Você está na página 1de 27

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Recolha e Análise das Três Amostras sobre Dividas Ocultas

Óscar Manuel Magaissa: 708216081

Curso de Licenciatura em Ensino


da História
Disciplina: TELP
Ano de Frequência: 1º ano

Docente: Mestre Fernando Chicumule

Tete, Janeiro, 2022


Folha de Feedback
Classificação
Pontuaç
Categorias Indicadores Padrões Nota do Subtot
ão
tutor al
máxima
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização (Indicação
1.0
clara do problema)

Introdução  Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
discurso académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita cuidada,
Análise e coerência / coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacionais 2.
relevantes na área de estudo
 Exploração dos dados 2.0

Conclusão  Contributos teóricos práticos 2.0

 Paginação, tipo e tamanho


Aspectos gerais Formatação de letra, paragrafo, 1.0
espaçamento entre linhas

Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Índice
1. Introdução.................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos .............................................................................................................. 3

1.1.1. Geral ................................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ......................................................................................................... 3

2. Metodologias do Trabalho ........................................................................................ 3

3. Análise de Amostras sobre Entrvistas Referentes às Dividas Ocultas ...................... 4

3.1. ENTREVISTA E INQUÉRITO ............................................................................ 4

3.1.1. Estrutura da entrevista ....................................................................................... 5

3.2. Características linguísticas .................................................................................... 6

3.1.3. Regras de elaboração de Entrevista ................................................................... 7

3.1.4. Inquérito ............................................................................................................. 7

3.1.4.1. Estrutura de um Inquérito ............................................................................... 7

3.1.4.2. Característica Linguísticas de um Inquérito ................................................... 8

3.1.4.3. Regra de Elaboração....................................................................................... 8

4. Metodologia .............................................................................................................. 9

4.1. Metodologias da Pesquisa Científica ..................................................................... 9

4.2. Métodos ............................................................................................................... 11

4.2.1. Métodos Científicos ......................................................................................... 11

4.2.1. Classificação de Métodos de Pesquisa............................................................. 12

4.3. Técnicas de Pesquisa ........................................................................................... 14

4.3.1. Importância das Técnicas de Pesquisa ............................................................. 15

5. Apresentação de três amostras de entrevistas ......................................................... 16

6. Análise e interpretação do discurso das entrevistas ................................................ 19

7. Conclusão ................................................................................................................ 24

8. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 25


1. Introdução

Neste presente trabalho da cadeira de TELP serão tratados os assuntos referentes a 1)


recolha, por gravação, três amostras de entrevistas: (i) juiz e declarante; (ii) procuradora
(representante do Ministério Público) e declarante; (iii) Ordem dos advogados e declarante;
2) registo das amostras que consiste na transferência do oral para o escrito, incluindo a
identificação e mobilidade do declarante (nome, filiação, sexo, idade, estado civil,
naturalidade, residência, profissão), 3) Análise do discurso focalizando: (i) entrevista de
retrato ou entrevista informativa, (ii) suspensões, (iii) aceitar ou rejeitar, (iv) perguntas
imprevistas e embaraçosas vs respostas inesperadas e de difícil controlo, (v) posição do(a)
entrevistador(a) vs interesse do público.

1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Analisar as três amostras de entrevistas e seus registos que consiste na
transferência do oral para o escrito incluindo a edificação e mobilidade do
declarante.
1.1.2. Específicos
 Identificar entrevista do inquérito, estruturas e organização, características
discursivas e linguísticas;
 Definir entrevista do inquérito, estruturas e organização, características
discursivas e linguísticas;
 Descrever entrevista do inquérito, estruturas e organização, características
discursivas e linguísticas;
2. Metodologias do Trabalho

Para a realização deste trabalho, baseou-se no método de pesquisa, onde recorreu-se na


pesquisa e leitura de Manuais, livros que abordam de forma sólida os conteúdos
relacionados com o tema em estudo, que estão destacados nas referências bibliográficas.
Quanto a metodologia usou-se a metodologia: bibliográfica (leu-se obras que tratem do
assunto), documental (obtendo factos via jornal, rádio e televisão), observação directa
(auscultou-se as entrevistas orais (podem ser diferidas) e grava os discursos representativos
como amostras).

3
3. Análise de Amostras sobre Entrvistas Referentes às Dividas
Ocultas
3.1. ENTREVISTA E INQUÉRITO

Entrevista é a acção e efeito de entrevistar ou ser entrevistado. Trata-se de


uma conversa entre duas uma ou mais pessoas com um fim determinado.
Pode ter uma finalidade jornalística, para informar o público das respostas
da pessoa entrevistada, ou tratar-se de uma conferência de duas ou mais
pessoas para tratar ou resolver um negócio, por exemplo. (AGUILAR,
2021).
A entrevista desempenha um papel importantíssimo para o desenvolvimento social: ela
é crucial para a propagação do conhecimento, para o posicionamento da crítica e
também para que sejam formuladas opiniões a respeito de algo, alguém ou de um facto.
E isso acontece porque a entrevista instiga a discussão sobre um determinado assunto,
tendo como característica principal a declaração explícita. (AGUILAR, 2021).

A entrevista é uma forma de interacção envolvendo um entrevistador,


pessoa que faz perguntas e conduz a conversa, e o entrevistado, uma
personalidade representativa dentro do contexto no qual a entrevista é
produzida e para o qual é veiculada. Essa é, inclusive, uma de suas
características: o enfoque de pessoas que estão em evidência no cenário
nacional. Um dos factores que a tornam uma forma especial de interacção é, sem
dúvida, o fato de ela não se restringir aos interlocutores, mas se destinar a
espectadores (leitores ou ouvintes). (MEDINA, 1990, p.121):

Medina define a entrevista jornalística como "uma técnica de obtenção de informações


que recorre ao particular; por isso se vale, na maioria das circunstâncias, da fonte
individualizada e lhe dá crédito, sem preocupações científicas".

Ela é um tipo de interacção que conjuga a espontaneidade que caracteriza uma


conversação e o planeamento próprio de um discurso destinado a um determinado
público e com um objectivo pré-estabelecido e, por isso mesmo, construído geralmente
a partir de um questionário. É a associação destes dois elementos, a espontaneidade e o
planeamento, que a torna uma forma de interacção especialmente complexa.

