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QUARTA-FEIRA, 2 DE SETEMBRO DE 2009

O ESTADO DE S. PAULO
ECONOMIA
ECONOMIA B5
B5

A ERA DO PRÉ-SAL q

PABLO VALADARES/AE–27/5/2009

Petrobrás
querter
influência
nos leilões
Com ingerência nas ofertas, estatal
busca evitar ‘propostas aventureiras’

Nicola Pamplona tar participação mais alta do


RIO
que a Petrobrás estava queren-
doe,peloqueestánalei,aPetro-
A Petrobrás quer ter ingerên- brás vai ser obrigada a aceitar”,
cianaescolhadasofertasvence- afirmouontem o diretor da con-
doras nos novos leilões do pré- sultoria da GasEnergy, Marco
sal, afirmou ontem o diretor de Tavares.Ementrevistaparaco-
exploração e produção da com- mentar o novo marco regulató- CONSULTA – Segundo Estrella, estatal deverá ser procurada por investidores para discutir ofertas e negociar níveis de rentabilidade aceitáveis
panhia, Guilherme Estrella. A rio, Estrella primeiro afirmou
medida tem o objetivo de evitar que esse risco é pequeno, dado FRASES companhia como mediadora de mais evidente ontem em apre- Para Gabrielli, a exclusivida-
ofertas “aventureiras”, que te- queas empresas dosetor costu- contratos é vista com ressal- sentação do presidente da com- de da Petrobrás como operado-
nhambaixos índicesde rentabi- mam seguir as “melhores práti- Marco Tavares vas, em virtude de um possível panhia, José Sérgio Gabrielli, ra é benéfica ao País, uma vez
lidade, mas é encarada pelo cas da indústria”. Diretor da GasEnergy conflito de interesses entre sua naqualdefendeu comargumen- quesetratadaempresaque“co-
mercadocomo maisum sinalde “Hácertosparâmetrosinter- “O concessionário pode ofertar atuação como concessionária e tos geopolíticos a mudança do nhecemaisasbaciassedimenta-
que a empresa terá grande po- nacionais de custos, de rentabi- participação mais alta do que a sua atuação como braço do go- modelo, repetindo declarações res brasileiras” e “tem a maior
der de decisão no novo modelo lidade, que sempre prevale- Petrobrás estava querendo, e a verno no setor petrolífero, que, do governo na véspera. experiência em águas profun-
em avaliação pelo Congresso. cem”, afirmou o executivo. Lo- Petrobrás será obrigada a aceitar na opinião de analistas, fica Segundo ele, o petróleo será, das”.
A preocupação com ofertas go depois, porém, admitiu que a e acompanhar” mais visível no novo modelo. cada vez mais, fonte de confli- Dopontodevistajurídico,po-
mais agressivas foi levantada empresa deverá ser procurada Além de ser operadora única tos internacionais e países pro- rém, há questionamentos a res-
ainda na segunda-feira por ana- pelos potenciais investidores Marilda Rosado do pré-sal, a companhia tem a dutores e consumidores ten- peito do novo papel da estatal.
listas de mercado. No novo mo- para discutir as ofertas que se- Advogada prerrogativa de ser contratada dem a estatizar a questão – es- “A Petrobrás é hoje regida pelo
delo, os concorrentes a sócios rão levadas a leilão. Assim, po- “A Petrobrás é hoje regida pelo diretamente pela Petro-Sal, po- tes para garantir suprimento e regime jurídico privado, em to-
da Petrobrás no pré-sal serão derianegociarníveisderentabi- regime jurídico privado, mas dendo também atuar na explo- os outros para ampliar seus ga- do tempo se vale disso para evi-
escolhidos com base no volume lidade considerados aceitáveis agora vai ser tratada como uma ração de áreas hoje da União na nhos. “Quem pensar que o livre tar a Lei de Licitações, mas ago-
de óleo que se dispuserem a en- para cada projeto. empresa estatal” busca por novos reservatórios. mercado vai determinar deci- ravaisertratadacomoumaem-
tregar à Petro-Sal. A Petro- Em última análise, disse o Noscomitês quevãogerir osno- sões de investimento está equi- presa estatal”, comenta a advo-
brás, por sua vez, terá de seguir presidente da companhia, José voscontratosdepartilhadepro- vocado, afirmou o executivo, gada especialista em regulação
a proposta vencedora, mesmo SérgioGabrielli,propostas con- Petróleo – dependendo de dução, deve compor maioria que já chegou a classificar co- dopetróleoMarildaRosado, ex-
que os volumes sejam demasia- sideradas “inexequíveis” pode- quemfororesponsávelpeloslei- com a Petro-Sal para influen- mo esquizofrênica a dubiedade ANP. Segundo ela, os privilé-
do altos e os níveis de rentabili- rão ser vetadas pelo Conselho lões dos contratos de partilha ciar as decisões. daPetrobráscomoempresapri- gios dados à estatal ferem o
dade, baixos. Nacional de Política Energéti- na produção. A confusão entre empresa vada, com ações em bolsa, mas princípio de livre concorrência
“Oconcessionáriopodeofer- ca ou pela Agência Nacional do Uma possível atuação da de capital aberto e estatal ficou controlada pelo governo. da Constituição. ●

