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COMO PREVENIR OS EFEITOS DO ESTRESSE SOBRE A

MEMÓRIA

03-03-2008

Mente na Terceira Idade


Informações sobre funcionamento da mente na terceira idade e
gerontologia

Elisandra Vilella G. Sé,


é Fonoaudióloga, Mestre em Gerontologia e Doutoranda em
Lingüística

"Cérebro de uma pessoa estressada é mais suscetível às


perdas de neurônios e conseqüentemente perdas de memória"

Os estados de ânimo, a ansiedade, a atenção, as emoções e o


estresse modulam nosso sistema de memórias. Uma pessoa
distraída, deprimida, ansiosa ou cansada pode ter um mau
desempenho em tarefas que exijam a memória, como esquecer
o número de telefone, esquecer do produto que precisa
comprar no supermercado ou esquecer a bolsa na sala de
espera de um consultório.

O mesmo acontece com um aluno que estudou para o vestibular e


não lembra nada no dia da prova por causa da ansiedade e do
estresse.

Isso se deve aos vários sistemas moduladores da memória, que


são os neurotransmissores e hormônios. As informações ou
conteúdos que aprendemos e que têm uma maior carga emocional
ou afetiva, principalmente emoções estressantes, causam mais
ansiedade e serão mais difíceis de expressá-las. Em determinadas
situações os conteúdos armazenados na mente sofrem influência
não só de neurotransmissores, mas também de hormônios para o
processamento da informação, que podem ativar o sistema de
alerta do indivíduo ou não.

No estresse liberam-se grandes quantidades de corticóides


secretados pela glândula supra-renal e eles inibem a *evocação
atuando no hipocampo e na amígdala (regiões do cérebro
responsáveis pelo armazenamento das memórias). O nível de alerta
(atenção), a ansiedade e o estresse são acompanhados de um
aumento no padrão da rede neuronal, isto é, a comunicação entre
os neurônios, que acarreta uma descarga ou liberação de
noradrenalina (substância que fica entre os neurônios) para o
sangue e às vezes também de outra substância o
adrenocorticotrófico (ACTH) um hormônio liberado pela hipófise.
Assim, o nível sanguíneo dessas substâncias correlaciona-se com o
estado do sujeito. Ou seja, ela aumenta ainda mais à medida que o
estresse se intensifica. Por isso quando ficamos estressados, nossa
freqüência cardíaca aumenta, a respiração torna-se mais rápida e
superficial, os músculos se tensionam.
Famoso branco

O famoso branco é um ato defensivo da nossa mente, é um


mecanismo natural de adaptação, não uma doença. Entretanto,
essa reação natural do organismo para facilitar a nossa adaptação
a situações novas ou ameaçadoras também potencializa processos
inflamatórios que podem matar os neurônios em regiões específicas
do cérebro, uma delas é o hipocampo, região responsável pela
formação das memórias. Então o cérebro de uma pessoa
estressada é mais suscetível às perdas de neurônios e
conseqüentemente perdas de memória.

Desta forma, o estresse causado pelo trânsito nas grandes cidades,


a fadiga pelo excesso de trabalho, noites maldormidas [é preciso
dar uma atenção especial ao “sono-reparador”*], preocupações,
medo da insegurança e a simples irritação levam a tensão ao limite
com efeitos nocivos à saúde física e mental.

Então, se quisermos alcançar uma maturidade e velhice bem-


sucedida com boa qualidade de vida e boas condições de saúde
física e mental ao longo da vida, o melhor a fazer é se permitir
descansar e não se estressar. Qualidade de vida é uma questão
que está ligada ao nosso estilo de vida que adotamos em toda a
vida.

