capítulos posteriores.
Ou mesmo em outros livros que você vai co-
nhecer, oportunamente.
b) Leia na sequência, o Evangelho de Marcos. O
autor – louvado por sua arte de narrador –,
demonstra também em seu evangelho grande
habilidade em enriquecer sua narrativa com indica-
ções geográficas. Para ele, mais do que uma
mensagem provinda de Deus referente à pessoa
do Messias, o Evangelho é esta ação divina em
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meio aos homens. Marcos valoriza a “Boa Nova”, e
enfatiza a pessoa de Jesus Cristo como Filho de
Deus e a proximidade de seu Reino. Foi o primeiro
a nos trazer esse gênero conhecido como “evan-
gelho”.
c) Depois de Marcos, leia, sequencialmente tanto o
Evangelho de Lucas como os Atos dos
Apóstolos (que, desde os tempos antigos, têm
também sido atribuídas a Lucas). O Evangelho
destaca a subida de Jesus rumo a Jerusalém, onde
se realiza o evento pascal: paixão, morte e
ressurreição de Jesus; e o livro dos Atos relata a
pregação deste evento a partir de Jerusalém até
“os confins do mundo”, as extremidades da terra
(cf. At 1,8). Importantíssimo no livro dos Atos é a
narrativa do cumprimento da promessa de Deus a
respeito do “dom do Espírito”, e a progressão da
atividade missionária dos apóstolos – especial-
mente de Pedro e Paulo –, e o ânimo das primeiras
comunidades cristãs, do “batismo ao martírio”...
d) Agora leia o Evangelho de Mateus – Como os
demais evangelistas, Mateus relata a vida e o
ensinamento de Jesus, e, a seu modo, destaca que
o “Deus conosco” (o Emanuel anunciado a José)
ficará presente entre os que creem até o fim dos
tempos. É o evangelista que mais insiste na lei, na
Escritura, no cumprimento das profecias, nos
costumes judaicos. Seu evangelho é dirigido pri-
mordialmente aos judeus, a quem quer demons-
trar que Jesus é o Cristo, o Messias esperado...
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Vamos para um novo passo, entrando em contato
agora com um outro gênero literário da Bíblia: o gênero
epistolar, ou, simplesmente, as cartas.
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dirigidas não a comunidades, mas a seus líderes, ou
“pastores”. São essas que você deve ler na se-
quência:
1ª Carta a Timóteo
2ª Carta a Timóteo
Carta a Tito
Leia em seguida a que Paulo escreveu a um cristão:
Carta a Filêmon.
Em seguida, leia a carta que foi dirigida aos He-
breus em geral:
Carta aos Hebreus
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2ª Carta de Pedro
Carta de Judas
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Vamos entrar agora na fase de leitura dos livros do
Antigo Testamento. “Por que li os do Novo Testamento
primeiro? São mais importantes?”... Você já aprendeu que
toda a Sagrada Escritura é importante, e inspirada por
Deus. Mas os livros do Novo Testamento foram escritos
primordialmente para os cristãos – como eu e você –,
para a Igreja de Jesus Cristo. Sua linguagem é mais
universal, e diz mais respeito à nossa vida dos tempos de
agora – e revelam por completo aquele que é o centro e o
âmago de toda a Bíblia: Jesus Cristo, Senhor e Salvador!
O Antigo Testamento – também muito importante –
foi relacionado e dirigido mais ao povo de Israel – ainda
que nele encontremos livros importantíssimos para se
entender o Novo Testamento e até mesmo o significado
da missão redentora de Jesus.
Ao iniciar agora a leitura dos livros do Antigo Testa-
mento (A.T.) não se esqueça de levar em consideração os
aspectos históricos, culturais e sociais envolvidos, as
intenções do autor, os modos de falar, escrever e
enxergar o mundo, sabendo que, embora contenha coisas
muito interessantes e até “cientificamente comprovadas”,
a intenção da Bíblia não é ensinar ou transmitir
conhecimentos daquelas ciências que outras instâncias do
pensamento humano têm a incumbência de pesquisar e
ensinar. Seu objetivo é a explicitação da salvação realizada
por Jesus Cristo. E isso ninguém faz como ela...
Algumas considerações antes de você começar a
leitura dos livros do A.T.:
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A.T., continue a ler os Salmos indicados, e não
abandone a leitura do Novo Testamento (N.T.)...
Retome a leitura daqueles livros – ou capítulos –
que despertaram seu interesse, e que ainda
mereçam sua atenção e meditação.
2ª) Note que se você participa de Missa diariamente,
já tem definido um programa de leitura. Lembre-
se apenas de que você deve ir além do simples
“ouvir” na celebração, ou mesmo apenas “ler”
durante a mesma. É bom – para o propósito de
se avançar no conhecimento da Sagrada Escritura
– que se dedique tempo a essa leitura (com
grifos, anotações, orações com aquela palavra
que está sendo lida, e possível registro de um
“diário espiritual”...
3ª) O A.T. é longo, e a quantidade de livros bem
maior que a do N.T. Muitos capítulos de livros do
A.T. são extensos, e por vezes enfadonhos
(compridas genealogias, descrições de construção
do templo, relatos repetitivos...) do ponto de
vista literário. Não desanime. Não queime etapas.
Esforce-se por perceber o sentido que sempre
está embutido na intenção do autor, ligando a
Palavra de Deus à vida do povo. A Palavra ilumina
e dá sentido à vida, e a vida ilumina o sentido da
Palavra.