Ao conduzir seu interlocutor, o entrevistador deve estar atento aos virtuais tópicos
oferecidos pela fala de seu entrevistado, estabelecendo assim um eixo de coerência
ao longo da conversa, mas também deve procurar incluir, da forma mais natural
possível, os temas previamente planejados, a fim de atender à curiosidade do seu
público. (LOPES, 2018).

Ainda de acordo com o autor,

4
“a edição de uma entrevista pode adquirir vários formatos. Nós nos preocuparemos
especificamente com aquelas editadas no formato de diálogo explícito EU e TU ou,
como se diz jornalisticamente, pergunta-e-resposta. Este formato caracteriza a
entrevista conceituaI (definida abaixo), já que os conceitos emitidos pela fonte de
informação dispensam um narrador indireto. Este é o formato que mais se
assemelha a um diálogo, composto de perguntas e respostas”. (Idem, 2018).

Encaramos a entrevista como uma espécie de diálogo assimétrico, ou seja, dirigido por
um dos participantes, cujo conteúdo compõe um todo, com elementos que caracterizam
um texto, entendido como “ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer
extensão, dotada de unidade sociocomunicativa semântica e formal” (COSTA VAL,
1991). A entrevista seria, portanto, uma espécie de diálogo estruturado, composto de
perguntas e respostas, que deve apresentar uma coerência, ou seja, uma continuidade de
sentidos perceptível, não só entre a resposta e a pergunta formulada, mas também entre
aquela e a próxima pergunta. Uma entrevista em que as perguntas ignorem
completamente a fala anterior do entrevistado é tão incoerente quanto um texto cujas
frases falem de coisas completamente desvinculadas. Como afirma MEDINA:

quando ocorre uma entrevista dirigida por um questionário estanque ou motivada


por um entrevistador também ftxado em suas ideias preestabelecidas (em geral,
coincidentes com o questionário) e no autoritarismo impositivo, o resultado frustra
o receptor. Até um leigo em técnicas de comunicação sodal percebe a ausênda do
diálogo. Frequentemente, um adolescente ou uma criança comenta, diante de uma
dessas entrevistas em televisão: '0 sujeito nem terminou o pensamento e o repórter
já cortou [...]. (MEDINA, 1998, p. 140).

3.1.1. Estrutura da entrevista


De maneira geral, a entrevista é estruturada da seguinte maneira: definição do tema,
roteiro, título e revisão.

 Definição do tema: é o primeiro passo para a entrevista acontecer. Somente a


partir daí é possível escolher o entrevistado (fonte) que tem mais conhecimento
sobre aquele assunto e que contribuirá para enriquecer o texto.
 Roteiro: como o próprio nome diz, é o material que vai guiar o entrevistador no
momento da entrevista. Para elaborá-lo é imprescindível pesquisar sobre o tema
e sobre a fonte. A partir daí podem ser listadas algumas perguntas que nortearão
o trabalho, apesar de que podem surgir outras questões interessantes além do que
estará no papel.
 Título: realizada a entrevista, ela é transcrita, se for para jornal, revista ou
internet. Muitas vezes ela é iniciada com um título, que deve resumir o assunto
abordado de maneira interessante, que prenda a atenção do leitor.
5
 Revisão: por fim, é fundamental que todo o texto seja revisado para identificar
possíveis erros de escrita.

Para AGUILAR (2021) “qualquer entrevista pressupõe um tema, objectivos


previamente definidos e entrevistadores e entrevistados”. Para este autor:

A estrutura da entrevista compreende 3 momentos: uma introdução, as perguntas


do(s) entrevistador(es)-respostas do(s) entrevistado(s) e uma conclusão. A
entrevista é, geralmente, precedida por um título e, por vezes, por um subtítulo.
Uma entrevista pode considerar-se incompleta quando não apresenta uma
introdução e/ou uma conclusão. Existem várias regras a serem utilizadas para que a
entrevista esteja completa, como por exemplo, formular perguntas adequadas ao
tema e de acordo com os objectivos previamente definidos, fazer perguntas que
tenham em consideração o contexto (espaço e tempo) e as características da pessoa
entrevistada (níveis etário e sócio-cultural, personalidade, etc.). Numa boa
entrevista, o entrevistado, deve ser conduzido a revelar aquilo que se pretende
saber. Não emitir opiniões nem fazer juízos de valor sobre as respostas do
entrevistado, mais do que uma regra é uma questão de bom senso.
Escusado será dizer que se deverá utilizar uma linguagem rigorosa, clara e de fácil
compreensão, assim como ordenar as perguntas de uma maneira lógica.
(AGUILAR, 2021).

3.2. Características linguísticas

As principais características da entrevista são a oralidade e o discurso directo


(reprodução integral da fala de um personagem). A primeira pelo facto de tratar-se
de um diálogo e a segunda pois, na maioria das vezes, o diálogo é transcrito
exactamente como foi conversado. (MEDINA, 1998).

Nas entrevistas publicadas em meios impressos, por exemplo, é possível perceber a


utilização de muitos sinais de pontuação, como travessão, aspas, reticências,
interrogação, parênteses, em alguns casos até detalhando aspectos do entrevistado,
como emoções, lágrimas e risos.

EDGARD MORIN (apud MEDINA) reflecte sobre a entrevista na rádio e na televisão.


Define a entrevista-extensiva, enquete com aplicação de questionários pré-elaborados e
a entrevista intensiva, não-directiva, aberta. Para ele, este último tipo proporcionaria um
enriquecimento informativo já que nela o diálogo se desloca para o entrevistado; há
liberação e desbloqueamento na situação inter-humana, permitindo que esta relação flua
e que se atinja a auto-elucidação.

