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SUSEPE Concurso 2017
SUSEPE Concurso 2017
• Agente Penitenciário
• Agente Penitenciário Administrativo
Volume I
Edital de Abertura nº 01/2017
Edital de Abertura nº 02/2017
JN061-a-2017
LÍNGUA PORTUGUESA
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conceitos básicos de raciocínio lógico: sentenças abertas; proposições simples e compostas; conectivos (conjunção,
disjunção, disjunção exclusiva, condicional e bicondicional); negações; número de linhas de uma tabela-verdade; valores
lógicos das proposições e construção de tabelas-verdade; Equivalências lógicas; tautologia; contradição; contingência;
Operações lógicas sobre sentenças abertas; quantificadores lógicos e suas negações; Lógica de argumentação...............01
Didatismo e Conhecimento
Índice
Operações entre números reais (adição, subtração, multiplicação e divisão).................................................................22
Teoria dos conjuntos: operações entre conjuntos e Diagrama de Venn...........................................................................26
Regra de três simples (direta e inversa) e composta..........................................................................................................32
Porcentagem..........................................................................................................................................................................36
Sistema monetário brasileiro...............................................................................................................................................40
Sistema de medidas: comprimento, capacidade, superfície, massa e tempo (unidades e transformações de unidades).
.......................................................................................................................................................................................................42
Equações e sistema de equações do primeiro grau............................................................................................................47
Matemática Financeira: Juros simples e compostos; Taxas proporcionais e equivalentes............................................52
Estatística: Interpretação de dados (gráficos e tabelas); cálculo de medidas de tendência central: média, mediana e
moda..............................................................................................................................................................................................70
Análise Combinatória e Probabilidade. Aplicação dos conteúdos acima listados em resolução de problemas...........84
INFORMÁTICA
CONHECIMENTOS GERAIS
Didatismo e Conhecimento
SAC
Atenção
SAC
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação – na semântica (significado das palavras) in-
ANÁLISE GLOBAL DO TEXTO. LEITURA, cluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sino-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO nímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
DE TEXTO. - Capacidade de observação e de síntese e
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: - Capacidade de raciocínio.
VARIEDADE DE TEXTOS
E ADEQUAÇÃO DE LINGUAGEM. Interpretar X compreender
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO
E DOS PARÁGRAFOS. Interpretar significa
INFORMAÇÕES LITERAIS - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
E INFERÊNCIAS. - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a
preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui al- Compreender significa
guns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es-
questões relacionadas a textos. crito.
- o texto diz que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas en- - é sugerido pelo autor que...
tre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ). - o narrador afirma...
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, mais.
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio-
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de
na palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
realidade, opinando a respeito. uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.
em um só parágrafo. OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras. e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu
Condições básicas para interpretar antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de
Fazem-se necessários: adequação ao antecedente.
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literá- Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação
rios, estrutura do texto), leitura e prática; de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen-
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) do, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo
e semântico; adequado a cada circunstância, a saber:
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas imperador. [...] Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
depende das condições da frase. século 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tônicas
- qual (neutro) idem ao anterior. para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom e leites
- quem (pessoa) para Nelson, recebeu gordas gorjetas de Orson Welles e autógrafos
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o ob- de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol com Roberto Carlos e ouve
jeto possuído. conselhos de João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi,
- como (modo) seu orgulho permanece intacto.
- onde (lugar) Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e sem
quando (tempo) poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achando que o
quanto (montante) jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal, capaz de abrir
todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema
Exemplo: preencherá o vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes
Falou tudo QUANTO queria (correto) de conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do banheiro,
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apa- e ali esquecê-lo para todo o sempre.
recer o demonstrativo O ). Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, de-
pois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a Gua-
Dicas para melhorar a interpretação de textos nabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade é tão
mais organizada: “Ô, companheirô, faz meia hora que eu cheguei,
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; dava pra ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a lei- Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca
tura; não está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para home-
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo nageá-lo.
menos duas vezes; (Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha de
- Inferir; S.Paulo, 06.02.2013)
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; (*) Um tipo de coreografia, de dança.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor com- 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
preensão;
Assinale a alternativa contendo passagem em que o autor simula
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada ques-
dialogar com o leitor.
tão;
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
plebeia.
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
Fonte:
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/ (D) Sim, meu caro paulista...
como-interpretar-textos (E) Ah, paulishhhhta otááário...
QUESTÕES Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós, leitores.
RESPOSTA: “D”.
(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões de números O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular
1 e 2. os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e rainhas
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux” (*): do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a
sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, asso- (A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido
via, agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede, não literal.
marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada (B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não li-
atenção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parcei- teral.
rô?!”; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre. (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o paulis- em sentido não literal.
ta é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já estereotipan- (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência
do: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das em sentido literal.
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode (E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
ele entender que o fato de estar pagando não garantirá a atenção
do garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido e cria- Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do sécu-
do na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender o lo 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”.
discreto charme da aristocracia? Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte,
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um literalmente.
nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da cara-
pinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, saudades do RESPOSTA: “B”.
Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto para a questão 3: (D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais sim-
ples do cotidiano vividos com a pessoa amada.
DA DISCRIÇÃO (E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para
Mário Quintana limpar, abrir e salgar o peixe.
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem. Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora nar-
E o amigo do teu amigo ra um momento simples, mas que é prazeroso ao casal.
Possui amigos também... RESPOSTA: “D”.
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
5-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
3-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE CO- FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão,
MUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o considere o texto abaixo.
poema, é correto afirmar que
(A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo A marca da solidão
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa-
ruim.
ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa
(B) amigo que não guarda segredos não merece respeito.
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra
(C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
na tarde quente.
(D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado. Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de
(E) entre amigos, não devem existir segredos. cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos
Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informação con- bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver
tida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser arris- para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o
cado. mundo cabe numa fresta.
RESPOSTA: “D”. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro:
Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
4-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo reduzi-
SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENI- do no qual o menino detém sua atenção é
TENCIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à (A) fresta.
questão. (B) marca.
Casamento (C) alma.
(D) solidão.
Há mulheres que dizem: (E) penumbra.
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes. Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, numa fresta.
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. RESPOSTA: “A”.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram, 6-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
ele fala coisas como “este foi difícil” PE/2012)
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a tota-
lidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção de
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende
atravessa a cozinha como um rio profundo.
a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira,
Por fim, os peixes na travessa,
o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma
vamos dormir. espécie de segunda revelação do mundo.
Coisas prateadas espocam: Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re-
somos noivo e noiva. nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec,
(Adélia Prado, Poesia Reunida) 1987, p. 73 (com adaptações).
A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não gos- riso”.
tam que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil lim- (...) CERTO ( ) ERRADO
par os peixes.
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele
não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O
cotovelos na cozinha. pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas
com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes. RESPOSTA: “CERTO”.
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- — Mas por que não está escrito nada?
PE/2010) — Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma expli- ções).
cação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de
energia no final de 2009. O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica decorre
(ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Fur- A) da identificação numérica atribuída ao louco.
nas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no
separam Itaipu de São Paulo. hospício.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investi- C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
mentos e também erros operacionais conspiraram para produzir a D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
do país desde o traumático racionamento de 2001.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece
no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto brigamos e não estamos nos falando”.
acima apresentado, julgue os próximos itens. RESPOSTA: “D”.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 esta- 10-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
dos do país” tem, nesse contexto, valor restritivo. Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
(...) CERTO ( ) ERRADO — Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos — O senhor tem hora?
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portan- O sujeito olha para o relógio e diz:
to, trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva). — Sim. São duas e meia.
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa — Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria: — O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados o aluguel do consultório...
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
delimita a informação – como no caso do exercício). ções).
RESPOSTA: “CERTO’.
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao ho-
8-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- mem para saber se ele
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura, A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do
com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São dr. Pedro.
Paulo.” B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento
Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua do aluguel.
estrutura sintática, houve supressão da expressão C) tem relógio e sabe esperar.
a) vigilantes. D) marcou consulta e está calmo.
b) carga. E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do
c) viatura. dr. Pedro.
d) foi.
e) desviada. “O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o se-
nhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou horário
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abando- e se é paciente do Dr. Pedro.
nada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se da figura RESPOSTA: “E”.
de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que consis-
te na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente da (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). No DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Aten-
enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de que a ção: As questões de números 11 a 14 referem-se ao texto abaixo.
viatura foi abandonada. Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos
RESPOSTA: “D”. e realizações de grandes personagens da história e da vida so-
cial ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: grandes líderes, capazes de influenciar outras e, assim, obter e
— Carta para o 9.326!!! manter o poder.
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria
branco, e um outro pergunta: das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver con-
— Quem te mandou essa carta? sideravelmente as suas capacidades de liderança.
— Minha irmã.
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na
aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, formam valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo
uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas habili- comum.
dades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das experiên- RESPOSTA: “A”.
cias da vida, quanto da formação voltada para essa finalidade.
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve 13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da
atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe No contexto, inter-relação significa
proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o com- (A) o respeito que os membros de uma equipe devem demons-
portamento influenciado por um escritor ou por um líder religioso trar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem em
que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...] benefício de todo o grupo.
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do po- (B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um grupo
der de influência do líder, implica dizer que parte desse poder en- devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela organi-
contra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta zação a que prestam serviço.
a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança. (C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe,
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que exis- de modo que os mais capacitados colaborem com os de menor
te nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que capacidade.
se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...] (D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos.
Gestão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administra-
ção pública do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que
e Maria Cristina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a
Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações) criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de
respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”.
11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI- RESPOSTA: “D”.
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o
texto, liderança
14-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe
desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu
proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo)
ambiente de trabalho.
A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis da
(A) a presença física de um líder natural é fundamental para
história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se torna-
ram poderosos através deles. que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que cons- atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diver-
tituem a equipe de trabalho. sos.
(D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos (C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses houver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia
grupos em torno de seus objetivos pessoais. e aquele que é influenciado.
(D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e pos-
Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à con- tas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia.
clusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en-
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendi-
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem zado da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância
a interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é
RESPOSTA: “C”. influenciado.
RESPOSTA: “C”.
12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa 15-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
claro que FGV PROJETOS/2010)
(A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o Painel do leitor (Carta do leitor)
grupo em torno da realização de um objetivo comum. Resgate no Chile
(B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização, Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de sal-
pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo. vamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de uma
(C) pode não haver condições de liderança em algumas equi- mina de cobre e ouro no Chile.
pes, caso não se estabeleçam atividades específicas para cada um Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso,
de seus membros. mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus
(D) a liderança é um dom que independe da participação dos companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica
componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho. e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
à equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que só 17-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
enobrece esses países. E, também, dos dois médicos e dois “socor- LHO – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
ristas” que, demonstrando coragem e desprendimento, desceram na que, assim como seus amigos, a autora viaja para
mina para ajudar no salvamento. (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do (B) escapar do lugar em que está.
leitor – 17/10/2010) (C) reencontrar familiares queridos.
(D) praticar esportes radicais.
Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões de- (E) dedicar-se ao trabalho.
monstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por ele Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos trechos a se- própria autora!
guir, EXCETO: RESPOSTA: “B”.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de 18-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à
cobre e ouro no Chile.”
beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
(último parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
(A) repulsivo e populoso.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
mina...” (B) sombrio e desabitado.
Em todas as alternativas há expressões que representam a opinião (C) comercial e movimentado.
do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se pode esquecer (D) bucólico e sossegado.
/ gesto humanitário que só enobrece / demonstrando coragem e des- (E) opressivo e agitado.
prendimento.
RESPOSTA: “B”. Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
RESPOSTA: “D”.
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às ques- (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
tões de números 16 a 18. PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
Férias na Ilha do Nanja
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas nos
seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensando nas
suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras* – sem falar em ban-
didos, milhões de bandidos entre as fissuras, as pedras soltas e as bar-
reiras...
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto tra-
balho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim, cansados,
cansados de serem obrigados a viver numa grande cidade, isto que já
está sendo a negação da própria vida.
E eu vou para a Ilha do Nanja.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as férias (Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto
lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um Alegre: L&PM, 1976. p. 95.)
bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo os pescadores
com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a namorar um moço
A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista mi-
na outra janela de outra ilha.
neiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar que o tema
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado)
apresentado é
*fissuras: fendas, rachaduras (A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
(B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – (C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas.
VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a maneira como (D) a massificação do pensamento na sociedade moderna.
se preparam para suas férias, a autora mostra que seus amigos estão
(A) serenos. Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta ob-
(B) descuidados. servar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”.
(C) apreensivos. RESPOSTA: “A”.
(D) indiferentes.
(E) relaxados. 20-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E o Bra-
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras – sil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide opiniões e
sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as pe- gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais justo? O que
dras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente, fazer para desafogar a cidade de tantos carros? Prepare-se para o
deixa-os apreensivos. debate que está apenas começando.
RESPOSTA: “C”. (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio urbano; Tipologia Textual
marque S(sim) para os argumentos a favor do pedágio urbano.
( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o transporte A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam
público e estender as ciclovias. eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do discurso,
( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cidades, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está sendo trans-
que não resolveu os problemas do trânsito. mitido entre os interlocutores. Esses interlocutores são as peças
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mundo vai ter principais em um diálogo ou em um texto escrito, pois nunca escre-
que pensar bem antes de comprar um carro. vemos para nós mesmos, nem mesmo falamos sozinhos.
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacionamento, É de fundamental importância sabermos classificar os textos
revisão....e agora mais o pedágio? com os quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso,
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é investido precisamos saber que existem tipos textuais e gêneros textuais.
no transporte público. Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato pre-
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pague pelo senciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre de-
privilégio! terminado assunto, ou descrevemos algum lugar que visitamos, ou
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio urbano fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhe-
melhorou. cer ou ver. É exatamente nessas situações corriqueiras que classi-
A ordem obtida é: ficamos os nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N) Descrição e Dissertação.
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S)
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S) As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspectos de or-
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N) dem linguística
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)
- Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação demar-
(S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o transporte cados no tempo do universo narrado, como também de advérbios,
público e estender as ciclovias. como é o caso de antes, agora, depois, entre outros:
(N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cidades,
Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois de mui-
que não resolveu os problemas do trânsito.
ta conversa, resolveram...
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mundo vai
ter que pensar bem antes de comprar um carro.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica, descrevem
(N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacionamen-
características tanto físicas quanto psicológicas acerca de um deter-
to, revisão....e agora mais o pedágio?
minado indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarca-
(N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é investi-
do no transporte público. dos no presente ou no pretérito imperfeito:
(S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pague pelo “Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...”
privilégio!
(S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio urbano - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um assunto
melhorou. ou uma determinada situação que se almeje desenvolvê-la, enfati-
S - N - S - N - N - S - S zando acerca das razões de ela acontecer, como em:
RESPOSTA: “B”. O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro,
portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.
21-) (ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012 - ADAPTADA) - Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma modalida-
A demanda por transporte aéreo doméstico de passageiros de na qual as ações são prescritas de forma sequencial, utilizando-se
cresceu 7,65% em setembro deste ano em relação ao mês de se- de verbos expressos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente.
tembro de 2011. Trata-se do maior nível de demanda para o mês de Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar
setembro desde o início da série de medições, em 2000. De janeiro uma massa homogênea.
a setembro de 2012, a demanda acumulada apresentou crescimen-
to de 7,30% e a oferta ampliou-se em 5,52% em relação ao mesmo - Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se pelo
período de 2011. Entretanto, a oferta (assentos-quilômetros ofe- predomínio de operadores argumentativos, revelados por uma car-
recidos – ASK), no mês de setembro, apresentou queda de 2,13%, ga ideológica constituída de argumentos e contra-argumentos que
após oito anos consecutivos de crescimento, sendo essa a primeira justificam a posição assumida acerca de um determinado assunto.
redução de oferta para o mês de setembro desde 2003. (...) A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais para
O pronome “essa” está empregado em referência à informa- conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que significa que
ção “queda de 2,13%”. os gêneros estão em complementação, não em disputa.
(...) CERTO ( ) ERRADO
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferen-
Novamente, recorramos ao texto: “no mês de setembro, apre- te, pois se conceituam como gêneros textuais as diversas situações
sentou queda de 2,13%, após oito anos consecutivos de crescimen- sociocomunicativas que participam da nossa vida em sociedade.
to, sendo essa a primeira redução de oferta para o mês de setembro Como exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma re-
desde 2003” = retoma o termo “queda de 2,13%. portagem, uma monografia, um poema, um editorial, e assim por
RESPOSTA: “CERTO”. diante.
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Adequação Conceitual - Substitutos universais, como os verbos vicários (verbos que
substituem um outro empregado anteriormente). Ex.: Necessito
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos meca- viajar, porém só o farei no ano vindouro.
nismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que é dito,
ou lido. Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conec- A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos,
tividade e retomada do que foi escrito ou dito, são os referentes como certos pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais,
textuais, que buscam garantir a coesão textual para que haja coe- conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quando, ao
rência, não só entre os elementos que compõem a oração, como remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
também entre a sequência de orações dentro do texto. identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessi-
Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implí- tar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido
cito, baseado em conhecimentos anteriores que os participantes do e, assim, estabelece a relação entre as duas orações.).
processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de
sigla, que para o público a quem se dirige deveria ser de conheci- fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso.
mento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis. Exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária - sua característica: são elementos que não significam, apenas indi-
composta de termos e expressões - que une os diversos elementos cam, remetem aos componentes da situação comunicativa.
do texto e busca estabelecer relações de sentido entre eles. Dessa Já os componentes concentram em si a significação. Elisa
forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais Guimarães ensina-nos a esse respeito:
(repetição, substituição, associação), sejam gramaticais (emprego “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os
de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos,
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios
coerência textual. de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indi-
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta car simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este,
de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemen-
do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na organização
te, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos
no próximo ano, depois de (futuro).”
gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade
Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que haja sen-
formal.
tido no texto, esse é o papel da coerência, e coerência relaciona--se
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado não
intimamente a contexto.
se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se
organizam segundo princípios gerais de dependência e indepen-
dência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e A seleção vocabular
rítmicas que sedimentam estes princípios”. Na produção de texto, a seleção vocabular também é impor-
Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos tante elemento de coesão, já que, muitas vezes, substituímos uma
desconexos – é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que palavra que já empregamos por outra que lhe retoma o sentido.
essas frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Observe:
Além disso, relembre-se de que, por coesão, entende-se liga- Os advogados do réu apresentaram um pedido ao juiz, no
ção, relação, nexo entre os elementos que compõem a estrutura entanto o magistrado não acatou a solicitação dos patronos do
textual. acusado.
Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elemen- Nessa frase, as palavras magistrado, solicitação, patronos e
tos de uma frase ou de um texto: acusado funcionam como elementos de coesão, pois retomam, res-
pectivamente, os termos juiz, pedido, advogados e réu. Veja que a
- Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de seleção vocabular utilizada na frase acima, além de dar coesão ao
palavras ou expressões do mesmo campo associativo. texto, tem função estilística, pois permite que não se repitam as
- Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o mesmas palavras.
substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar / desgaste /
desgastante). Os mecanismos de combinação e seleção – a coerência e ar-
- Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como ticulação de sentidos
recurso estilístico de intenção articulatória, e não uma redundância
- resultado da pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande no Como você já deve ter percebido, escrever não é só colocar as
pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortú- ideias no papel. Até porque essas ideias não surgem do nada. Elas
nio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima) fazem parte do processo de comunicação de que participamos e de
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na todas as informações que nos chegam, através de trocas de expe-
maior especificidade do significado de um deles. Por exemplo, riências com seus interlocutores e muita, muita leitura.
mesa (mais específico) e móvel (mais genérico). Veja a manchete de um jornal de grande circulação nacional
- Emprego de hiperônimos - relações de um termo de sentido que publicou o seguinte:
mais amplo com outros de sentido mais específico. Por exemplo, Professoras mandam carta a deputados protestando contra o
felino está numa relação de hiperonímia com gato. aumento de seus salários.
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
Repare que, da forma como a manchete foi redigida, o leitor Já no último segmento do texto encontramos o pronome re-
poderia entendê-la de dois modos diversos: as professoras, cha- lativo “que” retomando o substantivo “governo” da oração anterior e
teadas com o aumento insignificante de seus salários, reclamam, que aparece como oração principal de três outras orações subordinadas
protestando, através de uma carta, aos senhores deputados; ou as a ela, também com o sentido de finalidade – para realizar sua vontade;
professoras questionam o aumento de salário que os deputados (para) satisfazer suas necessidades e (para) promover a melhoria de
tiveram, comparando com o salário delas e escrevem-nos protes- suas condições de vida.
tando.
Por que essa dupla interpretação aconteceu e acontece quando ‘É preciso que existam meios concretos ao alcance de todo o povo
menos esperamos? para a obtenção e divulgação de informações, e por esses meios o
Nesse caso, é o emprego do pronome “seus” o causador desse povo participe constantemente do governo, que existe para realizar
duplo sentido. Podemos dizer que o pronome possessivo desta- sua vontade, satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de
cado tanto pode se referir aos salários das professoras como dos suas condições de vida”.
deputados.
Sendo o texto uma ‘unidade de sentido’, os elementos que Repare que trabalhamos com os conectores (outro nome para os
o compõem (palavras, orações, períodos) precisam se relacionar conectivos), visando à perfeita relação de sentido que deve haver entre
harmonicamente. as partes que compõem um texto.
A estruturação de uma simples frase pode ser comparada com Sendo os conectivos elementos que relacionam partes de um dis-
a articulação de um esqueleto com seus ossos. Do mesmo jeito curso, estabelecendo relações de significado entre essas partes, pos-
que uma articulação entre dois ou mais ossos acontece, resultando suem valores próprios, uns exprimindo finalidade, outros, oposição;
num movimento, as palavras devem combinar umas com as outras outros, escolha e assim por diante.
numa articulação de pensamentos, tornando o texto coeso, com
nexo. Não se esqueça de que nexo significa “ligação, vínculo”. A seleção vocabular é também um importante mecanismo coesivo
Esse modo de estruturar o texto, a combinação e seleção das e a estamos empregando quando substituímos uma palavra que já foi
palavras para evitar a falta de nexo, recebe o nome de mecanismos usada por outra que lhe retoma o sentido. Podemos usar sinônimos,
de coesão. pronomes (retos ou oblíquos), pronomes relativos, etc. Esse mecanis-
A coesão decorre das relações de sentido que se operam entre mo seletivo, além de dar coesão ao texto, tem função estilística, pois
permite que as palavras não sejam repetidas.
os elementos de um texto. Também resulta da perfeita relação de
De maneira geral, podemos dizer que temos um texto coerente e
sentido que tem de haver entre as partes de um texto. Assim, o
coeso quando este não contém contradições, o vocabulário utilizado
uso de conectivos é de grande importância para que possa haver
está adequado, as afirmações são relevantes para o desenvolvimento do
coesão textual.
tema, os fatos estão corretamente sequenciados, ou seja, o texto deverá
estar constituído de relações de sentido entre os vocábulos, expressões
Leia o texto que se segue:
e frases e do encadeamento linear das unidades linguísticas no texto.
“Além de ter liberdade para receber e transmitir informações O inverso é verdadeiro e podemos dizer que não haverá coesão
é preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críti- quando, por exemplo, empregarmos conjunções e pronomes de modo
cas sobre o comportamento do governo. Não basta, porém, dizer inadequado, deixarmos palavras ou até frases inteiras desconectadas e
na Constituição que essas liberdades existem. É preciso que exis- quando a escolha vocabular for inadequada, levando à ambiguidade,
tam meios concretos ao alcance de todo o povo para a obtenção entre outros problemas.
e divulgação de informações, e por esses meios o povo participe Aconselhamos que, para se perceber a falta de coesão no texto
constantemente do governo, que existe para realizar sua vontade, produzido por você, o melhor que se tem a fazer é lê-lo atentamen-
satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de suas con- te, estabelecer as relações entre as palavras que o compõem, as orações
dições de vida”. que formam os períodos e, por fim, os períodos que formam o texto.
DALLARI, Dalmo de Abreu. In: Viver em sociedade. São Como você pôde notar, a coesão e a coerência textuais são ele-
Paulo: Editora Moderna, 1985. p. 41. mentos facilitadores para a compreensão perfeita de um texto.
Coerência diz respeito a tudo que se harmoniza entre si, que tem
Atente para o fato de que as orações que formam esse trecho ligação. O conceito da palavra relaciona-se à presença de conexão, de
apresentam uma perfeita relação de sentido criada com a ajuda dos nexo entre as ideias. Isso porque buscamos sempre a existência de sen-
conectivos. Vamos analisar um a um os períodos encontrados no tido, quer seja ao refletirmos sobre algo, quer seja interpretando o que
texto transcrito acima para entender esses mecanismos relacionais nos rodeia, quer seja ao tentarmos compreender o conteúdo daquilo
que os conectivos nos dão. que nos é apresentado em forma de texto escrito. Assim, podemos in-
“Além de ter liberdade para receber e transmitir informações ferir que o uso de algumas expressões pode comprometer o entendi-
é preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críti- mento de um texto.
cas sobre o comportamento do governo.”
No 1º segmento, encontramos a locução conjuntiva “além de” Estrutura textual
que introduz as orações seguintes, ambas subordinadas adverbiais
finais ‘para receber e (para) transmitir’, que por sua vez são coor- Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a capacidade
denadas aditivas entre si, ou seja, têm a mesma função. que temos de pensar. Por meio do pensamento, elaboramos todas as
Na 2ª oração “Não basta, porém, dizer na Constituição que informações que recebemos e orientamos as ações que interferem
essas liberdades existem”, a conjunção destacada indica contradi- na realidade e organização de nossos escritos. O que lemos é pro-
ção, oposição ou restrição ao que foi dito na oração anterior. duto de um pensamento transformado em texto.
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pensar, quando Sua proporção em relação à totalidade do texto deve ser equi-
escrevemos sempre procuramos uma maneira organizada do leitor valente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das características de
compreender as nossas ideias. A finalidade da escrita é direcionar textos bem redigidos.
totalmente o que você quer dizer, por meio da comunicação. Os seguintes erros aparecem quando as conclusões ficam mui-
Para isso, os elementos que compõem o texto se subdividem to longas:
em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Todos eles devem ser
organizados de maneira equilibrada. → O problema aparece quando não ocorre uma exploração
devida do desenvolvimento. Logo, acontece uma invasão das
Introdução ideias de desenvolvimento na conclusão.
→ Outro fator consequente da insuficiência de fundamentação
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumentação inicial. do desenvolvimento está na conclusão precisar de maiores expli-
A ideia central do texto é apresentada nessa etapa. Entretanto, essa cações, ficando bastante vazia.
apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu tamanho raramente → Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no texto em
excede a 1/5 de todo o texto. Porém, em textos mais curtos, essa
que o autor fica girando em torno de ideias redundantes ou para-
proporção não é equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio
lelas.
título. Já nos textos mais longos, em que o assunto é exposto em vá-
→ Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamente dis-
rias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma parte
precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários parágrafos. pensáveis.
Em redações mais comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a → Quando não tem clareza de qual é a melhor conclusão, o
introdução será o primeiro parágrafo. autor acaba se perdendo na argumentação final.
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Paráfrase Minha terra tem palmares
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto onde gorjeia o mar
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- os passarinhos daqui
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com não cantam como os de lá.
outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase &
Cia” (p. 23): O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a
palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste
Texto Original texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado
em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi
Minha terra tem palmeiras substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
ORTOGRAFIA.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
RELAÇÕES ENTRE FONEMAS E GRAFIAS.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Paráfrase
Paródia O fonema s:
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substantivadas
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent:
objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, pretender - pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão
aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retoma- / inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir - submersão /
da para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica divertir - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse proces- repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca - sensível / consentir - consensual
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte. Frequente- Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados dos
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com verbos
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da terminados por tir ou meter: agredir - agressivo / imprimir - im-
demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso
utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia. / percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão /
Texto Original comprometer - compromisso / submeter - submissão
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com a pa-
Minha terra tem palmeiras lavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re
Onde canta o sabiá, + surgir - ressurgir
As aves que aqui gorjeiam *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: fi-
Não gorjeiam como lá. casse, falasse
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço: O fonema ch:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
carapuça, dentuço Escreve-se com X e não com CH:
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter - *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, mu-
detenção / ater - atenção / reter - retenção xoxo, xucro.
*após ditongos: foice, coice, traição *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu,
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte - lagartixa.
marciano / infrator - infração / absorto - absorção *depois de ditongo: frouxo, feixe.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval.
O fonema z:
Observação: Exceção: quando a palavra de origem não deri-
Escreve-se com S e não com Z: ve de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, fregue- Escreve-se com CH e não com X:
sia, poetisa, baronesa, princesa, etc. *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor- mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
fose.
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui- As letras e e i:
seste. *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”: “i”, só o ditongo interno cãibra.
aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / difun- *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos
dir - difusão com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
sinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho - atenção para as palavras que mudam de sentido quando
*após ditongos: coisa, pausa, pouso substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”: (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé),
pião (brinquedo).
Escreve-se com Z e não com S:
Fonte:
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ortografia
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
macio - maciez / rico - riqueza
Questões sobre Ortografia
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar 01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
*como consoante de ligação se o radical não terminar com s: as frases que seguem, a única correta é:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho a) Ele se esqueceu de que?
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo
O fonema j: entre os presentes.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
Escreve-se com G e não com J: d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos fun-
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso. cionários.
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa
exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
-padrão.
Observação: Exceção: pajem (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, litígio, (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
relógio, refúgio. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
com j: ágil, agente. Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
usuários sobre o festival Sounderground.
Escreve-se com J e não com G: Prezado Usuário
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
manjerona. começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. músicos que tocam em estações do metrô.
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver-
divirta-se! mos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, principal-
as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões mente daqueles que procuram viver com dignidade e simplicidade.
A) A fim ...a partir ... as B) A fim ...à partir ... às E) As dificuldades por que passamos certamente nos fazem
C) A fim ...a partir ... às D) Afim ...a partir ... às mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
E) Afim ...à partir ... as
09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta:
04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - A) Porque essa cara? B) Não vou porque não quero.
FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte C) Mas por quê? D) Você saiu por quê?
frase:
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO
ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero- FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igualmente
portos. correta do termo “autópsia” é autopsia.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade, ( ) Certo ( ) Errado
mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês.
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de GABARITO
descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio.
(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa 01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise. 06. E 07. C 08. E 09. A 10. C
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia,
mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios RESOLUÇÃO
ilegítimos.
1-)
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita? (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para distri-
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. bui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos excessivos
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. nas críticas.
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU- dos funcionários.
NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo no
tempo futuro. 2-)
(A) Mas elas cresceram... (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
(B) Mas elas cresciam... (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. =
(C) Mas elas cresçam... cidadãos
(D) Mas elas crescem... (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
(E) Mas elas crescerão... certidões
07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU- (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho 3-) Prezado Usuário
– O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e sofre- A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, a
dor...– está escrito corretamente no plural. partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o Sounder-
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos ansio- ground, festival internacional que prestigia os músicos que tocam
so e sofredores... em estações do metrô.
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos an- Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão
sioso e sofredores... e divirta-se!
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos an- A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de
siosos e sofredores... horas: há crase
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões ansio-
so e sofredores... 4-) Fiz a correção entre parênteses:
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos an- (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
siosos e sofredores... ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
portos.
08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011) (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua espon-
Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a norma culta: taneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua reputação
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por isso de pessoa cortês.
posso me queixar com razão. (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultrapas- descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa)
sarmos os infortúnios da vida. árvore do pátio.
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência dessa má- 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem:
goa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na superação além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-
dessa sua crise. -fiar, etc.
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas ex-
de privilégios ilegítimos. ceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor- -de-
-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-
5-) -colônia, queima-roupa, deus-dará.
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
mendigo/caderneta/poupança 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói,
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. = percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou
mendigo/caderneta/poupança ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
=mendigo/depositou/caderneta/poupança
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quan-
do associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resisten-
6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas
te, inter-racial, super-racional, etc.
crescerão...
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-
correta já indica onde estão as inadequações nos demais itens. -presidente, vice-governador, vice-prefeito.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal,
8-) Fiz as correções entre parênteses: pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios,
por isso posso me queixar com razão. 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o,
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes para ul- lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
trapassarmos os infortúnios da vida.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver- 10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo ter-
mos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. mo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro,
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimen- geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-
to, principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e -homem.
simplicidade.
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) passamos 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo ter-
certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios mina na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-
da vida. -ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
longe do ponto de interrogação. reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/ de linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen,
start.htm?sid=23) repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório
RESPOSTA: “CERTO”. e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei: “-in-
flamatório” (hífen em ambas as linhas).
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar
Não se emprega o hífen:
os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex-presidente) e
para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei).
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina
é, no fim de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/ em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
sa; compa-/nheiro). passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra,
infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográfica:
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo ter-
1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma mina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente:
unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendiza-
um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, gem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-
-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e
“in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológi- desabilitar, etc.
cas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva-
-doce, feijão-verde.
Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o segun- RESOLUÇÃO
do elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação, coorde-
nar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc. 1-)
A) autocrítica
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de C) pontapé
composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc. D) supermercado
E) infravermelhos
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
benquerer, benquerido, etc. 2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada.
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonema e Letra Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua - Fechadas: mês, luta, amor
escrita, representamos os fonemas por meio de sinais chamados - Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras:
letras. Portanto, letra é a representação gráfica do fonema. Na dedo, ave, gente
palavra sapo, por exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-
-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ Quanto à zona de articulação:
(lê-se zê). - Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao pa-
lato duro (céu da boca): é, ê, i
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais - Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao pa-
de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser re- lato mole (véu palatino): ó, ô, u
presentado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio. - Médias - A língua fica baixa, quase em repouso: a
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
Encontros Consonantais - Repare que, quando você “ouve” o som do “u” em “gu” ou
“qu”, não temos dígrafos. Exemplo: Água = /agua/ nós pronun-
O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal inter- ciamos a letra “u”, senão ficaria /aga/. Temos aqui 4 letras e 4
mediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem basi- fonemas. Já em guitarra = /gitara/ não pronunciamos o “u”, então
camente dois tipos: temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “rr”). Portanto: 8 letras e 6 fo-
1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocor- nemas.
rem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, cri-se.
2-) os que resultam do contato de duas consoantes pertencen- Questões sobre Letra e Fonema
tes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vo- 01. Assinale a alternativa errada a respeito da palavra “chur-
cábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-có-lo-go. rasqueira”.
A) apresenta 13 letras e 10 fonemas
Dígrafos B) apresenta 3 dígrafos: ch, rr, qu
De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por C) divisão silábica: chur-ras-quei-ra
apenas uma letra. D) é paroxítona e polissílaba
lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras. E) apresenta o tritongo: uei
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por
02. A alternativa que apresenta uma incorreção é:
duas letras.
A) o fonema está diretamente ligado ao som da fala.
bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utili- B) as letras são representações gráficas dos fonemas.
zadas duas letras: o “c” e o “h”. C) a palavra “tosse” possui quatro fonemas.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para D) uma única letra pode representar fonemas diferentes.
representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa E) a letra “h” sempre representa um fonema.
língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer.
Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais e vocálicos. 03. Todas as palavras abaixo possuem um encontro vocálico e
um encontro consonantal, exceto:
Dígrafos Consonantais A) destruir. B) magnésio. C) adstringente.
D) pneu. E) autóctone.
Letras Fonemas Exemplos
Lh /lhe/ telhado 04. A série em que todas as palavras apresentam dígrafo é.
nh /nhe/ marinheiro A) assinar / bocadinho / arredores.
ch /xe/ chave B) residência / pingue-pongue / dicionário.
rr /re/ (no interior da palavra) carro C) digno / decifrar / dissesse.
ss /se/ (no interior da palavra) passo D) dizer / holandês / groenlandeses.
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo E) futebolísticos / diligentes / comparecimento.
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia 05. Indique a palavra que tem 5 fonemas:
sc /se/ crescer A) ficha. B) molhado. C) guerra. D) fixo. E) hulha.
sç /se/ desço
xc /se/ exceção 06. Dadas as palavras: tung-stê-nio / bis-a-vô / du-e-lo, cons-
Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais tatamos que a separação silábica está correta:
nasais. a) apenas nº 1 b) apenas nº 2
Fonemas Letras Exemplos c) apenas nº 3 d) em todas as palavras
/ã/ am tampa
e) n. d. a.
an canto
/ ẽ / em templo
GABARITO
en lenda
/ ĩ/ im limpo
in lindo 01. E 02. E 03. C 04. A 05. D 06. C
/õ/ om tombo
on tonto RESOLUÇÃO
/ ũ / um chumbo
un corcunda 1-) apresenta o tritongo: uei
Não ouço o som do “u”. Há um dígrafo (qu = duas letras e um
Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando segui- fonema). O ‘qu” tem o som de /k/.
dos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aqui-
lo. Nesses casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. 2-) a letra “h” sempre representa um fonema. = não representa
Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um fonema - fonema quando inicia uma palavra como, por exemplo, hoje.
semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Nesse caso,
“gu” e”qu” não são dígrafos. Também não há dígrafos quando são 3-) C) adstringente. = há encontro consonantal (tr), mas não
seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo). há vocálico.
Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) Os acentos
A) assinar / bocadinho / arredores.
B) residência / pingue-pongue / dicionário. acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e
C) digno / decifrar / dissesse. sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as
D) dizer / holandês / groenlandeses. vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
E) futebolísticos / diligentes / comparecimento. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)
5-)
A) ficha = 4 B) molhado = 6 acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
C) guerra = 4 D) fixo = 5 /f i k s o/ “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara –
E) hulha = 3 Atlântico – pêssego – supôs
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com arti-
6-) tungs – tê - nio / bi – sa - vô / du- e –lo gos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abo-
lido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras deri-
vadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de Müller)
Acentuação
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais na-
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras es-
sais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
tabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algu-
mas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando Regras fundamentais:
estabelecer uma relação de familiaridade e, consequentemente,
colocando-as em prática na linguagem escrita. Palavras oxítonas:
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) –
nos adequamos à forma padrão. armazém(s)
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
Regras básicas – Acentuação tônica Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
A acentuação tônica implica na intensidade com que são pro- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
nunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como são Paroxítonas:
pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas. Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas - i, is : táxi – lápis – júri
como: - us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel - ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê?
penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã,
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médi- -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
“s”: água – pônei – mágoa – jóquei
co – ônibus
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de uma
Regras especiais:
sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba so-
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
mente: são os chamados monossílabos que, quando pronunciados, que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em
uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
no exemplo a seguir: oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
“Sei que não vai dar em nada, herói, céu, dói, escarcéu.
Seus segredos sei de cor”.
Antes Agora
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais, assembléia assembleia
como átonos (que, em, de). idéia ideia
geléia geleia
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico
Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanha- ele contém – eles contêm
dos ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país ele obtém – eles obtêm
– Luís ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm
Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram
quando vierem depois de ditongo: Ex.: acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
Antes Agora acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como:
bocaiúva bocaiuva A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito
feiúra feiura perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para
Sauípe Sauipe diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
indicativo). Ex:
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido. Ela pode fazer isso agora.
Ex.: Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
Antes Agora
crêem creem O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da pre-
lêem leem posição por.
vôo voo - Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
enjôo enjoo estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros
casos, “por” preposição. Ex:
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos Faço isso por você.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Questões sobre Acentuação Gráfica
Repare:
1-) O menino crê em você 01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
Os meninos creem em você.
– VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são
2-) Elza lê bem!
acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam,
Todas leem bem!
respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços.
3-) Espero que ele dê o recado à sala.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
Esperamos que os garotos deem o recado!
(B) inferência, provável, saída.
4-) Rubens vê tudo!
(C) óbvio, após, países.
Eles veem tudo!
(D) islâmico, cenário, propôs.
* Cuidado! Há o verbo vir:
Ele vem à tarde! (E) república, empresária, graúda.
Eles vêm à tarde! 02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando se- NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acentuadas
guidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri- segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
-bu-in-te, sa-ir, ju-iz e antropológico.
(A) Distúrbio e acórdão.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem (B) Máquina e jiló.
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (C) Alvará e Vândalo.
(D) Consciência e características.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem pre- (E) Órgão e órfãs.
cedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE –
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de acordo
serão mais acentuadas. Ex.: com a mesma regra de acentuação gráfica.
Antes Depois ( ) CERTO ( ) ERRADO
apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue 04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
argúi (arguir) argui GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plu- A) tevê – pôde – vê
ral de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) B) únicas – histórias – saudáveis
C) indivíduo – séria – noticiários
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, D) diário – máximo – satélite
deter, abster.
Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- (A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão =
PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acen- paroxítona terminada em “ão”
to gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. (B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em
(...) CERTO ( ) ERRADO “o”
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = proparo-
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- xítona
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” rece- (D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; caracte-
bem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação grá- rísticas = proparoxítona
fica. (E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e
(...) CERTO ( ) ERRADO “ã”, respectivamente.
07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES-
GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mesmas re- 3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia
gras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”, respectiva- = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona termina-
mente, são da em ditongo.
a) trajetória, inútil, café e baú. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
c) necessário, túnel, infindáveis e só. 4-)
d) médio, nível, raízes e você. A) tevê – pôde – vê
e) éter, hífen, propôs e saída. Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito do
Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o Novo
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acen- Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” – presente do In-
tuados graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação dicativo; vê = monossílaba terminada em “e”
gráfica os vocábulos B) únicas – histórias – saudáveis
A) também e coincidência. Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em
B) quilômetros e tivéssemos. ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo.
C) jogá-la e incrível. C) indivíduo – séria – noticiários
D) Escócia e nós. Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = paro-
xítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona terminada
E) correspondência e três.
em ditongo.
D) diário – máximo – satélite
09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = propa-
PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo
roxítona; satélite = proparoxítona.
com a mesma regra de acentuação gráfica.
5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. Am-
(...) CERTO ( ) ERRADO
bas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é tôni-
GABARITO ca, “mais forte”).
RESPOSTA: “ERRADO”.
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E
06. C 07. D 08. B 09. E 6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária = pa-
roxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona terminada
RESOLUÇÃO em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido à mesma
regra.
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada RESPOSTA: “CERTO”.
em ditongo / suíços = regra do hiato
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo / 7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”) 1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável 2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
= paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato 3-) países = regra do hiato
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona 4-) será = oxítona terminada em “a”
terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona termina- a) trajetória, inútil, café e baú.
da em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s” Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = paroxí-
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona ter- tona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e”
minada em ditongo / graúda = regra do hiato b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre =
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro te- regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá =
mos que classificar as palavras do enunciado quanto à posição de oxítona terminada em “a”.
sua sílaba tônica: c) necessário, túnel, infindáveis e só.
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antropológi- Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel = paro-
co = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, vamos à análise xítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona terminada em “i
dos itens apresentados: + s”; só = monossílaba terminada em “o”.
Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
d) médio, nível, raízes e você. Classificação dos morfemas:
Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona
terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada Radical
em “a”. Há um morfema comum a todas as palavras que estamos ana-
e) éter, hífen, propôs e saída. lisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que faz com
Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona ter- que as consideremos palavras de uma mesma família de significa-
minada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída = ção – os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por
regra do hiato. sua significação principal.
8-) Afixos
A) também e coincidência. Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma nova
Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência = pa- palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos
roxítona terminada em ditongo morfemas sub e arização à forma escol- criou subescolarização.
B) quilômetros e tivéssemos. Esses morfemas recebem o nome de afixos.
Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona Quando são colocados antes do radical, como acontece com
C) jogá-la e incrível. sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como ariza-
Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada ção, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos.
em “l’ Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe gramatical,
D) Escócia e nós. são capazes de introduzir modificações de significado no radical a
Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossíla- que são acrescentados.
ba terminada em “o + s”
E) correspondência e três. Desinências
Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três =
monossílaba terminada em “e + s” Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas mo-
9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba dificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em
terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo aber- número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou tercei-
to “éu”. ra). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
RESPOSTA: “ERRADO”.
(amava, amara, amasse, por exemplo).
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam
MORFOLOGIA: ESTRUTURA as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das
E FORMAÇÃO DE PALAVRAS. palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinên-
CLASSES DE PALAVRAS E SEU EMPREGO. cias nominais e desinências verbais.
FLEXÕES: GÊNERO, NÚMERO E GRAU Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
DO SUBSTANTIVO E ADJETIVO nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as
desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema
–s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema, que
Observe as seguintes palavras: indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meni-
escol-a nos; menina/meninas.
escol-ar No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
escol-arização plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/
escol-arizar cruzes.
sub-escol-arização
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais
Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo
escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, responsá- e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o
veis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo, número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):
escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acrés- cant-á-va-mos
cimo do elemento destacável: ar. cant: radical -
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas á-: vogal temática
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência de -va-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imper-
diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos for- feito do indicativo)
madores é uma unidade mínima de significação, um elemento sig- -mos:desinência número-pessoal
nificativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.
cant-á-sse-is
cant: radical
-á-: vogal temática
Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
-sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito im- In------ --feliz des----------leal
perfeito do subjuntivo) Prefixo radical prefixo radical
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa
do plural) 2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por acrés-
cimo de sufixo.
Vogal temática Feliz---- mente leal------dade
Radical sufixo radical sufixo
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às 3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar- simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o
-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”).
vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os ver- Por parassíntese formam-se, principalmente, verbos.
bos como os nomes apresentam vogais temáticas. En-- -----trist- ----ecer
Prefixo radical sufixo
Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas
finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, en----- ---tard--- --ecer
combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas termi- prefixo radical sufixo
nações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, esco-
la, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas vogais Outros tipos de derivação
temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s,
escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática. haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a de-
rivação imprópria.
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três 1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução
grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de substan-
verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; tivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está proibida. (pes-
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação car). Proibida a caça. (caçar)
e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação.
2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida
Vogal ou consoante de ligação pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não
ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente na classe gra-
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem matical.
por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibili- Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
tar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de da conjunção porque)
vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui, subs-
-ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: tantivo)
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, Outros processos de formação de palavras:
tricota.
Processos de formação de palavras: - Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de
línguas diferentes.
1-) Composição automóvel (auto: grego; móvel: latim)
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais sociologia (socio: latim; logia: grego)
para formar nova palavra. Há dois tipos de composição; justaposi- sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
ção e aglutinação.
1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam - Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-se por
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos: corre-cor- meio da eliminação de um segmento de uma palavra no intuito
re, guarda-roupa, segunda-feira, girassol. de se obter uma forma mais reduzida, geralmente aquelas mais
1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam longas. Vejamos alguns exemplos: metropolitano/metrô, extraor-
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua integri- dinário/extra, otorrinolaringologista /otorrino, telefone/fone,
dade sonora: aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto), pneumático/pneu
pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando imitar
Derivação por acréscimo de afixos sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-zum, cri-cri,
tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)
pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser: - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras
prefixal, sufixal e parassintética. iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome. Por
1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística);
acréscimo de prefixo. IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não c) amostra, alinhar, girassol;
ser que haja mais de três letras e a sigla seja pronunciável sílaba d) corte, emudecer, outrora;
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras. e) pesca, deslealdade, vinagre.
fonte: 08. Na frase “Ele tem um quê especial como gestor”, o proces-
http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-forma- so de formação da palavra destacada chama-se:
cao-de-palavras-i.htm A)composição B)justaposição
C)aglutinação D)derivação imprópria
Questões sobre Estrutura das Palavras
09. Brasília comemorou seu aniversário com uma superfesta.
01.(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- A cinquentona planejada por Lúcio Costa é hoje uma metrópole
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) que oferece alta qualidade de vida.
Assinale a alternativa contendo palavra formada por prefixo. (Fonte: O Globo, 21/04/2010, com adaptações)
(A) Máquina. Na notícia do jornal, as palavras “superfesta” e “cinquentona”
(B) Brilhantismo. exemplificam, respectivamente, casos de formação de palavras por
(C) Hipertexto. A)hibridismo e neologismo.
(D) Textualidade. B)justaposição e aglutinação.
(E) Arquivamento. C)composição e derivação.
D)prefixação e sufixação.
02. A palavra “aguardente” formou-se por: E)conversão e regressão.
A) hibridismo B) aglutinação
C) justaposição D) parassíntese 10. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO
E) derivação regressiva RIO DE JANEIRO – PROCESSO DE SELEÇÃO PARA CURSO
INTERNO – BIORIO CONCURSOS/2013) Na palavra INSEGU-
03. Que item contém somente palavras formadas por justa- RANÇA, o prefixo IN- significa “negação”; a palavra abaixo em
posição? que esse mesmo prefixo apresenta outro significado é:
A) desagradável - complemente (A) incompetência;
B) vaga-lume - pé-de-cabra (B) incapacidade;
C) encruzilhada - estremeceu (C) intranquilidade;
D) supersticiosa - valiosas (D) inalação;
E) desatarraxou - estremeceu (E) inexatidão.
04. “Sarampo” é:
A) forma primitiva GABARITO
B) formado por derivação parassintética
C) formado por derivação regressiva 01. C 02. B 03. B 04. C 05. B
D) formado por derivação imprópria 06. D 07. D 08. D 09. D 10. D
E) formado por onomatopeia RESOLUÇÃO
05.As palavras são formadas através de derivação parassin-
tética em 1-)
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco. A – Máquina = sem acréscimo de afixos (prefixo ou sufixo)
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer. B - Brilhantismo. = acréscimo de sufixo (ismo)
C)caça, pesca, choro, combate. C – Hipertexto = acréscimo de prefixo (hiper)
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer. D – Textualidade = acréscimo de sufixo (idade)
E – Arquivamento = acréscimo de sufixo (mento)
06.(Escrevente TJ SP –Vunesp/2011) Leia o trecho.
Estudo da ONG Instituto Pólis mostra que, infelizmente, sem 2-) água + ardente = aguardente ( aglutinação)
o tratamento e a destinação corretos,…
Assinale a alternativa que contém uma palavra formada pelo 3-) vaga-lume - pé-de-cabra = não houve alteração em ne-
mesmo processo do termo destacado. nhuma delas (nem acréscimo, nem redução, estão apenas “postas”
(A) infiel. (B) democracia. uma ao lado da outra, justaposição).
(C) lobisomem. (D) ilegalidade.
(E) cidadania. 4-) formado por derivação regressiva = a palavra primitiva é
sarampão!
07. Assinale a letra em que as palavras são formadas por deri-
vação regressiva, derivação parassintética e composição por aglu- 5-) ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer = nenhuma de-
tinação, respectivamente. las pode ter o prefixo ou o sufixo retirados, pois elas só têm signi-
a) neurose, infelizmente, pseudônimo; ficado com ambos, juntos, ligados a elas.
b) ajuste, aguardente, arco-íris; (Tardecer? Noitecer? Tristecer? Entarde?)
Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) infelizmente = derivação prefixal e sufixal – existe infeliz Adjetivo Pátrio Composto
e felizmente, portanto não é caso de derivação parassintética. O
outro vocábulo que também apresenta tal formação é ilegalidade Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemen-
(ilegal e legalidade). to aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe
alguns exemplos:
7-) corte, emudecer, outrora
Cortar / emudecer (não posso retirar nem o prefixo nem o África afro- / Cultura afro-americana
sufixo) / outra hora. Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
8-) Ele tem um quê especial como gestor. Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
Dentre suas várias classificações (pronome, conjunção), nessa China sino- / Acordos sino-japoneses
frase o “que” pertence à classe do substantivo, pois vem precedi- Espanha hispano- / Mercado hispano-português
do de um artigo. Quando alteramos a classe gramatical de uma Europa euro- / Negociações euro-americanas
palavra sem realizar nenhuma mudança na palavra, dá-se o nome França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
de derivação imprópria (não é a classe gramatical “própria” dela. Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Outro exemplo: olhar é verbo, mas em “Seu olhar mexe comigo”,
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
temos um substantivo).
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
9-) superfesta” e “cinquentona
= super + festa (prefixação) / cinquenta + ona (sufixação) Flexão dos adjetivos
10-) Em todas as alternativa o IN- é prefixo de negação, com O adjetivo varia em gênero, número e grau.
exceção de “inalar”, na qual o IN faz parte do radical do verbo
(aspirar). Gênero dos Adjetivos
Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivo Composto Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elemen-
tos.
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento qualidades de um mesmo elemento.
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferiori-
o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o ad- dade
jetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é Sou menos passivo (do) que tolerante.
originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra Superlativo
por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substanti-
vo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou
exemplo: em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo
Camisas rosa-claro. e apresenta as seguintes modalidades:
Ternos rosa-claro. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser
Olhos verde-claros. é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. formas:
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretá-
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad- rio é muito inteligente.
jetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
dois elementos flexionados.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Grau do Adjetivo benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade comum comuníssimo
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo cruel crudelíssimo
e o superlativo. difícil dificílimo
Comparativo doce dulcíssimo
fácil facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a fiel fidelíssimo
dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser
mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação
ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo: pode ser:
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
No comparativo de igualdade, o segundo termo da compara- De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
ção é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Note bem:
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
Analítico advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos-
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs- tos ao adjetivo.
tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é ana- 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
lítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”. formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superiori- latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo:
dade Sintético fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo,
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superiori- agilíssimo.
dade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor, 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/ necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís-
inferior. simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.
Observe que:
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, Questões sobre Adjetivo
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me- 01. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre – 2013-adap.) Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidê-
duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas micas corresponde a – características de epidemias.
analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo em
exemplo: destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
A) água fluvial – água da chuva. RESOLUÇÃO
B) produção aurífera – produção de ouro.
C) vida rupestre – vida do campo. 1-)
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília. a-) fluvial – do rio b-) correta
E) costela bovina – costela de porco. c-) brasileiras – do Brasil d-) vida campestre
e-) suína
02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto:
A)azul-celeste B)azul-pavão 2-) Surdas-mudas
C)surda-muda D)branco-gelo
3-) d-) estão no superlativo absoluto analítico
03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não estão
no grau superlativo absoluto sintético: 4-) originalíssimo – grau superlativo absoluto sintético
A)Arquimilionário/ ultraconservador; 5-) C) Esta panela está cheissíssima de água.
B)Supremo/ ínfimo; O correto é cheíssima.
C)Superamigo/ paupérrimo;
D)Muito amigo/ Bastante pobre 6-) D)atitude muito benéfica = beneficientíssima
O correto é beneficentíssima ( sem o “i” em cien)
04.Na frase: “Trata-se de um artista originalíssimo”, o adjeti-
vo grifado encontra-se no grau: 7-) minutíssimo é a forma correta.
A)comparativo de superioridade.
B)superlativo absoluto sintético. 8-) “Essa lanchonete é famosa na cidade?”
C)superlativo relativo de superioridade. Essa – pronome
D)comparativo de igualdade. Lanchonete – substantivo
E)superlativo absoluto analítico. É – verbo
05.Aponte a alternativa em que o superlativo do adjetivo está Famosa – adjetivo
incorreto: na – preposição
A)Meu tio está elegantíssimo. cidade – substantivo
B)Joana, ela é minha amicíssima.
C)Esta panela está cheissíssima de água. 9-) De lua – lunar
D)A prova foi facílima. O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na
Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual
06. Indique nas alternativas a seguir o adjetivo incorreto da o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti-
locução adjetiva em negrito: guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
A)mulher muito magra = macérrima sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
B)pessoa muito amiga = amicíssima que esse processo se desenvolve.
C)pessoa muito inimiga = inimicíssimo O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
D)atitude muito benéfica = beneficientíssima caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi-
07. “Ele era tão pequeno que recebeu o apelido de miúdo”. A ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
palavra miúdo possui, no grau superlativo absoluto sintético, duas Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
formas. Uma delas é miudíssimo (regular) e a outra, irregular, é: está até bem informado.
A)minutíssimo B)miudinitíssimo Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
C)midunitíssimo D)miduníssimo alheio, representando uma qualidade, característica.
08. Quantos adjetivos existem na frase “Essa lanchonete é fa- O artista canta muito mal.
mosa na cidade?” Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
A)1. B)2. C)3. D)4. E)5. advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve-
rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
09. Indique a alternativa incorreta quanto à correspondência advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma
entre a locução adjetiva e o adjetivo equivalente: palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te-
A)de pele = cutâneo B)de professor = docente mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al-
C)de face = facial D)de lua = lunático gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente,
de modo algum, entre outras.
GABARITO Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios,
eles se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por:
01. B 02. C 03. D 04. B 05. C de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
06. D 07. A 08. A 09. D claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des-
se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em
Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
-”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente- Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - lon-
mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa- gíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitu-
mente, generosamente cionalissimamente, etc.;
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti-
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces- nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho,
so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, Questões sobre Advérbio
por completo.
01. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013-
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama- adap.) Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta
nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, circunstância adverbial de modo.
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve, A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro- uma série de repercussões.
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer plena balada…
momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem suces-
so, de duas amigas…
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou de
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, um engano...
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu- E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se que-
res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis- brando por aí…
tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
lado, em volta 02. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia os
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de trechos apresentados a seguir.
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum - Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras podiam
simplesmente escolher carreiras nas quais os números não encon-
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
travam muito espaço...
quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
- Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva-
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...
mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen-
Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
te (=sem dúvida).
respectivamente, circunstâncias de
A) afirmação e de intensidade. B) modo e de tempo.
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
C) modo e de lugar. D) lugar e de tempo.
simplesmente, só, unicamente
E) intensidade e de negação.
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
03. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.) Em
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente – … mas é importante também considerar e estudar em profundi-
dade o planejamento urbano. –, a expressão em destaque é empre-
de designação: Eis gada na oração para indicar circunstância de
A) lugar. B) causa.
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando? C) origem. D) modo.
(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para E) finalidade.
quê? (finalidade)
04. (UFC) A opção em que há um advérbio exprimindo cir-
Locução adverbial cunstância de tempo é:
A) Possivelmente viajarei para São Paulo.
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. B) Maria tinha aproximadamente 15 anos.
Exemplo: C) As tarefas foram executadas concomitantemente.
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) D) Os resultados chegaram demasiadamente atrasados.
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
05. Indique a alternativa que completa a frase a seguir, respec-
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corresponden- tivamente, com as circunstâncias de intensidade e de modo. Após
tes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressada- o telefonema, o motorista partiu...
mente. A)às 18 h com o veículo.
B)rapidamente ao meio-dia.
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são C)bastante alerta.
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única D)apressadamente com o caminhão.
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é E)agora calmamente.
a de grau:
Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO Constatemos as circunstâncias em que os artigos se mani-
festam:
01. C 02. B 03. D 04. C 05. C
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
RESOLUÇÃO “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
É muito presente a combinação dos artigos definidos e inde- - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
finidos com preposições. Veja a forma assumida por essas combi- de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que
nações: venham especificadas.
Preposições Artigos Eles estavam em casa.
o, os Eles estavam na casa dos amigos.
a ao, aos Os marinheiros permaneceram em terra.
de do, dos Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
em no, nos
por (per) pelo, pelos - Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
a, as um, uns uma, umas com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência re-
à, às - - solverá os problemas de Sua Senhoria.
da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas - Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome
pela, pelas - - de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de
S. Paulo.
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
crase.
Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
Morfossintaxe A) dois artigos definidos e um indefinido.
B) um artigo definido e um indefinido.
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações C) somente artigos definidos.
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, o ar- D) somente artigos indefinidos.
tigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo a que se E) não tem artigos.
refere. Tal função independe da função exercida pelo substantivo:
08. Assinale a alternativa em que um(uma) é usado como arti-
A existência é uma poesia. go indefinido e não como numeral:
Uma existência é a poesia. A) Um pássaro na mão vale mais do que dois voando.
B) O homem ali não é um maluco.
Questões sobre Artigo C) Ele ficou parado no cinema, segurando o chapéu com uma
das mãos.
01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo: D) Camila preparou uma salada maravilhosa.
A) Estes são os candidatos que lhe falei.
B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. 09.Assinale a alternativa em que há erro.
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. A) Li a noticia no Estado de S. Paulo.
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado. B) Li a noticia em O Estado de S. Paulo.
E) Muito é a procura; pouca é a oferta. C) Essa notícia, eu a vi em A Gazeta.
D) Vi essa notícia em A Gazeta.
02. (ESAN-SP) Em qual dos casos o artigo denota familiari- E) Foi em O Estado de S. Paulo que li a notícia.
dade?
A) O Amazonas é um rio imenso. 10. Assinale a palavra cujo gênero está indevidamente indica-
B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto. do pelo artigo.
C) O Antônio comunicou-se com o João. A) a cal B) a dinamite
D) O professor João Ribeiro está doente. C) o suéter D) o champanhe
E) a dó
E) Os Lusíadas são um poema épico
GABARITO
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está substan-
tivando uma palavra.
01. B 02. C 03. D 04. D 05. B
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
06. D 07. B 08. B 09. A 10. E
B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas.
C) A navalha ia e vinha no couro esticado.
RESOLUÇÃO
D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada. 1-) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera!
Entende-se que ele não é qualquer médico, mas O médico!
04.Assinale a alternativa em que há erro:
A) O anúncio foi publicado em O Estado São Paulo. 2-) O Antônio comunicou-se com o João.
B) Está na hora de os trabalhadores saírem. Segundo a regra: Emprega-se o artigo definido antes de no-
C) Todas as pessoas receberam a notícia. mes de pessoas quando são usados no trato familiar para indicar
D) Não conhecia nenhum episódio dos Lusíadas. afetividade.
E)Avisei a Simone de que não haveria a reunião.
3-) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
05. Em que alternativa o termo grifado indica aproximação? Andar é verbo, mas nesse caso, por estar antecedida do artigo
A) Ao visitar uma cidade desconhecida, vibrava. “o”, pertence à classe gramatical: substantivo.
B) Tinha, na época, uns dezoito anos.
C) Ao aproximar de uma garota bonita, seus olhos brilhavam. 4-) Não conhecia nenhum episódio de Os Lusíadas.
D) Não havia um só homem corajoso naquela guerra.
E) Uns diziam que ela sabia tudo, outros que não. 5-) Tinha, na época, uns dezoito anos. = aproximadamente
06.Em uma destas frases, o artigo definido está empregado 6-) “Gato escaldado tem medo de água fria.”
erradamente. Em qual? O uso do artigo definido “reduziria” o ditado a um gato espe-
A) A velha Roma está sendo modernizada. cífico.
B) A “Paraíba” é uma bela fragata.
C) Não reconheço agora a Lisboa de meu tempo. 7-) Os acrobatas, até que tentam, mas só têm umas bolas mur-
D) O gato escaldado tem medo de água fria. chas.
E) O Havre é um porto de muito movimento. Artigo definido e indefinido, respectivamente.
07. O trecho: “Os acrobatas, até que tentam, mas só têm umas 8-) A única alternativa que apresenta “um” como artigo inde-
bolas murchas”, possui: finido é a B; nas demais, numeral.
Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
9-) Não é correto fazer a contração da preposição com o arti- - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
go, já que este faz parte do nome do jornal. Além de que, seman- É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
ticamente, entende-se que a notícia foi lida quando o leitor estava Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
NO Estado de São Paulo. do verbo), porquanto.
Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
servamos outras pessoas fazerem diante de nós. Ela se tornou um A) tempo.
meio radicalmente virtual, uma arte sem rosto. Quando caminha- B) modo.
mos pela cidade num dia comum, nossos ouvidos registram música C) origem.
em quase todos os momentos − pedaços de hip hop vazando dos D) assunto.
fones de ouvido de adolescentes no metrô, o sinal do celular de um E) finalidade.
advogado tocando a “Ode à alegria”, de Beethoven −, mas quase
nada disso será resultado imediato de um trabalho físico de mãos 05. (Escrevente TJ SP –Vunesp/2012) No período – A pes-
ou vozes humanas, como se dava no passado. quisa do Dieese é um medidor importante, pois sua metodologia
Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877, leva em conta não só o desemprego aberto (quem está procuran-
existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor do trabalho), como também o oculto (pessoas que desistiram de
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para procurar ou estão em postos precários). –, os termos em destaque
os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que estabelecem entre as orações relação de
a tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que ale- (A) alternância.
gam que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, (B) oposição.
levando a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utó- (C) causa.
picos, as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas (D) adição.
de concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem (E) explicação.
de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão sau-
dada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, 06. (Agente Policial – Vunesp/2013) Considerando que o ter-
depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu mo em destaque em – Segundo especialistas, recusar o bafômetro
que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter não vai mais impedir o processo criminal... – introduz ideia de
eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. conformidade, assinale a alternativa que apresenta a frase correta-
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia mente reescrita, e com seu sentido inalterado.
Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) (A) A fim de que para especialistas, recusar o bafômetro não
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mes- vai mais impedir o processo criminal...
mos, ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. (B) A menos que para especialistas, recusar o bafômetro não
vai mais impedir o processo criminal...
Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o
(C) De acordo com especialistas, recusar o bafômetro não vai
elemento grifado pode ser substituído por:
mais impedir o processo criminal...
A) Porém.
(D) Apesar de que para especialistas, recusar o bafômetro não
B) Contudo.
vai mais impedir o processo criminal...
C) Todavia.
(E) Desde que para especialistas, recusar o bafômetro não vai
D) Entretanto.
mais impedir o processo criminal...
E) Conquanto.
07. (Agente Policial – Vunesp/2013) Considerando que o ter-
mo em destaque em – Esse valor é dobrado caso o motorista seja
02.(Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Observando as ocorrên- reincidente em um ano. – estabelece relação de condição entre as
cias da palavra “como” em – Como fomos programados para ver orações, assinale a alternativa que apresenta o trecho corretamente
o mundo como um lugar ameaçador… – é correto afirmar que se reescrito, e com seu sentido inalterado.
trata de conjunção (A) Porque o motorista é reincidente em um ano, esse valor
(A) comparativa nas duas ocorrências. é dobrado.
(B) conformativa nas duas ocorrências. (B) Como o motorista é reincidente em um ano, esse valor é
(C) comparativa na primeira ocorrência. dobrado.
(D) causal na segunda ocorrência. (C) Conforme o motorista for reincidente em um ano, esse
(E) causal na primeira ocorrência. valor é dobrado.
(D) Se o motorista for reincidente em um ano, esse valor é
03.(TRF 3º região/2014-adap.) Seus subordinados, contudo, dobrado.
cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem (E) À medida que o motorista é reincidente em um ano, esse
longe da zona de perigo. Sem prejuízo para o sentido original e a valor é dobrado.
correção gramatical, o elemento grifado acima pode ser substituí-
do por 08. Em – O projeto “Começar de Novo” busca sensibilizar
(A) por isso. entidades públicas e privadas para promover a ressocialização dos
(B) embora. presos... – o termo em destaque estabelece uma relação de
(C) entretanto. A) causa. B) tempo. C) lugar. D) finalidade. E) modo.
(D) portanto.
(E) onde. 09. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – 2013).
Leia o texto a seguir.
04. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.)
No trecho – Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitu-
des. –, a palavra destacada apresenta sentido de
Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
Barreira da língua (A) Por isso.
(B) Portanto.
A barreira da língua e dos regionalismos parece um mero de- (C) Pois.
talhe em meio a tantas outras questões mais sérias já levantadas, (D) Porquanto.
como a falta de remédios, de equipes e de infraestrutura, mas não (E) Porém.
é.
Como é possível estabelecer uma relação médico-paciente, GABARITO
um diagnóstico correto, se o médico não compreende o paciente
e vice-versa? 01. E 02. E 03. C 04. E 05. D
Sim, essa dificuldade já existe no Brasil mesmo com médicos 06. C 07. D 08. D 09. A 10. E
e pacientes falando português, mas ela só tende a piorar com o
“portunhol” que se vislumbra pela frente. RESOLUÇÃO
O ministro da Saúde já disse que isso não será problema, que
é mais fácil treinar um médico em português do que ficar esperan- 1-) Conquanto é uma conjunção concessiva – abre uma ex-
ceção à regra. Portanto, a troca correta é por uma outra conjunção
do sete ou oito anos até um médico brasileiro ser formado.
adversativa.
Experiências internacionais, porém, mostram que não é tão
fácil assim. Na Alemanha, mesmo com a exigência da proficiência
2-) Como fomos programados para ver o mundo como um
na língua, um estudo constatou atraso de diagnósticos pelo fato de lugar ameaçador…
o médico estrangeiro não conseguir entender direito os sintomas Causal na primeira ocorrência e comparativa na segunda.
de pacientes.
