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INFRACONSTITUCIONAL
1. INTRODUÇÃO
1
MORAES, Alexandre de; Direito Constitucional. 16ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.598.
2
MORAES, Guilherme Peña de; Direito constitucional: Teoria da Constituição. 2 ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2006, p 132.
3
MORAES, Alexandre de. Op. Cit, p. 600.
Tais requisitos formais podem ser de ordem subjetiva, tais como
questões de iniciativa, ou de competência do órgão que o editou, quanto objetiva,
como a forma, os prazos e o rito observados em sua edição.4
Quanto às competências, a nossa constituição adota um sistema
complexo que busca realizar o equilíbrio federativo, repartindo as competências
através da técnica de enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com
poderes remanescentes para os Estados Federados (art. 25§1º) e poderes definidos
indicativamente para os municípios (art. 30), combinando, ainda, possibilidades
de delegação e prevendo áreas de atuação conjunta ou paralela, em que a União
tem competência para estabelecer diretrizes gerais, enquanto se confere aos
Estados – e até aos municípios - a competência suplementar.5
No que se refere às espécies legislativas, interessante a situação da
chamada Lei Complementar, uma espécie híbrida na ordem jurídica brasileira,
que, apesar de não ter força nem status de norma constitucional, exige, entretanto,
um processo legislativo mais rigoroso para sua aprovação do que o previsto para
lei ordinária. Embora seja predominante na doutrina que não há superioridade
hierárquica entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária, o certo é que há
diferenças entre ambas as espécies legislativas, sejam de cunho formal (quorum
diferenciado) ou de ordem material (reserva de determinadas matérias pela
Constituição Federal que só poderá ser tratada mediante lei complementar).
Além disso, a Constituição também determina de quem deve ser a
iniciativa da propositura de determinadas leis (p. ex. art. 61, iniciativa privativa do
Presidente da República), sendo tais normas de observância obrigatória, até
mesmo para as Constituições Estaduais, que devem manter a simetria.
A verificação do atendimento dos requisitos formais é feito em
controle de constitucionalidade, seja este preventivo ou repressivo.
4
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves; Curso de Direito Constitucional. 30ed. São Paulo: Saraiva,
2003, p. 34.
5
DA SILVA, José Afonso; Curso de Direito Constitucional Positivo. 31ed. São Paulo: Malheiros,
07.2008, p.479.
2.2 LIMITAÇÕES MATERIAIS
6
PODER CONSTITUINTE. Artigo Científico. Disponível, pela diretoria de educação a distância da
Universidade Estádio de Sá, da disciplina Teoria Constitucional Contemporânea, do Curso de Pós-
Graduação em Direito Constitucional, acesso em 07.07.2009, p. 6.
7
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves; Direitos Humanos Fundamentais. 6ed. São Paulo: Saraiva,
2004, p. 99/100.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 encontra-se
alicerçada sobre princípios de justiça que espraiam a sua incidência sobre todos os
campos da vida jurídica.8
Os princípios constitucionais são extraídos de enunciados normativos,
têm elevado grau de abstração e generalidade. São também chamados normas-
síntese ou normas-matizes. Delineiam os valores que informam a ordem jurídica,
devendo as atividades produtiva, interpretativa e aplicativa das regras pressupô-
los.9
Tais princípios são dotados de duas modalidades de eficácia jurídica –
negativa ou positiva - a primeira ocorre justamente quando os princípios impedem
sejam praticados atos ou produzidas normas contrárias aos seus propósitos,
constituindo aí verdadeira limitação material ao legislador infraconstitucional.
Embora não seja objeto do presente estudo, a título de esclarecimento, a eficácia
positiva resume-se à autorização de exigência, perante o judiciário, das prestações
que asseguram a realização do que a norma pretende.
Há diversas classificações dos princípios constitucionais na doutrina;
o presente ensaio, no entanto, dará preferência à classificação pelo critério da
amplitude, considerando o valor da dignidade da pessoa humana, valor supremo
da ordem jurídica e que confere unidade teleológica aos princípios e regras que
compõem nosso ordenamento.10
De acordo com este critério, os princípios podem ser classificados em
três espécies: fundamentais, gerais e setoriais (ou especiais). Os primeiros
consistem nos atributos essenciais do Estado brasileiro – a democracia, a
república e a federação.
