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A CIDADE NA HIS LEWIS MUMFORD es -4 4°) — 2] jen < 4 aa} rs servido como ponto de foco da f ae procure vita para osmosis oe eae de , SACRIFICIO E AGRESSIVIDADE “limites relativamente inocentes que ainda eram visiveis em muitas comunida- “des tribas primitvas, até o século XIX — um esforgo pervertido mas sletivo para obter alguns cativos simbélicos de outra comunidade. Essa pritica foi ‘mal interpretada pelos missionérios ¢ até pelos antropélogos;historiadores ‘urbanos como Henri Pirenne, que tinha como certo que “a guerra é to antiga “quanto a humanidade”, nunca se preocuparam em procurar cuidadosamente “as verdadeiras provas, ou em examinar as bases das sus gatuitasconvicpSes. Gontudo, a primitiva troca de golpes entre homens armados tinha por obje- “tivo fo a morte de ums massa de pessoas em combate, e o assalto ¢ arras- “mento de sua aldeia, mas, pelo contririo, oisolamento de alguns cativos vivos, “destinados a morte cerimonial e a servir eventualmente num banquete canibal, eraem si mesmo, um rito migico-ligioso. || To logo a cidade comegara a exist, com seu aumento coletivo de em todos os setores, toda essa situagdo passou por uma mudanga. Em de ataquese assaltos a procura de vitimas isoladas,passaram a predominar nto em massa e a destruigfo em massa. O que outrora tinha sido um magico para assegura a fertilidadee as colheitas abundantes, um ato ‘para promover uma finaidade raciona, foi transformado na exibi do poder que tinha uma comunidade, sob seu deus irado ¢ seu reisaeer- {e controlar, dominar ou apagar totalmente outra comunidade. Grande dessa agressvidade no era provocada nem moralmente justificada ‘parte do agressor, embora, pela época em que os registros histricos se claros,algum colorido econémico pudesse ser dado & guerra, em razio 3s politcas surgidas sobre disputas de fronteras ou dtetos de 4gua. 48 perdas humanas ¢ econdmices resultantes, nos tempos antigos no do que hoje, estavam fora de toda proporgio com as finalidades tangi- plas quais as guerras eram declaradas. A insttuigSo urbana da guerra “eve, pois, suas raizes na magia de uma sociedade mais primitiva: um sonho qué, 20 tomar-se maior o poder mecinico, se transformou num pess- adulto. Ese trauma infantil continuou existindo, servindo de base a0 ‘desenvolvimento de todas as sociedades subsequentes: ndo menos a nossa © Se fosse necessiria qualquer coisa para tornar plausiveis as origens ‘migicas da guerra, teriamos o fato de que esta, mesmo quando se distingue See ‘econdmicas aparentemente inarredaveis, uniformemente se forma numa fun¢fo religiosa; nada menos que um sacrificio ritual em Como agente central desse sacrificio, o rei tinha, desde os mais remo- prinefpios, uma fungio a desempenhar. Acumular 0 poder, conservar 0 , manifestar 0 poder por deliberados atos de destruiglo assassina — essa 4 ser & constante obsessio da realeza. Ao exibir tal poder, o rei nfo ‘ertar,Pelo proprio ato da guerra, o rei vitorioso demonstrava as possibi- i ‘A CRISTALIZACAO DA CIDADE lidades méximas de controle real ¢ invocava novo apoio divino, pela impos ‘edo da morte em grande escala. Is80, como nos recorda Isnias, foi a desgraga do Egito, da Babilénia e de Tiro. ‘Assim, por um curioso ato de transposiglo de vestuério, uma cerimonia que comegou pela invocagao de uma vida mais abundante veio a se transfor- ‘mar justamente no seu oposto: abriu caminho para o controle militar centrali- zado, 0 assalto sistemiético e 0 parasitarismo econdmico — instituigdes que, todas elas, operavam contra 0s aspectos promotores da vida, da civilizagto urbana, e finalmente vieram trazer a ruina de uma 9p6s outra cidade. Tal coisa era uma ambivaléncia final ¢ uma contradigdo, pois os numerosos ‘ganhos alcangados gragas as mais amplas associagdes e laboriosas cooperagbes da cidade vieram a ser devidamente apagados pela atividade econdmica nega- tiva da guerra. Aquela desordem cfcica ficou encravada na propria constitui- ‘0 da cidade antiga. Mas pelo menos isto hi que se conceder: tfo logo a guerra se tornara ‘uma das razdes da sua existéncia, a propria riqueza e poder da cidade a trans formaram num alvo natural. A presenga de cidades prosperas dava & agressivi dade coletiva um objeto visivel, que jamais tinha sido imaginado antes: a propria cidade, com sua crescente acumulagio de instrumentos ¢ equips: ‘Mentos