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Estatuto da carreira

docente: revisão,
propostas e crítica
Colectânea de textos do
ProfBlog

ramiro marques

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Estatuto da carreira docente: revisão, propostas e
f
crítica: Colectânea de textos do ProfBlog
t
ramiro marques

Publication date December 6th, 2009


Copyright © 2009 ramiro marques

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Aos leitores e comentadores do ProfBlog
Table of Contents
O professor call center é um passo na… ................... 1
Burocratas da IGE querem planos e relatórios… ....... 3
PSD e CDS de acordo com a abolição da… .............. 5
Sem eduquês e sem Pedagogia do Estado… ........... 7
O futuro da ADD e do ECD está apenas nas… ......... 9
Debate do Programa do Governo e a Carreira… ..... 13
Abolição da divisão da carreira começa… ............... 15
CDS apresenta solução razoável para a… .............. 19
Fne regista abolição da divisão da carreira… .......... 23
Sindicatos querem saber qual será a duração… ..... 25
Duas propostas para melhorar a qualidade… .......... 29
Se a proposta do ME de ADD não for profunda-
mente… .................................................................... 33
O professor call center é um passo
na escravização dos docentes. A
opinião de Ricardo Silva sobre as
explicações online nocturnas por chat
e email

O post “Está tudo louco? Professores da escola secun-


dária de Monserrate dão explicações à noite por chat e
email” provocou este comentário de Ricardo Silva (diri-
gente da Apede):
Totalmente de acordo relativamente aos efeitos per-
versos do Moodle e do “Entrega aqui o teu trabalho”!

Eu já esperava uma coisa destas (explicações à noite


por chat e email) e há por aí muito Director com von-
tade de tentar impôr o mesmo. O objectivo é claro:
arrancar a melhor classificação na avaliação externa
para reforçar a sua gestão. Grande parte da febre bur-
ocrática que se tem vindo a agravar deriva também
daí. Claro que isso se consegue à custa da “escravi-
zação” do professor. O fordismo está de volta (com
excepção da melhoria dos salários) numa versão
revista e actualizada.

Vergonhoso! O que me espanta é a incapacidade dos


colegas em resistirem a tal situação. A menos que
venham dizer-me que foi ideia dos grupos disciplinares
como estratégia de recuperação e remediação das difi-
culdades dos alunos e que esse trabalho nocturno vai

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Estatuto da carreira docente: revisão… D
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ser pago como horas extraordinárias. A ser assim,
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começarei mesmo a acreditar no Pai Natal.
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Notícias diárias de educação

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Burocratas da IGE querem planos e
relatórios de "melhoramento". Sugiro
que os mandem dar uma volta ao
bilhar grande

Esta não lembra nem ao Diabo mas lembrou aos


burocratas da Inspecção Geral da Educação.
Depois da publicação dos rankings, que deixaram no
fundo da tabela uma parte significativa das escolas
mais adesivadas, os burocratas da IGE desceram às
escolas e começaram a lançar novas exigências.

E aquelas mentes criativas inventaram mais uma


pérola do eduquês. Para estas luminárias, não
chegam os planos de recuperação, os planos de
acompanhamento, os relatórios de recuperação e os
relatórios de acompanhamento.

Agora inventaram os planos e os relatórios de


“melhoramento”. Linda palavra do léxico eduquês.
Sugiro que acrescentem “dos aprendizes no decurso
do processo de ensinagem”. Fica mais lindo! E se os
mandassem dar uma volta ao bilhar grande? Vão tra-
balhar!
Imagem daqui
Notícias diárias de educação

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Estatuto da carreira docente: revisão… D
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PSD e CDS de acordo com a
abolição da divisão da carreira

1. Quem viu o Expresso da Meia Noite, fico com a


certeza de que a divisão da carreira e o simplex3
têm os dias contados. Eu não vi. Há muitos meses
que deixei de ver televisão. Satisfaço a minha necessi-
dade de informação através do Google Reader, onde
recebo os feeds dos principais jornais digitais e blo-
gues. Os media digitais são mais plurais e eu é que
escolho quem me entra pela casa dentro.