Os princípios gerais são derivados dos fundamentais, e têm como
objetivo limitar o poder do Estado. Exemplos de princípios gerais são os da
legalidade, igualdade, inafastabilidade do controle judicial e devido processo
legal.
8
APOSTILA DE TEORIA CONSTITUCIONAL CONTEMPORÂNEA. Artigo Científico. Disponível,
pela diretoria de educação a distância da Universidade Estádio de Sá, da disciplina Teoria Constitucional
Contemporânea, do Curso de Pós-Graduação em Direito Constitucional, acesso em 16.07.2009, p.13.
9
MORAES, Guilherme Peña de; Direito constitucional: Teoria da Constituição. 2 ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2006, p. 101.
10
Idem, p. 102/103.
Os princípios setoriais são aqueles que informam um determinado
ramo do Direito Positivo. O Direito Administrativo, por exemplo, tem cinco
princípios constitucionais básicos, enunciados no caput do art. 37 da CF
(legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência). Da mesma
forma, outros ramos também são informados por princípios constitucionais
setoriais, como o Direito Civil (ex: sucessão hereditária, art. 5º, XXX e 227, §6º),
Empresarial (ex: liberdade de iniciativa, art. 1º, IV e 170, IV), Penal (ex: reserva
legal, art. 5º, XXXIX), Processual (ex: contraditório, art. 5º, LV), Previdenciário
(ex: solidariedade financeira, art. 195, caput), Trabalhista (ex: primazia da
realidade, art. 7º, XXXIV), Tributário (ex: capacidade contributiva, art. 145§1º).
Dessa forma, o legislador ordinário deverá, ao legislar sobre Direito
Civil, por exemplo, observar não somente os princípios gerais, mas também os
setoriais que regem tal ramo do direito, como a realização da personalidade, a
intervenção reguladora do Estado nos contratos, na propriedade e na empresa, a
objetivação da responsabilidade civil, a proteção da família e a sucessão
hereditária.
Por último, constituem igualmente limitações materiais ao legislador
infraconstitucional as regras constitucionais, extraídas de enunciados normativos
com reduzido grau de abstração e generalidade, que descrevem situações fáticas
e prescrevem condutas intersubjetivas.11
As regras constitucionais, quanto à realização do fato descrito, podem
ser concretas ou abstratas. As concretas descrevem um fato já ocorrido (ex. art. 9º
ADCT), enquanto que as abstratas descrevem uma possível ocorrência futura (ex.
art. 15 CF). Quanto à individualização do sujeito cuja conduta se deseja regular,
as regras podem ser gerais, quando prescrevem a conduta de pessoas
indeterminadas (art. 5º, XIII, CF), ou individuais, quando regula a conduta de
pessoas individualizadas (art. 8º§3º, ADCT). Ainda, quanto ao objeto, as regras se
classificam em reguladoras de estrutura ou de conduta. As regras constitucionais
de estrutura são aquelas que determinam o modo pelo qual outra regra jurídica é
criada, modificada ou extinta (ex. arts. 18§3º e 69, CF). As regras de conduta são
aquelas cujo objeto é a regulação de comportamentos interpessoais (art. 13§5º e
14§3º ADCT).
11
Idem, p. 100
As regras constitucionais não podem ser contrariadas pela norma
infraconstitucional, devendo ser levadas em conta pelo legislador.
A verificação dos requisitos materiais é feita por meio de controle de
constitucionalidade, seja este preventivo – como, por exemplo, nas Câmaras de
Constituição e Justiça (CCJs) – ou repressivo – questionamento judicial da
constitucionalidade, e consiste em verificar se o conteúdo preceituado na norma é
compatível com o da norma constitucional na qual deveria ter buscado o seu
fundamento de validade.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
MORAES, Alexandre de; Direito Constitucional. 16ed. São Paulo: Atlas, 2004.