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PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO
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Câmara Municipal da Covilhã -1-
Vereação do Partido Socialista
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Neste sentido, a modificação do uso conferido àquele edifício constitui,
a concretizar-se, uma alteração profunda nas rotinas sociais e económicas
envolventes daquela parte da zona histórica da cidade. Esta alteração
profunda pode transportar consigo consequências ruinosas e devastadoras
para as dinâmicas de vida das populações residentes, que foram
insuficientemente avaliadas, ponderadas e discutidas.
Há um sentido de “património vivo” intrínseco às actividades humanas
e às tradições que manifestamente escapou à visão dos autores da proposta.
De resto, se a decisão da maioria prevalecer constituirá uma machadada
adicional na identidade do Centro Histórico.
Entendemos ainda que, apesar de o edifício não possuir a qualidade
desejada e exigida para servir condignamente a população em geral, atentas
as desadequadas e deficientes instalações, bem como os problemas de
estacionamento e o congestionamento de trânsito, tais problemas têm,
todavia, possibilidades de solução, certamente mais barata do que a
construção de um novo mercado.
Em vez de ponderar a construção de um novo Mercado, a Câmara
devia ter olhado para os problemas que rodeiam o actual mercado,
encarando-os como pretexto para uma intervenção que não resolvesse
apenas as deficiências do velho edifício, como inclusive contribuísse para
uma intervenção que ajudasse a requalificar a malha urbana envolvente.
Por outro lado, neste processo, a Câmara Municipal revelou mais uma
vez a dificuldade de estruturar um amplo debate público, democrático e
participado sobre uma grande opção de natureza urbanística com
consequências, mais uma vez, de forte impacto no Centro Histórico da
Cidade.
A apresentação de um power point na Assembleia Municipal é um
momento importante mas que, só por si, não substitui a auscultação das
populações directamente interessadas.
A Câmara Municipal da Covilhã decide muito mas delibera pouco. Pois
que, a deliberação, no seu sentido mais nobre, significa o debate no espaço
público em volta da formação de consensos participados.
Sendo embora certo que, sob o ponto de vista formal, se trata de uma
decisão democraticamente legítima, também não pode deixar de se referir
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Câmara Municipal da Covilhã -2-
Vereação do Partido Socialista
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que se trata de uma decisão unilateral de uma maioria absoluta que não
escuta a sociedade civil, nem promove as discussões necessárias.
Consideramos, pois, que a discussão foi insuficientemente alargada e
escassamente participada. Cremos que aquela zona merece mais: inclusive
um concurso de ideias que ajude a pensar de modo integrado o edifício na
sua zona envolvente.
É assim, em nome da memória da Covilhã, da preservação da
identidade viva do centro histórico, da racionalidade económica, mas
sobretudo, com as nossas preocupações dirigidas para a vida das pessoas
que habitam aquela zona envolvente, que recomendamos o prolongamento
da “discussão pública”, abrindo um amplo e profundo debate sobre o
Mercado Municipal, que vá para além dos Paços do Concelho e das paredes
da Assembleia Municipal e suscite a intervenção e a participação activa da
sociedade civil covilhanense.
Vitor Pereira,
Graça Sardinha,
João Correia,
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Câmara Municipal da Covilhã -3-