Além disso, há queixa dos profissionais alemães, que se sen- 3-) contudo = conjunção adversativa
tem sobrecarregados por terem de atuar como intérpretes dos co- (A) por isso.- conjunção explicativa
legas de fora. (B) embora.- conjunção concessiva
Nada contra a vinda dos estrangeiros, desde que estejam ap- (C) entretanto. Conjunção adversativa (pode ser concessiva
tos para o trabalho. Tenho dúvidas, porém, se três semanas de também, mas neste caso ela inicia uma oração subordinada em que
treinamento, como aventou o ministro, é tempo suficiente para se admite um fato contrário à ação proposta pela oração principal,
isso. mas incapaz de impedi-la)
(Cláudia Collucci, Barreira da língua. Folha de S.Paulo, (D) portanto.- conjunção conclusiva
03.07.2013. Adaptado) (E) onde.- pronome relativo/interrogativo
Considere o parágrafo final do texto: 4-) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
Nada contra a vinda dos estrangeiros, desde que estejam ap- Apresenta a finalidade da reflexão. Devemos refletir para quê?
tos para o trabalho. Tenho dúvidas, porém, se três semanas de
treinamento, como aventou o ministro, é tempo suficiente para 5-) Uma junção, soma de ideias. Há a presença de conjunções
isso. aditivas.
Mantendo-se os sentidos originais, ele está corretamente rees- 6-) De acordo com especialistas, recusar o bafômetro não vai
crito de acordo com a norma-padrão em: mais impedir o processo criminal...
A) Nada contra a vinda dos estrangeiros, se estiverem aptos Apresenta a mesma ideia que a do enunciado – além de ser a
para o trabalho. Tenho dúvidas, no entanto: três semanas de treina- mais coerente.
mento, como aventou o ministro, é suficiente para isso?
B) Nada contra a vinda dos estrangeiros, caso estão aptos para 7-) Esse valor é dobrado caso o motorista seja reincidente em
um ano. – estabelece relação de condição, portanto devemos utili-
o trabalho. Tenho dúvidas, todavia: três semanas de treinamento,
zar uma conjunção condicional: SE.
como aventou o ministro, são suficiente para isso?
Se o motorista for reincidente em um ano, esse valor será do-
C) Nada contra a vinda dos estrangeiros, quando estarão aptos
brado.
para o trabalho. Tenho dúvidas, portanto: três semanas de treina-
mento, como aventou o ministro, são suficientes para isso? 8-) A finalidade da sensibilização.
D) Nada contra a vinda dos estrangeiros, mas estariam aptos
para o trabalho. Tenho dúvidas, apesar disso: três semanas de trei- 9-) A) Nada contra a vinda dos estrangeiros, se estiverem ap-
namento, como aventou o ministro, é suficiente para isso. tos para o trabalho. Tenho dúvidas, no entanto: três semanas de
E) Nada contra a vinda dos estrangeiros, pois estarão aptos treinamento, como aventou o ministro, é suficiente para isso? =
para o trabalho. Tenho dúvidas, por conseguinte: três semanas de correta
treinamento, como aventou o ministro, são suficiente para isso.
10-) Porém = conjunção adversativa.
10. (Agente Policial - Vunesp/2013) Considere o trecho: –
Leve para casa – ponderou meu conselheiro, como quem diz: – É Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sen-
sua. Mas acrescentou: – procure direito e o endereço aparece. sações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocu-
Sem que seja alterado o sentido do texto e de acordo com a tor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso,
norma-padrão da língua portuguesa, o termo em destaque pode ser seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elabora-
corretamente substituído por: das. Observe o exemplo:
Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da en-
tonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- Classificação das Interjeições
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui Comumente, as interjeições expressam sentido de:
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten-
lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia ção!, Olha!, Alerta!
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Veja os exemplos: - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
Bravo! Bis!
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
bom! Repitam!”
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não - Desculpa: Perdão!
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da Eh!
alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
contexto específico. Exemplos: Ora!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!,
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Putz!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
O significado das interjeições está vinculado à maneira como Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti- - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!,
Exemplos: Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei, - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
espere!”
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem
silêncio!” de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem varia-
puxa: interjeição; tom da fala: euforia ção em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um
processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
até loguinho.
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: Locução Interjetiva
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tris- Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão
teza, dor, etc. com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me
Você faz o que no Brasil? dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim!
Eu? Eu negocio com madeiras. Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem!
Ah, deve ser muito interessante.
Observações:
2) Sintetizar uma frase apelativa - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
Cuidado! Saia da minha frente. exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe
que me desculpe.
As interjeições podem ser formadas por:
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora podem aparecer como interjeições.
bolas! Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios)
Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” por- Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
que sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Ajudem- dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
-me!, Silêncio!, Fique quieto! Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri-
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, que plo, quíntuplo, etc.
exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof!
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Leitura dos Numerais
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua Separando os números em centenas, de trás para frente, ob-
homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-se têm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início,
uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos depois do também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vír-
“ó” vocativo. gula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
e seis.
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de pala- 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
vras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo ou
no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! Flexão dos numerais
Interjeições, leitura e produção de textos Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
Usadas com muita frequência na língua falada informal, quando diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Car-
empregadas na língua escrita, as interjeições costumam conferir-lhe dinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões,
certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso, elas podem bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como a escassez de Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
primeira segunda milésima
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos diálogos -
primeiros segundos milésimos
que comumente se faz uso das interjeições com o objetivo de caracte-
primeiras segundas milésimas
rizar personagens e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar
as falas. Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que racional
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em
fazem das interjeições presença constante nos textos publicitários.
funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conseguiram
o triplo de produção.
Fonte Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexio-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php nam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do me-
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos, dicamento.
isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
sequência. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia,
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos nu-
Eu quero café duplo, e você? merais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] que ocorre em frases como:
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! “Me empresta duzentinho...”
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de “fila”] É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os números divisão de futebol)
indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão é colocada
em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais, mas sim de Emprego dos Numerais
algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia ex- *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em
pressa pelos números, existem mais algumas palavras consideradas que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a
numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordenação. São partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do subs-
alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena. tantivo:
Ordinais Cardinais
Classificação dos Numerais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico: um, D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
dois, cem mil, etc. Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada: Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
primeiro, segundo, centésimo, etc. Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empre-
gados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias
de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões sobre Numeral Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar ter-
mos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais” uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As
temos exemplos de numerais: preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois es-
A)ordinais; B)cardinais; tabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indis-
C)fracionários; D)romanos; pensáveis para a compreensão do texto.
E)Nenhuma das alternativas.
Tipos de Preposição
02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem em-
pregados. 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente
A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro. como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de,
B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo. desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro
C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro. de, para com.
D)Antes do artigo dez vem o artigo nono. 2. Preposições acidentais: palavras de outras classes grama-
E) O artigo vigésimo segundo foi revogado. ticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto,
fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90 são, 3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo
respectivamente como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas:
A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno, nongentésimo abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acor-
B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo do com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças
C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode
04. (Contador – IESES – 2012).“Em maio, um abaixo-assi- unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gê-
nado, para que o parlamento extinga a lei ortográfica, tomou a nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
82ª Feira do Livro de Lisboa.” O numeral ordinal destacado está Vale ressaltar que essa concordância não é característica da
corretamente escrito na alternativa:
preposição, mas das palavras às quais ela se une.
a) Oitogésima segunda. b) Octogésima segunda.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra
c) Oitagésima segunda. d) Octagésima segunda.
pode se dar a partir de dois processos:
05.Marque o emprego incorreto do numeral:
1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
A) século III (três) B) página 102 (cento e dois)
preposição a + artigos definidos o, os
C) 80º (octogésimo) D) capítulo XI (onze)
a + o = ao
E) X tomo (décimo)
GABARITO preposição a + advérbio onde
01. B 02. D 03. B 04. B 05. A a + onde = aonde
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
RESOLUÇÃO
Preposição + Artigos
1-) Nessa carteira só há duas notas de cinco reais = numerais De + o(s) = do(s)
cardinais De + a(s) = da(s)
De + um = dum
2-) De + uns = duns
A) Ao papa Paulo Sexto sucedeu João Paulo Primeiro. De + uma = duma
B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo dez. De + umas = dumas
C) Depois do capítulo sexto, li o capítulo onze. Em + o(s) = no(s)
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono. = correta Em + a(s) = na(s)
E) O artigo vinte e dois foi revogado. Em + um = num
Em + uma = numa
3-) 80 (octogésimo), 300 (trecentésimo ou tricentésimo) , 700 Em + uns = nuns
(septingentésimo) 90 (nonagésimo) Em + umas = numas
A + à(s) = à(s)
4-) 82ª Feira = Octogésima segunda. Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s)
5-)
A) século III (terceiro) Preposição + Pronomes
B) página 102 (cento e dois) De + ele(s) = dele(s)
C) 80º (octogésimo) De + ela(s) = dela(s)
D) capítulo XI (onze) De + este(s) = deste(s)
E) X tomo (décimo) De + esta(s) = desta(s)
Didatismo e Conhecimento 36
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De + esse(s) = desse(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + essa(s) = dessa(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquele(s) = daquele(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquela(s) = daquela(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isto = disto Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isso = disso Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aquilo = daquilo
De + aqui = daqui Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali Questões sobre Preposição
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s) 01. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
Em + este(s) = neste(s) – 2013-adap.) No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua,
Em + esta(s) = nesta(s) todo mundo vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio
Em + esse(s) = nesse(s) familiar.– o termo em destaque expressa relação de
Em + aquele(s) = naquele(s) A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
Em + aquela(s) = naquela(s) do projeto “Xadrez que liberta”.
Em + isto = nisto B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
Em + isso = nisso de falar.
Em + aquilo = naquilo C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
A + aquele(s) = àquele(s) termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
A + aquela(s) = àquela(s) D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou mui-
A + aquilo = àquilo to feliz, porque eu não esperava.
E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
Dicas sobre preposição a revisão da minha pena.
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal 02. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013 –
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, adap.) Considere o trecho a seguir.
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
como um substantivo singular e feminino. garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabili-
A dona da casa não quis nos atender. dade no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores
Como posso fazer a Joana concordar comigo? sonham, é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ter- instituição.
mos e estabelece relação de subordinação entre eles. As preposições que preenchem o trecho, correta, respectiva-
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. mente e de acordo com a norma-padrão, são:
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar A) a ...com
um tratamento adequado. B) de ...com
C) de ...a
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou D) com ...a
a função de um substantivo. E) para ...de
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte
da família 03. (Agente Policial – Vunesp/2013). Assinale a alternativa
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / cuja preposição em destaque expressa ideia de finalidade.
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. (A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de
R$957,70 para R$1.915,40.
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das (B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que o ba-
preposições: fômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para comprovar
Destino = Irei para casa. o crime.
Modo = Chegou em casa aos gritos. (C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer
Lugar = Vou ficar em casa; o exame clínico”...
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. (D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz Soa-
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. res, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas embriaga-
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. das ao volante, a mudança “é um avanço”.
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o trata- (E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade po-
mento. licial de dizer quem está embriagado...
Instrumento = Escreveu a lápis.
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. 04. (Agente Policial - VUNESP – 2013). Em – Jamais em
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. minha vida achei na rua ou em qualquer parte do globo um objeto
Companhia = Estarei com ele amanhã. qualquer. –, o termo em destaque introduz ideia de
Didatismo e Conhecimento 37
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(A) tempo. ção. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
(B) lugar. demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
(C) modo. do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
(D) posse. tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
(E) direção. apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.
05. Na frase - As duas sobrinhas quase desmaiam de enjoo... Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
- a preposição de, destacada, tem sentido de [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
A)causa. B)tempo. C)assunto. D)lugar. E)posse. Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
GABARITO A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
01. B 02. B 03. B 04. B 05. A Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis
RESOLUÇÃO em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plu-
ral). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja
1-) xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo vai ter que coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordân-
aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o termo em des- cia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
taque expressa relação de inclusão: rolará, inclusive, o torneio fa- enunciado.
miliar.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
2-) O metrô paulistano, de quem a banda recebe apoio, escola neste ano.
garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância ade-
no emprego, vantagem com que muitos trabalhadores sonham, é quada]
o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na instituição. [neste: pronome que determina “ano” = concordância adequa-
da]
3-) [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
(A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de inadequada]
R$957,70 para R$1.915,40. = preço Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de-
(C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
o exame clínico”... = lugar
(D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz Soa- Pronomes Pessoais
res, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas embriaga-
das ao volante, a mudança “é um avanço”. = posse São aqueles que substituem os substantivos, indicando dire-
(E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade poli- tamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os
cial de dizer quem está embriagado = posse pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou
“vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou
4-) Jamais em minha vida achei na rua ou em qualquer par- “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala.
te do globo um objeto qualquer. –, o termo em destaque introduz Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que
ideia de lugar. exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo.
5-) As duas sobrinhas quase desmaiam de enjoo... - a preposi-
ção de, destacada, tem sentido de causa (do desmaio). Pronome Reto
Didatismo e Conhecimento 38
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Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, co-
muns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na pra- -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
ça”, “Trouxeram-me até aqui”. tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome fazeis + o = fazei-lo
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas dizer + a = dizê-la
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as
indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós) formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
Pronome Oblíquo
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
tem + as = tem-nas
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
ou complemento nominal. Pronome Oblíquo Tônico
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função di- motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto
versa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o su- da oração. Possuem acentuação tônica forte.
jeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acen-
tuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. - 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Pronome Oblíquo Átono - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são pre- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
cedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
deu um presente.
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado: Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são
a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem
- 1ª pessoa do singular (eu): me a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do singular (tu): te - As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pes-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe soais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contex-
- 1ª pessoa do plural (nós): nos tos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes
- 2ª pessoa do plural (vós): vos costumam ser usados desta forma:
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Observações:
Não vá sem mim.
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de sur-
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo
preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito ex-
indireto na oração. presso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como objetos indiretos. Não vá sem eu mandar.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
diretos. - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes ori-
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se ginou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e
com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exer-
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, cem a função de adjunto adverbial de companhia.
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas Ele carregava o documento consigo.
formas nos exemplos que seguem:
- Trouxeste o pacote? - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são refor-
- Não contaram a novidade a vocês? çados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos
- Não, no-la contaram. ou algum numeral.
Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
Você terá de viajar com nós todos. Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias. e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tra-
Ele disse que iria com nós três. tamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar.
Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil;
Pronome Reflexivo em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras,
pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem litúrgica, ultraformal ou literária.
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo. Observações:
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tra-
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. tamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à
Eu não me vanglorio disso. pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Assim tu te prejudicas. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Conhece a ti mesmo.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indi-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. reta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um
Guilherme já se preparou. deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos ende-
Ela deu a si um presente. reçando à excelência que esse deputado supostamente tem para
Antônio conversou consigo mesmo. poder ocupar o cargo que ocupa.
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possui-
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais dor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
oficiais-generais NÚMERO PESSOA PRONOME
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores singular primeira meu(s), minha(s)
de universidades singular segunda teu(s), tua(s)
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas singular terceira seu(s), sua(s)
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores plural primeira nosso(s), nossa(s)
Vossa Santidade V. S. Papa plural segunda vosso(s), vossa(s)
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento plural terceira seu(s), sua(s)
cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramati-
cal a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele mo-
mento difícil.
Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou inva-
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da riáveis, observe:
alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Po- Invariáveis: isto, isso, aquilo.
dem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos. ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
defeitos, mas eu gosto muito dela. te indiquei.)
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pro-
nome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o
mensagem? procuraram ontem.
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o pro-
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo con- blema.
corda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (= - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Vou seguir seus passos.)
Note que:
Pronomes Demonstrativos - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em constru-
ções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera em cheio
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras,
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou dis- isso é que é sorte!
curso.
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um
No espaço: termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece,
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O casa-
está perto da pessoa que fala. mento seria um desastre. Todos o pressentiam.
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso,
fala. é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, en-
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro tão, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencio-
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de nada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade.
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar in- - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A
formações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade menina foi a tal que ameaçou o professor?
destinatária).
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pro-
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que en- nome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no,
via a mensagem). etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prá-
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, tico.
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que segura- Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
mente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer soas quaisquer.
revelar. Classificam-se em:
Pronomes Relativos
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do
ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, São aqueles que representam nomes já mencionados anterior-
alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, mente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subor-
tudo. dinadas adjetivas.
Algo o incomoda? O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
Quem avisa amigo é. grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = ora-
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser ex- ção subordinada adjetiva).
presso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e in-
São eles: cada, certo(s), certa(s). troduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é
Cada povo tem seus costumes. antecedente do pronome relativo que.
Certas pessoas exercem várias profissões. O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome de-
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora monstrativo o, a, os, as.
pronomes indefinidos adjetivos: Não sei o que você está querendo dizer.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expres-
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, so.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, Quem casa, quer casa.
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Observe:
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
Alguns se contentam pouco. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e
invariáveis. Observe: Note que:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o
outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, mui- qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
tos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, substantivo.
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
cada. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
São locuções pronominais indefinidas:
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem - O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pro-
quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual nomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verifi-
(= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. car se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias
Cada um escolheu o vinho desejado. classificações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com
referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de de-
Indefinidos Sistemáticos terminadas preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio
de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebe- caso, geraria ambiguidade.)
mos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que
indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
uma totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pes- refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
soa, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e poeta, que era a sua vocação natural.
qualquer, que generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na constru- - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
ção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das
a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas quais.
frases seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
imprimem às afirmações de que fazem parte: (antecedente) (consequente)
Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exer-
um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: cem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na
Emprestei tantos quantos foram necessários. segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função
(antecedente) de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.
Ele fez tudo quanto havia falado. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pro-
(antecedente) nome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda
pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar....
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre prece- Ajudar quem? Você (lhe).
dido de preposição.
É um professor a quem muito devemos. Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
(preposição) pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou en-
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente tre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) esteja
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava no infinitivo ou gerúndio.
foi assaltada. Eu desejo lhe perguntar algo.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em Eu estou perguntando-lhe algo.
que. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no ex- os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos
terior. segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu esta-
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: va fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
você agiu semana passada. eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
jogar videogame.
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo
só frase. é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
O futebol é um esporte. os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
O povo gosta muito deste esporte. também nomeiam:
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a -sentimentos: raiva, amor...
elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conver- -estados: alegria, tristeza...
sava, (que) ria, (que) fumava. -qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria...
Pronomes Interrogativos Morfossintaxe do substantivo
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral
indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- -se exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interro- núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou in-
gativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). direto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predica-
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas pre- tivo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Também
feres. encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas
passageiros desembarcaram. por grupos de palavras.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujei- 1- Substantivos Comuns e Próprios
to na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desem- Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com
penha função de complemento. Vamos entender, primeiramente, muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Ob- toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
serve as orações: oposição aos bairros).
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edi-
ajudar. fícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso
significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma Substantivo coletivo Conjunto de:
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mu- assembleia pessoas reunidas
lher, país, cachorro. alcateia lobos
Estamos voando para Barcelona. acervo livros
antologia trechos literários selecionados
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie arquipélago ilhas
cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele banda músicos
que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular: bando desordeiros ou malfeitores
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. banca examinadores
batalhão soldados
2 - Substantivos Concretos e Abstratos cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
LÂMPADA MALA cacho frutas
cáfila camelos
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existên- cancioneiro canções, poesias líricas
cia própria, que são independentes de outros seres. São substan- colmeia abelhas
tivos concretos. chusma gente, pessoas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, concílio bispos
independentemente de outros seres. congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo esquadra navios de guerra
real e do mundo imaginário. enxoval roupas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasí- falange soldados, anjos
lia, etc. fauna animais de uma região
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região
Observe agora:
frota navios mercantes, ônibus
Beleza exposta
girândola fogos de artifício
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
O substantivo beleza designa uma qualidade.
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que depen-
dem de outros para se manifestar ou existir. leva presos, recrutas
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser obser-
vada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja Substantivo coletivo Conjunto de:
bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a malta malfeitores ou desordeiros
palavra beleza é um substantivo abstrato. manada búfalos, bois, elefantes,
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações matilha cães de raça
e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os molho chaves, verduras
quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), via- multidão pessoas em geral
gem (ação), saudade (sentimento). ninhada pintos
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
3 - Substantivos Coletivos penca bananas, chaves
pinacoteca pinturas, quadros
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra quadrilha ladrões, bandidos
abelha, mais outra abelha. ramalhete flores
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. rebanho ovelhas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. récua bestas de carga, cavalgadura
repertório peças teatrais, obras musicais
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário réstia alhos ou cebolas
repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abe- romanceiro poesias narrativas
lha... revoada pássaros
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. sínodo párocos
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular talha lenha
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie tropa muares, soldados
(abelhas). turma estudantes, trabalhadores
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. vara porcos
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo es-
tando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o femi-
Substantivos Simples e Compostos nino. Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou ra- macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
dical. É um substantivo simples. - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a
criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemen- indivíduo.
to. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda e a artista.
+ chuva). Esse substantivo é composto. Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma,
elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam
Substantivos Primitivos e Derivados
em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá...
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de ne-
nhum outro dentro de língua portuguesa. - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao mascu-
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma lino: freguês - freguesa
outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
é derivado, pois se originou a partir da palavra limão. formas:
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra pa- - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
lavra. - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Flexão dos substantivos
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sul-
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável tana
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar: - Substantivos terminados em -or:
Plural: meninos Feminino: menina - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Flexão de Gênero - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - con-
sulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa /
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo conde - condessa / profeta - profetisa
real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros:
masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os subs- - Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por
tantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
-a: elefante - elefanta
estes títulos de filmes:
O velho e o mar
Um Natal inesquecível - Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no
Os reis da praia feminino: bode – cabra / boi - vaca
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir - Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
precedidos dos artigos a, as, uma, umas: isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czari-
A história sem fim na réu - ré
Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para de- Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
signar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epice-
nos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de espe- Gênero dos Nomes de Cidades:
cificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A cobra macho picou o marinheiro. A histórica Ouro Preto.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
Sobrecomuns: Uma Londres imensa e triste.
Entregue as crianças à natureza. Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Gênero e Significação:
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, Muitos substantivos têm uma significação no masculino e ou-
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um tra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
refere a palavra. Veja: que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas-
A criança chorona chamava-se João. tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proi-
A criança chorona chamava-se Maria. bição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o
cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar,
Outros substantivos sobrecomuns: desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de com-
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa cria- bustão), o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda
tura. dos sentidos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha,
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Mar- canto em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado,
cela faleceu usado na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato
Comuns de Dois Gêneros: de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documen-
to, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso), a
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente,
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que setor de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de au-
a palavra motorista é um substantivo uniforme. mento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes,
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do arti- ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
go ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça
colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte an-
famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa terior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor),
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gê- a rádio (estação emissora), o voga (remador), a voga (moda, po-
neros. pularidade).
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência
pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens Flexão de Número do Substantivo
dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O Em português, há dois números gramaticais: o singular, que
problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a per- indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de
sonagem. um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo foto-
gráfico Ana Belmonte. Plural dos Substantivos Simples
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fa-
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena), zem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen
o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã, - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones.
o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o
pernoite, o púbis. - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”:
homem - homens.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a ca-
taplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a - Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo
faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
- São geralmente masculinos os substantivos de origem grega Atenção: O plural de caráter é caracteres.
terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema, - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no
o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o es- plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – ca-
tigma, o axioma, o tracoma, o hematoma. racóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas - Permanecem invariáveis, quando formados de:
maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. - Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas manei- o bem-te-vi e os bem-te-vis
ras: répteis ou reptis (pouco usada). o bem-me-quer e os bem-me-queres
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
maneiras: Plural das Palavras Substantivadas
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo
de “es”: ás – ases / retrós - retroses As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três O aluno errou na prova dos noves.
maneiras. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e al-
guns dez.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex
- os látex. Plural dos Diminutivos
Plural dos Substantivos Compostos Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo.
-A formação do plural dos substantivos compostos depende pãe(s) + zinhos = pãezinhos
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o
animai(s) + zinhos = animaizinhos
composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
farói(s) + zinhos = faroizinhos
malmequer/malmequeres.
tren(s) + zinhos = trenzinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são li-
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
gados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
flore(s) + zinhas = florezinhas
Algumas orientações são dadas a seguir:
mão(s) + zinhas = mãozinhas
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados de: papéi(s) + zinhos = papeizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos funi(s) + zinhos = funizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando forma- pé(s) + zitos = pezitos
dos de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Plural dos Nomes Próprios Personativos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
-falantes Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos que a terminação preste-se à flexão.
Os Napoleões também são derrotados.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando forma- As Raquéis e Esteres.
dos de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô- Plural dos Substantivos Estrangeiros
nia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
e cavalos-vapor como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando ter-
substantivo + substantivo que funciona como determinante do minam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã, peixe- as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os espor-
-espada - peixes-espada. tes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens.
Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe o exemplo: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
Plural com Mudança de Timbre diminuição. Por exemplo: casinha.
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, núme-
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre ro, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
metafonia (plural metafônico). desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
Singular Plural possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva
corpo (ô) corpos (ó) e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos
esforço esforços mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilida-
fogo fogos des de flexão que esses verbos possuem.
forno fornos
fosso fossos Estrutura das Formas Verbais
imposto impostos
olho olhos Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresen-
osso (ô) ossos (ó) tar os seguintes elementos:
ovo ovos - Radical: é a parte invariável, que expressa o significado es-
poço poços sencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
porto portos - Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a
posto postos conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
tijolo tijolos São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
- Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, es- - Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o
posos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
lho (ó) = feixe (molho de lenha). - Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a
pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural):
Particularidades sobre o Número dos Substantivos falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
leste, o oeste, a fé, etc.
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (com-
espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
por, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desa-
bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
parecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe,
honras (homenagem, títulos).
pões, põem, etc.
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sen-
tido de plural:
Aqui morreu muito negro. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im-
provisadas. Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos ver-
bos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facili-
Flexão de Grau do Substantivo dade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do
verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizo-
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as varia- tônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação
ções de tamanho dos seres. Classifica-se em: verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado nor-
mal. Por exemplo: casa Classificação dos Verbos
Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos im-
pessoais são:
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer, etc.
Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar: galinha,
coaxar: sapo, cricrilar: grilo
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade con-
siderada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por
alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido
conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no par-
ticípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:
Didatismo e Conhecimento 49
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INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompa-
nhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
Didatismo e Conhecimento 50
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SER - Formas Nominais
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Formas Nominais
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do su-
jeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por prono-
me oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou
transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo:
Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os verbos
reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por
exemplo:
Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
direto) - 1ª pessoa do singular relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
Modos Verbais (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para re-
presentar a escola.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: Tempos Verbais
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre
estudo. Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, 1. Tempos do Indicativo
menino.
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Formas Nominais - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num mo-
mento anterior ao atual, mas que não foi completamente termina-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que do: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advér- - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momen-
bio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe: to anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as
lições ontem à noite.
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substanti- antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições
vo. Por exemplo: quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as
Viver é lutar. (= vida é luta) lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer
num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma as lições amanhã.
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer
É preciso ler este livro. posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse di-
Era preciso ter lido este livro. nheiro, viajaria nas férias.
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ad- - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer
vérbio. Por exemplo: num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja,
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advér- levará as encomendas.
bio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adje- Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que in-
tivo) dicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
levará as encomendas.
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Didatismo e Conhecimento 53
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Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
Didatismo e Conhecimento 54
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Futuro do Pretérito do Indicativo
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela de-
sinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Didatismo e Conhecimento 55
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Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só
se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. (B) atemporal. (C) contínua. (D) hipotética. (E) futura.
03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.
Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter acon-
exprime possibilidade. tecido com a criança.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... preocupados.
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança se
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associa- perdeu mesmo assim.
ção, e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
está ligado a uma nova concepção de textualidade... 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
toda a literatura do mundo... no animal.
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi-
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O mentada.
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se pas- verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
sarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, A) Existia – Haviam – Existiam
teremos a forma: B) Existiam – Havia – Existiam
A) puder. C) Existiam – Haviam – Existiam
B) poderia. D) Existiam – Havia – Existia
C) pôde. E) Existia – Havia – Existia
D) poderá. GABARITO
E) pudesse.
06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma- 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
-padrão.
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da impres- RESOLUÇÃO
são definitiva.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio. 1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
no feriado. mantivessem a atenção voltada para seus pertences, conservando-
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... -os junto ao corpo.
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu
superior. 2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando que-
das sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale a expressa ação contínua (= não concluída)
alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido da
frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder, quem 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma mensa- um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
gem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. pergunta “débito ou crédito?”.
(A) Caso a criança se havia perdido… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
(B) Caso a criança perdeu… segundo ideias preconcebidas.
(C) Caso a criança se perca…
(D) Caso a criança estivera perdida… 4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação e
(E) Caso a criança se perda… arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual.
= verbo no futuro do pretérito
08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.).
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo 5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do In-
futuro. dicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos, vós
A) Os consumidores são assediados pelo marketing … poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento econô-
B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar. mico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele) = poderia.
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… 6-)
D) … de onde vem o produto…? (B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em silêncio.
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… (C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar
no feriado.
09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a (D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas (E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a
se dá em conformidade com a norma-padrão da língua. seu superior.
Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve 1. Estou comprando um protetor solar.
uma grande perda salarial...) 2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independentes.
8-) É esse tipo de período que veremos: o Período Composto por
A) Os consumidores são assediados pelo marketing = pre- Coordenação.
sente Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.
= pretérito do Subjuntivo
D) … de onde vem o produto…? = presente Coordenadas Assindéticas
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = preté-
rito perfeito São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através
de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
9-)
(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizi- Coordenadas Sindéticas
nhos.
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter aconte- Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si,
cido com a criança. mas que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontra- caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As
da. orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a crian- aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
ça se perdeu mesmo assim. Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais
10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como,
deira no animal. assim... como.
II. Existiam muitos ferimentos no boi. - Não só cantei como também dancei.
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi- - Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
mentada. - Comprei o protetor solar e fui à praia.
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
existir = variável. Portanto, temos: Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas princi-
I – Existiam onze pessoas... pais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no
II – Havia muitos ferimentos... entanto, ainda, assim, senão.
III – Existia muita gente... - Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
SINTAXE: PROCESSOS DE
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas princi-
pais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja.
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras
O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma diferentes.
oração em sua composição. Sendo Assim: - Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Pe- Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas princi-
ríodo Composto =locução verbal, verbo, duas orações) pais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte, con-
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um prote- sequentemente, pois (posposto ao verbo)
tor solar. (Período Composto = três verbos, três orações). - Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corresponde - Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
a uma oração. Isso implica que o primeiro exemplo é um período - Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
simples, pois tem apenas uma oração, os dois outros exemplos são - A situação é delicada; devemos, pois, agir
períodos compostos, pois têm mais de uma oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas princi-
orações de um período composto: uma relação de coordenação ou pais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois (an-
uma relação de subordinação. teposto ao verbo).
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um - Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de informações, - Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas indivi- - Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
duais, como é o exemplo de:
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Pe- Fonte:
ríodo Composto) http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-
Podemos dizer: -assindeticas-e-sindeticas/
Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões sobre Orações Coordenadas 07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção sub-
linhada está corretamente indicado entre parênteses.
01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende tra-
integral de gosto e de estilo” tem valor: balhar como advogado. (explicação)
A) conclusivo B) adversativo C) concessivo B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição)
D) explicativo E) alternativo C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocu-
pe. (oposição)
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A ora- D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. (al-
ção em destaque é: ternância)
a) coordenada explicativa b) coordenada adversativa E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
c) coordenada aditiva d) coordenada conclusiva chuva. (conclusão)
e) coordenada assindética
08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas no tex-
03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia o to “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na casa, nem
seguinte trecho: assustou seus habitantes.” A seguir, classifique-as, respectiva-
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a cul- mente, como coordenadas:
tura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. A) adversativa e aditiva. B) explicativa e aditiva.
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a nor- C) adversativa e alternativa. D) aditiva e alternativa.
ma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em 09. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as
destaque, o trecho estará corretamente reescrito em: pessoas que não sabem cozinhar. A palavra “porque” pode ser
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda substituída, sem alteração de sentido, por
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prá- A) entretanto. B) então. C) assim. D) pois. E) porém.
tica.
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase 10- Na oração “Pedro não joga E NEM ASSISTE”, temos a
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida presença de uma oração coordenada que pode ser classificada em:
prática. A) Coordenada assindética;
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a B) Coordenada assindética aditiva;
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. C) Coordenada sindética alternativa;
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a D) Coordenada sindética aditiva.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
GABARITO
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
06. A 07. B 08. A 09. D 10. D
04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.)
RESOLUÇÃO
Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel
mas também da necessidade de maior número de viagens... –, os
1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de
termos em destaque estabelecem relação de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração coor-
A) explicação. B) oposição. C) alternância. denada sindética adversativa
D) conclusão. E) adição.
2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que estare- em destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada
mos a seu lado sempre. assindética
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
A) Coordenada sindética aditiva. 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e
B) Coordenada sindética alternativa. ideia) adversativa
C) Coordenada sindética conclusiva. A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda
D) Coordenada sindética explicativa. a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida práti-
06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversa- ca. = conclusiva
tivo é: B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. prática. = conformativa
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
pedir esmola”. cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da = conclusiva
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde = explicativa
E à educação”. Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir
por porque; como conclusiva: substituo por portanto.
Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjun-
também da necessidade de maior número de viagens... estabelecem ções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introdu-
relação de adição de ideias, de fatos zidas por preposição.
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre. 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética ex-
plicativa A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
6-) Suponho que você foi à biblioteca hoje.
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda (ideia Oração Subordinada Substantiva
contrária)
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. = adição Você sabe se o presidente já chegou?
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir
Oração Subordinada Substantiva
esmola”. = adição
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também in-
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de troduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E à advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os
educação”. = adição exemplos:
7-) O garoto perguntou qual era o telefone da moça.
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende traba- Oração Subordinada Substantiva
lhar como advogado. = adversativa
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
= conclusão Oração Subordinada Substantiva
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
= explicativa Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
chuva. = alternativa De acordo com a função que exerce no período, a oração
subordinada substantiva pode ser:
8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva a) Subjetiva
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do
9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as pes- verbo da oração principal. Observe:
soas que não sabem cozinhar. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
= conjunção explicativa: pois Sujeito
10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adição, É fundamental que você compareça à reunião.
soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva. Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Sub-
jetiva
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
Atenção: Observe que a oração subordinada substantiva pode
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”
ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período
Oração Principal Oração Subordinada
simples:
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, que É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicati-
vo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a fun-
tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperati- ção de sujeito
vo), são chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração prin-
modificar o período acima. Veja: cipal:
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. 1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo:
Oração Principal Oração Subordinada É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro -
Está evidente - Está comprovado
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a É bom que você compareça à minha festa.
oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir
em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta 2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se -
agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou
que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo provado
verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou
implícitas.
Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - impor- Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas
tar - ocorrer - acontecer indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
Convém que não se atrase na entrevista. subordinadas substantivas completivas nominais integram o sen-
tido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o
o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complemen-
ta um verbo, o segundo, um nome.
b) Objetiva Direta
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce fun- e) Predicativa
ção de objeto direto do verbo da oração principal. A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de
Todos querem sua aprovação no concurso. predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
Objeto Direto depois do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Todos querem que você seja aprovado. (= Todos querem Predicativo do Sujeito
isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objeti- Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era
va isso)
Direta Oração Subordinada Substantiva Pre-
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desen- dicativa
volvidas são iniciadas por: Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na pro-
A professora verificou se todos alunos estavam presentes. va.
Meu pai insiste em meu estudo. Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor
Objeto Indireto e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm
introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste adnominal do antecedente. Observe o exemplo:
nisso) Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na ora-
ção. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjeti-
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. vo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra constru-
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta ção, a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
d) Completiva Nominal Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
A oração subordinada substantiva completiva nominal com-
pleta um nome que pertence à oração principal e também vem Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e
marcada por preposição. o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo prono-
Sentimos orgulho de seu comportamento. me relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações,
Complemento Nominal o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração
subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o
de que você se comportou. (= Sentimos antecede.
orgulho disso.) Obs.: para que dois períodos se unam num período composto,
Oração Subordinada Substantiva Completiva No- altera-se o modo verbal da segunda oração.
minal
Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer 3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substituído por: o
qual - a qual - os quais - as quais Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a
Refiro-me ao aluno que é estudioso. função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa
Essa oração é equivalente a: forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa,
Refiro-me ao aluno o qual estuda. condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida
por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das inte-
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas grantes). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução con-
juntiva que a introduz.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresen- Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
tam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordi- Oração Subordinada Adverbial
nadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem
as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introdu- Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância
zidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposi- de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
ção) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indi-
gerúndio ou particípio).
cam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A clas-
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
sificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo:
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva de-
senvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha
apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No vida.
segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infiniti- Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de mi-
vo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. nha vida.
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto ad-
verbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, período, esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”,
as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras que é, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa
diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção su-
termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não bordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo in-
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas dicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível
restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe ou reduzi-la, obtendo-se:
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficien- Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
temente definido, as quais denominam-se subordinadas adjetivas vida.
explicativas.
Exemplo 1: A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das for-
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem mas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida
que passava naquele momento. por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”,
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva combinada com o artigo “o”).
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais.
particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não
se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando
Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas Ad-
naquele momento.
verbiais
Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age ani-
malescamente. a) Causa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca
um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração prin-
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restriti- cipal. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”.
vo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introdu-
“homem”. zido na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já
Saiba que: que, uma vez que, visto que.
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da ora- As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
ção principal por uma pausa, que, na escrita, é representada pela Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alterna-
vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como tiva a não ser cancelá-lo.
forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas; de Já que você não vai, eu também não vou.
fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restri-
tivas, não.
Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Consequência Ele dorme como um urso.
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações subordi-
um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na ora- nadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
ção principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, Agem como crianças. (agem)
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão... Oração Subordinada Adverbial Comparativa
que, tanto...que, tamanho...que. No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (prece- ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do
dido de tal, tanto, tão, tamanho) verbo falar e do verbo fazer).
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concreti- f) Conformidade
zando-os. As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
Infinitivo) adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFOR-
c) Condição ME
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a reali- Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
zação ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais con- (todas com o mesmo valor de conforme).
dicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize Fiz o bolo conforme ensina a receita.
ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
Principal conjunção subordinativa condicional: SE iguais.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma g) Finalidade
vez que (seguida de verbo no subjuntivo). As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção,
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certa- a finalidade daquilo que se declara na oração principal.
mente o melhor time será campeão. Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o con- Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locu-
trato. ção conjuntiva para que.
Caso você se case, convide-me para a festa. Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada en-
d) Concessão trasse.
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam con-
cessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem uma h) Proporção
contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está dire- As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem
tamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA oração principal.
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ain- Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À
da que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar PROPORÇÃO QUE
de que. Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Só irei se ele for. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto
maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
realizará caso essa condição seja satisfeita. Compare agora com: (mais), quanto menos...(menos).
Irei mesmo que ele não vá.
À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração desta- Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
cada é, portanto, subordinada adverbial concessiva. Observe ou-
tros exemplos: i) Tempo
Embora fizesse calor, levei agasalho.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam
população continua à margem do mercado de consumo. uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posteriorida-
estudasse). (reduzida de infinitivo) de.
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
e) Comparação Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal
As orações subordinadas adverbiais comparativas estabele- e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
cem uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
principal.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando você foi embora, chegaram outros convidados. 02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles se tor-
Mal você saiu, ela chegou. narem uma referência positiva dentro da unidade, já que cumprem
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor nas suas
festa) (Oração Reduzida de Particípio) ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque
estabelece entre as orações uma relação de
Fonte: A) condição.
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.php B) causa.
C) comparação.
Questões sobre Orações Subordinadas D) tempo.
E) concessão.
01. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013).
Mais denso, menos trânsito 03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que
aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto:
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua
da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutu- vida.
ra, mas é importante também considerar o planejamento urbano. C) Ignoras quanto custou meu relógio?
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de descon- D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
centração, incentivando a criação de diversos centros urbanos, na E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros 04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens, di- Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu Na-
ficultando o investimento em transporte coletivo e aumentando a morado Lute.
necessidade do transporte individual.
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a des-
concentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
adensamento e predominância do transporte coletivo, como mos-
tram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais
bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura de teleco-
municação, água, eletricidade etc. Como em outras grandes cida-
des, essa deveria ser a região mais adensada da metrópole. Mas
não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro,
com deslocamento das atividades para diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de transporte co-
letivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível reverter
esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte indivi-
dual, fruto não só do novo acesso da população ao automóvel,
mas também da necessidade de maior número de viagens em fun-
ção da distância cada vez maior entre os destinos da população.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adapta- (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)
do)
É correto afirmar que a expressão contanto que estabelece en-
As expressões mais denso e menos trânsito, no título, esta- tre as orações relação de
belecem entre si uma relação de A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar de-
(A) comparação e adição. pois de casada.
(B) causa e consequência. B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso como
(C) conformidade e negação. cantor romântico.
(D) hipótese e concessão. C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já pensam
(E) alternância e explicação em casamento.
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão de mú-
sico provavelmente ganhará pouco.
E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido torne-se
um artista famoso.
Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – Ape- RESOLUÇÃO
sar da desconcentração e do aumento da extensão urbana veri-
ficados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais 1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, consequente-
os diversos centros já existentes... –, sem que tenha seu sentido mente, menos trânsito, então: causa e consequência
alterado, o trecho em destaque está corretamente reescrito em:
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Extensão 2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar orações uma relação de causa com a consequência de “tem um
ainda mais os diversos centros já existentes... efeito positivo”.
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento
da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar 3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordina-
ainda mais os diversos centros já existentes... da substantiva objetiva direta
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumen- A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja,
to da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e aden- não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “con-
sar ainda mais os diversos centros já existentes... vir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e também não inicia
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão com as conjunções integrantes “que” e “se”.
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de con-
ainda mais os diversos centros já existentes... dição (condicional)
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e 5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão ur-
adensar ainda mais os diversos centros já existentes... bana verificados no Brasil = conjunção concessiva
06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
fundamental que essa visão de adensamento com uso abundante extensão urbana no Brasil, = causal
de transporte coletivo seja recuperada para que possamos reverter C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumen-
esse processo de uso… –, a expressão em destaque estabelece en- to da extensão urbana no Brasil = comparativa
tre as orações relação de D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
A) consequência. B) condição. C) finalidade. urbana verificados no Brasil = causal
D) causa. E) concessão.
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). Consi-
dere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, naquele mes-
6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
mo ano foi enquadrado na lei de segurança nacional pela ditadura
militar e exilado.” O termo Como, em destaque na primeira parte
7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de
do enunciado, expressa ideia de
causa da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que. equivalente a visto que.
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme.
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. 8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a cons-
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. trução estabelece uma relação de causa e consequência. (a causa
da “contaminação” – consequência)
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
cas – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – “Fio, disjuntor, toma- 9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
da, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número
contaminar-me. –, a construção tanto ... que estabelece entre as de imigrantes que o Brasil em um ano.” = conjunção concessiva:
construções [com tanto orgulho] e [que chega a contaminar-me] ainda que
uma relação de
A) condição e finalidade. B) conformidade e proporção.
C) finalidade e concessão. D) proporção e comparação. EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO
E) causa e consequência. DE ESTRUTURAS.
DISCURSO DIRETO E INDIRETO
09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número
de imigrantes que o Brasil em um ano.” A alternativa que substitui
a expressão em negrito, sem prejuízo ao conteúdo, é: “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva-
A) já que. B) todavia. C) ainda que. -nos a refletir sobre a organização das ideias em um texto. Signi-
D) entretanto. E) talvez. fica dizer que, antes da redação, naturalmente devemos dominar
o assunto sobre o qual iremos tratar e, posteriormente, planejar o
GABARITO modo como iremos expô-lo, do contrário haverá dificuldade em
transmitir ideias bem acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação
01. B 02. B 03. C 04. D 05. A de textos e a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
06. C 07. D 08. E 09. C
Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos escre- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas contêm
ver, feito o esquema de exposição da matéria, é necessário saber todos estes elementos, portanto cabem algumas observações:
ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, não basta - As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) normal-
conhecer bem um determinado assunto, temos que o transmitir de mente são representadas por adjuntos adverbiais de tempo, lugar,
maneira clara aos leitores. etc. Note que, no mais das vezes, quando queremos recordar algo
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado para ou narrar uma história, existe a tendência a colocar os adjuntos nos
organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para tanto, começos das frases: “No Brasil e na América…” “Nos dias de
é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”, conforme o hoje…” “Nas minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os
dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que estuda a disposi- verbos e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil
ção das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a existe…”
relação lógica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe Observações:
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de maneira - tais construções não estão erradas, mas rompem com a or-
a produzirem um sentido evidente para os receptores das nossas dem direta;
mensagens. Observe: - é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas frases
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está Latina que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo: Está cho-
América causando. vendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São quatro horas
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e na agora;
América Latina. - Outras frases são construídas com verbos intransitivos, que
não têm complemento: O menino morreu na Alemanha, (sujeito
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma frase, as +verbo+ adjunto adverbial), A globalização nasceu no século XX.
palavras estão amontoadas sem a realização de “uma sintaxe”, não (idem)
há um contexto linguístico nem relação inteligível com a realida- - Há ainda frases nominais que não possuem verbos: Cada
de; no caso 2, a sintaxe ocorreu de maneira perfeita e o sentido está macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta faz-se
claro para receptores de língua portuguesa inteirados da situação naturalmente. Usam-se apenas os termos existentes nelas.
econômica e cultural do mundo atual. Levando em consideração a ordem direta, podemos estabele-
cer três regras básicas para o uso da vírgula:
A Ordem dos Termos na Frase 1)Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá a
necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo disto:
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é A globalização está causando desemprego no Brasil e na
organizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia, há América Latina.
diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal frase, tudo Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração por
depende da necessidade ou da vontade do redator em manter o três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula, mesmo que
sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a algum dos seus estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra básica nº1 para a
termos. Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série colocação da vírgula. Veja:
de inversões e intercalações em nossas frases, conforme a nossa A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” cau-
vontade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos trans- sam desemprego… = (três núcleos do sujeito)
mitir uma ideia. Por exemplo, podemos expressar a mensagem da A globalização causa desemprego no Brasil, na América La-
frase 2 da seguinte maneira: tina e na África. = (três adjuntos adverbiais)
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando A globalização está causando desemprego, insatisfação e
desemprego. sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. = (três
complementos verbais)
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, apenas mu-
damos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns termos (neste 2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar com
caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para obter a clareza tive- vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu complemento, nem
mos que fazer o uso de vírgulas. o complemento e as circunstâncias, ou seja, não devemos separar
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que com vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal incorreção:
mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego.
boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a não
“embolar” o sentido quando produzimos frases complexas. Com Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os ter-
isto, “entregamos” frases bem organizadas aos nossos leitores. mos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, assim o sentido
O básico para a organização sintática das frases é a ordem da ideia principal não se perderá. Esta é a regra básica nº2 para a
direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal ordem colocação da vírgula. Dito em outras palavras: quando intercala-
da seguinte maneira: mos expressões e frases entre os termos da oração, devemos isolar
os mesmos com vírgulas. Vejamos:
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL+ CIR- A globalização, fenômeno econômico deste fim de século XX,
CUNSTÂNCIAS causa desemprego no Brasil.
A globalização + está causando+ desemprego + no Brasil Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o sujeito
nos dias de hoje. e o verbo. Outros exemplos:
Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural, está Obs3: na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a ordem
causando desemprego no Brasil e na América Latina. inversa, emprestamos ênfase aos termos que principiam as frases.
Veja este exemplo de Rui Barbosa destacado por Garcia:
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. “A mim, na minha longa e aturada e continua prática do es-
As orações adjetivas explicativas desempenham frequente- crever, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de considerar por
mente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por isto são muito tempo necessária e insuprível uma locução nova, encontrar
também isoladas por vírgula. vertida em expressões antigas mais clara, expressiva e elegante a
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… mesma ideia.”
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu com- Estas três regras básicas não solucionam todos os problemas
plemento. de organização das frases, mas já dão um razoável suporte para
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no que possamos começar a ordenar a expressão das nossas ideias.
Brasil… Em suma: o importante é não separar os termos básicos das ora-
ções, mas, se assim o fizermos, seja intercalando ou invertendo
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não pertence elementos, então devemos usar a vírgula.
ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração é apenas
um comentário à parte entre o complemento verbal e os adjuntos. - Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
outro exemplo muito comum cobrado em provas é o enunciado
Obs: a simples negação em uma frase não exige vírgula: trazer uma frase no singular, por exemplo, e pedir que o aluno
A globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé- passe a frase para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo
rica Latina. é o enunciado dar a frase em um tempo verbal, e pedir para que
a passe para outro tempo verbal.
3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal que-
bra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da colocação da
vírgula. Tipos de Discurso
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando
desemprego…
No fim do século XX, a globalização causou desemprego no Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles
Brasil… escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social.
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se dá A análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto
com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Trata- -se da em que se encontra, assim como as personagens e as condições de
ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, são represen- produção do texto.
tadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes, elas são colocadas Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de
em orações chamadas adverbiais que têm uma função semelhante discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indire-
a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exem- to livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados,
plos: eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o
Quando o século XX estava terminando, a globalização co- produziu.
meçou a causar desemprego. Vejamos cada um deles:
Enquanto os países portadores de alta tecnologia desenvol-
vem--se, a globalização causa desemprego nos países pobres. Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ga-
Durante o século XX, a Globalização causou desemprego no nham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite
Brasil. que traços da fala e da personalidade das personagens sejam desta-
cados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as
Obs 1: alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo, consideram falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre
que as orações subordinadas adverbiais devem ser isoladas pela outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzi-
vírgula também quando colocadas após as suas orações principais, das e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
mas só quando Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito co-
a) a oração principal tiver uma extensão grande: por exemplo: muns durante a reprodução das falas. Ex.
A globalização causa… , enquanto os países…(vide frase acima); “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que
b) Se houver uma outra oração após a principal e antes da suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim
oração adverbial: A globalização causa desemprego no Brasil do banhado!...”
e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto nos países “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
portadores de alta tecnologia…
Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala
Obs 2: quando os adjuntos adverbiais são mínimos, isto é, têm e reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pes-
apenas uma ou duas palavras não há necessidade do uso da vírgula: soa. Nesse caso, o narrador utiliza-se de palavras suas para repro-
Hoje a globalização causa desemprego no Panamá. duzir aquilo que foi dito pela personagem. Ex.
Ali a globalização também causou… “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de As-
A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globalização… sis)
Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo 3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da masmorra, imagi- uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o
nava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto) núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue:
A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol-
Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa veram ficar.
e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões apro-
de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é ximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concor-
uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se da com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candida-
fundem. Ex. tos se inscreveram no concurso.
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi-
pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!” dato se inscreveu no concurso de piadas.
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretan-
to, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) Observação:
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
Irmãos.” (Graciliano Ramos) deverá permanecer no plural:
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
FONTE: campanha de doação de alimentos.
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/ Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
de formatura.
Casos referentes a sujeito simples 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. casa sou eu que decido tudo.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
multidão, apavorada, saiu aos gritos. com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos
funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitora-
Observação: do apoiou a decisão.
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnomi-
nal no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para Observações:
o plural: - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem,
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. diretoria 50% dos funcionários.
Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular: - A pequena criança é uma gracinha.
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter- Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge-
minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos ral mostrada acima.
funcionários apoiaram a decisão da diretoria. a) Um adjetivo após vários substantivos
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira concorda com o substantivo mais próximo.
pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite. - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural mascu-
prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os lino ou concorda com o substantivo mais próximo.
determinam: - Ela tem pai e mãe louros.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, - Ela tem pai e mãe loura.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma cria- - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
ção de Machado de Assis. para o plural.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per- - O homem e o menino estavam perdidos.
manece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
potência mundial. - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró-
ximo.
Casos referentes a sujeito composto Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda
a dois pressupostos básicos: com o mais próximo ou vai para o plural.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as de- Estavam feridos o pai e os filhos.
mais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Estava ferido o pai e os filhos.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou
na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
receram ao evento. - coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no d) Pronomes de tratamento
plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa- - sempre concordam com a 3ª pessoa.
receu ao evento o pai e seus dois filhos. Vossa Santidade esteve no Brasil.
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo - Concordam com o substantivo a que se referem.
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo. As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas Precisamos de nomes próprios.
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permane- Obrigado, disse o rapaz.
cer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista,
minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, mi- f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
nha conquista, minha premiação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular
e o adjetivo no plural.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais Renato advogou um e outro caso fáceis.
termos da oração para que concordem em gênero e número com o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se g) É bom, é necessário, é proibido
flexionará à sua maneira. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con- de artigo ou outro determinante.
cordam em gênero e número com o substantivo. Canja é bom. / A canja é boa.
Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida. 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
h) Muito, pouco, caro cordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:
- Como adjetivos: seguem a regra geral. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
Comi muitas frutas durante a viagem. determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
Pouco arroz é suficiente para mim. de a suas decisões.
Os sapatos estavam caros. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a prá-
- Como advérbios: são invariáveis. tica política.
Comi muito durante a viagem. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro regi-
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. me democrático, em que se respeita tanto as liberdades individuais
Comprei caro os sapatos. quanto as coletivas.
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático
i) Mesmo, bastante não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único
- Como advérbios: invariáveis poder central.
Preciso mesmo da sua ajuda. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes
na sociedade.
- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concordân-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. cia verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
j) Menos, alerta que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
- Em todas as ocasiões são invariáveis. tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
Preciso de menos comida para perder peso. sua matéria-prima.
Estamos alerta para com suas chamadas. B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre de-
lineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultra-
passar os limites da época em que vivem seus autores, gênios no
k) Tal Qual
domínio das palavras, sua matéria-prima.
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe
consequente.
permitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens se
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa ver-
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
dadeira interação com a realidade.
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so-
l) Possível mente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. deste último e o prazer da leitura.
A mais possível das alternativas é a que você expôs. E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da ultrapassa os limites de tempo e de época.
cidade.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para res-
m) Meio ponder à questão.
- Como advérbio: invariável. _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
Estou meio (um pouco) insegura. está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbo-
- Como numeral: segue a regra geral. no, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade
Comi meia (metade) laranja pela manhã. que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
___________diferença, as companhias não podem suportar ter de
n) Só pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono,
- apenas, somente (advérbio): invariável. sem qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-
Só consegui comprar uma passagem. -sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a
- sozinho (adjetivo): variável. maioria das políticas de crescimento verde sempre ___________
Estiveram sós durante horas. a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
Fonte: De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal. cunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
htm com:
Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem pre-
(B) Resta… faz… será conceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações
(C) Restam… faz... serão poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído
(E) Resta… fazem… será à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
versidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa-
em que o trecho ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi-
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de zessem o respeito que faziam por merecer.
quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamen- (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a pou-
te reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. ca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado do
puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas dos
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
cordelistas estavam diretamente ligados à falta de representativi-
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até dade.
agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser quantifi- 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
cados. FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até verbal e nominal em:
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os
quantificado. mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais humil-
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até des, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
quantificado. Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram.
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá- c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
sicos. judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma tré-
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATI- gua.
VO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa... ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu-
mam encontrar muito mais detratores que admiradores.
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifica-
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e es-
ção do continente americano (2,0)...
critores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos livros
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a que publicavam como pelas posições que corajosamente assumiam.
concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
em: 09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o
ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria? segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em:
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
pessoas de muito longe para brincar de quadrilha. (B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta)
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
quiseram ficar até o nascer do sol na praia. mundial de barris de petróleo)
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas tam- (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
bém existem umas que não merecem nossa atenção. da matéria-prima... (Constantes aumentos)
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas)
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FCC/2012) Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e 10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi-
locais de peregrinação. nale a alternativa em que a concordância das formas verbais desta-
cadas está de acordo com a norma-padrão da língua.
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização
o segmento grifado seja substituído por: subterrânea.
(A) Há folheteiros que (B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os trabalha-
(B) A maior parte dos folheteiros dores da área de limpeza.
(C) O folheteiro e sua família (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de
(D) O grosso dos folheteiros se contrair alguma doença.
(E) Cada um dos folheteiros (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, come-
FCC/2012) Todas as formas verbais estão corretamente flexiona- çou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus fun-
das em: cionários.
Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
RESOLUÇÃO quantificados.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
1-) Fiz os acertos entre parênteses: agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que sicos. = correta
determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
de a suas decisões. 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem itens:
(deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores e prin- (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (sin-
cípios que regem a prática política. gular)
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as liber- (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (plu-
dades individuais quanto as coletivas. ral)
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas
não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens in- (plural)
discriminadas de um único poder central. (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as for-
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados mas estão no plural)
(voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as dife- 6-)
rentes opiniões existentes na sociedade. A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “folhe-
terios”)
2-)
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
sua matéria-prima. = correta
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores,
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes per- cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir des-
mite criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans- sas criações poéticas tão originais.
formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído
interação com a realidade. à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- versidades do país.
mente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos re-
deste último e o prazer da leitura. quizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que consti- (D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvaloriza-
tuem leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo ção e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (po-
que ultrapassa os limites de tempo e de época. dem) ser resultado do puro e simples desconhecimento.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
3-) _Restam___dúvidas problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em representatividade.
si __faça __diferença
a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____ 8-) Fiz as correções entre parênteses:
será_____ a segunda opção. a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais
plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/ humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje.
serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas. b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
4-) Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram.
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos. c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem quan- (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido)
tificados. ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua.
Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu- caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
mam encontrar muito mais detratores que admiradores. no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec- vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram) muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que co- cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
rajosamente assumiam. Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um
9-) fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há” em frases distintas.
permaneceria no singular
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) = Verbos Intransitivos
“sabe” permaneceria no singular
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo Os verbos intransitivos não possuem complemento. É impor-
mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular
tante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
adverbiais que costumam acompanhá-los.
da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” passaria para
- Chegar, Ir
“refletem-se”
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) = lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
“pressiona” permaneceria no singular ou direção são: a, para.
Fui ao teatro.
10-) Fiz as correções: Adjunto Adverbial de Lugar
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem Ricardo foi para a Espanha.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos Adjunto Adverbial de Lugar
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
manhã = eram - Comparecer
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, come- O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
çou = começaram Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
jogo.
Regência Verbal e Nominal
Verbos Transitivos Diretos
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocu- Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos
pa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele-
ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve-
sejam corretas e claras. mos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los,
Regência Verbal la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na,
Termo Regente: VERBO nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquan-
to lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar,
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, ado-
tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa- rar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, con-
cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as denar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar,
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar,
mudança ou retirada de uma preposição. Observe: socorrer, suportar, ver, visitar.
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou verbo amar:
prazer”, satisfazer. Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- Amo aquela moça. / Amo-a.
dar a alguém”. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Saiba que: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos: Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Cheguei ao metrô. Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
Cheguei no metrô.
Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos Transitivos Indiretos Informar
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje- ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
tos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi- Informe os novos preços aos clientes.
ção para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos pre-
pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como ços)
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Na utilização de pronomes como complementos, veja as cons-
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen- truções:
tam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
“em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
todos.
Comparar
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in- Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi-
troduzidos pela preposição “a”: ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Pedir
- Responder - Tem complemento introduzido pela preposição Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de
“a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
que” se responde. Pedi-lhe favores.
Respondi ao meu patrão. Objeto Indireto Objeto Direto
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura. Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando Objetiva Direta
exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
Veja: Saiba que:
O questionário foi respondido corretamente. - A construção “pedir para”, muito comum na linguagem coti-
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. diana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No entanto,
é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos in- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
troduzidos pela preposição “com”. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
Antipatizo com aquela apresentadora. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam entregar-lhe os catálogos em casa).
para uma minoria privilegiada.
- A construção “dizer para”, também muito usada popularmen-
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos te, é igualmente considerada incorreta.
Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
AGRADAR CUSTAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca-
riciar. - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu-
quando o revê. ras não deveriam custar muito.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
não perde oportunidade de agradá-lo. - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Muito custa viver tão longe da família.
preposição “a”. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
O cantor não agradou aos presentes. Intransitivo Reduzida de Infinitivo
O cantor não lhes agradou.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati-
ASPIRAR tude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva Sub-
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
jetiva
ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Indireto Reduzida de Infinitivo
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva- atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
mos a elas) Observe:
Custei para entender o problema.
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Forma correta: Custou-me entender o problema.
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e
“lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem- IMPLICAR
plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes impli-
ASSISTIR cavam um firme propósito.
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assis- b) Ter como consequência, trazer como consequência, acar-
tência a, auxiliar. Por exemplo: retar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. político de um povo.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Não assisti às últimas sessões. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não
Essa lei assiste ao inquilino. trabalhasse arduamente.
Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, esti- Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usa-
mar, amar. do na voz passiva: A fila não foi obedecida.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina. VER
Despede-se o filho que muito lhe quer.
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o
VISAR filme.
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer
pontaria e de pôr visto, rubricar. Regência Nominal
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque. É o nome da relação existente entre um nome (substantivo,
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa re-
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, lação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da
é transitivo indireto e rege a preposição “a”. regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apre-
O ensino deve sempre visar ao progresso social. sentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar pú- Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o
blico. regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer
e os nomes correspondentes: todos regem complementos introdu-
ESQUECER – LEMBRAR zidos pela preposição a. Veja:
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal) Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro. posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a
complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos in-
algum verbo cuja regência você conhece.
diretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
SIMPATIZAR
NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria na-
mora João.
OBEDECER
Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
não raro, quem... mídia pode exercer sobre os jovens.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- A) dos … na B) nos … entre a
ra de Tunuí... C) aos … para a D) sobre os … pela
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, E) pelos … sob a
mestre e colaborador...
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da quanto à regência, verbal ou nominal.
frase acima se encontra em: A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do ver- mil tomadas.
bo latino dirigere... B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
dades... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar lo-
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela gotipos e negociar.
justiça. D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações do edifício.
da justiça... E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento a um prédio na marginal.
de justiça.
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, confor-
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de me as regras de regência da norma-padrão da língua e sem altera-
2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação. ção de sentido.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais no-
dos trabalhadores domésticos.
tável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
A) da B) na C) pela
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
D) sob a E) sobre a
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais no-
tável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.
GABARITO
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais no-
tável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros. 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen- 06. A 07. C 08. A 09. C
te seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em RESOLUÇÃO
outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável ciências ...
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. Facilitar – verbo transitivo direto
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de li-
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque. gação
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a respon- C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
sabilidade pelo problema. direto e indireto
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
perdido. transitivo indireto
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um
índio na porta do prédio. 2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos fi-
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido lhos do sueco.
de sua família. Pedir = verbo transitivo direto e indireto
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à ga- A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transi-
rotinha. tivo direto
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al- B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação
ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
texto, de acordo com as regras de regência. =verbo intransitivo
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi- E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a =transitivo direto
exposição a imagens idealizadas pela mídia.
Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par- 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
tes desiguais... dos trabalhadores domésticos.
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos Crase
troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistu-
não raro, quem... =transitivo direto ra”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição
ra de Tunuí... = transitivo direto “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
mestre e colaborador...=transitivo direto quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
crase. O uso apropriado do acento grave depende da compreensão
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendi-
Lidar = transitivo indireto mento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exi-
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- gem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, portanto, consiste
dades... =transitivo direto em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela e um artigo ou pronome. Observe:
justiça. =ligação Vou a + a igreja.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da Vou à igreja.
justiça... =transitivo direto e indireto
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
de justiça. =transitivo direto exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontua- é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
ção encontra-se em tópico específico)
Refiro-me à aluna.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
pontuação)
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (refe-
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente,
rir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais no-
crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e ad-
tável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. mita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.
6-) Casos em que a crase NÃO ocorre:
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
perdido. - diante de substantivos masculinos:
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio Andamos a cavalo.
na porta do prédio. Fomos a pé.
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de Passou a camisa a ferro.
sua família. Fazer o exercício a lápis.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela Compramos os móveis a prazo.
garotinha.
- diante de verbos no infinitivo:
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já A criança começou a falar.
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e Ela não tem nada a dizer.
a exposição a imagens idealizadas pela mídia. Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exem-
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a plos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
mídia pode exercer sobre os jovens. - diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra-
tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
8-) Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um Entreguei a todos os documentos necessários.
homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar lo- Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
gotipos e negociar.
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de toma- Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
das do edifício. podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao,
em um prédio na marginal. ocorrerá crase. Por exemplo:
Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) *- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se- vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
nhor.) Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Vou à praia. = Volto da praia.
Cláudio para sair mais cedo.)
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
- diante de numerais cardinais: ocorrerá crase. Veja:
Chegou a duzentos o número de feridos. Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
Daqui a uma semana começa o campeonato. regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
- diante de palavras femininas: Aquela (s), Aquilo
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re-
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. gente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Sou grata à população. Refiro-me a + aquele atentado.
Fumar é prejudicial à saúde. Preposição Pronome
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. Refiro-me àquele atentado.
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire-
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan-
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Aluguei aquela casa.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-
ge preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
exemplos:
- na indicação de horas:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Acordei às sete horas da manhã.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Elas chegaram às dez horas.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Foram dormir à meia-noite.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que
Espero aquele rapaz.
participam palavras femininas. Por exemplo:
Fiz aquilo que você disse.
à tarde às ocultas às pressas à medida que Comprei aquela caneta.
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
à direita à procura à deriva à toa quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi-
à luz à sombra de à frente de à proporção que gir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência
à semelhança de às ordens à beira de da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
Crase diante de Nomes de Lugar feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
“a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de-
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do Veja outros exemplos:
artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver- São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
“da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam res-
isso, haverá crase. Por exemplo: ponder nenhuma das questões.
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] Fran- A sessão à qual assisti estava vazia.
ça.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.) Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
Alegre.) bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
feminino por um termo regido masculino. Veja:
Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
Os exemplos são semelhantes aos de antes. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
Suas perguntas são superiores às dele. até às cinco horas da tarde.
Seus argumentos são superiores aos dele.
Sua blusa é idêntica à de minha colega. Questões sobre Crase
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discus-
A Palavra Distância sões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos
ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra- legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km respeito envolvendo questões de saúde pública como programas
daqui. (A palavra está determinada) de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala- de reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome
vra está especificada.) de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um droga-
do da nossa própria família?
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
pode ocorrer. Por exemplo: 17.09.2012. Adaptado)
Os militares ficaram a distância. As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec-
Gostava de fotografar a distância. tivamente, com:
Ensinou a distância. (A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a
Dizem que aquele médico cura a distância. (C) a … a … à … à (D) à … à … à … à
Reconheci o menino a distância. (E) a … a … a … a
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
pode-se usar a crase. Veja:
texto a seguir.
Gostava de fotografar à distância.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Ensinou à distância.
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Dizem que aquele médico cura à distância.
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu--
-lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio
- diante de nomes próprios femininos:
de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró-
prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. dada:
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. A) à – a – a B) a – a – à
C) à – a – à D) à – à – a
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femi- E) a – à – à
nino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever
as frases abaixo das seguintes formas: 03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto. NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto. sa, o acento indicativo de crase está corretamente empregado em:
- diante de pronome possessivo feminino: (A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com
o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Ob- a sua postura.
serve: (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por muito mais severas.
você. (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando demais motoristas e de pedestres.
por você. (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de prono- nova lei para que ela possa funcionar.
mes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abai-
xo das seguintes formas: 04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô. estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente.
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô. O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o
segmento grifado for substituído por:
Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
A) leitura apressada e sem profundidade. 09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
B) cada um de nós neste formigueiro. FCC/2012) O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é
C) exemplo de obras publicadas recentemente. um homem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes
D) uma comunicação festiva e virtual. e citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. sossegada, fica sentada tricotando tranquilamente, impassível ......
propensão de seu marido ...... investigar assassinatos.
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP (Adaptado de P.D.James, op.cit.)
– 2013). Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) dada:
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ ressocia- (A) à - à - a
lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para (B) a - à - a
o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, (C) à - a - à
ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna. (D) a - à - à
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_ (E) à - a – a
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em:
18.08.2012. Adaptado) 10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALU-
NO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- opções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente indi-
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua cado?
portuguesa. A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
D) à … à ... a E) a … à … a C) Esta era à medida certa do quarto.
