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seguramente, uma entidade uniforme em todo o território nacional, de modo a
poder ser avaliada em função dos mesmos pressupostos.
Centremo-nos um pouco mais na formação propriamente dita. Creio ter
havido alguns aspectos discutíveis, eventualmente passíveis de serem
considerados pontos fracos, de que destaco: o pouco tempo de formação, a
oficialização do desempenho de tarefas para as quais os coordenadores não foram
avisados antes do concurso para professores bibliotecários, a ausência de troca de
experiências entre os formandos, a obsessiva imposição de bibliografia em língua
inglesa, etc. Parece-me útil focar a atenção nos dois últimos aspectos.
Relativamente à troca de experiências entre formandos, talvez só quem está no
terreno tem consciência da falta de tempo para realizar essa actividade nuclear.
Sem querer fulanizar demasiado este relatório (mas a verdade é que ele é
individual), devo dizer que as funções que desempenho na escola (não me refiro
apenas àquelas que me vinculam à Biblioteca Escolar) não me deixam margem
para aliviar o cumprimento de um horário diário entre as 08:15 e as 18:30 horas,
com intervalo para almoço. Quanto à bibliografia em língua inglesa, devo dizer que
não acredito que uma percentagem razoável de professores bibliotecários estejam
preparados (nem têm de estar!) para trabalhar e citar textos técnicos de uma
qualquer língua estrangeira. Claro que hoje todos devemos ter conhecimentos de
língua inglesa, tal a sua generalização. No entanto, sejamos realistas! E, já agora,
dizer que não há nada escrito em língua portuguesa pode ser um bom motivo para
o escrever, primeiro. Talvez fosse interessante indagar os motivos das
desistências ocorridas nesta formação…
Os pontos fortes superaram claramente os pontos mais discutíveis desta
formação. Creio dever salientar três virtualidades, todas elas intimamente
interligadas: familiarização com o MABE, facilitação da aplicação do MABE e
aplicação de uma avaliação rigorosa. A questão nuclear tangente a toda a
formação foi a ideia de que a Biblioteca tem de mostrar à evidência que contribui
para o sucesso escolar dos alunos, através do desenvolvimento de literacias
transversais a todos os saberes. O professor bibliotecário tem de ser o primeiro a
explicitar a toda a comunidade escolar que a Biblioteca é uma mais-valia e é
imperioso aferir o seu impacto nas aprendizagens - daí a necessidade da auto-
avaliação, fundada na gestão de um Plano de Acção para quatro anos e em
Planos Anuais de Actividades.
A intervenção dos professores bibliotecários passa hoje pelos seguintes
desafios-chave que não podem, de modo algum, alhear-se do cruzamento e da
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interacção de três estruturas pedagógicas que têm de assumir as suas
responsabilidades de motor e catalisador das sinergias da escola: a Biblioteca
Escolar, o Plano Nacional de Leitura e o Plano Tecnológico da Educação:
- Como se passa da informação ao conhecimento?
- Como se orienta uma prática baseada em evidências?
- Como se constroem equipas e de parcerias?
- Como se integram os instrumentos da Web 2.0 para desenvolver uma
pesquisa mais profunda?
- Como se pode re-imaginar a Biblioteca Escolar?
As respostas a estas questões far-nos-ão equacionar a BE como uma
oportunidade para a mudança, como uma oportunidade de construirmos
conhecimento através do acesso à informação (que é, por norma, escrita – daí a
necessidade da formação de leitores). Neste contexto, citando de novo a Dr.ª
Teresa Calçada, “a nossa função é fazer leitores. Ponto final”.
Em síntese e para clarificar posições: apesar das considerações algo
tensas que acima proferi, não tenho qualquer dúvida de que esta formação foi para
mim muitíssimo proveitosa, porque me permitiu ter uma visão muito mais global e
integradora da MABE, me permitiu perspectivar a BE como um espaço
determinante para o sucesso educativo e me forneceu orientações precisas para a
minha actividade de Coordenador da Biblioteca, que assumi por convicção e
mesmo por paixão. Ou seja: esta formação, orientada numa cuidadosa linha de
sequencialidade, desenvolveu um trabalho que é nuclear no meu desempenho
quotidiano - fazer esta formação foi antecipar e prevenir o trabalho que terei de pôr
em prática nos próximos quatro anos.
Uma palavra final para a minha coordenadora, a Dr. ª Regina Campos: à
sua inexcedível dedicação, disponibilidade e afabilidade se deve a fantástica rede
de relações, de compromissos profissionais e de afectos que caracterizam o grupo
de professores bibliotecários por si coordenados. A RBE e cada uma das escolas
devem-lhe este tributo.
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