2. O Octávio Gonçalves viu o programa da SICN e é


com base no relato dele que eu escrevo estas notas
soltas.

3. Primeira nota: o representante do Conselho de


Escolas, presente no Expresso da Meia Noite, foi uma
lástima. Cumpriu o papel que o Governo lhe reservou:
intoxicar a opinião pública. Para esse senhor, tudo
corre às mil maravilhas nas escolas. É o paraíso. E os
titulares são imprescindíveis à organização da escola.
Uma tristeza! Logo que haja condições políticas, um
governo decente tem de acabar com o Conselho de
Escolas, um órgão criado com o único objectivo de
retirar força negocial aos sindicatos de professores.

4. Pedro Duarte (PSD) e Diogo Feio (CDS) esti-


veram bem: mais uma vez reafirmaram o empenha-

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mento dos partidos na aprovação de legislação que
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ponha um fim à divisão da carreira e ao actual modelo
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de avaliação de desempenho.
Notícias diárias de educação

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Sem eduquês e sem Pedagogia do
Estado deixaria de haver lugar para a
burocracia

Elenário, espero bem que a única escolha possível


não seja entre o eduquês e o empirismo, porque a
ser assim estaríamos muitíssimo mal. Mas felizmente
as Ciências da Educação não se esgotam no eduquês.

O que eu peço aos teóricos das Ciências da Edu-


cação é que façam o mesmo exame de consciência
que estão a fazer os macroeconomistas, ou seja:
que reconheçam que o seu ramo do saber, por mais
desenvolvido que esteja, é uma ciência social no
âmbito da qual se defrontam teorias diferentes e até
antagónicas; e que nenhuma destas teorias pode
aspirar ao estatuto de state of the art.

O problema com este exame de consciência é


político, e não científico, uma vez que levaria a
duas consequências inevitáveis: por um lado, não
haveria qualquer razão objectiva para que as escolas
não fossem autónomas também na adopção das teo-
rias pedagógicas que lhes parecessem mais ade-
quadas; e por outro inviabilizaria a existência duma
“pedagogia de Estado”, o que daria início a um efeito
dominó que ninguém quer.

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Estatuto da carreira docente: revisão… D
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Sem pedagogia de Estado, a gigantesca burocracia
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educativa (que constitui um dos três vícios princi-
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pais do nosso sistema de ensino) perderia a sua
razão de existir; o que poderia ser muito bom para o
País, mas seria péssimo para alguns milhares de boys
e girls que ficariam sem emprego.

Entre uma pedagogia de Estado e o puro empir-


ismo, o empirismo seria o mal menor; mas é perfei-
tamente possível haver pedagogias que não sejam de
Estado.
José Luiz Sarmento, editor do blogue As Minhas Lei-
turas
Imagem daqui
Notícias diárias de educação

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O futuro da ADD e do ECD está
apenas nas mãos dos partidos da
oposição. Governo insiste nos erros e
coloca-se à margem da solução

1. A leitura do capítulo sobre Educação do Pro-


grama do Governo permite concluir que o PS
insiste nos erros cometidos nos últimos quatro
anos e meio. O Programa do Governo parte de dois
equívocos:
i. O PS julga que o programa eleitoral foi sufragado
pelo Povo. Não foi. O Povo retirou-lhe a maioria abso-
luta. Na verdade, o que o Povo fez foi dizer: estamos
insatisfeitos com o modo como o PS governou e não
queremos dar a nossa concordância ao Programa Elei-
toral do PS mas, não havendo uma alternativa credível
para governar, queremos que o PS estabeleça con-
sensos com os partidos da oposição.
ii. O PS julga que os partidos da oposição vão violar o
Compromisso Educação que estabeleceram com os
sindicatos e movimentos de professores. Está enga-
nado.

2. Ao insistir nos erros, o PS afasta-se da solução


para os problemas da ADD e da divisão da carreira.
Isso significa que a pressão dos professores deve dir-
igir-ase para quem tem a solução para os problemas.
E quem tem a solução são os partidos da oposição.