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas.
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a seguir,
GABARITO
empregando o sinal indicativo de crase de acordo com a norma-
-padrão.
01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos es-
06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
paço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar nossas
RESOLUÇÃO
instituições.
(A) à … à … à
(B) a … à … à 1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
(C) à … a … a Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
(D) à … à … a há crase)
(E) a … a … à de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à)
07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar
– 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente em- um drogado da nossa própria família? (antes de pronome indefini-
pregado em: do/relativo)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. 2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre a
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me- verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__car-
canismos biológicos de controle emocional. tomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto di-
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. reto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez.
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
mentam a violência crescente nas cidades. 3-)
E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade (A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para
atinge os mais vulneráveis. substituir por “esperando”) de que
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O (antes de verbo)
sinal indicativo de crase está correto em: (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de (generalizando, palavra no plural)
biotecnologia. (D) À ninguém (pronome indefinido)
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à edu- (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
cação dos filhos.
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as ins- 4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem
talações do prédio. profundidade.
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome in-
que envolva a segurança das pessoas. definido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com- a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra mas-
prometa o bem-estar do cidadão. culina)
Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido) Impassível à propensão (regência nominal: pede preposi-
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra ção)
masculina) A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento
indicativo de crase)
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) Sequência: a / à / a.
também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ ressocia-
lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para 10-)
o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e subs-
ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna. tantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
- retorno a? regência nominal pede preposição; pronome demonstrativo)
- antes de verbo no infinitivo não há crase. C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e
substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À me-
6-) Vamos por partes! dida que lia, mais aprendia)
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
pede preposição; modo = apressadamente)
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
e indireto; masculina
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
Vejamos: PONTUAÇÃO
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições.
* Sujeitar A + A corrupção;
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto indire-
to. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é pronome Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
indefinido); para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar es-
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, ora- pecificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
ção subordinada com função de objeto indireto. Não há acento funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – “pre- portuguesa.
judicar”).
Ponto
7-) 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes se encontra.
de verbo no infinitivo não há crase) - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me- - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
canismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
singular e antecede palavra no plural, não há crase) 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (ar-
tigo indefinido) Ponto e Vírgula ( ; )
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali- 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma impor-
mentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina) tância.
E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfavo- a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
rável a?) nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
2- Antes de um aposto - Para marcar inversão:
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois
e calor à noite. das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesqui-
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento sadores, não lhes destinaram verba alguma.
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
rotina de sempre. de 1982.
Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO –
BNDES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, man- VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
tendo-se o sentido e a obediência à norma-padrão? pontuação.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns-
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
para o evento. você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos,
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- são desconhecidos.
to do desportista. (C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, extensão de nossa personalidade.
natação e canoagem. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os
níveis de estresse em alguns motoristas.
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012) (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta. são as principais causas da ira de trânsito.
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação. 08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
c) Maria, você trouxe os documentos? GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco-
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí
estranha. desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assina- agora afasta que abriu o sinal.”
le a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên-
das vírgulas. cia, minha filha, este é [...]”, para separar
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (A) aposto.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (B) vocativo.
acione o código na internet. (C) adjunto adverbial.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o (D) expressão explicativa.
código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, GABARITO
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança
foi encontrada. 01. C 02. C 03. D 04. C
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro 05. E 06. D 07. A 08. B
às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de RESOLUÇÃO
quem a encontrou e informar um ponto de referência
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo-
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor- ra, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade,
reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus- (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em-
tes nas letras iniciais minúsculas. bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade,
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro- pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e,
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, pro-
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidada- curou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
nia e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
pela saúde das crianças e transformação das comunidades em lu- rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
gares melhores para se viver. pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
a) A 2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha
b) B (apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimen-
c) C to). Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”,
d) D generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
e) E pessoa não têm o nome do pai na certidão.
RESPOSTA: “CERTO”.
Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (termo deslocado)
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = Recomendo a visualização do link abaixo para entender, de
mantê-la (vocativo) uma maneira criativa, a importância da pontuação!
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara http://www.youtube.com/watch?v=JxJrS6augu0
para o evento.
= mantê-la (explicação)
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO:
to do desportista. RECURSOS DE COESÃO.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, DE PALAVRAS E EXPRESSÕES.
natação e canoagem. RECURSOS DE ARGUMENTAÇÃO.
= mantê-la (enumeração) SUBSTITUIÇÃO VOCABULAR
Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência “Estar inteirada com os fatos” significa participação, intera-
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; ção.
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con- “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento dos
ceitual; fatos, estar informada.
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
o aspecto global do texto; “Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. “Ir ao encontro” quer dizer concordar.
Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
- A articulação sintática de causa pode ser feita por meio de Questões sobre Significação das Palavras
conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como, por isso
que, visto que, uma vez que, já que. Também podem ser emprega- 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu-
das as preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em nas da frase abaixo:
vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por motivo Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
de, por razões de. para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
- O principal articulador sintático de condição é o “se”: Se o para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; inter-
time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também expressar namente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
condição pelo emprego dos conectivos: caso, contanto que, desde a) imigraram - emigram - migram
que, a menos que, a não ser que. b) migraram - imigram - emigram
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais comum c) emigraram - migram - imigram.
de expressar finalidade. “É necessário baixar as taxas de juros d) emigraram - imigram - migram.
para que a economia se estabilize” ou para a economia estabilizar- e) imigraram - migram – emigram
-se. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa prova.” Há outros
articuladores que expressam finalidade: a fim de, com o propósito Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 -
de, na finalidade de, com a intenção de, com o objetivo de, com o
Leia o texto para responder às questões de números 02 e 03.
fito de, com o intuito de.
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio dos ar-
Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
ticuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, pois, por
isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. Para introduzir
mais um argumento a favor de determinada conclusão emprega- Você comprou um smartphone e acha que aquele seu celular
-se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além disso, além antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo para alguns
de tudo, introduzem um argumento decisivo, cabal, apresentado pode ser matéria-prima para outros. O CMID – Centro Marista
como um acréscimo, para justificar de forma incontestável o argu- de Inclusão Digital –, que funciona junto ao Colégio Marista de
mento contrário. Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ensina os alunos do colégio a
- Para introduzir esclarecimentos, retificações ou desenvolvi- fazer robôs a partir de lixo eletrônico.
mento do que foi dito empregam-se os articuladores: isto é, quer Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
dizer, ou seja, em outras palavras. A conjunção aditiva “e” anuncia constroem carros com sensores de movimento que respondem à
não a repetição, mas o desenvolvimento do discurso, pois acres- aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de baterias de
centa uma informação nova, um dado novo, e se não acrescentar celular. “Tirando alguns sensores, que precisamos comprar, é tudo
nada, é pura repetição e deve ser evitada. reciclagem”, comentou o instrutor de robótica do CMID, Leandro
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma gradação Schneider. Esses alunos também aprendem a consertar compu-
entre os correspondentes de determinada escala. No alto dessa es- tadores antigos. “O nosso projeto só funciona por causa do lixo
cala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no plano mais baixo: ao eletrônico. Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”,
menos, pelo menos, no mínimo. completou.
Em uma época em que celebridades do mundo digital fazem
campanha a favor do ensino de programação nas escolas, é ins-
Significação das Palavras pirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da turma avançada
de robótica do CMID que, aos 16 anos, já sabe qual será sua pro-
- Sinônimos fissão. “Quero ser programador. No início das aulas, eu achava
meio chato, mas depois fui me interessando”, disse.
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - abe- (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. Adap-
cedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. tado)
Observação: A contribuição greco-latina é responsável pela
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e antago-
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns sen-
nista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contravene-
sores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – pode ser
no e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; transformação e
metamorfose; oposição e antítese. substituída, sem alteração do sentido da mensagem, pela seguinte
expressão:
- Antônimos A) Pelo menos B) A contar de
C) Em substituição a D) Com exceção de
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; sober- E) No que se refere a
ba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um prefixo de 03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para o
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e an- termo destacado em – …“No início das aulas, eu achava meio cha-
tipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e ina- to, mas depois fui me interessando”, disse.
tivo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; simétrico A) Estimulante. B) Cansativo.
e assimétrico. C) Irritante. D) Confuso.
E) Improdutivo.
h t t p : / / w w w. c o l a d a w e b . c o m / p o r t u g u e s / s i n o n i m o s , -
-antonimos,-homonimos-e-paronimos
Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
– 2013). Analise as afirmações a seguir. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso por e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem altera-
ção do sentido do texto, por “faz”. 09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Leia
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescri- o texto a seguir.
ta da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação.
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui Temos o poder da escolha
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a Os consumidores são assediados pelo marketing a todo mo-
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido mento para comprarem além do que necessitam, mas somente eles
do texto. podem decidir o que vão ou não comprar. É como se abrissem em
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está nós uma “caixa de necessidades”, mas só nós temos o poder da
correto o que se afirma em escolha.
A) I, II e III. B) III, apenas. Cada vez mais precisamos do consumo consciente. Será que
C) I e III, apenas. D) I, apenas. paramos para pensar de onde vem o produto que estamos consu-
E) I e II, apenas. mindo e se os valores da empresa são os mesmos em que acredita-
mos? A competitividade entre as empresas exige que elas evoluam
05. Leia as frases abaixo: para serem opções para o consumidor. Nos anos 60, saber fabri-
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; car qualquer coisa era o suficiente para ter uma empresa. Nos
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte. anos 70, era preciso saber fazer com qualidade e altos índices de
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de produção. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou
humor. diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar com
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. responsabilidade socioambiental.
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de vocá- O consumidor tem de aprender a dizer não quando a sua re-
bulos para as lacunas existentes: lação com a empresa não for boa. Se não for boa, deve comprar o
a) concerto – há – a – cessões – há; produto em outro lugar. Os cidadãos não têm ideia do poder que
b) conserto – a – há – sessões – há; possuem.
c) concerto – a – há – seções – a; É importante, ainda, entender nossa relação com a empresa
d) concerto – a – há – sessões – há; ou produto que vamos eleger. Temos uma expectativa, um envolvi-
e) conserto – há – a – sessões – a . mento e aceitação e a preferência dependerá das ações que apro-
vamos ou não nas empresas, pois podemos mudar de ideia.
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4% das
– 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para responder à ques- pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas mesmas pes-
tão. soas admitem que já compraram produto pirata. Temos de refletir
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram sobre isso para mudar nossas atitudes.
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram (Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado)
limites de disciplina. No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimento e acei-
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, tação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário de
é: A) vontade.
A) de desprendimento. B) de responsabilidade. B) apreciação.
C) de abnegação. D) de amor. C) avaliação.
E) de egoísmo. D) rejeição.
E) indiferença.
07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preenchida
com a primeira alternativa da série dada nos parênteses: 10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Na
A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchentes. frase – Os consumidores são assediados pelo marketing... –, a pa-
(afim- a fim). lavra destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:
B) A bandeira está ________. (arreada - arriada). A) perseguidos.
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflingi- B) ameaçados.
rem - infringirem). C) acompanhados.
D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos. (con- D) gerados.
celhos - conselhos). E) preparados.
E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
de - acerca de). GABARITO
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à direita 01. A 02. D 03. A 04. A 05. D
de cada palavra há um sinônimo. 06. E 07. E 08. A 09. D 10. A
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 8-)
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = sig-
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigra- nificados invertidos
ram para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emi- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = significados
gram para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; invertidos
internamente, migram para o Sul, pelo mesmo motivo. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = significados
invertidos
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos com- e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = signifi-
prar, é tudo reciclagem”... cados invertidos
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das aulas, eu 9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e aceitação... –,
achava meio chato, mas depois fui me interessando” a palavra destacada apresenta sentido contrário de rejeição.
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas depois
fui me interessando”
10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... –, a
palavra destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido,
4-)
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso por por perseguidos.
homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem altera- Denotação e Conotação
ção do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescri- Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola,
ta da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a com a ideia associada a este conjunto.
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido
do texto. = correta Sentido Próprio e Figurado das Palavras
5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; Pela própria definição acima destacada podemos perceber que
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) vida a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada a sua
em Marte. forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a outra
3 – As sessões da câmara são verdadeiros programas relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que ela traz
de humor. (denominada significado).
4- Há dias que não falo com Alfredo. (= tempo Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se
passado) assim:
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido co-
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmiti- mum que costumamos dar a uma palavra.
ram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impu- - Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figurado”, que
seram limites de disciplina. podemos dar a uma palavra.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes con-
é de egoísmo textos:
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres 1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável,
beneficiam outros. É sinônimo de filantropia. No sentido comum
que adota condutas pouco apreciáveis)
do termo, é muitas vezes percebida, também, como sinônimo de
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece
solidariedade. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que
são as inclinações específica e exclusivamente individuais (pes- muito sobre alguma coisa, “expert”)
soais ou coletivas). No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido
7-) figurado.
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das en- Podemos então concluir que um mesmo significante (parte
chentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para indicar que concreta) pode ter vários significados (conceitos).
uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas que têm tempe-
ramentos afins, ou seja, parecidos) Denotação e Conotação
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar arreio
no cavalo) - Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o
C) Serão punidos os que infringirem o regulamento. seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário;
(inflingirem = aplicarem a pena) usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este exem-
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais velhos; plo: Cortaram as asas da ave para que não voasse mais.
(concelhos= Porção territorial ou parte administrativa de um dis- Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido pró-
trito). prio, comum, usual, literal.
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. (acerca
de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por analogia
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu e associação...
sentido dicionarístico. Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia de
hipertexto...
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico);
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e expressi- As palavras destacadas que expressam ideia de tempo são:
va. Veja este exemplo: (A) algo, especialmente e Quando.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que (B) Desde, especialmente e algo.
seja tarde demais. (C) especialmente, Quando e depois.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada, (D) Desde, Quando e depois.
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; discipli- (E) Desde, algo e depois.
na, limitação de conduta e comportamento.
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são: desde,
Fonte: quando e depois.
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- RESPOSTA: “D”.
-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras. 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
html A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o movimento
Questões sobre Denotação e Conotação cordelista pode ser comparada à de outros dois grandes nomes...
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem prejuízo da
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- correção, o elemento grifado pode ser substituído por:
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) (A) contrastada.
O sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão de (B) confrontada.
mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões com senti- (C) ombreada.
dos equivalentes, respectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo. (D) rivalizada.
(A) De corda; de plástico. (E) equiparada.
(B) De fogo; de madeira.
(C) De madeira; de pedra. Ao participar de um concurso, não temos acesso a dicioná-
rios para que verifiquemos o significado das palavras, por isso,
(D) De fogo; de pedra.
caso não saibamos o que significam, devemos analisá-las dentro
(E) De plástico; de cinza.
do contexto em que se encontram. No exercício acima, a que se
“encaixa” é “equiparada”.
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou associação
RESPOSTA: “E”.
de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo, combus-
tão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE CO-
RESPOSTA: “D”.
MUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi empregado em
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 sentido figurado.
- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguinte Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir” con-
passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- tinua sendo empregado em sentido figurado.
-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
diante da pergunta “débito ou crédito?”. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abridor.
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em casa.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade. Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empregado em
(D) julgar de acordo com normas legais. seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir a mente” =
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. aberto a mudanças, novas ideias).
RESPOSTA: “C”.
Classificar conforme regras conhecidas, mas não confirmadas
se verdadeiras. 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
RESPOSTA: “E”. FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão,
considere o texto abaixo.
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - A marca da solidão
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as palavras Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa-
destacadas nas seguintes passagens do texto: ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa
Desde o surgimento da ideia de hipertexto... pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra
... informações ligadas especialmente à pesquisa acadêmica, na tarde quente.
Didatismo e Conhecimento 91
LÍNGUA PORTUGUESA
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e BNDES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva anos”. A
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver frase em que esse verbo está usado com o mesmo sentido é:
para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o (A) O menino leva o material adequado para a escola.
mundo cabe numa fresta. (B) João levou uma surra da mãe.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
Tinta negra bazar, 2010. p. 47) (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova.
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido figu-
rado é No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o sentido
(A) menino. de “duração/tempo”
(B) chão. (A) O menino leva o material adequado para a escola. = car-
(C) testa. rega
(D) penumbra. (B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
(E) tenda. (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = dire-
Novamente, responderemos com frase do texto: seu rosto for- ciona
mando uma tenda. (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova
RESPOSTA: “E”. = duração/tempo
7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- RESPOSTA: “E”.
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à questão. Polissemia
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a cida- Consideremos as seguintes frases:
de. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equipes da Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão percorrendo as Vamos! Coloque logo a mão na massa!
ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas onde não devem As crianças estão com as mãos sujas.
e alertá-los para o que os espera. Em breve, com guardas munici-
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.
pais, policiais militares e 600 fiscais em ação, as multas começa-
rão a chegar para quem tratar a via pública como a casa da sogra.
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os recor-
que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado?
distas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas que, nas
Existe uma parte da gramática normativa denominada Semân-
últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, pichar monu-
tica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que uma
mentos, vandalizar prédios públicos, quebrar orelhões, arrancar
postes, apedrejar vitrines, depredar bancos, saquear lojas e, por mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que se in-
uma estranha compulsão, destruir lixeiras, jogar o lixo no asfalto sere.
e armar barricadas de fogo com ele. Tomando como exemplo as frases já mencionadas, analisa-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão nem remos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu sentido
aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum motivo, pare- denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.
cem querer levar ao colapso. Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalismo, sa- diante do ato praticado. Nas outras que seguem o significado é de:
que, formação de quadrilha, desacato à autoridade, resistência à participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como
prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos públicos, talvez seja parte do corpo humano e por último simboliza o roubo, visto de
possível enquadrá-los por sujar a rua. maneira pejorativa.
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos
Adaptado) que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilida-
des de várias interpretações levando-se em consideração as situa-
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º pará- ções de aplicabilidade.
grafo), o termo em destaque é sinônimo de Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos veri-
(A) progresso. ficar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
(B) descaso. O rapaz é um tremendo gato.
(C) vitória. O gato do vizinho é peralta.
(D) tédio. Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
(E) ruína. Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so-
brevivência
Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção do autor O passarinho foi atingido no bico.
ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se à queda, ao fim,
à ruína da cidade.
RESPOSTA: “E”.
Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
Polissemia e homonímia
Didatismo e Conhecimento 93
LÍNGUA PORTUGUESA
ANOTAÇÕES
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Didatismo e Conhecimento 94
RACIOCÍNIO LÓGICO
RACIOCÍNIO LÓGICO
5. Proposições simples e compostas
CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO As proposições simples são assim caracterizadas por apresen-
LÓGICO: SENTENÇAS ABERTAS; tarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúsculas: p,
PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS; q, r, s, t...
As proposições compostas são assim caracterizadas por apre-
CONECTIVOS (CONJUNÇÃO,
sentarem mais de uma proposição conectadas pelos conectivos ló-
DISJUNÇÃO, DISJUNÇÃO EXCLUSIVA, gicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
CONDICIONAL E BICONDICIONAL); Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a
NEGAÇÕES; NÚMERO DE LINHAS proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s
DE UMA TABELA-VERDADE; VALORES e t.
LÓGICOS DAS PROPOSIÇÕES E Exemplo:
CONSTRUÇÃO DE TABELAS-VERDADE; Proposições simples:
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS; p: Meu nome é Raissa
TAUTOLOGIA; CONTRADIÇÃO; q: São Paulo é a maior cidade brasileira
CONTINGÊNCIA; OPERAÇÕES LÓGICAS r: 2+2=5
SOBRE SENTENÇAS ABERTAS; s: O número 9 é ímpar
t: O número 13 é primo
QUANTIFICADORES LÓGICOS
E SUAS NEGAÇÕES; LÓGICA DE Proposições compostas
ARGUMENTAÇÃO; P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.
Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3.
R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
Estruturas lógicas
1. Proposição 6. Tabela-Verdade
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con- uma proposição composta, sendo que os valores das proposições
junto descreve o conteúdo dessa ideia. simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição com-
São exemplos de proposições: posta depende do valor lógico da proposição simples.
p: Pedro é médico. A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-
q: 5 > 8 verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. das preposições simples, e mais adiante veremos como determinar
o valor lógico de uma proposição composta.
2. Princípios fundamentais da lógica
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que Proposição composta do tipo P(p, q)
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides
de Eleia.
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser
verdadeira ou falsa.
3. Valor lógico
Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será: Proposição composta do tipo P(p, q, r)
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.
4. Conectivos lógicos
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as pro-
posições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são:
~ não
∧ e
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)
V Ou A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
→ se…então as anteriores.
↔ se e somente se
Didatismo e Conhecimento 1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn) 9. O conectivo ou e a disjunção
A tabela-verdade possui 2n linhas e é formada igualmente as O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é ou-
anteriores. tra proposição que tem como valor lógico V se alguma das propo-
7. O conectivo não e a negação sições for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p ∨
O conectivo não e a negação de uma proposição p é outra q (p ou q) representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade:
proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é
verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com P q pVq
a seguinte tabela-verdade:
V V V
P ~P V F V
V F F V V
F V F F F
Exemplo: Exemplo:
p = 7 é ímpar p = 2 é par
~p = 7 não é ímpar q = o céu é rosa
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa
P ~P
P q pVq
V F
V F V
q = 24 é múltiplo de 5
~q = 24 não é múltiplo de 5 10. O conectivo se… então… e a condicional
A condicional se p então q é outra proposição que tem como
q ~q valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q re-
F V presenta a condicional, com a seguinte tabela-verdade:
P q pΛq
P q p→q
V F F
F V V
p = 9 < 6
q = 3 é par p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par.
P q pΛq P q p→q
F F F V F F
Didatismo e Conhecimento 2
RACIOCÍNIO LÓGICO
p = 25 é múltiplo de 2
q = 12 < 3
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
P q p→q
F F V
P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3
q = 6 é ímpar
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.
P q p↔q
V F F
Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q são
duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo:
Didatismo e Conhecimento 3
RACIOCÍNIO LÓGICO
b) Valores lógicos de ~P
d) Valores lógicos de p Λ q
13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.
Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão
Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.
Didatismo e Conhecimento 4
RACIOCÍNIO LÓGICO
V V V V V Exemplo
V F F F V A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:
F V F F V
F F F V V p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
V V V V V
14. Contradição
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposi- V F F F V
ções p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa,
F V F F V
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ...
que a compõem F F F V V
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis q) ⇒ (p ↔q)
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única
proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor. 17. Equivalência lógica
Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do Definição
Brasil Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem
“~p” e o conetivo de “^” a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte for- que representa a equivalência lógica.
ma: p ^ ~p
Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔
Exemplo O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo-
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
valor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
que uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na
tempo, isto é, o princípio da não contradição. tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é
sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
p ~P q Λ (~q)
V F F Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será:
F V F
Didatismo e Conhecimento 5
RACIOCÍNIO LÓGICO
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS 1) Se p então q = Se não q então não p.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes chove
(ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas tabe-
las-verdade são idênticos. 2) Se p então q = Não p ou q.
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao tro- Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo
car uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equiva- no concurso
lente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la. Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser morização, teremos:
representada simbolicamente como: p q, ou simplesmente por p
= q.
Começaremos com a descrição de algumas equivalências ló-
gicas básicas.
Equivalências Básicas
Equivalências com o Símbolo da Negação
1. p e p = p Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão somen-
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente te, das negações das proposições compostas! Lembremos:
2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema
3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte
4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco
5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo. É possível que surja alguma dúvida em relação a última
linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi apren-
6. p ↔ q = (pq) e (qp) dido:
Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se vivo
então amo p↔q = (pq) e (qp)
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: (Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equivale
a duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente.
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as duas par-
tes e troca-se o E por OU. Fica para casa a demonstração da nega-
ção da bicondicional. Ok?
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são
as seguintes:
1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista
Equivalências da Condicional 2) p ou (p e q) = p
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico =
As duas equivalências que se seguem são de fundamental Paulo é dentista
importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja,
demonstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade. Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên- facilmente demonstradas.
cias da condicional são as seguintes: Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
Didatismo e Conhecimento 6
RACIOCÍNIO LÓGICO
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais novo
da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge
não é o mais novo da classe.
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço,
Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
C) O operário ligou a britadeira.
Questoes comentadas: D) O operário não ligou a britadeira.
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Se- “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria não
gurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira não
comprou um carro novo ou não é verdade que João comprou um pode estar ligada.
carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
A) um paradoxo. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
B) um silogismo. Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de
C) uma tautologia. constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado deter-
D) uma contradição. minou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo
E) uma contingência. não estiver preso”.
Considerando que a determinação judicial corresponde a uma
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado é sem- proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida
pre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, independente- se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os
mente dessas atribuições. itens seguintes.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-verdade
com a proposição que você propôs não vamos ter uma tautologia, 4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti-
mas uma contingência. vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida.
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v ~(P ^ A) Certo
~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da seguinte for- B) Errado
ma: A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto, se
por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar pre-
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q) so sem outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão
judicial.
V V F F V V
V F V V F V 5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
F V F F V V motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
descumprida.
F F V F V V A) Certo
B) Errado
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012)
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da P = se houver outro motivo
classe ou Jorge é o mais novo da classe” é Q = será solto
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
velho da classe. A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F
da classe. =F
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
novo da classe. 6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo-
D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediata-
velho da classe. mente solto, então, ele está preso por outro motivo” são logica-
E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da mente equivalentes.
classe.
Didatismo e Conhecimento 7
RACIOCÍNIO LÓGICO
A) Certo 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
B) Errado TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar.
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não
Deve ser imediatamente solto = S cantar.
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia- C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar.
tamente solto=P S D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia can-
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por tar.
outro motivo = ~SP E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can-
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) a tar.
questão está correta.
Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na forma de
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará condição suficiente e condição necessária:
corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente
solto, mesmo não estando preso por outro motivo”. “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
A) Certo
B) Errado 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente
para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa possibi-
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro lidade.
motivo não estiver preso” está no texto, assim:
P = “Por outro motivo não estiver preso” 2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser inicial, transformando-a em outra condicional equivalente, nesse
imediatamente solto” caso utilizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição:
pq ~q ~p
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um “Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia canta,
antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu Viviane dança”
conhecimento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nos- Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dan-
so país, ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa ça” na forma de condição suficiente e condição necessária, obtere-
nenhuma”, bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A dú- mos as seguintes possibilidades:
vida dele surge porque 1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi-
A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado. viane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação. 2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para
C) a implicação presente na frase altera seu significado. Márcia cantar.
D) o significado da frase não leva em conta a disjunção. RESPOSTA: “C”.
E) a negação presente na frase evidencia seu significado.
~(~p) é equivalente a p 11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médi-
RESPOSTA: “B”. ca.” A proposição equivalente a esta sentença é
A) Ana não é professora ou Camila é médica.
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, então C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição: D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. Existem duas equivalências particulares em relação a uma
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. condicional do tipo “Se A, então B”.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta. 1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é
equivalente a “Se ~B, então ~A”
A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB) “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva-
será da forma: lente a:
~(A B) A^ ~B “Se Camila não é médica, então Ana não é professora.”
Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen-
tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte 2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então
(“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjun- B” é equivalente a “~A ou B”
ção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos: “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva-
RESPOSTA: “B”. lente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.”
Didatismo e Conhecimento 8
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
configura no gabarito. P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
RESPOSTA: “A”. P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran- P4: Há criminosos livres.
do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F re- C: Portanto a criminalidade é alta.
presentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, P2,
os próximos itens. (374 a 376) P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens subse-
quentes. (377 e 378)
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF
– Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P (¬ 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argu-
Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F. mento apresentado é um argumento válido.
( )Certo ( ) Errado ( )Certo ( ) Errado
Observando a tabela-verdade da proposição composta “P (¬ Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e P4
Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos: sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos conside-
rar que todas as premissas são, necessariamente, verdadeiras.
P Q ¬Q P→(¬Q) P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V)
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
V V F F P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
V F V V P4: Há criminosos livres. (V)
F V F V Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verdadei-
ra (V), então a 2ª parte da condicional representada pela premissa
F F V V P3 será considerada falsa (F). Então, veja:
Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e ―P
® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
Resposta: CERTO.
P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
indeterminação lógica.
Resposta: ERRADO.
Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P vQ”, Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e
será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for ver- conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F),
dadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verdadeira, então o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamente,
então “Q” será, necessariamente, verdadeira. verdadeira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será con-
Resposta: CERTO. siderada verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas partes
for verdadeira (V).
Didatismo e Conhecimento 9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impunidade
é alta‖, então, confirmaremos também como verdadeira (V), a 1ª
parte da condicional representada pela premissa P1.
EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
Todas as pessoas alegres vão à praia
Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da condicio- Todos os cariocas vão à praia.
nal em P1, então, deveremos considerar também como verdadeira 2. Todos os cientistas são loucos.
(V), sua 2ª parte, pois uma verdade sempre implica em outra ver- Einstein é cientista.
dade. Einstein é louco!
Considerando a proposição simples ―a criminalidade é alta‖
como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento é, de fato, Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de
verdadeira (V), o que torna esse argumento válido. forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os ar-
Resposta: CERTO. gumentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e
16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A nega- utilizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura.
ção da proposição P1 pode ser escrita como “Se a impunidade não
é alta, então a criminalidade não é alta”. ANALOGIAS
( )Certo ( ) Errado
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o racio-
Seja P1 representada simbolicamente, por: cínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação de uma situa-
A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não é alta(q) ção conhecida com uma desconhecida. Uma analogia depende de
A negação de uma condicional é dada por: três situações:
~(pq) • os fundamentos precisam ser verdadeiros e importantes;
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é alta e a • a quantidade de elementos parecidos entre as situações
criminalidade não é alta. deve ser significativo;
Resposta:ERRADO. • não pode existir conflitos marcantes.
Didatismo e Conhecimento 10
RACIOCÍNIO LÓGICO
EXEMPLO: CONCLUSÕES
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos. VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Todos os homens têm mãe. Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu-
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não se para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos,
fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. Por- portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos.
tanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui informações A validade é uma propriedade dos argumentos que depende
que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo assim, não se apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas
aplica, então, a definição de argumentos válidos ou não válidos e conclusões) e não do seu conteúdo.
para argumentos indutivos.
Argumento Válido
EXEMPLO: Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma con-
O Flamengo é um bom time de futebol. sequência obrigatória de suas premissas. Em outras palavras, po-
O Palmeiras é um bom time de futebol. demos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas
O Vasco é um bom time de futebol. premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento.
O Cruzeiro é um bom time de futebol. Isso significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos che-
Todos os times brasileiros de futebol são bons. gar a uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as pre-
missas sejam as proposições I e II abaixo.
Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
verdadeiras: II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres desem-
“Existem crianças que são inteligentes.” pregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Me- SOLUÇÃO:
trô de São Paulo. Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
Paulo é inteligente. I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no Toda mulher desempregada é infeliz.
Metrô de São Paulo. II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo mulher infeliz vive pouco.
é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô
de São Paulo.
SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (diagra-
mas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
Didatismo e Conhecimento 11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto”
cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logica-
não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita. mente equivalentes.
A) Certo
SOLUÇÃO: B) Errado
Representando as premissas do enunciado na forma de dia- Resposta: A.
gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos: São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não
Premissas: joga basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando equi-
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei- valente a primeira.
ta” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”.
“Ana não cometeu um crime perfeito”. 3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos
Conclusão: mesmos caminhos” pode ser representada simbolicamente
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as por PΛQ, em que as proposições P e Q são convenientemente
premissas!) escolhidas.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.
EXERCICIOS:
Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:
Didatismo e Conhecimento 12
RACIOCÍNIO LÓGICO
A) Certo Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
B) Errado Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido
Resposta: A. e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Fazendo a tabela verdade: Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará
a presidência.
P Q R (P→Q)^(~R)
(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os
V V V F Cargos - CESPE/2012)
V V F V Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia
V F V F das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumentação:
“Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a
V F F F vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem
F V V F da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho
F V F V capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem
F F V F da minha idade, sou tratado como criança. Se não tenho um
F F F V mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no
TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012) dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..
Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q) = ~ P v ~ Q
Didatismo e Conhecimento 13
RACIOCÍNIO LÓGICO
P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)
V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V
7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de mesa-
da”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas
a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se da
conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.
8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de maturida-
de, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de maturidade,
sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade
Didatismo e Conhecimento 14
RACIOCÍNIO LÓGICO
Diagramas Lógicos Jornais Leitores
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários pro- A 300
blemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser usados, é B 250
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma C 200
determinada característica.
AeB 70
AeC 65
BeC 105
A, B e C 40
Nenhum 150
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são leito-
res de nenhum dos três jornais.
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos.
Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos.
valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A partir dos Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos.
valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas. Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos.
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos.
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos.
Didatismo e Conhecimento 15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pessoas leem Diagramas de Venn
apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas não leem o jornal
C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150. Notamos ainda que 700 Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em
pessoas foram entrevistadas, que é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas
115 + 65 + 70 + 150. e problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respectivos
Diagrama de Euler diagramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, mas sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elementos
não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é definida como (por exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações
a área de intersecção entre dois ou mais contornos). Assim, um de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3}
diagrama de Euler pode definir um universo de discurso, isto é, ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão
ele pode definir um sistema no qual certas intersecções não são uma no espaço interno da outra simbolizam conjuntos que pos-
possíveis ou consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo suem continência; ao passo que o ponto interno a uma curva repre-
os atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que con- senta um elemento pertencente ao conjunto.
ter intersecções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur-
quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re-
todas as possíveis combinações ou conjunções. presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas
é que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra-
ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e
a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escre-
ver uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2,
... Cn) uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um
Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas plano. C é uma família independente se a região formada por cada
(geralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os tama-
uma das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o
nhos e formas das curvas não são importantes: a significância do
exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas
diagrama está na forma como eles se sobrepõem. As relações es-
se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada
paciais entre as regiões delimitadas por cada curva (sobreposição,
uma dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pon-
contenção ou nenhuma) correspondem relações teóricas (subcon-
tos de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn
junto interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano
para n conjuntos.
em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa simbo-
Nos casos mais simples, os diagramas são representados por
licamente os elementos do conjunto, e o exterior, o que represen-
ta todos os elementos que não são membros do conjunto. Curvas círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um
cujos interiores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even-
Duas curvas cujos interiores se interceptam representam conjun- tualmente, os círculos são representados como completamente
tos que têm elementos comuns, a zona dentro de ambas as curvas inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
representa o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido comple- conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
tamente dentro da zona interior de outro representa um subconjun- veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível).
to do mesmo. A ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de dia- Carroll. Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais
gramas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas as pos- conjuntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
síveis zonas de sobreposição entre as suas curvas, representando dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
todas as combinações de inclusão / exclusão de seus conjuntos representa sua união.
constituintes, mas em um diagrama de Euler algumas zonas podem John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, am-
estar faltando. Essa falta foi o que motivou Venn a desenvolver pliando e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e
seus diagramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que Euler. E, na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo
pudessem ser observadas, por meio de suposição, quaisquer rela- escolar de matemática. Embora seja simples construir diagramas
ções entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. de Venn para dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são se tenta usá-los para um número maior. Algumas construções pos-
largamente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no cam- síveis são devidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos
po da matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles como Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
também podem ser utilizados para representar relacionamentos Além disso, encontram-se em uso outros diagramas similares aos
complexos com mais clareza, já que representa apenas as relações de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
válidas. Em estudos mais aplicados esses diagramas podem ser
utilizados para provar / analisar silogismos que são argumentos
lógicos para que se possa deduzir uma conclusão.
Didatismo e Conhecimento 16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-
se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B
representa os animais capazes de voar. A área onde os dois círcu-
los se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção
A-B, conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar
e têm apenas duas pernas motoras.
Intersecção de dois conjuntos: AB
Considere-se agora que cada espécie viva está representada Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)
por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
não podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracte-
seriam representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. rísticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já
Os canários, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, os animais que voam e não possuem duas patas mais os que não
já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse voam e possuem duas patas, seriam representados pela diferença
bípede nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marca- simétrica entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens
do por pontos fora dos dois círculos. a seguir, que incluem também outros dois casos.
Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada
círculo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição),
e as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo
ou no outro):
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem so-
breposição).
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem so- União de dois conjuntos: A B
breposição).
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
- fora).
Complementar de A em U: AC = U \ A
Complementar de B em U: BC = U \ B
Didatismo e Conhecimento 17
RACIOCÍNIO LÓGICO
Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-se Proposições Categóricas
sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o exemplo
anterior, poderia-se introduzir o conjunto C dos animais que pos- - Todo A é B
suem bico. Neste caso, o diagrama define sete áreas distintas, que - Nenhum A é B
podem combinar-se de 256 (28) maneiras diferentes, algumas delas - Algum A é B e
ilustradas nas imagens seguintes. - Algum A não é B
(B C) \ A
Didatismo e Conhecimento 18
RACIOCÍNIO LÓGICO
Todo A é B. É falsa.
1 2
B Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e
2 – é indeterminada).
A = B Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
A
2 – é indeterminada).
QUESTÕES
Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira. 01. Represente por diagrama de Venn-Euler
Algum A não é B. É falsa. (A) Algum A é B
(B) Algum A não é B
2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos (C) Todo A é B
somente a representação: (D) Nenhum A é B
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as 05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol mas não
três representações possíveis: praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei mas não praticam
futebol. O total dos que praticam vôlei é 15. Ao todo, existem 17
alunos que não praticam futebol. O número de alunos da classe é:
(A) 30.
(B) 35.
(C) 37.
(D) 42.
(E) 44.
Didatismo e Conhecimento 19
RACIOCÍNIO LÓGICO
- 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei. Respostas
- o número de alunos que praticam só futebol é idêntico ao
número de alunos que praticam só vôlei. 01.
- 17 alunos praticam futebol e vôlei.
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os 45, não (A)
praticam vôlei.
O número total de alunos do colégio, no atual semestre, é
igual a:
(A) 93
(B) 110 (B)
(C) 103
(D) 99
(E) 114
10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Exa- Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após fazer-
tamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o jornal B. mos o diagrama, este número vai no meio.
Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos um dos jornais, Passo 2:
encontre o percentual que leem ambos os jornais. a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os que só
(A) 40% tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
(B) 45% b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
(C) 50%
(D) 60%
(E) 65%
Didatismo e Conhecimento 20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos acima:
100 60 180
n = 20 + 7 + 8 + 9
Como já foi visto, não há uma representação gráfica única n = 44
para a proposição categórica do Alguns A são R, mas geralmente
a representação em que os dois círculos se interceptam (mostrada 06. Resposta “D”.
abaixo) tem sido suficiente para resolver qualquer questão.
n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15
n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13
n(sóF) = n(sóV) = 13
Agora devemos juntar os desenhos das duas proposições cate- n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20 –
góricas para analisarmos qual é a alternativa correta. Como a ques- 30 = 15
tão não informa sobre a relação entre os conjuntos A e G, então n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B) = 21-
teremos diversas maneiras de representar graficamente os três con- 15 = 6
juntos (A, G e R). A alternativa correta vai ser aquela que é verda-
deira para quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
da questão não faremos todas as representações gráficas possíveis nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algumas) representa-
ção(ões) de cada vez e passamos a analisar qual é a alternativa que
satisfaz esta(s) representação(ões), se tivermos somente uma alter-
nativa que satisfaça, então já achamos a resposta correta, senão,
desenhamos mais outra representação gráfica possível e passamos
a testar somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas representações,
uma em que o conjunto A intercepta parcialmente o conjunto G, e
outra em que não há intersecção entre eles.
Didatismo e Conhecimento 21
RACIOCÍNIO LÓGICO
07. Resposta “E”.
+ Propriedade
26 14 21 59 O conjunto dos números reais com as operações binárias de
soma e produto e com a relação natural de ordem formam um
corpo ordenado. Além das propriedades de um corpo ordenado, R
Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40 – 14 = tem a seguinte propriedade: Se R for dividido em dois conjuntos
26 e somente B = 35 – 14 = 21. (uma partição) A e B, de modo que todo elemento de A é menor
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 – 61 = que todo elemento de B, então existe um elemento x que separa os
59 pessoas. dois conjuntos, ou seja, x é maior ou igual a todo elemento de A e
menor ou igual a todo elemento de B.
10. Resposta “A”.
- Jornal A → 0,8 – x
- Jornal B → 0,6 – x
- Intersecção → x
Então fica:
Ao conjunto formado pelos números Irracionais e pelos
(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1 números Racionais chamamos de conjunto dos números Reais. Ao
- x + 1,4 = 1 unirmos o conjunto dos números Irracionais com o conjunto dos
- x = - 0,4 números Racionais, formando o conjunto dos números Reais, todas
x = 0,4. as distâncias representadas por eles sobre uma reta preenchem-na
por completo; isto é, ocupam todos os seus pontos. Por isso, essa
Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”. reta é denominada reta Real.
Didatismo e Conhecimento 22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Os números Irracionais possuem infinitos algarismos decimais
não-periódicos. As operações com esta classe de números sempre
produzem erros quando não se utilizam todos os algarismos
decimais. Por outro lado, é impossível utilizar todos eles nos
cálculos. Por isso, somos obrigados a usar aproximações, isto é,
cortamos o decimal em algum lugar e desprezamos os algarismos
restantes. Os algarismos escolhidos serão uma aproximação do
número Real. Observe como tomamos a aproximação de e do
número nas tabelas.
Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
Podemos concluir que na representação dos números Reais 1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
sobre uma reta, dados uma origem e uma unidade, a cada ponto
da reta corresponde um número Real e a cada número Real 1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
corresponde um ponto na reta. milésimo
Valor Absoluto
Como vimos, o erro pode ser:
- Por excesso: neste caso, consideramos o erro positivo.
- Por falta: neste caso, consideramos o erro negativo.
Quando o erro é dado sem sinal, diz-se que está dado em valor
absoluto. O valor absoluto de um número a é designado por |a| e
coincide com o número positivo, se for positivo, e com seu oposto,
se for negativo.
Didatismo e Conhecimento 23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Um livro nos custou 8,50 reais. Pagamos com uma 3 - (TRT 6ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ADMINISTRATI-
nota de 10 reais. Se nos devolve 1,60 real de troco, o vendedor VA – FCC/2012) Em uma praia chamava a atenção um catador de
cometeu um erro de +10 centavos. Ao contrário, se nos devolve cocos (a água do coco já havia sido retirada). Ele só pegava cocos
1,40 real, o erro cometido é de 10 centavos. inteiros e agia da seguinte maneira: o primeiro coco ele coloca
inteiro de um lado; o segundo ele dividia ao meio e colocava as
metades em outro lado; o terceiro coco ele dividia em três partes
iguais e colocava os terços de coco em um terceiro lugar, diferen-
te dos outros lugares; o quarto coco ele dividia em quatro partes
iguais e colocava os quartos de coco em um quarto lugar diferente
dos outros lugares. No quinto coco agia como se fosse o primeiro
coco e colocava inteiro de um lado, o seguinte dividia ao meio, o
seguinte em três partes iguais, o seguinte em quatro partes iguais e
seguia na sequência: inteiro, meios, três partes iguais, quatro par-
tes iguais. Fez isso com exatamente 59 cocos quando alguém disse
ao catador: eu quero três quintos dos seus terços de coco e metade
dos seus quartos de coco. O catador consentiu e deu para a pessoa
A) 52 pedaços de coco.
B) 55 pedaços de coco.
C) 59 pedaços de coco.
D) 98 pedaços de coco.
E) 101 pedaços de coco.
Didatismo e Conhecimento 24
RACIOCÍNIO LÓGICO
7 - (UFOP/MG – ADMINISTRADOR DE EDIFICIOS – O número de exemplares que não são da Editora A e nem são
UFOP/2013) Uma pessoa caminha 5 minutos em ritmo normal e, antigas são 290.
em seguida, 2 minutos em ritmo acelerado e, assim, sucessivamen-
te, sempre intercalando os ritmos da caminhada (5 minutos nor- 3 - RESPOSTA: “B”.
mais e 2 minutos acelerados). A caminhada foi iniciada em ritmo
normal, e foi interrompida após 55 minutos do início.
O tempo que essa pessoa caminhou aceleradamente foi:
A) 6 minutos
B) 10 minutos 14 vezes iguais
C) 15 minutos Coco inteiro: 14
D) 20 minutos Metades:14.2=28
Terça parte:14.3=42
8 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. Quarta parte:14.4=56
IMARUÍ/2014) Sobre o conjunto dos números reais é CORRETO 3 cocos: 1 coco inteiro, metade dos cocos, terça parte
dizer: Quantidade total
A) O conjunto dos números reais reúne somente os números Coco inteiro: 14+1=15
racionais. Metades: 28+2=30
B) R* é o conjunto dos números reais não negativos. Terça parte:42+3=45
C) Sendo A = {-1,0}, os elementos do conjunto A não são Quarta parte :56
números reais.
D) As dízimas não periódicas são números reais.
1 - RESPOSTA: “E”.
Total de unidades: 100⋅20=2000 unidades
Terceiro balde:
unidades em cada prateleira.
2 - RESPOSTA: “B”.
editora A: 870/2=435 revistas
publicações antigas: 435/3=145 revistas A soma dos volumes é : 10+9+9,5=28,5 litros
7 - RESPOSTA: “C”.
Didatismo e Conhecimento 25
RACIOCÍNIO LÓGICO
A caminhada sempre vai ser 5 minutos e depois 2 minutos, Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm elementos.
então 7 minutos ao total. Um elemento de um conjunto pode ser uma banana, um peixe ou
Dividindo o total da caminhada pelo tempo, temos: um livro. Convém frisar que um conjunto pode ele mesmo ser
elemento de algum outro conjunto.
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um feixe de
retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é também conjunto
Assim, sabemos que a pessoa caminhou 7. (5 minutos +2 mi- (de pontos).
nutos) +6 minutos (5 minutos+1 minuto) Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras maiúsculas A,
Aceleradamente caminhou: (7.2)+1➜ 14+1=15 minutos B, C, ..., X, e os elementos pelas letras minúsculas a, b, c, ..., x, y,
..., embora não exista essa obrigatoriedade.
8 - RESPOSTA: “D”. Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados por
A) errada - O conjunto dos números reais tem os conjuntos: letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de pontos) por
naturais, inteiros, racionais e irracionais. letras minúsculas.
B) errada – R* são os reais sem o zero. Outro conceito fundamental é o de relação de pertinência que
C) errada - -1 e 0 são números reais. nos dá um relacionamento entre um elemento e um conjunto.
Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou | ou ainda
:, podemos indicar o mesmo conjunto por:
Conjuntos {x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
{x : x tem a propriedade P}
É uma reunião, agrupamento de pessoas, seres ou objetos. Dá
a ideia de coleção. Exemplos
Didatismo e Conhecimento 26
RACIOCÍNIO LÓGICO
Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-Euler A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um relacionamento
consiste em representar o conjunto através de um “círculo” de tal entre um elemento e um conjunto e, portanto, é diferente da
forma que seus elementos e somente eles estejam no “círculo”. relação de inclusão.
Simbolicamente
Exemplos x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A
- Se A = {a, e, i, o, u} então x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A
Igualdade
Exemplos
Didatismo e Conhecimento 27
RACIOCÍNIO LÓGICO
Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio. Valem as
seguintes propriedades
0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ }
0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)
Número de Elementos da União e da Intersecção de
Conjuntos
Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos e,
portanto, P(A) possui 2n elementos.
Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura abaixo,
União de conjuntos podemos estabelecer uma relação entre os respectivos números de
elementos.
A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto formado
por todos os elementos que pertencem a A ou a B. Representa-se
por A ∪ B.
Simbolicamente: A 4 ∉ BN= {X | X ∈ A ou X ∈ B}
Exemplos
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3}
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
Didatismo e Conhecimento 28
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) quantas crianças existem na escola?
b) quantas crianças são meninas ou são ruivas
Exemplos
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14} C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5} De acordo com o enunciado temos:
CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5}
Observações: Alguns autores preferem utilizar o conceito de n( B ∪ D) = n( B ) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33
completar de B em relação a A somente nos casos em que B ⊂ A.
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto complementar n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15
de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A ⇔ B = A – B =
CAB` Assim sendo
a) O número total de crianças da escola é:
n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D ) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70
b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é:
n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57
Questões
Exemplos
1 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então: NISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma cidade,
a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6} 13 dele não se inscreveram nas comissões de Educação, Saúde e
b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2} Saneamento Básico. Sete dos vereadores se inscreveram nas três
c) C = φ ⇒ C = S comissões citadas. Doze deles se inscreveram apenas nas comis-
sões de Educação e Saúde e oito deles se inscreveram apenas nas
Número de elementos de um conjunto comissões de Saúde e Saneamento Básico. Nenhum dos vereado-
res se inscreveu em apenas uma dessas comissões. O número de
Sendo X um conjunto com um número finito de elementos, vereadores inscritos na comissão de Saneamento Básico é igual a
representa-se por n(X) o número de elementos de X. Sendo, ainda, A) 15.
A e B dois conjuntos quaisquer, com número finito de elementos B) 21.
temos: C) 18.
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B) D) 27.
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B) E) 16.
n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B)
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B) 2 – (TJ-SC) Num grupo de motoristas, há 28 que dirigem au-
tomóvel, 12 que dirigem motocicleta e 8 que dirigem automóveis
Resolução de Problemas e motocicleta. Quantos motoristas há no grupo?
A) 16 motoristas
Exemplo: B) 32 motoristas
Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, C) 48 motoristas
13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se D) 36 motoristas
Didatismo e Conhecimento 29
RACIOCÍNIO LÓGICO
3 – (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Dos A) {1; 2; 3}
46 técnicos que estão aptos para arquivar documentos 15 deles B) {0; 3}
também estão aptos para classificar processos e os demais estão C) {0; 1; 2; 3; 5}
aptos para atender ao público. Há outros 11 técnicos que estão D) {3; 5}
aptos para atender ao público, mas não são capazes de arquivar E) {0; 3; 5}
documentos. Dentre esses últimos técnicos mencionados, 4 deles
também são capazes de classificar processos. Sabe-se que aqueles 7 – (Agente Administrativo) Em uma cidade existem duas
que classificam processos são, ao todo, 27 técnicos. Considerando empresas de transporte coletivo, A e B. Exatamente 70% dos es-
que todos os técnicos que executam essas três tarefas foram cita- tudantes desta cidade utilizam a Empresa A e 50% a Empresa B.
dos anteriormente, eles somam um total de Sabendo que todo estudante da cidade é usuário de pelo menos
A) 58. uma das empresas, qual o % deles que utilizam as duas empresas?
B) 65. A) 20%
C) 76. B) 25%
D) 53. C) 27%
E) 95. D) 33%
4 – (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARI- E) 35%
FADO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de atle- 8 – (METRÔ/SP – ENGENHEIRO SEGURANÇA DO
tas da delegação de um país nos jogos universitários por medalha TRABALHO – FCC/2014) Uma pesquisa, com 200 pessoas, in-
conquistada. Sabe-se que esse país conquistou medalhas apenas vestigou como eram utilizadas as três linhas: A, B e C do Metrô
em modalidades individuais. Sabe-se ainda que cada atleta da de- de uma cidade. Verificou-se que 92 pessoas utilizam a linha A; 94
legação desse país que ganhou uma ou mais medalhas não ganhou pessoas utilizam a linha B e 110 pessoas utilizam a linha C. Utili-
mais de uma medalha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). De zam as linhas A e B um total de 38 pessoas, as linhas A e C um total
acordo com o diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação desse de 42 pessoas e as linhas B e C um total de 60 pessoas; 26 pessoas
país ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro. que não se utilizam dessas linhas. Desta maneira, conclui-se cor-
retamente que o número de entrevistados que utilizam as linhas A
e B e C é igual a
A) 50.
B) 26.
C) 56.
D) 10.
E) 18.
Didatismo e Conhecimento 30
RACIOCÍNIO LÓGICO
7 vereadores se inscreveram nas 3. Intersecções:
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois ele já
desconsidera os que se inscreveram nos três)
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões,
pois 13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30-7-12-8=3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores. Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46
5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguinte con-
junto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.
6 - RESPOSTA: “E”.
A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é elemento
de B.
Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18 A-B são os elementos que tem em A e não em B.
2 – RESPOSTA: “B” Então de A∪B, tiramos que B={0;3;5}.
7 - Resposta “A”.
92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42-x+x+-
60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200
92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+60-x+26=200
92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200
4 - RESPOSTA: “D”. x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x = 18
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam meda-
lhas.
No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 por ser
2 medalhas e na intersecção das três medalhas multiplica-se por 3.
Didatismo e Conhecimento 31
RACIOCÍNIO LÓGICO
9 - RESPOSTA: “A”.
Distância (km) Litros de álcool
180 15
210 x
mesmo sentido
Armando a proporção pela orientação das flechas, temos:
180 6 15
= 6x = 7 . 15 6x = 105 x = 105 x=
210 7 x 17,5 6
16-x+x+15-x+3=24 ➜ x+34 = 24 ➜ -x = 24-34 ➜ -x = -10,
como não existe variável negativa neste caso multiplica-se por (-1)
ambos os lados , logo x = 10. Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.
Didatismo e Conhecimento 32
RACIOCÍNIO LÓGICO
Estamos relacionando dois valores da grandeza velocidade Máquinas Peças Dias
(200 km/h e 240 km/h) com dois valores da grandeza tempo (18 8 160 4
s e x s). 6 300 x
Queremos determinar um desses valores, conhecidos os
outros três. Sentidos contrários
Didatismo e Conhecimento 33
RACIOCÍNIO LÓGICO
5 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma maquete,
uma janela de formato retangular mede 2,0 cm de largura por 3,5
cm de comprimento. No edifício, a largura real dessa janela será de
1,2 m. O comprimento real correspondente será de:
A) 1,8 m
B) 1,35 m
C) 1,5 m
D) 2,1 m
E) 2,45 m
Como já haviam 210 pessoas trabalhando, logo 315 – 210 =
105 pessoas.
Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas. 6 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS-
TRATIVO – FCC/2014) O trabalho de varrição de 6.000 m² de
Questões calçada é feita em um dia de trabalho por 18 varredores traba-
lhando 5 horas por dia. Mantendo-se as mesmas proporções, 15
1 – (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPERA- varredores varrerão 7.500 m² de calçadas, em um dia, trabalhando
CIONAL – VUNESP/2013) Um atleta está treinando para fazer por dia, o tempo de
1 500 metros em 5 minutos. Como ele pretende manter um ritmo A) 8 horas e 15 minutos.
sempre constante, deve fazer cada 100 metros em B) 9 horas.
A) 15 segundos. C) 7 horas e 45 minutos.
B) 20 segundos. D) 7 horas e 30 minutos.
C) 22 segundos. E) 5 horas e 30 minutos.
D) 25 segundos.
E) 30 segundos. 7 – (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL/2014)
Uma equipe constituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por
2 – (SAP/SP – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ- dia durante 60 dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800
RIA DE CLASSE I – VUNESP/2013) Uma máquina demora 1 m². Se essa equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando
hora para fabricar 4 500 peças. Essa mesma máquina, mantendo o 10 horas por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área
mesmo funcionamento, para fabricar 3 375 dessas mesmas peças, igual a:
irá levar A) 4500 m²
A) 55 min. B) 5000 m²
B) 15 min. C) 5200 m²
C) 35 min. D) 6000 m²
D) 1h 15min. E) 6200 m²
E) 45 min.
8 – (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
3 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. NESP/2014) Dez funcionários de uma repartição trabalham 8 ho-
IMARUÍ/2014) Manoel vendeu seu carro por R$27.000,00(vinte ras por dia, durante 27 dias, para atender certo número de pessoas.
e sete mil reais) e teve um prejuízo de 10%(dez por cento) sobre o Se um funcionário doente foi afastado por tempo indeterminado e
valor de custo do tal veículo, por quanto Manoel adquiriu o carro outro se aposentou, o total de dias que os funcionários restantes le-
em questão? varão para atender o mesmo número de pessoas, trabalhando uma
A) R$24.300,00 hora a mais por dia, no mesmo ritmo de trabalho, será:
B) R$29.700,00 A) 29.
C) R$30.000,00 B) 30.
D)R$33.000,00 C) 33.
E) R$36.000,00 D) 28.
4 - (DNOCS -2010) Das 96 pessoas que participaram de uma E) 31.
festa de Confraternização dos funcionários do Departamento Na- 9 - (TRF 3ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Sabe-
cional de Obras Contra as Secas, sabe-se que 75% eram do sexo se que uma máquina copiadora imprime 80 cópias em 1 minuto e
masculino. Se, num dado momento antes do término da festa, foi 15 segundos. O tempo necessário para que 7 máquinas copiado-
constatado que a porcentagem dos homens havia se reduzido a ras, de mesma capacidade que a primeira citada, possam imprimir
60% do total das pessoas presentes, enquanto que o número de 3360 cópias é de
mulheres permaneceu inalterado, até o final da festa, então a quan- A) 15 minutos.
tidade de homens que haviam se retirado era? B) 3 minutos e 45 segundos.
A) 36. C) 7 minutos e 30 segundos.
B) 38. D) 4 minutos e 50 segundos.
C) 40. E) 7 minutos.
D) 42.
E) 44.
Didatismo e Conhecimento 34
RACIOCÍNIO LÓGICO
10 – (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA- 27000 ------ 90
MA/2013) Os 5 funcionários de uma padaria produzem, utilizando X ------- 100
três fornos, um total de 2500 pães ao longo das 10 horas de sua
jornada de trabalho. No entanto, o dono de tal padaria pretende = 27000.10 ➜ 9x = 270000
contratar mais um funcionário, comprar mais um forno e reduzir a
jornada de trabalho de seus funcionários para 8 horas diárias. Con- ➜ x = 30000.
siderando que todos os fornos e funcionários produzem em igual
quantidade e ritmo, qual será, após as mudanças, o número de pães 4. RESPOSTA : “A”
produzidos por dia?
A) 2300 pães. 75% Homens = 72
B) 3000 pães. 25% Mulheres = 24 Antes
C) 2600 pães.
D) 3200 pães. 40% Mulheres = 24
E) 3600 pães. 60% Homens = x Depois
Didatismo e Conhecimento 35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo: As flecham indicam se as grandezas são inversamente ou di-
retamente proporcionais.
Quanto mais funcionários mais pães são feitos(diretamente)
8- RESPOSTA: “B”
Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamento esse
número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas por dia , passarão
a trabalhar uma hora a mais perfazendo um total de 9 horas, nesta
condições temos:
Funcionários↑ horas↑ dias↓
10---------------8--------------27
8----------------9-------------- x
PORCENTAGEM.
Quanto menos funcionários, mais dias devem ser trabalhados
(inversamente proporcionais).
Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser trabalhados
(inversamente proporcionais). Porcentagem
Didatismo e Conhecimento 36
RACIOCÍNIO LÓGICO
Lucro = preço de venda – preço de custo Exemplo
Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
prejuízo. sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a empresa
deseja que o salário desse funcionário, a partir de março, seja R$ 3
Assim, podemos escrever: 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Preço de custo + lucro = preço de venda Resolução: VA = 1,4 . V
Preço de custo – prejuízos = preço de venda 3 500 = 1,4 . V
3500
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas V= = 2500
1,4
formas:
Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100% Resposta: R$ 2 500,00
Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100%
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um valor
Observação: A mesma análise pode ser feita para o caso de inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois aumentos
prejuízo. sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após o primeiro
aumento, temos:
p
Exemplo V1 = V . (1 + 1 )
100
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida por Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:
R$ 800,00. V2 = V1 . (1 + p2 )
Pede-se: 100
p p
- o lucro obtido na transação; V2 = V . (1 + 1 ) . (1 + 2 )
100 100
- a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
- a porcentagem de lucro sobre o preço de venda. Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer
dois descontos sucessivos de p1% e p2%.
Resposta:
Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00 Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
Lc = 300 = 0,60 = 60% V1 = V. (1 – p1 )
500 100
300
Lv = = 0,375 = 37,5% Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:
800
p2
Aumento V2 = V1 . (1 – )
100
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial V que V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
deve sofrer um aumento de p% de seu valor. Chamemos de A o 100 100
valor do aumento e VA o valor após o aumento. Então, A = p% de Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer
V= p .V um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
100 Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
p
p
V1 = V . (1+ 1 )
100
VA = V + A = V + .V
100
p
Sendo V2 o valor após o desconto, temos:
VA = ( 1 + ).V V2 = V1 . (1 – p2 )
100
p 100
Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento. V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100
Desconto
Exemplo
(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial V que
rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa
deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Chamemos de D o
modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste banco
valor do desconto e VD o valor após o desconto. Então, D = p% de
deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, o capital
V= p .V
100 que esse cliente terá em reais, relativo a esse depósito, são:
n
p
p Resolução: VA = 1 + .v
VD = V – D = V – .V 100
100 n
p VA = 1. 15 .1000
VD = (1 – ).V 100
100
p VA = 1 000 . (1,15)n
Em que (1 – ) é o fator de desconto.
100 VA = 1 000 . 1,15n
VA = 1 150,00n
Didatismo e Conhecimento 37
RACIOCÍNIO LÓGICO
Questões
1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros de etanol em
28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%
2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente que x. Nessas
condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8
3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia de uma cozi-
nha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.
Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa representa, aproxi-
madamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%
4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é de R$
50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida por R$ 40,00. O dono
da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J após o reajuste de 20%. Dessa maneira
o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.
5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um produto, descontado um
imposto de 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor.
Em quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%.
6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por R$ 350,00. Para
estabelecer o preço de venda desse produto em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria ser suficiente para dar 30% de desconto
sobre o preço de venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço de compra. Nessas condições, o preço que o comerciante deve
vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00.
B) R$ 580,00.
C) R$ 600,00.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00.
Didatismo e Conhecimento 38
RACIOCÍNIO LÓGICO
7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato da arre-
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 bolas matação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de dezembro. Com
pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a probabilidade base nas informações contidas no texto, calcule o valor total gasto
de que ela seja preta é por Vitor nesse leilão.
A) maior do que 55% e menor do que 60%.
B) menor do que 50%. A) R$34.600,00
C) maior do que 65%. B) R$36.000,00
D) maior do que 50% e menor do que 55%. C) R$35.400,00
E) maior do que 60% e menor do que 65%. D) R$32.000,00
E) R$37.800,00
8 - PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
MA/2013) Das 80 crianças que responderam a uma enquete refe- Respostas
rente a sua fruta favorita, 70% eram meninos. Dentre as meninas,
25% responderam que sua fruta favorita era a maçã. Sendo assim,
qual porcentagem representa, em relação a todas as crianças entre- 1 - RESPOSTA: “B”.
vistadas, as meninas que têm a maçã como fruta preferida? Mistura:28+45=73
A) 10% 73------100%
B) 1,5% 28------x
C) 25% X=38,356%
D) 7,5%
E) 5% 2 - RESPOSTA “C”.
12 horas → 100 %
9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014) 50 % de 12 horas = = 6 horas
Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte promo-
ção: X = 12 horas → 100 % = total de horas trabalhado
Y = 50 % mais rápido que X.
Então, se 50% de 12 horas equivalem a 6 horas, logo Y faz o
mesmo trabalho em 6 horas.
3 - RESPOSTA: “B”.
4 - RESPOSTA: “B”.
Alexandre comprou duas embalagens nessa promoção e re-
vendeu cada unidade por R$3,50. O lucro obtido por ele com a
revenda das latas de cerveja das duas embalagens completas foi:
A) R$33,60
B) R$28,60
C) R$26,40
D) R$40,80 O reajuste deve ser de 50%.
E) R$43,20
5 - RESPOSTA: “A”.
10 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014) Preço de venda: PV
Leilão de veículos apreendidos do Detran aconteceu no dia 7 de Preço de compra: PC
dezembro.
Note que: 1,4 = 100%+40% ou 1+0,4.Como ele superou o
O Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe – Detran/ preço de venda (100%) em 40% , isso significa soma aos 100%
SE – realizou, no dia 7 de dezembro, sábado, às 9 horas, no Espaço mais 40%, logo 140%= 1,4.
Emes, um leilão de veículos apreendidos em fiscalizações de trân-
sito. Ao todo foram leiloados 195 veículos, sendo que 183 foram PV - 0,16PV = 1,4PC
comercializados como sucatas e 12 foram vendidos como aptos 0,84PV=1,4PC
para circulação.
Didatismo e Conhecimento 39
RACIOCÍNIO LÓGICO
6 - RESPOSTA: “C”.
Preço de venda: PV
Preço de compra: 350 SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO.
30% de desconto, deixa o produto com 70% do seu valor.
Como ele queria ter um lucro de 20% sobre o preço de com-
pra, devemos multiplicar por 1,2(350+0,2.350) ➜ 0,7PV = 1,2 .
350
Sistema Monetário Nacional
Didatismo e Conhecimento 40
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em 30 de junho de 1994, Fernando Henrique Cardoso, minis- De NCr$ para Cr$ (com centavos) 15.05.1970
tro da Fazenda, anunciou o Plano Real: o cruzeiro real – CR$ se A Resolução nº 144, de 31 de março de 1970 (D.O.U. de 06
transformou em real – R$, na base de R$ 1,00 por CR$ 2.750,00 de abril de 1970), do Conselho Monetário Nacional, restabeleceu a
(Medida Provisória nº 542, de 30 de junho de 1994, convertida na denominação Cruzeiro, a partir de 15 de maio de 1970, mantendo
Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995). o centavo.
O artigo 10, I, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
delegou ao Banco Central do Brasil competência para emitir pa- Exemplo: NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cin-
pel-moeda e moeda metálica, competência exclusiva consagrada co centavos) passou a expressar-se Cr$ 4,75(quatro cruzeiros e se-
pelo artigo 164 da Constituição Federal de 1988. tenta e cinco centavos).
Antes da criação do BCB, a Superintendência da Moeda e do
Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional de- Cruzeiros
sempenhavam o papel de autoridade monetária.
A SUMOC, criada em 1945 e antecessora do BCB, tinha por (sem centavos) 16.08.1984
finalidade exercer o controle monetário. A SUMOC fixava os per- A Lei nº 7.214, de 15 de agosto de 1984 (D.O.U. de 16.08.84),
centuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas extinguiu a fração do Cruzeiro denominada centavo. Assim, a im-
do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como portância do exemplo, Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco
os juros. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos comer- centavos), passou a escrever-se Cr$ 4, eliminando-se a vírgula e os
ciais, orientava a política cambial e representava o País junto a algarismos que a sucediam.
organismos internacionais.
O Banco do Brasil executava as funções de banco do governo, Cruzado
e o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.
Cr$ 1000 = Cz$1 (com centavos) 28.02.1986
Cruzeiro O Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986 (D.O.U.
de 28 de fevereiro de 1986), posteriormente substituído pelo De-
1000 réis = Cr$1(com centavos) 01.11.1942 creto-Lei nº 2.284, de 10 de março de 1986 (D.O.U. de 11 de mar-
O Decreto-Lei nº 4.791, de 05 de outubro de 1942 (D.O.U. de ço de 1986), instituiu o Cruzado como nova unidade monetária,
06 de outubro de 1942), instituiu o Cruzeiro como unidade mo-
equivalente a um mil cruzeiros, restabelecendo o centavo. A mu-
netária brasileira, com equivalência a um mil réis. Foi criado o
dança de padrão foi disciplinada pela Resolução nº 1.100, de 28 de
centavo, correspondente à centésima parte do cruzeiro.
fevereiro de 1986, do Conselho Monetário Nacional.
Exemplo: 4:750$400 (quatro contos, setecentos e cinquenta
Exemplo: Cr$ 1.300.500 (um milhão, trezentos mil e qui-
mil e quatrocentos réis) passou a expressar-se Cr$ 4.750,40 (qua-
nhentos cruzeiros) passou a expressar-se Cz$ 1.300,50 (um mil e
tro mil setecentos e cinquenta cruzeiros e quarenta centavos)
trezentos cruzados e cinquenta centavos).
Cruzeiro
Cruzado Novo
(sem centavos) 02.12.1964
A Lei nº 4.511, de 01de dezembro de1964 (D.O.U. de 02 de Cz$ 1000 = NCz$1 (com centavos) 16.01.1989
dezembro de 1964), extinguiu a fração do cruzeiro denominada A Medida Provisória nº 32, de 15 de janeiro de 1989 (D.O.U.
centavo. Por esse motivo, o valor utilizado no exemplo acima pas- de 16 de janeiro de 1989), convertida na Lei nº 7.730, de 31 de ja-
sou a ser escrito sem centavos: Cr$ 4.750 (quatro mil setecentos e neiro de 1989 (D.O.U. de 01 de fevereiro de 1989), instituiu o Cru-
cinquenta cruzeiros). zado Novo como unidade do sistema monetário, correspondente a
um mil cruzados, mantendo o centavo. A Resolução nº 1.565, de
Cruzeiro Novo 16 de janeiro de 1989, do Conselho Monetário Nacional, discipli-
nou a implantação do novo padrão.