A partir desta classificação, Medina agrupa as entrevistas em duas tendências: a


espetacularização e a compreensão (aprofundamento), sendo que cada uma apresenta
subdivisões:

6
Subgéneros da espetacularização: Perfil do pitoresco: retrato de pessoas de
destaque; perfil do inusitado: descrição de traços excêntricos do entrevistado; perftl
da condenação: entrevista ideologicamente marcada, que traça um perftl do
entrevistado como culpado.
Subgéneros da compreensão-aprofundamento: entrevista conceituaI:
consulta a especialistas para se obterem irúormaçães sobre determinados conceitos,
entrevista enquete: utilização de várias fontes que irão depor sobre um tema,
entrevista investigativa: uso de entrevistas para se embasarem investigações sobre
fatos da vida pública, confrontação-polemização: discussão de temas polêmicos,
envolvendo várias pessoas que se reunirão em mesasredondas, painéis, simpósios e
seminários, cabendo ao entrevistador o papel de coordenador, mediador e portavoz
de dúvidas do senso comum, perfil humanizado: entrevista com o objectivo de
traçar um perfil humano do entrevistado, para se conhecer seu histórico de vida,
seus conceitos, valores e comportamentos. (MEDINA, 1998).
3.1.3. Regras de elaboração de Entrevista
Para a preparação de um roteiro para entrevista, recomenda-se um conhecimento prévio
sobre o assunto que será tratado, ou sobre o entrevistado, sempre tendo em vista o
público alvo do conteúdo que será gerado. A entrevista deve ser iniciada com uma
apresentação dos seus objectivos e do veículo em que será divulgada.

3.1.4. Inquérito
O inquérito é uma técnica de investigação que permite a recolha de informação
directamente de um interveniente na investigação através de um conjunto de
questões organizadas segundo uma determinada ordem. Estas, podem ser
apresentadas ao respondente de forma escrita ou oral. É uma das técnicas mais
utilizadas, pois permite obter informação, sobre determinado fenómeno, através da
formulação de questões que reflectem atitudes, opiniões, percepções, interesses e
comportamentos de um conjunto de indivíduos (CF. TUCKMAN, 2000, p.517).

A palavra inquérito é um Substantivo masculino é o acto ou efeito de inquirir, interrogar,


perguntar, pesquisar; designa o conjunto de actos e diligências que têm por objectivo de
descobrir e apurar a verdade de fatos alegados ou acusações. Segundo Rei (Op. Cit, 2000,
pág. 169), inquérito é uma forma de “ descobrir a verdade” ou de fazer o ponto de
situação sobre determinada problemática, pessoa ou grupo de pessoas. No entender de
Rei, este texto difere da reportagem, uma vez que esta mostra, enquanto o inquérito
demonstra. A técnica de inquérito consubstancia a técnica de inquérito por questionário
e a técnica de inquérito por entrevista, caracterizadas essencialmente pelo tipo de
instrumento que lhes é adjacente, questionário e guião de entrevista, respectivamente.

3.1.4.1. Estrutura de um Inquérito

Os instrumentos mais frequentes na técnica de inquérito é o questionário e o guião


de entrevista. De uma forma muito breve podemos dizer que questionário: permite
a recolha de informação através do registo escrito, constituído por um conjunto de
7
perguntas organizadas segundo uma determinada ordem, produzidas em suporte
papel ou digital - online, dirigidas a um grupo de pessoas e que a entrevista:
permite a recolha de informação através da comunicação verbal, geralmente
suportado por um guião de entrevista. (CARMO, 1998, p.101).

3.1.4.2. Característica Linguísticas de um Inquérito

De acordo com a Infopedia (2021):

O vocabulário deve ser simples, mas não se deve cair em popularismos. Deve-se
evitar termos vagos, tais como “muitos” ou “bastante” e “frequentemente” que
podem dar azo a interpretações subjectivas. Devese preferir termos mais
objectivos. A clareza é outra característica muito importante a ter em conta na
redacção do questionário do inquérito.

As perguntas devem ser facilmente entendidas pelos inquiridos, sem necessidade den
explicações complementares. É aconselhável o uso de frases interrogativas e
integrantes, bem como o discurso directo, por conferirem mais objectividade às
perguntas.

Relativamente à pessoa gramatical a utilizar, pode empregar-se a 2ª ou 3ª pessoa


gramatical, de acordo com o tipo de inquiridos. Tratando-se de crianças ou jovens é
aconselhável o uso da 2ª pessoa (tu); para a restante camada social é de bom tom
usar-se a 3ª pessoa (você). (INFOPEDIA, 2021).

O recurso ao inquérito por questionário, para a observação de percursos de vida, faz-se


por duas razões principais. Uma delas, pela não existência prévia de dados que
permitam a análise comparativa a diversos níveis (em relação às estatísticas disponíveis,
o inquérito por questionário apresenta, pelo menos, duas vantagens: a de tornar possível
observar o percurso de cada indivíduo em relação ao conjunto de outros indivíduos e, de
forma associada e consequente, tornar possível obter um número considerável de
informações a partir de cada um dos informantes); depois, pela necessidade de se
estender no tempo as observações, isto é, de se poder, de facto, perceber aspectos
importantes em relação a momentos distintos da vida dos inquiridos. (INFOPEDIA,
2021).

3.1.4.3. Regra de Elaboração

De acordo com Tuckman (2000) “um dos processos mais directos para encontrar
informação sobre determinado fenómeno, consiste em formular questões às pessoas
que, de alguma forma, estão envolvidas ou relacionadas com fenómeno”. Contudo, o
processo de elaboração das referidas questões não é óbvio e deve ser claramente
sistematizado pelo investigador. Definir o objecto de estudo, produzir e aplicar os
8
instrumentos, analisar, organizar e apresentar os resultados são as principais fases do
planeamento do inquérito.

 Quem vamos inquirir?


 O que pretendemos saber?
 O que vamos questionar?
 Como vamos questionar?
 Como vamos fazer a recolha dos dados?
 Como vamos tratar os dados?

São exemplo de algumas questões que o investigador deverá colocar e analisar


cuidadosamente. O planeamento do inquérito é extremamente importante para a
validade e fiabilidade dos resultados. Para tal, o conjunto de questões que se quer
formular, deve ser elaborado, segundo Tuckman (2000), tendo em conta que:

i) deve ser interpretado pelos inquiridos da mesma forma, (ii) deve evitar questões
cuja resposta é desconhecida, (iii) deve libertar o inquirido da necessidade de
passar uma boa imagem de si próprio, (iii) deve dissociar as expectativas do
investigador das do inquirido, constituindo assim a matriz, fundamental, desta
técnica de investigação. Por outro lado é necessário assegurar se os inquiridos estão
ou não disponíveis para colaborar É nesta fase de planeamento que o investigador
deverá, também, definir a população alvo ou uma amostra representativa desta. (p.
59).