mectnicos, seus depositos de ouro, prata e jies, amontoados no palicio © no templo, seus celeiros bem abastecidos e seus armazéns; nfo ‘menos, talvez, seu excedente de mulheres. Se a guerra tivera origem em sim. ples grupos assaltantes enviados pela cidade, a existéncia de uma nova casta profissional, @ dos guerreiros armados, pode ter transformado cada vez mais, aqueles assaltos, afastando-os das fontes de matériasprimas para os lugares que possuiam as maiores reservas de produtos acabados. Cidades que a prinef: Pio tinham cobrado tributes de povos primitivos aprendiam agora a fazer presa umas contra as outras, Entrementes, tio logo a guerra se tornara plenamente estabelecida ¢ {nstitucionalizada era natural que se propagasse além dos seus centros urbanos originals. Povos primitivos, outrora de disposigao pacifica ou, quando muito, satisfeitos em expressar sua ansiedade e agresividade por meio do simbolismmo dos sacrificios humanos, passavam a evitar as novas técnicas ea dar uma utili zagdo mais ousada as novas armas, ainda mais prontamente se a invasio, 0 assalto e 0 escravizamento, por meio de expedigdes urbanas, impeliam 0 grupo ‘mais primitivo & vinganga. Como no caso da realeza e da propria cidade, a guerra ganhou difusto mundial, passando a ser praticada por povos que “nada sabiam da tealeza’, como 0s invasores da Acéiia, um século depois de Sargio, Sob a ézide da cidade, a violéncia tornouss assim normalizada e se propagou muito além dos centros onde as grandes cagadas humanas coletivas e orgias sacrificiais foram inicialmente institufdas. Durante a maior parte da Historia, ANSIEDADE, SACRIFICIO E AGRESSIVIDADE 4 escravizagio, 0 trabalho forgado ¢ 3 1 destruiggo tém acompanhado ~ € sain» ie ite tigos — 0 des sivimento da civ Hy ean sore orcs tga oe earaomee Besenvolvimento urbano, ajuntel fragmentos sobreviventes em nimero sufi- esac see dre eon tu en en ger wm pan eign” can cn OL Molo eu compea suo Mtr da pe, Mes Mihrnfoe peitéricos da cultura urbana compensaram so facasn ‘central — feu compromisso com a guerra como lixir do poder soberano ¢ o mais efi- poo a = er oa ce Sow pet an a se +P Sor Se cine Tuma incursio dos chamados némades 1s primitivos, os “*desprovidos”, contra “spacificos”. Nada poderia estar 1s recom nomalnent “Pal et ens i ea, Aina © 0 Cami, nals He +P ‘eooperagio, achavam-se araigados ns festrutura original da cidade antiga. Sem is cada Goes, os excedentss urbanos tentavam os povos mais faces, Fo ‘eidade deve ter parecido uma boa presa para ‘os velozes assltantes Vindos das ese tes peratiam ie conta props cas : A ram ern bres x supa dep ‘cidade mesma ja havia si¢ fap prt una das utes bE ‘guerra organizada. Em tempos poster Keio or res pastor fou a es, ie ons, ‘reclamava iguais poderes. Nao devemos esquecer que, 1a &x de matar também aumentou; € a exibigd dos atributos mais importantes da ‘colénias da Suméria acham-se do ons poem faint tr ntcga ¢ riores, em verdade os nomades podiam, tomar posse de todo um pais. ‘Mas tio logo © ee migo ca cidade er ota cade que, 200 ciate fo gral do pode, 2c yep armado pasou att Um rea eldae, com suas mirlas ortificadas, impunha-se como admirével de fe , seus baluartes € oso, i se com ste ene de ima agressividade sempre ameacadora, que adquiria ‘de suspeita e Sdio vingativo, assim ‘como de nfo-cooperaeo, nas proclama- nares ents hg menos que 528 CSP be dO mee ou memento abu 6 ok ppessoais, mutilando, torturando € Tmatando com suas proprias mos seus * A CRISTALIZACAO DA CIDADE rincipas cativos. De fato, faziam pessoalmente 0 que os paranbi . que os parandicos Geeaticn, como Her, retzavam por melo do ota sponte, Sob ea Ide fang 8 dade urbane loca opus pons igs ca din dade ean anspor: o empl toms, 20 memo tempo opoto ppartida 0 objeto da agdo agressva. Assim, incitados por exorbitantes fantasias rligisas, mimeros cada vez. maiores, com armas cada vez mai (lseain pars oat oo emalioy foram arevtdos aoe areanion tals de guerra. ae [Nese processo, a cidade veio a exereer uma nova fungio: eee toate yearn males cito regular permanentemente mobilzado e mantido em reserva. O simples Podero dee actmulo de homens dev ide uns upeindade sobre as Asa pens, eonmente porous, «servi de incentvo ao moe er , Tanto na drea intema quanto na populagio, Para enfrentar e a eetalesiraictignk potentvege cas pancreas em unidades urbanas maiores, assim como mais