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mestre de 2013, Machado de Assis: crtica literria e textos diversos uma feliz
surpresa para os leitores e estudiosos da
obra do escritor fluminense considerado, ainda em vida, como detentor de
uma das vozes mais importantes de nossa literatura e imprensa do sculo XIX.
Trata-se de uma ampla e bem cuidada
compilao de artigos de Joaquim Maria
Machado de Assis (1839-1908), publicados no perodo de 1856 (quando ele
iniciava sua carreira na Marmota Fluminense) a 1907. Esse dado, por si s, revela o rigor e a abrangncia que nortearam o trabalho organizado com rigoroso
mtodo pelas autoras que resgataram
numerosas contribuies do escritor em
diversos peridicos, incluindo exaustiva
pesquisa e seleo dos textos a partir de
microfilmes obtidos na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Com suas mais de 720 pginas, o volume est disposto em duas sees. Na
primeira parte, temos uma breve Nota
explicativa (p.11 e 12), em que se revela o fato de o material reunido ter sido
localizado tanto em livros publicados
por editoras tradicionais quanto em peridicos que vieram a pblico em diferentes pocas de circulao, permitindo
ao leitor acompanhar o desenvolvimento de Machado de Assis, da juventude
maturidade, na prtica plural da crtica
literria (p.11).
De fato, medida que acompanhamos a leitura dos textos l coligidos,
possvel notar uma pluralidade de pontos
de vista, orquestrados hbil e lucidamen-
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o medocre efeito que esse triste acontecimento produziu. Como se explica essa
tal ou qual indiferena do Brasil vendo
morrer um dos seus maiores pensadores? (p.143).
Em seus escritos, naturalmente, h
espao de sobra para que ele defenda o
papel reservado aos poetas, quase sempre em contraposio ao discurso vociferado pelos polticos de seu tempo. O
texto a seguir revela uma das leituras
clssicas do romancista: Demcrito, autoridade em favor de seu argumento:
No, eu no sou dos que acham que
os poetas so incapazes para a poltica. O que penso que os poetas
deviam evitar descer a estas coisas
to baixas, deviam pairar constantemente nas montanhas e nos cedros
como condores que so. Afinal
de contas, os homens que no so
srios e graves, so exatamente os
homens graves e srios. Demcrito continua a ter razo: s srio
aquilo que o no parece. (Dirio do
Rio de Janeiro, Crnica de 22 de
novembro de 1864 (p.203))
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