Cr$1000 = NCr$1(com centavos) 13.02.1967
O Decreto-Lei nº 1, de 13 de novembro de1965 (D.O.U. de Exemplo: Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cin-
17 de novembro de 1965), regulamentado pelo Decreto nº 60.190, quenta centavos) passou a expressar-se NCz$ 1,30 (um cruzado
de 08 de fevereiro de1967 (D.O.U. de 09 de fevereiro de 1967), novo e trinta centavos).
instituiu o Cruzeiro Novo como unidade monetária transitória,
equivalente a um mil cruzeiros antigos, restabelecendo o centavo. Cruzeiro
O Conselho Monetário Nacional, pela Resolução nº 47, de 08 de
fevereiro de 1967, estabeleceu a data de 13.02.67 para início de De NCz$ para Cr$ (com centavos) 16.03.1990
vigência do novo padrão. A Medida Provisória nº 168, de 15 de março de 1990 (D.O.U.
de 16 de março de 1990), convertida na Lei nº 8.024, de 12 de abril
Exemplo: Cr$ 4.750 (quatro mil, setecentos e cinquenta cru- de 1990 (D.O.U. de 13 de abril de 1990), restabeleceu a denomi-
zeiros) passou a expressar-se NCr$ 4,75(quatro cruzeiros novos e nação Cruzeiro para a moeda, correspondendo um cruzeiro a um
setenta e cinco centavos). cruzado novo. Ficou mantido o centavo. A mudança de padrão foi
Cruzeiro regulamentada pela Resolução nº 1.689, de 18 de março de 1990,
do Conselho Monetário Nacional.
Didatismo e Conhecimento 41
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: NCz$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzados novos) passou a expressar-se Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros).
Cruzeiro Real
Real
Exemplo: CR$ 11.000.000,00 (onze milhões de cruzeiros reais) passou a expressar-se R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
Banco Central (BC ou Bacen) - Autoridade monetária do País responsável pela execução da política financeira do governo. Cuida
ainda da emissão de moedas, fiscaliza e controla a atividade de todos os bancos no País.
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - Órgão internacional que visa ajudar países subdesenvolvidos e em desenvolvi-
mento na América Latina. A organização foi criada em 1959 e está sediada em Washington, nos Estados Unidos.
Banco Mundial - Nome pelo qual o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) é conhecido. Órgão internacio-
nal ligado a ONU, a instituição foi criada para ajudar países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - Empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvol-
vimento, Indústria e Comércio Exterior que tem como objetivo financiar empreendimentos para o desenvolvimento do Brasil.
Um sistema de medidas é um conjunto de unidades de medida que mantém algumas relações entre si. O sistema métrico decimal é
hoje o mais conhecido e usado no mundo todo. Na tabela seguinte, listamos as unidades de medida de comprimento do sistema métrico. A
unidade fundamental é o metro, porque dele derivam as demais.
Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m
Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão: cada unidade vale
sempre 10 vezes a unidade menor seguinte.
Didatismo e Conhecimento 42
RACIOCÍNIO LÓGICO
Por isso, o sistema é chamado decimal.
E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome popular de litro.
As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o metro
quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102.
Unidades de Área
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado
1000000m 2
10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m 0,000001m2
2
Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc. Na prática, são
muitos usados o metro cúbico e o centímetro cúbico.
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal.
Unidades de Volume
km 3
hm 3
dam3 m3 dm3 cm3 mm3
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o volume da água que enche um tanque é de 7 000 litros, dizemos que essa é
a capacidade do tanque. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.
Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
quilolitro hectolitro decalitro litro decilitro centímetro mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama.
Unidades de Massa
kg hg dag g dg cg mg
quilograma hectograma decagrama grama decigrama centigrama miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,01g 0,001g
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t): 1t = 1000 kg.
Não Decimais
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h = 18min.
Didatismo e Conhecimento 43
RACIOCÍNIO LÓGICO
Para medir ângulos, também temos um sistema não decimal. Respostas
Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia, na cartogra-
fia e na navegação são necessárias medidas inferiores a 1º. Temos, 1) Resposta “D”.
então: Solução: Basta somarmos todos os valores mencionados no
enunciado do teste, ou seja:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) 13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
Logo, a questão correta é a letra D.
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, os
mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há uma coincidên- 2) Resposta “0, 00348 dl”.
cia de nomes, mas até os símbolos que os indicam são diferentes: Solução: Como 1 cm3 equivale a 1 ml, é melhor dividir-
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do dia. mos 348 mm3 por mil, para obtermos o seu equivalente em centí-
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. metros cúbicos: 0,348 cm3.
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se equi-
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora – minuto – se- valem.
gundo são similares a cálculos no sistema grau – minuto – segun-
do, embora esses sistemas correspondam a grandezas distintas. Neste ponto já convertemos de uma unidade de medida de
volume, para uma unidade de medida de capacidade.
Há ainda um sistema não-decimal, criado há algumas décadas, Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quando en-
que vem se tornando conhecido. Ele é usado para medir a infor- tão passaremos dois níveis à esquerda. Dividiremos então por 10
mação armazenada em memória de computadores, disquetes, dis- duas vezes:
cos compacto, etc. As unidades de medida são bytes (b), kilobytes
(kb), megabytes (Mb), etc. Apesar de se usarem os prefixos “kilo”
e “mega”, essas unidades não formam um sistema decimal.
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
Um kilobyte equivale a 210 bytes e 1 megabyte equivale a 210
kilobytes. 3) Resposta “100 dal”.
Solução: Sabemos que 1 m3 equivale a 1.000 l, portanto para
Exercícios convertermos de litros a decalitros, passaremos um nível à esquer-
da.
1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o Dividiremos então 1.000 por 10 apenas uma vez:
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e chegou na
hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. A que horas
terminará a aula de inglês?
a) 14h Isto equivale a passar a vírgula uma casa para a esquerda.
b) 14h 30min Poderíamos também raciocinar da seguinte forma:
c) 15h 15min
d) 15h 30min Como 1 m3 equivale a 1 kl, basta fazermos a conversão de 1
e) 15h 45min kl para decalitros, quando então passaremos dois níveis à direita.
Multiplicaremos então 1 por 10 duas vezes:
2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros?
7. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
8. Converta 2,5 metros em centímetros. Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a esquerda.
Didatismo e Conhecimento 44
RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Resposta “0,000000000000000014 km3, ou a 1,4 x 10-17 km3”.
Solução: Para passarmos de milímetros cúbicos para quilômetros cúbicos, passaremos seis níveis à esquerda. Dividiremos então 14 por
1000 seis vezes:
Portanto, 0, 000000000000000014 km3, ou a 1,4 x 10-17 km3 se expresso em notação científica equivalem a 14 mm3.
9) Resposta “305min”.
Solução:
(5 . 60) + 5 = 305 min.
Unidade de tempo
Didatismo e Conhecimento 45
RACIOCÍNIO LÓGICO
Usamos o sistema sexagesimal, que emprega a base sessenta. Ex: multiplicar 4 h 52 min 8 s por 6
Os múltiplos do segundo enquadram-se nesse sistema. Repare que 4 h52 min 8 s
cada unidade é sessenta vezes maior que a unidade que a antecede. X6
1 h = 60 min --------------------------------------
1 min = 60 s 24h 312 min48 s
Para transformar uma unidade em outra imediatamente supe- Como 312 min é maior que 1 hora, devemos descobrir quantas
rior, basta dividi-la por 60 e inferior basta multiplica-la por 60. horas cabem em 312 minutos. Para isso basta dividir 312 por 60
Ex:3h = 3 . 60 = 180 min onde o resultado é 5 e o resto é 12.
52 min = 52 . 60 = 3120 s Então 312 min = 5 h 12 min
1020 s = 1020 : 60 = 17 min Devemos então acrescentar 5 h a 24 h = 29 h e o resultado fica
420 min = 420 : 60 = 7 h 29 h 12 min 48 s
Perceba que a subtração 36 s – 44 s não é possível nos nú- Que passa a ser 26 e no lugar de 15 seg usamos 15 +60(que é
meros naturais, então, vamos retirar 1 min de 53 min, transformar 1 min). Então
esse 1 min em 60 s e acrescenta-los aos 36 s. Assim:
Hora minuto segundo 75 – 18 = 57 seg.
7 52 96
4 41 44 O mesmo acontece com os minutos. Vamos emprestar 1 hora
------------------------------------------------ das 19 que passa a ser 18 e no lugar de 26 minutos usamos 26 + 60
3 11 52 ( que é uma hora). Então 86 – 32 = 54 minutos
Para multiplicarmos uma unidade de medida de tempo por um
número natural, devemos multiplicar as horas, minutos e segundos Por fim 18 h – 14 h = 4 horas
Por esse número natural. Resp. 4 horas 54 min e 57 seg.
Didatismo e Conhecimento 46
RACIOCÍNIO LÓGICO
40x = 9
x = 9/40
EQUAÇÕES E SISTEMA DE x = 0,225
EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU.
Há também um processo prático, bastante usado, que se baseia
nessas ideias e na percepção de um padrão visual.
- Se a + b = c, conclui-se que a = c + b.
Registro Registro
2 3 3
18
x= 15(x + 2) – 2(x + 2)(x – 3) = – 2x2
3
15x + 30 – 2(x2 – 3x + 2x – 6) = – 2x2
x=6 15x + 30 – 2(x2 – x – 6) = – 2x2
15x + 30 – 2x2 + 2x + 12 = – 2x2
Exemplo 2 17x – 2x2 + 42 = – 2x2
17x – 2x2 + 2x2 = – 42
2 1
Resolução da equação 1 – 3x + =x+ , efetuando a 17x = – 42
5 2 42
mesma operação nos dois lados da igualdade. x=-
17
Procedimento e justificativa: Multiplicamos os dois lados Note que, de início, essa última equação aparentava ser de
da equação por mmc (2;5) = 10. Dessa forma, são eliminados x2
2º grau por causa do termo - no seu lado direito. Entretanto,
os denominadores. Fazemos as simplificações e os cálculos 3 que foi reduzida a uma equação
depois das simplificações, vimos
necessários e isolamos x, sempre efetuando a mesma operação nos de 1º grau (17x = – 42).
dois lados da igualdade. No registro, as operações feitas nos dois
lados da igualdade são indicadas com as setas curvas verticais. Questões
Didatismo e Conhecimento 47
RACIOCÍNIO LÓGICO
A) 20 A) 3,12 bilhões.
B) 21 B) 2,86 bilhões.
C) 22 C) 2,60 bilhões.
D) 23 D) 2,34 bilhões.
E) 24 E) 2,08 bilhões.
2 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. 5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS-
IMARUÍ/2014) Certa quantia em dinheiro foi dividida igualmente TRATIVO – FCC/2014) Um funcionário de uma empresa deve
entre três pessoas, cada pessoa gastou a metade do dinheiro que executar uma tarefa em 4 semanas. Esse funcionário executou 3/8
ganhou e 1/3(um terço) do restante de cada uma foi colocado em da tarefa na 1a semana. Na 2a semana, ele executou 1/3 do que
um recipiente totalizando R$900,00(novecentos reais), qual foi a havia executado na 1a semana. Na 3a e 4a semanas, o funcionário
quantia dividida inicialmente? termina a execução da tarefa e verifica que na 3a semana executou
A) R$900,00 o dobro do que havia executado na 4a semana. Sendo assim, a fra-
B) R$1.800,00 ção de toda a tarefa que esse funcionário executou na 4ª semana
C) R$2.700,00 é igual a
D) R$5.400,00 A) 5/16.
B) 1/6.
C) 8/24.
3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um quadrado é cha- D)1/ 4.
mado mágico quando suas casas são preenchidas por números cuja E) 2/5.
soma em cada uma das linhas, colunas ou diagonais é sempre a
mesma. 6 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS-
O quadrado abaixo é mágico. TRATIVO – FCC/2014) Bia tem 10 anos a mais que Luana, que
tem 7 anos a menos que Felícia. Qual é a diferença de idades entre
Bia e Felícia?
A) 3 anos.
B) 7 anos.
C) 5 anos.
D) 10 anos.
E) 17 anos.
Didatismo e Conhecimento 48
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas
1 - RESPOSTA “A”.
Devemos inicialmente equacionar através de uma equação
do 1º grau, ou seja:
y= 76,88 + 1,25. x ➜ 101,88 = 76,88 + 1,25x ➜ 101,88 – ou 3,12 bilhões.
76,88 = 1,25x
1,25x = 25 ➜ x = ➜ x = 20 horas. 5 - RESPOSTA: “B”.
Tarefa: x
Obs.: y é o valor pago pela multa x corresponde ao número de Primeira semana: 3/8x
horas de permanência no estacionamento.
2 - RESPOSTA: “B”. 2 semana:
Quantidade a ser dividida: x
Se 1/3 de cada um foi colocado em um recipiente e deu
R$900,00, quer dizer que cada uma colocou R$300,00. 1ª e 2ª semana:
Didatismo e Conhecimento 49
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na 3ª e 4ª semana devem ser feito a outra metade, pois ele
executou a metade na 1ª e 2ª semana como consta na fração acima
(1/2x).
3ªsemana: 2y
4ª semana: y Valor pago:197 reais (2.100 – 3)
6 - RESPOSTA: “A”.
Luana: x
Bia: x+10
Felícia: x+7
Bia-Felícia= x+10-x-7 = 3 anos.
O valor pago pelo álbum é de R$ 11,00.
7 - RESPOSTA: “B”.
Idade de Rodrigo: x
10 - RESPOSTA: “C”.
Irmão mais novo: x
Irmão do meio: 2x
Irmão mais velho:4x
Hoje:
Irmão mais novo: x+10
Mmc(2,5)=10 Irmão do meio: 2x+10
Irmão mais velho:4x+10
x+10+2x+10+4x+10=65
7x=65-30
7x=35
x=5
hoje:
8 - RESPOSTA: “C”. Irmão mais novo: x+10=5+10=15
Irmão do meio: 2x+10=10+10=20
Irmão mais velho:4x+10=20+10=30
Sistema de Equação
Definição
Sobrou 1/10 da pizza.
9 - RESPOSTA: “E”. Observe o raciocínio: João e José são colegas. Ao passarem
Preço livro J: x por uma livraria, João resolveu comprar 2 cadernos e 3 livros e
Preço do livro K: x+15 pagou por eles R$ 15,40, no total dos produtos. José gastou R$
9,20 na compra de 2 livros e 1 caderno. Os dois ficaram satisfeitos
e foram para casa.
Didatismo e Conhecimento 50
RACIOCÍNIO LÓGICO
‘No dia seguinte, encontram um outro colega e falaram sobre suas compras, porém não se lembrava do preço unitário de dos livros.
Sabiam, apenas que todos os livros, como todos os cadernos, tinham o mesmo preço.
Bom, diante deste problema, será que existe algum modo de descobrir o preço de cada livro ou caderno com as informações que temos
? Será visto mais à frente.
Um sistema de equação do primeiro grau com duas incógnitas x e y, pode ser definido como um conjunto formado por duas equações
do primeiro grau. Lembrando que equação do primeiro grau é aquela que em todas as incógnitas estão elevadas à potência 1.
Observações gerais
Em tutoriais anteriores, já estudamos sobre equações do primeiro grau com duas incógnitas, como exemplo: X + y = 7 x – y = 30 x +
2y = 9 x – 3y = 15
Foi visto também que as equações do 1º grau com duas variáveis admitem infinitas soluções:
X+y=6x–y=7
Vendo a tabela acima de soluções das duas equações, é possível checar que o par (4;2), isto é, x = 4 e y = 2, é a solução para as duas
equações.
Exemplos de sistemas:
Observe este símbolo. A matemática convencionou neste caso para indicar que duas ou mais equações formam um sistema.
Resolução de sistemas
Resolver um sistema significa encontrar um par de valores das incógnitas X e Y que faça verdadeira as equações que fazem parte do
sistema.
Exemplos:
a) O par (4,3 ) pode ser a solução do sistema
x–y=2
x+y=6
Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, basta substituir os valores em ambas as equações:
x-y=2x+y=6
4–3=14+3=7
1 ≠ 2 (falso) 7 ≠ 6 (falso)
Didatismo e Conhecimento 51
RACIOCÍNIO LÓGICO
A resposta então é falsa. O par (4,3) não é a solução do Agora, e quando ocorrer de somarmos as equações e os valores
sistema de equações acima. de “x” ou “y” não se anularem para ficar somente uma incógnita ?
b) O par (5,3 ) pode ser a solução do sistema
x–y=2 Neste caso, é possível usar uma técnica de cálculo de
x+y=8 multiplicação pelo valor excludente negativo.
Ex.:
Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, basta 3x + 2y = 4
substituir os valores em ambas as equações: 2x + 3y = 1
x-y=2x+y=8
5–3=25+3=8 Ao somarmos os termos acima, temos:
2 = 2 (verdadeiro 8 = 8 (verdadeiro) 5x + 5y = 5, então para anularmos o “x” e encontramos o valor
de “y”, fazemos o seguinte:
A resposta então é verdadeira. O par (5,3) é a solução do » multiplica-se a 1ª equação por +2
sistema de equações acima. » multiplica-se a 2ª equação por – 3
Didatismo e Conhecimento 52
RACIOCÍNIO LÓGICO
Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa mesma
unidade: j = C.i.t
Taxa anual --------------------- tempo em anos 100
Taxa mensal-------------------- tempo em meses 28 800 = 20000..i.3
Taxa diária---------------------- tempo em dias 100
28 800 = 600 . i
Consideremos, como exemplo, o seguinte problema:
i = 28.800
Uma pessoa empresta a outra, a juros simples, a quantia de 600
R$ 3. 000,00, pelo prazo de 4 meses, à taxa de 2% ao mês. Quanto i = 48
deverá ser pago de juros?
Resposta: 48% ao ano.
Resolução:
Juros Compostos
- Capital aplicado (C): R$ 3.000,00
- Tempo de aplicação (t): 4 meses O capital inicial (principal) pode crescer, como já sabemos,
- Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês) devido aos juros, segundo duas modalidades, a saber:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende
Fazendo o cálculo, mês a mês: juros.
- No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 x R$ Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados
3.000,00 = R$ 60,00 ao principal e passam, por sua vez, a render juros. Também
- No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$ 60,00 + conhecido como “juros sobre juros”.
R$ 60,00 = R$ 120,00 Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um
- No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$ 120,00 capital através juros simples e juros compostos, com um exemplo:
+ R$ 60,00 = R$ 180,00 Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao
- No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$ 180,00 ano) Teremos:
+ R$ 60,00 = R$ 240,00
Desse modo, no final da aplicação, deverão ser pagos R$
240,00 de juros.
J=C.i.t
Observações:
1) A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma unidade.
2) Nessa fórmula, a taxa i deve ser expressa na forma decimal.
3) Chamamos de montante (M) a soma do capital com os
juros, ou seja: Na fórmula J= C . i . t, temos quatro variáveis. Se
três delas forem valores conhecidos, podemos calcular o 4º valor.
Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores
M=C+ j particulares costumam reinvestir as quantias geradas pelas
aplicações financeiras, o que justifica o emprego mais comum de
Exemplo juros compostos na Economia. Na verdade, o uso de juros simples
A que taxa esteve empregado o capital de R$ 20.000,00 para não se justifica em estudos econômicos.
render, em 3 anos, R$ 28.800,00 de juros? (Observação: Como o
tempo está em anos devemos ter uma taxa anual.) Fórmula para o cálculo de Juros compostos
Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a
C = R$ 20.000,00 uma taxa mensal de juros compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.).
t = 3 anos Vamos calcular os montantes (principal + juros), mês a mês:
j = R$ 28.800,00 Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1 +
i = ? (ao ano) 0,1)
Didatismo e Conhecimento 53
RACIOCÍNIO LÓGICO
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1 + Exercícios
0,1)2
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1 + 1. (SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILI-
0,1)3 DADE – FCC/2012) Renato aplicou uma quantia no regime de
................................................................................................. capitalização de juros simples de 1,25% ao mês. Ao final de um
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos ano, sacou todo o dinheiro da aplicação, gastou metade dele para
evidentemente: S = 1000(1 + 0,1)n comprar um imóvel e aplicou o restante, por quatro meses, em
outro fundo, que rendia juros simples de 1,5% ao mês. Ao final
De uma forma genérica, teremos para um principal P, aplicado desse período, ele encerrou a aplicação, sacando um total de R$
a uma taxa de juros compostos i durante o período n : S = P (1 + i)n 95.082,00. A quantia inicial, em reais, aplicada por Renato no pri-
onde S = montante, P = principal, i = taxa de juros e n = número de meiro investimento foi de
períodos que o principal P (capital inicial) foi aplicado. A) 154.000,00
Nota: Na fórmula acima, as unidades de tempo referentes à B) 156.000,00
taxa de juros (i) e do período (n), tem de ser necessariamente iguais. C) 158.000,00
Este é um detalhe importantíssimo, que não pode ser esquecido! D) 160.000,00
Assim, por exemplo, se a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos, E) 162.000,00
deveremos considerar 2% ao mês durante 3x12=36 meses.
2. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-
Exemplos NISTRATIVO – FCC/2014) José Luiz aplicou R$60.000,00 num
1 – Expresse o número de períodos n de uma aplicação, em fundo de investimento, em regime de juros compostos, com taxa
função do montante S e da taxa de aplicação i por período. de 2% ao mês. Após 3 meses, o montante que José Luiz poderá
sacar é
Solução: A) R$63.600,00.
Temos S = P(1+i)n B) R$63.672,48.
Logo, S/P = (1+i)n C) R$63.854,58.
Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos escrever: D) R$62.425,00.
n = log (1+ i ) (S/P) . Portanto, usando logaritmo decimal (base E) R$62.400,00.
10), vem: 3. CREA/PR – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNDA-
log(S / P) log S − log P TEC/2013) Um empréstimo de R$ 50.000,00 será pago no prazo
n= = de 5 meses, com juros simples de 2,5% a.m. (ao mês). Nesse senti-
log(1+ i) log(1+ i) do, o valor da dívida na data do seu vencimento será:
A) R$6.250,00.
Temos também da expressão acima que: n.log(1 + i) = logS B) R$16.250,00.
– logP C) R$42.650,00.
D) R$56.250,00.
Deste exemplo, dá para perceber que o estudo dos juros E) R$62.250,00.
compostos é uma aplicação prática do estudo dos logaritmos.
2 – Um capital é aplicado em regime de juros compostos a 4. (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
uma taxa mensal de 2% (2% a.m.). Depois de quanto tempo este MA/2013) Teresa pagou uma conta no valor de R$ 400,00 com
capital estará duplicado? seis dias de atraso. Por isso, foi acrescido, sobre o valor da conta,
juro de 0,5% em regime simples, para cada dia de atraso. Com
Solução: Sabemos que S = P (1 + i)n. Quando o capital inicial isso, qual foi o valor total pago por Teresa?
estiver duplicado, teremos S = 2P. A) R$ 420,00.
Substituindo, vem: 2P = P(1+0,02)n [Obs: 0,02 = 2/100 = 2%] B) R$ 412,00.
Simplificando, fica: C) R$ 410,00.
2 = 1,02n , que é uma equação exponencial simples. D) R$ 415,00.
Teremos então: n = log1,022 = log2 /log1,02 = 0,30103 / E) R$ 422,00.
0,00860 = 35
5. PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014) Po-
Nota: log2 = 0,30103 e log1,02 = 0,00860; estes valores podem lícia autua 16 condutores durante blitz da Lei Seca
ser obtidos rapidamente em máquinas calculadoras científicas. No dia 27 de novembro, uma equipe da Companhia de Polí-
Caso uma questão assim caia no vestibular, o examinador teria de cia de Trânsito(CPTran) da Polícia Militar do Estado de Sergipe
informar os valores dos logaritmos necessários, ou então permitir realizou blitz da Lei Seca na Avenida Beira Mar. Durante a ação, a
o uso de calculadora na prova, o que não é comum no Brasil. polícia autuou 16 condutores.
Portanto, o capital estaria duplicado após 35 meses (observe Segundo o capitão Fábio <achado, comandante da CPTran,
que a taxa de juros do problema é mensal), o que equivale a 2 anos 12 pessoas foram notificadas por infrações diversas e quatro por
e 11 meses. desobediência à Lei Seca[...].
Resposta: 2 anos e 11 meses. O quarteto detido foi multado em R$1.910,54 cada e teve a
Carteira Nacional de Trânsito (CNH) suspensa por um ano.
Didatismo e Conhecimento 54
RACIOCÍNIO LÓGICO
(Fonte: PM/SE 28/11/13, modificada)
Investindo um capital inicial no valor total das quatros mulas durante um período de dez meses, com juros de 5% ao mês, no sistema de
juros simples, o total de juros obtidos será:
A) R$2.768,15
B) R$1.595,27
C) R$3.821,08
D) R$9.552,70
E) R$1.910,54
6. (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC/2013) Uma aplicação financeira rende mensalmente 0,72%. Após 3
meses, um capital investido de R$ 14.000,00 renderá: (Considere juros compostos)
A) R$ 267,92
B) R$ 285,49
C) R$300,45
D) R$304,58
9. (TRT 1ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2013) Juliano possui R$ 29.000,00 aplicados em um
regime de juros compostos e deseja comprar um carro cujo preço à vista é R$30.000,00. Se nos próximos meses essa aplicação render 1% ao
mês e o preço do carro se mantiver, o número mínimo de meses necessário para que Juliano tenha em sua aplicação uma quantia suficiente
para comprar o carro é
A) 7.
B) 4.
C) 5.
D) 6.
E) 3.
10. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRANRIO/2012) João tomou um empréstimo de R$900,00 a juros compostos
de 10% ao mês. Dois meses depois, João pagou R$600,00 e, um mês após esse pagamento, liquidou o empréstimo.
O valor desse último pagamento foi, em reais, aproximadamente,
A) 240,00
B) 330,00
C) 429,00
D) 489,00
E) 538,00
Respostas
1 - RESPOSTA: “B”.
Quantia inicial: C= 25.000 ; i=1,25% a.m = 0,0125 ; t= 1 ano = 12 meses
M= J+C e J= C.i.t da junção dessas duas fórmulas temos : M=C.(1+i.t),aplicando
Didatismo e Conhecimento 55
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como ele gastou metade e a outra metade ele aplicou a uma taxa i=1,5% a.m=0,015 e t=4m e sacou após esse período R$ 95.082,00
2 - RESPOSTA: “B”.
C=60.000 ; i = 2% a.m = 0,02 ; t = 3m
3 - RESPOSTA: “D”.
J=C.i.t C = 50.000 ; i = 2,5% a.m = 0,025 ; t = 5m
J=50 000.0,025.5
J=6250
M=C+J
M=50 000+6 250=56250
O valor da dívida é R$56.250,00.
4 – RESPOSTA: “B”.
5 - RESPOSTA: “C”.
Didatismo e Conhecimento 56
RACIOCÍNIO LÓGICO
A aplicação renderá R$ 304,58.
7 - RESPOSTA: “C”.
C = 5.000 ; J = 420 ; t = 6m
J=C.i.t ➜ 420=5000.i.6
8 - RESPOSTA: “D”.
M1+M2 = 384000
Didatismo e Conhecimento 57
RACIOCÍNIO LÓGICO
Teremos que substituir os valores de t, portanto vamos come- C = S - Dd ==> C = S - C.i.t ==> C + C.i.t = S ==> C(1 +
çar dos números mais baixos: i.t) = S
1,013=1,0303, está próximo, mas ainda é menor C = S/(1 + i.t)
1,014=1,0406
Como t=4 passou o número que precisava(1,0344), então ele Este desconto é utilizado para operações de longo prazo. Note
tem que aplicar no mínimo por 4 meses. que (1 - i.t) pode ser nulo, mas (1 + i.t) nunca vale zero.
C = 900 ; i = 10% a.m=0,10 ; t = 2m ; pagou 2 meses depois O desconto (Dc) é calculado com taxa de juros compostos,
R$ 600,00 e liquidou após 1 mês considerando n período(s) antecipado(s):
Dc = S - C
Por Fora (Comercial ou Bancário). O desconto é calculado Questão 3. O desconto simples comercial de um título é de
sobre o valor nominal (S) do título, utilizando-se taxa de juros R$ 860,00, a uma taxa de juros de 60% a.a.. O valor do desconto
simples simples racional do mesmo título é de R$ 781,82, mantendo-se a
Df = S.i.t taxa de juros e o tempo. Nesse as condições, o valor nominal do
rótulo é de:
É o desconto mais utilizado no sistema financeiro, para Resposta:
operações de curto prazo, com pequenas taxas. O valor a ser pago Dc = 860
(ou recebido) será o valor atual C = S - Df = S - S.i.t , ou seja Dr = 781.82
C = S.(1- i.t) Usando N = (Dc * Dr) / (Dc – Dr),
N = (860 * 781.82) / (860 – 781.82) = 672365.2 / 78.18 =
Por Dentro (Racional). O desconto é calculado sobre o valor 8600.22
atual (C) do título, utilizando-se taxa de juros simples
Dd = C.i.t Questão 4. O valor atual de uma duplicata é de 5 vezes o valor
de seu desconto comercial simples. Sabendo-se que a taxa de juros
Como C não é conhecido (mas sim, S) fazemos o seguinte adotada é de 60% a.a., o vencimento do título expresso em dias é:
cálculo: Resposta:
Didatismo e Conhecimento 58
RACIOCÍNIO LÓGICO
i = 60% a.a. → i = 0.6 a.a. Questão 8. Um título sofre um desconto comercial de R$
A = N – D (valor atual é o nominal menos o desconto) 9.810,00 três meses antes do seu vencimento a uma taxa de deconto
5D = N – D → N = 6D simples de 3% a.m.. Indique qual seria o desconto à mesma taxa se
A = N * ( 1 – i*n) o desconto fosse simples e racional.
5D = 6D ( 1 – 0.6 * n) Resposta:
5 = 6 ( 1 – 0.6 * n) Dc = 9810
5 = 6 – 3.6 * n n = 3 meses
3.6 * n = 1 i = 0.03 a.m.
n = 0.277 (anos)
n = 0.277 * 365 dias Dc = Dr * (1 + i*n)
n = 101.105 dias 9810 = Dr * (1 + 0.03*3)
9810 = Dr * 1.09
Questão 5. Uma empresa descontou em um banco uma Dr = 9810/1.09
duplicata de R$ 600.000,00, recebendo o líquido de 516.000,00. Dr = 9000
Sabendo=se que o banco cobra uma comissão de 2% sobre o valor
do título, que o regime é de juros simples comerciais. Sendo a taxa Questão 9. Um título no valor nominal de R$ 10.900,00 deve
de juros de 96% a.a., o prazo de desconto da operação foi de: sofrer um desconto comercial simples de R$ 981,00 três meses
Resposta: antes do seu vencimento. Todavia uma negociação levou a troca
N = 600000 do desconto comercial por um desconto racional simples. Calcule
Ab = 516000 o novo desconto, considerando a mesma taxa de desconto mensal:
h = 0.02 Resposta:
i = 0.96 a.a. N = 10900
Db = Db + N*h Dc = 981
Ab = N * [1 - (i*n+h)] n=3
516000 = 600000 * [1-(0.96*n+0.02)]
0.8533 = 1 – 0.96*n – 0.02 Dc = N * i * n
0.8533 = 0.98 – 0.96*n 981 = 10900 * i * 3
0.96 * n = 0.1267 981 = 32700 * i
n = 0.1319 anos ≈ 45 dias i = 0.03 (3% a.m.)
Didatismo e Conhecimento 59
RACIOCÍNIO LÓGICO
Questão 11. Obtenha o valor hoje de um título de R$ 10.000,00 Resposta:
de valor nominal, vencível ao fim de três meses, a uma taxa de Dcr = 340.10
juros de 3% a.m., considerando um desconto racional composto e n = 6 meses
desprezando os centavos. i = 0.05 a.m.
Resposta: Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n]
N =10000 (1+0.05)6 = 1.340095640625
n = 3 meses (1+i)n – 1 = 0.340095640625
i = 0.03 a.m. 340.10 = N * 0.340095640625 / 1.340095640625
N ≈ 1340.10
Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n] Dcr = N – A
(1+0.03)3 = 1.092727 340.10 = 1340.10 – A
Dcr = 10000 * 0.092727 / 1.092727 A = 1000
Dcr = 848.58
Dcr = N – A Questão 15. O valor nominal de uma dívida é igual a 5 vezes
848.58 = 10000 – A o desconto racional composto, caso a antecipação seja de dez
A = 10000 – 848.58 meses. Sabendo-se que o valor atual da dívida (valor de resgate) é
A = 10000 – 848.58 de R$ 200.000,00, então o valor nominal da dívida, sem considerar
A = 9151.42 os centavos é igual a:
Questão 12. Um título foi descontado por R$ 840,00, quatro Resposta:
meses antes de seu vencimento. Calcule o desconto obtido N = 5 * Drc
considerando um desconto racional composto a uma taxa de 3% n = 10 meses
a.m. A = 200000
Resposta:
n = 4 meses Drc = N – A
i = 0.03 a.m. Drc = 5 * Drc – 200000
A = 840 4 * Drc = 200000
Drc = 50000
Dcr = N – A Drc = N – A
Dcr = N – 840
Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n] 50000 = N – 200000
(1+0.03)4 = 1.12550881 N = 250000
(1+0.03)4 -1 = 0.12550881
Dcr = N * 0.12550881 / 1.12550881 Questão 16. Um Commercial paper, com valor de face de US$
N * 0.12550881 / 1.12550881 = N – 840 1.000.000,00 e vencimento daqui a três anos deve ser resgatado
N * 0.12550881 = 1.12550881 * N – 945.4274004 hoje. A uma taxa de juros compostos de 10% a.a. e considerando o
N = 945.4274004 desconto racional, obtenha o valor do resgate.
Dcr = 945.4274004 – 840 Resposta:
Dcr ≈ 105.43 N = 1000000
n = 3 anos
Questão 13. Um título sofre um desconto composto racional i = 0.1 a.a.
de R$ 6.465,18 quatro meses antes do seu vencimento. Indique o
valor mais próximo do valor descontado do título, considerando Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n]
que a taxa de desconto é de 5% a.m.: (1+i)n = 1.331
Resposta: (1+i)n -1 = 0.331
Dcr = 6465.18 Dcr = 1000000 * 0.331 / 1.331
n = 4 meses Dcr = 248,685.20
i = 0.05 a.m. A = N – Drc
A = 1000000 – 248,685.20
Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n] A = 751,314.80
(1+i)n = 1.21550625
(1+i)n – 1 = 0.21550625 Questão 17. Uma pessoa quer descontar hoje um título de
6465.18 = N * 0.21550625 / 1.21550625 valor nominal de R$ 11.245,54, com vencimento para daqui a 60
N = 36465,14 dias, e tem as seguintes opções:
I – desconto simples racional, taxa de 3% a.m.;
Questão 14. Um título sofre um desconto composto racional II – desconto simples comercial, taxa de 2,5% a.m.;
de R$ 340,10 seis meses antes do seu vencimento. Calcule o valor III – desconto composto racional, taxa de 3% a.m.
descontado do título considerando que a taxa de desconto é de 5%
a.m. (despreza os centavos): Se ela escolher a opção I, a diferença entre o valor líquido que
receberá e o que receberia se escolhesse a opção:
Didatismo e Conhecimento 60
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: Drc = N * [1 - (1/(1+i)n)]
N = 11245.54 (1+i)n = 1.12550881
n = 60 dias = 2 meses Drc = N * 0.12550881 / 1.12550881
I) Dc = N * i * n Drc = (A + Drc) * 0.12550881 / 1.12550881
Dc = 11245.54 * 0.025 *2 Drc = (4400 + Drc) * 0.12550881 / 1.12550881
Dc = 562.277 Drc = (4400 + Drc) * 0.12550881 / 1.12550881
A = N – Dc Drc = 490.657 + Drc * 0.12550881 / 1.12550881
A = 11245.54 – 562.277 Drc – Drc * 0.12550881 / 1.12550881 = 490.657
A = 10683.26 Drc * (1 – 0.12550881 / 1.12550881) = 490.657
Drc * 0.888487048 = 490.657
II) Dr = (N * i * n) / (1 + i * n) Drc = 552.23
Dr = (11245.54 * 0.03 * 2) / (1 + 0.03 * 2) N = A + Drc
Dr = 674.7324 / 1.06 N = 4400 + 552.23
Dr = 636.54 N = 4952.23
A = N – Dc
A = 11245.54 – 636.54 Questão 20. Antônio emprestou R$ 100.000,00 a Carlos,
A = 10609.0 devendo o empréstimo ser pago após 4 meses, acrescido de juros
compostos calculados a uma taxa de 15% a.m., com capitalização
III) Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n] diária. Três meses depois Carlos decide quitar a dívida, e combina
Dcr = 11245.54 * 0.05740409 com Antônio uma taxa de desconto racional composto de 30% a.b.
Dcr = 645.54 (ao bimestre), com capitalização mensal. Qual a importância paga
A = N – Dc por Carlos a título de quitação do empréstimo.
A = 11245.54 – 645.54 Resposta:
A = 10600 N = 100000
n = 4 meses = 120 dias
Nenhum item tem uma resposta certa. Mas a diferença entre o i = 15% a.m. = 0.5% a.d. = 0.005 a.d.
valor atual da escolha II e a III é nove, então se houve um erro na
digitação da questão a resposta é a alternativa c. M =C * (1+i)n
M =100000 * (1+0.005)120
Questão 18. Um título deveria sofrer um desconto comercial M = 181939.67
simples de R$ 672,00, quatro meses antes do seu vencimento. A = M / (1+0.3/2)
Todavia, uma negociação levou à troca do desconto comercial A = 158208.4
simples por um desconto racional composto. Calculo o novo
desconto, considerando a mesma taxa de 3% a.m.. Questão 21. Calcule o valor nominal de um título que,
Resposta: resgatado 1 ano e meio antes do vencimento, sofreu desconto
Dc = 672 racional composto de R$ 25000,00, a uma taxa de 30% a.a., com
n = 4 meses capitalização semestral.
i = 0.03 a.m. Resposta:
n = 1.5 anos = 3 semestres
Dc = N * i * n Drc = 25000
672 = N * 0.03 * 4 i = 0.3 a.a. = 0.15 a.s.
N = 5600
Dcr = N * [1 - (1/(1+i)n)] Dcr = N * [ ((1+i)n - 1) / (1+i)n]
Dcr = 5600 * [1 - (1/(1+i)n)] (1+i)n = 1.520875
(1+i)n = 1.12550881 (1+i)n -1 = 0.520875
Dcr = 5600 * 0.12550881/1.12550881 25000 = N * 0.520875 / 1.520875
Dcr = 624.47 N = 25000 * 1.520875 / 0.520875
N = 72996.16
Questão 19. Um título é descontado por R$ 4.400,00, quatro
meses antes do seu vencimento. Obtenha o valor de face do título, Descontos Racional e Comercial
considerando que foi aplicado um desconto racional composto a
uma taxa de 3% a.m. (despreze os centavos, se houver). Desconto é o abatimento no valor de um título de crédito que
Resposta: pode ser: Letra de câmbio; Fatura; Duplicata; Nota promissória.
A = 4400 Este desconto é obtido quando o mesmo é resgatado antes do
n = 4 meses vencimento do compromisso.
i = 0.03 a.m. O valor do título no dia do vencimento é chamado de: valor
nominal e este vêm declarado no mesmo. O valor do título em uma
A = N – Drc data anterior ao vencimento da fatura é chamado de : valor atual.
A + Drc = N O valor atual é menor que o valor nominal
Didatismo e Conhecimento 61
RACIOCÍNIO LÓGICO
Desta forma, o valor atual de um título qualquer é a diferença Dc = N . i . t
entre o valor nominal (valor do título) e seu respectivo desconto. 100
Observe:
Onde:
A = N – Dc ou A = N - Dr
Dc = desconto comercial
Onde: A – Valor atual N = valor nominal do título dado
i = taxa de desconto
Exemplos para fixação de conteúdo: t = período de tempo na operação
100 = tempo considerado em anos
Qual o valor atual atual (A) de um título de uma empresa no
valor de R$ 15.000,00 a 2% a.m, descontado 6 meses antes do Observações:
prazo do seu vencimento?
a) Quando o período de tempo (t) for expresso no problema
Resolvendo: em dias, o tempo considerado na operação devera ser em dias e
utilizado o valor de 36000.
N = 15.000
I = 2% a.m = 24% a.a. (01 ano = 12 meses) b) Quando o período de tempo (t) for expresso em meses, o
T=6 tempo considerado deverá ser em meses e utilizando o valor 1200.
Dc = 15000 x 24 x 6 = 2160000 Exemplos para fixação de conteúdo:
1200 1200
1) Uma fatura foi paga com 30 dias antes do vencimento do
Dc= 1800 prazo para pagamento. Calcule o valor do desconto, com uma taxa
A = 15000 – 1800 = 13200 de 45% a.a., sabendo-se que o valor da fatura era no valor de R$
A = 13200 25.000,00.
Resolvendo:
Observe algumas notações:
Dados do problema
D Desconto realizado sobre o título
N = 25000
N Valor nominal de um título i = 45% a.a.
A Valor atual de um título t = 30
I Taxa de desconto
Dc = N . i . t
n Número de períodos para o desconto 36000
Assim: Dc = 25000 x 45 x 30 = 33750000 = 937,50
Como já falado anteriormente, o desconto é a diferença entre 36000 36000
o valor nominal de um título (futuro) “N” e o valor atual “A” do
título em questão. O valor de desconto é de R$ 937,50.
D=N-A Observe o valor 36000 na divisão, pois o tempo é expresso
em dias.
Fórmula do desconto:
2) A que taxa foi calculada o desconto simples de R$
Dc = N . i . t 5.000,00 sobre um título de R$ 35.000,00, pago antecipadamente
100 em 8 meses ?
Resolvendo:
Tipos de desconto
Há basicamente dois tipos de descontos: Dados do problema
– Desconto comercial (por fora)
– Desconto racional (por dentro) N = 35000
i=?
Desconto comercial: Também chamado de desconto por fora, t = 8 meses
comercial, ou desconto bancário (Dc), pode ser definido como Dc = 5.000,00
aquele em que a taxa de desconto incide sobre o valor nominal do
título, levando-se em conta o capital principal como valor nominal Dc = N . i . t
“N”. Assim, de acordo com a fórmula dada: 1200
Didatismo e Conhecimento 62
RACIOCÍNIO LÓGICO
i = 1200 . Dc Taxa de Equivalência
N. t
A equivalência de capitais é uma das ferramentas mais
I = 1200 x 5000 = 6000000 = 21,43% poderosas da matemática financeira e tem sido constantemente
35000 x 8 280000 pedida nas provas de concursos públicos.
Aprendemos a calcular o Montante, em uma Data Fatura,
O valor da taxa é de 21,43% de um capital que se encontrava na data presente. Relativo a
descontos, aprendemos a calcular o Valor Atual, em uma Data
Observe o valor 1200 na divisão, pois o tempo é expresso em Presente, de um valor nominal que se encontrava em uma data
meses. futura.
O desconto comercial pode ser expresso na fórmula abaixo: Gostaríamos que você notasse que, ao calcular o montante,
estávamos movendo o capital inicial a favor do eixo dos tempos
Dc = A . i . t ou capitalizando-o, enquanto que, ao calcularmos o valor atual,
100 + it estávamos movendo o valor nominal (que também é um capital)
contra o eixo dos tempos ou descapitalizando-o, conforme se
Desconto Racional (por dentro): É chamado de desconto encontra ilustrado nos esquemas a seguir.
racional o abatimento calculado com a taxa de desconto incidindo
sobre o valor atual do título, temos então: Conceito de Equivalência
Dr = A . i .t Dois ou mais capitais que se encontram em datas diferentes,
100 são chamados de equivalentes quando, levados para uma mesma
data, nas mesmas condições, apresentam o mesmo VALOR nessa
O qual: data.
Dr = valor do desconto racional na operação Para você entender melhor esse conceito, vamos lhe propor
A = valor atual do título um problema. Vamos fazer de conta que você ganhou um prêmio
i = taxa de desconto em dinheiro no valor de R$ 100,00, que se encontra aplicado, em
t = período de tempo na operação um banco, à taxa de juros simples de 10% a.m. O banco lhe oferece
100 = tempo considerado em ano três opções para retirar o dinheiro:
1a) você retira R$ 100,00 hoje;
Como informado no desconto por fora, não se pode esquecer 2a) você deixa o dinheiro aplicado e retira R$ 140,00 dentro
do tempo em que a taxa é considerada : de 4 meses;
3a) você deixa o dinheiro aplicado e retira R$ 190,00 em 9
Ano = 100 meses.
Mês = 1200
Dias = 36000 Qual delas é a mais vantajosa para você?
Para sabermos a resposta, precisamos encontrar um jeito de
Relembrando que: comparar os capitais R$ 100,00, R$ 140,00, e R$ 190,00, que se
encontram em datas diferentes. Vamos determinar, então, o valor
A = N – Dr Substituindo → Dr = N . i . t dos três capitais numa mesma data ou seja, vamos atualizar os seus
100 + it valores. Escolheremos a data de hoje. A Data Comum, também
chamada de Data de Comparação ou Data Focal, portanto, vai ser
Exemplo para fixação de conteúdo: hoje (= data zero).
Calcular o valor do desconto por dentro de um título de R$ O capital da primeira opção (R$ 100,00) já se encontra na data
16.000,00 pago 3 meses antes do vencimento com uma taxa de de hoje; portanto, já se encontra atualizado.
24% a.a. Calculemos, pois, os valores atuais Va1 e Va2 dos capitais
Resolvendo: futuros R$ 140,00 e R$ 190,00 na data de hoje (data zero).
Esquematizando, a situação seria esta:
Dados do problema Podemos fazer este cálculo usando desconto comercial
simples ou desconto racional simples. Vamos, arbitrariamente,
N = 16000 escolher a fórmula do valor atual racional simples:
i = 24% a.a. Vars = N/1 + in
t = 3 meses Vars1 = 140,00/(1 + 0,10 . 4) = 100,00
Vars2 = 190,00/(1 + 0,10 . 9) = 100,00
Dr = N . i . t Verificamos que os três capitais têm valores atuais idênticos
100 + it na data focal considerada (data zero). Podemos, portanto, dizer
que eles são Equivalentes: tanto faz receber R$ 100,00 hoje, ou R$
Dr = 16000 x 24 x 3 = 1152000 = 905,66 140,00 daqui a 4 meses ou R$ 190,00 daqui a nove meses, se a taxa
1200 + 24 x 3 1272 de juros for de 10% ao mês e o desconto racional simples.
O valor do desconto é de R$ 905,66.
Didatismo e Conhecimento 63
RACIOCÍNIO LÓGICO
Vejamos o que acontece se utilizarmos o critério do desconto datas de pagamento e os respectivos valores nominais de forma
comercial, em vez do desconto racional, para calcular os valores que consiga honrá-los, mas de tal sorte que o novo esquema seja
atuais dos capitais R$ 140,00 e R$ 190,00: EQUIVALENTE ao plano original.
Vacs = N (1 – in) No cálculo do novo esquema de pagamento, a visualização do
Vacs1 = 140 ( 1 – 0,10 . 4) = 140 (0,6) = 84 problema fica bastante facilitada com a construção de um diagrama
Vacd2 = 190 (1 – 0,10 . 9) = 190 (0,1) = 19 de fluxo de caixa no qual representa-se a dívida original na parte
Mudando-se a modalidade de desconto, portanto, os três superior, e a proposta alternativa de pagamento na parte de baixo,
capitais deixam de ser equivalentes. conforme se vê nos problemas a seguir.
E se mudarmos a data de comparação, ou data focal, para o Exercícios Resolvidos
mês 2, por exemplo, continuando a utilizar o desconto racional
simples? 1. No refinamento de uma dívida, dois títulos, um para
Acontecerá o seguinte: 6 meses e outro 12 meses, de R$ 2.000,00 e de R$ 3.000,00,
respectivamente, foram substituídos por dois outros, sendo o
O capital R$ 140,00, resgatável na data 4, será antecipado de 2 primeiro de R$ 1.000,00, para 9 meses, e o segundo para 18 meses.
meses, ficando com o seguinte valor atual racional simples: A taxa de desconto comercial simples é de 18% a.a. O valor do
Vars1 = 140,00/(1 + 0,10 . 2) = 116,67 título de 18 meses, em R$, é igual a:
Resolução:
O capital R$ 190,00, resgatável na data 9, será antecipado de 7 Inicialmente, vamos construir um diagrama de fluxo de caixa
meses, ficando com o seguinte valor atual racional simples: utilizando os dados do problema:
Vars2 = 190,00/(1 + 0,10 . 7) = 111,76 A taxa de juros é anual. Entretanto, como os prazos de
pagamento estão expressos em meses, vamos transformá-la em
Ao capital R$ 100,00 (resgatável na data zero) acrescentar-se- mensal:
ão dois meses de juros, conforme segue: i = 18% a.a. = 1,5% a.m. = 0,015 a.m.
Vars3 = C (1 + in) = 100 (1 + 0,10 . 2) = 120 A modalidade de desconto é o comercial simples, mas o
problema não mencionou qual a data focal a ser considerada. Em
No mês dois, portanto, temos que os capitais nominais R$ casos como este, presumimos que a data focal seja a data zero.
140,00; R$ 190,00 e R$ 100,00 estarão valendo, respectivamente, Vamos, então, calcular o total da dívida na data zero para cada
R$ 116,67; R$ 111,76 e R$ 120,00. Na data focal 2, portanto, eles um dos planos de pagamento, e igualar os resultados, pois os dois
não serão mais equivalentes. esquemas devem ser equivalentes para que se possa substituir um
No regime de capitalização Simples a equivalência ocorre em pelo outro. Além disso, para transportarmos os capitais para a data
apenas uma única data, para uma determinada taxa e modalidade zero, utilizaremos a fórmula do valor atual do desconto comercial
de desconto. Ao mudarmos a Data Focal, capitais que antes eram simples:
equivalentes podem deixar sê-lo. É bom você saber desde já Vacs = N (1 – in). Obteremos a seguinte equação:
que, no regime de capitalização Composta, isto não acontece: na 2.000 (1 – 0,015 . 6) + 3.000 (1 – 0,015 .12) = 1.000 (1 – 0,015
capitalização composta, para a mesma taxa, capitais equivalentes . 9) + x (1 – 0,015 . 18)
para uma determinada data o são para qualquer outra data. (total da dívida conforme o plano (total da dívida conforme
Podemos então concluir que: o plano Alternativo Original de pagamento, proposto, atualizado
Para juros simples, a equivalência entre dois ou mais para a data zero).
capitais somente se verifica para uma determinada taxa, para uma Calculando o conteúdo dos parênteses, temos:
determinada data focal e para uma determinada modalidade de 2.000 (0,91) + 3.000 (0,82) = 1.000 (0,865) + x (0,73)
desconto. 1.820 + 2.460 = 865 + 0,73x
Podemos, agora, definir equivalência de dois capitais de uma 0,73x = 1.820 + 2.460 – 865
mesma maneira mais rigorosa da seguinte forma: x = 3.415/0,73 = 4.678,08
Dois capitais C1 e C2, localizados nas datas n1 e n2, medidas a
partir da mesma origem, são ditos equivalentes com relação a uma Observe que a data focal era anterior à data de vencimento
data focal F, quando os seus respectivos valores atuais, Va1 e Va2 , de todos os capitais. Assim, calculamos o valor descontado (valor
calculados para uma determinada taxa de juros e modalidade de atual) de cada um deles, para trazê-los à data local. Efetuamos
desconto nessa data focal F, forem iguais. um desconto (comercial, no caso) ou uma descapitalização
A equivalência de capitais é bastante utilizada na renegociação (desincorporação dos juros), porque estávamos transportando os
de dívidas, quando há necessidade de substituir um conjunto de valores para uma data passada. Mas se a data focal tivesse sido
títulos por um outro conjunto, equivalente ao original (isto porque outra, por exemplo, a data 9 (vide esquema), e não a data zero, o
o conceito de equivalência é aplicado não só para dois capitais, capital de R$ 2.000,00, que vencia na data 6, teria que sofrer uma
mas também para grupos de capitais). capitalização (incorporação de juros) para ser transportado para
Às vezes um cliente faz um empréstimo num banco e a data 9 (data futura em relação à data 6). A atualização do valor
se compromete e quitá-lo segundo um determinado plano de desse capital para a data 9, então, far-se-ia com a utilização da
pagamento. Todavia, devido a contingências nos seus negócios, fórmula do montante M = C (1 + in), e não com a fórmula do valor
ele percebe que não terá dinheiro em caixa para pagar as parcelas descontado (valor atual).
do financiamento nas datas convencionadas. Então, propõe ao
gerente do banco um outro esquema de pagamento, alterando as
Didatismo e Conhecimento 64
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conclusão: para transportarmos um capital para uma data Va1 + Va2 + Va3 + … = Vaa + Vab + Vac + …
posterior à original, devemos capitalizá-lo; para transportarmos um A equação acima é chamada de Equação de Valor.
capital para uma data anterior à original, devemos descapitalizá-lo.
Roteiro para Resolução de Problemas de Equivalência
2. O pagamento do seguro de um carro, conforme contrato,
deve ser feito em 3 parcelas quadrimestrais de R$ 500,00. O Ao começar a resolução de problemas que envolvem
segurador, para facilitar ao seu cliente, propõe-lhe o pagamento equivalência de capitais utilize o seguinte roteiro:
em 4 parcelas trimestrais iguais. Utilizando-se a data focal zero, a 1. leia o problema todo;
taxa de juros de 24% a.a. e o critério de desconto racional simples, 2. construa, a partir do enunciado do problema, um diagrama
o valor das parcelas trimestrais será, em R$: de fluxo de caixa esquemático, colocando na parte de cima o plano
Resolução: original de pagamento e na parte de baixo o plano alternativo
Fazendo o diagrama dos pagamentos, temos: proposto, indicando todos os valores envolvidos, as datas
i = 24% a.a. = 2% a.m. = 0,02 a.m. respectivas e as incógnitas a serem descobertas – esse diagrama
Uma vez que o critério é de desconto racional simples, ao
é importante porque permite visualizar os grupos de capitais
transportarmos os valores para a data zero, teremos que utilizar a
equivalentes e estabelecer facilmente a equação de valor para
fórmula do valor atual racional simples
resolução do problema;
Vars = N/1 + in . Podemos escrever, então, que:
Total da divida conforme o plano original de pagamento, 3. observe se os prazos de vencimento dos títulos e
atualizado racionalmente para a data zero 500/1 + 0,02 . 4 + 500/1 compromissos estão na mesma unidade de medida de tempo
+ 0,02 . 8 + 500/1 + 0,02 . 12 = x/1 + 0,02 . 3 + x/1 + 0,02 . 6 + x/1 periodicidade da taxa; se não estiverem, faça as transformações
+ 0,02 . 9 + x/1 + 0,02 . 12 necessárias (ou você expressa a taxa na unidade de tempo do
Total da dívida conforme o plano alternativo proposto, prazo ou expressa o prazo na unidade de tempo da taxa – escolha a
atualizado racionalmente para a data zero 500/1,08 + 500/1,16 + transformação que torne os cálculos mais simples);
500/1,24 = x/1,06 + x/1,12 + x/1,18 + x/1,24 4. leve todos os valores para a data escolhida para a negociação
1.297,22 = 3,49 . x (data focal), lembrando sempre que capitais exigíveis antes da data
x = 1.297,22/3,49 focal deverão ser capitalizados através da fórmula do montante M
x = 371,68 = C (1 + in), dependendo da modalidade de desconto utilizada;
3. A aplicação de R$ 2.000,00 foi feita pelo prazo de 9 meses, 5. tendo transportado todos os capitais para a data focal e
contratando-se a taxa de juros de 28% a.a. Além dessa aplicação, com base no diagrama de fluxo de caixa que você esquematizou,
existe outra de valor nominal R$ 7.000,00 com vencimento a 18 monte a EQUAÇÃO DE VALOR, impondo que a soma dos
meses. Considerando-se a taxa de juros de 18% a.a., o critério de valores dos títulos (transportados para a data focal) da parte de
desconto racional e a data focal 12 meses, a soma das aplicações cima do diagrama de fluxo de caixa seja igual à soma dos valores
é, em R$: dos títulos (transportados para a data focal) da parte de baixo do
diagrama de fluxo de caixa;
Resolução: 6. resolva a equação de valor;
Inicialmente, precisamos calcular o valor nominal da primeira 7. releia a PERGUNTA do problema e verifique se o valor que
aplicação. Considerando n = 9 meses = 0,75 anos, temos que: você encontrou corresponde ao que o problema está pedindo (às
N = C (1 + in) vezes, devido à pressa, o candidato se perde nos cálculos, encontra
N = 2.000 (1 + 0,28 . 0,75) = 2.000 (1,21) = 2.420 um resultado intermediário e assinala a alternativa que o contém,
colocada ali para induzi-lo em erro, quando seria necessário ainda
Observando o diagrama de fluxo de caixa, vemos que, para uma passo a mais para chegar ao resultado final correto).
serem transportados à data doze, o título de 2.420 terá que ser
capitalizado de três meses, ao passo que o título de 7.000 terá que
Desconto e Equivalência
ser descapitalizado de 6 meses. Além disso, a taxa de 18% a.a.,
Por fim, gostaríamos de dar uma dica para ajudá-lo a perceber
considerando-se capitalização simples, é equivalente a 1,5% a.m.
= 0,015 a.m. Desta forma, podemos escrever que: quando um problema é de desconto e quando é de equivalência.
2.420 (1 + 0,015 . 3) + 7.000/1 + 0,015 . 6 = x Em linhas gerais, nos problemas de Desconto, alguém quer vender
2.420 (1,045) + 7.000/1,09 = x papéis (duplicatas, promissórias, letras de câmbio, etc.), enquanto
2.528,9 + 6.422,02 = x que nos problemas de Equivalência, alguém quer financiar ou
x = 8.950,92 refinanciar uma dívida.
Equação de Valor Rendas Uniformes
Matéria com o mesmo objetivo da Equivalência de Capitais,
Em síntese, para que um conjunto de títulos de valores mas com títulos apresentando os mesmos valores e com
nominais N1, N2, N3 …, exigíveis nas datas n1, n2, n3 …, seja vencimentos consecutivos - tornando assim sua solução mais
equivalente a um outro conjunto de títulos Na , Nb , Nc …, exigíveis rápida, através de um método alternativo.
nas datas na , nb , nc …, basta impormos que a soma dos respectivos Há dois casos: o cálculo do valor atual dos pagamentos iguais
valores atuais Va1 , Va2 , Va3 … dos títulos do primeiro conjunto, e sucessivos (que seria igual ao valor do financiamento obtido por
calculados na data focal considerada, seja igual à soma dos valores uma empresa ou o valor do empréstimo contraído); e o cálculo do
atuais Vaa , Vab , Vac … dos títulos do segundo conjunto, calculados montante, do valor que a empresa obterá se aplicar os pagamentos
para essa mesma data, isto é: dos clientes em uma data futura às datas dos pagamentos.
Didatismo e Conhecimento 65
RACIOCÍNIO LÓGICO
1º Caso: Cálculo do Valor Atual b) Quando o montante é calculado em um momento que não
coincide com a data do último pagamento:
a) Renda Certa Postecipada (Imediata): aquela onde o primeiro
pagamento acontecerá em UM período após contrair o empréstimo Para calcular o valor do montante nesse caso, a fórmula é a
ou financiamento. seguinte:
Para calcular o valor atual dessa renda certa, a fórmula é a
seguinte: M = P . (s[n+x,i] - s[x,i]), onde:
A = P . a[n,i], onde: M = valor do montante;
A = valor atual da renda certa; P = valor de cada pagamento da renda certa;
P = valor de cada pagamento da renda certa; n = número de prestações;
n = número de prestações; x = número de prestações acrescentadas;
i = taxa empregada. i = taxa empregada.
b) Renda Certa Antecipada: aquela onde o primeiro pagamento Ativos de renda variável são aqueles cuja remuneração ou
acontecerá no ato do empréstimo ou financiamento. retorno de capital não pode ser dimensionado no momento da
aplicação, podendo variar positivamente ou negativamente, de
acordo com as expectativas do mercado. Os mais comuns são:
Para calcular o valor atual dessa renda certa, a fórmula é a
ações, fundos de renda variável (fundo de ação, multimercado e
seguinte:
outros), quotas ou quinhões de capital, Commodities (ouro, moeda
e outros) e os derivativos (contratos negociados nas Bolsas de
A = P . a[n-1,i] + P, onde: Valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas).
Taxa Interna de Retorno
A = valor atual da renda certa;
P = valor de cada pagamento da renda certa; A Taxa Interna de Retorno (TIR), em inglês IRR (Internal
n = número de prestações; Rate of Return), é a taxa necessária para igualar o valor de um
i = taxa empregada. investimento (valor presente) com os seus respectivos retornos
futuros ou saldos de caixa. Sendo usada em análise de investimentos
c) Renda Certa Diferida: aquela onde o primeiro pagamento significa a taxa de retorno de um projeto.
acontecerá vários períodos após ser feito o empréstimo ou Utilizando uma calculadora financeira, encontramos para
financiamento. o projeto P uma Taxa Interna de Retorno de 15% ao ano. Esse
projeto será atrativo se a empresa tiver uma TMA menor do
Para calcular o valor atual dessa renda certa, a fórmula é a que 15% ao ano. A solução dessa equação pode ser obtida pelo
seguinte: processo iterativo, ou seja “tentativa e erro”, ou diretamente com o
uso de calculadoras eletrônicas ou planilhas de cálculo.
A = P . ( a[n+x,i] - a[x,i] ), onde: A taxa interna de rentabilidade (TIR) é a taxa de atualização
do projeto que dá o VAL nulo. A TIR é a taxa que o investidor
A = valor atual da renda certa; obtém em média em cada ano sobre os capitais que se mantêm
P = valor de cada pagamento da renda certa; investidos no projeto, enquanto o investimento inicial é recuperado
n = número de prestações; progressivamente. A TIR é um critério que atende ao valor de
x = número de prestações acrescentadas; dinheiro no tempo, valorizando os cash-flows atuais mais do
i = taxa empregada. que os futuros, constitui com a VAL e o PAYBACK atualizado
os três grandes critérios de avaliação de projetos. A TIR não é
2º Caso: Cálculo do Montante adequada à seleção de projetos de investimento, a não ser quando
é determinada a partir do cash-flow relativo.
a) Quando o montante é calculado no momento da data do
A Taxa Interna de Retorno de um investimento pode ser:
último pagamento:
- Maior do que a Taxa Mínima de Atratividade: significa que o
Para calcular o valor do montante nesse caso, a fórmula é a investimento é economicamente atrativo.
seguinte: - Igual à Taxa Mínima de Atratividade: o investimento está
economicamente numa situação de indiferença.
M = P . s[n,i], onde: - Menor do que a Taxa Mínima de Atratividade: o investimento
não é economicamente atrativo pois seu retorno é superado pelo
M = valor do montante; retorno de um investimento com o mínimo de retorno.
P = valor de cada pagamento da renda certa;
n = número de prestações; Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a
i = taxa empregada. maior Taxa Interna de Retorno Matematicamente, a Taxa Interna
de Retorno é a taxa de juros que torna o valor presente das entradas
O fator s[n,i] é normalmente dado nas provas. de caixa igual ao valor presente das saídas de caixa do projeto de
investimento.
Didatismo e Conhecimento 66
RACIOCÍNIO LÓGICO
A TIR é a taxa de desconto que faz com que o Valor Presente Um defeito crítico do método de cálculo da TIR é que
Líquido (VPL) do projeto seja zero. Um projeto é atrativo quando múltiplos valores podem ser encontrados se o fluxo anual de caixa
sua TIR for maior do que o custo de capital do projeto. mudar de sinal mais de uma vez (ir de negativo para positivo e para
negativo novamente, ou vice-versa) durante o período de análise.
Método Para os casos de alteração frequente de sinal deve utilizar-se a
(Taxa externa de retorno - TER).
Para encontrar o valor da Taxa Interna de Retorno, calcular a Apesar de uma forte preferência acadêmica pelo VPL,
taxa que satisfaz a seguinte equação: pesquisas indicam que executivos preferem a TIR ao invés do VPL.
Aparentemente os gerentes acham intuitivamente mais atraente
para avaliar investimentos em taxas percentuais ao invés dos
valores monetários do VPL. Contudo, deve-se preferencialmente
utilizar mais do que uma ferramenta de análise de investimento, e
todas as alternativas devem ser consideradas em uma análise, pois
qualquer alternativa pode parecer valer a pena se for comparada
A TIR é obtida resolvendo a expressão em ordem a TIR com as alternativas suficientemente ruins.
e é geralmente comparada com a taxa de desconto. O valor do Deve-se ter em mente que o método da TIR considera que as
TIR é um valor relativo e o seu cálculo é realizado, recorrendo a entradas, ou seja, os vários retornos que o investimento trará, serão
computador ou a tabelas próprias Para se efetuar o cálculo da TIR, reinvestidos a uma taxa igual a taxa de atratividade informada.
é analisada a série de valores obtida da seguinte forma: 1º valor: o
investimento inicial (valor negativo) 2º valor: benefícios - custos Taxa Nominal
do 1º período (valor positivo) 3º valor: benefícios - custos do 2º
período (valor positivo) e assim sucessivamente, até ao último A taxa nominal de juros relativa a uma operação financeira,
período a considerar. O período considerado pode ser um qualquer pode ser calculada pela expressão:
desde que seja regular (semana, mensal, trimestral, semestral, Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do empréstimo
anual, etc.) Nota: recorrendo ao uso de uma folha de cálculo é
possível obter o valor da TIR. No caso do Excel, a fórmula para Assim, por exemplo, se um empréstimo de $100.000,00,
cálculo do TIR é IRR(gama de valores). deve ser quitado ao final de um ano, pelo valor monetário de
A TIR não deve ser usada como parâmetro em uma análise de $150.000,00, a taxa de juros nominal será dada por:
investimento porque muitas vezes os fluxos não são reinvestidor a Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00
uma taxa iguais a TIR efetiva. Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50%
Quando a TIR calculada é superior á taxa efetiva de
reinvestimento dos fluxos de caixa intermediários, pode sugir, ás Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita confusão
vezes de forma significativa, uma expectativa irreal de retorno na Matemática Financeira são os conceitos de taxa nominal,
anual equivalente ao do projeto de investimento. taxa efetiva e taxa equivalente. Até na esfera judicial esses
assuntos geram muitas dúvidas nos cálculos de empréstimos,
Exemplo financiamentos, consórcios e etc.
Hoje vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na maioria
Considerando-se que o fluxo de caixa é composto apenas de das vezes nos livros e apostilas disponíveis no mercado, não são
uma saída no período 0 de R$ 100,00 e uma entrada no período 1 apresentados de um maneira clara.
de R$120,00, onde i corresponde à taxa de juros: Temos a chamada taxa de juros nominal, quando esta não
é realmente a taxa utilizada para o cálculo dos juros (é uma taxa
“sem efeito”). A capitalização (o prazo de formação e incorporação
de juros ao capital inicial) será dada através de uma outra taxa,
numa unidade de tempo diferente, taxa efetiva.
Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada; isto é, a
Para VPL = 0 temos i = TIR = 0.2 = 20% taxa efetiva?
Como uma ferramenta de decisão, a TIR é utilizada para
avaliar investimentos alternativos. A alternativa de investimento Vamos acompanhar através do exemplo:
com a TIR mais elevada é normalmente a preferida; também Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 aplicados
deve se levar em consideração de que colocar o investimento durante 18 meses, capitalizados mensalmente, a uma taxa de
em um banco é sempre uma alternativa. Assim, se nenhuma das 12% a.a. Explicando o que é taxa Nominal, efetiva mensal e
alternativas de investimento atingir a taxa de rendimento bancária equivalente mensal:
ou a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), este investimento não
deve ser realizado. Respostas e soluções:
Normalmente a TIR não pode ser resolvida analiticamente
como demonstrado acima, e sim apenas através de iterações, ou 1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser
seja, através de interpolações com diversas taxas de retorno até capitalizado com a taxa anual.
chegar àquela que apresente um VPL igual a zero; contudo as
calculadoras financeiras e planilhas eletrônicas estão preparadas 2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de duas
para encontrar rapidamente este valor. convenções: taxa proporcional mensal ou taxa equivalente mensal.
