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Galileu acreditava que a natureza foi escrita em linguagem matemática.

Para ele, a física


deveria ser restrita ao que ele chamava de qualidades primárias, aquelas essenciais à concepção do
corpo, como forma, tamanho, número, posição e quantidade de movimento. Enquanto isso, as
qualidades secundárias, como cor, gosto, odor e som existiriam apenas na mente do sujeito.
Ao fazer isso, Galileu excluiu explicações teleológicas do escopo da física. Ele foi claro ao
qualificar as explicações aristotélicas de “movimentos naturais” em direção a “lugares naturais”
como não científicas. Ele percebeu não só que tais explicações não podem ser provadas falsas,
como que elas também não explicam o fenômeno. Contudo, em algumas obras, como seu trabalho
De Motu (um trabalho de juventude), ele ainda afirma a doutrina dos lugares naturais. Também,
durante toda sua vida ele acreditou que apenas o movimento circular seria aceitável para os corpos
celestes. Com isso, ele acabou formulando o mesmo tipo de interpretação que sua demarcação da
física deveria excluir.
Galileu distingue implicitamente os dois estágios da interpretação na ciência: o primeiro é a
distinção entre uma explicação científica e uma explicação não-científica. Assim como Aristóteles,
Galileu percebeu a importância de delimitar o objeto da ciência. O segundo estágio é determinar a
aceitabilidade daquelas explicações consideradas científicas.
Apesar de sua crítica a Aristóteles, Galileu aceitou o método indutivo-dedutivo de
Aristóteles (da observação para princípios gerais e de volta às observações). Ele também aceitava a
posição aristotélica de que os princípios explicativos devem ser induzidos dos dados da experiência
sensorial. Sua crítica era, na verdade, dirigida ao falso aristotelismo, que partia não da indução a
partir dos sentidos, mas dos próprios princípios aristotélicos, produzindo assim uma teorização
dogmática acientífica.
Galileu percebia a importância para a física da abstração e da idealização, como queda livre
no vácuo e pêndulo ideal. Essas idealizações não são exemplificadas no fenômeno, mas
extrapoladas de uma série ordenada de fenômenos. O seu trabalho confirma a fertilidades desses
conceitos.
Galileu teve grande influência de Grosseteste e Roger Bacon e suas complementações ao
Método da Resolução, como o uso da experiência. Contudo, se ele usou amplamente a confirmação
experimental, não percebeu a importância que ela teria. Sua visão sobre a experiência é, na maior
parte do tempo, positiva, mas se mostra ambivalente em algumas situações, como quando a
evidência experimental ia contra sua teoria. Nessas situações, ele atribuía as diferenças a “acidentes
não-naturais” ou “causas secundárias”. Isso revela sua aceitação da distinção platônica entre o real e
o fenômeno, que o levava a minimizar as complicações experimentais.
Também a sua ênfase na abstração e idealização na ciência revelam seu aspecto platônico.

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