tarde os fciosreuniram ppopulagées numa tnica cidade, Megal6polis, a fim a congas or part do edema ee "om a concentragSo na guerra, como supremo “esporte dos ris”, uma porgfo cada vez maior dos novos recursos da cidade, na produgdo industrial, estinowse & manufatura de novas armas, como o carro de guerra da Idade do Bronze ¢ 0 ariete. A propria exsténcia de uma reserva de forga militar, fo Als necosi on arc, frente fetes de vltocia em reservas ent clases dominant, is como temos wo omer mas dun we nossa prépria era, mesmo entre espiritos supostamente racionais,adestra- dos nas ciéncas exatas, Cada cidade pasou a serum foco de insolent pode indfernte iquels meioe himanos de concibalo eIterure que a cdade, com outro espirito, haia promovido. : : Assim, tanto a forma fsica quanto a vida insti f anto a vida institucional da cidade, j ce © ecient toon Tor candi, ex muda lo ‘Pequena, plas finalidades iracionaise magicas da guerra, Dessa fonte brotou ‘© complicado sistema de fortificagdes com muralhas, toredes, baluartes, canals ¢ vala, que continuou caracterizando as principaiscidades hist6ricas, ‘com excepdo de alguns casos especiais — como durante a Pax Romana —, até ‘© sfculo XVII. A estruturafisica da cidade, por sua vez, perpetuou o animo, ‘© jsolamentoe afirmagéo desi mesma que favorecia a nova instituigdo, ant mand, a gue inentvou as pris de aregimentagto, tarizagfo e conformismo compulsério, A guerra colocou a concentragio da ran ssl ¢ do poder aiic ns mos de una mona porador asc ncn por cle ert ue pom pores grado, tinha conhecimentos cientiicos e migicos, secretos porém valiosos. Se a sociedade civlizada ainda nfo superou a guera, assim como superou manifes- _ANSIEDADE, SACRIFICIO E AGRESSIVIDADE 5s tagdes menos respeltiveis de magia primitiva, como’ sacificio de criangas¢ f canibalismo, iso ocorre em parte porque a propria cidade, na sua estrufura {nas suas insttuigdes, continuow dando i guerra, a0 mesmo tempo, forma fdurivel e concreta e um pretexto mégico de existéncia. No fundo de todos os fnelhoramentos técnicos da guerra, achava-se uma crenga irracional, ainda fandarmente enraizada no inconsciente coletivo: apenas pelo sacrificio em grande escala pode ser salva a comunidade. ‘Se guerra nfo tem base suficiente em qualquer pugnacidade ancestral violenta, devemos procurar suas origens em outra direeo bem diferente, Para Tncontrar um paralelo da guerra, devemos ver 0 que se passa no mundo animal SM particularmente nas perverses © fixagdes de uma expécie de sociedade Jnvito mais antiga o termitério ou o formigueiro. Evidentemente,existem, 0 mesmo tempo, combatividade ¢ agressividade com finalidades mortals, no Tnundo animal, entretanto, a primeira ¢ quase exclusivamente sexual, entre OF nachos velhos e jovens, ea dltima resume inteiramente em ofato de uma tspécie fazer presa ov matar o5 membros de outra para ter alimento, Afora as Cenunidades humanas, a guerra 96 existe entre os insetos sociais, que, multo eres do homem urbano, chegaram a fase de uma complexa comunidad, de altamente especializadas. "Até onde podem mostrar as observagbes extemas, certamente nfo se encontra religifo ou sacrificio ritual nessas comunidades de insetos. Mas a8 crimes insttuigdes que acompanharam a ascensfo da cidade acham-se todas fresentes a rigorosadivisio do trabalho, cringto de wns csta mtr espe Fializada, a téenica da destruigfo coletiva acompanhada pela mutilagdo ¢ pela porte, a instituigdo da escravidgo e até, em certasexpécies, a domesticagdo de plants e animais. Mais significatvo do que tudo, as comunidades de insetos {ave apresontam essscaracterstcasexibem a insttuipfo que coniderel como wefural de todo esse desenvolvimento: a instituigdo da realeza. A realeza, 0 Seu equivalents feminino, com a rainha no centro, fol incorporada como um Supremno fato bioldgico nessas socedaes de insetos; de sorte que aquilo que é apenas uma orenga migica, nas antgas cidades —a crenga de que a vide de toda 2 comunidade depende da vida do monarca —, & uma condigdo real em Tnsetépolis. Da saide da rainha dependem a seguranca, a capacidade reprodu- tia e a continuagfo da existéncia da colmeia. Aqui, ¢ apenas aqui, realmente te verifica a existéncia daquela agressividade coletiva organizada por uma orga militar especializada, que se encontra pela primeira ver nas cidades antigas. ‘Ao seguir estas indicagGes do aparecimento da