O documento apresenta um relatório parcial de um seminário sobre crédito tributário, lançamento e espécies de lançamento. O grupo discute se a Fazenda pode inscrever penalidades e juros diretamente em dívida ativa sem lançamento prévio e conclui que não. Também debate a homologação, lançamento por declaração e possibilidade de revisão de alíquotas no desembaraço aduaneiro. Por fim, analisa um auto de infração identificando suas normas e discute os conceitos relacionados.
Descrição original:
Relatório parcial do instituto brasileiro de estudos tributários
O documento apresenta um relatório parcial de um seminário sobre crédito tributário, lançamento e espécies de lançamento. O grupo discute se a Fazenda pode inscrever penalidades e juros diretamente em dívida ativa sem lançamento prévio e conclui que não. Também debate a homologação, lançamento por declaração e possibilidade de revisão de alíquotas no desembaraço aduaneiro. Por fim, analisa um auto de infração identificando suas normas e discute os conceitos relacionados.
O documento apresenta um relatório parcial de um seminário sobre crédito tributário, lançamento e espécies de lançamento. O grupo discute se a Fazenda pode inscrever penalidades e juros diretamente em dívida ativa sem lançamento prévio e conclui que não. Também debate a homologação, lançamento por declaração e possibilidade de revisão de alíquotas no desembaraço aduaneiro. Por fim, analisa um auto de infração identificando suas normas e discute os conceitos relacionados.
1. Determinada empresa contribuinte de ICMS declara e formaliza o seu dbito fiscal, de acordo com a lei, mas por motivos quaisquer no recolhe o montante devido. Diante disso, a Fazenda Estadual do Estado de So Paulo encaminha a declarao do contribuinte para inscrio em dvida ativa, para posterior execuo. Uma vez que no h controvrsia no que tange obrigao de prestar o tributo ou a quantum devido pela empresa, no h que se falar em necessidade de lanamento de ofcio. A Fazenda, na ao de execuo, impe penalidades que entende cabveis, alm dos juros de mora. No seu entender, correto o procedimento do Fisco? O grupo foi unnime no sentido de que no tocante aos juros e penalidades, a Fazenda Pblica de So Paulo no poderia inscrever diretamente na Certido de Dvida Ativa, pois em tais casos entendemos que o contribuinte no teria competncia para se penalizar e instituir juros de mora, afinal se trataria de um ato intrinsicamente de fiscalizao que dever ser exercida pelo Fisco ao visitar o contribuinte para averiguar se este esta cumprindo seus deveres, devendo em tais visitas proceder ao lanamento do ato administrativo instituindo norma sancionatria pela prtica do ilcito e se necessrio impor os juros de mora caso se verifique o atraso no pagamento do tributo. Seria at ilgico que fosse conferida competncia para o contribuinte se autopenalizar por estar cometendo um ato ilcito. Somente a Administrao Pblica tem competncia para fazer o auto de infrao bem como instituir os juros de mora, no podendo inscrever em Dvida Ativa sanes e juros de mora caso no tenha constitudo em lanamento anterior.
2. Que homologao? O desembarao aduaneiro pode ser considerado de
homologao expressa do pagamento de tributos incidentes quando da importao de bens, mercadorias e servios? possvel trata-la como lanamento por declarao? Se no momento do desembarao aduaneiro adotada determinada alquota, pode ela ser revisada pela administrao posteriormente? O grupo foi unnime no sentido de considerar que homologao o selo confirmatrio do Fisco acerca do dbito fiscal institudo pelo contribuinte, isto , ato de fiscalizao da Administrao
Pblica
visando
zelar
pelo
seu
interesse,
verifica
se
contribuinte/responsvel tributrio agiu corretamente, ao fornecer a declarao e constituir
o crdito tributrio. O grupo entendeu que o desembarao aduaneiro, como processo de fiscalizao, ir resultar necessariamente numa homologao expressa, pois neste ato o Fisco ir dar o seu selo confirmatrio sobre a relao obrigacional existente entre a Administrao e ir concordar com o valor estipulado para o tributo. Seguindo este raciocnio, entendemos no ser possvel o lanamento por declarao, porque uma vez que ser de competncia do prprio contribuinte fornecer todas as informaes e calcular o imposto devido, devendo o Fisco homologar no ato de desembarao. O grupo entendeu que alquota no poder ser modificada aps o momento do desembarao aduaneiro, uma vez que entendemos que se trata de um erro de direito. Assim se o agente administrativo no momento do desembarao aduaneiro enquadrou o fato na alquota x, no poder em momento posterior alterar sua interpretao e modificar a alquota aplicada. 3. Dado o auto de infrao fictcio (anexo I), pergunta-se: a)- Identifique as normas individuais e concretas veiculadas no respectivo auto de infrao; 1 norma individual e concreta: ato de lanamento- Dado o fato de ter realizado operaes de circulao de mercadorias (critrio material) com a sada de mercadorias no dia 01/01/2008 (critrio temporal) no Estado de So Paulo (critrio espacial), deve ser que a empresa Bate o P Indstria Ltda (sujeito passivo) est obrigada a recolher Fazenda