Dormir após almoço ajuda a consolidar memória

Para combater a fadiga o melhor é adotar uma boa higiene do sono,


isto é, precisamos de mais horas de sono do que o padrão de oito
horas diárias, e mais o sono não deve ser interrompido, gerando
ciclos de sono incompletos. Uma pesquisa realizado em Israel pelo
pesquisador Avi Karni da Universidade de Haifa publicada na
Nature Neurocience demonstrou que dormir após o almoço,
fazendo a famosa sesta ajuda a consolidadação das memórias.
Além da higiene do sono é necessário cuidar das emoções,
exercitar a calma, a paciência e a concentração. Uma pessoa com
pressa, impaciente, perde a atenção e muitas das causas de falhas
de memória estão relacionadas mais à distração. A ansiedade afeta
nossa capacidade de atenção e concentração da mesma maneira
que influencia nosso desempenho em outras tarefas. Para ter um
bom desempenho nas atividades do dia-a-dia, precisamos estar
entusiasmados, concentrados e a todo vapor. Se você não estiver
bem concentrado nos seus afazeres, provavelmente não se sairá
bem.

Motivação e estresse

A motivação também é importante para controlar o estresse, o


estímulo para a realização de uma tarefa melhora nosso
desempenho. Cuidado com a ansiedade excessiva. Quando isso
acontece, ela interfere em nossas habilidades e o desempenho cai.
O equilíbrio entre ansiedade e desempenho de memória varia de
pessoa para pessoa e de tarefa para tarefa. Em outras palavras, o
que uma pessoa faz com facilidade, sem grande esforço, em outras
situações pode levar ao esgotamento. Quanto menor o controle
sobre a situação, maior o estresse.

A sobrecarga de informações também leva ao estresse e afeta a


evocação das memórias. Quem já não passou pela experiência de
esquecer algo simplesmente porque tinha muita coisa pra fazer num
período curto de tempo? Quando temos muitos compromissos para
lembrar, aumenta nossa responsabilidade e precisamos dar conta
dentro dos nossos limites e possibilidades. Cuidado para não querer
buscar a perfeição, a cobrança excessiva pode ser prejudicial. É
muito difícil concentrar a atenção em muita coisa de uma só vez.
Uma estratégia facilitadora é utilizar ferramentas que nos ajudem a
guardar aquilo que não precisamos memorizar o tempo todo.
Nestes casos o uso de agenda, listas e recados são fundamentais.

Atividades antiestresse

Também procure realizar uma atividade de lazer, desenvolva um


hobby, faça caminhadas, leituras, jogos, converse com os amigos,
experimente atividades que reduzam o estresse, tais como
meditação, tai chi chuan, yoga ou dança.
Por fim, viver é buscar o constante equilíbrio entre mente e corpo. E
adotar um estilo de vida saudável requer exercitar esse equilíbrio.
Só assim poderemos realizar de forma plena e agradável os
afazeres e compromissos ao longo da vida sem prejudicar nossa
saúde.
*Evocação: é a expressão do que memorizamos, falar, expressar as
informações memorizadas.

Elisandra Vilella G. Sé
é Fonoaudióloga, Mestre em Gerontologia e Doutoranda em
Lingüística

FONTE: VYA ESTELAR

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Informações complementares:

* sono-reparador: devemos dar uma atenção especial ao sono-


reparador. Escureceu, ir pra cama! Ou seja, fugir da luz artificial, o
máximo possível. O ideal é dormir 9 horas e meia – no mínimo –
todas as noites (segundo a pesqusiadora T S Wiley). O quarto deve
estar bem escuro, nada de abajur, ou pequenas luzes acesas
durante a noite. Também devemos evitar líquidos algumas horas
antes de ir dormir, para evitar acordar durante a noite, porque, ao
acendermos a luz, interrompemos a fabricação de “metionina”,
fundamental para reparar o equilíbrio de nosso organismo, durante
o período de sono.
É interesssante a leitura do livro “Apague a Luz!”, durma
melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o
estresse; T S Wiley e Bent Formby, Ph.D. – Editora Campus, 2000.

EDITORA CAMPUS
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