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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO


CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS

FELIPE BENVENUTTI BASÍLIO


FELIPE SOUTO MAIOR
RODRIGO LUCIANI FARIA

LINGUÍSTICA HISTÓRICA

TRABALHO ACADÊMICO

CURITIBA
2010
FELIPE BENVENUTTI BASÍLIO
FELIPE SOUTO MAIOR
RODRIGO LUCIANI FARIA

LINGUÍSTICA HISTÓRICA

Trabalho apresentado para avaliação da


disciplina de Lingüística Geral do Curso
de Licenciatura em Letras Português –
Inglês sob orientação da professora
Rossana Finau.

CURITIBA
2010
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DESENVOLVIMENTO

A Linguística Histórica tem como idéia central classificar as línguas do mundo,


tendo por base suas afiliações e a descrição de seu desenvolvimento histórico. Na Europa do
século XIX, por exemplo, a Linguística privilegiava o estudo das línguas indo-européias,
preocupando-se em encontrar raízes comuns e em traçar seu desenvolvimento.
No decorrer do século XIX, desenvolveu-se a Linguística Histórica, quando
especialistas tomaram a consciência de que as línguas mudam com o tempo. O que eles não
sabiam, pelo menos de um modo geral, é que a mudança linguística é unviersal, contínua e, de
modo considerável, pode ser dita regular.
Em relação às idéias de unviersalidade e continuidade, no processo de mudanças
lingüísticas, é importante salientar que todas as línguas vivas estão sujeitas a mutações
temporais e o processo em si não se faz estático. O latim, por exemplo, foi visto como a
língua dos sábios na Europa Ocidental durante séculos. Contudo, veio a ceder seu espaço
gradualmente para línguas românicas como o inglês o alemão e o sueco, devido a fatores
como o Renascimento. No século XIX, ainda que o latim mantivesse seu prestíio perante as
demais línguas, já era quase uma língua morta.
As línguas podem ser agrupadas em famílias pela sua descendência comum de uma
língua-mãe mais antiga. As línguas que podem ser identificadas como provenientes de uma
língua ancestral comum são ditas geneticamente relacionadas. Isso ocorre com as línguas
românicas, por se relacionarem dessa forma ao latim. É importante ficar claro que a
transformação de uma língua em outra não é repentino, mas um processo gradual.
O dito ancestral comum, a estrutura linguística que tem por função entrelaçar as
relações de cunho genético entre determinadas línguas é também chamado de protolíngua.
O fato da família de línguas indo-européias ocupar um lugar especial na linguística
histórica é algo que ilustra com eficiência as questões de relacionamento entre as línguas. A
explicação para o local privilegiado na linguística histórica para esta família seria o fato de
que demasiadas línguas indo-européias tem registros escritos, os quais remontam a centenas
de anos. Ainda que a grande parte das relações existentes no âmbito da família indo-européia
pudessem ser estabelecidas tendo por base as línguas faladas modernas, os detalhes de tais
relações não poderiam ser determinados e o proto-indo-europeu jamais poderia ser
reconstruído ao ponto que foi sem os dados dos textos mais antigos.
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A linguística histórica também salienta a importância da família de línguas indo-


européias, ao poder relatar que foi a reconstrução do proto-indo-europeu e das protolínguas
intermediárias para as subfamílias do indo-europeu (tendo grande relevância a subfamília
germânica), que motivou a metodologia da qual depende a linguística histórica, no ponto em
que a conhecemos.
Contudo, não é possível afirmar com certeza se em algum ponto da história tenha
existido uma única protolíngua, da qual viriam supostamente a ser originadas todas as línguas
humanas. Não existe a possibilidade de relacionar nem mesmo as línguas indo-européias, com
absoluta certeza, a nenhuma das outras famílias de línguas principais estabelecidas até agora.
É provável que todas as línguas remontem, ainda que em um passado bem distante, a uma
única língua ancestral e sejam, assim, tecnicamente membros da mesma família de línguas.
A linguagem é transmitida de uma geração para outra devido a questões biológicas e
culturais. O fato é que podemos ser programados geneticamente para adquirir linguagem, mas
tal idéia de programação genética não se aplica à língua.
O modo padrão para demonstrar a idéia de relacionamento genético entre as línguas
chama-se método comparativo. Este método foi desenvolvido e refinado durante o período
clássico da linguística história: entre 1820 e 1870. O método comparativo tem por base o fato
de que a maioria das palavras relacionadas obviamente através das línguas podem ser
dispostas em uma suposta correspondência sistemática em termos de estrutura morfológica e
fonológica.
A idéia central da correspondência sistemática pode ser muito bem ilustrada pelas
línguas românicas, as quais derivam do latim. Existem vários conjuntos de palavras
obviamente ligadas do latim com algumas línguas românicas, tal como francês, italiano e
espanhol, os quais exemplificam de modo eficaz o princípio da correspondência sistemática.
Tais palavras não são relacionadas apenas quanto à forma mas também ao sentido, como por
exemplo a palavra coisa, no latim se faz “cousa”, no francês “chose”, no italiano “cosa” e no
espanhol “cosa”, ou a palavra cavalo, que no latim se faz como “caballus”, no francês
“cherol”, no italiano “cavallo” e no espanhol “caballo”. Contudo, as palavras podem mudar de
significado com o passar do tempo. Um exemplo interessante disso seria dizer que o termo do
latim para “cavalo” não era “caballus”, o qual tinha por significado “cavalo de carga” e era
usado pejorativamente como “chato” ou “mercenário”. É razoável dizer que “caballus” perdeu
tanto seu significado específico como as conotações pejorativas no latim tardio e tornou-se a
palavra geral e estilisticamente neutra no luar de “equus”. Há margem de discordância sobre a
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natureza de relacionamento entre essas palavras, porém nenhuma delas causa problemas
quanto ao fato de serem semanticamente relacionadas. O método comparativo pressupõe que
cada membro de uma família de línguas relacionadas descenderia diretamente de uma
“protolíngua intocada”.
Evidentemente, com a evolução dos estudos lingüísticos, foram surgindo novas
estrutura de pensamento na questão, como as correntes naturalista e anomalista. É dito
naturalista aquele que acredita ser “natural” a relação entre o significado de uma palavra e sua
forma. É dito anomalista aquele que não nega a existência de regularidades nas palavras, mas
aponta casos irregulares em que não valeriam as razões de analogia.
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REFERÊNCIAS

LYONS, John. Linguagem e Linguística: uma introdução. Editora LTC, 1987.


GOMES, Dioney M. Da Antiguidade ao século XIX: breve histórico dos estudos
lingüísticos. Disponível em <http://slideshare.net/edsonsousajr/historia-dos-estudos-
linguisticos>. Acesso em: 26 abr. 2010.

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