Você está na página 1de 6

Lógica

A Lógica surge na sua expressão primeira, na obra do filósofo


grego Aristóteles (séc. IV a.C.), como uma “Analítica” das
Lógica Matemática formas da linguagem através das quais se poderia concluir
Breve Histórico, Definições certas afirmações a partir de certas teses estabelecidas.
e Conceitos Básicos O que hoje podemos chamar de “Lógica”, enquanto atividade
teórica da investigação, é bastante amplo e, até certo ponto,
variável conforme a perspectiva teórica que se possa assumir.
Uma definição razoável seria:
Fábio Gondim
fabio.iesp # gmail.com Lógica é o estudo sistemático do pensamento que permite
http://fabio.iesp.googlepages.com construir raciocínios válidos, e que possibilita distinguir os
argumentos corretos dos incorretos.

Uma boa explicação contida na Wikipédia Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos,
(http://pt.wikipedia.org ) isto é, das conclusões a que chegamos através da
apresentação de evidências que a sustentam. O principal
“A lógica é uma ciência de índole matemática e organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra
fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é chamada Organon. Ele divide a lógica em formal e
a manifestação do conhecimento, e que o material.
conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer A Lógica Formal, também chamada de Lógica Simbólica,
algumas regras para que essa meta possa ser preocupa-se, basicamente, com a estrutura do raciocínio.
atingida. Assim, a lógica é o ramo da filosofia que A Lógica Formal lida com a relação entre conceitos e
cuida das regras do bem pensar, ou do pensar fornece um meio de compor provas de declarações. Na
correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A Lógica Formal os conceitos são rigorosamente definidos, e
aprendizagem da lógica não constitui um fim em si. as sentenças são transformadas em notações simbólicas
Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que precisas, compactas e não ambíguas.” (...)
nosso pensamento proceda corretamente a fim de Para ler o resto do artigo visite o endereço:
chegar a conhecimentos verdadeiros. (continua...) http://pt.wikipedia.org/wiki/Lógica (com acento)
3 4

Personagens e Períodos Históricos


Lógica: surgimento da palavra
Período Aristotélico ( +/- 390 a +/- 1840 d.C.)
Originada na Filosofia grega, onde: Aristóteles (384 - 322 a.C)
Gottfried Leibniz (1646-1716)
Logos Linguagem-discurso e pensamento- Período Booleano (+/- 1840 a +/- 1910)
conhecimento.
George Boole (1815-1864)
Conduziu os filósofos a indagarem se o logos Augustus de Morgan (1806-1871)
obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, Gotlob Frege (1848-1925)
princípios e critérios para o seu funcionamento. Giuseppe Peano
Período atual (1910-...)
Bertrand Russel (1872-1970)
Lógica
David Hilbert (1862-1943)
Kurt Gödel (1906-1978) , Tarski (1902-)
5 6

1
Conceitos Básicos
Princípios Fundamentais da Lógica Proposicional
Proposição:
Na lógica proposicional é uma expressão, verbal ou A lógica matemática adota como regras fundamentais os
simbólica, suscetível de ser dita verdadeira ou falsa. É, seguintes princípios ou axiomas:
portanto, todo o conjunto de palavras ou símbolos que
exprimem um pensamento de sentido completo. Para tanto (I) PRINCÍPIO DA IDENTIDADE - Aquele que afirma a
deve ser uma declaração afirmativa ou negativa não identidade de determinada coisa com ela mesma. Pode ser
podendo ser imperativa, exclamativa ou interrogativa. assim enunciado: Toda coisa é o que é.

Ex: O ano de 2008 é bissexto. (II) PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: Uma proposição não
pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Não foi concluída a obra.
(III) PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: Qualquer
“Joaquim, vá estudar sua lição” é imperativa logo não é uma proposição é verdadeira ou falsa, não podendo ser nada mais
proposição. “Qual foi o resultado da loteria?” é interrogativa logo,
do que isso.
também não é uma proposição.
7 8

Proposição simples ou atômica: Proposição composta ou molecular:


É aquela que não contém nenhuma outra É aquela que contém pelo menos uma outra
proposição como parte integrante de si proposição mais simples que ela mesma.
mesma.
Exemplo:
Exemplos:
Pedro estuda e trabalha.
1) A lua é quadrada. Equivale a:
2) A lua é redonda. Pedro estuda e Pedro trabalha.

