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UFRN – CCSA – DepAd – PPGA Prof: Maria Arlete e Jomária Alloufa

Disc: Teoria da Pesquisa Aluno: Carlos Eduardo Cavalcante

Texto: A lógica da investigação científica

A idéia central do livro de Popper é diferenciar a ciência da não-ciência considerando como


critério para tal a falseabilidade.
O livro inicia atacando o método indutivo. Para Popper não se justifica a inferência de
enunciados universais a partir de enunciados derivados destes, que ele chama de “singulares”,
independentemente da amostra pesquisada. Ele questiona se são válidos enunciados baseados na
experiência. Os estudos da ciência administrativa estão contaminados com a lógica combatida por
Popper: boa parte das pesquisas são baseadas em estudos de caso, relato de fatos que se
autoexplicam, que são seguidos de conclusões alcançadas por meio de um tratamento estatístico,
com o qual o pesquisador baseia seu argumento. Este é chamado o “problema do indutivismo”.
Outro ponto contestado por Popper é o psicologismo. Como uma nova idéia é criada pelo
homem é objeto de pesquisa da psicologia, estando ligado, portanto, ao campo subjetivo,
desconectado da objetividade cientifica. Diferenciar o objetivo do subjetivo pode levar a conhecer o
que pode ser justificável, do que não pode, de modo independente de capricho pessoal. Uma
justificação será objetiva se puder ser submetida à prova – testada - e compreendida por todos. Deve-
se separar o que é pura convicção dos aspectos lógicos e metodológicos.
Para preencher estas lacunas Popper sugere o “dedutivismo”. É um método que confronta
idéias e a lógica indutiva. Submete à prova as metodologias científicas (os procedimentos
científicos). Para tanto sugere um critério de demarcação que habilita distinguir entre ciências
empíricas, a Matemática e a Lógica, e os sistemas metafísicos, de outro.
Este critério não deve ser a verificabilidade (permitida em métodos baseados na convicção do
pesquisador), mas a falseabilidade de um sistema. De outra forma, para um sistema científico ser
dado como válido sua forma/etapas devem testadas, buscando encontrar falhas neste método de
conhecer a realidade. Percebe-se neste momento a ligação com a segunda obra de Popper - Três
concepções acerca do conhecimento humano – alvo também desta resenha: Nela ele busca
solucionar a controvérsia que existiria entre o instrumentalismo e o essencialismo com o que ele
chama de racionalismo critico, que usa justamente a falseabilidade como critério demarcador da
ciência.
Para tanto inicia destacando a mudança de paradigma ocorrida com a concepção de Nicolau
Copérnico sobre o funcionamento do sistema solar, em que a Terra deixa de ser o centro.
Em seguida passar a discutir as duas primeiras concepções do conhecimento humano, o
essencialismo e o instrumentalismo. No essencialismo ele critica o fato desta doutrina entender que a
inspiração da ciência é buscar a “explicação última”; em outras palavras, uma explicação que não
pode ser ulteriormente explicada, e que não tem necessidade alguma de qualquer explicação
posterior.
Sobre o instrumentalismo ele destaca que os filósofos que adotam esta concepção afirmam
que a explicação última não é um objetivo da ciência física, uma vez que a ciência física não pode
descobrir “a essência escondida das coisas”. Para eles, a teoria é um instrumento conveniente,
simples, econômico, poderoso, etc. No fim desta resenha encontra-se exemplo ilustrativo desta
concepção.
Popper, por outro lado, vê controvérsias nesta concepção: “Há diferenças profundas entre as
teorias “puras” e as regras de computação tecnológica”. Ele entende que as tentativas de refutação
das teorias não correspondem ao uso das regras tecnológicas, já que estas tentam confirmar-se e não
negar-se.
Finalmente, na defesa do seu argumento – o racionalismo critico - Popper reforça a doutrina
galileana de que o cientista aspira a uma descrição verdadeira do mundo e dos fatos observáveis. A
esta teoria adiciona que embora esta seja a aspiração do cientista, ele nunca terá certeza plena se
suas descobertas são verdadeiras, embora ele possa algumas vezes estabelecer com razoável certeza
que uma teoria é falsa.
Para tanto, o falseamento de uma teoria é o que mais se aproxima da verdade: os
falseamentos indicam os pontos em que “toca-se” a realidade. A melhor teoria sempre é uma
tentativa de incorporar todos os falseamentos já encontrados no campo.
O método sugerido por Popper parece ser um método que possa ajudar no avanço co
conhecimento, apesar de nos dias atuais o indutivismo ainda ser largamente aceito. Como exemplo
segue um relato. No Jornal “O Globo” de 30 de marco do corrente uma notícia reforça este
argumento: “Acelerador de partículas cria explosão inédita e consegue simular o Big Bang”. A
noticia afirma, entre outras informações, que

Os cientistas esperam que o LHC lance luz sobre grandes mistérios do Universo. A
principal motivação é identificar o bóson de Higgs, também conhecido como
"partícula de Deus". Proposto em 1964 pelo escocês Peter Higgs, o bóson seria o
responsável por dotar de massa tudo o que existe no Universo, transformando gases
em galáxias, estrelas e planetas

Puro indutivismo/instrumentalismo: como os cientistas a partir de experimentos feitos da


Terra conseguiriam induzir que uma partícula seria responsável em dotar de massa tudo que existe
no Universo?! Vê-se que a teoria está materializada neste instrumento, que se for aperfeiçoado,
poderá clarificar a verdade almejada e que a partir de algumas observações (pois certamente os
cientistas não terão condições de recolher massa de todo o universo) induzem que todo ele é
construído a partir desta partícula...

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