4ª) O livro do Apocalipse – que pertence ao N.T. –
será proposto como o último livro a ser lido no
Programa, após essa longa etapa de leitura do
A.T.
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Num primeiro bloco, vamos alternar a leitura de
alguns livros”históricos” (que são 21) com um dos livros
chamados “Sapienciais” – ou Didáticos –, que são 7
(desses 7, você já vem lendo um deles: os salmos). Se
possível, leia mais de um capítulo desses livros do A.T. por
dia (mais os Salmos e suas opções para as leituras do
Novo Testamento).
Dos livros desse primeiro bloco do A.T., talvez o mais
conhecido – e controvertido! – seja, o livro do Gênesis
(ou, das “Origens”), que fala das origens do mundo e da
humanidade. Muitas vezes ele é lido como se fosse um
livro de história erudita e até de ciência natural. Na
realidade, ele é muito mais que isso, mas não é isso...
No Pentateuco (palavra que significa “os estojos”
onde eram guardados esses 5 primeiros livros que
compreende o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, o Livro dos
Números, e o livro do Deuteronômio), o povo de Israel se
descobre como alguém eleito por Deus, que o protege e
o conduz; depois de muita desobediência, sente-se
convidado a seguir o exemplo dos patriarcas na fidelidade
a seu Deus, que é fiel em Suas Promessas...
Os “Livros Sapienciais” (Jó, Ex, Lv, Nm, Ct, Dt e
Eclo) são de gêneros muito diversos: cânticos litúrgicos,
escritos de estilo filosófico, drama, reflexão poético-
didática, e coleções de sentenças de sábios populares (de
cunho pedagógico). O “Cântico dos Cânticos” nos
apresenta um misterioso rol de poemas de amor escritos
em torno de um enredo confuso, que nem sempre se
presta a uma interpretação clara. É preciso pois, consi-
derar o tempo em que foram escritos (com estranhos
conceitos sobre a mulher, o inimigo, os estrangeiros...),
mas com sensibilidade aberta às verdades eternas, que
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podem iluminar também hoje os caminhos de nossas
vidas...Vamos à leitura:
a) – Gênesis
Jó
Êxodo
Provérbios
Levítico
Eclesiastes
Números
Cântico dos Cânticos
Deuteronômio
Sabedoria
Josué
Eclesiástico
Juízes
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b) – Rute
1 Samuel
2 Samuel
1 Reis
2 Reis
1 Crônicas
2 Crônicas
Esdras
Neemias
Tobias
Judite
Ester
1ª Macabeus
2ª Macabeus
c) – Isaías
Jeremias
Lamentações
Baruc
Ezequiel
Daniel
Oseias
Joel
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Amós
Abdias
Jonas
Miqueias
Naum
Habacuc
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
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Parte V
A BÍBLIA TODA EM UM ANO!
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Portanto, se alguém receber uma parcela desse
tesouro,
não pense ser só este o conteúdo dessa Palavra,
mas saiba que encontrou apenas uma parte
do muito nela contido.
E, se só esta parcela esteve ao seu alcance,
não diga que seja pobre e estéril a Palavra de Deus,
nem venha, por isso, a desprezá-la.
Ao contrário, por não poder abraçá-la totalmente,
dê graças por sua riqueza infinita.
Alegra-te por seres vencido,
não te entristeças por ela te ultrapassar.
O sedento enche-se de gozo ao beber,
e não se aborrece por não poder esgotar a fonte.
Vença a fonte a tua sede,
e não vença a tua sede a fonte,
porque, se a tua sede se sacia
sem que a fonte se esgote,
quando, de novo, estiveres com sede,
dela poderás beber.
Se, porém, saciada tua sede, também se secasse a
fonte,
tua vitória redundaria em mal.
Dá graças pelo que recebestes;
pelo que ainda sobrou não te entristeças.
Aquilo que recebestes é tua partilha;
o que sobrou é tua herança.
Não te esforces por beber em um só trago
aquilo que não pode ser tomado de uma só vez,
nem desistas de tomá-lo aos poucos”.
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Lá atrás, quando brotou no coração da coordenação
da RCCBRASIL empenhar-se em reavivar dentro – e fora!
– do Movimento o apreço pela Palavra, e, por esse
propósito, escrever algum roteiro para os que quisessem
se iniciar ou se aprofundar nesse mistério, pensei: “Há já
tantas obras com essa intenção, Senhor... Mas como sei
que o Seu Espírito sempre se antecipa em tomar pelas
mãos os que se aproximam da Palavra, já me regozijo só
de pensar em quantos poderão ser por Ele tocados,
independente da eficácia dos meus escritos”... Como dizia
George Montague, “de certo modo é sempre verdade que a
ação do Espírito precede a da Palavra. Pois, mesmo quando
meus ouvidos escutam os sons da palavra humana, a divina
palavra não nasce em meu coração enquanto o Espírito do
Senhor não pairar sobre mim com pairou sobre Maria para
produzir a encarnação do Verbo...”
Estou muito contente por você, meu irmão, minha
irmã, pelo propósito de cumprir essa meta de ler por
completo a Palavra de Deus. Ninguém toca o Verbo
ungido de Deus sem antes usufruir do toque da unção que
O reveste. E tudo o que o Espírito Santo toca, Ele
transforma... Parabéns pela sua vida nova...
Reinaldo B. Reis
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Bibliografia
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CONGAR, Yves. A Palavra e o Espírito. São Paulo: Loyola,
1989.
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www.rccbrasil.org.br