Veja pelos exemplos acima que uma É a conjunção de duas proposições simples,
proposição pode ser falsa (A lua é quadrada) logo a conclusão dependerá do resultado de
ou verdadeira (A lua é redonda).
ambas.
9 10

Proposição fechada: Modos de Negação de uma proposição:

É aquela que podemos garantir com toda Antepondo-se a expressão “não” ao seu verbo:
certeza que é verdadeira ou que é falsa. Jorge gosta de mamão.
Jorge não gosta de mamão.
Ex.: 5 + 5 = 10.
Retirando-se a negação antes do verbo:
Proposição aberta: Paulo não é dentista.
É aquela que contém uma variável, um Paulo é dentista.
elemento desconhecido, e, portanto não
podemos tirar nenhuma conclusão sobre o Substituindo-se um termo da proposição por um
seu resultado. antônimo:
A casa é bonita.
Ex.: x + 5 = 10. A casa é feia.
11 12

2
Negação de “Todo”: Negação de “Nenhum”:

Considere a afirmação: Considere a afirmação:


Todo gato come alface. Nenhum gato come alface.

Se você quiser negar esta afirmação não deverá Se você quiser negar esta afirmação não deverá
argumentar que nenhum gato come alface. Existindo um argumentar que todo gato come alface. Existindo um
gato que não come alface já muda o resultado da gato que coma alface já muda o resultado da afirmação
afirmação feita. feita.

Portanto a negação será: Portanto a negação será:


Algum gato não come alface. Algum gato come alface.
Ou se preferir: Ou se preferir:
Pelo menos um gato não come alface. Pelo menos um gato come alface.
13 14

Negação de “Algum”:
Argumento:
Considere a afirmação: Raciocínio, indício ou prova pelo qual se tira
Algum gato come alface. uma conseqüência ou dedução (Dicionário
Aurélio).
Está sendo argumentado que pelo menos um gato
come alface. Neste caso será necessário que nenhum Um argumento é um conjunto de proposições
gato coma alface para negar a afirmação que pelo
em que se pretende justificar ou defender
menos um o faz.
uma delas, a conclusão, com base nas
Portanto a negação será: outras, que se chamam premissas.
Nenhum gato come alface.

15 16

Um paradoxo que é muito encontrado em livros e sites da internet (com


Paradoxo (antinomia): pequenas variações) é o paradoxo da prova surpresa:
Considere a sentença: “Imagine que o período letivo acabe no próximo dia 30. Dez dias antes,
o professor ameaça os alunos, dizendo que até o fim desse período
Esta sentença não é verdadeira.
letivo haverá uma prova surpresa.”
Há duas opções: A sentença é verdadeira ou é falsa. “Porém é impossível a aplicação dessa prova surpresa: a prova não
Suponha que a sentença seja verdadeira. Então, pode ser no dia 30, que é o último dia de aula, pois, no fim do dia 29,
chegamos ao resultado de que a sentença é falsa. não havendo ela ocorrido, ainda, os alunos já saberiam que a prova
Agora suponha que a sentença seja falsa. Então, seria no dia 30 (e assim não seria mais surpresa). Sendo assim, o dia
contraditoriamente chegamos ao resultado de que a 29 passa a ser o último dia possível para que o professor aplique uma
sentença é verdadeira. prova surpresa. Mas então, no fim do dia 28, os alunos já saberão que a
Em ambos os casos, chega-se a conclusão de que a prova seria no dia 29, e ela deixaria de ser surpresa. Esse raciocínio
sentença é verdadeira e falsa. pode ser estendido dia por dia, de forma que não resta ao professor
nenhum dia para a aplicação de uma prova realmente surpresa.”
Este tipo de paradoxo ficou conhecido como paradoxo do
mentiroso e foi descoberto pelo filósofo grego Eubúlides Por este raciocínio é impossível a aplicação da prova surpresa, mas se
de Mileto (384-322 a.C.). ela for aplicada no dia 25, por exemplo, terá sido sim uma surpresa,
17 pois os alunos não sabiam que seria naquele dia. 18