Na impossibilidade prática ou temporal da aplicação do questionário e/ou entrevista à


população, o investigador deverá calcular uma amostra representativa da população em
estudo. Por outro lado, o investigador deverá definir qual o grau de envolvimento com
os inquiridos, uma vez que, tanto o questionário como a entrevista pode ser de
administração indirecta ou de administração directa.

3.1.4.4. Passos a seguir na produção de um inquérito

Reunir o estado dos conhecimentos (documentação) sobre a questão; Encontrar uma boa
pergunta; levantar hipóteses; verificar as hipóteses levantadas; apresentar a conclusão.

4. Metodologia
4.1. Metodologias da Pesquisa Científica

Etimologicamente Metodologia vem do grego Methodos – de meta (objectivo,


finalidade), que significa maneira, forma de fazer algo, como se faz; hodos – caminho,
direcção; ou seja: “ meios mais eficazes de atingir a meta, o objectivo”. Logo,

9
“Metodologia é o estudo da melhor maneira de executar uma acção, seja ela qual for.
Mas, quando nos referimos a Metodologia da Pesquisa Científica nos referimos ao
estudo da acção científica, ou seja, do estudo da pesquisa científica”. (CAJUEIRO,
2015).

A palavra metodologia é utilizada no meio académico de forma errónea e equivocada.


Comummente, compreende-se metodologia como conjunto de regras que tratam da
apresentação de um trabalho científico, isto é, da forma e do formato, que envolve o
tamanho das margens, o tipo de letra, o espaço entre linhas, a numeração de secções e a
colocação dos títulos das secções, dentre outros. É preciso esclarecer que isso não é
metodologia, mas sim padronização e uniformização da apresentação de trabalhos
científicos, como as Normas Brasileiras [NBR] de apresentação de projectos de
pesquisa [NBR 15287 de 2005], de trabalhos de conclusão de curso [NBR 14724 de
2005] e de artigos científicos [NBR 6022 de 2003], que são determinadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é o Fórum Nacional de
Normalização.

Metodologia é o estudo analítico e critico dos métodos e de prova. A metodologia


não é, se não, uma reflexão sobre a actividade científica que está sendo
desenvolvida para obter, em determinado momento, um retrato dessa actividade –
retrato esse que deferirá de acordo com a Ciência sobre a qual estamos reflectindo.
(DENCKER & VIÁ, 2001).

Para SEVERINO (2000), Metodologia seria:

[...] um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura


amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa
educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles
técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior
aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objectivo
intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária. (p. 18).

Em resumo,

uma possível definição para a expressão Metodologia Científica é que ela deve ser,
por indução – um conjunto de procedimentos automatizados que utilizamos no
mundo académico (científico) sempre que desejamos alcançar esses objectivos e
essas soluções que categorizamos como específicos ou desse próprio mundo.
(MATTAR, 2017).

De acordo com BARROS & LEHFELD (2004):

A Metodologia Científica é a disciplina que confere os caminhos necessários para o


auto aprendizado em o aluno é sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e
difundir o conhecimento obtido. A metodologia corresponde a um conjunto de

10
procedimentos a ser utilizado na obtenção do conhecimento. É a aplicação do
método, por meio de processos e técnicas, que garante a legitimidade científica do
saber obtido. Ela estuda os métodos científicos sob os aspectos descritivos e da
análise critico-reflexiva. A metodologia é, pois, o estudo da melhor maneira de
abordar determinados problemas no estado actual de nossos conhecimentos. Não
procura soluções, mas escolhe maneiras de encontra-las, integrando o que se sabe a
respeito de métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas.
(BARROS & LEHFELD, 2004).

Para Oliveira (2018), entende-se como Metodologia de Pesquisa “um processo que se
inicia desde a disposição inicial de se escolher um determinado tema para pesquisa até a
análise dos dados com as recomendações para minimização ou solução do problema
pesquisado”. Portanto, Metodologia é um processo que engloba um conjunto de
métodos e técnicas para analisar, conhecer a realidade e produzir novos conhecimentos.
De forma simplificada, “Metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são
percorridos na busca do conhecimento”. (ANDRADE, 2017).

4.2. Métodos
4.2.1. Métodos Científicos

Método (do grego methodos; met'hodos significa, literalmente, “caminho para


chegar a um fim”) é, portanto, o caminho em direcção a um objectivo; metodologia
é o estudo do método, ou seja, é o corpo de regras e procedimentos estabelecidos
para realizar uma pesquisa; científica deriva de ciência, a qual compreende o
conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a
determinado domínio do saber. Metodologia científica é o estudo sistemático e
lógico dos métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua
relação com as teorias científicas. Em geral, o método científico compreende
basicamente um conjunto de dados iniciais e um sistema de operações ordenadas
adequado para a formulação de conclusões, de acordo com certos objectivos
predeterminados. (TARTUCE, 2006, p. 12)

Para Descartes o método científico, consiste "...de regras precisas e fáceis" que
permitam evitar o erro e ampliar o conhecimento. Embora sua definição tenha mais de
três séculos, ela continua válida, podemos então sintetizar a definição como: um método
científico é aquele que propõe um procedimento que orienta a pesquisa e ajuda a
realizá-la eficientemente.

LAKATOS (1985) define método como

“o conjunto de procedimentos sistemáticos e racionais que permitem alcançar os


objectivos da pesquisa, levando em consideração aspectos de segurança, economia
e validez. Esse método, seria o responsável por traçar o caminho a ser seguido pelo
cientista, ajudando-o nas decisões e na detecção de erros”.