Governo terá poder


de veto em consórcio
Petro-Sal terá metade dos
assentos nos comitê operacionais

Leonardo Goy sobrevalorizar o real e com-


BRASÍLIA
prometersetoresexportado-
res da indústria. O fenômeno
O governo terá poder de veto é conhecido como “doença
em importantes decisões dos holandesa”, em referência
consórcios – formados inclusi- ao que ocorreu na Holanda
ve por empresas privadas – que nasdécadasde 60e 70, quan-
vãoatuarnaprodução dacama- do a exportação de gás pelo
dapré-sal.Deacordo comopro- país disparou.
jeto de lei que estabelece o regi- O próprio presidente Lula
me de partilha da produção, a deu esse recado segunda-fei-
nova estatal (Petro-Sal), que ra,nodiscursonoatodeapre- TODO SUCESSO MERECE UM BIS.
vairepresentaraUniãonoscon- sentação do modelo do pré-
tratos, terá a metade dos assen- sal. Para ele, com o controle Vem aí, mais um grande lançamento
tos nos comitês operacionais da produção, pode-se definir
que vão administrar os consór- claramente o ritmo da extra- em Jundiaí. Aguarde!
cios produtores. Poderá, ainda, ção, “calibrando-o de acordo
indicaropresidentedessecomi- com os interesses nacionais,
tê, que terá poder de veto. Os sem se subordinar às exigên-
demais integrantes dos comi- cias do mercado”.
tês serão nomeados pelos ou- Segundo o texto encami-
tros integrantes do consórcio. nhadoaoCongresso,oscomi-
Os comitês operacionais, na tês terão, entre outras, as se-
prática, serão responsáveis por guintes incumbências: defi-
ditar o ritmo de produção nos nir os planos de exploração a
poços do pré-sal e por controlar serem aprovados pela Agên-
os investimentos na produção e cia Nacional do Petróleo
exploraçãodos campos.Comis- (ANP); definir os programas
so, o governo terá, ao mesmo anuais de trabalho e de pro-
tempo, como programar o rit- dução; supervisionar as ope-
mo de produção do pré-sal e um rações; e aprovar a contabili-
importante instrumento para dade dos custos.
Futura Comercialização: Incorporação e Construção:
fiscalizar se os custos declara- O secretário de Petróleo e
dos pelas empresas para ope- Gás do Ministério de Minas e
rar estão corretos. Energia, Marco Antônio
O controle do ritmo de extra- Martins Almeida, disse que Creci 5.425-J
ção do óleo é uma forma de evi- essetipo de controle do Esta-
tarqueumprocessodeexporta- do existe em qualquer país
ção abrupto de óleo “inunde” o que adote o sistema de parti- w w w.
w. n a t u r e 2 . c o m . b r
País de dólares, o que poderia lha da produção. ●
Foto do local

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