Estadual paulista (sujeito ativo) o valor de R$ 11.599, 29 (critrio quantitativo - base de
clculo: 64.440,48 e alquota de 18%) 2 norma individual e concreta: norma sancionatria (ato de imposio de multa de ofcio) - Dado o fato da no formalizao do crdito tributrio e do no pagamento do tributo em tempo hbil (ilcitos tributrios dever instrumental + no pagamento do crdito tributrio) deve ser que a empresa Bate o P Indstrias e Calados Ltda est obrigada a pagar a Fazenda Pblica Estadual de So Paulo a multa no valor de R$ 5.799,64. 3 norma individual e concreta: norma- ato de imposio de juros moratrios -Dado o fato do atraso no pagamento do tributo devido deve ser que a empresa Bate o P Indstrias e Calados est obrigada a pagar Fazenda Pblica Estadual de So Paulo os juros de mora no valor de R$ 1.275, 92. b)- Confronte as noes de (i) auto de infrao documento, (ii) ato administrativo de imposio de multa, (iii) ato administrativo de lanamento e (iv) ato de notificao; O auto de infrao o suporte fsico que servir para descrever (norma individual e concreta) a penalidade do sujeito passivo e/ou ou lanamento do tributo. J o ato administrativo de imposio de multa o momento de verificao da infrao e a consequente aplicao de multa. O ato administrativo de lanamento o momento de constituio do crdito tributrio. Por fim, o ato de notificao seria o documento pelo qual o Fisco d cincia ao sujeito passivo de que o crdito tributrio foi formalizado, concedendo ao contribuinte ou responsvel tributrio duas opes: ou impugnar o lanamento realizado pela Fazenda Pblica ou efetuar o pagamento do tributo no prazo assinalado no ato de notificao. dizer que o ato de notificao constitui o aperfeioamento do ato de lanamento, ao dar cincia ao administrado que o crdito tributrio est formalizado, tendo ele o dever de cumprir a prestao da obrigao tributria. c)- Que instante nasce a obrigao tributria? E o crdito tributrio? O grupo divergiu. Para parte do grupo que adota a teoria declaratria, a obrigao e o crdito tributrio nascem com a ocorrncia do fato gerador, uma vez que a partir dai se estabelece a relao jurdica. O lanamento tem o condo de formalizar a existncia da obrigao, tornando o crdito exigvel.
J a outra parte do grupo, que adota a teoria constitutiva, a obrigao tributria
assim como o crdito tributrio somente nascero quando o evento hipoteticamente descrito na regra matriz de incidncia tributria for devidamente relatado em linguagem competente para individualiza-lo. dizer, que somente com o lanamento, ato jurdico administrativo, ser possvel o nascimento da obrigao tributrio e do crdito tributrio, afinal somente quando descrito em linguagem competente o lao obrigacional entre administrado e fisco ir nascer, ainda que em momento anterior tenha ocorrido o evento ( a ocorrncia de condutas inter-pessoais no espao fsico factual e que no tem qualquer relevncia para o mundo jurdico caso no seja relatada em linguagem competente), no ter esse acontecimento qualquer relevncia jurdica, pois como se no existisse. Ora, j foi dito neste trabalho, que o lao obrigacional entre Fisco e administrado somente ir nascer quando for devidamente relatado em linguagem competente por agente que seja igualmente competente, afinal a mera ocorrncia de um evento no mundo factual no suficiente para que nasa uma relao jurdica. Por fim, entendemos que a constituio definitiva do crdito tributrio ocorrer com notificao vlida do lanamento, isto , quando o sujeito passivo a obrigao tributria for cientificado da existncia do lao obrigacional com o fisco, bem como da existncia do crdito tributrio, afinal ser neste momento que se aperfeioar o ato administrativo do lanamento. Ora, a notificao do lanamento tributrio nada mais significa do que dar publicidade ao ato jurdico administrativo em questo, que para ser expedido teve que preencher todos os requisitos da regra matriz de incidncia tributria. Importa ainda salientar que nos tributos sujeitos ao procedimento conhecido como lanamento por homologao, a constituio definitiva do crdito tributrio ocorrer com a introduo no sistema, pelo contribuinte, da norma individual e concreta constituindo o crdito tributrio.