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3. As propostas de lei do BE e do PCP para sus-
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pensão da avaliação de desempenho e abolição da
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divisão da carreira docente têm de ser discutidas e
aprovadas no Parlamento o mais depressa pos-
sível. Sabemos que não vão ser promulgadas antes
de Janeiro de 2010. Mas existe a probabilidade de
essas propostas de lei serem aprovadas, na generali-
dade, no Plenário, indo de seguida para discussão na
Comissão Parlamentar da Educação.

4. A aprovação dessas propostas de lei na general-


idade constituiria uma mensagem clara: o actual
modelo de ADD está morto, não vale a pena os direc-
tores insistirem nele. Conduziria à suspensão efectiva
dos procediementos na maior parte das escolas.

5. Isso é possível e desejável. Na próxima


quarta.feira, pelas 10:30, o PSD promove um debate
no edifício novo da AR, com Santana Catilho (key
speaker) e com representantes dos professores: sindi-
catos e movimentos. Mário Nogueira (Fenprof) e João
Dias da Silva (Fne) vão estar presentes. Os movi-
mentos de professores também se farão representar.
Logo à tarde, publicarei aqui as linhas gerais da inter-
venção de 30 minutos que Santana Castilho vai fazer.

6. O debate que o PSD vai fazer amanhã, em torno


da comunicação de 30 minutos de Santina Cas-
tilho, mostra o quanto aquele partido está empenhado
em fazer aprovar legislação que suspenda o actual
modelo de avaliação de desempenho e termine com a

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O futuro da ADD e do ECD está apenas nas… D
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a
divisão da carreira. Essa é uma questão central no
f
combate político de curto prazo.
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Nota final: A pressão sobre os partidos da oposição


tem de fazer-se na blogosfera e na twittosfera. Os jor-
nais vão sendo tomados, um a um, por forças afectas
ao Governo. No dia 1 de Outubro, foi tomado o Púb-
lico. A independência dos media tradicionais face ao
poder político está quase no nível zero. Os media digi-
tais ganham importância no processo de denúncia e
resistência às arbitrariedades e injustiças. O Twitter é
um poderoso instrumento de difusão da informação.
Esse reconhecimento levou-me a colocar mais dois
widgets no blogue (a meio da barra lateral): uma caixa
com a minha lista de tweets favoritos sobre edu-
cação e uma segunda caixa com a minha lista de
tweets favoritos sobre blogues e redes sociais.
Chamo a atenção dos leitores para essas duas caixas.
A informação que delas emana é quase inesgotável e
vale um pouco de atenção.
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Debate do Programa do Governo e a
Carreira Docente

PM segura modelo de avaliação docente e casa-


mento gay
Sob o mote de “quem governa é o Governo”, o pri-
meiro-ministro José Sócrates deixou claro no Par-
lamento que o programa da presente legislatura é
o do PS. Casamento entre homossexuais, novo
aeroporto de Lisboa, TGV e o actual modelo de
avaliação de professores são matérias em que a
equipa de Sócrates.

Educação marcou o debate de apresentação do


programa do governo
José Sócrates confirmou hoje no parlamento que a
Ministra da Educação vai iniciar de imediato nego-
ciações com os sindicatos para melhorar o sistema
de avaliação dos professores. O tema foi marcante
neste primeiro dia de debate do programa do Gov-
erno.

Vídeo da RTP
“A avaliação deve ser um factor para que a escola
mude” diz ministra
Isabel Alçada defende que modelo de avaliação deve
ter uma componente formativa para que os profes-
sores possam ir mais longe. Isabel Alçada está certa

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que vai chegar a um acordo com os sindicatos, com os
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professores e com as escolas.
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Vídeo da RTP
Notícias diárias de educação

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Abolição da divisão da carreira
começa a ser desenhada para a
semana. Ministra negoceia com
sindicatos

1. “Ficámos satisfeitos por o senhor primeiro-ministro


ter dito na Assembleia da República que iríamos ter
um modelo de avaliação sério e justo porque então
significa que este vai ser finalmente suspenso e
alterado”, disse o secretário-geral da Fenprof, Mário
Nogueira.