De acordo com ENAGO ACADEMY (2021):

11
Os métodos de pesquisa têm como objectivo nos ajudar a colectar amostras e
dados. e encontrar uma solução para um problema específico ou pontual.
Particularmente, os métodos de pesquisa científica exigem explicações baseadas
em fatos colectados, medições e observações e não apenas no raciocínio. Eles
aceitam apenas as explicações que podem ser verificadas por experimentos,
pesquisa, questionários, entrevistas, estudos de caso, observação participante e não
participante.

Em um artigo científico, os métodos devem conter procedimentos de colecta e análise


de dados, com informações pertinentes ao materiais, participantes utilizados e
protocolos definidos.

O método científico oferece um conjunto definido de melhores práticas para


observar o mundo por meio de métodos estabelecidos, como caracterizações,
hipóteses, previsões e experimentação. Uma característica distintiva chave desta
metodologia é que ela se propõe não a provar o conhecimento, ou fatos “certos”,
mas principalmente se propõe a provar algo “errado” ou falso. (Idem, 2021).

4.2.1. Classificação de Métodos de Pesquisa


a) Método Dedutivo

Método dedutivo é um processo de análise da informação que utiliza o raciocínio lógico


e a dedução para obter uma conclusão a respeito de um determinado assunto. Este
método é normalmente usado para testar as hipóteses já existentes, chamadas
de axiomas, para assim, provar teorias, denominadas de teoremas. Por isso, ele é
também denominado de método hipotético-dedutivo1.

No método dedutivo, o pesquisador parte de princípios reconhecidos como


verdadeiros, chamados de premissa maior, e estabelece relações com uma segunda
proposição, chamada de premissa menor. Desta forma, a partir do raciocínio
lógico, chega-se à verdade daquilo que se é proposto, a conclusão. (Idem, 2011).

René Descartes (1596-1650) apresenta o Método Dedutivo a partir da matemática e de


suas regras de evidência, análise, síntese e enumeração. Esse método parte do geral e, a
seguir, desce para o particular.

O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que, a partir de duas proposições


chamadas premissas, retira uma terceira chamada conclusão.

Exemplo:

Todo mamífero tem um coração.

Ora, todos os cães são mamíferos.


1
https://www.significados.com.br/metodo-dedutivo/

12
Logo, todos os cães têm um coração.

No exemplo apresentado, as duas premissas são verdadeiras, portanto a conclusão é


verdadeira.

Parte-se de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis,


possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal, em virtude de sua
lógica. Este método tem larga aplicação na Matemática e na Física, cujos princípios
podem ser enunciados por leis. Já nas Ciências Sociais seu uso é mais restrito, em
virtude da dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja veracidade não possa
ser colocada em dúvida (Gil, 1999).

b) Método Indutivo

Para Francis Bacon (1561-1626), o conhecimento científico é o único caminho seguro


para a verdade dos fatos. Como Galileu, critica Aristóteles (filósofo grego) por
considerar que o silogismo e o processo de abstracção não propiciam um conhecimento
completo do universo. O conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência,
sem levar em consideração princípios preestabelecidos. O conhecimento científico, para
Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza.

Bacon, um dos fundadores do Método Indutivo, considera: as circunstâncias e a


frequência com que ocorre determinado fenómeno; os casos em que o fenómeno não se
verifica; os casos em que o fenómeno apresenta intensidade diferente.

A partir da observação, é possível formular uma hipótese explicativa da causa do


fenómeno. Portanto, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas
prováveis.

c) Método Hipotético-Dedutivo

O Método hipotético-dedutivo consiste na construção de conjecturas, ou seja,


premissas com alta probabilidade e que a construção seja similar, baseada nas
hipóteses, isto é, caso as hipóteses sejam verdadeiras, as conjecturas também serão.
Por isso as hipóteses devem ser submetidas a testes, os mais diversos possíveis, à
crítica intersubjectiva, ao controle mútuo pela discussão crítica, à publicidade
(sujeitando o assunto a novas críticas) e ao confronto com os fatos, para verificar
quais são as hipóteses que persistem como válidas resistindo às tentativas de
falseamento, sem o que seriam refutadas. É um método com consequências, que
leva a um grau de certeza igual ao das hipóteses iniciais, assim o conhecimento
absolutamente certo e demonstrável é dependente do grau de certeza da hipótese.
(MARCON & LAKATOS, 2017).

13
Este método foi definido por Karl Popper, a partir de suas críticas ao método indutivo.
Para ele, o método indutivo não se justifica, pois o salto indutivo de “alguns” para
“todos” exigiria que a observação de factos isolados fosse infinita.

O método hipotético-dedutivo pode ser explicado a partir do seguinte esquema:

PROBLEMA – HIPÓTESES – DEDUÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS OBSERVADAS


– TENTATIVA DE FALSEAMENTO – CORROBORAÇÃO

Quando os conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são insuficientes


para explicar um fenómeno, surge o problema. Para tentar explicar o problema, são
formuladas hipóteses; destas deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou
falseadas. Falsear significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das
hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura confirmar a hipótese, no método
hipotético-dedutivo se procuram evidências empíricas para derrubá-la.

Quando não se consegue derrubar a hipótese, tem-se sua corroboração; segundo Popper,
a hipótese se mostra válida, pois superou todos os testes, porém ela não é
definitivamente confirmada, pois a qualquer momento poderá surgir um facto que a
invalide.

4.3. Técnicas de Pesquisa

As técnicas de pesquisa estão relacionadas à colecta de dados (parte prática da


pesquisa). Portanto, “as técnicas são conjuntos de normas usadas especificamente em
cada área das ciências, podendo-se afirmar que a técnica é a instrumentalização
específica da colecta de dados” (ANDRADE, 1998, p. 115).

Sendo assim, pode se entender que a técnica é o conjunto de preceitos ou processos de


que se serve uma ciência. É a parte prática na execução de uma pesquisa, utilizada para
a colecta de dados. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas para alcançar seus objectivos
(por meio de documentos ou questionários, pesquisas de opinião ou bibliográficas,
enfim).

Técnicas de pesquisa são procedimentos práticos e operacionais que se aplicam


durante a pesquisa. É importante ressaltar que as técnicas escolhidas pelo
pesquisador devem ser compatíveis com o tipo de pesquisa a que se propõe realizar
e também compatíveis com a área do conhecimento em que se situa. As principais
técnicas de pesquisa são: a. Entrevista; b. História de vida; c. Observação; d.