cidade, creio termos deixado a nu os mais tristes acontecimentos da historia urbana, dos quais Ginds nos envergonhamos. Ndo importa quantas ages valiosas a cidade tenha sfetivado, também tem ela servido, através de quase toda a sua hist6ria, de fecipiente de viléncia organizada ¢ transmissora da guerra. As poueas cultu- 56 A CRISTALIZAGAO DA CIDADE pre paebelete phat eetenneten i iat espe ar meas Sokarapater Pode-se mesm« rgument murac Piekightvia tes Ciniareainn tees oes prensa ress, sumentando spits thesia eee ee sno ee smerends spins tsi do tat ea cata, exten, esa: so pio Geo tabhorepeitvo« cmpulno oe pb ae Parte da populagio urbana, sob a escravidao, ° ce ra de uma neurose compulsiva. Assim, a cidade ant “a ix sont, end» wai ne estat sat sopaionis. /munfucter ae exit eons fs ton nde strats al om nore a asmurlhas exes eaham cedolpa newtane dee oe 4, Lei e Ordem Urbana ad 0 mee, ps legen unc aniin Jans pre por compe: contin quan ina de rts a res incent ‘a agressividade; oferecia a mais iberdac . ives pose, e neta npn un tn Stunde compo pe eaenree ao lado da sua agressividade militar e da sua destrui a sn sind ates” do hone ae « malt Yer toteanenertifieds com nus ropes lpn ria Asma Sins eso meano emo, um acto depen eu pero do ute, a Zar, Sno econ Pra ae peg do remoto poder césmico em instituigdes pea inet Su nto de pra eso Go cl puso eed spar o meron pro dt fan ode voto anes do No io, Sa tera cea de Wolo © r, ainda assim, emergido certa mec st a eapoes a Sen ose ng sd, ee sind a concetoe, 6 necesro ener onl tei do pedo otdead, quanio anole tees sae oman fa. Tater mtr maar de tn op 1 como cotter de dma emt oot sc eta periodo em que apenas um punhado de artefat x a Lis fornece material para dedugio ¢ culagio. ena alin sn it por Se ae arm de Bee 0 prs o42 un perodo mult recente, em ponte pare LBL ORDEM URBANA Y livre da inundaglo de idéias mégieas ¢ religiosas que abundavam no fim da dade da Pedra ¢ principio da Idade do Bronze; assim, dé-nos uma narrativa ftamente racionaizada da pasagem da cultura de aldeia para a culture fibana, Os medos, conta-nos o antigo historiador grego, achavam-se entio tistributdos em aldeias. E nesse caso, fo predominante eram a desordem ¢ 8 Violéncia, que Dejoces obteveelevada reputaco entre els, como conselheize, Trereendo a justia com mfo firme. Essa reputagdo fez com que pessoas de Sutras aldeias se apresentassem diante dele para serem julgadas, quando em onflito; e tHo constante era a necessidade de suas fungoes, que decidiram transformd-lo em seu supremo governante. (0 primeiro ato de Dejoces foi construir um patécio em condigdes de abrigar um rei ¢ pedir “yuardas para a seguranga de sua pessoa”. Podese, osticadament, presumir que, nos velos tempos, os prOprios guards press Neram ou acompanharam a edificagio da cidadela © do palicio, ¢ que o pro- prio plico existia, como sede visivel do poder © repasitrio de tributes tes que a funsSo de justiga fosse exercida pelo rei. “Bstando assim investido do poder", Dejoces “compeliu os medos a consruirem uma cidade, e tendo-s ‘euidadosamente adomado, a darem menos ateng#o as outras.” Eu gostaria de chamar atengio para a ultima frase: o deliberado estabelecimento de um fmonopélio econdmico € politico foi um dos requisites inciais do répido Miescimento da cidade. F, como os medos obedeceram a Dejoces naquele fico, cle mandou também construr “murathasaltivas e fortes, uma colocads femeitculo dentro da outta. (, ..) Dejoces ento construiu para s fortficagtes, fo redor de seu proprio palicio; e mandou que o resto do povo fixasse suas huabitagbes ao redor éa fortifcagSo”, Talvez a melhor definigfo dos habitantes ide uina cidade antiga 6 a de que constituem uma populaglo tributéria perma nentemente cativa ‘Note-se que a0 reduzir a distina fisica concentrando a populagfo tna cidade, Dejoces tomou 0 cuidado de aumentar 2 distincia psicol6gics, feolando-se ¢ tomando formidével o acesso a sua pessoa. Esta combinago de oncentragio e mistura, com isolamento e diferenciagSo, 6 uma das marcas Cemcteristices da nova cultura urbana, Do lado positivo, havia a coabitagdo fimistosa, a comunhéo espiritual, 2 ampla comunicagZo © um complexo sis: tema de cooperagio vocacional. Mas, do lado negativo, a cidade introduin a epreragio de classes, a falta de sentimentos afetivos ¢ a insensibiidade, fa dissimulagdo, 0 controle autoritério a violencia