2. E acrescentou: “iremos colocar logo à cabeça um


processo de revisão do estatuto para que, entre outros
objectivos, seja alcançado o fim da divisão da carreira
docente e a substituição deste modelo de avaliação
por um que efectivamente seja sério e justo”.

3. Por sua vez, João Dias da Silva, presidente da Fne,


adiantou: “registamos positivamente que o senhor pri-
meiro-ministro tenha anunciado que a senhora ministra
vai iniciar de imediato um processo de negociações
com os sindicatos relativamente às matérias mais
urgentes”. Fonte: Públlico de 5/11/09

4. A ministra da educação recebe os sindicatos para a


semana. Falta saber se essas reuniões marcam o
início de um processo negocial sério. Isabel Alçada diz
que sim. E parece disposta a deixar cair a divisão da

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carreira em troca da pacificação no sector. É quase
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certo que Isabel Alçada leva para as reuniões um
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recado do primeiro-ministro: “os efeitos do primeiro
ciclo de avaliação de desempenho são para manter”.

5. Estarão os sindicatos dispostos a trocar essa exi-


gência do primeiro-ministro - afinal, uma reivindicação
menor - pela reposição da carreira única sem divisão
em categorias artificiais? Seria uma prova de insen-
satez se a resposta dos sindicatos fosse afirmativa.
Tudo leva a crer que os sindicatos saberão concentrar-
se no essencial: a abolição da divisão da carreira. O
país não entenderia que os sindicatos de professores
se agarrassem ao acessório e impedissem, por uma
razão desprezível, a solução por que os professores
anseiam há mais de dois anos: a revogação do
decreto-lei 15/2007 e a consequente abolição da
divisão da carreira em duas categorias.

6. Os docentes que, aproveitando a confusão gerada


durante o primeiro ciclo de avaliação de desempenho,
concorreram às menções de mérito podem emoldurar
a certidão e afixá-la na parede do escritório. Em casa,
guardam a menção de mérito. Na escola, transpor-
tarão sempre a nódoa provocada pelo oportunismo da
situação.
Foto: Flores silvestres do Sri Lanka
Notícias diárias de educação

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Abolição da divisão da carreira começa… D
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CDS apresenta solução razoável
para a ADD e ECD. Modelo de
avaliação simplificado proposto
ontem pelo CDS na AR

O CDS entregou, ontem, na Assembleia da República,


uma proposta de resolução a suspender o actual
modelo de avaliação de desempenho e um projecto de
lei que cria um modelo simplificado assente em vários
pressupostos que me parecem correctos:

1. Quem avalia os docentes não são os colegas mas


sim os órgãos de direcção da escola: conselho peda-
gógico e director.

2. A avaliação é feita com base num único documento


preenchido pelo docente e entregue no final do ano
lectivo.

3. O conselho pedagógico avalia exclusivamente as


competências científicas e pedagógicas dos docentes.

4. O director avalia a assiduidade e o cumprimento do


serviço lectivo.

5. Carreira docente única com a possibilidade de a


dado passo cada professor poder optar pela docência
com turmas ou pela supervisão sem divisão entre cate-
gorias.

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6. Criação de comissão jurídica para resolver os con-
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flitos criados no âmbito do primeiro ciclo de avaliação
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de desempenho.

O projecto de lei do CDS bem como os projectos do


PCP, do BE e dos Verdes estão agendados para dis-
cussão pelo Plenário da Assembelia da República no
próximo dia 20 de Novembro.

Paulo Portas já fez saber que o CDS vai votar favora-


velmente os projectos de lei apresentados pelos par-
tidos da oposição.