14
Grupos de estudo; e. Grupo focal; f. Grupos de controle; g. Documentação; h.
Testes; i. Sociometria. (MENDES, 2017, p. 64).

4.3.1. Importância das Técnicas de Pesquisa

Para Severiano (2021):

Os objectivos de investigação determinam o tipo de método a ser empregado, a


saber, o experimental ou o racional. Um e outro empregam técnicas específicas
como também técnicas comuns a ambos. Pode-se dizer que a maioria das técnicas
que compõem o método científico e racional é comum, embora devam se adaptadas
ao objectivo de investigação. Por isso, as técnicas ou processo que, a seguir, serão
explicitadas dizem respeito ao método experimental e indirectamente, com as
adaptações que se impõem, ao método racional. (SEVERINO, 2021, p.8)

Podem ser chamadas de técnicas aqueles procedimentos científicos utilizados por uma
ciência determinada no quadro das pesquisas próprias desta ciência. As técnicas em uma
ciência são os meios correctos de executar de interesse de tal ciência. O treinamento
científico reside, em grande parte, no domínio dessas técnicas.

O conjunto dessas técnicas gerais constitui o método. Portanto, “métodos são técnicas
suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências
ou a todas a s ciências”. (SEVERINO, 2021, p. 9)

Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências, que


compreende um certo número de procedimentos ou operações científicas levadas a
efeito em qualquer tipo de pesquisa.

Na Concepção do Severino (2021), estes procedimentos, descritos nos tópicos


seguintes, podem ser resumidos da seguinte maneira:

 Formular questões ou propor problemas e levantar hipótese;


 Efectuar observações e medidas;
 Registar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com intuito
de responder as perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;
 Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em
desacordo com as observações ou com as respostas resultantes;
 Generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que
envolvem condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado
indução;

15
 Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar
que surjam certas relações.
 Observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objecto, para dele
adquiri um conhecimento claro e precisão. (p. 13)

A observação é de importância capital nas ciências. É dela que depende o valor de todos
os outros processos. Sem a observação, o estudo da realidade e de suas leis seria
reduzido as simples conjectura e adivinhação.

De acordo com a finalidade e a forma como é executada, a observação pode assumir


diferentes configurações, conforme classificação de LAKATOS (1998, p. 170):

A observação assistemática: também chamada espontânea, informar, simples, livre


ou ocasional, caracteriza a observação sem o emprego de qualquer técnica ou
instrumento, sem planeamento, sem controlo e ser quesitos observacionais
previamente elaborados. Observação sistemática: também chamada observação
estruturada, planeada ou controlada, tem como característica básica o planeamento
prévio e a utilização e anotações, de controlo do tempo e da periodicidade,
recorrendo também ao uso de recursos técnicos, mecânicos e electrónicos;
Observação não-participativa: quando o observador deliberadamente se matem na
posição de observar e de expectador, evitando se envolver ou deixar-se envolver
com o objecto da observação. Observação participante: quando o observador,
deliberadamente, se envolve e deixar-se envolver com o objecto da pesquisa,
passando a fazer parte dele. A observação participante permite captar uma
variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas.
Os fenômenos são observados directamente na própria realidade. A observação
participante apreende o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.
Observação individual: em diversas situações de pesquisa a observação pode ser
realizada individualmente, como nas pesquisas destinadas a obtenção de títulos
académicos, tendo o observador de submeter o objecto da pesquisa ao crivo dos
seus próprios conhecimentos, dada a inexistência de controlos externos;

Já a entrevista, constitui uma técnica alternativa para se colectarem dados não


documentados sobre determinado tema. É uma técnica de interacção social, uma forma
de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se apresenta
como fonte de informação. A entrevista pode ter carácter exploratório ou ser uma
colecta de informações. A de carácter exploratório é relativamente estruturada; já a de
colecta de informações é altamente estruturada.
5. Apresentação de três amostras de entrevistas
i) Juiz (Efigénia Baptista) e declarante (Armando Ndambi Guebuza)
O Ministério Público acusa Armando Guebuza de ter recebido 33 milhões de
dólares (27,9 milhões de euros) de subornos para que um projeto apresentado pela

16
Privinvest para proteção marítima da Zona Económica Exclusiva moçambicana
obtivesse aprovação, servindo de pretexto para o esquema das “dívidas ocultas”.

“Nunca recebi dinheiro da Privinvest”, afirmou Armando Ndambi Guebuza, 44 anos,


gestor imobiliário, respondendo a uma pergunta direta do juiz no processo das “dívidas
ocultas”. (Ndambi, 2021).

Esta segunda-feira, em julgamento, disse desconhecer a origem de um ’email’ em que o


alegado consultor no projeto com a Privinvest Teófilo Nhangumele fixava com Jean
Boustani, negociador daquela empresa, o valor de 50 milhões de dólares (42,3 milhões
de euros) de subornos a dividir pelos arguidos.

“Nunca tive esse tipo de conversa com eles. Eu não tenho conhecimento desse email”,
declarou.

Questionado ainda sobre um documento em que confirma à Privinvest ter recebido uma
parcela de 14 milhões de dólares (11,8 milhões de euros), Ndambi Guebuza refutou
categoricamente a autoria desse documento.

O arguido aceitou ter assinado um contrato com a Privinvest em que é descrito como
mecânico, mesmo não o sendo, visando a obtenção de um visto de residência em Abu
Dhabi.

Em tribunal, imputou à Privinvest a autoria do documento e a colocação da profissão de


mecânico no contrato.

Armando Ndambi Guebuza acusou o Ministério Público de falta de seriedade,


responsabilizando a instituição por ter libertado peças dos atos processuais ainda na fase
de segredo de justiça.

“Logo que fui preso, fui tratado como criminoso”, disse, questionando o juiz sobre se
achava “justo e normal” tal tratamento.

Sobre transferências bancárias ordenadas por si (em rand, moeda sul-africana),


Armando Ndambi Guebuza disse que se trata de movimentações financeiras
17
enquadradas no seu universo empresarial, dizendo ao juiz que não pretendia entrar em
pormenores sobre tais transações.