extrema. ‘© relate de Herddoto condensa numa tinica existéncia modifiagbes ‘que, provavelmente, se verfiaram em muitos diferentes lugares, sob vires Gondigdes, no decorrer de milhares de anos, pois até mesmo a ascenglo do hefe 2 lideranga puramente local, baseada no dominio das armas, pode ter Sido um procesto lento, Frankfort notou que no sepulturas pré-dindsticas ho Epi a indicar, como indicam timulos postriores, a eminéncia de qual A CRISTALIZAGAO Da CIDADE aro Mircea Eliade, através do templo; enquanto que « muralhe sob pressic tiene ee Coe oie nan cet a po pe Ae mena pt ar gam = tudo, no to lo ~, 4 fe am an none ea or emo ecstatic ng, mi i st nee ni a eae anaes que ele “fundava nomes” — mas, que “punha | : escrinios”. Os escribas que ainda se achavam relativame “ Fa te a eh Sree ute ete ae Tadeo cg mone ee, es os ann ae eae havia cidades, como a dos ‘espartanos, que viviam em aldeias ar ee “LELE ORDEM URBANA # es tinham de permanecer selvagemente alertas ¢ ameagadoras, em armas ~ durante todos os tempos, néo fossem seus servidores escravizados derrubi-las. Uma vez que tais governantes tinham de apoiar seu poder desguamnecido no terrorismo aberto, nas cidades muradas, a propria muralha valia por um exér- ‘ito para controlar os rebeldes, manter os rivais sob vigilincia e bloquear a fuga dos desesperados. Assim, as cidades antigas criaram algo que muito se tasemelha a concentrago de comando que se encontra num navio: seus habi- {antes se achavam “todos no mesmo barco”,¢ aprendiam a confiar no capitiéo ‘ea executar prontamente as suas ordens. Desde 0 principio, entretanto, a lei ¢ a ordem suplementaram a forge bruta, A cidade que tomou forma ao redor da cidadela real constituia una 1éplica do universofabricada pelo homem. Isso abria uma perspectiva atraente: na verdade, um vislumbre do proprio céu. Ser morador da cidade era ter um lugar na verdadeira morada do homem, no proprio grande cosmo, ¢ esta propria escolhe constituiu, em si mesma, um testemunho do geral aumento dos poderes ¢ potencialidades que teve lugar em todas as diregdes. Ao mesmo ‘tempo, morando na cidade, podendo ser visto pelos deuses e pelo seu rei, ppodiam-se realizar as maiores potencilidades da vida. A identificacZo espti- ‘ual e& participagio vicéria tornava fécil obedecer aos imperativos divinos que {Zovernavam a comunidade, por mais insondives, dficeis de compreender ou de intimamente acsitar que pudessem ser. Embora o poder, em todas suas manifestagdes, cbsmicas e humanas, fosse a vigs mestra da nova cidade, tornouse cada vez mais configurado € dirigido pelas novas instituie6es da lei, da ordem ¢ da cortesia socal, Isto se Yerifica claramente, mais uma vez, na hist6ria de Dejoces, que passa por alto 4s primitivas origens religiosas do rei ¢ da cidade. Em dado ponto, o poder e ‘© controle se tomaram brilhantes sob a forma de justia. Com o ajuntamento de pessoas de muitas linguas e costumes diferentes no novo centro, o lento ‘proceso de reconciliago e acomodagio foi apressado pela intervengio real: a obediéncia a um sério comando exterior era, sem divida, preferivel 20 no ‘conformismo rebelde e interminivel dissensio. Mesmo 0s costumes bené- ficos tendem a levar em sua esteira residuos acidentais ¢ irracionais que se ornam tio sagrados quanto os propésitos humanos mais centrais que ‘costume corporifica. Era essa a fraqueza da aldeia. A lei escita, assim como a linguagem escrita, tendia a deixar que se filtrassem para fora esses residuos fe produzia um einone de equidade e justia que apelava para um principio superior: a vontade do rei, que era outro modo de denominar o imperativo divino. A esséncia de direito, como mostrou o cientista Wilhelm Ostwald hé meio século, € o “‘comportamento previsivl”, que a sociedade torna possivel por meio de regras uniformes, critérios uniformes de julgamento, penalidades luniformes para a desobediéncia. Essas uniformidades mais amplas surgiram com a cidade, transcendendo a mil diferengas locaisinsinificantes. ‘A CRISTALIZAGAO DA CIDADE crescimento da consciéneia propria, na cidade, gragas ao embate dos costumes de aldeia © das diferengas regionais, produziu 0 comego da morali- dade reflexiva; isto porque 0 proprio governante egipcio era obrigado, numa data muito anterior, a explicar sua propria conduta perante os deuses e provar ue evitava 0 mal e promovia o bem. Quando & propria sociedade se tornou ‘mais secularizada, gragas & crescente pressio do comércio da indistria, 0 papel desempenhado pela cidade como sede do direitoe da justga, da razao e da eqiidade, suplementou aquele papel que ela desempenhava como represen- tacio religiosa do cosmo, Para apelar contra 0 costume irracional ou a violén- cia sem lei, devemos procurar protego do tribunal de direito na cidade. ‘Ao colocar 0 poder, em certa medida, a servigo da justiga, a cidade, fugindo do tedioso reino arcaico da aldeia, mais prontamente introduziu a lordem nos seus assuntos interns: todavia, deixou um deserto desguardado e sem Jei na drea entre as cidades, onde nenhum deus local podia exercer 0 ppoder ou impor sua jurisdi¢0 moral sem colidir com outro deus. E, a medida que aumentavam as frustragdes interiores, as agressSes exteriores tendiam a se multiplicar: 0 énimo contra 0 opressor local passava a ser proveitosamente voltado contra 0 inimigo externo. 5. Da Protegdo a Destruigao Constituindo, em parte, uma manifestagdo de ansiedade e agressividade inten- sificada, a cidade murada substituiu uma imagem mais antiga de tranquilidade rural ¢ de paz. Os antigos bardos sumerianos remontavam a uma idade de ouro pré-urbana, em que “no havia cobras, nem escorpides, nem hienas, nem leGes, nem cfes selvagens, nem lobos”: em que “no havia medo nem temor; 0 ‘homem nao tinha rival”. Evidentemente, nunca existiu aquela 6poca mitol6- gica e, sem divida, os proprios sumerianos tinham certa consciéncia desse fato. Contudo, os animais venenosos e perigosos, cuja presenca despertava set ‘medo, haviam, com o desenvolvimento do sacrificio humano e da guerra sem restrigdes, assumido uma nova forma: simbolizavam as realidades do antago- rnismo e da inimizade humana. No ato de expandir todos os seus poderes, 0 hhomem civilizado dera a essas criaturas selvagens um lugar gigantesco em sua propria constituigao. Desarmado, exposto, nu, o homem primitivo tinha sido suficientemente esperto para dominar todos os seus rivais naturais. Entretanto, agora, criara afinal um ser cuja presenga repetidamente levaria 0 terror a sua alma: 0 Inimigo Humano, seu outro eu e correspondente, possuido por outro deus, congregado em outra cidade, capaz de atacé-lo, assim como Ur foi atacada sem provocago. Aquela mesma implosio que aumentara os poderes do deus, do rei e da [pmore¢A0 A DESTRUICAO sg estado de mantivera ‘as complenasforga da comunidade num eu tm sans coletas¢ expand os pore ite destrigfo. Nio constivutam os proprios podees coletivos do homem sGeaado, jf zumentados, algo como na afronta 20s deues, qu 3 s ex iam pacifcar destruindo completzmente as pretenses e presung6es dos dew arrivals? Quem eraoinimgo? Alguém que adorava outo deus: qu proc Mivs puaar os poderes do et ow resist sua vontade. Asin, a sibs ca re complexa dentro da cidade ¢ de seu dominio agricola vzinho era Gn anbstengada por uma rlajo destuidora epredatéria com todo 0 pss seis asia, & medida que as ativiades da cidade se tornavam mas asio- ra penigns dentro dela, pasaram a ser, quae no mesmo rau, mas ira Alois emagns nar mas wages exes. stow ee sada oe com dos mores que sucederam cidade. Pe ep at “dades nto sinplesmente de criago,porém, ainda mas, de plage, destruk PRterminio. "Na realdade ~ como delarou Pato nas Let vodas a5 He52 tkan num ead acral de gure wns com as ots” Seas Teaduzem um simples fato 6a obsera5S0. Assim, a5 reyes oF Pi do pote, que acompantavam os grandes avangs ténicose cultura solaparam e muitas vezes anularam os grande eon ade, te moc propria era, Ser4 meramente por acaso que as mais antigas pss er gun pers cips précis, tata destruigo? : ot te wana gos disperse lin em pert comunidades urbana, capaes de mantr um nfercurso mals amp € de con tr entrar cde prt ola asi 4 ume a fladiadores contra uma morte ou : Se ogi nae Tiina, qe corona ozguate, ecordara um antigo clto de fertiidade,dedk ato d cida, oF novos mitos eram principalmente a expressfo incan Ghost, de lu, de pesto, de poder sm reser: os pores das teva coats os poderes da luz, Seth contra seu inimigo Osiis, Marduk contr, pean re os astecas, as propriasestelas eram agrupadas em exéci hosts do Ocidentee do Oriente oa coopers da ala continusem mt a ofiins ¢ no campo, £1 pecbamente nas nova fungoes dx cade qe o Most eo bastzo ~ polidaentsapelidado de ctr ~ se fieram sent, Com Bre. oeultvador de alia aprendia muita manhas ¢ trues