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ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Expeça-se

REQUERIMENTO Número /XI ( .ª)


Publique-se

/ /
PERGUNTA Número /XI ( .ª)
O Secretário da
Mesa

Assunto: Fim da isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis no Centro


Histórico de Évora

Destinatário: Ministério das Finanças e da Administração Pública

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República

Na sequência da sua inscrição na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1995, e no


estrito cumprimento da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, o Centro Histórico de Évora
integrou «a lista dos bens classificados como de interesse nacional», na categoria de «monumento
nacional» (respectivamente, pontos 7 e 3 do artigo 15º).

O Estatuto dos Benefício Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de Julho, sendo a
última alteração definida pelo Decreto-Lei n.º 292/2009, de 13 de Outubro, estabelece a isenção
de Imposto Municipal sobre Imóveis (I.M.I.) para «os prédios classificados como monumentos
nacionais» (alínea n) do ponto 1 do artigo 44º), benefício que cessa «no ano, inclusive, em que os
prédios venham a ser desclassificados» (ponto 8 do mesmo artigo).

Da legislação em vigor resulta que os conjuntos classificados como Património da


Humanidade, em que se incluem os Centros Históricos de Évora, Guimarães e Porto, bem como a
Paisagem Cultural de Sintra e a Vila de Óbidos, beneficiam de uma isenção de I.M.I., obtida
através da apresentação de um requerimento nos respectivos Serviços de Finanças.

De acordo com diversas denúncias, a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos não tem
uma actuação única relativamente a esta matéria, uma vez que, ao invés do procedimento que
tem vigorado para os restantes Centros Históricos dos conjuntos supra citados, os Serviços de
Finanças de Évora não reconheceram, em 2009, aquele benefício fiscal aos contribuintes
proprietários dos imóveis classificados, que aguardavam, em Dezembro, pelo despacho aos
requerimentos submetidos em Abril passado.

GPBE/AS
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Os cidadãos revelaram ainda a intenção daqueles Serviços de Finanças em proceder à


supressão da isenção e pagamento retroactivo respeitante aos anos em que foram reconhecidos
como isentos (2007 e 2008).

Tendo a isenção de I.M.I. sido concedida em várias zonas em condições semelhantes às do


Centro Histórico de Évora, como Porto, Sintra, Guimarães e Óbidos, o Grupo Parlamentar Bloco
de Esquerda não compreende a razão de tal disparidade de aplicação da legislação em vigor.

Perante a inoperância dos Serviços de Finanças de Évora, em não darem qualquer seguimento
aos requerimentos de reconhecimento da isenção do I.M.I, ao abrigo do artigo 67º do Decreto-Lei
n.º 398/98, de 17 de Dezembro, os proprietários dos imóveis classificados efectuaram os devidos
pedidos de esclarecimento sobre o andamento dos processos. Não obstante a legislação definir
como prazo máximo 10 dias, não foi emitida qualquer resposta, facto que consubstancia uma
flagrante violação da Lei Geral Tributária e um inaceitável desrespeito pelos contribuintes.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o


Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do
Ministério das Finanças e da Administração Pública, as seguintes perguntas:

1. Tem o Governo conhecimento da alteração do entendimento dos Serviços de Finanças de


Évora para a aplicação da isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (I.M.I.) aos
proprietários de imóveis do Centro Histórico de Évora?

2. Considera o Governo que a disparidade verificada em Évora face à aplicação da legislação


para os imóveis classificados como interesse nacional nos concelhos de Guimarães,
Óbidos, Porto e Sintra, configura uma actuação legítima e dentro do quadro legal
aplicável?

3. Tem o Governo conhecimento da intenção dos Serviços de Finanças de Évora em


proceder à aplicação retroactiva do pagamento de I.M.I. àqueles proprietários?

4. Pretende o Governo esclarecer qual o seu o entendimento face à isenção de I.M.I. aos bens
imóveis classificados como interesse nacional e a quem cabe a decisão para a sua
atribuição?

GPBE/AS
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5. Entende o Governo justificável que os Serviços de Finanças não respondam aos


esclarecimentos solicitados pelos cidadãos, incumprindo a legislação em vigor que
determina 10 dias como prazo máximo de resposta?

6. Que medidas pretende o Governo alvitrar no sentido de corrigir a situação descrita?

Palácio de São Bento, 22 de Janeiro de 2010

A Deputada O Deputado A Deputada

Catarina Martins Pedro Soares Rita Calvário

GPBE/AS

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