“Tenho parcerias com Jean Boustani”, disse, laconicamente.

O filho do ex-Presidente da República moçambicano depôs esta segunda-feira em


tribunal com o seu pai na assistência, num processo em que o antigo chefe de Estado é
também declarante, devendo comparecer em juízo para ser ouvido pelo seu papel no
esquema das “dívidas ocultas”.

O arguido falou com um médico pessoal em prontidão, por se ter apresentado na


audiência com problemas de saúde.

Nas alegações que leu há uma semana, no início do julgamento, o Ministério Público
acusou os 19 arguidos no caso das “dívidas ocultas” de se terem associado em
“quadrilha” para delapidarem o estado moçambicano e deixar o país “numa situação
económica difícil”.

“Quem se associa em quadrilha para roubar ao Estado, não está ao serviço do Estado.
Os arguidos agiram em comunhão, colocando os seus interesses particulares acima dos
interesses do Estado”, referiu Ana Sheila, magistrada do Ministério Público que leu a
acusação.

A conduta dos 19 arguidos, prosseguiu, delapidou o Estado moçambicano em 2,7 mil


milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) angariados junto de bancos internacionais
através de garantias prestadas pelo Governo.;

ii) Ordem dos advogados e declarante

O advogado de Armando Ndambi Guebuza, arguido no processo das dívidas ocultas,


disse esta segunda-feira que a detenção do filho do antigo Presidente da República
Armando Guebuza é ilegal, considerando que há motivações políticas no processo.

“É [uma detenção] ilegal“, disse Isálcio Mahanjane, em declarações à comunicação


social, à margem do julgamento do processo das dívidas ocultas que decorre em tendas
18
montadas no espaço da cadeia de máxima segurança em Maputo, devido à logística
envolvida.

“Arrisco-me a dizer que as motivações são políticas“, frisou Isálcio Mahanjane, que tem
argumentado pela ilegalidade da detenção com base numa alegada violação de prazos de
prisão preventiva.

6. Análise e interpretação do discurso das entrevistas


i) Entrevista de retrato ou entrevista informativa,

Armando Ndambi Guebuza está entre os 19 arguidos que estão a ser julgados no
processo das dívidas ocultas, que arrancou há uma semana. O antigo Presidente
moçambicano esteve no tribunal na sessão desta segunda-feira.

Segundo o Ministério Público, entre os diversos crimes que os arguidos terão cometido
incluem-se associação para delinquir, tráfico de influência, corrupção passiva para ato
ilícito, branqueamento de capitais, peculato, abuso de cargo ou função e falsificação de
documentos.

No esquema, segundo a acusação, o filho de Armando Guebuza terá recebido 33


milhões de dólares (quase 28 milhões de euros), em subornos para influenciar o seu pai
para a aprovação do projeto de proteção costeira usado como pretexto para contrair as
dívidas ocultas, de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros).

Mas segundo o advogado de Ndambi Guebuza, as acusações do Ministério Público são


infundadas e desprovidas de prova.

As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos
bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas
Proindicus, Ematum e MAM.

Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado na


altura por Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal
Administrativo.

19
ii) aceitação ou rejeição / recusa

“Nunca recebi dinheiro da Privinvest”, afirmou Armando Ndambi Guebuza, 44 anos,


gestor imobiliário, respondendo a uma pergunta direta do juiz no processo das “dívidas
ocultas”.

Esta segunda-feira, em julgamento, disse desconhecer a origem de um ’email’ em que o


alegado consultor no projeto com a Privinvest Teófilo Nhangumele fixava com Jean
Boustani, negociador daquela empresa, o valor de 50 milhões de dólares (42,3 milhões
de euros) de subornos a dividir pelos arguidos.

“Nunca tive esse tipo de conversa com eles. Eu não tenho conhecimento desse email”,
declarou.

Questionado ainda sobre um documento em que confirma à Privinvest ter recebido uma
parcela de 14 milhões de dólares (11,8 milhões de euros), Ndambi Guebuza refutou
categoricamente a autoria desse documento.

O arguido aceitou ter assinado um contrato com a Privinvest em que é descrito como
mecânico, mesmo não o sendo, visando a obtenção de um visto de residência em Abu
Dhabi.

Em tribunal, imputou à Privinvest a autoria do documento e a colocação da profissão de


mecânico no contrato.

Armando Ndambi Guebuza acusou o Ministério Público de falta de seriedade,


responsabilizando a instituição por ter libertado peças dos atos processuais ainda na fase
de segredo de justiça.

“Logo que fui preso, fui tratado como criminoso”, disse, questionando o juiz sobre se
achava “justo e normal” tal tratamento.

Sobre transferências bancárias ordenadas por si (em rand, moeda sul-africana),


Armando Ndambi Guebuza disse que se trata de movimentações financeiras

20
enquadradas no seu universo empresarial, dizendo ao juiz que não pretendia entrar em
pormenores sobre tais transações.

“Tenho parcerias com Jean Boustani”, disse, laconicamente.

O filho do ex-Presidente da República moçambicano depôs esta segunda-feira em


tribunal com o seu pai na assistência, num processo em que o antigo chefe de Estado é
também declarante, devendo comparecer em juízo para ser ouvido pelo seu papel no
esquema das “dívidas ocultas”.

O arguido falou com um médico pessoal em prontidão, por se ter apresentado na


audiência com problemas de saúde.

Nas alegações que leu há uma semana, no início do julgamento, o Ministério Público
acusou os 19 arguidos no caso das “dívidas ocultas” de se terem associado em
“quadrilha” para delapidarem o estado moçambicano e deixar o país “numa situação
económica difícil”.

“Quem se associa em quadrilha para roubar ao Estado, não está ao serviço do Estado.
Os arguidos agiram em comunhão, colocando os seus interesses particulares acima dos
interesses do Estado”, referiu Ana Sheila, magistrada do Ministério Público que leu a
acusação.