Didatismo e Conhecimento 67
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual por 12): c) 30 %
12%/12 = 1% a.m. d) 32,25 %
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado aos R$ e) 35 %
1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa anual aplicada nesse
mesmo capital). 2) Um empresa solicita um empréstimo ao Banco no regime
Cálculo da taxa equivalente mensal: de capitalização composta à base de 44% ao bimestre. A taxa
q
iq = (1 + it ) t − 1
equivalente composta ao mês de:
a) 12%
b) 20%
c) 22%
onde: d) 24%
iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero
it : taxa para o prazo que eu tenho Respostas: 1) d 2) b
q : prazo que eu quero
t : prazo que eu tenho Taxa Real e Taxa Efetiva
As taxas de juros são índices fundamentais no estudo da
⇒ = (1,12)0,083333 – 1 matemática financeira. Os rendimentos financeiros são responsáveis
iq = 0,009489 a.m ou iq = 0,949 % a.m. pela correção de capitais investidos perante uma determinada taxa
3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efetiva mensal de juros. Não importando se a capitalização é simples ou composta,
a) pela convenção da taxa proporcional: existem três tipos de taxas: taxa nominal, taxa efetiva e taxa real.
M = c (1 + i)n No mercado financeiro, muitos negócios não são fechados em
M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x 1,196147 virtude da confusão gerada pelo desconhecimento do significado
M = 1.196,15 de cada um dos tipos de taxa. Vamos compreender o conceito de
cada uma delas.
b) pela convenção da taxa equivalente:
M = c (1 + i)n Taxa Nominal: A taxa nominal é aquela em que o período de
M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x 1,185296 formação e incorporação dos juros ao capital não coincide com
M = 1.185,29 aquele a que a taxa está referida. Exemplos:
a) Uma taxa de 12% ao ano com capitalização mensal.
NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é equivalente b) 5% ao trimestre com capitalização semestral.
a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante utilizando a taxa c) 15% ao semestre com capitalização bimestral.
anual, neste caso teremos que transformar 18 meses em anos para
fazer o cálculo, ou seja : 18: 12 = 1,5 ano. Assim: Taxa Efetiva: A taxa efetiva é aquela que o período de formação
M = c (1 + i)n e incorporação dos juros ao capital coincide com aquele a que a
M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x 1,185297 taxa está referida. Exemplos:
M = 1.185,29 a) Uma taxa de 5% ao mês com capitalização mensal.
b) Uma taxa de 75% ao ano com capitalização anual.
Conclusões: c) Uma taxa de 11% ao trimestre com capitalização trimestral.
- A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no cálculo do Taxa Real: A taxa real é aquela que expurga o efeito da inflação
montante. Normalmente a taxa nominal vem sempre ao ano! no período. Dependendo dos casos, a taxa real pode assumir
- A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é aquela valores negativos. Podemos afirmar que a taxa real corresponde à
que foi utilizado para cálculo do montante. Pode ser uma taxa taxa efetiva corrigida pelo índice inflacionário do período.
proporcional mensal (1 % a.m.) ou uma taxa equivalente mensal
(0,949 % a.m.). Existe uma relação entre a taxa efetiva, a taxa real e o índice de
- Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em se inflação no período. Vejamos: 1+ief=(1+ir)(1+iinf)
tratando de concursos públicos a grande maioria das bancas
examinadores utilizam a convenção da taxa proporcional. Em se Onde,
tratando do mercado financeiro, utiliza-se a convenção de taxa ief→é a taxa efetiva
equivalente. ir→é a taxa real
iinf→é a taxa de inflação no período
Resolva as questões abaixo para você verificar se entendeu os
conceitos acima. Seguem alguns exemplos para compreensão do uso da fórmula.
1) Um banco paga juros compostos de 30% ao ano, com Exemplo 1. Certa aplicação financeira obteve rendimento
capitalização semestral. Qual a taxa anual efetiva? efetivo de 6% ao ano. Sabendo que a taxa de inflação no período
a) 27,75 % foi de 4,9%, determine o ganho real dessa aplicação.
b) 29,50%
Didatismo e Conhecimento 68
RACIOCÍNIO LÓGICO
Solução: A solução do problema consiste em determinar o A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto interessante
ganho real da aplicação corrigido pelo índice inflacionário do sobre as taxas reais de juros é que, elas podem ser inclusive,
período, ou seja, determinar a taxa real de juros dessa aplicação negativas. Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros
financeira. Temos que: nominal e real. Para isto, vamos supor que um determinado capital
P é aplicado por um período de tempo unitário, a uma certa taxa
nominal in .
O montante S1 ao final do período será dado por S1 = P(1 + in).
Consideremos agora que durante o mesmo período, a
taxa de inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j.
O capital corrigido por esta taxa acarretaria um montante
S2 = P (1 + j).
A taxa real de juros, indicada por r, será aquela que aplicada ao
Aplicando a fórmula que relaciona os três índices, teremos: montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos então escrever:
S1 = S2 (1 + r)
Substituindo S1 e S2 , vem:
P(1 + in) = (1+r). P (1 + j)
Didatismo e Conhecimento 69
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ao divisar um teste de hipóteses, o técnico deverá tentar ma-
ximizar o poder de uma dada significância, mas ultimamente tem
ESTATÍSTICA: INTERPRETAÇÃO de reconhecer que o melhor resultado que se pode obter é um com-
DE DADOS (GRÁFICOS E TABELAS); promisso entre significância e poder, em outras palavras, entre os
CÁLCULO DE MEDIDAS DE TENDÊNCIA erros de tipo I e tipo II.
CENTRAL: MÉDIA, MEDIANA E MODA. É importante ressaltar que os valores p Fisherianos são filoso-
ficamente diferentes dos erros de tipo I de Neyman-Pearson. Esta
confusão é infelizmente propagada por muitos livros de estatística.
Divisão da Estatística:
A estatística é, hoje em dia, um instrumento útil e, em alguns
casos, indispensável para tomadas de decisão em diversos campos: - Estatística Descritiva: Média (Aritmética, Geométrica, Har-
científico, econômico, social, político… mônica, Ponderada) - Mediana - Moda - Variância - Desvio padrão
Todavia, antes de chegarmos à parte de interpretação para to- - Coeficiente de variação.
madas de decisão, há que proceder a um indispensável trabalho - Inferência Estatística: Testes de hipóteses - Significância -
de recolha e organização de dados, sendo a recolha feita através Potência - Hipótese nula/Hipótese alternativa - Erro de tipo I - Erro
de recenseamentos (ou censos ou levantamentos estatísticos) ou de tipo II - Teste T - Teste Z - Distribuição t de Student - Normali-
sondagens. zação - Valor p - Análise de variância.
Existem indícios que há 300 mil anos a.C. já se faziam censos - Estatística Não-Paramétrica: Teste Binomial - Teste Qui-
na China, Babilônia e no Egito. Censos estes que se destinavam à quadrado (uma amostra, duas amostras independentes, k amostras
taxação de impostos. independentes) - Teste Kolmogorov-Smirnov (uma amostra, duas
Estatística pode ser pensada como a ciência de aprendizagem amostras independentes) - Teste de McNemar - Teste dos Sinais -
a partir de dados. No nosso quotidiano, precisamos tomar deci- Teste de Wilcoxon - Teste de Walsh - Teste Exata de Fisher - Teste
sões, muitas vezes decisões rápidas. Q de Cochran - Teste de Kruskal-Wallis - Teste de Friedman.
- Análise da Sobrevivência: Função de sobrevivência -
Kaplan-Meier - Teste log-rank - Taxa de falha - Proportional ha-
zards models.
- Amostragem: Amostragem aleatória simples (com reposi-
ção, sem reposição) - Amostragem estratificada - Amostragem por
conglomerados - Amostragem sistemática - estimador razão - es-
Em linhas gerais a Estatística fornece métodos que auxiliam timador regressão.
o processo de tomada de decisão através da análise dos dados que - Distribuição de Probabilidade: Normal - De Pareto - De
possuímos. Poisson - De Bernoulli - Hipergeométrica - Binomial - Binomial
Em Estatística, um resultado é significante, portanto, tem negativa - Gama - Beta - t de Student - F-Snedecor.
significância estatística, se for improvável que tenha ocorrido por - Correlação: Variável de confusão - Coeficiente de correla-
acaso (que em estatística e probabilidade é tratado pelo conceito de ção de Pearson - Coeficiente de correlação de postos de Spearman
chance), caso uma determinada hipótese nula seja verdadeira, mas - Coeficiente de correlação tau de Kendall).
não sendo improvável caso a hipótese base seja falsa. A expressão Regressão: Regressão linear - Regressão não-linear - Regres-
teste de significância foi cunhada por Ronald Fisher. são logística - Método dos mínimos quadrados - Modelos Lineares
Mais concretamente, no teste de hipóteses com base em fre- Generalizados - Modelos para Dados Longitudinais.
quência estatística, a significância de um teste é a probabilidade - Análise Multivariada: Distribuição normal multivariada -
máxima de rejeitar acidentalmente uma hipótese nula verdadeira Componentes principais - Análise fatorial - Análise discriminan-
(uma decisão conhecida como erro de tipo I). O nível de signi- te - Análise de “Cluster” (Análise de agrupamento) - Análise de
ficância de um resultado é também chamado de α e não deve ser Correspondência.
confundido com o valor p (p-value). - Séries Temporais: Modelos para séries temporais - Tendên-
Por exemplo, podemos escolher um nível de significância de, cia e sazonalidade - Modelos de suavização exponencial - ARIMA
digamos, 5%, e calcular um valor crítico de um parâmetro (por - Modelos sazonais.
exemplo a média) de modo que a probabilidade de ela exceder
esse valor, dada a verdade da hipótese nulo, ser 5%. Se o valor Panorama Geral:
estatístico calculado (ou seja, o nível de 5% de significância ante-
riormente escolhido) exceder o valor crítico, então é significante Variáveis: São características que são medidas, controladas
“ao nível de 5%”. ou manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos,
Se o nível de significância (ex: 5% anteriormente dado) é me- principalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na
nor, o valor é menos provavelmente um extremo em relação ao va- forma como podem ser medidas.
lor crítico. Deste modo, um resultado que é “significante ao nível
de 1%” é mais significante do que um resultado que é significante Pesquisa “Correlacional” X Pesquisa “Experimental”: A
“ao nível de 5%”. No entanto, um teste ao nível de 1% é mais sus- maioria das pesquisas empíricas pertencem claramente a uma des-
ceptível de padecer do erro de tipo II do que um teste de 5% e por sas duas categorias gerais: em uma pesquisa correlacional (Levan-
isso terá menos poder estatístico. tamento) o pesquisador não influencia (ou tenta não influenciar)
Didatismo e Conhecimento 70
RACIOCÍNIO LÓGICO
nenhuma variável, mas apenas as mede e procura por relações mais”. Um exemplo típico de uma variável ordinal é o status só-
(correlações) entre elas, como pressão sangüínea e nível de coles- cio-econômico das famílias residentes em uma localidade: sabe-se
terol. Em uma pesquisa experimental (Experimento) o pesquisador que média-alta é mais “alta” do que média, mas não se pode dizer,
manipula algumas variáveis e então mede os efeitos desta manipu- por exemplo, que é 18% mais alta. A própria distinção entre men-
lação em outras variáveis; por exemplo, aumentar artificialmente suração nominal, ordinal e intervalar representa um bom exemplo
a pressão sangüínea e registrar o nível de colesterol. A análise dos de uma variável ordinal: pode-se dizer que uma medida nominal
dados em uma pesquisa experimental também calcula “correla- provê menos informação do que uma medida ordinal, mas não se
ções” entre variáveis, especificamente entre aquelas manipuladas pode dizer “quanto menos” ou como esta diferença se compara à
e as que foram afetadas pela manipulação. Entretanto, os dados ex- diferença entre mensuração ordinal e intervalar.
perimentais podem demonstrar conclusivamente relações causais - Variáveis intervalares permitem não apenas ordenar em pos-
(causa e efeito) entre variáveis. Por exemplo, se o pesquisador des- tos os itens que estão sendo medidos, mas também quantificar e
cobrir que sempre que muda a variável A então a variável B tam- comparar o tamanho das diferenças entre eles. Por exemplo, tem-
bém muda, então ele poderá concluir que A “influencia” B. Dados peratura, medida em graus Celsius constitui uma variável interva-
de uma pesquisa correlacional podem ser apenas “interpretados” lar. Pode-se dizer que a temperatura de 40C é maior do que 30C e
em termos causais com base em outras teorias (não estatísticas) que um aumento de 20C para 40C é duas vezes maior do que um
que o pesquisador conheça, mas não podem ser conclusivamente aumento de 30C para 40C.
provar causalidade.
Relações entre variáveis: Duas ou mais variáveis quaisquer
Variáveis dependentes e variáveis independentes: Variá- estão relacionadas se em uma amostra de observações os valores
veis independentes são aquelas que são manipuladas enquanto dessas variáveis são distribuídos de forma consistente. Em outras
que variáveis dependentes são apenas medidas ou registradas. Esta palavras, as variáveis estão relacionadas se seus valores corres-
distinção confunde muitas pessoas que dizem que “todas variáveis pondem sistematicamente uns aos outros para aquela amostra de
dependem de alguma coisa”. Entretanto, uma vez que se esteja observações. Por exemplo, sexo e WCC seriam relacionados se a
acostumado a esta distinção ela se torna indispensável. Os termos maioria dos homens tivesse alta WCC e a maioria das mulheres
variável dependente e independente aplicam-se principalmente à baixa WCC, ou vice-versa; altura é relacionada ao peso porque
pesquisa experimental, onde algumas variáveis são manipuladas, tipicamente indivíduos altos são mais pesados do que indivíduos
e, neste sentido, são “independentes” dos padrões de reação ini- baixos; Q.I. está relacionado ao número de erros em um teste se
cial, intenções e características dos sujeitos da pesquisa (unidades pessoas com Q.I.’s mais altos cometem menos erros.
experimentais).Espera-se que outras variáveis sejam “dependen-
tes” da manipulação ou das condições experimentais. Ou seja, elas Importância das relações entre variáveis: Geralmente o ob-
dependem “do que os sujeitos farão” em resposta. Contrariando jetivo principal de toda pesquisa ou análise científica é encontrar
um pouco a natureza da distinção, esses termos também são usa- relações entre variáveis. A filosofia da ciência ensina que não há
dos em estudos em que não se manipulam variáveis independen- outro meio de representar “significado” exceto em termos de re-
tes, literalmente falando, mas apenas se designam sujeitos a “gru- lações entre quantidades ou qualidades, e ambos os casos envol-
pos experimentais” baseados em propriedades pré-existentes dos vem relações entre variáveis. Assim, o avanço da ciência sempre
próprios sujeitos. Por exemplo, se em uma pesquisa compara-se a tem que envolver a descoberta de novas relações entre variáveis.
contagem de células brancas (White Cell Count em inglês, WCC) Em pesquisas correlacionais a medida destas relações é feita de
de homens e mulheres, sexo pode ser chamada de variável inde- forma bastante direta, bem como nas pesquisas experimentais.
pendente e WCC de variável dependente. Por exemplo, o experimento já mencionado de comparar WCC
em homens e mulheres pode ser descrito como procura de uma
Níveis de Mensuração: As variáveis diferem em “quão bem” correlação entre 2 variáveis: sexo e WCC. A Estatística nada
elas podem ser medidas, isto é, em quanta informação seu nível mais faz do que auxiliar na avaliação de relações entre variáveis.
de mensuração pode prover. Há obviamente algum erro em cada
medida, o que determina o “montante de informação” que se pode Aspectos básicos da relação entre variáveis: As duas pro-
obter, mas basicamente o fator que determina a quantidade de in- priedades formais mais elementares de qualquer relação entre va-
formação que uma variável pode prover é o seu tipo de nível de riáveis são a magnitude (“tamanho”) e a confiabilidade da relação.
mensuração. Sob este prisma as variáveis são classificadas como - Magnitude é muito mais fácil de entender e medir do que a
nominais, ordinais e intervalares. confiabilidade. Por exemplo, se cada homem em nossa amostra
- Variáveis nominais permitem apenas classificação qualita- tem um WCC maior do que o de qualquer mulher da amostra, po-
tiva. Ou seja, elas podem ser medidas apenas em termos de quais deria-se dizer que a magnitude da relação entre as duas variáveis
itens pertencem a diferentes categorias, mas não se pode quantifi- (sexo e WCC) é muito alta em nossa amostra. Em outras palavras,
car nem mesmo ordenar tais categorias. Por exemplo, pode-se di- poderia-se prever uma baseada na outra (ao menos na amostra em
zer que 2 indivíduos são diferentes em termos da variável A (sexo, questão).
por exemplo), mas não se pode dizer qual deles “tem mais” da - Confiabilidade é um conceito muito menos intuitivo, mas
qualidade representada pela variável. Exemplos típicos de variá- extremamente importante. Relaciona-se à “representatividade” do
veis nominais são sexo, raça, cidade, etc. resultado encontrado em uma amostra específica de toda a popu-
- Variáveis ordinais permitem ordenar os itens medidos em lação. Em outras palavras, diz quão provável será encontrar uma
termos de qual tem menos e qual tem mais da qualidade represen- relação similar se o experimento fosse feito com outras amostras
tada pela variável, mas ainda não permitem que se diga “o quanto retiradas da mesma população, lembrando que o maior interesse
Didatismo e Conhecimento 71
RACIOCÍNIO LÓGICO
está na população. O interesse na amostra reside na informação Alguns métodos estatísticos que envolvem muitas comparações,
que ela pode prover sobre a população. Se o estudo atender certos e portanto uma boa chance para tais erros, incluem alguma “cor-
critérios específicos (que serão mencionados posteriormente) en- reção” ou ajuste para o número total de comparações. Entretanto,
tão a confiabilidade de uma relação observada entre variáveis na muitos métodos estatísticos (especialmente análises exploratórias
amostra pode ser estimada quantitativamente e representada usan- simples de dados) não oferecem nenhum remédio direto para este
do uma medida padrão (chamada tecnicamente de nível-p ou nível problema. Cabe então ao pesquisador avaliar cuidadosamente a
de significância estatística). confiabilidade de descobertas não esperadas.
Significância Estatística (nível-p): A significância estatística Força X Confiabilidade de uma relação entre variáveis:
de um resultado é uma medida estimada do grau em que este resul- Foi dito anteriormente que força (magnitude) e confiabilidade são
tado é “verdadeiro” (no sentido de que seja realmente o que ocorre dois aspectos diferentes dos relacionamentos entre variáveis. Con-
na população, ou seja no sentido de “representatividade da popula- tudo, eles não são totalmente independentes. Em geral, em uma
ção”). Mais tecnicamente, o valor do nível-p representa um índice amostra de um certo tamanho quanto maior a magnitude da relação
decrescente da confiabilidade de um resultado. Quanto mais alto entre variáveis, mais confiável a relação.
o nível-p, menos se pode acreditar que a relação observada entre Assumindo que não há relação entre as variáveis na popula-
as variáveis na amostra é um indicador confiável da relação entre ção, o resultado mais provável deveria ser também não encontrar
as respectivas variáveis na população. Especificamente, o nível-p relação entre as mesmas variáveis na amostra da pesquisa. Assim,
representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar o resultado quanto mais forte a relação encontrada na amostra menos provável
observado como válido, isto é, como “representativo da popula- é a não existência da relação correspondente na população. En-
ção”. Por exemplo, um nível-p de 0,05 (1/20) indica que há 5% de tão a magnitude e a significância de uma relação aparentam estar
probabilidade de que a relação entre as variáveis, encontrada na fortemente relacionadas, e seria possível calcular a significância a
amostra, seja um “acaso feliz”. Em outras palavras, assumindo que partir da magnitude e vice-versa. Entretanto, isso é válido apenas
não haja relação entre aquelas variáveis na população, e o experi- se o tamanho da amostra é mantido constante, porque uma relação
mento de interesse seja repetido várias vezes, poderia-se esperar de certa força poderia ser tanto altamente significante ou não sig-
que em aproximadamente 20 realizações do experimento haveria nificante de todo dependendo do tamanho da amostra.
apenas uma em que a relação entre as variáveis em questão seria Por que a significância de uma relação entre variáveis de-
igual ou mais forte do que a que foi observada naquela amostra pende do tamanho da amostra: Se há muito poucas observações
anterior. Em muitas áreas de pesquisa, o nível-p de 0,05 é costu- então há também poucas possibilidades de combinação dos valo-
meiramente tratado como um “limite aceitável” de erro. res das variáveis, e então a probabilidade de obter por acaso uma
combinação desses valores que indique uma forte relação é relati-
Como determinar que um resultado é “realmente” signifi- vamente alta. Considere-se o seguinte exemplo:
cante: Não há meio de evitar arbitrariedade na decisão final de qual Há interesse em duas variáveis (sexo: homem, mulher; WCC:
nível de significância será tratado como realmente “significante”. alta, baixa) e há apenas quatro sujeitos na amostra (2 homens e 2
Ou seja, a seleção de um nível de significância acima do qual os mulheres). A probabilidade de se encontrar, puramente por aca-
resultados serão rejeitados como inválidos é arbitrária. Na prática, so, uma relação de 100% entre as duas variáveis pode ser tão alta
a decisão final depende usualmente de: se o resultado foi previsto a quanto 1/8. Explicando, há uma chance em oito de que os dois
priori ou apenas a posteriori no curso de muitas análises e compa- homens tenham alta WCC e que as duas mulheres tenham baixa
rações efetuadas no conjunto de dados; no total de evidências con- WCC, ou vice-versa, mesmo que tal relação não exista na popula-
sistentes do conjunto de dados; e nas “tradições” existentes na área ção. Agora considere-se a probabilidade de obter tal resultado por
particular de pesquisa. Tipicamente, em muitas ciências resultados acaso se a amostra consistisse de 100 sujeitos: a probabilidade de
que atingem nível-p 0,05 são considerados estatisticamente signi- obter aquele resultado por acaso seria praticamente zero.
ficantes, mas este nível ainda envolve uma probabilidade de erro Observando um exemplo mais geral. Imagine-se uma popu-
razoável (5%). Resultados com um nível-p 0,01 são comumente lação teórica em que a média de WCC em homens e mulheres é
considerados estatisticamente significantes, e com nível-p 0,005 exatamente a mesma. Supondo um experimento em que se reti-
ou nível-p 0,001 são freqüentemente chamados “altamente” signi- ram pares de amostras (homens e mulheres) de um certo tamanho
ficantes. Estas classificações, porém, são convenções arbitrárias e da população e calcula-se a diferença entre a média de WCC em
apenas informalmente baseadas em experiência geral de pesquisa. cada par de amostras (supor ainda que o experimento será repetido
Uma conseqüência óbvia é que um resultado considerado signifi- várias vezes). Na maioria dos experimento os resultados das dife-
cante a 0,05, por exemplo, pode não sê-lo a 0,01. renças serão próximos de zero. Contudo, de vez em quando, um
par de amostra apresentará uma diferença entre homens e mulhe-
Significância estatística e o número de análises realizadas: res consideravelmente diferente de zero. Com que freqüência isso
Desnecessário dizer quanto mais análises sejam realizadas em um acontece? Quanto menor a amostra em cada experimento maior a
conjunto de dados, mais os resultados atingirão “por acaso” o nível probabilidade de obter esses resultados errôneos, que, neste caso,
de significância convencionado. Por exemplo, ao calcular corre- indicariam a existência de uma relação entre sexo e WCC obtida
lações entre dez variáveis (45 diferentes coeficientes de correla- de uma população em que tal relação não existe. Observe-se mais
ção), seria razoável esperar encontrar por acaso que cerca de dois um exemplo (“razão meninos para meninas”, Nisbett et al., 1987):
(um em cada 20) coeficientes de correlação são significantes ao Há dois hospitais: no primeiro nascem 120 bebês a cada dia
nível-p 0,05, mesmo que os valores das variáveis sejam totalmente e no outro apenas 12. Em média a razão de meninos para meninas
aleatórios, e aquelas variáveis não se correlacionem na população. nascidos a cada dia em cada hospital é de 50/50. Contudo, certo
Didatismo e Conhecimento 72
RACIOCÍNIO LÓGICO
dia, em um dos hospitais nasceram duas vezes mais meninas do Como medir a magnitude (força) das relações entre variá-
que meninos. Em que hospital isso provavelmente aconteceu? A veis: Há muitas medidas da magnitude do relacionamento entre
resposta é óbvia para um estatístico, mas não tão óbvia para os variáveis que foram desenvolvidas por estatísticos: a escolha de
leigos: é muito mais provável que tal fato tenha ocorrido no hos- uma medida específica em dadas circunstâncias depende do núme-
pital menor. A razão para isso é que a probabilidade de um desvio ro de variáveis envolvidas, níveis de mensuração usados, natureza
aleatório da média da população aumenta com a diminuição do das relações, etc. Quase todas, porém, seguem um princípio geral:
tamanho da amostra (e diminui com o aumento do tamanho da elas procuram avaliar a relação comparando-a de alguma forma
amostra). com a “máxima relação imaginável” entre aquelas variáveis espe-
cíficas. Tecnicamente, um modo comum de realizar tais avaliações
Por que pequenas relações podem ser provadas como é observar quão diferenciados são os valores das variáveis, e então
significantes apenas por grandes amostras: Os exemplos dos calcular qual parte desta “diferença global disponível” seria detec-
parágrafos anteriores indicam que se um relacionamento entre as tada na ocasião se aquela diferença fosse “comum” (fosse apenas
variáveis em questão (na população) é pequeno, então não há meio devida à relação entre as variáveis) nas duas (ou mais) variáveis
de identificar tal relação em um estudo a não ser que a amostra seja em questão. Falando menos tecnicamente, compara-se “o que é
correspondentemente grande. Mesmo que a amostra seja de fato comum naquelas variáveis” com “o que potencialmente poderia
“perfeitamente representativa” da população o efeito não será esta- haver em comum se as variáveis fossem perfeitamente relaciona-
tisticamente significante se a amostra for pequena. Analogamente, das”. Outro exemplo:
se a relação em questão é muito grande na população então poderá Em uma amostra o índice médio de WCC é igual a 100 em
ser constatada como altamente significante mesmo em um estudo homens e 102 em mulheres. Assim, poderia-se dizer que, em mé-
baseado em uma pequena amostra. Mais um exemplo: dia, o desvio de cada valor da média de ambos (101) contém uma
Se uma moeda é ligeiramente viciada, de tal forma que quan- componente devida ao sexo do sujeito, e o tamanho desta com-
do lançada é ligeiramente mais provável que ocorram caras do que ponente é 1. Este valor, em certo sentido, representa uma medida
coroas (por exemplo uma proporção 60% para 40%). Então dez da relação entre sexo e WCC. Contudo, este valor é uma medida
lançamentos não seriam suficientes para convencer alguém de que muito pobre, porque não diz quão relativamente grande é aquela
a moeda é viciada, mesmo que o resultado obtido (6 caras e 4 co- componente em relação à “diferença global” dos valores de WCC.
roas) seja perfeitamente representativo do viesamento da moeda. Há duas possibilidades extremas: S
Entretanto, dez lançamentos não são suficientes para provar nada? - Se todos os valore de WCC de homens são exatamente iguais
Não, se o efeito em questão for grande o bastante, os dez lança- a 100 e os das mulheres iguais a 102 então todos os desvios da mé-
mentos serão suficientes. Por exemplo, imagine-se que a moeda dia conjunta na amostra seriam inteiramente causados pelo sexo.
seja tão viciada que não importe como venha a ser lançada o resul- Poderia-se dizer que nesta amostra sexo é perfeitamente correla-
tado será cara. Se tal moeda fosse lançada dez vezes, e cada lança- cionado a WCC, ou seja, 100% das diferenças observadas entre os
mento produzisse caras, muitas pessoas considerariam isso prova sujeitos relativas a suas WCC’s devem-se a seu sexo.
suficiente de que há “algo errado” com a moeda. Em outras pala- - Se todos os valores de WCC estão em um intervalo de 0 a
vras, seria considerada prova convincente de que a população teó- 1000, a mesma diferença (de 2) entre a WCC média de homens
rica de um número infinito de lançamentos desta moeda teria mais e mulheres encontrada no estudo seria uma parte tão pequena na
caras do que coroas. Assim, se a relação é grande, então poderá ser diferença global dos valores que muito provavelmente seria con-
considerada significante mesmo em uma pequena amostra. siderada desprezível. Por exemplo, um sujeito a mais que fosse
considerado poderia mudar, ou mesmo reverter, a direção da dife-
Pode uma “relação inexistente” ser um resultado signifi- rença. Portanto, toda boa medida das relações entre variáveis tem
cante: Quanto menor a relação entre as variáveis maior o tama- que levar em conta a diferenciação global dos valores individuais
nho de amostra necessário para prová-la significante. Por exem- na amostra e avaliar a relação em termos (relativos) de quanto des-
plo, imagine-se quantos lançamentos seriam necessários para ta diferenciação se deve à relação em questão.
provar que uma moeda é viciada se seu viesamento for de apenas
0,000001 %! Então, o tamanho mínimo de amostra necessário “Formato geral” de muitos testes estatísticos: Como o ob-
cresce na mesma proporção em que a magnitude do efeito a ser jetivo principal de muitos testes estatísticos é avaliar relações entre
demonstrado decresce. Quando a magnitude do efeito aproxima-se variáveis, muitos desses testes seguem o princípio exposto no item
de zero, o tamanho de amostra necessário para prová-lo aproxima- anterior. Tecnicamente, eles representam uma razão de alguma
se do infinito. Isso quer dizer que, se quase não há relação entre medida da diferenciação comum nas variáveis em análise (devido
duas variáveis o tamanho da amostra precisa quase ser igual ao à sua relação) pela diferenciação global daquelas variáveis. Por
tamanho da população, que teoricamente é considerado infinita- exemplo, teria-se uma razão da parte da diferenciação global dos
mente grande. A significância estatística representa a probabilida- valores de WCC que podem se dever ao sexo pela diferenciação
de de que um resultado similar seja obtido se toda a população global dos valores de WCC. Esta razão é usualmente chamada de
fosse testada. Assim, qualquer coisa que fosse encontrada após razão da variação explicada pela variação total. Em estatística o
testar toda a população seria, por definição, significante ao mais termo variação explicada não implica necessariamente que tal va-
alto nível possível, e isso também inclui todos os resultados de riação é “compreendida conceitualmente”. O termo é usado apenas
“relação inexistente”. para denotar a variação comum às variáveis em questão, ou seja, a
parte da variação de uma variável que é “explicada” pelos valores
específicos da outra variável e vice-versa.
Didatismo e Conhecimento 73
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como é calculado o nível de significância estatístico: As- to) é que a diferença entre a WCC média em homens e mulheres
suma-se que já tenha sido calculada uma medida da relação en- em cada par seja próxima de zero, de vez em quando um par de
tre duas variáveis (como explicado acima). A próxima questão é amostras apresentará uma diferença substancialmente diferente de
“quão significante é esta relação”? Por exemplo, 40% da variação zero. Quão freqüentemente isso ocorre? Se o tamanho da amostra
global ser explicada pela relação entre duas variáveis é suficiente é grande o bastante, os resultados de tais repetições são “normal-
para considerar a relação significante? “Depende”. Especificamen- mente distribuídos”, e assim, conhecendo a forma da curva normal
te, a significância depende principalmente do tamanho da amos- pode-se calcular precisamente a probabilidade de obter “por aca-
tra. Como já foi explicado, em amostras muito grandes mesmo so” resultados representando vários níveis de desvio da hipotética
relações muito pequenas entre variáveis serão significantes, en- média populacional 0 (zero). Se tal probabilidade calculada é tão
quanto que em amostras muito pequenas mesmo relações muito pequena que satisfaz ao critério previamente aceito de significân-
grandes não poderão ser consideradas confiáveis (significantes). cia estatística, então pode-se concluir que o resultado obtido pro-
Assim, para determinar o nível de significância estatística torna- duz uma melhor aproximação do que está acontecendo na popula-
se necessária uma função que represente o relacionamento entre ção do que a “hipótese nula”. Lembrando ainda que a hipótese nula
“magnitude” e “significância” das relações entre duas variáveis, foi considerada apenas por “razões técnicas” como uma referência
dependendo do tamanho da amostra. Tal função diria exatamente contra a qual o resultado empírico (dos experimentos) foi avaliado.
“quão provável é obter uma relação de dada magnitude (ou maior)
de uma amostra de dado tamanho, assumindo que não há tal re- Todos os testes estatísticos são normalmente distribuídos:
lação entre aquelas variáveis na população”. Em outras palavras, Não todos, mas muitos são ou baseados na distribuição normal di-
aquela função forneceria o nível de significância (nível-p), e isso retamente ou em distribuições a ela relacionadas, e que podem ser
permitiria conhecer a probabilidade de erro envolvida em rejei- derivadas da normal, como as distribuições t, F ou Chi-quadrado
tar a idéia de que a relação em questão não existe na população. (Qui-quadrado). Tipicamente, estes testes requerem que as variá-
Esta hipótese “alternativa” (de que não há relação na população) é veis analisadas sejam normalmente distribuídas na população, ou
usualmente chamada de hipótese nula. Seria ideal se a função de seja, que elas atendam à “suposição de normalidade”. Muitas va-
probabilidade fosse linear, e por exemplo, apenas tivesse diferen- riáveis observadas realmente são normalmente distribuídas, o que
tes inclinações para diferentes tamanhos de amostra. Infelizmente, é outra razão por que a distribuição normal representa uma “ca-
a função é mais complexa, e não é sempre exatamente a mesma. racterística geral” da realidade empírica. O problema pode surgir
Entretanto, em muitos casos, sua forma é conhecida e isso pode ser quando se tenta usar um teste baseado na distribuição normal para
usado para determinar os níveis de significância para os resultados analisar dados de variáveis que não são normalmente distribuídas.
obtidos em amostras de certo tamanho. Muitas daquelas funções Em tais casos há duas opções. Primeiramente, pode-se usar algum
são relacionadas a um tipo geral de função que é chamada de nor- teste “não paramétrico” alternativo (ou teste “livre de distribui-
mal (ou gaussiana). ção”); mas isso é freqüentemente inconveniente porque tais testes
são tipicamente menos poderosos e menos flexíveis em termos
Por que a distribuição normal é importante: A “distribui- dos tipos de conclusões que eles podem proporcionar. Alternati-
ção normal” é importante porque em muitos casos ela se apro- vamente, em muitos casos ainda se pode usar um teste baseado na
xima bem da função introduzida no item anterior. A distribuição distribuição normal se apenas houver certeza de que o tamanho
de muitas estatísticas de teste é normal ou segue alguma forma das amostras é suficientemente grande. Esta última opção é basea-
que pode ser derivada da distribuição normal. Neste sentido, fi- da em um princípio extremamente importante que é largamente
losoficamente, a distribuição normal representa uma das elemen- responsável pela popularidade dos testes baseados na distribuição
tares “verdades acerca da natureza geral da realidade”, verificada normal. Nominalmente, quanto mais o tamanho da amostra au-
empiricamente, e seu status pode ser comparado a uma das leis mente, mais a forma da distribuição amostral (a distribuição de
fundamentais das ciências naturais. A forma exata da distribuição uma estatística da amostra) da média aproxima-se da forma da
normal (a característica “curva do sino”) é definida por uma fun- normal, mesmo que a distribuição da variável em questão não seja
ção que tem apenas dois parâmetros: média e desvio padrão. normal. Este princípio é chamado de Teorema Central do Limite.
Uma propriedade característica da distribuição normal é que
68% de todas as suas observações caem dentro de um intervalo de Como se conhece as consequências de violar a suposição
1 desvio padrão da média, um intervalo de 2 desvios padrões inclui de normalidade: Embora muitas das declarações feitas anterior-
95% dos valores, e 99% das observações caem dentro de um inter- mente possam ser provadas matematicamente, algumas não têm
valo de 3 desvios padrões da média. Em outras palavras, em uma provas teóricas e podem demonstradas apenas empiricamente via
distribuição normal as observações que tem um valor padronizado experimentos Monte Carlo (simulações usando geração aleatória
de menos do que -2 ou mais do que +2 tem uma freqüência rela- de números). Nestes experimentos grandes números de amostras
tiva de 5% ou menos (valor padronizado significa que um valor é são geradas por um computador seguindo especificações pré-de-
expresso em termos de sua diferença em relação à média, dividida signadas e os resultados de tais amostras são analisados usando
pelo desvio padrão). uma grande variedade de testes. Este é o modo empírico de avaliar
Ilustração de como a distribuição normal é usada em ra- o tipo e magnitude dos erros ou viesamentos a que se expõe o
ciocínio estatístico (indução): Retomando o exemplo já discuti- pesquisador quando certas suposições teóricas dos testes usados
do, onde pares de amostras de homens e mulheres foram retirados não são verificadas nos dados sob análise. Especificamente, os es-
de uma população em que o valor médio de WCC em homens e tudos de Monte Carlo foram usados extensivamente com testes
mulheres era exatamente o mesmo. Embora o resultado mais pro- baseados na distribuição normal para determinar quão sensíveis
vável para tais experimentos (um par de amostras por experimen- eles eram à violações da suposição de que as variáveis analisadas
Didatismo e Conhecimento 74
RACIOCÍNIO LÓGICO
tinham distribuição normal na população. A conclusão geral destes e, portanto,
estudos é que as conseqüências de tais violações são menos seve-
x1; x2 ; x3;...; xn
ras do que se tinha pensado a princípio. Embora estas conclusões x=
não devam desencorajar ninguém de se preocupar com a suposição n
de normalidade, elas aumentaram a popularidade geral dos testes
estatísticos dependentes da distribuição normal em todas as áreas Conclusão
de pesquisa.
A média aritmética dos n elementos do conjunto numérico A é
Objeto da Estatística: Estatística é uma ciência exata que a soma de todos os seus elementos, dividida por n.
visa fornecer subsídios ao analista para coletar, organizar, resumir,
analisar e apresentar dados. Trata de parâmetros extraídos da po- Exemplo
pulação, tais como média ou desvio padrão. A estatística fornece-
nos as técnicas para extrair informação de dados, os quais são mui- Calcular a média aritmética entre os números 3, 4, 6, 9, e 13.
tas vezes incompletos, na medida em que nos dão informação útil
sobre o problema em estudo, sendo assim, é objetivo da Estatística Resolução
extrair informação dos dados para obter uma melhor compreensão
das situações que representam. Quando se aborda uma problemá- Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto (3, 4, 6,
tica envolvendo métodos estatísticos, estes devem ser utilizados 9, 13), então x será a soma dos 5 elementos, dividida por 5. Assim:
mesmo antes de se recolher a amostra, isto é, deve-se planejar a
3 + 4 + 6 + 9 + 13 35
experiência que nos vai permitir recolher os dados, de modo que, x= ↔x= ↔x=7
posteriormente, se possa extrair o máximo de informação relevan- 15 5
te para o problema em estudo, ou seja, para a população de onde os
dados provêm. Quando de posse dos dados, procura-se agrupá-los A média aritmética é 7.
e reduzi-los, sob forma de amostra, deixando de lado a aleatorie-
dade presente. Seguidamente o objetivo do estudo estatístico pode Média Aritmética Ponderada
ser o de estimar uma quantidade ou testar uma hipótese, utilizan-
do-se técnicas estatísticas convenientes, as quais realçam toda a Definição
potencialidade da Estatística, na medida em que vão permitir tirar
conclusões acerca de uma população, baseando-se numa pequena A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à
amostra, dando-nos ainda uma medida do erro cometido. adição e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é
Exemplo: Ao chegarmos a uma churrascaria, não precisamos chamada média aritmética ponderada.
comer todos os tipos de saladas, de sobremesas e de carnes dispo-
níveis, para conseguirmos chegar a conclusão de que a comida é Cálculo da média aritmética ponderada
de boa qualidade. Basta que seja provado um tipo de cada opção
para concluirmos que estamos sendo bem servidos e que a comida Se x for a média aritmética ponderada dos elementos do
está dentro dos padrões. conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} com “pesos” P1; P2; P3;
...; Pn, respectivamente, então, por definição:
Noção Geral de Média
Considere um conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} e P1 . x + P2 . x + P3 . x + ... + Pn . x =
efetue uma certa operação com todos os elementos de A. = P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn
Se for possível substituir cada um dos elementos do conjunto A (P1 + P2 + P3 + ... + Pn) . x =
por um número x de modo que o resultado da operação citada seja = P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn e, portanto,
o mesmo diz-se, por definição, que x será a média dos elementos
de A relativa a essa operação. P1 .x1; P2 .x2 ; P3 .x3;...Pn xn
x=
P1 + P2 + P3 + ...+ Pn
Média Aritmética
Definição
Observe que se P1 = P2 = P3 = ... = Pn = 1, então:
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à x1; x2 ; x3;...; xn que é a média aritmética simples.
x=
adição é chamada média aritmética. n
Cálculo da média aritmética Conclusão
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto A média aritmética ponderada dos n elementos do conjunto
numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: numérico A é a soma dos produtos de cada elemento multiplicado
pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
n parcelas
Didatismo e Conhecimento 75
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Respostas
Calcular a média aritmética ponderada dos números 35, 20 e
10 com pesos 2, 3, e 5, respectivamente. 1) Resposta “5”.
Solução:
Resolução M.A. ( 2 e 8 ) = 2 + 8 / 2 = 10 / 2 = 5 → M.A. ( 2 e 8 ) = 5.
Didatismo e Conhecimento 76
RACIOCÍNIO LÓGICO
Temos então que o termo 21 é média geométrica dos termos
10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
= = = 22 7 e 63.
1+ 2 + 3 + 5 11 11
Vejamos:
Logo, a média aritmética ponderada é 22.
7.63 ⇒ 441 ⇒ 21
7) Resposta “4,9”.
Solução: Variações Percentuais em Sequência
Outra utilização para este tipo de média é quando estamos tra-
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
MP = = = = 4,9 balhando com variações percentuais em sequência.
5 + 3+ 2 10 10
Exemplo
8) Resposta “ ±14,93 ” Digamos que uma categoria de operários tenha um aumento
Solução: salarial de 20% após um mês, 12% após dois meses e 7% após
três meses. Qual o percentual médio mensal de aumento desta ca-
14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448 tegoria?
MP = = = = ±14,93
10 + 12 + 8 30 30
Sabemos que para acumularmos um aumento
9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ” de 20%, 12% e 7% sobre o valor de um salário, devemos
Solução: Estamos diante de um problema de média aritmética multiplicá-lo sucessivamente por 1,2, 1,12 e 1,07 que são os
ponderada, onde as quantidades de profissionais serão os pesos. E fatores correspondentes a tais percentuais.
com isso calcularemos a média ponderada entre R$ 320,00 , R$ A partir dai podemos calcular a média geométrica destes
840,00 e R$ 1 600,00 e seus respectivos pesos 20 , 10 e 5. Portanto: fatores:
320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800 3
1,2.1,12.1,07 ⇒ 3 1, 43808 ⇒ 1,128741
MP = = ≅ R$651, 43
20 + 10 + 5 35
Como sabemos, um fator de 1, 128741 corresponde a 12,
10) Resposta “11,42”. 8741% de aumento.
Solução: Este é o valor percentual médio mensal do aumento salarial,
ou seja, se aplicarmos três vezes consecutivas o percentual 12,
5.10 + 10.5 + 15.20 50 + 50 + 300 400
MP = = = = 11, 42 8741%, no final teremos o mesmo resultado que se tivéssemos
10 + 5 + 20 35 35 aplicado os percentuais 20%, 12% e 7%.
Didatismo e Conhecimento 77
RACIOCÍNIO LÓGICO
A média geométrica de um conjunto de números é sempre
menor ou igual à média aritmética dos membros desse conjunto
(as duas médias são iguais se e somente se todos os membros do
conjunto são iguais). Isso permite a definição da média aritmética
geométrica, uma mistura das duas que sempre tem um valor inter-
mediário às duas.
A média geométrica é também a média aritmética harmôni-
ca no sentido que, se duas sequências (an) e (hn) são definidas: Dessa junção aparecerá um novo segmento AC. Obtenha o
ponto médio O deste segmento e com um compasso centrado em
an + hn x+y
an+1 = ,a1 = O e raio OA, trace uma semi-circunferência começando em A e
2 2 terminando em C. O segmento vertical traçado para cima a partir
de B encontrará o ponto D na semi-circunferência. A medida do
E segmento BD corresponde à média geométrica das medidas dos
2 2 segmentos AB e BC.
hn+1 = ,h =
1 1 1 1 1
+ + Exercícios
an hn x y
então an e hn convergem para a média geométrica de x e y. 1. Determine a média proporcional ou geométrica entre 2 e 8.
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013 6. Dados dois números quaisquer, a média aritmética simples
e a média geométrica deles são respectivamente 20 e 20,5. Quais
Aplicação Prática são estes dois números?
Dentre todos os retângulos com a área igual a 64 cm², qual 7. A média geométrica entre dois números é igual a 6. Se a eles
é o retângulo cujo perímetro é o menor possível, isto é, o mais juntarmos o número 48, qual será a média geométrica entre estes
econômico? A resposta a este tipo de questão é dada pela média três números?
geométrica entre as medidas do comprimento a e da largura b, uma
vez que a.b = 64. 8. Calcule a média geométrica entre 4 e 9.
A média geométrica G entre a e b fornece a medida desejada. 9. Calcule a média geométrica entre 3, 3, 9 e 81
G = R[a × b] = R[64] = 8
Resposta 10. Calcule a média geométrica entre 1, 1, 1, 32 e 234.
Respostas
É o retângulo cujo comprimento mede 8 cm e é lógico que
a altura também mede 8 cm, logo só pode ser um quadrado! O 1) Resposta “4”.
perímetro neste caso é p = 32 cm. Em qualquer outra situação em Solução:
que as medidas dos comprimentos forem diferentes das alturas,
teremos perímetros maiores do que 32 cm. M .G.(2e8) = 2 2 × 8 = 16 = 4 ⇒ M .G.(2e8) = 4
Sejam AB e BC segmentos de reta. Trace um segmento de reta Observação: O termo média proporcional deve ser, apenas,
que contenha a junção dos segmentos AB e BC, de forma que eles utilizado para a média geométrica entre dois números.
formem segmentos consecutivos sobre a mesma reta.
Didatismo e Conhecimento 78
RACIOCÍNIO LÓGICO
3) Resposta “6”. a+b
Solução: Aplicando a relação: g2 = a.h, teremos: = 20,5 ⇒ a + b = 20,5.2 ⇒ a = 41− b
2
g2 = 4.9 → g2 = 36 → g = 6 → MG. (4, 9) = 6.
Agora para que possamos solucionar a segunda equação, é ne-
27 cessário que fiquemos com apenas uma variável na mesma. Para
4) Resposta “ ”
8 conseguirmos isto iremos substituir a por 41 - b:
Solução: Se a média geométrica entre 3 números é 4, pode-
( ) = 20
2
a+b P =6
= 20,5
2
Elevando ambos os membros desta equação ao quadrado, ire-
Já média geométrica pode ser expressa como: mos obter o valor numérico do produto destes dois números:
2
a.b = 20 P = 6 ⇒ ( P) = 6 2 ⇒ P = 36
Vamos isolar a na primeira equação: Agora que sabemos que o produto de um número pelo outro
é igual 36, resta-nos multiplicá-lo por 48 e extraímos a raiz cúbica
deste novo produto para encontrarmos a média desejada:
Didatismo e Conhecimento 79
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como medida de localização, a mediana é mais robusta do
M = 36.48 ⇒ M = (2 .3 ).(2 .3) ⇒ M = 2 .3
3 3 2 2 4 3 6 3 que a média, pois não é tão sensível aos dados. Consideremos o
seguinte exemplo: um aluno do 10º ano obteve as seguintes notas:
⇒ M = 2 2.3 ⇒ M = 4.3 ⇒ M = 12 10, 10, 10, 11, 11, 11, 11, 12. A média e a mediana da amostra
anterior são respectivamente.
Note que para facilitar a extração da raiz cúbica, realizamos
a decomposição dos números 36 e 48 em fatores primos. Acesse e
=10.75 =11
a página decomposição de um número natural em fatores primos
para maiores informações sobre este assunto.
Didatismo e Conhecimento 80
RACIOCÍNIO LÓGICO
Moda: é o valor que ocorre mais vezes numa distribuição, ou
seja, é o de maior efetivo e, portanto, de maior frequência. Define-
se moda como sendo: o valor que surge com mais frequência se os
dados são discretos, ou, o intervalo de classe com maior frequên-
cia se os dados são contínuos. Assim, da representação gráfica dos
dados, obtém-se imediatamente o valor que representa a moda ou
a classe modal. Esta medida é especialmente útil para reduzir a in-
formação de um conjunto de dados qualitativos, apresentados sob
Como medida de localização, a mediana é mais resistente do a forma de nomes ou categorias, para os quais não se pode calcular
que a média, pois não é tão sensível aos dados. a média e por vezes a mediana.
- Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana coin- Para um conjunto de dados, define-se moda como sendo: o
cidem. valor que surge com mais frequência se os dados são discretos,
- A mediana não é tão sensível, como a média, às observa- ou, o intervalo de classe com maior frequência se os dados são
ções que são muito maiores ou muito menores do que as restantes contínuos. Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se
(outliers). Por outro lado a média reflete o valor de todas as obser- imediatamente o valor que representa a moda ou a classe modal.
vações.
Salário (em euros) 75 100 145 200 400 1700 Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação de
um conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a forma de
Frequência absoluta 23 58 50 20 7 2 nomes ou categorias, para os quais não se pode calcular a média
Frequência acumulada 23 81 131 151 158 160 e por vezes a mediana (se não forem susceptíveis de ordenação).
Didatismo e Conhecimento 81
RACIOCÍNIO LÓGICO
Histogramas
52 56 62 54 52 51 60 61 56 55 56 54 57 67 61 49
49 51 52 52 54 54 55 56 56 56 57 60 61 61 62 67
Didatismo e Conhecimento 82
RACIOCÍNIO LÓGICO
Histograma: O histograma consiste em retângulos contíguos
com base nas faixas de valores da variável e com área igual à fre-
quência relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada
retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente
densidade definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa.
Alguns autores utilizam a frequência absoluta ou a porcentagem na
construção do histograma, o que pode ocasionar distorções (e, con-
sequentemente, más interpretações) quando amplitudes diferentes
são utilizadas nas faixas. Exemplo:
Didatismo e Conhecimento 83
RACIOCÍNIO LÓGICO
Gráfico de Ogiva: • O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos.
Apresenta uma distribuição de frequências acumuladas, utili- • O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.
za uma poligonal ascendente utilizando os pontos extremos.
Desse modo, podemos dizer que o número de formas diferente
que pode ocorrer em um acontecimento é igual ao produto m . n
ANÁLISE COMBINATÓRIA E
PROBABILIDADE. APLICAÇÃO DOS
CONTEÚDOS ACIMA LISTADOS EM
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.
Análise Combinatória
Didatismo e Conhecimento 84
RACIOCÍNIO LÓGICO
Quando os elementos de um determinado conjunto A forem Cálculos do número de arranjos simples:
algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos
pretendemos obter números, neste caso, os agrupamentos de 13 Na formação de todos os arranjos simples dos n elementos de
e 31 são considerados distintos, pois indicam números diferentes. A, tomados k a k:
considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados arranjos. Multiplicando e dividindo por (n – k)!
Portanto: Pn = n!
Didatismo e Conhecimento 85
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com Permutações com elementos repetidos
elementos distintos. Com os elementos de A podemos formar 4
combinações de três elementos cada uma: abc – abd – acd – bcd Considerando:
α elementos iguais a a,
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: β elementos iguais a b,
Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. γ elementos iguais a c, …,
λ elementos iguais a l,
abc abd acd bcd
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.
acb
bac Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o número
bca de permutações distintas que é possível formarmos com os n
elementos:
cab
cba
Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações obtemos
todos os arranjos 3 a 3: Combinações Completas: Combinações completas de
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos não
abc abd acd bcd
necessariamente distintos. Em vista disso, quando vamos calcular
acb adb adc bdc as combinações completas devemos levar em consideração as
bac bad cad cbd combinações com elementos distintos (combinações simples) e
as combinações com elementos repetidos. O total de combinações
bca bda cda cdb
completas de n elementos, de k a k, indicado por C*n,k
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb
(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos
Cálculo do número de combinações simples: O número total 01. Quantos números de três algarismos distintos podem ser
de combinações simples dos n elementos de A representados por C formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
n,k
, tomados k a k, analogicamente ao exemplo apresentado, temos:
a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k, obtemos 02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 clubes,
Pk arranjos distintos. sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada clube enfrente
b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos distintos. o outro no seu campo e no campo deste. O número total de jogos
a serem realizados é:
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou (A)182
(B) 91
A n,k (C)169
C n,k = (D)196
Pk (E)160
Lembrando que:
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um sistema,
começando por três letras escolhidas entre as cinco A, B, C, D e
E, seguidas de quatro algarismos escolhidos entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se
entre as letras puder haver repetição, mas se os algarismos forem
Também pode ser escrito assim: todos distintos, o número total de senhas possíveis é:
(A) 78.125
(B) 7.200
(C) 15.000
(D) 6.420
(E) 50
Arranjos Completos: Arranjos completos de n elementos, de k
a k são os arranjos de k elementos não necessariamente distintos. 04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões com
Em vista disso, quando vamos calcular os arranjos completos, todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia executou
deve-se levar em consideração os arranjos com elementos distintos a tarefa considerando as letras A e à como diferentes, contudo,
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de arranjos João queria que elas fossem consideradas como mesma letra. A
completos de n elementos, de k a k, é indicado simbolicamente por diferença entre o número de cartões feitos por Cláudia e o número
A*n,k dado por: A*n,k = nk de cartões esperados por João é igual a
Didatismo e Conhecimento 86
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 720 10. Considere os números de quatro algarismos do sistema
(B) 1.680 decimal de numeração. Calcule:
(C) 2.420 a) quantos são no total;
(D) 3.360 b) quantos não possuem o algarismo 2;
(E) 4.320 c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos;
05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra PROVA e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
foram listadas em ordem alfabética, como se fossem palavras de
cinco letras em um dicionário. A 73ª palavra nessa lista é Resoluções
(A) PROVA.
(B) VAPOR. 01.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP.
(E) RAOPV. 02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 = 14 .
13 = 182.
06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se analisem 03.
as suspeitas, será formada uma comissão especial com 5 diretores,
na qual os suspeitos não sejam maioria. O número de possíveis
comissões é: Algarismos
(A) 66
(B) 72
(C) 90
(D) 120 Letras
(E) 124
As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125 maneiras.
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . 3 . 2 =
possui um banco de questões de matemática composto de 5 120 maneiras.
questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4 sobre retas. O número total de senhas distintas, portanto, é igual a 125 .
De quantas maneiras distintas a equipe pode montar uma prova 120 = 15.000.
com 8 questões, sendo 3 de parábolas, 2 de circunferências e 3 de
retas? 04.
(A) 80 I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
(B) 96
(C) 240
(D) 640
(E) 1.280 II) O número de cartões esperados por João era
09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão de 5
formar duas equipes é diretores na qual os suspeitos não sejam maioria, podem ser
(A) 10 escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o número de
(B) 15 possíveis comissões é
(C) 20
(D) 25
(E) 30
Didatismo e Conhecimento 87
RACIOCÍNIO LÓGICO
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser obtidos
a partir da seguinte regra prática de fácil memorização:
Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e dividi-
mos o resultado pela ordem do termo. O resultado será o coeficien-
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240 te do próximo termo. Assim por exemplo, para obter o coeficiente
do terceiro termo do item (d) acima teríamos:
08. 5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo anterior (2
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes e por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o coeficiente do
outros 3. terceiro termo procurado.
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o Observe que os expoentes da variável a decrescem de n até 0
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes e 2 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o terceiro termo é
entre os 3 restantes. 10 a3b2 (observe que o expoente de a decresceu de 4 para 3 e o de
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre os 2 b cresceu de 1 para 2).
mais experientes é Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do binômio
de Newton (a + b)7 será:
(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21 a2b5 +
7 ab6 + b7
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 entre 3 Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º termo (21
restantes é a2b5) ?
Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multiplicamos
35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos o resultado pela
ordem do termo que é 5.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo ante-
V) Assim, o número total de grupos que podem ser formados rior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto termo, conforme
é2.3=6 se vê acima.
09. Observações:
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um polinômio.
10. 2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos .
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000 3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extremos , no
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832 desenvolvimento De (a + b)n são iguais .
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168 4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464 Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton
Didatismo e Conhecimento 88
RACIOCÍNIO LÓGICO
Probabilidade
Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S, portanto Considere A e B como dois eventos de um espaço amostral S,
são eventos. finito e não vazio, temos:
Ø = evento impossível.
S = evento certo. A
Conceito de Probabilidade
B
As probabilidades têm a função de mostrar a chance S
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer um
determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de um espaço
amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre o número de elementos
A e o número de elemento S. Representando:
Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1 a Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)
6, e observar o lado virado para cima, temos:
- um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Eventos Mutuamente Exclusivos
- um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2, 4, 6}
C S. A
- o número de elementos do evento número par é n(A1) = 3.
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois
B
S
- Em um evento impossível a probabilidade é igual a zero. Em Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão denominados
um evento certo S a probabilidade é igual a 1. Simbolicamente: mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B = 0, portanto: P(A
P(Ø) = 0 e P(S) = 1. B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A) ≤ 1. forem, de dois em dois, sempre mutuamente exclusivos, nesse
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A) = 1 - caso temos, analogicamente:
P(A).
P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +
Demonstração das Propriedades P(An)
Didatismo e Conhecimento 89
RACIOCÍNIO LÓGICO
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)
Considerando A e B como dois eventos de um espaço amostral (A) (B) (C) (D) (E)
S, finito e não vazio, logo:
02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o Ensino
Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião comemorativa.
Várias delas haviam se casado e tido filhos. A distribuição das
mulheres, de acordo com a quantidade de filhos, é mostrada no
gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado entre todos os filhos dessas
ex-alunas. A probabilidade de que a criança premiada tenha sido
um(a) filho(a) único(a) é
Assim sendo:
Didatismo e Conhecimento 90
RACIOCÍNIO LÓGICO
03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52 cartas, Respostas
qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama?
01.
04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces, numeradas
de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas faces voltadas para 02.
cima. Calcular a probabilidade de serem obtidos dois números A partir da distribuição apresentada no gráfico:
ímpares ou dois números iguais? 08 mulheres sem filhos.
07 mulheres com 1 filho.
05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500. Uma 06 mulheres com 2 filhos.
bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade de que seja 02 mulheres com 3 filhos.
escolhida uma bola com um número de três algarismos ou múltiplo
de 10 é Comoas 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a probabilidade
(A) 10% de que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é
(B) 12% igual a P = 7/25.
(C) 64% 03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) =
(D) 82%
(E) 86% 04. No lançamento de dois dados de 6 faces, numeradas de 1 a
6, são 36 casos possíveis. Considerando os eventos A (dois números
06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3 bolas ímpares) e B (dois números iguais), a probabilidade pedida é:
vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a probabilidade
de ela ser amarela ou branca?
07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com probabilidade 05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω) = 500
40% e 30%, respectivamente, de acertar. Nestas condições, a
probabilidade de apenas uma delas acertar o alvo é: A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;
(A) 42% A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) = 401/500
(B) 45%
(C) 46% B: o número sorteado é múltiplo de 10;
(D) 48% B = {10, 20, ..., 500}.
(E) 50%
Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo geral
08. Num espaço amostral, dois eventos independentes A e B da P.A., em que
são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos concluir que o a1 = 10
valor de P(B) é: an = 500
(A) 0,5 r = 10
(B) 5/7 Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 → n = 50
(C) 0,6
(D) 7/15 Dessa forma, p(B) = 50/500.
(E) 0,7
A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro pretas. A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de cada bola antes De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10 → n =
de retirar a seguinte. A probabilidade de só a primeira e a terceira 41 e p(A B) = 41/500
serem brancas é:
Por fim, p(A.B) =
(A) (B) (C) (D) (E)
06.
10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: laranja, Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas e V1,
abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são utilizadas 3 V2, V3 as vermelhas.
laranjas e a probabilidade de um cliente pedir esse suco é de 1/3. Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
Se na lanchonete, há 25 laranjas, então a probabilidade de que, A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
para o décimo cliente, não haja mais laranjas suficientes para fazer B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2
o suco dessa fruta é:
Didatismo e Conhecimento 91
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como A B = , A e B são eventos mutuamente exclusivos;
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) = ANOTAÇÕES
—————————————————————————
07.
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer os —————————————————————————
seguintes eventos:
(A) “A” acerta e “B” erra; ou —————————————————————————
(B) “A” erra e “B” acerta.
—————————————————————————
Assim, temos: —————————————————————————
P (A B) = P (A) + P (B)
P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30% —————————————————————————
P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
P (A B) = 0,28 + 0,18 —————————————————————————
P (A B) = 0,46 —————————————————————————
P (A B) = 46%
—————————————————————————
08.
Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) . P(B) e —————————————————————————
como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos: —————————————————————————
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B)
0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B) —————————————————————————
0,7 . (PB) = 0,5
P(B) = 5/7. —————————————————————————
—————————————————————————
09. Representando por a
probabilidade pedida, temos: —————————————————————————
=
= —————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três tipos de
—————————————————————————
sucos e que os nove primeiros clientes foram servidos com apenas
um desses sucos, então: —————————————————————————
I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é
possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros clientes, —————————————————————————
pois seriam necessárias 27 laranjas.
—————————————————————————
II- Para que não haja laranjas suficientes para o próximo
cliente, é necessário que, entre os nove primeiros, oito tenham —————————————————————————
pedido sucos de laranjas, e um deles tenha pedido outro suco.
A probabilidade de isso ocorrer é: —————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
Didatismo e Conhecimento 92
INFORMÁTICA
INFORMÁTICA
MAINFRAMES
FUNDAMENTOS DA COMPUTAÇÃO:
CONCEITOS BÁSICOS DE
INFORMÁTICA, COMPONENTES
FUNCIONAIS DE COMPUTADORES
(HARDWARE E SOFTWARE),
PERIFÉRICOS, DISPOSITIVOS DE
ENTRADA, SAÍDA E ARMAZENAMENTO
DE DADOS.
HISTÓRICO
DESKTOPS
Didatismo e Conhecimento 1
INFORMÁTICA
São compostos por: O processamento de dados sempre envolve três fases essen-
• Monitor (vídeo) ciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da Informação.
• Teclado Para que um sistema de processamento de dados funcione ao
• Mouse contento, faz-se necessário que três elementos funcionem em per-
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memórias, dri- feita harmonia, são eles:
ves, disco rígido (HD), modem, portas USB etc.
Hardware
PORTÁTEIS
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema de pro-
Os computadores portáteis possuem todas as partes integradas cessamento de dados: equipamentos e suprimentos tais como:
num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e gabinete em uma úni- CPU, disquetes, formulários, impressoras.
ca peça. Os computadores portáteis começaram a aparecer no iní-
cio dos anos 80, nos Estados Unidos e hoje podem ser encontrados Software
nos mais diferentes formatos e tamanhos, destinados a diferentes
tipos de operações. É toda a parte lógica do sistema de processamento de dados.
Desde os dados que armazenamos no hardware, até os programas
LAPTOPS que os processam.
Didatismo e Conhecimento 2
INFORMÁTICA
• Memórias descritos os elementos necessários para operacionalizar o Hardwa-
• Fonte de Energia re, possibilitando aos diversos S.O. acesso aos recursos independe
• Cabos de suas características específicas.
• Drivers
• Portas de Entrada/Saída
MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)
É uma das partes mais importantes do computador. A mo- O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo EPROM
therboard é uma placa de circuitos integrados que serve de suporte (Erased Programmable Read Only Memory). É um tipo de memó-
para todas as partes do computador. ria “não volátil”, isto é, desligando o computador não há a perda
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de alguma ma- das informações (programas) nela contida. O BIOS é contem 2
neira, seja por cabos ou por meio de barramentos. programas: POST (Power On Self Test) e SETUP para teste do
A placa mãe é desenvolvida para atender às características sistema e configuração dos parâmetros de inicialização, respecti-
especificas de famílias de processadores, incluindo até a possibi- vamente, e de funções básicas para manipulação do hardware uti-
lidade de uso de processadores ainda não lançados, mas que apre-
lizadas pelo Sistema Operacional.
sentem as mesmas características previstas na placa.
Quando inicializamos o sistema, um programa chamado
A placa mãe é determinante quanto aos componentes que po-
POST conta a memória disponível, identifica dispositivos plug-an-
dem ser utilizados no micro e sobre as possibilidades de upgrade,
d-play e realiza uma checagem geral dos componentes instalados,
influenciando diretamente na performance do micro.
verificando se existe algo de errado com algum componente. Após
o término desses testes, é emitido um relatório com várias infor-
Diversos componentes integram a placa-mãe, como:
mações sobre o hardware instalado no micro. Este relatório é uma
• Chipset
maneira fácil e rápida de verificar a configuração de um compu-
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao microcomputa-
dor que gerenciam praticamente todo o funcionamento da placa- tador. Para paralisar a imagem tempo suficiente para conseguir ler
mãe (controle de memória cache, DRAM, controle do buffer de as informações, basta pressionar a tecla “pause/break” do teclado.
dados, interface com a CPU, etc.). Caso seja constatado algum problema durante o POST, serão
O chipset é composto internamente de vários outros peque- emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro encontrado. Por
nos chips, um para cada função que ele executa. Há um chip con- isso, é fundamental a existência de um alto-falante conectado à
trolador das interfaces IDE, outro controlador das memórias, etc. placa mãe.
Existem diversos modelos de chipsets, cada um com recursos bem Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de me-
diferentes. mória com tecnologia flash. Memórias que podem ser atualizadas
Devido à complexidade das motherboards, da sofisticação dos por software e também não perdem seus dados quando o compu-
sistemas operacionais e do crescente aumento do clock, o chipset é tador é desligado, sem necessidade de alimentação permanente.
o conjunto de CIs (circuitos integrados) mais importante do micro- As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix. 50%
computador. Fazendo uma analogia com uma orquestra, enquanto dos micros utilizam BIOS AMI.
o processador é o maestro, o chipset seria o resto!
• Memória CMOS
• BIOS
CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor) é uma
O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico de memória formada por circuitos integrados de baixíssimo consumo
entrada e saída, é a primeira camada de software do micro, um pe- de energia, onde ficam armazenadas as informações do sistema
queno programa que tem a função de “iniciar” o microcomputador. (setup), acessados no momento do BOOT. Estes dados são atri-
Durante o processo de inicialização, o BIOS é o responsável pelo buídos na montagem do microcomputador refletindo sua configu-
reconhecimento dos componentes de hardware instalados, dar o ração (tipo de winchester, números e tipo de drives, data e hora,
boot, e prover informações básicas para o funcionamento do sis- configurações gerais, velocidade de memória, etc.) permanecendo
tema. armazenados na CMOS enquanto houver alimentação da bateria
O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a uti- interna. Algumas alterações no hardware (troca e/ou inclusão de
lização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix, Hurd, novos componentes) podem implicar na alteração de alguns desses
BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS que estão parâmetros.
Didatismo e Conhecimento 3
INFORMÁTICA
Muitos desses itens estão diretamente relacionados com o pro- Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do pro-
cessador e seu chipset e portanto é recomendável usar os valores cessador. Porém, alguns computadores têm uma “chave” que per-
default sugerido pelo fabricante da BIOS. Mudanças nesses pa- mite 2 ou mais diferentes velocidades de clock. Isto é útil porque
râmetros pode ocasionar o travamento da máquina, intermitência programas desenvolvidos para trabalhar em uma máquina com alta
na operação, mau funcionamento dos drives e até perda de dados velocidade de clock podem não trabalhar corretamente em uma
do HD. máquina com velocidade de clock mais lenta, e vice versa. Além
• Slots para módulos de memória disso, alguns componentes de expansão podem não ser capazes de
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória eram trabalhar a alta velocidade de clock.
encaixados (ou até soldados) diretamente na placa mãe, um a um. Assim como a velocidade de clock, a arquitetura interna de
O agrupamento dos chips de memória em módulos (pentes), ini- um microprocessador tem influência na sua performance. Dessa
cialmente de 30 vias, e depois com 72 e 168 vias, permitiu maior forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de clock não necessa-
versatilidade na composição dos bancos de memória de acordo riamente trabalham igualmente. Enquanto um processador Intel
com as necessidades das aplicações e dos recursos financeiros dis- 80286 requer 20 ciclos para multiplicar 2 números, um Intel 80486
poníveis. (ou superior) pode fazer o mesmo cálculo em um simples ciclo.