3
Paradoxo (definição):
“São raciocínios em que se parte de enunciados não- Sentenças auto-referentes:
contraditórios, mas as conclusões feitas são
contraditórias. Um paradoxo demonstra tanto a Assim como as sentenças imperativas,
veracidade quanto a falsidade de um argumento.”
exclamativas e interrogativas, as sentenças
Henrique Rocha no livro Raciocínio Lógico
(ver bibliografia) auto-referentes, que se referem ao seu
De acordo com o dicionário Aurélio: próprio valor verdade, também, devem ser
1.Conceito que é ou parece contrário ao comum; contra- evitadas. Este tipo de sentença pode resultar
senso, absurdo, disparate. (...) em paradoxos e impedir a atribuição de um
5.Lóg. Dupla implicação entre uma proposição e sua valor verdade, como visto anteriormente no
negação, que caracteriza uma contradição insolúvel. (...)
6.Lóg. Dificuldade na conclusão de um raciocínio, seja
exemplo: “Esta sentença é falsa”.
pela vaguidade dos termos das suas proposições, seja
pela insuficiência dos instrumentos lógicos formais. (...)
19 20

Ambigüidade:
Segundo o dicionário Aurélio: Alguns Tipos de Raciocínios
1.Qualidade ou estado de ambíguo. (...)
4.Lóg. Sofisma verbal. O saco de feijões de Peirce
Ambíguo:
1.Que se pode tomar em mais de um sentido;
equívoco. (...)

Ex: Considera a sentença abaixo:


Vejo uma amiga na praia com os meus binóculos.
Quem está com os binóculos? O interlocutor ou a
amiga dele? Veja que a frase fica aberta a duas
interpretações. É ambígua.
21 22

Alguns Tipos de Raciocínio Dedução


Regra: Todos os feijões deste saco são brancos.
Os exemplos, a seguir, Caso: Estes feijões provêm deste saco.
foram empregados Resultado: ?
pelo filósofo, cientista
Indução
e matemático norte- Regra: Estes feijões provêm deste saco.
americano, Charles Caso: Estes feijões são brancos.
Sanders Peirce (1839- Resultado: ?
1914) .
PEIRCE C. S. Collected Papers of Abdução
Charles Sanders Peirce, edição de
Charles Hartshorne, Paul Weiss e
Regra: Todos os feijões deste saco são brancos.
Arthur W. Burks, 8 vol., Cambridge Caso: Estes feijões são brancos.
(Massachusetts), Harvard University
Press, 1931-1966. Resultado: ?
23 24

4
Dedução (O resultado representa uma certeza) Dedução (O resultado representa uma certeza)
Regra: Todos os feijões deste saco são brancos. Regra: Todos os feijões deste saco são brancos.
Caso: Estes feijões provêm deste saco. Caso: Estes feijões provêm deste saco.
Resultado: Estes feijões são brancos. Resultado: Estes feijões são brancos.
Indução (O resultado representa uma probabilidade) Indução (O resultado representa uma probabilidade)
Regra: Estes feijões provêm deste saco. Regra: Estes feijões provêm deste saco.
Caso: Estes feijões são brancos. Caso: Estes feijões são brancos.
Resultado: Todos os feijões deste saco são brancos. Resultado: Todos os feijões deste saco são brancos.
Abdução ou Apagogia (O res. rep. uma hipótese) Abdução ou Apagogia (O res. rep. uma hipótese)
Regra: Todos os feijões deste saco são brancos. Regra: Todos os feijões deste saco são brancos.
Caso: Estes feijões são brancos. Caso: Estes feijões são brancos.
Resultado: Estes feijões provêm deste saco. Resultado: Estes feijões provêm deste saco.
25 26

Dedução Indução
Geral: Todos os feijões deste saco são brancos. Regra: Estes feijões provêm deste saco.
Particular: Estes feijões provêm deste saco. Caso: Estes feijões são brancos.
Resultado: Estes feijões são brancos. Resultado: Todos os feijões deste saco são brancos.