A conduta dos 19 arguidos, prosseguiu, delapidou o Estado moçambicano em 2,7 mil


milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) angariados junto de bancos internacionais
através de garantias prestadas pelo Governo.

iii) posição do(a) entrevistador(a) vs interesse do público

Armando Ndambi Guebuza, filho mais velho do ex-presidente moçambicano Armando


Guebuza, negou esta segunda-feira em tribunal ter recebido dinheiro da
Privinvest, companhia de estaleiros navais acusada pela justiça de pagamento de
subornos no âmbito do caso das “dívidas ocultas”.

21
O Ministério Público acusa Armando Guebuza de ter recebido 33 milhões de
dólares (27,9 milhões de euros) de subornos para que um projeto apresentado pela
Privinvest para proteção marítima da Zona Económica Exclusiva moçambicana
obtivesse aprovação, servindo de pretexto para o esquema das “dívidas ocultas”.

Declarantes: Nyusi e Guebuza no banco dos réus?

Mesmo assim, o pesquisador Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública (CIP),


defende que tanto Nyusi como Guebuza deviam ser arguidos neste processo porque
podem ter beneficiado do dinheiro das dívidas ocultas por outras vias.

"Há um tal de avião que veio com oito toneladas de vinho para a Presidência e muitas
pessoas acreditam que essas toneladas eram de dólares ou qualquer coisa parecida. A
Ordem dos Advogados requereu ao Instituto Nacional de Viação Civil para certificar-se
de que onde esse avião aterrou, se na base aérea ou no aeroporto de Mavalane e os
conteúdos que trazia", lembra.

Também a activista Fátima Mimbire mostra desconfiança em relação a Armando


Guebuza e o actual Presidente Filipe Nyusi. "Eles receberam sim, pelo menos no caso
de New Man que foi dito em sede de tribunal de Nova Iorque que se trata do Presidente
Filipe Jacinto Nyusi e "new man" faz todo o sentido porque na altura estava a ser
cogitado como futuro Presidente, portanto seria o homem novo", argumenta.

Para Mimbire, o Ministério Público não montou uma acusação para trazer a verdade
material. "Montaram-se acusações só para questões viradas para o peculato, da
corrupção, associação para delinquir, mas há elementos muito importantes que nos
levariam á sensação de que, de facto, estamos a julgar as dívidas ocultas se houvesse a
acusação para outros níveis", afirma.

Para Mimbire, o Ministério Público não montou uma acusação para trazer a verdade
material. "Montaram-se acusações só para questões viradas para o peculato, da
corrupção, associação para delinquir, mas há elementos muito importantes que nos
levariam á sensação de que, de facto, estamos a julgar as dívidas ocultas se houvesse a
acusação para outros níveis", afirma.

22
Alexandre Chivale volta a tribunal

Da lista de declarantes, nesta nova fase do julgamento, constam nomes como os do ex-
ministro do Interior, Alberto Mondlane, e o também antigo ministro das Pescas, Vitor
Borges.

Na audição desta terça-feira (18.01) será ouvido Alexandre Chivale, advogado do réu
António Carlos do Rosário, que passou a ser declarante no processo.

A procuradora Ana Sheila Marrengula entendeu que as empresas que eram


administradas por Chivale estão implicadas nas dívidas ocultas por via do crime de
branqueamento de capitais.

"Requeremos a exoneração da Txopela Investimets SA como fiel depositária, bem como


instar o administrador desta, o dr. Alexandre Chivale, a abandonar os referidos ativos
imobiliários e entregar as chaves dos mesmos a este tribunal", disse na primeira fase do
julgamento, dedicada aos réus.

23
7. Conclusão

Depois de termos abordados os conteúdos referentes a entrevista e o inquérito. Pode-se


concluir que as entrevistas são muito utilizadas pelos jornais, sites, revistas, rádios e tvs
com o intuito de passar um conhecimento para a população. Além de jornalística, existe
também a entrevista de emprego, social, psicológica, entre outras. De maneira geral,
essa linha de géneros textuais, principalmente o jornalístico, tem grande importância
para a sociedade por possibilitar à população o conhecimento sobre factos e assuntos
por meio de profissionais que apuram os detalhes e os apresentam de forma completa e
precisa.

Os instrumentos mais frequentes na técnica de inquérito é o questionário e o guião de


entrevista, como anteriormente referido. De uma forma muito breve podemos dizer que
questionário-permite a recolha de informação através do registo escrito, constituído por
um conjunto de perguntas organizadas segundo uma determinada ordem, produzidas em
suporte papel ou digital - online, dirigidas a um grupo de pessoas e que a entrevista -
permite a recolha de informação através da comunicação verbal, geralmente suportado
por um guião de entrevista.

24
8. Referências Bibliográficas

ANDRADE, M. M. de. (2017) Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. (10ª


ed). São Paulo: Atlas.

ANDRADE, M. M. de. (1998) Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. (3ª


ed). São Paulo: Atlas.

BARROS, A. J. S. da; LEHFELD. N. P. S. de. (2014) Fundamentos de Metodológica


Científica. (3ª. Ed). Potró…, RJ: Vozes.

CAJUEIRO. R. L. P. (2015) Manuel para elaboração de trabalhos académicos: guia


prático do estudante. (3ª ed). Potró…, RJ: Vozes.

DENCKER. A. F.de. M. VIÁ. S. C. da. (2001) Pesquisa empírica em ciências humanas


(com enfâse em comunicação). São Paulo: Futura.

DEMO, P. (1985) Introdução à metodologia da ciência. (2ª ed). São Paulo: Atlas.

LIBÂNIO, J. B. (2001) Introdução à vida intelectual. São Paulo: Loyola.

MATTAR, J. (2017) Metodologia Científica na Era Digital. (4ª ed). São Paulo: Saraiva.

OLIVEIRA, M. M. de. (2018) Como Fazer Pesquisar Qualitativa. (7ª ed). Potró…, RJ:
Vozes.

SEVERINO, A. J. (2002) Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez.

SEVERINO, A. J. (2000) Metodologia do trabalho científico. (21ª ed). São Paulo:


Cortez.

TEIXEIRA, E. (2014) As três metodologias: académicas, da ciência e da pesquisa. (11ª


ed). Petrópolis, RJ: Vozes.

TARTUCE, T. J. A. (2006) Métodos de pesquisa. Fortaleza: UNICE – Ensino Superior,


Apostila.

25

Você também pode gostar