para resist Is coutgieseengtneas dosages goverumenia at mesmo ts avr ttrapider mutay vezes era um método de “no ouvir” ox s Stepuata a obedeer. Mas aqusles que eram apanhados dentro da cidade thakunrpoucasalterativas sendo obedeeer, quer fossem abertamente ve A CRISTALIZAGAO DA CIDADE ados, quer mais suilmente cativados. Para preservar seu respeito proprio, em meio a todas as novas imporigSes das classes dominantes, 0 sidito urbano, info sendo ainda um cidadio de pleno direito,identficava seus prépris inte. esses com of de seus senhores. A melhor coisa que se pode fazer, quando no ‘ possivel opor-se a um conquistador, é formar ao seu lado e ter possbilidades de reeeber uma parte da possivel press. ‘A cidade, quase desde seus primeiros momentos, a despeito de sua aparéncia de protegdo e seguranga, trouxe consigo a expectativa nfo apenas de ataques exteriores, mas, igualmente, da intensificagdo da luta interior: mil equenas guetras eram travadas no mercado, nos tribunals, no certame de dancas ow na arena, Herédoto foi testemunha ocular de uma sangrenta luta ‘tual com bastdes, entre as foreas da Luz e das Trevas, realizada dentro do recinto de um templo egipcio. Exercer o poder sob todas as formas constituia 8 esséncia da civiizagdo: a cidade encontrou uma vintena de mancinas de expressar a luta, a agressividade, o dominio, a conquista — ¢ a servidgo. Serd de admirar que © homem de antigamente remontasse a0 periodo anterior & cidade como a Idade do Ouro, ou que, como Hesfodo, considerasse cada ‘melhoramento da metalurgiae das armas como uma forma de pioar as pers Pectivas de vida, de sorte que o mais mesquinho estado humano foste justa, Imente aquele da Idade do Ferro? (Nao podia ele antecipar o quanto as preci sas técnieas cientifieas de exterminio total, por meio de agentes nucleates ou bacteriol6gicos, haveriam de degradar mais ainda o homem,) Ota, todos of fendmencs orginicos tém limites de crescimento ¢ expan- So fixados pela sua propria necessidade de continuarem sendo sustentados ¢ Airigidos por si mesmos: 36 podem crescer as expensas de seus vizinhos, per endo justamente as faeilidades que as atividades de seus vizinhos emprestem 4 sua propria vida. As pequenas comunidades primitivas aceitavam essas limi. {agbes e esse equilfbrio dindmico, assim como as apresentam as comunidades eeol6gicas natura, ‘As comunidades urbanas, concentradas na nova expanséo do poder, Puseram a perder esse senso de limites: o culto do poder exultava com sua PrOpria dimitada exibisfo; oferecia as delicias de um jogo desempenhade ‘Belo proprio jogo, bem como as recompensas do trabalho sem a necessidade ds labuta cotidiana, pela tomada coletiva, a forga, e pela escravizagao em larga escala, O oéu era o limite. Temos a prova dessesibito sentido de exalts, ‘40 nas crescentes dimensbes das grandes pirimides, assim como temos a sua Fepresentago mitolégica na hist6ria da ambiciosa torre de Babel, embora esta fosse vencida por uma impossibilidade de comunicagdo que uma exage ada ampliagfo do terrt6rio lingoistico e da cultura pode, por sua vez, ter repetidamente provocado, Aquele ciclo de indefinida expansio da cidade até se tomar império & fécil de acompanhar. A medida que crescia a populagdo da cidade, era neces- ‘DA PROTECAO A DESTRUICAO “3 sro quer extender a tea de mediataproduso de aliments, quer ampli: as linhas de suprimento, ¢ buscar apoio pela cooperago, pela troca, pelo comér- 0 ou pelos tributs forgads, pela expropriagtoe pelo exterminio, em outa onmuniade,Predfo ou smbiwe? Conquista ou coopera? Um mito cue ‘base € 0 poder conhece apenas uma resposta. Assim, 0 proprio triunfo ivilizagdo urbana sancionou os belicosos habitos e exigéncias que continuads- ‘mente a solaparam ¢ anularam seus beneficios. © que comegara como uma _goticula urbana contida em si mesma tornava-se por forga inflado, até ganhar as dimens6es da iridescente bolha de sabgo de um império, imponente nas ia diners, port fig em propose wo sox temsaho, No tendo ums {coeso interior, as capitais mais belicosas eram obrigadas, sob presso, a con ‘var a técnica da expansio, ndo fosse o poder reverter de novo i aldeia © 208, | centros urbanos autinomos, onde havia florescido inicialmente, Tal retro- _ ee880 de fato ocorreu durante o interregno feudal egipcio. mas cooperstiia Se interpreto cometamente as provasexistntes, a formas coope Mb pottcaurbens foram