A divisão da carreira e o actual modelo de avaliação


terminam antes do Natal. Os partidos da oposição
estão a cumprir as promessas eleitorais e vão dar uma
belíssima e merecida prenda de Natal aos professores.
Foto daqui
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CDS apresenta solução razoável para a… D
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Fne regista abolição da divisão da
carreira mas discorda da criação de
contingentes de natureza
administrativa

A Fne aprovou e divulgou um documento de resposta


à proposta do ME, feita no dia 25/11, de alteração do
estatuto da carreira docente. O documento com o título
“ECD: Fne apresenta primeira resposta ao ME na
segunda-feira”, regista como positiva a intenção de o
ME abolir a divisão da carreira mas critica a proposta
de contingentes no acesso aos 3º, 5º e 7º escalões. O
documento critica também a opção pela prova de
ingresso na profissão.

Para a Fne os únicos critérios que definem o ritmo da


evolução em carreira devem ser a qualidade do exer-
cício profissional, determinado em processos de ava-
liação sérios e justos.

A Fne opõe-se à criação de qualquer prova de


ingresso na carreira estabelecida entre a certificação
de uma instituição superior de formação de profes-
sores e a realização de um período probatório.

Julgo ver na redacção escolhida pela Fne abertura


para substituir a prova de ingresso por uma avaliação
rigorosa, baseada em observação de aulas a cargo de
avaliadores certificados, durante o período probatório.

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Com efeito, a chamada prova de ingresso pode ser
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feita no final do período probatório e ter em conta uma
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avaliação de desempenho feita com base em observ-
ação de aulas e entrevistas a cargo de avaliadores
certificados.
Foto: Muro de Berlim, 2009
Para saber mais

• Decreto regulamentar 27/2009

• Contingentes e prova de ingresso criam fosso


entre ME e sindicatos

• Princípios e proposta de trabalho da Fenprof


para uma nova estrutura da carreira docente

Notícias diárias de educação

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Sindicatos querem saber qual será a
duração da carreira proposta pelo ME

Na próxima quarta-feira, o secretário de estado adjunto


e da educação, Alexandre Ventura, reúne pela
segunda vez com os sindicatos. Até final de Dezembro
estão previstas mais cinco reuniões.

O projecto de resolução aprovado pelo Parlamento


recomenda ao Governo a criação de um novo modelo
de avaliação e de um novo estatuto da carreira
docente em 30 dias. A última reunião está agendada
para o dia 30 de Dezembro mas a ministra da edu-
cação já admitiu ser necessário mais tempo para
aprovar o novo modelo de ADD e o novo ECD.

A prova de ingresso na profissão e os contingentes


para acesso aos 3º, 5º e 7º escalões separam o ME
dos sindicatos.

A Fenprof e a Fne exigem conhecer a duração da car-


reira, o número de escalões e o tempo de perma-
nência em cada escalão. E querem que o ME divulgue
números: quantos professores estão em cada
escalão?

Alexandre Ventura entregou aos sindicatos, na


semana passada, um documento com os princípios
para uma estrutura da carreira docente. Esse docu-
mento aponta para a existência de 10 escalões e con-

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tingentes nos 3º, 5º e 7º escalões. Nada diz sobre o
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número de anos de permanência em cada escalão
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nem sobre os critérios para a criação dos contin-
gentes.
Foto: Pandas bebés na China. A pedido da filha da
Celeste
Para saber mais

• Proposta que a Fne vai apresentar ao ME no dia


2/12

• Proposta que a Fenprof vai apresentar ao ME no


dia 2/12

• Sindicatos discordam da criação de contin-


gentes

Notícias diárias de educação

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Sindicatos querem saber qual será a duração… D
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Duas propostas para melhorar a
qualidade do serviço prestado pelas
escolas públicas

Apetecia-me encerrar este post com duas palavras


apenas: simplificar e simplificar. Mas simplificar o quê?
O currículo e os procedimentos burocráticos.

Um dos problemas mais graves da escola actual é a


excessiva complexidade e dispersão curricular. Há
áreas curriculares a mais no 3º CEB. Os alunos
passam demasiado tempo na escola. Os professores
consomem tempo e energias em procedimentos buroc-
ráticos excessivos e complexos que exigem reuniões
que duram tardes inteiras, actas do tamanho de len-
çóis, projectos curriculares disto e daquilo e relatórios
sobre tudo e mais alguma coisa.