Durante o período de transição para uma nova tecnologia é Por essa razão, estes novos processadores poderiam ser 20 vezes
comum encontrar placas mãe com slots para mais de um modelo. mais rápido que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse a
Atualmente as placas estão sendo produzidas apenas com módulos mesma. Além disso, alguns microprocessadores são superescalar,
de 168 vias, mas algumas comportam memórias de mais de um o que significa que eles podem executar mais de uma instrução
tipo (não simultaneamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. por ciclo.
• Clock Como as CPUs, os barramentos de expansão também têm a
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que gera um sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocidades de clock da
pulso elétrico. A função do clock é sincronizar todos os circuitos CPU e dos barramentos fossem a mesma para que um componente
da placa mãe e também os circuitos internos do processador para não deixe o outro mais lento. Na prática, a velocidade de clock dos
que o sistema trabalhe harmonicamente. barramentos é mais lenta que a velocidade da CPU.
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são medidos • Overclock
pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz (Hz). 1 MHz é Overclock é o aumento da frequência do processador para que
igual a 1 milhão de ciclos por segundo. Normalmente os proces- ele trabalhe mais rapidamente.
sadores são referenciados pelo clock ou frequência de operação: A frequência de operação dos computadores domésticos é de-
Pentium IV 2.8 MHz. terminada por dois fatores:
• A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida também
PROCESSADOR como velocidade de barramento, que nos computadores Pentium
pode ser de 50, 60 e 66 MHz.
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 que
permite ao processador trabalhar internamente a uma velocidade
maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que os outros periféricos
do computador (memória RAM, cache L2, placa de vídeo, etc.)
continuam trabalhando na velocidade de barramento.
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha com
velocidade de barramento de 66 MHz e multiplicador de 2,5x. Fa-
zendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o processador trabalha a
166 MHz, mas se comunica com os demais componentes do micro
a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exemplo aci-
ma), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simplesmente aumen-
tando o multiplicador de clock de 2,5x para 3x. Caso a placa-mãe
permita, pode-se usar um barramento de 75 ou até mesmo 83 MHz
O microprocessador, também conhecido como processador, (algumas placas mais modernas suportam essa velocidade de bar-
consiste num circuito integrado construído para realizar cálculos ramento). Neste caso, mantendo o multiplicador de clock de 2,5x,
e operações. Ele é a parte principal do computador, mas está longe o Pentium 166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208
de ser uma máquina completa por si só: para interagir com o usuá- MHz (2,5 x 83). As frequências de barramento e do multiplicador
rio é necessário memória, dispositivos de entrada e saída, conver- podem ser alteradas simplesmente através de jumpers de configu-
sores de sinais, entre outros. ração da placa-mãe, o que torna indispensável o manual da mesma.
É o processador quem determina a velocidade de processa- O aumento da velocidade de barramento da placa-mãe pode criar
mento dos dados na máquina. Os primeiros modelos comerciais problemas caso algum periférico (como memória RAM, cache L2,
começaram a surgir no início dos anos 80. etc.) não suporte essa velocidade.
• Clock Speed ou Clock Rate Quando se faz um overclock, o processador passa a trabalhar
É a velocidade pela qual um microprocessador executa instru- a uma velocidade maior do que ele foi projetado, fazendo com que
ções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções uma CPU pode haja um maior aquecimento do mesmo. Com isto, reduz-se a vida
executar por segundo. útil do processador de cerca de 20 para 10 anos (o que não chega
Didatismo e Conhecimento 4
INFORMÁTICA
a ser um problema já que os processadores rapidamente se tornam FONTE DE ENERGIA
obsoletos). Esse aquecimento excessivo pode causar também fre-
quentes “crashes” (travamento) do sistema operacional durante o
seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina.
Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um coo-
ler (ventilador que fica sobre o processador para reduzir seu aque-
cimento) de qualidade e, em alguns casos, uma pasta térmica espe-
cial que é passada diretamente sobre a superfície do processador.
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou quad,
essa denominação refere-se na verdade ao núcleo do processador,
onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Lógica). Nos modelos
DUAL ou DUO, esse núcleo é duplicado, o que proporciona uma
execução de duas instruções efetivamente ao mesmo tempo, em- É um aparelho que transforma a corrente de eletricidade alter-
bora isto não aconteça o tempo todo. Basta uma instrução precisar nada (que vem da rua), em corrente contínua, para ser usada nos
de um dado gerado por sua “concorrente” que a execução paralela computadores. Sua função é alimentar todas as partes do com-
torna-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo término putador com energia elétrica apropriada para seu funcionamento.
da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo quadru- Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por meio de
plicado. cabos coloridos com conectores nas pontas.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, empresa
que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos também alguns con- CABOS
correntes famosos dessa marca, tais como NEC, Cyrix e AMD;
sendo que atualmente apenas essa última marca mantém-se fazen-
do frente aos lançamentos da INTEL no mercado. Por exemplo,
um modelo muito popular de 386 foi o de 40 MHz, que nunca
foi feito pela INTEL, cujo 386 mais veloz era de 33 MHz, esse
processador foi obra da AMD. Desde o lançamento da linha Pen-
tium, a AMD foi obrigada a criar também novas denominações
para seus processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron) e os
mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.
Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro do gabi-
MEMÓRIAS nete: podem ser de energia ou de dados e conectam dispositivos,
como discos rígidos, drives de CDs e DVDs, LEDs (luzes), botão
liga/desliga, entre outros, à placa-mãe.
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE, SATA,
SATA2, energia e som.
DRIVERS
Didatismo e Conhecimento 5
INFORMÁTICA
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA É um tipo de PROM que pode ser apagada simplesmente com
uma carga elétrica, podendo ser, posteriormente, gravada com no-
vos dados. Depois da NVRAM é o tipo de memória ROM mais
utilizado atualmente.
Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante usadas, Memoria RAM
como as portas paralelas (impressoras e scanners) e as portas
PS/2(mouses e teclados).
MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
DE ARMAZENAMENTO
Memórias
Memória ROM
Didatismo e Conhecimento 6
INFORMÁTICA
Memória Cache HD Externo
A memória cache é um tipo de memória de acesso rápido uti- Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capa-
lizada, exclusivamente, para armazenamento de dados que prova- cidade de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Tera-
velmente serão usados novamente. bytes. Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada
Quando executamos algum programa, por exemplo, parte das USB do computador.
instruções fica guardada nesta memória para que, caso posterior-
mente seja necessário abrir o programa novamente, sua execução As grandes vantagens destes dispositivos são:
seja mais rápida. • Alta capacidade de armazenamento;
Atualmente, a memória cache já é estendida a outros dispo- • Facilidade de instalação;
sitivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos dados. Os pro- • Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar
cessadores e os HDs, por exemplo, já utilizam este tipo de arma- sem necessidade de abrir o computador.
zenamento.
CD, CD-R e CD-RW
DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80
e é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digi-
Disco Rígido (HD) talmente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
• Uma camada de policarbonato (espécie de plástico),
onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de re-
fletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos
1. CD comercial
(que já vem gravado com música ou dados)
2. CD-R
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez)
Didatismo e Conhecimento 7
INFORMÁTICA
ano 2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas, Cartão de Memória
com a diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informa-
ções é menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que
proporciona maior capacidade de armazenamento.
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de
gravação única e RW que possibilita a regravação de dados. A
capacidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de
dados, existindo ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que
contém duas camadas de gravação, cuja capacidade de armazena-
mento chega a 8,5 GB.
Blu-Ray
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo de
25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de dispositivo de armazenamento de dados com memória flash, muito
gravação. encontrado em máquinas fotográficas digitais e aparelhos celulares
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD smartphones.
comuns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitu- Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e nos
ra é ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ringtones, en-
maior de dados no disco. dereços, números de telefone etc.
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico O cartão de memória funciona, basicamente, como o pen dri-
que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta ve, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente no dispositivo
azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por e é bem mais compacto.
fins jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre Os formatos mais conhecidos são:
comercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido • Memory Stick Duo
no mercado no ano de 2006. • SD (Secure Digital Card)
• Mini SD
Pen Drive • Micro SD
OS PERIFÉRICOS
Entrada
Didatismo e Conhecimento 8
INFORMÁTICA
Touchpad Câmeras de Vídeo
Teclado
Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes foto- É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à memória
gráficos. As imagens são capturadas e gravadas numa memória do computador uma imagem desenhada, pintada ou fotografada.
interna ou, ainda, mais comumente, em cartões de memória. Ele é formado por minúsculos sensores fotoelétricos, geralmente
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos é o distribuídos de forma linear. Cada linha da imagem é percorrida
JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao computador por meio por um feixe de luz. Ao mesmo tempo, os sensores varrem (per-
de um cabo ou, nos computadores mais modernos, colocando-se o correm) esse espaço e armazenam a quantidade de luz refletida por
cartão de memória diretamente no leitor. cada um dos pontos da linha.
Didatismo e Conhecimento 9
INFORMÁTICA
A princípio, essas informações são convertidas em cargas elé- Todas as imagens que você vê na tela são compostas de cen-
tricas que, depois, ainda no scanner, são transformadas em valores tenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels). Quanto mais
numéricos. O computador decodifica esses números, armazena-os pixels, maior a resolução e mais detalhada será a imagem na tela.
e pode transformá-los novamente em imagem. Após a imagem ser Uma resolução de 640 x 480 significa 640 pixels por linha e 480
convertida para a tela, pode ser gravada e impressa como qualquer linhas na tela, resultando em 307.200 pixels.
outro arquivo. A placa gráfica permite que as informações saiam do compu-
Existem scanners que funcionam apenas em preto e branco e tador e sejam apresentadas no monitor. A placa determina quantas
outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, os sensores pas- cores você verá e qual a qualidade dos gráficos e imagens apre-
sam apenas uma vez por cada ponto da imagem. Os aparelhos de sentadas.
fax possuem um scanner desse tipo para captar o documento. Para Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou seja, apre-
capturar as cores é preciso varrer a imagem três vezes: uma regis- sentavam apenas uma cor e suas tonalidades, mostrando os textos
tra o verde, outra o vermelho e outra o azul. em branco ou verde sobre um fundo preto. Depois, surgiram os
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou menor policromáticos, trabalhando com várias cores e suas tonalidades.
definição. Isso é determinado pelo número de pontos por polega- A tecnologia utilizada nos monitores também tem acompa-
da (ppp) que os sensores fotoelétricos podem ler. As capacidades nhado o mercado de informática. Procurou-se reduzir o consumo
variam de 300 a 4800 ppp. Alguns modelos contam, ainda, com de energia e a emissão de radiação eletromagnética. Outras ino-
softwares de reconhecimento de escrita, denominados OCR. vações, como controles digitais, tela plana e recursos multimídia
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para os contribuíram nas mudanças.
scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de supermer- Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays Tube
cados, para ler os códigos de barras dos produtos vendidos. (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo princípio da TV),
em que um canhão dispara por trás o feixe de luz e a imagem é
Webcam mostrada no vídeo. Uma grande evolução foi o surgimento de
uma tela especial, a Liquid Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal
Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por minúsculos
cristais líquidos na formação dos feixes de luz até a montagem dos
pixels. Com este recurso, pode-se aumentar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade da
imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo campo de
visão
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos movimen-
tos de vídeo
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ganhando
É uma câmera de vídeo que capta imagens e as transfere ins- força no mercado, o LED. A principal diferença entre LED x LCD
tantaneamente para o computador. A maioria delas não tem alta está diretamente ligado à tela. Em vez de células de cristal líquido,
resolução, já que as imagens têm a finalidade de serem transmi- os LED possuem diodos emissores de luz (Light Emitting Diode)
tidas a outro computador via Internet, ou seja, não podem gerar que fornecem o conjunto de luzes básicas (verde, vermelho e azul).
um arquivo muito grande, para que possam ser transmitidas mais Eles não aquecem para emitir luz e não precisam de uma luz bran-
rapidamente. ca por trás, o que permite iluminar apenas os pontos necessários na
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate-papo) tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia.
com suporte para webcam. Os participantes podem conversar e A definição de cores também é superior, principalmente do
visualizar a imagem um do outro enquanto conversam. Nos lap- preto, que possui fidelidade não encontrada em nenhuma das de-
tops e notebooks mais modernos, a câmera já vem integrada ao mais tecnologias disponíveis no mercado.
computador. Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED tam-
bém pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma polegada de
Saída espessura. Isso resultado num monitor de design mais agradável e
bem mais leve.
São dispositivos utilizados para saída de dados do computa- Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam o
dor, por exemplo: monitor, impressora, projetor, caixa de som etc. tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não deram
continuidade à produção dos equipamentos com tubo de imagem.
Monitor Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geralmente,
13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando com imagens,
É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão) que tem cores, movimentos e animações multimídia, sentiu-se a necessida-
a função de exibir a saída de dados. de de produzir telas maiores.
A qualidade do que é mostrado na tela depende da resolução Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes formatos
do monitor, designada pelos pontos (pixels - Picture Elements), e tamanhos. As televisões mais modernas apresentam uma entrada
que podem ser representados na sua superfície. VGA ou HDMI, para que computadores sejam conectados a elas.
Didatismo e Conhecimento 10
INFORMÁTICA
Impressora Jato de Tinta Plotters
Projetor
Didatismo e Conhecimento 11
INFORMÁTICA
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem a comu- ISA – Industry Standard Architeture
nicação entre todos os dispositivos do computador: UCP, memó-
ria, dispositivos de entrada e saída e outros. Os sinais típicos en-
contrados no barramento são: dados, clock, endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade de se-
rem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localização para
onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como síncronos,
pois os dispositivos são obrigados a seguir uma sincronia de tempo
para se comunicarem.
O controle existe para informar aos dispositivos envolvidos
na transmissão do barramento se a operação em curso é de escrita,
leitura, reset ou outra qualquer. Alguns sinais de controle são bas- Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo PC-AT.
tante comuns: Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-compatíveis. Era
• Memory Write - Causa a escrita de dados do barramento de um barramento único para todos os componentes do computador,
dados no endereço especificado no barramento de endereços. operando com largura de 16 bits e com clock de 8 MHz.
• Memory Read - Causa dados de um dado endereço especi-
ficado pelo barramento de endereço a ser posto no barramento de PCI – Peripheral Components Interconnect
dados.
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados serem en-
viados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo de I/O,
os quais serão colocados no barramento de dados.
• Bus request - Indica que um módulo pede controle do barra-
mento do sistema.
• Reset - Inicializa todos os módulos
Didatismo e Conhecimento 12
INFORMÁTICA
AGP – Advanced Graphics Port padrão que proporciona altas taxas de transferência de dados entre
o computador em si e um dispositivo, por exemplo, entre a placa-
mãe e uma placa de vídeo 3D.
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que permite
o uso de uma ou mais conexões seriais, também chamados de la-
nes para transferência de dados. Se um determinado dispositivo
usa um caminho, então diz-se que esse utiliza o barramento PCI
Express 1X; se utiliza 4 lanes , sua denominação é PCI Express 4X
e assim por diante. Cada lane pode ser bidirecional, ou seja, recebe
e envia dados. Cada conexão usada no PCI Express trabalha com 8
bits por vez, sendo 4 em cada direção. A freqüência usada é de 2,5
GHz, mas esse valor pode variar. Assim sendo, o PCI Express 1X
consegue trabalhar com taxas de 250 MB por segundo, um valor
bem maior que os 132 MB do padrão PCI. Esse barramento traba-
lha com até 16X, o equivalente a 4000 MB por segundo. A tabela
abaixo mostra os valores das taxas do PCI Express comparadas às
Esse barramento permite que uma placa controladora gráfica taxas do padrão AGP:
AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI. O Chip con- AGP PCI Express
trolador AGP substitui o controlador de E/S do barramento PCI. AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por
O novo conjunto AGP continua com funções herdadas do PCI. O segundo segundo
conjunto faz a transferência de dados entre memória, o processa-
dor e o controlador ISA, tudo, simultaneamente. AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela porta grá- segundo segundo
fica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM, eliminando a AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na própria placa para segundo segundo
armazenar grandes arquivos de bits como mapas e textura. PCI Express 16X: 4000 MB por
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-mãe que
segundo
usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse chipset foi o primei-
ro a ter suporte ao AGP. A principal vantagem desse barramento é É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado e,
o uso de uma maior quantidade de memória para armazenamento devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express 2X de PCI
de texturas para objetos tridimensionais, além da alta velocidade Express 1X.
no acesso a essas texturas para aplicação na tela. Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode representar tam-
O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que proporcio- bém taxas de transferência de dados de 500 MB por segundo.
na uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além disso, sua taxa A Intel é uma das grandes precursoras de inovações tecnoló-
de transferência chegava a 266 MB por segundo quando operando gicas.
no esquema de velocidade X1, e a 532 MB quando no esquema de No início de 2001, em um evento próprio, a empresa mostrou
velocidade 2X. Existem também as versões 4X, 8X e 16X. Geral- a necessidade de criação de uma tecnologia capaz de substituir o
mente, só se encontra um único slot nas placas-mãe, visto que o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Generation I/O – 3ª gera-
AGP só interessa às placas de vídeo. ção de Entrada e Saída). Em agosto desse mesmo ano, um grupo
de empresas chamado de
PCI Express PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD e Mi-
crosoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
Entre os quesitos levantados nessas especificações, estão os
que se seguem: suporte ao barramento PCI, possibilidade de uso
de mais de uma lane, suporte a outros tipos de conexão de plata-
formas, melhor gerenciamento de energia, melhor proteção contra
erros, entre outros.
Didatismo e Conhecimento 13
INFORMÁTICA
de conexão tais como: serial, paralela, USB e Firewire. Passan- USB – Universal Serial Bus
do ainda por algumas soluções proprietárias, ou seja, que somente
funcionavam com determinado periférico e de determinado fabri- A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde então, foi
cante. passando por várias revisões. As mais populares são as versões
1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utilizada. A primeira é
Interface Serial capaz de alcançar, no máximo, taxas de transmissão de 12 Mb/s
Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta interface (megabits por segundo), enquanto que a segunda pode oferecer
no passado já conectou até impressoras. Sua característica fun- até 480 Mb/s.
damental é que os bits trafegam em fila, um por vez, isso torna Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido, afinal,
a comunicação mais lenta, porém o cabo do dispositivo pode ser 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes por segundo. No
mais longo, alguns chegam até a 10 metros de comprimento. Isso entanto, acredite, a evolução da tecnologia acaba fazendo com que
é útil para usar uma barulhenta impressora matricial em uma sala velocidades muito maiores sejam necessárias.
separada daquela onde o trabalho acontece. Não é difícil entender o porquê: o número de conexões à in-
As velocidades de comunicação dessa interface variam de 25 ternet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz com que as
bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na parte externa do pessoas queiram consumir, por exemplo, vídeos, músicas, fotos e
gabinete, essas interfaces são representadas por conectores DB-9 jogos em alta definição. Some a isso ao fato de ser cada vez mais
ou DB-25 machos. comum o surgimento de dispositivos como smartphones e câmeras
digitais que atendem a essas necessidades. A consequência não po-
deria ser outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número
cada vez maior de pessoas.
Com suas especificações finais anunciadas em novembro de
2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da demanda que está
por vir. É isso ou é perder espaço para tecnologias como o FireWi-
re ou Thunderbolt, por exemplo. Para isso, o USB 3.0 tem como
principal característica a capacidade de oferecer taxas de transfe-
rência de dados de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não
é só isso...
Didatismo e Conhecimento 14
INFORMÁTICA
Conectores USB 3.0 Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB 3.0
possui uma área de contatos adicional na parte superior. Isso sig-
Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0 diz res- nifica que nela podem ser conectados tantos dispositivos USB 2.0
peito ao conector. Os conectores de ambos são bastante parecidos, (que aproveitam só a parte inferior) quanto USB 3.0. No entanto,
mas não são iguais. dispositivos 3.0 não poderão ser conectados em portas B 2.0:
Micro-USB 3.0
Didatismo e Conhecimento 15
INFORMÁTICA
O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma variação Merece destaque ainda o aspecto da alimentação elétrica:
(USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais para alimen- o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na transferência de
tação elétrica e outro associado a este que serve como “fio terra”, energia, indicando que dispositivos mais exigentes poderão ser ali-
permitindo o fornecimento de até 1000 miliampéres a um dispo- mentados por portas do tipo. Monitores de vídeo e HDs externos
sitivo. são exemplos: não seria ótimo ter um único cabo saindo destes
Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite definido, dispositivos?
no entanto, testes efetuados por algumas entidades especialistas A indústria trabalha com a possiblidade de os primeiros equi-
(como a empresa Cable Wholesale) recomendam, no máximo, até pamentos baseados em USB 3.1 começarem a chegar ao mercado
3 metros para total aproveitamento da tecnologia, mas esta medida no final de 2014. Até lá, mais detalhes serão revelados.
pode variar de acordo com as técnicas empregadas na fabricação. Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados
No que se refere à transmissão de dados em si, o USB 3.0 faz Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra novidade
esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre dispositivos para a versão 3.1 da tecnologia: um conector chamado (até agora,
conectados, é possível o envio e o recebimento simultâneo de da- pelos menos) de tipo C que permitirá que você conecte um cabo à
dos. No USB 2.0, é possível apenas um tipo de atividade por vez. entrada a partir de qualquer lado.
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no controle Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou pen-
do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a máquina na qual drive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou e somente
os dispositivos são conectados, se comunica com os aparelhos de então percebe que o conectou incorretamente? Com o novo co-
maneira assíncrona, aguardando estes indicarem a necessidade de nector, este problema será coisa do passado: qualquer lado fará o
transmissão de dados. No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa dispositivo funcionar.
contínua”, onde o host necessita enviar sinais constantemente para Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhante aos
saber qual deles necessita trafegar informações. conectores Lightning existentes nos produtos da Apple. Tal como
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto o host estes, o conector tipo C deverá ter também dimensões reduzidas,
quanto os dispositivos conectados podem entrar em um estado de o que facilitará a sua adoção em smartphones, tablets e outros dis-
economia em momentos de ociosidade. Além disso, no USB 2.0, positivos móveis.
os dados transmitidos acabam indo do host para todos os disposi- Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C não será
tivos conectados. No USB 3.0, essa comunicação ocorre somente compatível com as portas dos padrões anteriores, exceto pelo uso
com o dispositivo de destino. de adaptadores. É importante relembrar, no entanto, que será pos-
sível utilizar os conectores já existentes com o USB 3.1.
Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 A USB.org promete liberar mais informações sobre esta novi-
dade em meados de 2014.
Em determinados equipamentos, especialmente laptops, é co-
mum encontrar, por exemplo, duas portas USB 2.0 e uma USB 3.0. Firewire
Quando não houver nenhuma descrição identificando-as, como sa-
ber qual é qual? Pela cor existente no conector. O barramento firewire, também conhecido como IEEE 1394
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa parte dos ou como i.Link, é um barramento de grande volume de transfe-
fabricantes segue a recomendação de identificar os conectores rência de dados entre computadores, periféricos e alguns produtos
USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal como informado eletrônicos de consumo. Foi desenvolvido inicialmente pela Apple
anteriormente. Nas portas USB 2.0, por sua vez, os conectores são como um barramento serial de alta velocidade, mas eles estavam
pretos ou, menos frequentemente, brancos. muito à frente da realidade, ainda mais com, na época, a alternati-
va do barramento USB que já possuía boa velocidade, era barato
USB 3.1: até 10 Gb/s e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple, mesmo
incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por algum tempo,
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especificações fi- a realidade “de fato”, era a não existência de utilidade para elas
nais do USB 3.1 (também chamado deSuperSpeed USB 10 Gbps), devido à falta de periféricos para seu uso. Porém o desenvolvi-
uma variação do USB 3.0 que se propõe a oferecer taxas de trans- mento continuou, sendo focado principalmente pela área de vídeo,
ferência de dados de até 10 Gb/s (ou seja, o dobro). que poderia tirar grandes proveitos da maior velocidade que ele
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcançar oferecia.
taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, afinal,
há aplicações que podem usufruir desta velocidade. É o caso de Suas principais vantagens:
monitores de vídeo que são conectados ao computador via porta • São similares ao padrão USB;
USB, por exemplo. • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do micro
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz uso de (hot-plugable);
nenhum artefato físico mais elaborado. O “segredo”, essencial- • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63 por por-
mente, está no uso de um método de codificação de dados mais ta);
eficiente e que, ao mesmo tempo, não torna a tecnologia signifi- • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
cantemente mais cara. • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conectores e vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de dispositivo, etc;
cabos das especificações anteriores, assim como com dispositivos • Totalmente Digital (sem a necessidade de conversores analó-
baseados nestas versões. gico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
Didatismo e Conhecimento 16
INFORMÁTICA
• Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexível,
barato e simples;
• Como é um barramento serial, permite conexão bem facilita-
da, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessidade de conexão
ao micro (somente uma ponta é conectada no micro).
A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de haver
distorções no sinal, porém, restringindo a velocidade do barramen-
to podem-se alcançar maiores distâncias de cabo (até 14 metros).
Lembrando que esses valores são para distâncias “ENTRE PERI-
FÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO DE TRANSCEIVERS (com
transceivers a previsão é chegar a até 70 metros usando fibra ótica).
O barramento firewire permite a utilização de dispositivos de
diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200 Mb/s) no mesmo
barramento. Conector e placa de vídeo com conexão VGA
O suporte a esse barramento está nativamente em Macs, e em
PCs através de placas de expansão específicas ou integradas com Conector DVI (Digital Video Interface)
placas de captura de vídeo ou de som.
Os principais usos que estão sendo direcionados a essa inter- Os conectores DVI são bem mais recentes e proporcionam
face, devido às características listadas, são na área de multimídia, qualidade de imagem superior, portanto, são considerados subs-
especialmente na conexão de dispositivos de vídeo (placas de cap- titutos do padrão VGA. Isso ocorre porque, conforme indica seu
tura, câmeras, TVs digitais, setup boxes, home theather, etc). nome, as informações das imagens podem ser tratadas de maneira
totalmente digital, o que não ocorre com o padrão VGA.
INTERFACE DE VIDEO
Didatismo e Conhecimento 17
INFORMÁTICA
O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI é com-
posto, basicamente, por quatro pares de fios trançados, sendo um
par para cada cor primária (vermelho, verde e azul) e um para o
sincronismo. Os conectores, por sua vez, variam conforme o tipo
do DVI, mas são parecidos entre si, como mostra a imagem a se-
guir:
Component Video
Didatismo e Conhecimento 18
INFORMÁTICA
Tecnologias LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de cristal
CRT líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a tela é com-
posta por cristais que são polarizados para gerar as cores.
Tem como vantagens:
• O baixo consumo de energia;
• As dimensões e peso reduzidas;
• A não-emissão de radiações nocivas;
• A capacidade de formar uma imagem praticamente per-
feita, estável, sem cintilação, que cansa menos a visão - desde que
esteja operando na resolução nativa;
As maiores desvantagens são:
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tenderá a im-
pactar cada vez menos no custo final do produto, à medida que o
Monitor CRT da marca LG. mesmo se for popularizando);
CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de raios • o fato de que, ao trabalhar em uma resolução diferente
catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela é repetidamente daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD utiliza vários
atingida por um feixe de elétrons, que atuam no material fosfores- artifícios de composição de imagem que acabam degradando a
cente que a reveste, assim formando as imagens. qualidade final da mesma; e
• o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o que con-
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: fere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado, não apresentan-
• longa vida útil; do desta forma um preto real similar aos oferecidos nos monitores
• baixo custo de fabricação; CRTs;
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e • o contraste não é muito bom como nos monitores CRT
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar em ou de Plasma, assim a imagem fica com menos definição, este as-
diversas resoluções, sem que ocorram grandes distorções na ima- pecto vem sendo atenuado com os novos paineis com iluminação
gem). por leds e a fidelidade de cores nos monitores que usam paineis
do tipo TN (monitores comuns) são bem ruins, os monitores com
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: paineis IPS, mais raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de
• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polegadas pode cores, chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de 20 kg); • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cristal lí-
• o consumo elevado de energia; quido da tela do monitor for danificado e ficar exposto ao ar, pode
• seu efeito de cintilação (flicker); e emitir alguns compostos tóxicos, tais como o óxido de zinco e o
• a possibilidade de emitir radiação que está fora do espec- sulfeto de zinco; este será um problema quando alguns dos mo-
tro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de longos períodos nitores fabricados hoje em dia chegarem ao fim de sua vida útil
de exposição. Este último problema é mais frequentemente cons- (estimada em 20 anos).
tatado em monitores e televisores antigos e desregulados, já que • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, diferente
atualmente a composição do vidro que reveste a tela dos monitores de um monitor CRT, apresenta limitação com relação ao ângulo
detém a emissão dessas radiações. em que a imagem pode ser vista sem distorção. Isto era mais sen-
• Distorção geométrica. sível tempos atrás quando os monitores LCDs eram de tecnologia
passiva, mas atualmente apresentam valores melhores em torno
LCD de 160º.
Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda de mo-
nitores e televisores LCD vem crescendo bastante.
Didatismo e Conhecimento 19
INFORMÁTICA
LED
Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o mes-
mo mecanismo básico de um LCD, mas com iluminação LED. Ao
invés de uma única luz branca que incide sobre toda a superfície
da tela, encontra-se um painel com milhares de pequenas luzes co-
loridas que acendem de forma independente. Em outras palavras,
aplica-se uma tecnologia similar ao plasma a uma tela de LCD.
Porta Paralela
A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas portas pa-
ralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e, como tal, tem
um desempenho superior em relação às portas série. No caso desta
norma, são enviados 8 bits de cada vez, o que faz com que a sua ca-
pacidade de transmisssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada
As portas são, por definição, locais onde se entra e sai. Em para ligar impressoras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.
termos de tecnologia informática não é excepção. As portas são
tomadas existentes na face posterior da caixa do computador, às Porta USB (Universal Serial Bus)
quais se ligam dispositivos de entrada e de saída, e que são direc- Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, Intel,
tamente ligados à motherboard . Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir conectar pe-
Estas portas ou canais de comunicação podem ser: riféricos por fora da caixa do computador, sem a necessidade de
* Porta Dim instalar placas e reconfigurar o sistema. Computadores equipados
* Porta PS/2 com USB vão permitir que os periféricos sejam automaticamente
* Porta série configurados assim que estejam conectados fisicamente, sem a ne-
* Porta Paralela cessidade de reboot ou programas de setup. O número de acessó-
* Porta USB rios ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso um
* Porta FireWire periférico de expansão.
A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o computador
Porta DIM ligado. O barramento USB promete acabar com os problemas de
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram ligados os IRQs e DMAs.
teclados dos computadores da geração da Intel 80486, por exem- O padrão suportará acessórios como controles de monitor,
plo. Como se tratava apenas de ligação para teclados, existia só acessórios de áudio, telefones, modems, teclados, mouses, drives
uma porta destas nas motherboards. Nos equipamentos mais re- de CD ROM, joysticks, drives de fitas e disquetes, acessórios de
centes, os teclados são ligados às portas PS/2. imagem como scanners e impressoras. A taxa de dados de 12 me-
Didatismo e Conhecimento 20
INFORMÁTICA
gabits/s da USB vai acomodar uma série de periféricos avançados, executar várias tarefas ao mesmo tempo. Quando um computador
incluindo produtos baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e necessita permitir usuários simultâneos e trabalhos múltiplos, os
interfaces de baixo custo para ISDN (Integrated Services Digital profissionais da tecnologia de informação (TI) procuram utilizar
Network) e PBXs digital. computadores mais rápidos e que tenham sistemas operacionais
robustos, um pouco diferente daqueles que os usuários comuns
usam.
Os Arquivos
Didatismo e Conhecimento 21
INFORMÁTICA
Termos Básicos
Didatismo e Conhecimento 22
INFORMÁTICA
Ícones
Barra de tarefas
Logon e Logoff
Abre uma janela onde você poderá optar por fazer logoff ou
mudar de usuário. Veja a função de cada um:
• Trocar usuário: Clicando nesta opção, os programas que
o usuário atual está usando não serão fechados, e uma janela com
os nomes dos usuários do computador será exibida para que a troca
de usuário seja feita. Use esta opção na seguinte situação: Outro
usuário vai usar o computador, mas depois você irá continuar a
Didatismo e Conhecimento 23
INFORMÁTICA
usá-lo. Então o Windows não fechará seus arquivos e programas, e mos com imagens. As pessoas que trabalham com criação de pági-
quando você voltar ao seu usuário, a área de trabalho estará exata- nas para a Internet utilizam o acessório Bloco de Notas, que é um
mente como você deixou. editor de texto muito simples. Assim, vimos duas aplicações para
• Fazer logoff: este caso é também para a troca de usuário. dois acessórios diferentes.
A grande diferença é que, ao efetuar o logoff, todos os programas A pasta acessória é acessível dando-se um clique no botão Ini-
do usuário atual serão fechados, e só depois aparece a janela para ciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas
escolha do usuário. e, no submenu que aparece, escolha Acessórios.
Desligando o Windows XP
Didatismo e Conhecimento 24
INFORMÁTICA
Janela do Windows Explorer
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mo-
ver arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe o
conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas) Para
abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção To-
dos os Programas / acessórios e clique sobre Windows Explorer ou
clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione
a opção Explorar.
3. Dê um clique sobre a pasta Windows. Ela será aberta como Preste atenção na Figura da página anterior que o painel da
uma janela cujo título é Windows, mostrando todas as pastas (“ga- esquerda na figura acima, todas as pastas com um sinal de + (mais)
vetas”) e ícones de arquivos existentes na pasta Windows. indicam que contêm outras pastas. As pastas que contêm um sinal
de - (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos vi-
Criando pastas sualizando as subpastas).
Como já mencionado anteriormente, as pastas servem para
organizar o disco rígido. Para conseguirmos esta organização, é
necessário criarmos mais pastas e até mesmo subpastas destas.
Windows Explorer
Didatismo e Conhecimento 25
INFORMÁTICA
Lixeira do Windows
WordPad
Esvaziando a Lixeira
Ao Esvaziar a Lixeira, você está excluindo definitivamen-
te os arquivos do seu Disco Rígido. Estes não poderão mais ser Barra Padrão
mais recuperados pelo Windows. Então, esvazie a Lixeira somente
quando tiver certeza de que não precisa mais dos arquivos ali en- Na barra Padrão, é aonde encontramos os botões para as tare-
contrados. fas que executamos com mais frequência, tais como: Abrir, salvar,
1. Abra a Lixeira Novo documento, imprimir e etc.
2. No menu ARQUIVO, clique em Esvaziar Lixeira.
Você pode também esvaziar a Lixeira sem precisar abri-la,
para tanto, basta clicar com o botão DIREITO do mouse sobre o
ícone da Lixeira e selecionar no menu de contexto Esvaziar Li-
xeira.
Didatismo e Conhecimento 26
INFORMÁTICA
Funções dos botões: Calculadora
1. Novo documento
2. Abrir documento A calculadora do Windows contém muito mais recursos do
3. Salvar que uma calculadora comum, pois além de efetuar as operações
4. Visualizar básicas, pode ainda trabalhar como uma calculadora científica.
5. Localizar (esmaecido) Para abri-la, vá até acessórios.
6. Recortar (esmaecido) A Calculadora padrão contém as funções básicas, enquanto
7. Copiar (esmaecido) a calculadora cientifica é indicada para cálculos mais avançados.
8. Colar Para alternar entre elas clique no menu Exibir
9. Desfazer
10. Inserir Data/Hora Ferramentas do sistema
Barra de formatação O Windows XP trás consigo uma serie de programas que nos
Logo abaixo da barra padrão, temos a barra de Formatação, ajudam a manter o sistema em bom funcionamento. Esses progra-
ela é usada para alterar o tipo de letra (fonte), tamanho, cor, estilo, mas são chamados de Ferramentas do Sistema. Podemos acessa
disposição de texto e etc. -los através do Menu Acessórios, ou abrindo Meu Computador e
clicando com o botão direito do mouse sobre a unidade de disco
a ser verificada, no menu de contexto, selecione a opção proprie-
dades:
Funções dos botões:
1. Alterar fonte
2. Alterar tamanho da fonte
3. Lista de conjunto de caracteres do idioma
4. Negrito
5. Itálico
6. Sublinhado
7. Cor da fonte
8. Texto alinhado á esquerda
9. Texto Centralizado
10. Texto alinhado a direita
11. Marcadores
Formatando o texto
Para que possamos formatar (alterar a forma) de um texto
todo, palavras ou apenas letras, devemos antes de tudo selecionar
o item em que iremos aplicar a formatação. Para selecionar, man-
tenha pressionado o botão esquerdo do mouse e arraste sobre a(s)
palavra(s) ou letra(s) que deseja alterar: Na janela de Propriedades do Disco, clique na guia Ferramentas:
Feito isto, basta apenas alterar as propriedades na barra de Nesta janela, temos as seguintes opções:
formatação.
Você pode ainda formatar o texto ainda pela caixa de diálogo
para formatação, para isso clique em: Menu Formatar / Fonte, a
seguinte tela será apresentada:
Aqui, você também poderá fazer formatações do texto, bom
como colocar efeitos como Riscado e sublinhado.
Com o Neste menu (Formatar), temos também a opção de for-
matar o parágrafo, definindo os recuos das margens e alinhamento
do texto.
Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento
de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos
trabalhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de
parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em
documentos de textos.
Uma grande vantagem do Paint, é que para as pessoas que
estão iniciando no Windows, podem aperfeiçoar-se nas funções
básicas de outros programas, tais como: Abrir, salvar, novo, desfa- Verificação de erros: Ferramenta que procura no disco erros,
zer. Além de desenvolver a coordenação motora no uso do mouse. defeitos ou arquivos danificados.
Didatismo e Conhecimento 27
INFORMÁTICA
Desfragmentação: Quando o Windows grava um arquivo no Para a área de trabalho, Meu Computador e Windows Ex-
Disco, ele o grava em partes separadas, quando precisar abrir esse plorer
mesmo arquivo, o próprio Windows levará mais tempo, pois preci-
sa procurar por todo o disco. Usando esta ferramenta, ele ajusta o Quando um item está selecionado, você pode usar as seguintes
disco e torna o computador até 20% mais rápido. teclas de atalho.
Backup: Ferramenta que cria uma cópia dos seus arquivos ou
de todo o sistema, para o case de algum problema, nada seja per- Para
dido. •Renomear um item.
Restauração do sistema: Além da ferramenta Backup, o Win- Pressione......F2
dows XP apresenta uma ferramenta mais avançada e simples de •Localizar uma pasta ou arquivo
protegem o sistema contra erros e falhas, esta ferramenta encontra- Pressione......F3
se em Acessórios / ferramentas do sistema. •Excluir imediatamente sem colocar o item na Lixeira
Você pode usar a restauração do sistema para desfazer altera- Pressione......SHIFT+DEL
ções feitas no computador e restaurar configurações e o desempe- •Exibir as propriedades do item
nho. A restauração do sistema retorna o computador a uma etapa Pressione......ALT+ENTER OU ALT+clique duplo
anterior (ponto de restauração) sem que você perca trabalhos re- •Copiar um arquivo
centes, como documentos salvos, e-mail ou listas de histórico e de Pressione......CTRL enquanto arrasta o arquivo
favoritos da internet. •Criar atalho
As alterações feitas pela restauração do sistema são totalmen- Pressione......CTRL+SHIFT enquanto arrasta um arquivo
te reversíveis. O Computador cria automaticamente pontos de res- Meu Computador
tauração, mas você também pode usar a restauração do sistema Para
para criar seus próprios pontos de restauração. Isso é útil se você •Selecionar tudo
estiver prestes a fazer uma alteração importante no sistema, como Pressione......CTRL+A
a instalação de um novo programa ou alterações no registro. •Atualizar uma janela.
Pressione......F5
OS SEGUINTES ATALHOS PODEM SER USADOS •Exibir a pasta um nível
COM O WINDOWS Pressione......BACKSPACE
•Fechar a pasta selecionada e todas as pastas pai
Teclas Gerais do Windows Pressione......SHIFT enquanto clica no botão “Fechar”
Somente para o Windows Explorer
Para •Ir Para
•Consultar a Ajuda sobre o item selecionado na caixa de diá- Pressione......CTRL+G
logo •Alternar entre os painéis esquerdo e direito
Pressione......F1 Pressione......F6
•Fechar um programa. •Expandir todas as subpastas sob a pasta selecionada
Pressione......ALT+F4 Pressione......NUMLOCK+ ASTERISCO (* no teclado nu-
•Exibir o menu de atalhos para o item selecionado mérico)
Pressione......ESHIFT+F10 •Expandir a pasta selecionada
•Exibir o menu Iniciar Pressione......NUMLOCK+SINAL DE ADIÇÃO (+ no tecla-
Pressione......CTRL+ESC do numérico)
•Alternar para a janela anterior. Ou alternar para a próxima •Ocultar a pasta selecionada.
janela mantendo pressionada a Pressione......NUMLOCK+SINAL DE SUBTRAÇÃO no te-
tecla ALT enquanto pressiona TAB repetidamente clado numérico)
Pressione......ALT+TAB •Expandir a seleção atual se estiver oculta; caso contrário, se-
•Recortar. lecionar a primeira subpasta
Pressione......CTRL+X Pressione......SETA À DIREITA
•Copiar •Expandir a seleção atual se estiver expandida; caso contrário,
Pressione......CTRL+C selecionar a pasta pai
•Colar Pressione......SETA À ESQUERDA
Pressione......CTRL+V
•Excluir Para caixas de diálogo de propriedades
Pressione......DEL
•Desfazer Para
Pressione......CTRL+Z •Mover-se entre as opções, para frente
•Ignorar a auto - execução ao inserir um CD Pressione......TAB
Pressione......SHIFT enquanto insere o CD-ROM •Mover-se entre as opções, para traz
Pressione......SHIFT+TAB
•Mover-se entre as guias, para frente
Pressione......CTRL+TAB
Didatismo e Conhecimento 28
INFORMÁTICA
•Mover-se entre as guias, para traz
Pressione......CTRL+SHIFT+TAB
Para caixas de diálogo Abrir e Salvar Como
Para
•Abrir a lista “Salvar em” ou “Procurar em”
Pressione......F4
•Atualizar
Pressione......F5
•Abrir a pasta um nível acima, se houver uma pasta selecio-
nada
Pressione......BACKSPACE
Propriedades
Se clicarmos o botão direito do mouse sobre qualquer parte da
Área de Trabalho (ou pelo Painel de Controle/Aparência e temas/ Proteção de tela:
Vídeo), aparecerá uma janela e, com ela, poderemos personalizar Também pode ser chamada pelo termo em inglês “Screen Sa-
a área de trabalho. ver”. A proteção de tela é um tipo de animação que aparece na tela
do computador, quando você o deixa ligado, sem mexer nele por
alguns minutos. Existem vários tipos de protetores de telas, alguns
já vêm com o Windows e outros são programas adicionais que
você instala no seu computador.
Quando o Protetor de tela estiver funcionando, e você quiser
voltar a usar o computador, asta mexer no mouse ou apertar uma
tecla, para que ele desapareça da tela.
Opção Propriedade:
Quando você escolhe a opção PROPRIEDADES, você pode
alterar o visual da área de trabalho mudando as cores, os tipos de
letras e outras coisas. A tela abaixo irá aparecer:
Didatismo e Conhecimento 29
INFORMÁTICA
Aparência: usando uma. A pasta “Impressoras” possui a lista de drivers de
Modifica a aparência da tela, mudando as cores, fontes, tama- impressoras instalados em seu computador. Mas, ainda na janela
nhos das janelas, dos ícones, área de trabalho, etc... “Meu Computador”, você encontrará outras pastas. Se você der
um duplo-clique no ícone que representa o drive C (disco rígido)
você verá uma lista muito maior de pastas que dependerá inteira-
mente da forma como os documentos foram organizados no disco.
Como você pode perceber, a sua área de trabalho será organi-
zada através das pastas que você criar, e essas pastas poderão ter
tanto os seus documentos como as suas ferramentas de trabalho
(aplicativos).
O CONCEITO DE CAMINHO
A estrutura de pastas dentro de um computador é como uma
árvore, com pastas principais ramificando-se em pastas menores.
As pastas podem estar dentro de outras pastas para criar um
nível mais profundo na organização de seu disco, como um armá-
rio que pode ter gavetas e, dentro destas, divisórias para separar
as peças de roupa. Portanto, as pastas ficam organizadas em uma
forma hierárquica, como já foi mencionado. Em termos lógicos,
cada item em um nível hierárquico inferior pertence ao item que
AS PASTAS o contém.
Essa forma hierárquica mostra que para se chegar a um de-
O Windows usa pastas para agrupar aplicações, documentos terminado item, deve-se percorrer um determinado caminho, que
(arquivos) e, também, para unir recursos. Os ícones de pastas são corresponde à posição desse item dentro da estrutura de pastas.
usados para representar esses grupos e, portanto, serão comenta- Por exemplo, a figura exibe a barra de título da janela “Explo-
dos em diferentes áreas desse texto. rando” quando você consulta a pasta “Acessórios” que foi criada
Criar, apagar, mover e copiar pastas serão tarefas que você na instalação de Windows.
fará constantemente em Windows.
Assim, para que você realmente saiba quem são essas pastas
relacionaram-se vários exemplos delas.
O primeiro exemplo é a pasta “Acessórios”, que contém to-
dos os ícones de aplicativos de acessórios que são instalados com Se a barra de título de “Windows Explorer” estiver mostrando
Windows, a saber: apenas a pasta atualmente selecionada, clique no menu “Exibir”,
• WordPad, escolha o comando “Opções de pasta”, clique na guia “Modos de
• Paint, exibição” e, ative a opção “Exibir caminho completo na barra de
• Calculadora, títulos”.
• Bloco de Notas, entre outros. A \ (barra invertida) é usada para separar as subpastas e com-
por o caminho.
Nesse caso, a pasta agrupa aplicações. Veja a seguir um exemplo de caminho:
Ao clicar no botão “Iniciar”, o menu “Iniciar” será apresen- C:\EXCEL\EXCEL1\JANEIRO\LANÇAMENTO DE EN-
tado. Nesse menu, você encontrará alguns submenus que, na rea- TRADAS
lidade, representam pastas. Se você apontar com o mouse para o Esse caminho mostra que o arquivo “LANÇAMENTO DE
submenu “Programas”, será apresentada uma lista de pastas que ENTRADAS”, se encontra na pasta “JANEIRO” que hierarqui-
podem conter outras pastas ou conter ícones de aplicações. Apon- camente está subordinada à pasta “EXCEL1” e este à pasta “EX-
tar para o submenu “Acessórios” exibirá todos os ícones de aplica- CEL” na unidade de disco C.
ção que estão nessa pasta, e outras pastas, a saber: Se você clicar duas vezes na unidade de disco C da janela
• Fax, “Windows Explorer”, você verá as pastas de seu computador exi-
• Ferramentas do Sistema, bidas através de ramificações, onde uma pasta principal ramifica-
• Jogos, se em outras pastas menores.
• Entretenimento.
Didatismo e Conhecimento 30
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 31
INFORMÁTICA
Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou movimentar.
Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de destino.
Solte o botão do mouse caso seja uma movimentação, ou se-
gure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso seja uma cópia.
Didatismo e Conhecimento 32
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 33
INFORMÁTICA
Criar uma nova biblioteca. Existem quatro bibliotecas padrão
(Documentos, Músicas, Imagens e Vídeos), mas você pode criar
novas bibliotecas para outras coleções.
Organizar itens por pasta, data e outras propriedades. Os itens
em uma biblioteca podem ser organizados de diferentes maneiras,
usando o menu Organizar por, localizado no painel de bibliote-
cas (acima da lista de arquivos) de qualquer biblioteca aberta. Por
exemplo, você pode organizar sua biblioteca de músicas por ar-
tista para encontrar rapidamente uma música de um determinado
artista.
Incluir ou remover uma pasta. As bibliotecas reúnem conteú-
do a partir das pastas incluídas ou dos locais de bibliotecas.
Alterar o local de salvamento padrão. O local de salvamento
padrão determina onde um item é armazenado quando é copiado,
movido ou salvo na biblioteca.
Didatismo e Conhecimento 34
INFORMÁTICA
pode usar a pasta Computador para pesquisar pastas e subpastas. que você começa a digitar. Portanto, quando você digitar B, por
Para obter mais informações, consulte Trabalhando com o painel exemplo, todos os arquivos cujos nomes iniciarem com a letra B
de navegação. aparecerão na lista de arquivos. Para obter mais informações, con-
sulte Localizar um arquivo ou uma pasta.
Botões Voltar e Avançar
Painel de detalhes
Use os botões Voltar e Avançar para navegar para outras pastas
ou bibliotecas que você já tenha aberto, sem fechar, na janela atual. Use o painel de detalhes para ver as propriedades mais co-
Esses botões funcionam juntamente com a barra de endereços. De- muns associadas ao arquivo selecionado. Propriedades do arquivo
pois de usar a barra de endereços para alterar pastas, por exemplo, são informações sobre um arquivo, tais como o autor, a data da
você pode usar o botão Voltar para retornar à pasta anterior. última alteração e qualquer marca descritiva que você possa ter
adicionado ao arquivo. Para obter mais informações, consulte Adi-
Barra de ferramentas cionar marcas e outras propriedades a arquivos.
Use a barra de ferramentas para executar tarefas comuns, como Painel de visualização
alterar a aparência de arquivos e pastas, copiar arquivos em um CD
ou iniciar uma apresentação de slides de imagens digitais. Os botões Use o painel de visualização para ver o conteúdo da maioria
da barra de ferramentas mudam para mostrar apenas as tarefas que dos arquivos. Se você selecionar uma mensagem de e-mail, um
são relevantes. Por exemplo, se você clicar em um arquivo de ima- arquivo de texto ou uma imagem, por exemplo, poderá ver seu
gem, a barra de ferramentas mostrará botões diferentes daqueles que conteúdo sem abri-lo em um programa. Caso não esteja vendo o
mostraria se você clicasse em um arquivo de música. painel de visualização, clique no botão Painel de visualização
na barra de ferramentas para ativá-lo.
Barra de endereços
Exibindo e organizando arquivos e pastas
Use a barra de endereços para navegar para uma pasta ou bi-
blioteca diferente ou voltar à anterior. Para obter mais informa- Quando você abre uma pasta ou biblioteca, pode alterar a
ções, consulte Navegar usando a barra de endereços. aparência dos arquivos na janela. Por exemplo, talvez você prefi-
ra ícones maiores (ou menores) ou uma exibição que lhe permita
Painel de biblioteca ver tipos diferentes de informações sobre cada arquivo. Para fazer
esses tipos de alterações, use o botão Modos de Exibição na
O painel de biblioteca é exibido apenas quando você está em barra de ferramentas.
uma biblioteca (como na biblioteca Documentos). Use o painel de Toda vez que você clica no lado esquerdo do botão Modos
biblioteca para personalizar a biblioteca ou organizar os arquivos de Exibição, ele altera a maneira como seus arquivos e pastas são
por propriedades distintas. Para obter mais informações, consulte exibidos, alternando entre cinco modos de exibição distintos: Íco-
Trabalhando com bibliotecas. nes grandes, Lista, um modo de exibição chamado Detalhes, que
mostra várias colunas de informações sobre o arquivo, um modo
Títulos de coluna de exibição de ícones menores chamado Lado a lado e um modo
de exibição chamado Conteúdo, que mostra parte do conteúdo de
Use os títulos de coluna para alterar a forma como os itens na dentro do arquivo.
lista de arquivos são organizados. Por exemplo, você pode clicar Se você clicar na seta no lado direito do botão Modos de Exi-
no lado esquerdo do cabeçalho da coluna para alterar a ordem em bição, terá mais opções. Mova o controle deslizante para cima ou
que os arquivos e as pastas são exibidos ou pode clicar no lado para baixo para ajustar o tamanho dos ícones das pastas e dos ar-
direito para filtrar os arquivos de maneiras diversas. (Observe que quivos. Você poderá ver os ícones alterando de tamanho enquanto
os cabeçalhos de coluna só estão disponíveis no modo de exibição move o controle deslizante.
Detalhes. Para aprender como alternar para o modo de exibição
Detalhes, consulte ‘Exibindo e organizando arquivos e pastas’
mais adiante neste tópico).
Lista de arquivos
A caixa de pesquisa
Didatismo e Conhecimento 35
INFORMÁTICA
As opções do botão Modos de Exibição Em seguida, arraste a pasta ou o arquivo da primeira pasta
para a segunda. Isso é tudo.
Em bibliotecas, você pode ir além, organizando seus arquivos
de diversas maneiras. Por exemplo, digamos que você deseja or-
ganizar os arquivos na biblioteca Músicas por gênero (como Jazz
e Clássico):
Clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Músicas.
No painel da biblioteca (acima da lista de arquivos), clique no
menu próximo a Organizar por e em Gênero.
Localizando arquivos
Didatismo e Conhecimento 36
INFORMÁTICA
Quando você exclui um arquivo, ele é armazenado temporariamente na Lixeira. Pense nela como uma rede de segurança que lhe permite
recuperar pastas ou arquivos excluídos por engano. De vez em quando, você deve esvaziar a Lixeira para recuperar o espaço usado pelos
arquivos indesejados no disco rígido.
Para abrir um arquivo, clique duas vezes nele. Em geral, o arquivo é aberto no programa que você usou para criá-lo ou alterá-lo. Por
exemplo, um arquivo de texto será aberto no seu programa de processamento de texto.
Mas nem sempre é o caso. O clique duplo em um arquivo de imagem, por exemplo, costuma abrir um visualizador de imagens. Para
alterar a imagem, você precisa usar um programa diferente. Clique com o botão direito do mouse no arquivo, clique em Abrir com e no
nome do programa que deseja usar.
CONCEITOS E FUNÇÕES DE
APLICATIVOS DAS VERSÕES DO
MS OFFICE: EDITORES DE TEXTO,
PLANILHAS ELETRÔNICAS,
APRESENTAÇÕES DE SLIDES.
O Word 2007 é um processador de texto, constituindo uma poderosa ferramenta de auxílio à elaboração de documentos.
Com este aplicativo, você pode criar uma grande diversidade de documentos, utilizando recursos como tabelas, gráficos, índices, ima-
gens, som, vídeo e texto em colunas entre muitos outros.
Nesta nova versão, o Word surge com uma nova interface, em que os tradicionais menus de opções desaparecem e dão lugar a uma
faixa de opções com diversas guias, onde podemos encontrar, mais facilmente, os comandos necessários para executar as tarefas que nos
propomos realizar.
Didatismo e Conhecimento 37
INFORMÁTICA
Menu – Clicando sobre o Botão Office , no canto superior esquerdo, aparecerão funções como Salvar, Imprimir e Fechar entre
outras, que são as principais ações de controle da janela do Word.
Do lado direito do Botão Office , você poderá personalizar a Barra de ferramentas de acesso rápido, clicando na Caixa de lista-
gem (lista de opções disponíveis) .
Para ativar ou desativar um comando, basta clicar sobre ele.
Didatismo e Conhecimento 38
INFORMÁTICA
Barra de Título – Mostra o título do programa e o nome do Abaixo da barra de rolagem, há botões para tornar essa nave-
documento (arquivo) que está aberto. gação mais rápida:
Barra de rolagem – As barras de rolagem permitem que você As opções são as seguintes:
navegue pelo documento, quando a página for maior que a tela,
clicando sobre as setas ou arrastando o botão de rolagem.
Didatismo e Conhecimento 39
INFORMÁTICA
Dica!
A forma mais rápida de encerrar o Word é clicar no controle
Fechar, em sua janela
Didatismo e Conhecimento 40
INFORMÁTICA
1.4 Entendendo melhor o menu do Word
Vamos, agora, trabalhar com cada uma das opções do menu do Word, visualizadas ao clicar no Botão Office:
Essa opção abre uma janela como a ilustrada na figura abaixo. Nela, você pode escolher um modelo (layout) para o novo documento.
O modelo padrão é Documento em branco.
Adicionando texto
No documento criado, vamos inserir um pequeno texto, que será utilizado posteriormente para praticarmos os demais comandos. O
Word apresenta um grande número de configurações que eliminam a necessidade de atentar para como o texto vai ficar na página, dife-
rentemente do tempo da máquina de escrever. Ao começar a digitar, o cursor se movimenta para a direita, e os caracteres que você digita
vão aparecendo à esquerda dele. Digite o texto abaixo e não se preocupe em como fazer o cursor passar para a linha seguinte. Isso é feito
automaticamente e se chama rearranjo de linhas.
Didatismo e Conhecimento 41
INFORMÁTICA
Usando a tecla ENTER para criar uma nova linha
Observe que, ao chegar ao final da linha de texto, o cursor vai automaticamente para a linha seguinte.
Para fazer o cursor passar para a próxima linha antes que ele atinja a margem direita, é necessário pressionar a tecla ENTER.
Você só precisará usar a tecla ENTER em duas situações:
• Para terminar um parágrafo.
• Para criar uma linha em branco entre parágrafos, figuras, gráficos etc.
Para salvar (gravar) um documento, clique no Botão Office e, em seguida, em Salvar. Vale lembrar que o documento é salvo com as
alterações feitas até o momento da ação de salvar, isto é, tudo o que você fizer depois dela não estará salvo, enquanto não clicar novamente
em Salvar.
Quando você fechar e abrir o arquivo novamente, ele estará da forma como estava quando foi salvo pela última vez. O arquivo terá a
extensão .docx , que é inserida automaticamente pelo Word.
Dicas !
Para facilitar a busca por seus documentos, há algumas dicas quanto à nomeação de arquivos quando for salvá-los:
• Use palavras-chave que facilitem a memorização.
• Digite as iniciais em maiúsculas.
• Evite preposições entre as palavras.
• Evite acentos e cedilhas.
• Insira datas, se necessário.
Exemplo:
Para salvar um relatório semanal de atividades, um bom nome seria RelSemAtiv_12_Dez.
Nesse caso, o 12_Dez identifica a semana a que se refere o relatório, sem ser necessário abri-lo.
Vamos salvar o documento que acabamos de digitar com o nome de Parte_Pratica.
É importantíssimo o hábito de manter o documento salvo. Contudo, caso você se esqueça de salvá-lo e, por algum problema, o com-
putador se desligue ou trave inesperadamente, ainda há possibilidade de recuperar o documento, graças ao recurso Recuperação automática
de arquivos.
Como? Recuperação automática de arquivos?
Sim! Sem que você note, de tempo em tempo, automaticamente, o Word salva o arquivo, para que, em ocasiões inesperadas, você não
perca seu trabalho.
Assim, na ocasião seguinte em que você abrir o Word 2007, aparecerá uma janela com a lista de todos os documentos recuperados. Para
abrir qualquer um dos arquivos, basta clicar sobre ele.
A seguir, vamos ver alguns modelos de documentos que podem ser feitos com o auxílio do Word. Para acessá-los, clique no Botão Office
e, em seguida, no botão Novo. Após selecionar o modelo desejado, basta clicar em Baixar.
Didatismo e Conhecimento 42
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 43
INFORMÁTICA
• Impressão Rápida - Imprime diretamente, sem nenhuma
configuração.
• Visualização de Impressão – Possibilita conferir como fi-
cará impresso seu documento. Para voltar à visualização layout
de impressão, clique no botão Fechar Visualização de Impressão
Didatismo e Conhecimento 44
INFORMÁTICA
Dica
2. EDITANDO UM DOCUMENTO
Didatismo e Conhecimento 45
INFORMÁTICA
2.5.1 Alterando a fonte, a cor e o tamanho do caractere ou
texto
Didatismo e Conhecimento 46
INFORMÁTICA
Dica
Quando você seleciona um texto e passa o mouse sobre ele,
aparece uma caixa de ferramentas, com algumas opções de forma-
tação, para tornar seu trabalho mais rápido.
Didatismo e Conhecimento 47
INFORMÁTICA
-- Marcação do parágrafo
2.5.4 Utilizando a régua para definir margens e marcações -- Margem esquerda
de parágrafos -- Margem direita
1 – Margem esquerda em 0cm.
A régua é a ferramenta que de fi ne as margens do documento, 2 – Parágrafo em 2cm.
do texto selecionado e as marcações de parágrafo. 3 – Margem direita em 15cm.
Margem do documento 4 – Após o ENTER, o cursor fica automaticamente na posição
Na régua, existem marcadores que defi nem as margens es- 2cm.
querda e direita do documento. Veja a figura:
Todos os comandos vistos até agora podem ser efetuados, cli-
cando-se no Iniciador de Caixa de Diálogo do grupo Parágrafo.
Didatismo e Conhecimento 48
INFORMÁTICA
As listas podem apresentar um nível único ou vários níveis. Os símbolos disponíveis dependerão da fonte selecionada.
Na lista de nível único, todos os itens têm a mesma hierarquia e Na figura, a fonte é Wingdings. Também poderão ser adicionadas
o mesmo recuo. Já a lista de vários níveis significa que há uma imagens.
lista dentro de outra. Veja abaixo a diferença entre ambas: Para criar automaticamente listas numeradas, digite o número
1 e um ponto (1.), seguido de um espaço. O numerador padrão é
1. De modo semelhante ao anterior, ao abrir a caixa de diálogo
Numeração , você poderá utilizar um formato ou Definir Novo
Formato de Número.
Interrompendo a lista
A maneira mais fácil de interromper a criação de uma lista é
pressionar a tecla ENTER duas vezes. Ao fazer isso, você estará
pronto para iniciar um novo parágrafo em uma nova linha.
Se estiver no meio de uma lista e precisar digitar algum texto abai-
xo do marcador no mesmo nível do texto acima, use a tecla BACKSPA-
CE. Isso removerá o marcador, mas manterá o recuo de texto.
Para alinhar o novo texto abaixo do próprio marcador, e não
do texto acima, pressione BACKSPACE duas vezes. Por fi m,
para eliminar o recuo de lista, pressione BACKSPACE três vezes.
Didatismo e Conhecimento 49
INFORMÁTICA
Marcadores ou números
Se você achar que escolheu o tipo inadequado de lista, ou seja,
iniciou-a com marcadores, mas entende que números seriam me-
lhores ou vice-versa, não se preocupe.
É fácil fazer a troca. Basta clicar em qualquer lugar na lista e,
em seguida, no botão Marcadores ou Numeração , na
faixa de opções.
Curiosidade!
Esses dois botões “memorizarão” o tipo de lista utilizado pela
última vez e farão uso desse tipo, quando você clicar nesses botões
novamente.
Dica!
Para classificar uma lista após criá-la em ordem alfabética, por
exemplo, use o botão Classificar. Tenha em mente que, ao classi-
ficar uma lista numerada, somente os itens serão classificados. A
ordem numérica continuará a mesma.
Essa opção possibilita trabalhar com o seguinte:
2.5.6 Inserindo bordas e sombreamento • Bordas – Coloca borda no texto selecionado ou no pará-
Para dar destaque a palavras, parágrafos, páginas, imagens e grafo.
células (tabelas) entre outros objetos, o Word dispõe do recurso de • Borda da página – Coloca uma borda em todas as páginas
borda e de sombreamento. do documento.
Abra o arquivo Parte_Pratica e selecione o trecho “Microsoft • Sombreamento – Permite definir cor de Preenchimento e
Office Word 2007”. estilo dos padrões do texto ou parágrafo selecionado.
Dê um clique na seta que abre a caixa de diálogo do botão
Bordas e Sombreamento .
Observe que as opções apresentadas permitem colocar bordas
na parte inferior, superior etc. Clique na opção Bordas e Sombrea-
mento.
Didatismo e Conhecimento 50
INFORMÁTICA
Em seguida, clique em Recortar , no grupo Área de Transferência . Observe que a frase desaparece do texto.
Didatismo e Conhecimento 51
INFORMÁTICA
Em seguida, mova o cursor para o fim do parágrafo, onde deseja que a frase apareça e, no grupo Área de Transferência, clique em Colar
.
Dica!
Um atalho de teclado para recortar é CTRL+X e para colar é CTRL+V.
Quando você começar a editar o documento com frequência, verá como esse atalho é rápido e conveniente.
Os itens recortados ou copiados permanecem na Área de Transferência, até que você saia de todos os programas do Office ou os exclua,
clicando no item desejado e, em seguida, em Excluir ou em Limpar tudo.
Os procedimentos para copiar partes de um documento são praticamente os mesmos de recortar. A diferença é que o conteúdo será
mantido na posição original.
Selecione o trecho “obtenha ajuda”:
Em seguida, clique em Copiar , no grupo Área de Transferência. Observe que o trecho permanece no local de origem.
Em seguida, mova o cursor para o fim do parágrafo, onde deseja que a frase apareça e, no grupo Área de Transferência, clique em Colar.
Didatismo e Conhecimento 52
INFORMÁTICA
Abra o arquivo Parte_pratica e dê dois ENTER após 2007, para que a frase fique como se fosse um título. Selecione a frase como no
exemplo abaixo:
O botão Alterar Estilos permite selecionar estilos rápidos para todo o documento e não apenas para a área selecionada.
Didatismo e Conhecimento 53
INFORMÁTICA
2.10 Localizando e substituindo textos Clique em Edição e, em seguida, selecione a opção Localizar
. Observe que a palavra word já está na caixa de texto Locali-
Imagine se, em um relatório ou trabalho de escola, você tives- zar, pois o Word mantém a última pesquisa feita. Clique em Realce
se que procurar ou substituir uma palavra que aparece 50 vezes, de Leitura e em Realçar Tudo.
em diferentes pontos do texto. Isso levaria bastante tempo, não é
mesmo?
Um recurso muito útil é o de localização e substituição rápida
de uma palavra ou frase. Para isso, utilizamos os comandos do
grupo Edição, da guia Início .
Para cancelar uma pesquisa em andamento, pressione ESC . Para localizar a próxima ocorrência do texto, clique em Lo-
calizar Próxima. Caso queira substituí-la, clique em Substituir. Ao
2.10.2 Localizando e realçando um texto na tela clicar em Substituir, o cursor irá para a próxima ocorrência do tex-
Para ajudá-lo a visualizar cada ocorrência de uma palavra ou to. Para substituir todas as ocorrências, clique em Substituir Tudo.
frase no documento, é possível pesquisar todas as ocorrências e Dica!
realçá-las na tela. Apesar de o texto estar realçado na tela, ele não Digite sempre o texto de substituição em minúsculo, pois ele
fi ca realçado, quando o documento é impresso. assumirá a capitalização do texto a ser substituído.
Didatismo e Conhecimento 54
INFORMÁTICA
2.10.4 Indo para um ponto específico do documento • Proteger – Restringe a formatação e a edição do documento
Ao clicar nas opções Localizar ou Substituir , você terá aces- por parte de outros usuários, o acesso a alterações no documento a
so à guia Ir para, que, como o título sugere, permite a você ir di- pessoas específicas e a adição de comentários, mas sem alterações
retamente a um ponto do documento, que pode ser uma Página, significativas.
Seção, Linha etc.
2.11.1 Verificando e corrigindo ortografia e gramática
Por padrão, automaticamente, o Word verifica a ortografia e
a gramática, enquanto o texto é digitado. Isso evita que tenhamos
que fazer uma revisão final antes de entregar o documento a seu
destinatário. Porém, nem sempre o que o Word identifica como
erro ortográfico ou gramatical está realmente errado. Por essa ra-
zão, você pode aceitar ou não a mudança sugerida.
Digite o arquivo “Soneto_de_Fidelidade”:
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
2.10.5 Selecionando textos, objetos e formatações Que mesmo em face do maior encanto
No grupo Edição, ainda temos a opção Selecionar (fi gura Dele se encante mais meu pensamentu.
57), que permite Selecionar Tudo (seleciona todo o documento), Quero vivê-lo em cada vão momento
Selecionar Objetos (imagens, gráficos etc.) e Selecionar texto com E em seu louvor hei de espalhar meu canto
formatação semelhante (mesma fonte, cor, tamanho, etc.). E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja in fi nito enquanto dure.
Soneto de Fidelidade
Didatismo e Conhecimento 55
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 56
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 57
INFORMÁTICA
Você pode observar também que ao estar com alguma célula O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicionar e
da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA ao final, remover linhas e colunas de sua tabela.
chamada Layout, clique sobre essa ABA.
Didatismo e Conhecimento 58
INFORMÁTICA
O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento do con- Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número
teúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite mudar a direção de Página.
de seu texto. A opção Margens da Célula, permite alterar as mar-
gens das células como vimos anteriormente.