volapadas ¢ vias dade 0 principio pelos moe ‘estruidores ¢ orientados para a morte que cercaram e, talvez, em oe Incentivaram a cxorbitante expanso do poder fisico ¢ da habilidade ‘Wigics. A simbiose urbana coletiva foi repetidamente substitulda por uma “simbiose negativa, igualmente complexa. To conscientes eram os gover ‘Mantes da Idade do Bronze desses desastrosos resultados negativos que, muitas “Eu pus eo ter rom 0 iz com que o8 povos repousasiem em habtagbes Ba kl a tees ein Goi ou x weet CO, haviam saido esas palaveas de sua boca o ciclo de expansfo, exploragfo ‘estrugfo comesou de novo, De acordo com as condigdes favoritas pedidas deuses e res, nenhuma cidade poderia asegurar sua prépriaexpansfo a er aruinando e destruindo outrascidads. clos invenglo coltiva da civiizago, a cidade, supe: ee ee a teas ke roles aaa 0 reciplente de forgas internas demolidors,dirigdas no wentido estrigdo © do exterminioinoessante, Em conseqhéncia desta heranga ate arragada, a propria sobrevivéncia da civlizago, ou mesmo qualquer porgo grande ¢ nfio mutilada da raga humana, acha-se agora em ~e pode por muito tempo permanecer em divid,sejam quas possum ts acomodagaes tempordras, Cada civilizagdo histérica, como hd muito ‘mortrou Patrick Geddes, comega com um nticleo urbano vivo, a pals, ‘nur cemitériocomum de cinzas ¢ oss, uma Necrépolis, ou cidade /mortos:ruinas chamuscadas pelo fogo,edificis aludos, oficinas vazias, tisha “ A CRISTALIZACAO DA CIDADE ‘montdes de lixo sem significagdo, a populagto massacrada ou conduzida & escraviddo. “E ele tomou a cidade ~ lemos nos Juizes ~;¢ matou as pessoas dali; ¢ destruiu a cidade e a servi de sal.” O terror dese episodio final, com sua fia rmiséria e seu descolorido desespero, 60 ponto culminante para 6 qual aponta a Miada; mas, muito antes disso, como provou Heinrich Schliemann, sis outras cidades foram destrufdas; e muito antes da Mada, encontra-se um lamento, igualmente amargurado ¢ sentido, por aquela maravlha entre as antiges cidades, a propria Ur, um gemido pronunciado pela deusa da cidade: “Em verdade todas as minhas aves e criaturas aladas voaram ‘para longe ‘Aide mim! Por minha cidade’ ~ eu drei. ‘Minhas flkas ¢ meus filhos foram levados embora ‘Aide mim! Por meus homens’ — dire. ‘Oh minha cidade que ndo mais existe, minha (cidade ‘atacada sem causa, “Oh minha (cidade) atacada e destruida!""X*) Finalmente, consideremos a inscrigfo de Senaqueribe, sobre « aniquila ‘edo total da BabilOnia: “A cidade e [suas] casas, desde seus alicerces até © alto, ou dectrui, devastei, queimei com fogo; o muro ¢ « muratha exterior, templos ¢ deuses, torres de templos de tijolos de terra, tantas quantas exis- tiam, arrasei ¢ atitei no canal de Arakhtu. Pelo meio daquela cidade, abri ccanais, inundei seu sitio com dgua e os prOprios fundamentos da cidade eu destruj, Tomei essa destruigo mais completa do que por uma inundagio”. Tanto 0 ato quanto a moral anteciparam as ferozes extravagincias de nossa propria Idade Nuclear; Senaqueribe carecia apenas da nossa répida destreza cientifica e da nossa maciga hipocrisi, quando disfargamos as nossas inten- es até de nds préprios, Todavia, repetidas vezes, as Forgas postivas da cooperagio e da comu- ‘nhdo sentimental tém levado os povos de volta aos devastados cicos urbanos, “para reparar as cidades arrasadas, desolacdo de muitas gerages”. Ironica. ‘mente ~ ainda que consoladoramente —, as cidades tém repetidamente sobre- vivido aos impérios militares que aparentemente as destruiram para sempre. Damasco, Bagdé, Jerusalém, Atenas erguem+se nos sitios que originariamente ‘ocuparam, ainda vivas, embora poucomais do que fragmentos dos seus antigos alicerces permanogam vistveis. Os erOnicos descaminhos da vida na cidade poderiam perfeitamente ter (2) A menos que assnalado de outa mancira, essa © outeas citagBes dos textos resopotimicos ou epipcios sfo tiadas de Ancient Near Eastern Texts, publicados por James E, Pritchar (Princeton University Pres). (N. do A.) 65 oTBEAO A DESTRUICAO spl Llano oa See renee rae ‘nico fato: o constante recrutamento de nova vida, saudavel e no sofisti- ‘em regides rurais cheias de crua forga muscular, ‘vitalidade sexual, zelo er era ee eters Sener nt eae ee come oes See ene eee Seer tetra aon aime desaparecerd. E esse um perigo que a espécie humana tem ainda de a

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