Quando os inspectores se deslocam à escola a pri-


meira coisa que fazem é ir à procura dos papéis. Onde
estão as actas? São suficientemente exaustivas? E os
planos de recuperação? E os planos de acompanha-
mento? E os planos de melhoria? E onde estão os
relatórios? E o projecto curricular de escola? Foi actua-
lizado este ano? Se não foi, qual a razão de “tamanha”
falta? E o projecto educativo? Foi actualizado este
ano? Se não foi, qual a razão de “tão formidável”
falha? E onde estão os planos de aula? E os planos

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curriculares de turma? E onde estão as estratégias e
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actividades transdisciplinares?
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Em vez de conversarem com os professores, os


inspectores procuram papéis e exercem uma pressão
intolerável para a produção e arquivo de mais pepéis.
É isso que está a matar a pedagogia nas escolas e a
secar a criatividade e a motivação dos professores.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-


licas tem de dar ordens para que se acabe com a
papelada inútil e reduza e simplifique a que é absoluta-
mente necessária. Manter essa carga inútil de buroc-
racia nas escolas é a mesma coisa que exigir aos polí-
cias que passem os dias e as noites a redigirem
planos de combate ao crime sem colocarem os pés de
fora das esquadras.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-


licas tem de acabar com as áreas curriculares não dis-
ciplinares: formação cívica, estudo acompanhado e
área de projecto. São tempos curriculares que não
servem para nada, onde não se ensina nada de útil e
que estendem o tempo de permanência na escola dos
alunos para além do tolerável.

E o que fazer aos alunos que não estudam, faltam sis-


tematicamente ou não têm capacidades cognitivas
para seguirem um percurso académico regular? Para
esses há que criar percursos escolares alternativos,
grupos de nível e apoios tutoriais. Não é mantendo

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Duas propostas para melhorar a qualidade… D
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esses alunos nas turmas regulares, sujeitando-os a
f
programas regulares, que se garante o sucesso edu-
t
cativo universal. É tempo de deixarmos de ter precon-
ceitos ideológicos sobre a questão dos grupos de
nível. Da mesma forma que não se põe um coxo a
competir com a Vanessa Fernandes, também não se
deve criar turmas com alunos brilhantes ao lado de
alunos com fracas capacidades cognitivas ou completa
falta de bases. Sabem porquê? Porque perdem todos.
Foto: Berlim, 2009

Notícias diárias de educação

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Se a proposta do ME de ADD não for
profundamente melhorada, Fenprof
admite não assinar acordo

A Fenprof aponta dois aspectos negativos na proposta


do ME de avaliação de desempenho:

1. A manutenção de dispositivos administrativos de


controlo da progressão na carreira.

2. A existência de um modelo de gestão das escolas


assente numa lógica de nomeações pelos directores, o
que leva a que, mesmo com uma avaliação feita em
sede de conselho pedagógico, todo o processo se
centra na figura do director.

Caso o ME não corrija estes dois aspectos, a Fenprof


não assina o acordo, optando por pedir um período de
negociação suplementar.

No próximo dia 7, a Fenprof entregará ao ME um par-


ecer crítico sobre o documento Princípios para a
Revisão da ADD. Está prevista nova ronda negocial na
quarta-feira, dia 9/12.

A Fenprof está a preparar a realização de uma inicia-


tiva nacional de protesto para o dia 19 de Janeiro,
cujos contornos vão depender do desenvolvimento do
processo negocial. Dia 19 de Janeiro completam-se

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três anos sobre a aprovação do estatuto da carreira
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docente: decreto-lei 15/2007.
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Para saber mais

• Fenprof analisou processo de revisão do ECD e


decidiu criar condições para maior envolvimento
dos professores

Notícias diárias de educação

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Se a proposta do ME de ADD não for profundamente… D
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