Cabeçalho e Rodapé
Didatismo e Conhecimento 59
INFORMÁTICA
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu ca- Imagens
beçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome o cui-
dado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem.
aplicará o número da página no rodapé. Podemos também aplicar Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo nome no
cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o
que ambos estejam em seções diferentes do documento. O cuidado arquivo de imagem em seu computador.
é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular
ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho,
apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
Didatismo e Conhecimento 60
INFORMÁTICA
Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem
em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e remover
uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem
com fundo transparente. A opção Compactar Imagens permite dei-
xar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
opção o Word mostra a seguinte janela:
Didatismo e Conhecimento 61
INFORMÁTICA
Clip Art
Didatismo e Conhecimento 62
INFORMÁTICA
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto
Didatismo e Conhecimento 63
INFORMÁTICA
Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar a Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas cores de
forma como será o preenchimento do gradiente. preenchimento prontas.
SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu
documento. Se você estiver usando o Office 2003 ou seu docu-
mento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse botão, ele habilita a
seguinte janela:
Didatismo e Conhecimento 64
INFORMÁTICA
O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta clicar
em um botão do mesmo nível do que será criado e clicar neste
botão. Outra forma de se criar novas caixas dentro de um mesmo
nível é ao terminar de digitar o texto pressionar ENTER. Ainda
no grupo Criar Gráfico temos os botões de Elevar / Rebaixar que
permite mudar o nível hierárquico de nosso organograma. No gru-
po Layout podemos mudar a disposição de nosso organograma. O
próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite mudar as cores
e o estilo do organograma.
WordArt
Didatismo e Conhecimento 65
INFORMÁTICA
O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos editar o Menu – Clicando sobre o Botão Office, no canto superior
texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No grupo esquerdo da janela do Excel, aparecerão funções como Salvar,
Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois Imprimir e Fechar entre outras, que são as principais ações desse
temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar e Tamanho. aplicativo.
EXCEL 2007
Didatismo e Conhecimento 66
INFORMÁTICA
Célula – Área de dados limitada por linhas e colunas. Divisores de planilha vertical e horizontal – Dividem a pla-
nilha vertical ou horizontalmente para facilitar a visualização dos
dados. Estão localizados nas barras de rolagem vertical e horizon-
tal respectivamente.
Didatismo e Conhecimento 67
INFORMÁTICA
1.3. Ajuda
Se precisar de ajuda, é só clicar no botão Ajuda , loca-
lizado no canto superior direito da janela do Excel, ou pressionar
a tecla F1. Abrir-se-á, então, uma janela, como mostra a figura:
Curiosidade!
Quando você abrir a janela de Ajuda, o Excel tentará conectar-
se automaticamente ao Office Online. Isso acontece, pois o conteú-
do online é mais completo e atualizado.
Didatismo e Conhecimento 68
INFORMÁTICA
Contudo, se você quiser usar o Conteúdo Offline, instalado Inserindo dados
junto com o Office sem a necessidade de estar conectado à Inter- Por padrão, a pasta de trabalho é criada com três planilhas.
net, basta clicar no botão Conectado ao Office Online e na opção Cada uma delas tem um nome na guia de planilha: Plan1, Plan2 e
Mostrar conteúdo apenas deste computador. Plan3. Os dados são inseridos na planilha ativa.
Para navegar entre elas, basta clicar sobre seu nome.
Vamos inserir alguns dados na pasta criada, a ser utilizada
posteriormente para praticarmos os demais comandos.
Ao começar a digitar, você verá o conteúdo na célula e na
Barra de fórmulas. Digite os dados e pressione a tecla ENTER para
mover o cursor para a célula abaixo ou a tecla TAB para mover o
cursor para a célula à direita.
Se você pressionar a tecla ESC, o conteúdo digitado será can-
celado.
Atenção!
Uma pasta de trabalho do Excel é um arquivo que contém uma
ou mais planilhas, que podem ser usadas para organizar diversos
tipos de informações relacionadas.
Didatismo e Conhecimento 69
INFORMÁTICA
Dicas!
Para facilitar a busca por seus arquivos, há algumas dicas so-
bre a nomeação deles: Abrir – Ao lado dos botões do menu, há uma área com o título
- Use palavras-chave que facilitem a memorização. Documentos
- Escreva as palavras usando iniciais maiúsculas.
- Evite preposições entre as palavras. Recentes (figura 29). Nessa área, aparecerão os últimos docu-
- Evite acentos e cedilhas. mentos acessados com o ícone no canto direito. Para fixar um
- Insira datas, quando necessário. documento na lista dos mais recentes, basta clicar neste ícone, que
Exemplo: Se você for salvar um relatório semanal de custos, apresentará a seguinte forma: ·.
um bom nome seria RelSemCustos_09_Mar.
Nesse caso, o “09_Mar” é para identificar a que semana o re-
latório se refere, sem precisar abri-lo.
É importantíssimo o hábito de manter o documento salvo. En-
tretanto, caso você se esqueça disso e, por algum problema, o com-
putador se desligue inesperadamente ou trave, ainda há o recurso
da Recuperação automática de arquivos. Ao clicar no botão Abrir, aparecerá uma janela. Nela, você
Como? Recuperação automática de arquivos? deve procurar o arquivo que deseja abrir.
Sim! Sem que você note, de tempos em tempos, o Excel 2007
salva a pasta automaticamente, para que você não corra o risco de
perder seu trabalho.
Assim, na vez seguinte em que você abri-lo, aparecerá uma
janela com a lista de todas as pastas recuperadas. Basta, então,
clicar naquela que você deseja abrir.
Usando modelos prontos para criar planilhas
A seguir, vamos ver alguns modelos de planilhas que podem
ser feitos com o auxílio do Excel. Para acessá-los, clique no Botão
Office e, em seguida, no botão Novo.
Didatismo e Conhecimento 70
INFORMÁTICA
Imprimir – Para imprimir uma planilha, é necessário ter uma Fechar – Existem várias formas de encerrar o Excel. Uma de-
impressora conectada ao computador ou a uma rede local. las é clicar no Botão Office e no botão Fechar.
Ao clicar no botão Imprimir, aparecerão três opções, como Caso haja alguma alteração em sua pasta de trabalho que não
vemos na figura: tenha sido salva, aparecerá a seguinte mensagem:
Dica!
A forma mais rápida de encerrar o Excel é clicar no controle
Fechar, em sua janela.
Lembre-se de que o primeiro controle refere-se ao programa e
• A opção Imprimir abrirá uma janela (figura 33) com configu- o segundo, à pasta de trabalho.
rações que permitirão selecionar a impressora, planilhas e páginas
a serem impressas, número de cópias etc.
Didatismo e Conhecimento 71
INFORMÁTICA
Guias de Planilha
Didatismo e Conhecimento 72
INFORMÁTICA
Se precisar selecionar células alternadamente, clique sobre a cil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar que é necessário
primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e vá clicando sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos cál-
nas que você quer selecionar. culos a referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma função de-
pende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos podem ser
números, textos, valores lógicos, referências, etc...
Operadores
Didatismo e Conhecimento 73
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 74
INFORMÁTICA
Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a soma e o intervalo de células pressione ENTER e você terá seu cálculo.
Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula onde será aplicada
a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas de grade, cor de
preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.
Didatismo e Conhecimento 75
INFORMÁTICA
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da le-
tra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que existem menos
recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas
células. Ele dividido em categorias e dentro de cada categoria ele
possui exemplos de utilização e algumas personalizações como,
por exemplo, na categoria Moeda em que é possível definir o sím-
bolo a ser usado e o número de casas decimais.
Didatismo e Conhecimento 76
INFORMÁTICA
O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente se es-
tiver centralizado entra a largura da planilha, então selecione desde
a célula A1 até a célula D1 depois clique no botão Mesclar e Cen-
tralizar centralize e aumente um pouco o tamanho da fonte.
Estilos
Didatismo e Conhecimento 77
INFORMÁTICA
Congelar Painéis
Inserção de linhas e colunas No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na
opção congelar primeira linha e mesmo que você role a tela a pri-
Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é sim- meira linha ficará estática.
ples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse em
uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima
da selecionada, no caso a coluna será adicionada à esquerda. Para
excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito
na linha ou coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que
está na ABA inicio.
Didatismo e Conhecimento 78
INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 79
INFORMÁTICA
A solução é então travar a célula dentro da formula, para isso D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação da
usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fizemos o cálculo coluna.
E4 de clique sobre ela, depois clique na barra de fórmulas sobre a $D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.
referência da célula D9.
Algumas outras funções
Didatismo e Conhecimento 80
INFORMÁTICA
Máximo Média
Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células. Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Em nossa planilha vamos utilizar essa função para saber é a Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber os
maior idade, maior peso e a maior altura. valores médios nas características de nossos atletas.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade
na linha de valores máximos E15 e monte a seguinte função =MA- na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte função =ME-
XIMO(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo DIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo
das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado. das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.
Didatismo e Conhecimento 81
INFORMÁTICA
Para exemplificar o funcionamento da função vamos acres-
centar em nossa planilha de controle de atletas uma coluna cha-
mada categoria.
Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade menor que
Vamos utilizar essa função em nossa planilha de controle de 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso categoria Profis-
atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios da planilha, sional. Então a lógica da função será que quando a Idade do atleta
deixaremos com duas casas decimais. for menor que 18 ele será Juvenil e quando ela for igual ou maior
Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos um re- que 18 ele será Profissional.
curso muito interessante do Excel que é o aninhamento de funções, Convertendo isso para a função e baseando-se que a idade do
ou seja, uma função fazendo parte de outra. primeiro atleta está na célula E4 à função ficará:
A função para o cálculo da média da Idade é =MÉDIA(E4:E13) =SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.)
clique na célula onde está o cálculo e depois clique na barra de
fórmulas.
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com isso
fizemos com que caso exista números após a vírgula o mesmo
será arredonda a somente uma casa decimal. Caso você não queira
casas decimais coloque após o ponto e vírgula o número zero.
Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em relação aos
parênteses, observe que foi aberto uma após a função ARRED e um
a pós a função MÉDIA então se deve ter o cuidado de fechá-los
corretamente. O que auxilia no fechamento correto dos parênteses
é que o Excel vai colorindo os mesmos enquanto você faz o cálculo.
Explicando a função.
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verificado
se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
“Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
Função SE “Profissional”: Valor a ser apresentado como falso. )
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do Ex- criar uma tabela em separado com a seguinte definição. Até 18
cel e provavelmente uma das mais complexas para quem está ini- anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado profis-
ciando. sional e acima dos 30 anos será considerado Master.
Esta função retorna um valor de teste_lógico que permite ava- Nossa planilha ficará da seguinte forma.
liar uma célula ou um cálculo e retornar um valor verdadeiro ou
um valor falso.
Sua sintaxe é =SE(TESTELÓGICO;VALOR VERDADEI-
RO;VALOR FALSO).
=SE - Atribuição de inicio da função;
TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na célula
quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra célula, um
caçulo, um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando o
teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo, um número
ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar Temos então agora na coluna J a referência de idade, e na
entre aspas. coluna K a
Didatismo e Conhecimento 82
INFORMÁTICA
categoria. A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)
Então agora preciso verificar a idade de acordo com o valor na onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é o
coluna J e retornar com valores verdadeiros e falsos o conteúdo da resultado calculado pela função
coluna K. A função então ficará da seguinte forma: SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de atle-
tas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo mudando-se
somente a categoria que está sendo buscada.
Didatismo e Conhecimento 83
INFORMÁTICA
Clique na faixa do grupo número na ABA Inicio, na janela que
se abre clique na categoria Hora e escolha o formato 37:30:55 esse
formato faz com que a contagem continue.
Vamos a um exemplo
Didatismo e Conhecimento 84
INFORMÁTICA
Faremos uma planilha para conversão de valores, então na Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o valor do
planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque o valore em dólar, ele atualiza na planilha resultado.
real e automaticamente ele fará a conversão para outras moedas, Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a função fica-
monte a seguinte planilha. rá da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Vamos renomear a planilha para resultado. Para poder copiar a fórmula para as demais células, bloqueie a
célula B2 que é referente ao valor em real.
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário pos-
sa manipular seja a célula onde será digitado valor em real para a
conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula
desprotegia.
Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha Plan1 e Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na
digite o novo nome. ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que se abre
Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a seguinte clique na guia Proteção.
planilha Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta
célula é a única que poderá receber dados.
Didatismo e Conhecimento 85
INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão
avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas para
criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atle-
tas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e
selecione os valores do peso.
Inserção de Objetos
Gráficos
Didatismo e Conhecimento 86
INFORMÁTICA
Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu gráfico Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a distribui-
será criado. ção dos elementos do Gráfico.
Didatismo e Conhecimento 87
INFORMÁTICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classifica-
ção, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão
Adicionar Nível e coloque Modalidade.
Dados
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que
você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com seus
dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adi-
Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que serão cionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha uma seta.
classificados.
Clique no botão Classificar. Estas setas permite visualizar somente os dados que te interes-
sam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação de atletas
do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e mar-
car somente Feminino, que os demais dados da planilha ficarão
ocultos.
Didatismo e Conhecimento 88
INFORMÁTICA
Subtotais
Podemos agrupar nossos dados através de seus valores, vamos
inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo dos atletas rela-
cionado com a idade.
Didatismo e Conhecimento 89
INFORMÁTICA
Visualização de impressão
Antes de imprimir qualquer documento, é interessante ter uma
visão de como ele ficará impresso. Além de permitir isso, a opção
Visualização de impressão possibilita a execução de vários ajustes.
Observe as opções da guia Visualização de Impressão
Didatismo e Conhecimento 90
INFORMÁTICA
POWERPOINT 2007
TELA DO POWERPOINT
5 – Faixa de Opções
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os co-
mandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são
organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está
relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição
de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são
exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferra-
mentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem é se-
lecionada.
Didatismo e Conhecimento 91
INFORMÁTICA
Para iniciar uma nova apresentação basta clicar no Botão do
Microsoft Office, e em seguida clicar em Novo .
INSERIR TEXTO
Antes de inserir o primeiro texto é necessário conhecer a apli-
cação de algumas teclas:
SELECIONAR SLIDE
Para selecionar um slide, basta clicar na guia Slide no painel
à esquerda.
LAYOUT
Para alterar o Layout do slide selecionado, basta clicar na
Guia Início e depois no botão Layout, escolha o layout desejado
clicando sobre ele.
Didatismo e Conhecimento 92
INFORMÁTICA
Com o texto selecionado, basta clicar nos botões para fazer as
alterações desejadas:
1 – Fonte
Altera o tipo de fonte
Então basta começar a digitar. 2 – Tamanho da fonte
Altera o tamanho da fonte
3 – Negrito
Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+N.
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser aciona-
do através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para desta-
cá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
FORMATAR TEXTO Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minús-
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para se- culas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minúsculas.
lecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo sobre 10 – Cor da Fonte
o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão pressio- Altera a cor da fonte.
nado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão esquerdo. 11 – Alinhar Texto à Esquerda
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através do co-
mando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando es-
paço extra entre as palavras conforme o necessário, promovendo
uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Didatismo e Conhecimento 93
INFORMÁTICA
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o sím-
bolo.
4. Selecionar o símbolo.
MARCADORES E NUMERÇÃO
Com a guia Início acionada, clicar no botão , para criar
parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de marcador cli-
car na seta.
Didatismo e Conhecimento 94
INFORMÁTICA
ABRIR ARQUIVO
Para colocar um arquivo na tela do PowerPoint, deve-se acio-
nar o Botão do Microsoft Office , e clicar em Abrir.
Na caixa de diálogo do comando Abrir, existem vários botões
que auxiliam na localização do arquivo desejado. Depois de en-
contrar o arquivo clicar em Abrir.
INSERIR FIGURAS
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar
em um desses botões:
LIMPAR FORMATAÇÃO
Para limpar toda a formatação de um texto basta selecioná-lo • Gráfico : inseri um gráfico para ilustrar e comparar da-
e clicar no botão , localizado na guia Início. dos.
SALVAR ARQUIVO
Após criar uma apresentação, é necessário efetuar a gravação • WordArt : inseri um texto com efeitos especiais.
do arquivo, essa operação é chamada de “Salvar”. Se o arquivo
não for salvo, corre-se o risco de perdê-lo por uma eventual falta CABEÇALHO E RODAPÉ
de energia, ou por outro motivo que cause a saída brusca do pro-
grama.
Para editar o cabeçalho ou rodapé do slide, basta clicar no
Para salvar o arquivo, acionar o Botão do Microsoft Office
e clicar em Salvar, ou clicar no botão .
botão , na guia Inserir. As informações serão exibidas na par-
SAIR DO POWERPOINT
Para sair do Microsoft Office PowerPoint, utilizar as seguintes
opções: te superior ou inferior de cada página impressa.
• Acionar o Botão do Microsoft Office e clicar em Sair do
PowerPoint. INSERIR TABELA
• Clicar no Botão Fechar . Para inserir ou traçar uma tabela, basta clicar no botão ,
• Pressionar as teclas ALT+F4. localizado na guia Inserir.
Se o arquivo não foi salvo ainda, ou se as últimas alterações
não foram gravadas, o PowerPoint emitirá uma mensagem, aler- ALTERAR A ORDEM DOS SLIDES
tando- o do fato. Para alterar a ordem dos slides:
• Selecionar a guia Slides (no painel à esquerda),
Didatismo e Conhecimento 95
INFORMÁTICA
ALTERAR PLANO DE FUNDO
Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar com o
botão direito do mouse sobre ele, e em seguida clicar em Formatar
Plano de Fundo.
Didatismo e Conhecimento 96
INFORMÁTICA
As configurações de Ação do objeto estarão disponíveis so-
mente se a sua apresentação contiver um objeto OLE (uma tecno-
logia de integração de programa que pode ser usada para comparti-
lhamento de informações entre programas. Todos os programas do
Office oferecem suporte para OLE; por isso, você pode comparti-
lhar informações por meio de objetos vinculados e incorporados).
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar som e
selecionar o som desejado.
Didatismo e Conhecimento 97
INFORMÁTICA
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta abaixo de
slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto Hiperlink.
clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver- 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Documento.
sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en- 9. Seguir um destes procedimentos:
quanto clica em cada slide que queira selecionar. • Para se vincular a uma apresentação personalizada, na lista
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em Sli- Selecionar um local neste documento, selecionar a apresentação
des na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em segui- personalizada para a qual deseja ir e marcar a caixa de seleção
da, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou para Mostrar e retornar.
baixo na lista. • Para se vincular a um local na apresentação atual, na lista
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides Selecione um local neste documento, selecionar o slide para o qual
e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais você deseja ir.
com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1 Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no
a 5. nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona-
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona-
lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. TRANSIÇÃO DE SLIDES
2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink As transições de slide são os efeitos semelhantes à animação
Utilizar uma apresentação personalizada com hiperlinks para que ocorrem no modo de exibição Apresentação de Slides quando
organizar o conteúdo de uma apresentação. Por exemplo, se você você move de um slide para o próximo. É possível controlar a ve-
cria uma apresentação personalizada principal sobre a nova orga- locidade de cada efeito de transição de slides e também adicionar
nização geral da sua empresa, é possível criar uma apresentação som.
personalizada para cada departamento da sua organização e vincu- O Microsoft Office PowerPoint 2007 inclui vários tipos dife-
lá-los a essas exibições da apresentação principal. rentes de transições de slides, incluindo (mas não se limitando) as
seguintes:
1. Sem transição
2. Persiana Horizontal
3. Persiana Vertical
4. Quadro Fechar
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresentação de 5. Quadro Abrir
Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides Personali- 6. Quadriculado na Horizontal
zada e, em seguida, clicar em Apresentações Personalizadas. 7. Quadriculado na Vertical
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar 8. Pente Horizontal
em Novo. 9. Pente Vertical
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de- Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rá-
seja incluir na apresentação personalizada principal e, em seguida, pidos, clicar no botão Mais , conforme mostrado no diagrama
clicar em Adicionar. acima.
Para selecionar diversos slides seqüenciais, clicar no primeiro
slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto • Adicionar a mesma transição de slides a todos os slides
clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver- em sua apresentação:
sos slides não seqüenciais, manter pressionada a tecla CTRL en- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
quanto clica em cada slide que queira selecionar. guia Slides.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em Sli- 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
des na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em segui- 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
da, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou para clicar em um efeito de transição de slides.
baixo na lista. 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rá-
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides pidos, clicar no botão Mais .
e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1 Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
a 5. Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
6. Para criar um hiperlink da apresentação principal para uma 6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar a
apresentação de suporte, selecionar o texto ou objeto que você de- Tudo.
seja para representar o hiperlink.
Didatismo e Conhecimento 98
INFORMÁTICA
• Adicionar diferentes transições de slides aos slides em o Para mostrar todos os slides em sua apresentação, clicar
sua apresentação em Tudo.
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na o Para mostrar um grupo específico de slides de sua apre-
guia Slides. sentação, digitar o número do primeiro slide que você deseja mos-
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. trar na caixa De e digitar o número do último slide que você deseja
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide, mostrar na caixa Até.
clicar no efeito de transição de slides que você deseja para esse o Para iniciar uma apresentação de slides personalizada
slide. que seja derivada de outra apresentação do PowerPoint, clicar em
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rá- Apresentação personalizada e, em seguida, clicar na apresenta-
pidos, clicar no botão Mais . ção que você deseja exibir como uma apresentação personalizada
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo (uma apresentação dentro de uma apresentação na qual você agru-
Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da pa slides em uma apresentação existente para poder mostrar essa
Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada. seção da apresentação para um público em particular).
6. Para adicionar uma transição de slides diferente a outro sli-
de em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4. • Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para especi-
• Adicionar som a transições de slides ficar como você deseja que arquivos de som, narrações ou anima-
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na ções sejam executados em sua apresentação.
guia Slides. o Para executar um arquivo de som ou animação continua-
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. mente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser pressionada.
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide, o Para mostrar uma apresentação sem executar uma nar-
clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em seguida, seguir ração incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem
um destes procedimentos: narração.
• Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o som o Para mostrar uma apresentação sem executar uma ani-
desejado.
mação incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem
• Para adicionar um som não encontrado na lista, selecionar
animação.
Outro Som, localizar o arquivo de som que você deseja adicionar
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência ao
e, em seguida, clicar em OK.
vivo, é possível escrever nos slides. Para especificar uma cor de
4. Para adicionar som a uma transição de slides diferente, re-
tinta, na lista Cor da caneta, selecionar uma cor de tinta.
petir as etapas 2 e 3.
A lista Cor da caneta estará disponível apenas se Exibida por
um orador (tela inteira) (na seção Tipo de apresentação) estiver
CONFIGURAR APRESENTAÇÃO DE SLIDES
selecionada.
• Tipo de apresentação
Usar as opções na seção Tipo de apresentação para especificar • Avançar slides
como você deseja mostrar a apresentação para sua audiência. Usar as opções na seção Avançar slides para especificar como
o Para fazer sua apresentação diante de uma audiência ao mover de um slide para outro.
vivo, clicar em Exibida por um orador (tela inteira). o Para avançar para cada slide manualmente durante a
o Para permitir que a audiência exiba sua apresentação a apresentação, clicar em Manualmente.
partir de um disco rígido ou CD em um computador ou na Internet, o Para usar intervalos de slide para avançar para cada slide
clicar em Apresentada por uma pessoa (janela). automaticamente durante a apresentação, clicar em Usar interva-
o Para permitir que a audiência role por sua apresentação los, se houver.
de auto execução a partir de um computador autônomo, marcar a • Vários Monitores
caixa de seleção Mostrar barra de rolagem. É possível executar sua apresentação do Microsoft Office Po-
o Para entregar uma apresentação de auto execução exe- werPoint 2007 de um monitor (por exemplo, em um pódio) en-
cutada em um quiosque (um computador e monitor, geralmente quanto o público a vê em um segundo monitor.
localizados em uma área frequentada por muitas pessoas, que pode Usando dois monitores, é possível executar outros programas
incluir tela sensível ao toque, som ou vídeo. Os quiosques podem que não são vistos pelo público e acessar o modo de exibição Apre-
ser configurados para executar apresentações do PowerPoint de sentador. Este modo de exibição oferece as seguintes ferramentas
forma automática, contínua ou ambas), clicar em Apresentada em para facilitar a apresentação de informação:
um quiosque (tela inteira). o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides
de uma seqüência e criar uma apresentação personalizada para o
• Mostrar slides seu público.
Usar as opções na seção Mostrar slides para especificar quais o A visualização de texto mostra aquilo que o seu próximo
slides estão disponíveis em uma apresentação ou para criar uma clique adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo marca-
apresentação personalizada (uma apresentação dentro de uma dor de uma lista.
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresentação o As anotações do orador são mostradas em letras grandes
existente para poder mostrar essa seção da apresentação para um e claras, para que você possa utilizá-las como um script para a sua
público em particular). apresentação.
Didatismo e Conhecimento 99
INFORMÁTICA
o É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, • Criar e imprimir folhetos
depois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exemplo, tal- Você pode imprimir as apresentações na forma de folhetos,
vez você não queira exibir o conteúdo do slide durante um interva- com até nove slides em uma página, que podem ser utilizados pelo
lo ou uma seção de perguntas e respostas. público para acompanhar a apresentação ou para referência futura.
No modo de exibição do Apresentador, os ícones e botões são
grandes o suficiente para uma fácil navegação, mesmo quando
você está usando um teclado ou mouse desconhecido.
EXIBIR APRESENTAÇÃO
Para exibir uma apresentação clicar na guia Apresentação de
Slides, e seguir um destes procedimentos:
IMPRESSÃO
No Microsoft Office PowerPoint 2007, é possível criar e im- (1) O folheto com três slides por página possui espaços entre
primir slides, folhetos e anotações. É possível imprimir sua apre- as linhas para anotações.
sentação no modo de exibição de Estrutura de Tópicos, de maneira Você pode selecionar um layout para os folhetos em visuali-
colorida, em preto e branco ou em escala de cinza. zação de impressão (um modo de exibição de um documento da
maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
• Imprimir slides
1. Clicar no Botão Microsoft Office , clicar na seta ao lado Organizar conteúdo em um folheto:
de Imprimir e, em seguida, clicar em Visualizar impressão. Na visualização de impressão é possível organizar o conteúdo
2. No grupo Configurar página, da lista Imprimir, selecionar no folheto e visualizá-lo para saber como ele será impresso. Você
Slides. pode especificar a orientação da página como paisagem ou retrato
3. Clicar em Opções, apontar para Cor/escala de cinza e, em e o número de slides que deseja exibir por página.
seguida, clicar em uma das opções: Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e rodapés,
o Cor: Se estiver usando uma impressora colorida, essa op- como os números das páginas. No layout com um slide por página,
ção realizará a impressão em cores. você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao folheto e não aos
o Cor (em impressora preto-e-branco): Se estiver usando slides, se não desejar exibir texto, data ou numeração no cabeçalho
uma impressora preto-e-branco, essa opção realizará a impressão ou no rodapé dos slides.
em escala de cinza.
o Escala de cinza: Essa opção imprime imagens em tons de Aplicar conteúdo e formatação em todos os folhetos:
cinza que variam entre o preto e o branco. Os preenchimentos de Se desejar alterar a aparência, a posição e o tamanho da nu-
plano de fundo são impressos como branco para que o texto fique meração, da data ou do texto do cabeçalho e do rodapé em todos
mais legível. (Às vezes a escala de cinza é bastante semelhante à os folhetos, faça as alterações no folheto mestre. Para incluir um
Preto-e-branco puro). nome ou logotipo em todas as páginas do folheto, basta adicioná
o Preto-e-branco puro: Essa opção imprime o folheto sem -lo ao mestre. As alterações feitas no folheto mestre também são
preenchimentos em cinza. exibidas na impressão da estrutura de tópicos.
4. Clicar em Imprimir.
Para alterar as opções de impressão, siga estas etapas: Imprimir folhetos:
1. Na guia Estrutura, no grupo Configurar página, clicar em 1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
Configurar página. 2. Clicar no Botão Microsoft Office , clicar na seta ao lado de
2. Na lista Slides dimensionados para, clicar no tamanho de Imprimir e, em seguida, clicar em Visualizar impressão.
papel desejado para impressão. 3. No grupo Configurar página, clicar na seta em Imprimir e
o Se clicar em Personalizado, digitar ou selecionar as di- selecionar a opção desejada de layout do folheto na lista.
mensões do papel nas caixas Largura e Altura. O formato Folhetos (3 Slides por Página) possui linhas para
o Para imprimir em transparências, clicar em Transparên- anotações do público.
cia. 4. Para especificar a orientação da página, clicar na seta em
3. Para definir a orientação da página para os slides, em Orien- Orientação e, em seguida, clicar em Paisagem ou Retrato.
tação, na caixa Slides, clicar em Paisagem ou Retrato. 5. Clicar em Imprimir.
Se desejar imprimir folhetos em cores, selecionar uma im-
pressora colorida.
Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A inter- A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização da
face define quais operações primitivas e serviços a camada inferior rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em cidade,
oferece à camada superior. Quando os projetistas decidem quantas bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização das casas
camadas incluir em uma rede e o que cada camada deve fazer, uma da região onde você mora. Neste sentido, os dois primeiros octetos
das considerações mais importantes é definir interfaces limpas entre de um endereço IP podem ser utilizados para identificar a rede, por
as camadas. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe- exemplo. Em uma escola que tem, por exemplo, uma rede para
nhe um conjunto específico de funções bem compreendidas. Além alunos e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
de minimizar a quantidade de informações que deve ser passada de rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos octetos
camada em camada, interfaces bem definidas também tornam fácil são usados na identificação de computadores.
a troca da implementação de uma camada por outra implementação
completamente diferente (por exemplo, trocar todas as linhas tele- Classes de endereços IP
fônicas por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser utili-
implementação é que ela ofereça à camada superior exatamente os zados tanto para identificar o seu computador dentro de uma rede,
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia. quanto para identificá-lo na internet.
Barra de endereços
Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler revistas
eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas na forma de páginas de hipertexto,
cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo cha-
mado Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros
para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire),
Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através da exibição de páginas
de texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra
com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas também de exibir
gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O
sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark Andreesen
partiu para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros browsers.
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras com ou sem acento.
Opções de pesquisa
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma empresa. As intranets ou
Webs corporativas, são redes de comunicação internas baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um jornal editado internamente, e
que pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
EXTRANET
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de computadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte do seu
sistema de informação.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de computadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte do seu
sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o conceito confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode ser vista como uma
parte da empresa que é estendida a usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como representantes e clientes. Outro uso comum do termo
Extranet ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde somente “usuários registrados” podem navegar, previamente autenticados
por sua senha (login).
Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcionários de uma
empresa consigam ter acesso à intranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma intranet é uma rede restrita
à empresa que utiliza as mesmas tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, servidor FTP etc.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre os funcionários e parceiros além de acumular uma base de conhecimento que
possa ajudar os funcionários a criar novas soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada na Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa ou parceiros exter-
nos, na cadeia de abastecimento, trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, distribuição, contabilidade entre outros.
INTERNET EXPLORER
O Windows Internet Explorer possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua experiência de navegação
na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer possibilitam experiências ricas e intensas. Texto, vídeo e
elementos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante ao dos programas instalados no seu
computador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são nítidos e respondem positivamente, as cores são fieis e os
sites são interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoamentos como Chakra, o novo mecanismo JavaScript, os sites e aplicativos são
carregados mais rapidamente e respondem melhor. Combine o Internet Explorer com os eficientes recursos gráficos que o Windows 7 tem a
oferecer, e você terá a melhor experiência da Web no Windows até o momento.
A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer é mais rápida do que nas versões anteriores. Ela requer menos decisões de
sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale atualizações separadamente. Uma vez concluída a instalação,
você já pode começar a navegar.
Interface
A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado
com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do
seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra
de dúvida começa a tomar uma forma competitiva.
3-Abas de conteúdo
O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar espaço com o campo
de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos títulos das abas, depois disso a visualização e
a navegação entre as abas fica difícil e desanimador.
4 abas.
Múltiplas abas.
“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os dois primeiros
itens citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo de URL. “Opções” por sua vez, se
refere a opções de internet, privacidade e etc.…
Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitindo ao usuário a
customizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.
Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao utilizado em navega-
dores como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para adicionar algo ao navegador, mas o que?
Existe espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao menos até os usuários criarem um hábito.
A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.
A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão Ferramentas , e os
seus favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .
As guias são exibidas automaticamente à direita da Barra de endereços, mas é possível movê-las para que sejam exibidas abaixo da
Barra de endereço, da mesma maneira que em versões anteriores do Internet Explorer. Você pode exibir as Barras de Favoritos, Comandos,
Status e Menus clicando com o botão direito do mouse no botão Ferramentas e selecionando-as em um menu.
• Barra de Favoritos
• Barra de Comandos
• Barra de Status
Guias avançadas Ter várias guias abertas ao mesmo tempo pode ser um pro-
cesso complicado e demorado, principalmente quando você tenta
Por padrão, as guias são mostradas à direita da Barra de ende- voltar e localizar os sites que abriu. Com o Internet Explorer 9,
reços. Para fazer com que as guias sejam mostradas em sua própria as guias relacionadas são codificadas por cores, o que facilita sua
linha abaixo da Barra de endereços, clique com o botão direito do organização ao navegar por várias páginas da Web.
mouse na área aberta à direita do botão Nova guia e clique em Você consegue ver as guias relacionadas instantaneamente.
Mostrar guias abaixo da Barra de endereços. Quando você abre uma nova guia a partir de outra, a nova guia
é posicionada ao lado da primeira guia e é codificada com a cor
Guias destacáveis correspondente. E quando uma guia que faz parte de um grupo é
fechada, outra guia desse grupo é exibida, para que você não fique
olhando para uma guia não relacionada.
Se quiser fechar uma guia ou o grupo inteiro de guias, ou re-
mover uma guia de um grupo, clique com o botão direito do mouse
na guia ou no grupo de guias e escolha o que deseja fazer. Nesse
local também é possível atualizar uma ou todas as guias, criar uma
guia duplicada, abrir uma nova guia, reabrir a última guia fechada
ou ver uma lista de todas as guias fechadas recentemente e reabrir
qualquer uma ou todas elas.
Como usar os Sites Sugeridos no Internet Explorer 9
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online usado pelo
As guias destacáveis tornam a interação com vários sites rá- Windows Internet Explorer 9 que recomenda sites que você talvez
pida e intuitiva. É possível reorganizar as guias no Internet Ex- goste com base nos sites que você visita com frequência.
plorer 9 — da mesma forma que você reorganiza ícones na barra Para ativar os Sites Sugeridos e exibi-los em uma página da
de tarefas no Windows 7 — ou abrir qualquer guia em uma nova Web
janela do navegador arrastando a guia para a área de trabalho. Se 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
precisar exibir mais de uma página da Web ao mesmo tempo para . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resul-
realizar uma tarefa, use as guias destacáveis junto com o Ajuste. tados, clique em Internet Explorer.
É uma ótima forma de mostrar várias páginas da Web lado a lado 2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Centro
na tela. de Favoritos, clique em Ativar Sites Sugeridos.
3. Na caixa de diálogo Sites Sugeridos, clique em Sim.
Facilite o acesso aos seus sites favoritos. Arraste uma guia e Observação: Para desativar os Sites Sugeridos, clique no bo-
fixe-a diretamente na barra de tarefas ou no menu Iniciar. Ou ar- tão Ferramentas , aponte para Arquivo e desmarque a opção Si-
raste uma guia para a barra Favoritos. Independentemente do que tes Sugeridos.
escolher, seus sites favoritos estarão ao seu alcance.
Para adicionar o Web Slice de Sites Sugeridos
Depois de ativar os Sites Sugeridos, você pode clicar no Web
Slice de Sites Sugeridos na Barra de favoritos para verificar suges-
tões de sites com base na página da Web na guia atual.
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resul-
tados, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Cen-
tro de Favoritos, clique em Exibir Sites Sugeridos.
· Fácil utilização;
Histórico
Favoritos
O Favoritos é uma funcionalidade que nos ajuda a entrar em pá-
ginas que acessamos com muita frequência, economizando tempo.
Clique no menu ‘Favoritos’ e uma lista com as nossas páginas
favoritas será mostrada. Se você não tiver adicionado nenhuma
página aos Favoritos, você verá algo como:
Imprimindo páginas
Configurações avançadas
Downloads
Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo da janela, mostrando o progresso do download. Você pode clicar no canto dela e
conferir algumas funções especiais para a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova
aba é exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando.
Outra ferramenta muito prática do navegador é a possibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de alguns sites, como o próprio
portal Baixaki. Depois de usar a busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o que você precisa fazer é digitar baixaki e teclar
o TAB para que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do Chrome.
Navegação anônima
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou históricos de navegação no computador, utilize a navegação anônima. Basta
clicar no menu com o desenho da chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também pode ser aberta com o comando
Ctrl + Shift + N.
Abrir o Outlook
Para abrir o Outlook Express, clique no ícone que
está em sua Área de Trabalho, ou na Barra de Tarefas.
Se você quiser localizar uma mensagem em uma pasta ou uma pessoa que faça parte de seu catálogo de endereços, pode clicar na setinha
que está ao lado da pasta e alguns itens específicos aparecem, como você pode ver na imagem abaixo:
Basta indicar o que você quer localizar e uma nova janela se abre e você preenche com os dados que interessam para sua busca.
Obs.: Se você passar o mouse sobre cada um dos botões da barra de ferramentas, poderá ver uma caixa de diálogo que descreve a função
do botão, conforme imagem abaixo:
Vamos à configuração:
No menu Ferramentas, clique em Contas.
Irá se abrir uma nova janela chamada Contas na Internet, clique em Adicionar.
Criar um catálogo de endereços Obs.: Caso você tenha recebido um e-mail de alguém e quei-
Antes de mais nada, é preciso definir um Catálogo de Ende- ra adicionar esta pessoa a seu catálogo de endereços, basta clicar
reços contendo algumas pessoas e seus respectivos endereços de (com o botão direito do mouse) sobre o nome do remetende e es-
e-mail. colher a opção “Adicionar remetente ao catálogo de endereços”.
Para criar um catálogo de endereços no Outlook Express (ver- Pronto, esse contato já estará em seu catálogo de endereços.
são 5 e posteriores), faça o seguinte:
Clique, no menu principal do Outlook, em Ferramentas / Ca-
tálogo de Endereços.
Uma janela de nome: “Catálogo de Endereços - identidade
principal” se abrirá.
Clique em “Novo” e escolha a opção: “Novo Contato”
Mais uma janela se abre: “Propriedades de”. Aqui você vai
digitar todos os dados que deseja para cada um dos contatos.
Salvar um rascunho
Para salvar um rascunho da mensagem para usar mais tarde,
faça o seguinte:
Com sua mensagem aberta, clique em Arquivo.
Após digitar o “Endereço de correio eletrônico”, no campo A seguir, clique em Salvar.
correspondente, clique no botão “Adicionar” e em “OK”.
Da mesma forma, você vai acrescentando novos nomes ao seu
“Catálogo de endereços”.
Quando for mandar uma mensagem, ao clicar em “Para”, esse
catálogo se abre e fica bem mais fácil e rápido localizar o destina-
tário.
Salvar anexos
Para salvar um anexo de arquivo de seu e-mail, faça o seguin-
te:
Clique na mensagem que tem o arquivo que você quer salvar.
No menu Arquivo, clique em Salvar anexos.
ou então:
Na parte superior da janela da mensagem, clique duas vezes
no ícone de anexo de arquivo no cabeçalho da mensagem.
Se você preferir, pode salvar o anexo no painel de visualiza-
ção:
Clique no ícone de clipe de papel
Clique em Salvar anexos.
Pastas Padrões
Ou, se preferir, utilize o seguinte recurso: As pastas padrões do Outlook não podem ser alteradas. Você
No menu Mensagem, aponte para Definir prioridade e selecio- poderá criar outras pastas, mas não deve mexer nas seguintes pas-
ne uma opção de prioridade. tas:
Mozilla Thunderbird
O Thunderbird é o cliente de e-mails produzido pela Mozilla
Foundation (também criadora do Mozilla Firefox), está entre os
mais famosos e mais utilizados no mundo. Lançado em 2003, com
interface simples e objetiva que facilita a organização de suas cai-
xas de e-mail. Com ele, podemos: Acessar arquivos XML; Feeds
(Atom e RSS); Bloqueia imagens; Filtro anti-spam; Alterar o tema
de fundo. Este cliente de e-mails vem pré-instalado em versões
Pesquisa
Abas e pesquisa
Aparência do Thunderbird
O Personas permite alterar a aparência do Thunderbird com
“temas” leves num instante. Estão disponíveis centenas de temas
do últimos filmes, ponto de interesse famosos e tatuagens japone-
sas. Pode também escolher a partir de vários Temas que personali-
zam todos os diferentes ícones do Thunderbird.
Pastas inteligentes
Pastas inteligentes ajudam a gerenciar várias contas de e-mail,
combinando pastas especiais como a pasta caixa de entrada, envia-
das ou arquivadas. Em vez de ir para a caixa de entrada para cada
uma das suas contas de correio, você pode ver todos seus e-mails
recebidos em uma pasta de caixa de entrada.
Atualização automática
O sistema de atualização do Thunderbird confirma se está a
executar a versão mais recente e notifica-o quando uma atualiza-
ção de segurança está disponível. Estas atualizações de segurança
são pequenas (usualmente 200KB - 700KB), fornecendo apenas
o que precisa e fazendo com que a atualização de segurança seja
rápida de baixar e instalar. O sistema de atualizações automáticas
fornece atualizações para o Thunderbird no Windows, Mac OS X,
e Linux em mais de 40 idiomas diferentes.
A ocorrência de um WordId num documento é chamado Hit. Utilizando um exemplo bem simplificado, é possível armazenar apenas os
hits e a posição da palavra no texto (Figura 3).
Figura 3: Hits
Este processo é repetido para todas as palavras encontradas. Se no documento seguinte uma palavra nova é localizada, ela recebe um
novo WordId, é adicionada ao banco de dados, e os hits correspondentes passam a ser registrados.
3.6 Busca
Representa a maneira pela qual usuários realizam suas pesquisas nas ferramentas. Em seu atual formato de armazenamento (tabela
invertida e hits) é possível saber, para cada palavra pesquisada, em quantos documentos ela ocorre e em qual posição do texto elas se en-
contram.
É dessa forma que o Google, por exemplo, informa “Resultados 1 - 10 de aproximadamente 61.000.000 para [brasil]”.
Em casos que são necessárias pesquisas com duas ou mais palavras, são realizadas duas ou mais pesquisas no índice invertido. Os do-
cumentos comuns a todas as pesquisas conterão todas as palavras (mas não necessariamente na ordem pesquisada).
É possível melhorar as buscas através do aprimoramento do índice invertido. Para aumentar as potencialidades do índice invertido,
normalmente, os mecanismos de busca armazenam muito mais informações nos hits.
Pode-se criar, por exemplo, um campo para indicar que determinada palavra foi escrita em negrito ou itálico e, portanto, teria mais
destaque do que o restante do texto (Figura 4):
Layout
-Novo:
Cria um novo documento do LibreOffice.
Escolha Arquivo - Novo
Ícone Novo na Barra de ferramentas (o ícone mostra o tipo do
novo documento)
Barra de Título: Apresenta o nome do arquivo e o nome do Para criar um documento a partir de um modelo, escolha Novo
programa que está sendo usado nesse momento. Usando-se os 3 - Modelos.
botões no canto superior direito pode-se minimizar, maximizar / Um modelo é um arquivo que contém os elementos de design
restaurar ou fechar a janela do programa. para um documento, incluindo estilos de formatação, planos de
Barra de Menus: Apresenta os menus suspensos onde estão as fundo, quadros, figuras, campos, layout de página e texto.
listas de todos os comandos e funções disponíveis do programa.
Barra de Formatação: Apresenta os atalhos que dão forma e Ícone Nome Função
cor aos textos e objetos.
Área para trabalho: Local para digitação de texto e inserção Cria um novo documento de
Documento de texto
de imagens e sons. texto (LibreOffice Writer).
Barra de Status: Apresenta o número de páginas / total de pá-
ginas, o valor percentual do Zoom
e a função inserir / sobrescrever está na parte inferior e central
da tela.
- Visualizar impressão
Exibe uma visualização da página impressa ou fecha a visua-
lização.
Menu Arquivo - Visualizar impressão
Utilize os ícones na barra Visualização de impressão para fo-
lhear as páginas do documento ou para imprimir o documento.
Você também pode pressionar as teclas Page Up e Page Down
para folhear as páginas.
Obs: Não é possível editar seu documento enquanto estiver na
visualização de impressão.
- Imprimir
Imprime o documento atual, a seleção ou as páginas que você
especificar. Você também pode definir as opções de impressão para
o documento atual. Tais opções variam de acordo com a impresso-
ra e com o sistema operacional utilizado. Este menu contém comandos para editar o conteúdo do docu-
Escolha Arquivo - Imprimir mento atual.
Ctrl+P
Na Barra de ferramentas, clique em - Desfazer
- Configuração da impressora Desfaz o último comando ou a última entrada digitada. Para
Selecione a impressora padrão para o documento atual. selecionar o comando que deseja desfazer, clique na seta ao lado
Escolha Arquivo - Imprimir - Configurações da impressora do ícone Desfazer na barra de ferramentas Padrão.
Fecha todos os programas do LibreOffice e pede para salvar
as modificações. - Refazer
- Sair Reverte a ação do último comando Desfazer. Para selecionar a
Escolha Arquivo - Sair etapa Desfazer que deseja reverter, clique na seta ao lado do ícone
Ctrl+Q Refazer na barra de ferramentas Padrão.
- Repetir
Repete o último comando. Esse comando está disponível no
Writer e no Calc.
- Recortar
Remove e copia a seleção para a área de transferência.
- Copiar
Copia a seleção para a área de transferência.
Escolha Editar - Copiar
Ctrl+C
- Colar
Insere o conteúdo da área de transferência no local do cursor,
e substitui qualquer texto ou objeto selecionado.
Escolha Editar - Colar
- Campos
Abre um caixa de diálogo na qual você pode editar as proprie-
dades de um campo. Clique antes de um campo e selecione este
comando. Na caixa de diálogo, você pode usar as setas para ir para
o próximo campo ou voltar para o anterior.
- Régua
Mostra ou oculta a régua horizontal, que é utilizada para ajus-
tar as margens da página, paradas de tabulação, recuos, bordas,
células de tabela e para dispor objetos na página. Para mostrar a
régua vertical, escolha Ferramentas - Opções - LibreOffice Writer
- Exibir, e selecione a caixa Régua vertical na área Réguas.
- Limites do texto
Mostra ou oculta os limites da área imprimível da página. As
linhas de limite não são impressas.
- Navegador - Hiperlink
Mostra ou oculta o Navegador. Você pode usá-lo para aces- Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie e edite
sar rapidamente diferentes partes do documento e para inserir ele- hiperlinks.
mentos do documento atual ou de outros documentos abertos, bem
como para organizar documentos mestre. Para editar um item do - Cabeçalho
Navegador, clique com o botão direito do mouse no item e, em Adiciona ou remove um cabeçalho do estilo de página que
seguida, escolha um comando do menu de contexto. Se preferir, você selecionar no submenu. O cabeçalho é adicionado a todas as
você pode encaixar o Navegador na borda do espaço de trabalho. páginas que usam o mesmo estilo de página. Em um novo docu-
- Marcador
Insere um indicador na posição do cursor. Use o Navegador
para saltar rapidamente para a posição indicada em outra hora. em
um documento HTML, os indicadores são convertidos em âncoras
para você navegar através de hyperlinks.
- Referência
Esta é a posição em que você insere as referências ou os cam-
pos referidos no documento atual. As referências são os campos
referidos no mesmo documento ou em subdocumentos de um do-
cumento mestre.
- Anotação
Insere uma anotação.
- Script
Insere um script na posição atual do cursor em um documento
HTML ou de texto.
- Limpar formatação direta
Remove a formatação direta e a formatação por estilos de ca-
- Índices e índices gerais
racteres da seleção.
Abre um menu para inserir entradas de índice e inserir índices
e tabelas. - Caractere
Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres selecio-
- Envelope nados.
Cria um envelope. Nas três guias, você pode especificar o des-
tinatário e o remetente, a posição e o formato de ambos os endere- - Parágrafo
ços, o tamanho e a orientação do envelope. Modifica o formato do parágrafo atual, por exemplo, alinha-
mento e recuo.
- Quadro - Marcadores e numeração
Insere um quadro que você pode usar para criar um layout Adiciona marcadores ou numeração ao parágrafo atual e per-
com uma ou mais colunas de texto e objetos. mite que você edite o formato da numeração ou dos marcadores.
- Tabela - Página
Insere uma tabela no documento. Você também pode clicar na Especifique os estilos de formatação e o layout do estilo de
seta, arrastar o mouse para selecionar o número de linhas e colunas página atual, incluindo margens da página, cabeçalhos, rodapés e
a serem incluídas na tabela e, em seguida, clicar na última célula. o plano de fundo da página.
- Colunas
Especifica o número de colunas e o layout de coluna para um
estilo de página, quadro ou seção.
- Seções
Altera as propriedades das seções definidas no documento.
Para inserir uma seção, selecione o texto ou clique no documento
e, em seguida, escolha Inserir - Seção.
- Inverter Coluna
Inverte o objeto selecionado, horizontalmente ou verticalmente. Seleciona a coluna atual.
- Agrupar Linha
Agrupa os objetos selecionados de forma que possam ser mo- Seleciona a linha atual.
vidos ou formatados como um único objeto. Célula
- Objeto Seleciona a célula atual.
Abre um submenu para editar propriedades do objeto sele-
cionado. - Mesclar células
Combina o conteúdo das células selecionadas da tabela em
- Quadro uma única célula.
Insere um quadro que você pode usar para criar um layout
com uma ou mais colunas de texto e objetos. - Dividir células
Divide a célula ou grupo de células horizontalmente ou verti-
- Imagem calmente em um número especificado de células.
Formata o tamanho, a posição e outras propriedades da figura
selecionada.
Altura da linha
Abre a caixa de diálogo Altura da linha para alterar a altura
de uma linha.
- Notas de rodapé
Especifica as configurações de exibição de notas de rodapé e
notas de fim.
- Galeria
Abre a Galeria, onde você poderá selecionar figuras e sons
para inserir em seu documento. Contém comandos para manipulação e exibição de janelas de
documentos.
- Banco de dados bibliográfico
Insira, exclua, edite e organize arquivos no banco de dados - Nova janela
bibliográfico. Abre uma nova janela que exibe os conteúdos da janela atual.
Você pode agora ver diferentes partes do mesmo documento ao
- Assistente de Mala Direta mesmo tempo.
Inicia o Assistente de Mala Direta para criar cartas-modelo ou
enviar mensagens de e-mail a vários destinatários. - Fechar a janela
Fecha a janela atual. Escolha Janela - Fechar janela, ou pres-
- Classificar sione Ctrl+F4. Na visualização de impressão do LibreOffice Wri-
Classifica alfabeticamente ou numericamente os parágrafos
ter e Calc, você pode fechar a janela ao clicar no botão Fechar
ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir até três cha-
visualização.
ves de classificação bem como combinar chaves alfabéticas com
numéricas.
- Lista de documentos
Lista os documentos abertos no momento atual. Selecione o
- Calcular
nome de um documento na lista para alternar para esse documento.
Calcula a fórmula selecionada e copia o resultado para a área
de transferência.
Ajuda
- Atualizar O menu da Ajuda permite iniciar e controlar o sistema de Aju-
Atualiza os itens do documento atual com conteúdo dinâmico, da do LibreOffice.
como campos e índices.
- Player de mídia
Abre a janela do Player de mídia, para poder visualizar arqui-
vos de vídeo e áudio e inseri-los no documento atual.
- Macros
Permite gravar, organizar e editar macros.
- Gerenciador de extensão
O Gerenciador de extensão adiciona, remove, desativa, ativa e
atualiza extensões do LibreOffice.
- Negrito
Justificado
Aplica o formato negrito ao texto selecionado. Se o cursor
estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em negrito. Se a seleção - Suporte a idiomas asiáticos
ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida. Esses comandos só podem ser acessados após ativar o suporte
para idiomas asiáticos em Ferramentas - Opções - Configurações
de idioma - Idiomas.
Negrito
- Texto escrito da esquerda para a direita
- Itálico Especifica a direção horizontal do texto.
Aplica o formato itálico ao texto selecionado. Se o cursor es-
tiver sobre uma palavra, ela ficará toda em itálico. Se a seleção ou
palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.
Direção do texto da esquerda para a direita
- Texto escrito de cima para baixo
Itálico Especifica a direção vertical do texto.
- Sublinhado
Sublinha o texto selecionado ou remove o sublinhado do texto
Texto escrito de cima para baixo
selecionado.
- Selecionar tudo
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou objeto de
Sublinhado texto atual.
- Sobrescrito
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e levanta o
Selecionar tudo
texto acima da linha de base.
- Caractere
Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres selecio-
Sobrescrito nados.
- Subscrito
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e posiciona o
Caractere
texto abaixo da linha de base.
- Parágrafo
Subscrito Aqui você pode definir recuos, espaçamento, alinhamento e
espaçamento de linha para o parágrafo selecionado.
- Esquerda
Alinha o parágrafo selecionado em relação à margem esquer-
da da página.
Parágrafo
Adicionando e editando texto
Alinhar à esquerda Você pode adicionar texto ao documento das seguintes ma-
neiras:
- Centralizar • Digitando texto com o teclado
Centraliza na página os parágrafos selecionados. • Copiando e colando texto de outro documento
• Importando texto de outro arquivo
- Direita
Alinha os parágrafos selecionados em relação à margem di-
reita da página.
Alinhar à direita
• Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes em qual- -Para inserir um documento de texto
quer lugar na frase. Você pode inserir o conteúdo de qualquer documento de texto
• Para selecionar uma única palavra, clique duas vezes em no documento do Writer, desde que o formato do arquivo seja co-
qualquer lugar na palavra. nhecido pelo LibreOffice.org.
• Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção, selecione Etapas
o trecho, mantenha pressionada a tecla Ctrl e selecione outro tre- 1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir o texto.
cho de texto. 2. Escolha Inserir – Arquivo.
Selecionando texto com o teclado 3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em Inserir.
• Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctrl+A. Localizando e substituindo texto
• Para selecionar uma única palavra em um dos lados do cur- Você pode usar o recurso Localizar e substituir no LibreOffi-
sor, mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e pressione a seta ce.org Writer para procurar e substituir palavras em um documento
para a esquerda <- ou a seta para a direita ->. de texto.
Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou ao usar
estilos. Com os dois métodos, você controla tamanho, tipo de fon-
te, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A principal diferença
é que a formatação manual aplica-se apenas ao texto selecionado,
enquanto a formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é
usado no documento.
Formatando texto manualmente Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação é com
Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e a cor a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela Estilos e formata-
do texto, use os ícones na barra Formatação. Se desejar, pode tam- ção, escolha Formatar – Estilos e formatação.
bém usar os comandos de menu no menu Formato, assim como
teclas de atalho.
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja for-
matar e escolha Formatar - Células.
Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.
2. Clique em uma das guias e escolha as opções de formata-
ção.
- Para aplicar formatação automática a um intervalo de células
Etapas Guia Números
1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar. Altera a formatação de números nas células, como a alteração
Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3. do número de casas decimais exibidas
2. Escolha Formatar - AutoFormatar.
Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação. Guia Fonte
3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja usar e Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra usado na
clique em OK. célula
Formatando células manualmente
Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, Guia Efeitos de fonte
como alterar o tamanho do texto, use os ícones na barra Formatar Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tachado ou
objeto. alto-relevo do texto
- Para formatar células com a barra Formatar objeto Guia Alinhamento
A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapida- Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto no inte-
mente a células individuais ou intervalos de células. rior das células
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja for- Guia Bordas
matar. Altera as opções de bordas das células
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde
à formatação que deseja aplicar. Guia Plano de fundo
Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas Altera o preenchimento do plano de fundo das células
Nome da fonte ou Tamanho da fonte.
Guia Proteção de célula
Protege o conteúdo das células no interior de folhas protegi-
- Para aplicar formatação manual com a caixa de diálogo For- das.
matar células
Se precisar de mais opções de formatação do que a barra Ob- 3. Clique em OK.
jeto fornece, use a caixa de diálogo Formatar células.
Usando operadores
Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas:
Usando fórmulas e funções O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma fórmula.
Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efetuar cál- Multiplicação e divisão são feitas antes de adição e subtração, in-
culos. dependentemente de onde esses operadores aparecem na fórmula.
Se a fórmula contiver referências a células, o resultado será Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, o Calc retorna o valor de
atualizado automaticamente toda vez que você alterar o conteúdo 17 e não de 24.
das células. Você pode também usar uma das várias fórmulas ou
funções pré-definidas que o Calc oferece para efetuar cálculos. Editando uma fórmula
Criando fórmulas Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas o resultado
Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e pode conter da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada.
valores, referências a células, operadores, funções e constantes.
- Para criar uma fórmula - Para editar uma fórmula
Etapas
Etapas 1. Clique em uma célula que contém uma fórmula.
1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da barra
2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula. Fórmula.
Apagando folhas
As folhas podem ser apagadas individualmente ou em grupos.
Folha única: clique com o botão direito na aba da folha que
quer apagar e clique em Excluir Planilha no menu de contexto, ou
clique em Editar → Planilha → Excluir na barra de menu.
Múltiplas folhas: selecione-as como descrito anteriormente, e
clique com o botão direito do mouse sobre uma das abas e escolha
a opção Excluir Planilha no menu de contexto, ou clique em Edi- Ferramenta pincel de estilo
tar → Planilha → Excluir na barra de menu. Serve para copiar a formatação para outras células da mesma
planilha ou para outras planilhas.
Renomeando folhas Para copiar o estilo de uma célula clique uma ou duas vezes no
O nome padrão para uma folha nova é PlanilhaX, onde X é um ícone . E clique na célula a ser formatada em seguida.
número. Apesar disso funcionar para pequenas planilhas com pou-
cas folhas, pode tornar-se complicado quando temos muitas folhas.
Dividir células
Para colocar um nome mais conveniente a uma folha, você pode:
Posicione o cursor na célula a ser dividida.
• Digitar o nome na caixa Nome, quando você criar a folha, ou
Escolha Formatar - Mesclar células - Dividir células.
• Clicar com o botão direito do mouse e escolher a opção Re-
Botão direito do mouse/dividir células.
nomear Planilha no menu de contexto e trocar o nome atual por
um de sua escolha.
• Clicar duas vezes na aba da folha para abrir a caixa de diálo-
go Renomear Planilha.
Congelando células.
Congelando uma única coluna ou linha
Clique no cabeçalho da linha abaixo, ou da coluna à esquerda
da qual quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Uma linha escura aparece, indicando onde o ponto de conge-
lamento foi colocado.
Congelando uma coluna ou linha
Clique em uma célula que esteja imediatamente abaixo da
Utilizando quebras manuais de linha linha, ou na coluna imediatamente à direita da coluna que quer
congelar.
Para inserir uma quebra manual de linha enquanto digita den- Clique em Janela → Congelar.
tro de uma célula, pressione Ctrl+Enter. Quando for editar o texto, Duas linhas aparecem na tela, uma horizontal sobre essa célu-
primeiro clique duas vezes na célula, depois um clique na posição la e outra vertical à esquerda dela. Agora, quando você rolar a tela,
onde você quer quebrar a linha. Quando uma quebra manual de tudo o que estiver acima, ou à esquerda dessas linhas, permanecerá
linha é inserida, a largura da célula não é alterada. à vista.
Descongelando
Encolhendo o texto para caber na célula Para descongelar as linhas ou colunas, clique em Janela →
O tamanho da fonte pode ser ajustado automaticamente para Congelar. A marca de verificação da opção Congelar desaparecerá.
caber na célula. Para isso, clique com o botão direito na célula a ser
formatada e clique em Formatar Células → na aba Alinhamento Dividindo a tela
marque o campo Reduzir para caber na célula. Outra maneira de alterar a visualização é dividir a janela, ou
Formatando a largura ideal da coluna para exibir todo o con- dividir a tela. A tela pode ser dividida, tanto na horizontal, quanto
teúdo da célula na vertical, ou nas duas direções. É possível, além disso, ter até
A largura da coluna pode ser ajustada automaticamente para quatro porções da tela da planilha à vista, ao mesmo tempo.
que consigamos visualizar todo o conteúdo da célula. Para isso, Por que fazer isso? Imagine que você tenha uma planilha
clique com o botão direito na coluna a ser formatada e clique em grande, e uma das células tem um número que é utilizado em ou-
Largura ideal da coluna e aceite clicando em OK. tras células. Utilizando a técnica de divisão da tela, você pode al-
terar o valor da célula que contém o número e verificar nas outras
células as alterações sem perder tempo rolando a barra.
Comandos / Instruções
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse, e uma linha As teclas TAB, Enter e Setas de Cursor, quando utilizadas em
cinza aparece cruzando a página na vertical. Arraste o mouse para edição de dados, apresentam comportamento um pouco diferen-
a esquerda, e essa linha seguirá o movimento. te do convencional. TAB, por exemplo, confirma a edição atual
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, e avança lateralmente para a próxima célula. Neste caso, pode-se
cada uma com sua barra de rolagem horizontal. Você pode rolar as pensar na próxima célula como o próximo campo, que e o compor-
partes direita e esquerda independentemente. tamento natural de TAB, além da possibilidade de utilizá-la como
tabuladora, claro.
Imprimindo
Imprimir no Calc é bem parecido com imprimir nos outros
componentes do LibreOffice, mas alguns detalhes são diferentes,
especialmente quanto a preparação do documento para a impres-
são.
Utilizando intervalos de impressão
Intervalos de impressão possuem várias utilidades, incluindo
imprimir apenas uma parte específica dos dados, ou imprimir li-
nhas ou colunas selecionadas de cada página.
Selecionando a ordem das páginas
Definindo um intervalo de impressão
Para definir um intervalo de impressão, ou alterar um interva- Ordem das páginas
lo de impressão existente: Quando uma folha será impressa em mais de uma página, é
Selecione o conjunto de células que correspondam ao interva- possível ajustar a ordem na qual as páginas serão impressas. Isso é
lo de impressão. especialmente útil em documentos grandes; por exemplo, contro-
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Definir. lar a ordem de impressão pode economizar tempo de organizar o
As linhas de quebra de página são exibidas na tela. documento de uma maneira determinada. As duas opções disponí-
Você pode verificar o intervalo de impressão utilizando Arqui- veis são mostradas abaixo.
vo → Visualizar página. O LibreOffice exibirá apenas as células
no intervalo de impressão.
Assistente de Funções 2
Selecione as células farão parte da multiplicação, neste caso
as células D5 e E5. Para selecionar a célula volte para a planilha,
‘ se preferir clique em cima da opção Encolher figura 34, para dimi-
nuir o tamanho da caixa e em seguida selecione a célula de D5 e
depois clique no campo abaixo, ou então apenas digite o endereço
da célula correspondente e clique em OK e coloque o valor em
Imprimindo linhas ou colunas formato Moeda.
Para repetir, digite as colunas na caixa de texto abaixo de Co-
lunas a serem repetidas. Por exemplo, para repetir a coluna A, di-
gite $A. Na lista de Colunas a serem repetidas, a palavra - nenhum
- muda para - definido pelo usuário-.
Clique em OK.
Não é necessário selecionar todo o intervalo de linhas a serem Opção Encolher.
repetidas; selecionar uma célula de cada linha também funciona. Repita esse procedimento com as células D6 e E6, D7 e E7,
D8 e E8. Ao final a tabela estará conforme a figura abaixo.
Caixa classificar
No menu desdobrável Classificar por, selecionamos o rotulo
Figura 59: Tabela Demonstrativa da coluna que queremos efetuar a classificação, neste caso selecio-
ne o rotulo “Produto”.
Classificação e filtragem de dados Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classifi-
Por mais que a nossa planilha seja bem organizada, geralmen- cação na ordem crescente das letras, mais conhecida como ordem
te nos deparamos com algum problema em relação a ordem e a alfabética. 5- Por fim clique em OK.
busca dos dados na tabela. Pensando nisso veremos agora algumas
funções que o LibreOffice.org Calc oferece afim de resolver esses
e outros problemas de classificação e filtragem de dados.
Classificação de dados
Classificar dados numa planilha nada mais é do que ordená
-los de acordo com os nossos critérios. Para que os dados possam
ser classificados, é necessário que estejam dispostos em uma tabe-
la e que tenha sido desenvolvida na forma de banco de dados, ou
seja que cada coluna tenha informações referentes há uma classe
ou tipo, que deverá estar descrita no rotulo de cada coluna. Tabela classificada em ordem alfabética
Opções de Classificação
A partir da caixa classificar figura abaixo, podemos definir al-
gumas opções de classificação dos dados.
Opções de classificação
Distinção entre maiúsculas e minúsculas: esta opção consi-
dera diferentes as palavras que contenha as mesmas letras porém
com a forma maiúsculas e minúsculas diferentes.
O intervalo contém rótulos de coluna/linh a: Omite da clas-
sificação a primeira linha ou a primeira coluna da seleção. A opção
Direção na parte inferior da caixa de diálogo define o nome e a
função dessa caixa de seleção.
Incluir formatos: Preserva a formatação da célula atual.
Copiar resultados de classificação em: Copia a lista classifi-
cada no intervalo de células que você especificar. Ao ativar esta
opção
Ordem de classificação personalizada: Clique aqui e, em se-
guida, selecione a ordem de classificação personalizada que deseja.
Classificação por três critérios. Idioma: Selecione o idioma para as regras de classificação.
No menu desdobrável Classificar por, selecione o rotulo Opções: Selecione uma opção de classificação para o idioma.
“Marca”. Por exemplo, selecione a opção de “lista telefônica” para o alemão
Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classifi- a fim de incluir um caractere especial “trema” na classificação.
cação na ordem crescente. Direção: De cima para baixo (Classificação de linhas), Classi-
Logo abaixo temos o campo Em seguida por, selecione o ro- fica as linhas por valores nas colunas ativas do intervalo seleciona-
tulo “Modelo”. do. Esquerda à direita (Classificar colunas), Classifica as colunas
Em seguida clique na opção Crescente. por valores nas linhas ativas do intervalo selecionado.
Logo abaixo temos outro campo Em seguida por, selecione o
rotulo “Valor total”.
Em seguida clique na opção Crescente. 9- Por fim clique em
OK.
O resultado final deverá estar semelhante ao da figura abaixo.
Filtro Avançado
A filtragem avançada nada mais é do que definir os critérios
em um determinado campo da planilha. Para uma boa compreen-
são dessa função Iremos repetir a filtragem utilizada no filtro pa-
drão que era a seguinte: de acordo com a tabela da figura 67,
Resultado da filtragem avançada
realizar uma filtragem onde só deverão conter os carros da Marca:
Teclas de atalho para planilhas
“Fiat”, acima do Ano: 2005 e com o valor inferior a 29.000 mil
Navegar em planilhas
reais, para realizaremos os seguintes passos:
Teclas de atalho/Efeito
Copie os cabeçalhos de coluna dos intervalos de planilha a se-
Ctrl+Home / Move o cursor para a primeira célula na plani-
rem filtrados para uma área vazia da planilha e, em seguida, insira
lha (A1).
os critérios para o filtro em uma linha abaixo dos cabeçalhos. Os
Ctrl+End / Move o cursor para a última célula que contém
dados dispostos horizontalmente em uma linha serão sempre co-
nectados logicamente com E e dados dispostos verticalmente em dados na planilha.
uma coluna serão sempre conectados logicamente com OU. Home / Move o cursor para a primeira célula da linha atual.
End / Move o cursor para a última célula da linha atual.
Shift+Home / Seleciona todas as células desde a atual até a
primeira célula da linha.
Shift+End / Seleciona todas as células desde a atual até a úl-
tima célula da linha.
Shift+Page Up / Seleciona as células desde a atual até uma
página acima na coluna ou extende a seleção existente uma página
para cima.
Shift+Page Down / Seleciona as células desde a atual até uma
página abaixo na coluna ou estende a seleção existente uma página
para baixo.