Na dedução a partir de um conjunto de proposições, Neste tipo de raciocínio a verdade das premissas não basta
chamadas premissas, se tira, por inferência, uma para assegurar a verdade da conclusão. Apesar de haver uma
outra, chamada conclusão. relação entre as premissas, note que o fato de ter tirado
Neste tipo de raciocínio se caminha do geral para o apenas feijões brancos não garante que todos os feijões no
particular, do todo para a parte, para daí chegar a um saco sejam da mesma cor. No entanto, quanto maior a
resultado. amostra de feijões exclusivamente brancos retirados do saco
Em um argumento dedutivo válido, se as premissas maior a probabilidade da conclusão acima ter sido correta.
forem verdadeiras é impossível que a conclusão seja Mas certeza absoluta só teremos se tirarmos todos os feijões
falsa. Analise o exemplo acima e verifique que se as do saco. Neste curso veremos a lógica proposicional que não
duas primeiras proposições forem verdadeiras a trata deste tipo de problema. Este tipo de raciocínio é
conclusão também será. estudado na estatística e outros tipos de lógica (ex.: lógica de
27 predicados). 28

Abdução Silogismo: noções básicas


Regra: Todos os feijões deste saco são brancos.
Silogismo é uma forma de raciocínio dedutivo em
Caso: Estes feijões são brancos.
que, partindo-se de certas informações, infere-se
Resultado: Estes feijões provêm deste saco.
uma determinada conclusão. Nos silogismos
Veja que analisadas as duas premissas iniciais não existe categóricos, formais ou regulares são postas duas
nenhuma relação que comprove a conclusão. Podemos proposições, chamadas premissa maior e
chegar, apenas, a conclusão que é possível que os feijões premissa menor, e delas, por inferência, se tira
provenham do saco, e levantarmos uma hipótese que deverá
ser investigada.
uma terceira, chamada conclusão. A premissa
maior é a premissa geral de maior extensão e que
A abdução é o processo de criação de uma hipótese
explicativa. É a única operação lógica que apresenta uma vem geralmente citada primeiro. A premissa menor
idéia nova. A Dedução prova que algo deve ser; a Indução é a premissa mais particular que vem geralmente
mostra a probabilidade de ser; a Abdução simplesmente em segundo.
sugere que alguma coisa pode ser.
29 30

5
Silogismo Falácia: Paralogismos e Sofismas
Exemplo clássico:
Falácia é um falso raciocínio lógico com aparência de
Premissa maior: Todos os homens são mortais; verdadeiro. O termo deriva do verbo latino fallere, que
significa enganar. Algumas falácias são cometidas
Premissa menor: Sócrates é homem; involuntariamente e, neste caso, são denominadas
Conclusão: Sócrates é mortal. paralogismos; outras, elaboradas com o objetivo de
confundir, são denominadas sofismas. As falácias podem
Ou seja: ser elaboradas com base em premissas falsas ou
premissas verdadeiras que, por representarem casos
Quando são dadas as seguintes proposições: específicos (e não gerais), não podem ser generalizadas.
Todos os homens são mortais. Ex.:
Sócrates é homem. Premissa 1: Eu sou mortal;
A conclusão a que podemos chegar é: Premissa 2: Sócrates é mortal;
Sócrates é mortal. Conclusão: Todos os homens são mortais.
31 32

Bibliografia
Estes livros fazem parte do • ABE, Jair Minoro; SCALZITTI, Alexandre; FILHO, João I. da Silva.
Introdução à lógica para a ciência da computação. São Paulo: Arte &
acervo de nossa biblioteca. Ciência, 2002.
• ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemática. São Paulo:
Nobel, 2002.
• AZEREDO, Vânia Dutra de. Introdução à Lógica. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2004.
• DAGHLIAN, Jacob. Lógica e álgebra de Boole. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
• ROCHA, Enrique. Raciocínio lógico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
• SILVA, Flávio S. Corrêa da; FINGER, Marcelo; MELO, Ana C. Vieira de.
Lógica para computação. São Paulo: Thompson Learning, 2006.
• SOUZA, João Nunes de. Lógica para ciência da computação.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.
• Notas de Aulas do Professor Edson Holanda.
• Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.11a.
• Pesquisas em sites voltados para o estudo da Filosofia, Lógica, Matemática
33
e Computação. 34

Você também pode gostar