Cópia dos cabeçalhos da planilha Ctrl+Seta para a esquerda / Move o cursor para o canto es-
querdo do intervalo de dados atual. Se a coluna à esquerda da cé-
Uma vez que você criou uma matriz de filtro, selecione os lula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para a
intervalos de planilha a serem filtrados. Abra a caixa de diálogo esquerda da próxima coluna que contenha dados.
Filtro avançado escolhendo Dados - Filtro - Filtro avançado e de- Ctrl+Seta para a direita / Move o cursor para o canto direito do
fina as condições do filtro. intervalo de dados atual. Se a coluna à direita da célula que contém
o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para a direita da próxima
coluna que contenha dados.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto superior do
intervalo de dados atual. Se a linha acima da célula que contém
o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para cima da próxima
linha que contenha dados.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto inferior do
intervalo de dados atual. Se a linha abaixo da célula que contém
o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para baixo da próxima
Intervalo de critérios de filtragem linha que contenha dados.
Ctrl+Shift+Seta / Seleciona todas as células contendo dados
Em seguida, clique em OK e você verá que somente as linhas da célula atual até o fim do intervalo contínuo das células de dados,
da planilha original nas quais o conteúdo satisfez os critérios da na direção da seta pressionada. Um intervalo de células retangular
pesquisa estarão visíveis. Todas as outras linhas estarão tempora- será selecionado se esse grupo de teclas for usado para selecionar
riamente ocultas e poderão reaparecer através do comando Forma- linhas e colunas ao mesmo tempo.
tar - Linha – Mostrar ou então desfaça a filtragem. Ctrl+Page Up / Move uma planilha para a esquerda.
Na visualização de impressão: Move para a página de impres-
são anterior.
Ctrl+Page Down / Move uma planilha para a direita.
Na visualização de impressão: Move para a página de impres-
são seguinte.
Alt+Page Up / Move uma tela para a esquerda.
Alt+Page Down / Move uma página de tela para a direita.
Tipos de Rede
Quanto ao alcance:
• Rede Local (LAN – Local Area Network);
Rede de abrangência local e que geralmente não ultrapassa o Converte um sinal analógico em digital e vice-versa;
prédio onde a mesma se encontra, ou seja, rede formada por um
grupo de computadores conectados entre si dentro de certa área; • Hub
• Rede Metropolitana (MAN – Metropolitan Area Network);
Rede de abrangência maior e que geralmente não ultrapassa a
área de uma cidade;
• Rede de Longa Distância (WAN – Wide Area Network);
Compactadores
ZIP – A extensão do compactador Winzip se tornou tão famo-
sa que já foi criado até o verbo “zipar” para mencionar a compac-
tação de arquivos. O programa é um dos pioneiros em sua área,
sendo amplamente usado para a tarefa desde sua criação.
RAR – Este é o segundo formato mais utilizado de compac-
tação, tido por muitos como superior ao ZIP. O Winrar, programa
que faz uso dele, é um dos aplicativos mais completos para o for-
mato, além de oferecer suporte ao ZIP e a muitos outros.
7z – Criado pelos desenvolvedores do 7-Zip, esta extensão faz
menção aos arquivos compactados criados por ele, que são de alta
qualidade e taxa de diminuição de tamanho se comparado às pastas
e arquivos originais inseridos no compactado.
14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo - 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Assinale
CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de arquivos em a alternativa que contém os nomes dos menus do programa
lotes, também denominados scripts, o shell de comando é um Microsoft Word XP, em sua configuração padrão, que, respec-
Resposta: “D”
Comentário:
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1
a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.
Comentário:
Comentário:
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e
mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS GERAIS
to, pela captura do gado xucro espalhado na região de Vacaria do se organizavam as missões e a atuação educacional e religiosa dos
Mar (atual campanha gaúcha e uruguaia). Como indica Pesavento, jesuítas nos sete povos. Os jesuítas não se limitaram apenas a edu-
também os “acioneros” de Santa Fé, Corrientes e Buenos Aires, cação religiosa dos índios guaranis, mas também buscavam prote-
autorizados pela Espanha, estiveram por anos na região preando ger os índios contra a ação dos bugreiros e da escravidão. Além de
animais na região na região de vacaria del mar. Além do interesse receber educação europeia, os índios missioneiros também se ocu-
econômico, os Platinos buscavam a região para responder a expan- pavam da criação de gado e da agricultura moderna. O principal
são portuguesa no território gaúcho e na área platina. produto cultivado nas missões era a erva mate e o fumo. De modo
geral, como salienta Flores, os jesuítas aceitavam grande parte da
A gradual ocupação do território gaúcho cultura indígena como, por exemplo, o modo de organização da
produção coletiva e individual e a língua guarani, mas descarta-
Nos primeiros anos, a busca de índios e do gado foram os vam alguns como a “poligamia”.
fatores que atraiam os luso-brasileiros para o território sulista. Ao Como indica Pesavento os índios missioneiros também busca-
longo dos séculos o território que compreende o atual Rio Gran- vam gado na tumultuada região de vacaria do mar para os jesuítas
de do Sul passa a se configurar como uma região voltada para o espanhóis. O interesse gradual dos portugueses em ocupar a parte
abastecimento da região central do país. Num primeiro momento, sul do Brasil também estava relacionado a ocupação das missões
durante toda a fase da união ibérica, não houve uma ocupação sis- jesuíticas. Com os anos, tanto os espanhóis como portugueses per-
temática na região, que apenas era uma zona passageira em direção ceberam as riquezas que os jesuítas produziram através da mão
a região Platina. indígena. Com o tratado de Madri (1750), o interesse português
A ocupação do território gaúcho pelos portugueses só se reali- pela região das missões é satisfeito. Portugal e Espanha propõem
za de forma mais sistemática a partir da distribuição de sesmarias a troca da colônia do Sacramento, sob domínio português, pela
ao longo da costa atlântica para homens de bem (católicos e de região das missões, sob dominação espanhola.
posses) na maioria luso-brasileiros de Laguna (cidade fundada em O tratado de Madri, 1750, realizado por Portugal e Espanha,
1676). Formalmente, o início da ocupação das terras que com- determinou que os índios abandonassem os sete povos para não
preende atualmente o Rio Grande do Sul se realiza com a funda- gerar revoltas destes contra Portugal. Na figura abaixo temos como
ção, em 1737, do forte Jesus, Maria e José, que deu origem ao po- ficou a divisão do território Rio-grandense com o tratado de Madri
voado do Rio Grande. Para compreendermos a gradual ocupação e a localização dos sete povos (São Francisco de Borja, São Nico-
do território onde se situa o Rio Grande do Sul três fatores são de lau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista,
fundamental importância: São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio).
- A fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento pelos por- Três consequências sobre o território rio-grandense surgiram
tugueses em 1680. do tratado:
- A fundação dos sete povos das missões pelos jesuítas espa- - A criação da Capitania Rey de do Rio Grande do Sul São
nhóis. Pedro.
- A descoberta de gado pelos portugueses e espanhóis na re- - O estabelecimento do Rio Uruguai como fornteira do Brasil
gião de Vacaria do Mar (região sul do RS) e do Reino do Prata.
- As Guerras guaraníticas
A Colônia do Sacramento
As guerras Guaraníticas – as batalhas na região missioneira
A fundação da primeira fortificação em território gaúcho que duraram de 1754 a 1756. Apesar da concordância dos jesuítas em
deu origem à cidade do Rio Grande, em 1737, está diretamente abandonar a região, os indígenas missioneiros, liderados por Sepé
associada ao interesse português em manter base na região do Tiaraju permanecer na região. Os índios missioneiros travaram vá-
Prata. A origem do interesse dos portugueses na região do Prata rias contra investidas militares do Prata. Em 1756, parte do Prata
pode ser datada durante o período da união ibérica quando alguns uma missão com mais de 2 mil homens. O lider Sepé Tiarajú morre
segmentos de comerciantes portugueses passaram a se estabelecer após uma emboscada que preparou para os platinos. O mito de
em Buenos Aires. Com o fim da união Ibérica os portugueses são Sepé está presente na obra anticlerical O Uraguai, de Basílio da
expulsos da região. Como não era de intenção deles abandonar o Gama.Como analisa Flores, a guerra guaranítica destruiu moral-
próspero comércio platino e o contrabando, os comerciantes por- mente as reduções, abalando a confiança dos índios nos jesuítas e
tugueses pressionam a coroa portuguesa para estabelecer um forte nas autoridades, destruiu estâncias e ervais.
na região. Como indica Pesavento, concretizando estas ambições,
em 1680 foi fundada, na outra margem do rio da Prata a Colônia Vacaria do Mar
do Sacramento. A proteção da Colônia do Sacramento foi um dos
principais fatores que contribuíram para o interesse português em A região que se denominava Vacaria do Mar compreende a
povoar o atual estado do Rio Grande do Sul. atual parte sul do Estado e norte do Uruguai, região da Campanha.
Tratava-se de uma região de pastagens onde se criou a campo livre
As missões Jesuíticas uma quantidade de vacum de origem questionada pela historio-
grafia. A região era conhecida tanto pelos espanhóis como pelos
As missões jesuíticas estabelecidas, a partir de 1682, no ter- portugueses. Em apenas 6 anos, de 1628 a 1634 foi exterminado
ritório gaúcho pelos jesuítas espanhóis fazem parte de uma estra- todo o rebanho da região. Como indica pesavento, ‘preia ao gado
tégia dos espanhóis em conter o avanço português na região e no xucro’; uma intensa atividade de caráter predatório, atraiu para a
Prata. O historiador Moacyr Flores descreve detalhadamente como região, os paulistas, os “acioneiros” das províncias do Prata e os
Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS GERAIS
índios missioneiros e indivíduos sem fé nem lei que vaqueavam O tratado de Madri (vide mapa acima) oficializou parte do
por conta própria, vendendo o couro a quem lhes pagasse. Extraía- território gaúcho como pertencente à coroa portuguesa, mas não
-se apenas o couro, que era então exportado para a Europa por garantiu o fim dos conflitos, visto que parte do território também
Buenos Aires ou pela Colônia do Sacramento. A carne, na época, pertencia à Espanha. Nos anos 50 e 60 daquele século várias bata-
não tendo um valor econômico, era consumida no local, em quan- lhas se travaram entre lusos brasileiros e espanhóis do Vice-Reino
tidades necessárias à subsistência, e o restante, deixado a apodre- do Prata em território gaúcho. Era comum a invasão de ambos os
cer no campo. lados. De outra parte também os portugueses, como veremos, não
A região mais tarde passa a ter importância na ocupação do abriram mão de suas pretensões na região platina, assim como os
estado. Anos depois do eldorado de Vacaria do Mar os luso-brasi- espanhóis das Missões. Nos primeiros anos as capitanias de Rio
leiros passam a estabelecer a criação de gados naquela região e a Grande de São Pedro e de Santa Catarina estavam subordinadas à
ocupação desta através da doação sesmarias. capitania do Rio de Janeiro, sede da colônia. Em 1760, foi criada
oficialmente a capitania de Rio Grande de São Pedro, subordinada
A formação da capitania de são Pedro: uma região estancei- unicamente à capitania do Rio de Janeiro.
ra e militarizada
Estratégias portuguesas de ocupação da capitania de Rio
Os tropeiros luso-brasileiros, durante desde o século XVII Grande de São Pedro
desrespeitavam o tratado de Tordesilhas. Por questões de ordem
econômica, como a busca de gado, de ouro e de índios (para subs- O estabelecimento de sesmarias
tituir a escravidão negra sob controle holandês) eles atravessavam
o território espanhol e mapeavam terras abrindo caminhos para A partir dos anos 30 do século XVII a coroa portuguesa inicia
circulação de produtos. Os portugueses se aventuraram em andar o processo de distribuição de sesmarias definindo a pose do gado
pelo litoral brasileiro, chegando até o atual Uruguai em busca de com o estabelecimento de estâncias. As terras foram distribuídas
alguma riqueza econômica, principalmente o gado, que poderia a homens de posse econômica e de fé católica (homens de bom)
estar abandonado. Nada encontrando, mais ao sul, eles se fixam oriundos de outras capitanias e militares. Em 1732, Manoel Gon-
çalves Ribeiro recebeu a primeira sesmaria nas margens do Rio
no comércio do Plata, durante o período da união ibérica. A partir
Tramandy (atual Tramandai), região que passou a se denominar
do século XVIII a região passa a ser objeto de disputa aberta entre
campos de Viamão. O mesmo sesmeiro recebeu, anos mais tar-
portugueses e espanhóis.
de, outras terras na região onde se formou Santo Antônio, uma
Como podemos ver, no início o território gaúcho era atrativo
das primeiras cidades da capitania. Em 1740, Jerônimo de Ornelas
de tropeiros paulistas e lagunenses que vinham atrás do gado para
recebeu sesmarias na região de Porto Alegre. A primeira cidade
comercializá-lo na região de Sorocaba, de onde era distribuído tan-
do estado Rio Grande (1737) ao mesmo tempo em que abrigava
to para os engenhos como para as necessidades da mineração na
ao fortaleza militar também se direcionava ao comércio de gado.
região das gerais. Com os anos os portugueses tiveram que montar
A partir de Rio Grande continuou o processo de distribuição de
base na região. Os portugueses, durante o período da união ibéri- sesmarias, com a intenção de povoar a região e impedir o avanço
ca, passaram a distribuir sesmarias na região do litoral gaúcho e a dos castelhanos.
fundar aldeias.
A ocupação do território propriamente dita do território onde A formação das estâncias
se situa o atual estado do Rio Grande do Sul se realizou de forma
gradativa. Em linhas gerais, o processo de ocupação do estado teve A introdução de grandes fazendas na capitania e a acumulação
dois fatores distintos, mas complementares. De um lado, a ocupa- econômica por parte dos estanceiros foi a gênese do processo de
ção gradual do RS esteve relacionada à necessidade portuguesa formação da sociedade estanceira sul-riograndense. Nesta socie-
da manutenção da Colônia de Sacramento. A criação do primeiro dade, cada homem era um potencial militar e os estanceiros eram
Forte de Jesus, Maria e José, em 1937, que originou a cidade de os gestores de cargos administrativos. Muitas vezes, como vere-
Rio Grande teve, entre outros motivos, como principal fator o for- mos mais adiante na revolução farroupilha, os interesses destes
talecimento português na região Platina. estanceiros entrarão em conflito com os interesses do poder central
Conforme indica o historiador Moacyr Flores, a Comandância tanto na fase colônia como imperial brasileira.
Militar do Continente do Rio Grande de São Pedro (com sede em As estâncias de criação de gado se caracterizavam pela cria-
Santa Catarina) tinha como objetivos auxiliar a Colônia do Sacra- ção extensiva e pela utilização de mão de obra dos peões (homens
mento, povoar a região e regular as relações entre os diferentes sem posse, em geral índios guaranis e “mestiços”). Nesta fase, a
elementos povoadores. O governo colonial estabeleceu uma rígi- mão de obra escrava ainda não havia sido utilizada, em grande
da disciplina militar para controlar uma população de origem tão número, em função do preço do escravo. Como descreve Flores,
diversificada (portugueses, brasileiros de outras capitanias, índios a estância ou fazenda era familiar, comunal e com espírito mili-
guaranis originados das missões, escravos, pessoas oriundas das tar por ser concedida, originalmente, além da linha do tratado de
províncias do reino do Prata). Por outro lado, a ocupação também Tordesilhas. As primeiras estâncias eram precárias feitas de capim
tem um caráter econômico bem fundamental: abastecer o centro do santa fé, com apenas três peças. Ao lado estavam as senzalas dos
país com couro e carne para as fazendas paulistas durante o ciclo escravos, os galpões de três paredes para homens solteiros e os
do açúcar e mais tarde o abastecimento do ciclo da mineração nas ranchos para peões solteiros. A mão de obra era escrava e livre,
minas gerais. Como indica Flores, o charque gaúcho destinava-se composta de capataz, peões domésticos, peões campeiros, agrega-
em maior quantidade à alimentação dos escravos. dos e posteiros.
Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS GERAIS
Pesavento salienta o poder e prestígio sócio-econômico dos do pela expansão das sesmarias e a reconquista de terras perdidas
estanceiros. Segundo a historiadora, muitas vezes a privatização pelo tratado de Santo Ildefonso. Os estanceiros, enriquecidos pelas
do poder dos estanceiros entrou em choque com os interesses da charqueadas, passam a ocupar a região neutral expandem-se até
Coroa. Em nível local, os estanceiros tinham certa autonomia em as missões. Como indica Pesavento, o enriquecimento propicia-
relação ao poder luso. Em relação à economia, o importante a ser do pelo charque contribuiu para acirrar as relações entre os lati-
destacado é que a sociedade estanceira estava subordinada a eco- fundiários gaúchos e os representantes da coroa. Além do poder
nomia do centro do país. Ela dependia do mercado das gerais e econômico regional os estanceiros passam a ter também o controle
da região central para vender seu produto principal, o charque. A administrativo da região. Eles passam a monopolizar os cargos na
concorrência com a economia dos saladeros (salgador de carne) região, dividindo-os entre eles, em detrimento dos interesses colo-
platino foi constante durante vários períodos da história brasileira. niais lusitanos. A importância da área cresceu de tal forma que o
Por vários anos, a exportação do produto platino abalou a econo- Rio Grande foi promovido a capitania Geral, independente do Rio
mia estanceira regional. de Janeiro e diretamente subordinada ao Vice-Rei do Brasil.
Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS GERAIS
A imigração Alemã
No contexto das nações europeias que começavam a se desenvolver industrialmente, como era o caso de regiões que passarão a integrar
a Alemanha (1871), a intensidade do capitalismo industrial e a acumulação de capital por parte da burguesia urbana fez surgir uma massa
proletariada urbana. A indústria com maior capacidade produtiva, fez com que as pequenas manufaturas entrassem em crise. A crise do meio
urbano também se refletia no campo, onde os problemas principais advinham da concentração da propriedade, do confisco de terras e dos
altos impostos agrícolas. Estas condições perversas na estrutura econômica criaram uma massa populacional com dificuldades de se colocar
no sistema produtivo tanto no meio urbano como no ambiente rural. Como salienta Pesavento, o principal problema para países como a
Alemanha, que já atravessavam problemas políticos de unificação foi o crescimento demográfico de uma massa populacional excedente em
termos de ocupação que ameaçava a estabilidade interna das nações.
Paralelo às dificuldades das populações destes países europeus que estavam sofrendo transformações no meio industrial e com um ex-
cedente de população desprovida dos meios de produção (especialmente da terra), algumas novas nações como o caso do Brasil, que desde
1808, com a abertura dos portos, tinham a necessidade da ocupação populacional de seu território para garantir tanto o desenvolvimento
de colônias agrícolas, visando a gradual substituição da mão de obra escrava, como para fins militares. Com estas finalidades, Dom Pedro I
solicita a vinda de soldados alemães e, posteriormente, o governo imperial passa a estabelecer colônias na província do Rio Grande.
Atraídos por promessas de uma terra próspera em 1824 chegam ao Brasil, os primeiros colonos Alemães que partiram do Rio de Janeiro,
depois para Porto Alegre e da capital para a Feitoria do linho-cânhamo, atual cidade de São Leopoldo. Os colonos alemães estabeleceram,
de forma mais intensiva, a agricultura com uma base de policultura e deram origem à uma indústria familiar alicerceada em atividades como
sapateiros, alfaiates, tecelões, carpinteiros ou marceneiros. Como indica Flores, Em 1829, havia em São Leopoldo oito azenhas, uma fábrica
de azeite, uma fábrica de sabão e oito pequenos curtumes.
Do ponto de vista econômico, segundo a mesma autora, a colonização visava atender o abastecimento interno do país, amenizando o
desnível da balança comercial causado pelo grande peso das importações. Ao longo dos anos, os habitantes de origem alemã diversificaram a
produção do estado desenvolvendo uma economia comercia de gêneros de subsistência, e a partir dos anos 1870, exportam para o centro do
país abastecendo o mercado interno regido pelo café no Vale do Paraíba (SP). Além dos gêneros agrícolas exportados (milho, feijão, batata,
mandioca trigo) as colônias se especializaram também na produção de toucinho e banha.
O desenvolvimento da agricultura beneficiou o surgimento do processo de acumulação de capital para um grupo bem específico entre os
habitantes das colônias: o comerciante. Como destaca Pesavento, o comerciante alemão foi o elemento que se destacou no mundo colonial
na província. Lucrava sobre a produção agrícola mediante a diferença obtida pelos produtos na colônia e em Porto Alegre. Lucrava com o
transporte das mercadorias da colônia à capital, lucrava ainda com as operações financeiras e de empréstimo e guarda de dinheiro, o que lhe
oportunizava capital de giro para investir. O comerciante da área colonial diversificou paulatinamente suas atividades aplicando o capital na
indústria, em empresas de navegação, bancos, companhias de seguro, loteamentos, hotéis.
Segundo Pesavento, a introdução de colônias alemãs na Província também estava relacionada a uma estratégia política por parte do
poder central. A ocupação de pequenas áreas virgens pelos pequenos agricultores tinha também o intuito de neutralizar o poder da oligarquia
regional (os estanceiros). Mas, na prática, do ponto de vista político, o poder regional era dominado por latifundiários da pecuária (estan-
ceiros). Durante o século XIX, as possibilidades de atuação política eram quase nulas. Os elementos enriquecidos da colônia atuavam na
política mais fazendo a relação entre a massa de pequenos agricultores e a oligarquia pecuarista do sul do estado. Em termos de cargos o
máximo que restava aos habitantes das cidades coloniais era a ocupação de vagas nas câmaras municipais, geralmente exercida por comer-
ciantes e elementos de uma elite cultural em formação.
O Estudo de Gans sobre a presença teuta em Porto Alegre durante a segunda metade daquele século, demonstra a influência que os
alemães tiveram no comércio da capital. Como mencionamos, muitos dos descendentes de alemães que viviam nas colônias vieram a ocupar
diversas profissões, sobretudo comerciais e artesanais, na capital e a se integrar na vida socioeconômica da cidade como um todo.
A dimensão da presença alemã na capital pode é exemplificada por Gans através do que relatou na época o viajante alemão Joseph
Hömeyer sobre a cidade:
“Eu já havia notado, em outras cidades meridionais, grande número de alemães e Porto Alegre pareceu-me totalmente alemã. Todas
as lojas, todas as oficinas pareciam ser de alemães, todas as estalagens, todas as vendas tinham nomes de alemães e o cabelo louro parecia
predominar”.
Quadro sintético do estabelecimento de colônias Alemãs na província do Rio Grande na fase imperial brasileira
Fonte de dados: Moacyr Flores: História do Rio Grande do Sul – Organização Luciano Jacobsen
Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS GERAIS
A Revolução Farroupilha moderados que dividiam-se em monarquistas tendo a frente Bento
Gonçalves e moderados republicanos liderados por Manoel Luis
A Revolução Farroupilha ou Guerra Civil dos Farrapos foi Osório e de outro lado, os liberais exaltados, chamados Farroupi-
um dos episódios mais estudados pela historiografia gaúcha e, por lhas ou Farrapos, que pretendiam a federação.
isso, sempre pode ser uma questão de prova quando o concurso Este terceiro grupo, os liberais exaltados (farroupilhas) fun-
envolve conhecimentos gerais sobre o Rio Grande do Sul. dam em 1832, o partido Farroupilha, de onde se originará mais
A revolução tem seu período entre os anos de 1935 e 1945, um tarde, a Revolução Farroupilha.
período marcado por fatores de instabilidade política e administra- A insatisfação dos farroupilhas e de outros grupos liberais
tiva no império brasileiro que já se apresentavam desde o período com o poder central se justificava tanto em âmbito econômico
do estabelecimento da corte imperial no Brasil, culminando na in- como político.
dependência do país (1822) e se agravando no período regencial. Como indica Pesavento, no plano econômico o inconformis-
Durante o período joanino (de Dom João VI), a implantação mo na província do Rio Grande do Sul, assim como de outras
de uma monarquia unitária e centralizada contribuiu para o agrava- províncias, se manifestava contra o centralismo do Império que
mento de um quadro situações de tensões e da consciência das ca- ordenava as províncias a afluírem recursos para o Rio de Janeiro.
madas dominante agrárias na sua luta contra os monopólios (prin- O Império governava para os interesses dos cafeicultores o que
cipalmente aqueles estabelecidos pelo centro contra as economias fez com que os estanceiros (produtores) tivessem pouco controle
subsidiárias como era o caso do Rio Grande do Sul). sobre os preços. De outra parte, e mais importante, o charque gaú-
Como salienta Pesavento, estruturalmente essas tensões pas- cho, ainda estruturado pelo trabalho da mão de obra escrava, sofria
sam a ganhar contornos mais nítidos a partir da Independência do concorrência desleal, no mercado nacional, do charque platino que
Brasil. No país, a nova classe burguesa em ascensão passa a ques- entrava no país com baixo imposto.
tionar, com mais veemência, o regime imperial, ainda apoiado pela De outro lado, como salienta Flores, no plano político a in-
base monárquica absolutista. satisfação com o Império se fazia presente entre os rio-granden-
No período antecedente à revolução, o Brasil passa por uma ses pelas guerras da Cisplatina e da Argentina que sacrificaram
fase regencial. As regências foram governos provisórios estabele- a província que enviou a maior parcela de soldados, cavalhada e
cidos até que Dom Pedro II, rei do Brasil, atingisse a maioridade. gado. Segundo este historiador, a província foi transformada num
Este período foi caracterizado pelo surgimento de revoltas em vá- acampamento militar, não tendo compensações suficientes para as
rias províncias, causadas por grupos que já se mostravam insatis- perdas econômicas que sofreu.
feitos com o centralismo monárquico do poder imperial. Diante deste contexto de revoltas provinciais contra o centra-
No plano externo, na Europa, os regimes monárquicos, legiti- lismo econômico e politico do poder Imperial, as lideranças libe-
mados pelo absolutismo, passaram a ser questionados pelo libera- rais depõem o presidente da província, que acusava a existência
lismo, doutrina política que iniciou no século XVII na Inglaterra. de um movimento separatista republicano. Como indica Flores, as
Em linhas gerais, o liberalismo legitimava-se pela liberdade indi- lideranças revolucionárias reuniam-se no Gabinete de leituras “o
vidual, denunciando o aniquilamento do indivíduo e da proprie- continentinentino”, em casa do Major Lima e Silva e na casa do
dade pelas monarquias absolutista. Sobre influência da doutrina Cônsul norte-americano. De acordo com o mesmo historiador, as
liberal, vários movimentos revolucionários se intensificaram em lideranças revolucionárias eram oficiais do exército, estanceiros e
toda a Europa. Em síntese, a base destes movimentos visava sem- comerciantes que constituíam a elite local. Num primeiro momen-
pre o equilíbrio entre os poderes, legitimados pela constituição to a causa maior dos revolucionários estava centrada na igualdade
nacional. De outra parte, também a Revolução na França legitima- política, com o poder de decisão através do sistema federativo.
va os poderes republicanos como forma de governo, servindo de Nos primeiros anos a revolução (1835-1836) contou com o
base para alguns estados nações, que estavam se constituindo ou apoio de todas as correntes liberais.
já constituídos. Os liberais gaúchos queriam um movimento brasileiro, mas
Nos países periféricos como o Brasil, ainda que de forma como não puderam contar que liberais de outras províncias se
incipiente, os ideais liberais e republicanos se faziam presentes unissem ao movimento resolveram iniciar a revolução (ou guerra
principalmente entre alguns segmentos de grupos econômicos pro- civil) no âmbito da própria província.
vinciais, insatisfeitos com a forma centralizadora do destino dos De acordo com Flores, em 1836, os farrapos manobram a As-
impostos cobrados, e por uma pequena elite intelectual e política sembléia Legislativa que não deu posse ao novo presidente indi-
esclarecida que se estruturava ao redor das cidades mais urbani- cado, e induzem Antônio de Souza Neto a proclamar a Republica
zadas. Rio-Grandense em 11.09.1836, após a vitória nos Campos de Sei-
Neste contexto, as revoltas de cunho liberais chegam ao Brasil val. No ano seguinte, foi fundada a República Piratini, na localida-
com contornos mais claros durante a Confederação do Equador, de de mesmo nome.
em Pernambuco no ano de 1824. Em linhas gerais, a Confedera- Durante seu tempo de duração, a República Rio-Grandense
ção do Equador foi um movimento liberal que visava limitar os funcionou nos ditames de um país independente, com bandeira,
poderes constitucionais da monarquia brasileira. O movimento foi hinos, escudos e economia própria.
violentamente combatido pelos imperiais e seu líder, frei Caneca, Mesmo lutando contra o Império Brasileiro, os Farrapos nunca
fuzilado. aceitaram a ajuda externa para resolver as questões internas. Logo
No Rio Grande do Sul, o liberalismo também se intensifica no início da revolução o uruguaio Lavalleja propõe ajuda às tropas
entre vários segmentos da elite econômica e cultural, dando início farroupilhas com o intuito de formar um novo país em um imenso
à formação de partidos políticos de cunho liberal. De acordo com território compreendendo o Uruguai, o Rio Grande do Sul e as pro-
Flores, as principais facções liberais eram, de um lado os liberais víncias Argentinas de Entre Rios, Corrientes e Missiones. No final
Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS GERAIS
da guerra, como salienta Flores, o presidente da Argentina, Manuel ram glebas agrícolas de 25 ha., isoladas da sociedade brasileira, o
Rosas, com o objetivo de lutar contra o império brasileiro ofereceu que permitiu a conservação dos valores éticos e religiosos. As co-
dinheiro para Bento Gonçalves continuar a Revolução. lônias eram auto-suficientes em alimentos sendo o milho o produto
A Revolução foi tomando batalhas entre forças em toda a pro- que servia de base para a alimentação das pessoas e dos animais.
víncia. Os farrapos, por vários anos, sitiaram a capital e outras Os colonos se dedicavam intensamente à produção de alimentos de
cidades em sucessivas batalhas com os caramurus (em geral gaú- subprodução animal: manteiga, queijo, leite, banha e ovos.
chos que lutavam em prol do Império). A maior atividade econômica dos colonos italianos gaúchos
De acordo com o historiador citado, o grande erro de estra- era a viticultura. O produto era exportado para as fazendas do cen-
tégico dos farrapos foi nunca ter tomado a cidade do Rio Grande. tro do país o que possibilitou a formação de cooperativas e grandes
Além de deixarem uma brecha para as tropas imperiais entrarem cantinas na região.
na província para combatê-los, os farrapos ficaram sem um porto O progresso industrial na região teve impulso a partir da fer-
para exportação do charque e para manutenção da vida comercial. rovia Porto Alegre- Caxias. O maior contato com o sistema eco-
As exportações da república Rio-Grandense seguiam pelo porto nômico da sociedade brasileira possibilitou o sucesso econômico
uruguaio de Montevidéu. das colônias. No início do século, a área colonial já conta com
A falta de uma região portuária fez com que os farrapos no- muitas indústrias, principalmente metalúrgicas, que se ocupavam
vamente invadissem o território catarinense. Depois de terem to- da formação de ferramentas. A vocação artesanal dos colonos im-
mado a cidade de Lages (1838), no planalto da província de Santa pulsionava a indústria.
Catarina, os farrapos, liderados pelo italiano Giuseppe Garibaldi A partir de 1910 os colonos passam a ocupar outras áreas do
visavam uma região portuária naquela província. Para tanto esco- estado principalmente a região do alto-uruguai. Mas em poucos
lheram a cidade de Laguna, que passou a denominar cidade Julia- anos se expandem da serra até a região norte do estado.
na, capital da República Catarinense. Sem o apoio da população Atualmente, cerca de 25% da população gaúcha é descendente
local, a República Juliana durou quatro meses, sendo retomada de colonos italianos, que através dos anos foram ocupando e fun-
pelo exército Imperial no ano de 1839. dando diversas cidades pelo interior do Estado.
A revolução começou a ter seu fim quando, em 1842, o Barão
de Caxias assume o Comando das Armas. Uma de sua primeira A imigração polonesa
estratégia foi fazer um acordo com o presidente do Uruguai, Oribe,
impedindo que os republicanos se refugiassem do outro lado da Os poloneses chegaram no Rio Grande do Sul a partir de
fronteira. De outro lado, foi conquistando o apoio das populações 1884, se estabelecendo inicialmente na colônia de Conde D´Eu.
por onde passava distribuindo roupas, alimentos e água. Como grande parte das terras já estava destinado aos colonos ale-
De outro lado, as lideranças farrapas passaram a se dividir, mães e italianos, os poloneses tiveram que se espalhar por várias
questionando o centralismo dentro do próprio movimento. Como regiões do estado, principalmente na região das Missões e do Alto
descreve Flores, a República Rio-Grandense ficou sem capital e o Uruguai. Mesmo com o distanciamento geográfico, os colonos po-
exército passou a agir em pequenos grupos na zona da campanha, loneses mantiveram seus hábitos e costumes, principalmente reli-
cada vez mais recalcados para a fronteira. giosidade, a culinária e o gosto pela música. Economicamente se
Em 1944, Bento Gonçalves iniciou as tentativas de acordo dedicaram mais intensamente a agricultura e ao comércio.
com o Barão de Caxias. As reinvindicações do grupo revolucio-
nário era que fosse concedida a anistia geral, garantia dos cargos A imigração Judaica
no exército nacional para os rebeldes de acordo com os postos que
ocuparam na revolução, liberdade a todos os cativos (em geral os A imigração judaica no Rio Grande do Sul começou no ano de
lanceiros negros) que lutaram na revolução, garantia da proprieda- 1904, os judeus vinham de vários países da Europa. A imigração
de e da segurança individual, entre outros itens. foi organizada por uma associação, a “Jewish Colonization Asso-
Assim, em 1845 é assinado o acordo de Ponche verde que deu ciation” (Associação Judaica de Colonização).
fim à revolução. Na verdade os Imperiais declararam pacificada a O primeiro processo de fixação de imigrantes judeus no Rio
província, mas não assinaram o acordo, apenas cumprindo-o em Grande do Sul se deu na criação da Colônia de Philippson, próxi-
partes. A liberdade dos negros como queriam os farrapos foi negada ma a Santa Maria.
pelos imperiais. Uma parte dos negros foi exterminada na Batalha Com o fracasso da maioria dos núcleos agrícolas os imigran-
dos Porongos e os sobreviventes foram enviados ao Rio de Janeiro. tes judeus começam a abandonar a zona rural e passam a procurar
Como salienta Pesavento, iniciou-se após a revolução um pe- a zona urbana. Assim, em meados de 1920, Porto Alegre será a
ríodo de apogeu da dominação regional marcado pela submissão cidade mais procurada no RS. Também, outras cidades representa-
da província, empobrecida pelos dez anos de guerra, aos interesses ram uma alternativa aos colonos judeus que abandonavam a zona
do centro do país. Durante os dez anos de luta a imigração esteve rural em busca de uma vida melhor, como Erechim, Pelotas, Rio
paralisada. Os imigrantes alemães que vieram para o país no perío- Grande, Santa Maria e Passo Fundo. Nas cidades, inicialmente,
do da revolução foram encaminhados para as províncias de Santa desenvolviam-se como mascates e depois passaram a adquirir lo-
Catarina e Espirito Santo. jas, fabricando móveis, confeccionando roupas, entre outras ati-
vidades.
Imigração Italiana no Rio Grande do Sul (Serviu de orientação para abordar a colonização judaica o
estudo de NEVES, GOMES, ALVES, RIBEIRO E RODRIGUES
A colonização italiana teve inicio no ano de 1872 nas colônias 2009: Imigração judaica no RS em busca de um território livre).
de Conde D´Eu e Dona Isabel, na região serrana do estado. Como
indica Flores, no Rio Grande do Sul os imigrantes italianos recebe-
Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS GERAIS
Rio Grande do Sul: contexto econômico Além da agricultura e do comércio os gaúchos também come-
çaram a praticar mais intensamente a extração vegetal. A indústria
No contexto da fase colonial do Brasil (1500-1822), o início extrativa, a partir do final do século XIX, em muito contribuiu para
do século XVII, corresponde ao terceiro ciclo econômico do Bra- as exportações do estado.
sil, o ciclo da mineração, que teve impulso com a descoberta do Como salienta Pesavento (1980) o advento da imigração es-
ouro na região das Minas Gerais. trangeira para o Rio Grande do Sul foi capaz de atenuar, no nível
Nesta fase, os tropeiros oriundos da capitania de São Vicente de economia provincial, a relativa estagnação que atrasava a pe-
intensificam suas investidas à região onde hoje situa o estado do cuária sulina. O progressivo avanço dos produtos coloniais (so-
Rio Grande do Sul com a intenção de capturar o gado abandonado bretudo, feijão, o milho, a batata, a mandioca e o fumo) na pauta
na região de Vacaria do Mar, na parte sul do estado. Este gado era das exportações, combinadas aos tradicionais produtos pecuários,
levado para a região de Sorocaba e dali seguia para abastecer a contribuiu para cognominar o Rio Grande do Sul, na virada do
capitania de Minas Gerais. Portanto, como estas terras eram zona século de ”celeiro do país”.
de disputas entre Portugal e Espanha nesta fase não se pode pensar
em uma economia consolidada pela pecuária. O que havia era uma A estrutura econômica do Brasil e do RS no final do século
pilhagem de animais tanto pelos espanhóis como pelos portugue- XIX e início do Século XX
ses, que os jesuítas abandonaram na região.
Com a ocupação sistemática dos portugueses na região, a par- O final do século XIX é marcado como uma época em que
tir dos anos 30 daquele século, inicia-se uma pequena economia a economia brasileira passa por uma fase de transição. Segundo
apoiada na pecuária, sobretudo para utilização do couro do animal. Pesavento, nestes anos começaram a surgir rupturas fundamentais
A ocupação propriamente econômica do território gaúcho inicia que promoveram a internacionalização do capitalismo no Brasil.
quando os portugueses distribuem sesmarias ao longo do litoral. A principal base da transformação na economia nacional inicia
Nestas terras, chamadas “estâncias”, os luso- brasileiros que aqui pela possibilidade de acumulação de capital, através das importa-
se situaram, passaram a criar o gado de forma extensiva. ções de café. Como descreve da Costa, até então, o crescimento da
Como indica a historiadora Sandra Pesavento, nestes anos, os economia estava baseado no que se convencionou denominar de
rebanhos de gados do sul do Brasil, conectam o Rio Grande do “modelo primário-exportador”. Primário porque a produção consis-
Sul como economia subsidiária da economia de exportação (ouro tia de alguns produtos (café, açúcar, algodão, etc.) provenientes des-
e açúcar). Inicia-se então a economia do charque, que passará por se setor de atividade, e exportador porque a eram as exportações que
anos a constituir a base da economia desta província. dinamizavam a economia nacional. A economia agroexportadora do
Com a chegada dos açorianos, um produto de base agrícola é Brasil articulava-se ao mercado europeu como compradora de bens
introduzido no estado, o trigo. Em poucos anos, as plantações são manufaturados e vendedora de produtos primários.
atacadas pela praga da ferrugem e os açorianos abandonam esta As exportações, principalmente de café, proporcionaram o
cultura e a exemplo dos luso-brasileiros passam também a dedicar- surgimento de uma burguesia capitalista nacional radicalizada, so-
-se a pecuária extensiva. bretudo, no estado de São Paulo. Mas, o principal fato que propor-
Somente na primeira metade do século XIX, com a chegada cionou a acumulação de capital por esta classe veio justamente das
dos colonos alemães à província, em 1824, é que a estrutura eco- transformações em sua forma de produção. No final do século XIX
nômica deixa de ser baseada exclusivamente na pecuária. Já nos (1888), o trabalho escravo foi gradativamente substituído pelo tra-
primeiros anos de colonização os imigrantes alemães introduzem balho assalariado. Este foi o principal fator que proporcionou a
na província uma economia de subsistência de produtos agrícolas entrada do Brasil de forma mais competitiva no cenário internacio-
Como observa Manique da Silva (1979), passam assim a coe- nal. As condições como o trabalho assalariado foram introduzidas
xistir duas sociedades distintas na província de São Pedro: a do no Brasil (sem direitos sociais, remuneração conforme a produção,
estancieiro (na grande propriedade, dominando a Serra do sudeste também era comum o calote do fazendeiro no assalariado) permi-
e a Campanha) e a dos pequenos agricultores localizados princi- tiram a maior acumulação do maior capitalista nacional da época,
palmente em determinadas áreas da Depressão Central e do litoral. o fazendeiro exportador.
A partir da década de 40 até 1870, inicia uma fase que ca- Esta base econômica agro-exportadora também foi capaz de
racteriza a introdução do comércio de produtos comercias (milho, gerar uma série de transformações na estrutura tradicional montada
feijão, batata, trigo) entre a zona colonial alemã e a capital da desde o início da colonização. O domínio do mercado mundial de
província. Dos anos 70 em diante, a agricultura colônia já atingia exportações de café proporcionou ao fazendeiro acumular divisas.
uma fase de poder exportar para o centro do país, abastecendo o Com o acúmulo de divisas oriundas do café os fazendeiros
mercado interno gerado pelo café. Nesta fase, começa a ganhar paulistas convertem parte do capital oriundo das exportações des-
força econômica uma nova figura, o comerciante, que mais tarde tes produtos para alavancar as indústrias no país.
se constituirá no industrial através da acumulação de capital. No contexto estadual, o Rio Grande do Sul ainda tinha sua
Este capital, oriundo da zona colonial, permitiu a diversifica- base econômica voltada para a pecuária. A região sul do estado
ção não só na indústria como em empresas de navegação, bancos, concentrava a maior renda e onde se localizavam as maiores cida-
companhias de seguro, loteamentos e hotéis. Mas antes da década des em termos populacionais.
de 90 daquele século, a indústria concentrava-se principalmente Na pecuária-charqueada do Rio Grande do Sul, a grande mo-
em Rio Grande e Pelotas, visando mais o abastecimento do merca- dificação qualitativa ocorreu por conta do mercado nacional de
do nacional do que as necessidades locais. charque e derivados, e não apenas por aquelas medidas que muda-
Utilizando a estrutura comercial de escoamento dos colonos ale- ram as relações de trabalho. O mercado consumidor mais impor-
mães, os colonos italianos que chegaram em grande número ao estado tante após a abolição da escravatura era a população trabalhadora
em 1876, introduziram a policultura especializada num só artigo: o livre atrelada à economia cafeeira e, em menor escala, a população
vinho. O produto encontrou ampla aceitação no centro do país. pobre das áreas urbanas, para quem o charque era um alimento
Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS GERAIS
essencial e barato. O trabalho remunerado, então, expandiu o mer- e São Paulo foram os mais competitivos, pois utilizavam terras
cado do charque e dos produtos da lavoura muito além daquele desbravadas pelo café, assim como Paraná e Santa Catarina, onde
restrito sustento dos escravos nas atividades de exportação, café e a colonização também estava em curso.
cana-de-açúcar. De acordo com Fraquelli, a produção de arroz permeabilizou
De acordo com Dalmazo, os produtos da pecuária-charqueada a entrada do capitalismo no campo. Desde o início o produto foi
representavam a quase-totalidade do valor das exportações. Os cultivado pela lavoura empresarial, utilizando o trabalho assalaria-
principais produtos exportados foram: o charque, couros crus, lã e do, a mecanização de seu cultivo e a irrigação. A cultura do arroz
couros curtidos. A partir de 1919, o principal produto secular sul- inicialmente cultivado nas áreas próximas a Laguna dos Patos e
-rio-grandense — o charque — paulatinamente passou a ser subs- cidades como Guaíba e Cachoeira do Sul, se intensifica também
tituído pela carne congelada na produção e na exportação. Entre no sul pastoril, o reduto da pecuária. O arroz contava com merca-
1989 e 1904, o couro foi o principal produto exportado. O grande do cativo para a venda da produção. Devido a introdução de adu-
destino dos couros secos e salgados foi o mercado internacional, bação, preparo mecânico do solo, irrigação, a rizicultura gaúcha
em torno de 80% das exportações. apresentava, desde aqueles anos, o maior rendimento entre os es-
A elevação do preço do gado e a abertura de um amplo espaço tados brasileiros.
no mercado internacional de carnes incentivaram a melhoria do re- O vinho, a princípio, era um produto artesanal e restringia-se
banho e a implantação de um projeto antigo: montagem de um fri- ao autoconsumo e ao mercado regional. Voltou-se para o mercado
gorífico com o capital gaúcho. Essas melhorias na oferta do gado nacional, nesse período, com o surgimento das cooperativas e das
em pé para corte, somadas aos incentivos da legislação protecio- empresas industriais especializadas e com a consequente separação
nista do RS atraíram a instalação de quatro frigoríficos estrangei- entre a produção agrícola da uva e a produção industrial do vinho.
ros. Mas com a guerra esses investimentos são retirados do estado. Conforme analisa Dalmazo, a evolução histórica das relações
Nestes anos, a ovinocultura também consolidou-se como ati- de comércio do RS foi a expressão maior do desenvolvimento
vidade na pecuária, especialmente na Metade Sul, e a produção de crescente e das transformações da economia regional. O processo
lã sempre teve uma parcela significativa exportada, O RS absorvia de desenvolvimento dos segmentos da pecuária-charqueada-frigo-
cerca de 50% da produção de lã, a outra metade se destinava, no rífico e da lavoura colonial foi fundado com características especí-
início e no final do período, basicamente ao mercado internacional. ficas em relação às demais regiões do Brasil, que configuraram a
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro passaram a ser os prin- formação de uma grande diversificação social e econômica no RS.
cipais importadores. O movimento dos fluxos de mercadorias buscava, principalmente,
As demais exportações da pecuária compõem um elenco de a realização no mercado nacional. O mercado externo cresceu em
produtos, como carne em conserva, couros curtidos, gado em pé, importância apenas em um período curto de tempo, especialmente
graxa, crinas, ossos, chifres, etc. para os produtos da pecuária, mais para o arroz e a banha.
A produção da lavoura exportada também foi crescente no
período 1889-1930. No início, os principais produtos exportados Os primeiros anos do século XX: os imigrantes e a indus-
eram arroz, feijão, fumo em folha, farinha de mandioca, vinhos, trialização do estado
cebola, erva-mate, batata-inglesa, alfafa e banha. O desempenho
das vendas coloniais foi sustentado pelo crescimento da banha e Como pode-se perceber, por longos anos a base econômica
do arroz, assim como pelo de vinhos e batata-inglesa. do Rio Grande do Sul se realizou na pecuária e na agricultura de
A banha foi o mais importante produto colonial exportado. produtos coloniais. Vimos que o comércio de produtos coloniais
Resultava da associação entre a produção familiar de subsistência era bastante diversificado e as exportações de produtos da zona
e a criação de suínos para a fabricação da banha. De acordo com da colônia como a banha e seus derivados se destinavam tanto a
Roche, no início do século XX, ocorreu um processo de separação outros estados como ao comércio internacional.
entre o criador de suínos e produtor de banha bruta e os refinadores Dentro do estado, o fluxo comercial entre a zona colonial e
de banha, passando esta a ser transformada por indústrias situadas a capital do estado se realizava de forma extensa. Os colonos in-
próximas às regiões coloniais, junto com os demais produtos de- crementaram um sistema hidroviário para fazer o escoamento de
rivados, como as carnes preparadas, os embutidos, o sabão e os sua produção para Porto Alegre. Com os anos, vários comercian-
defumados. tes que tinham pequenas indústrias na área colonial passaram a se
Primeiro a produção abastecia o mercado do Rio Grande do estabelecer na capital se direcionando às atividades industriais.
Sul e, posteriormente, destinava-se às praças do Rio de Janeiro e de Dessa forma pode-se notar que no contexto regional, mesmo a
São Paulo basicamente e entre 1917 e 1923, atingiram o mercado mais tempo dominando a economia no estado, não são os pecuaris-
internacional chegando a países como Alemanha, Argentina, Itália, tas da região sul o grupo econômico que vai incrementar a industria-
Portugal e ao Uruguai. A comercialização para outros países só foi lização no estado. Atingidos pela concorrência com países platinos e
representativa para alguns produtos, como arroz, fumo, feijão e ba- com dificuldades em produzir em escala industrial, através de frigo-
tatas, nos anos da Primeira Grande Guerra e no início dos anos 20. ríficos, este grupo econômico não consegue converter investimentos
Produtos como vinho, cebola, alfafa e milho se voltavam ape- para o setor industrial como fizeram os cafeicultores paulistas.
nas para o mercado nacional .Houve uma estagnação das exporta- Em sua maioria, as maiores indústrias do estado nasceram
ções (menos para arroz, batata-inglesa e alfafa) e por uma drástica através da acumulação de capital dos comerciantes de produtos
baixa de seus preços. agrícolas da região de colonização alemã, e mais tarde também
A produção colonial do RS e suas relações de comércio so- os comerciantes imigrantes de origem italiana da região serrana.
freram diretamente a concorrência da produção crescente dos res- Segundo Reichel (1979) o desenvolvimento industrial gaúcho nos
pectivos produtos em outros estados. Notadamente, Minas Gerais primeiros anos do século XX se caracterizou por incrementar uma
Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS GERAIS
produção voltada para atender a expansão do mercado interno na- Nas duas décadas seguintes à Revolução de 1930, a pecuária
cional. Os comerciantes do estado passaram a aferir mais lucros. O tradicional voltou a apresentar dificuldades, mas manteve seu cresci-
estado passou a comercializar com mais intensidade com o centro mento paulatino. O ciclo do charque e a agricultura colonial, a base da
do país seus principais produtos: charque e os produtos agrícolas economia gaúcha durante todo o século XIX, entram em decadência.
(o feijão, o milho, a batata, a mandioca, a uva e o fumo). No período 30-50 a economia gaúcha é marcada pelas rela-
Este superávit comercial possibilitou o incremento industrial ções de assalariamento, em vista da expansão industrial, da urbani-
do estado, que em 1907 já era a terceira força industrial do país, fi- zação, mas também em virtude da formação de um novo setor pro-
cando atrás em número de estabelecimentos apenas do Distrito Fe- dutivo, a lavoura capitalista do trigo, que se tornaria, isoladamente,
deral (Rio de Janeiro) e de São Paulo. A produção industrial gaú- o principal setor da produção primária no início dos anos 50.
cha voltava-se especialmente para abastecer o mercado interno. A economia gaúcha seguiu sua trajetória expansiva, tal qual
Quanto a distribuição territorial, a zona industrial gaúcha se a economia brasileira, com um pequeno período recessivo que se
situava principalmente nas cidades de Porto Alegre, Pelotas e Rio seguiu à crise mundial iniciada em 1929. Mas, a economia gaúcha
Grande. Naqueles anos, como acontece hoje, as indústrias gaúchas apresentava importantes problemas, indicativos do esgotamento
a distância entre o estado e os principais centros econômicos do do padrão de desenvolvimento econômico configurado nos 40
país, dificultava a concorrência. O fator distância aumentava os anos da Primeira República.
preços dos produtos industriais gaúchos que eram tributados em Dentre os principais problemas que se apresentam a partir de
vários estados antes de chegar ao destino. Este fato fez com que os 1930, o esgotamento da fronteira agrícola parece ter sido decisivo
industriais gaúchos voltassem sua produção mais para o mercado para uma economia regional com ampla base agropecuária e uma in-
interno do que para o nacional. Esta característica de voltar-se para dústria estreitamente vinculada a ela (Accurso, Candal, Veras, 1965),
o mercado interno vai pautar a indústria gaúcha até a segunda me- De outra parte, a fragmentação da propriedade da terra na
tade do século XX. lavoura colonial obstaculizava a ampliação da produtividade, en-
De acordo com Reichel, nos primeiros anos do século XX, as quanto o latifúndio permaneceu consolidado ao sul do Estado, sem
fábricas de maior produção foram as de tecidos, em segundo lugar que a pecuária extensiva alterasse seu padrão produtivo.
as fábricas de bebidas, em terceiro lugar as fábricas de calçados e Do ponto de vista estratégico, o estado ainda enfrentava pro-
em quarto lugar as fábricas de conservas e de fumo. blemas de infra-estrutura, como era o caso da energia elétrica. Já a
produtividade cresceu em índices inferiores aos da indústria pau-
Naqueles anos, também houve uma expansão do número de
lista, assim como os salários médios.
fábricas no estado. Em 1905 havia 314 fábricas e em 1919 o estado
Como enfatiza os economistas citados, trata-se de uma crise
já possuía 12.950 estabelecimentos fabris. Na primeira guerra hou-
especificamente regional, porque, nessa década, a economia bra-
ve um crescimento significativo da industrial têxtil gaúcha, que ao
sileira realizou um “grande salto” com o Plano de Metas (1955-
longo dos anos foi perdendo espaço para a agroindústria.
59), resultado da ação de um Estado desenvolvimentista, sob o
Governo de Juscelino Kubitschel. A instalação dos novos setores
Economia gaúcha 30-60: integração com a economia na- industriais assinalou uma nova fase da industrialização brasileira
cional, expansão, crise e subordinação e manutenção do mode- regionalmente concentrada no sudeste.
lo da economia gaúcha subordinada ao centro do país A integração do mercado nacional ensejou que novas áreas de
produção agropecuária (Paraná e Centro-Oeste) alcançassem os
Conforme as analises econômicas, nos anos 30 houve um pro- mercados do centro do País com vantagens de produtividade e lo-
cesso mais intenso de integração da economia gaúcha do merca- calização sobre os produtores gaúchos, enquanto os produtos indus-
do nacional, Mas levando em consideração todo o período 30-50 triais de São Paulo começavam a adentrar expressivamente o mer-
nota-se poucas mudança em relação ao padrão como a economia cado regional em condições vantajosas frente aos produtores locais.
do RS interage com a economia brasileira. Paralelamente, a lavoura do trigo experimentou uma grande crise,
Para caracterizar a economia gaúcha do período tomamos por em parte devida aos acordos do Governo Federal com os EUA para
base as análises dos economistas Schmidt e Hierriein Jr, que espe- importação dos excedentes da produção tritícola daquele país.
cificam a dinâmica de vários setores da economia gaúcha desde o As consequências do Plano de Metas transcendiam o aspecto
final do século XIX. da concentração dos investimentos na Região Sudeste, o que deter-
AS bases do crescimento econômico do RS consistiram na minou uma defasagem no crescimento da economia gaúcha.
manutenção de seu papel de exportador agropecuário e agroindus- A percepção da crise mobilizou os agentes econômicos regio-
trial para o mercado interno brasileiro, bem como na ampliação de nais, os governos estaduais e também a opinião pública. O Gover-
seu mercado interno regional. no Leonel Brizola (1959--63), apesar de deter poucos instrumentos
Até meados dos anos 50, pelo menos, a restrita integração do de intervenção econômica, empreendeu uma contundente reação
mercado nacional para a produção industrial e a escassez de oferta política à crise e à exclusão do Estado do bloco de investimentos
de bens industriais, permitiram que a indústria gaúcha se expan- do Plano de Metas. Sua assessoria econômica produziu argumen-
disse no período com escalas de produção antieconômicas e eleva- tos que, a despeito de sua incorreção, favoreceram uma série de
dos custos de produção, que se revelariam insustentáveis quando a conquistas junto ao Governo Federal (Jânio Quadros) em reunião
integração do mercado interno brasileiro impôs condições concor- de cúpula da Presidência e dos governadores da Região Sul, rea-
renciais mais severas aos produtores gaúchos (Barros de Castro). A lizada em Florianópolis, em 1961. Tais conquistas (implantação
indústria gaúcha, entre 1920 e 1950, acentuou o seu caráter regional. de refinaria de petróleo, da siderurgia de aços finos, dentre outras)
Na análise de Schmidt e Hierriein Jr, o perfil setorial da indús- conjugaram-se à ação do Governo do Estado na encampação dos
tria gaúcha permaneceu basicamente o mesmo, com uma pequena serviços de telefonia e energia elétrica, trazendo repercussões que
redução do peso majoritário da indústria da alimentação. se fariam sentir somente a partir do final dos anos 60.
Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS GERAIS
A crise da economia regional nos anos 50 deixou marcas de desaceleração, os setores que apresentam as taxas mais baixas
profundas na “auto-imagem” da sociedade regional. A economia de crescimento para o Brasil são os produtores de bens de con-
brasileira que emergiu do Plano de Metas — já sob a condução sumo não duráveis e os setores de bens de capital (1962-67) e de
das ditaduras militares, com uma extensa matriz industrial, urba- bens de consumo duráveis (1973-80).
nizada, espacialmente integrada, etc. e que voltaria a crescer com No caso do Rio Grande do Sul, também o setor de bens de
o “milagre econômico” — teria relegado um papel secundário ao consumo não duráveis apresentou a mais baixa taxa de crescimen-
RS, como produtor de bens para a reprodução da força de traba- to, seguido pelo de bens de consumo duráveis em 1962-67 e pelo
lho e, mais recentemente, de bens intermediários. Como os ramos de bens de capital em 1973-80. As taxas de crescimento da pro-
industriais que passaram a dinamizar o crescimento não se instala- dução industrial por categorias de uso no Rio Grande do Sul e
ram na região, esta passou a ter sua trajetória de desenvolvimento no Brasil permitem a constatação de que o Estado acompanhou o
“subordinada” à acumulação capitalista no centro. ritmo de crescimento do conjunto da indústria brasileira no perío-
Período de 1959 a 1985: a indústria como propulsora do desen- do 1959-61.
volvimento: crescimento e crise na nacional e na economia gaúcha Para o período 59-62, os segmentos mais importantes da cate-
A dinâmica da economia gaúcha a partir dos anos 50 foi mar- goria no Rio Grande do Sul são a parcela de metalúrgica (fabrica-
cada como uma fase na qual a indústria passa a ser o centro dinâ- ção de fogões e cutelaria) e o mobiliário que, em 1959, perfaziam
mico da economia brasileira. Nestes anos, o desempenho desse cerca de 70% do valor da produção total dos bens duráveis.
setor da produção explica o comportamento da economia nacional,
marcada por os períodos de expansão e retração da economia. Período 1962-67
Todo este período pode ser estudado em cinco fases que mar-
cam a dinâmica da economia gaúcha e brasileira, neste período em Ao período expansivo da economia, seguem-se os anos da
que o setor industrial passou a ser o principal atividade econômica. crise de 1962-67. No caso específico do Rio Grande do Sul, a sua
O primeiro período refere-se ao intervalo de tempo de1955- indústria de transformação acompanha o fraco desempenho da
62 e 1968-73. Esteve associado a expansão dos setores de bens economia, apresentando uma taxa de crescimento muito baixa, in-
de consumo duráveis e de bens de capital. O crescimento anotado clusive inferior à apresentada pela indústria brasileira.
nestes anos teve como o seu principal determinante, o pacote de
investimentos (substituição de importações) associado ao Plano de Período 1968-73
Metas (1956-61), fundamentalmente em bens de consumo durá-
veis e de produção. A expansão da indústria de transformação do Rio Grande do
No segundo período 1968-73, o crescimento esteve associa- Sul foi expressiva no período 1968-73, inclusive superior à veri-
do a conjugação de uma série de fatores, tais como: existência de ficada no período anterior, de rápido crescimento industrial.. Nes-
capacidade ociosa proveniente do período de desaceleração de te período a produção industrial do Estado expandiu-se de forma
1962-67; políticas monetária e fiscal expansionistas; ampliação do acelerada, chegando inclusive a superar o ritmo apresentado pelo
crédito para a aquisição de bens de consumo duráveis e para ha- conjunto da indústria brasileira.
bitação; crescimento do comércio internacional de mercadorias e
do mercado de capitais, facilitando uma política de endividamento Período 1973-80
externo; esquema de promoção das exportações (política de mini
desvalorizações cambiais, incentivos fiscais e financeiros). O período 1973-80 caracteriza-se por uma desaceleração no
O terceiro período 1973-80 ,também retrata um crescimento crescimento da produção industrial comparativamente ao período
elevado, embora com desaceleração do setor industrial.. Os setores 1968-73. Entretanto as taxas ainda foram elevadas, estando, inclu-
responsáveis pela taxa de crescimento observada foram os produ- sive, acima da taxa histórica de crescimento do PIB brasileiro nas
tores de bens intermediários e de bens de capital. Houve ainda no últimas décadas.
período um crescimento da construção civil e dos serviços de uti- Considerando a indústria total, a intensidade da queda é maior
lidade pública com base nos investimentos governamentais e das para o Rio Grande do Sul do que para o Brasil. Durante os pe-
empresas estatais. Este período é marcado pelo PNB II ríodos 1965-73 e 1973-80, os setores privilegiados foram os de
E, finalmente, tem-se o aprofundamento dessa desaceleração bens de capital (mecânica e material de transporte) e os de bens de
com a fase recessiva de 1981-83. Este é o período que apresentou consumo não duráveis, no período seguinte a ênfase foi desviada
as piores performances de que se em notícia dentre todas as fases para o setor de insumos básicos (siderurgia, metalúrgica, produtos
de contração do produto industrial. químicos e fertihzantes, etc).
Setor industrial gaúcho durante o período 59-85 O setor agrícola gaúcho no período 70-90
Durante todo esse período, a indústria gaúcha acompanhou o As flutuações ocorridas na indústria durante o período anali-
movimento da indústria brasileira. Ou seja, quando esta cresce, a sado também podem ser notadas na agricultura. Assim como no
do Rio Grande do Sul também cresce; quando a indústria brasileira setor secundário, o terciário gaúcho também passou por períodos
tem um fraco desempenho, a indústria gaúcha apresenta uma per- de crescimento e crises ao longo daqueles anos.
formance semelhante. De acordo com Garcia, a partir da década de 70, o Rio Gran-
Mas, o fato de as estruturas industriais serem semelhantes em de do Sul, utilizou-se largamente do sistema oficial de crédito a
1980 não significa dizer que a indústria do Rio Grande do Sul seja lavoura empresarial — arroz, trigo e soja — e, em menor escala e
uma reprodução, em escala menor, da indústria nacional. Nas fases via de regra de forma indireta, os agricultores vinculados à agroin-
Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS GERAIS
dústria. Houve também um crescimento da demanda por máquinas No setor automotivo o estado se destaca por possuir um dos
e insumos modernos (defensivos, fertilizantes, tratores, implemen- maiores parques do continente. Esse setor responde por 13% do
tos agrícolas, etc. ) PIB industrial gaúcho. O pólo de autopeças da região de Caxias
Nos anos 80-90, a situação inverteu-se. A crise que se abateu so- do Sul é o segundo mais importante do país.O estado destaca-
bre a economia brasileira incidiu no volume de crédito e na concessão -se também como o principal produtor de tratores e colheitadei-
de subsídios. Na verdade, os subsídios vão diminuindo gradativamen- ras. Nos últimos anos vêm sendo inclementadas atividades de
te, até serem completamente eliminados em meados da década. alta-tecnologia como: a fotônica, a metrologia, a biotecnologia, a
Para o período 70-80, a soja foi o produto agrícola que obteve nanotecnologia e a tecnologia de informação.
o melhor desempenho. A produção do RS atingiu o mercado exter-
no com mais verocidade. A partir da década de 90, o produto teve O desempenho da economia gaúcha em 2011
um decréscimo da área cultivada no estado devido à queda da soja
no mercado internacional e ao aumento da concorrência externa. A Fundação de Economia e Estatística (FEE) do RS divulgou
Quanto à produção de trigo, no período foi marcado por osci- os números do crescimento da economia gaúcha no ano que chega
lações, com tendência de redução na área cultivada.. ao fim. O evento é muito esperado pela imprensa do Estado porque
Em 1970, se plantou 1,4 milhão de hectares desse grão e, em ela dá ampla cobertura da matéria há quase quatro décadas. O cres-
1990, apenas 980 mil. O Brasil sempre se caracterizou como um cimento do PIB foi anunciado em solenidade no Palácio Piratini
importador deste produto agrícola. com a presença do Bacharel Tarso Genro, excelentíssimo senhor
A produção de arroz no estado é analisada por Sampaio e Governador do Estado. O PIB cresceu 5,7% em 2011. O valor
Furstenau. Segundo as autoras, a produção de arroz do Rio Grande do PIB gaúcho é de R$ 273, 879 bilhões no corrente exercício. A
do Sul tem sido, ao longo dos últimos anos, sempre superior à dos participação do produto do Estado no PIB brasileiro elevou-se de
grandes países produtores. 6,47% (2010) para 6,65% (2011). Paralelamente, o PIB per capita
Para a produção gaúcha de feijão houve oscilações durante estadual atingiu R$ 24.846,00, um aumento de 5,2% sobre o ano
os anos 90, decorrentes, em grande parte, de variações climáticas. passado.
Essa lavoura é extremamente vulnerável às mudanças climáticas Em âmbito setorial, medido pelo Valor Adicionado Bruto
e/ou a doenças originadas de situações climáticas não propícias às (VAB), a Agropecuária avançou 18,8%, enquanto a Indústria cres-
diversas fases do desenvolvimento das plantas. Apesar do cresci- ceu 2,5% e o setor de Serviços evidenciou um incremento de 5,2%.
mento da lavoura o estado passou a ser o oitavo produtor nacional. Na Agropecuária o crescimento da atividade da Lavoura
O Brasil é o segundo maior produtor de feijão, ficando atrás apenas (26,7%) foi responsável pelo notável desempenho do setor primá-
da Índia. rio. Em nível de produto os maiores incrementos correram por con-
Em relação à produção de Milho, o Rio Grande do Sul, por ta da produção de fumo (44,9%), arroz (30,1%), cebola (24,9%),
sua vez, era o segundo maior e passou para a terceira colocação uva (18,7%), maçã (18,0%), soja (10,9%), feijão (10,1%), trigo
em 2000 e poderá ser superado, talvez rapidamente, por Goiás. O (8,8%), batata-inglesa (5,8%), laranja (5,2%) e milho (2,5%). A
Estado do RS era responsável por 18,55% do total nacional; em pecuária registrou avanço de 2,5% no corrente ano, com desta-
2000, teve sua participação diminuída para 12,18. que para a produção de leite (7,3%), aves (3,4%) e suínos (3,3%).
O crescimento da indústria foi liderado pela produção de fumo
Desempenho do setor agroindustrial no período 70-90 (11,5%), máquinas e equipamentos (9,2%), produtos de metal –
exclusive máquinas e equipamentos (4,2%) produtos químicos
No segmento mais intimamente vinculado à agroindústria, foi (3,8%) e veículos automotores (3,8%), mobiliário (2,8%) e edição,
a produção de aves aquela que apresentou um melhor desempe- impressão e reprodução de gravações.
nho, na medida em que “ganhou espaço” tanto no mercado extre- Finalmente no setor de serviços os destaques ficaram por con-
mo quanto no interno. No mesmo sentido, apontam os dados rela- ta dos incrementos de o Comércio e serviços de manutenção e re-
tivos ao consumo per capita da came de frango no Brasil: ele passa paração (4,6%) e transporte, armazenagem e correio (4,1%).
de 4,9 em 1975 para 18,3 kg/hab./ano em 1992.’’ O Rio Grande
do Sul foi um dos estados da Federação que mais se beneficiou O PIB municipal do RS de 2009
dessa expansão do mercado. Entre 1970 e 1992, o abate de aves no
Estado dos irrisórios 13 milhões chegou a 261 milhões de cabeças. Nessa semana a FEE divulgou o PIB municipal do Rio Grande
No segmento de carne bovina a produção manteve-se pratica- do Sul referente ao ano de 2009. O valor total do PIB foi de R$
mente estagnada nestes 20anos. No Rio Grande do Sul a área da 215.863.879.000,00. Porto Alegre detinha o maior do PIB do Es-
pecuária perdeu espaço para a da lavoura e os abates permanece- tado em 2009, com um valor de R$ 37.787.913.000,00. Ele repre-
ram estáveis. sentou 17,51% do produto estadual nessa oportunidade. O ranking
da segunda até a décima posição e as respectivas participações re-
Economia gaúcha contexto atual lativas foi preenchida pelos municípios de Canoas (7,62%), Caxias
do Sul (5,80%), Rio Grande (2,91%), Gravataí (2,61%), Triunfo
Respondendo por 8,8% do PIB nacional, o Rio Grande do Sul (2,49%), Novo Hamburgo (2,08), Santa Cruz do Sul (2,03%), Pe-
tem a quarta maior economia nacional, ficando para trás apenas de lotas (1,78%) e Passo Fundo (1,73%). Diversas outras informações
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A economia gaúcha tem sobre PIB, PIB per Capita, Valor Adicionado Bruto (VAB), popu-
sua matriz diversificada na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), lação e variações por grupos de cidades e de Conselhos Regionais
na pecuária e na indústria (de couro e calçados, alimentícia, têxtil, de Desenvolvimento (COREDES) podem ser encontrados no site
madeireira, metalúrgica e química). da FEE, www.fee.tche.br. Fonte: blog do professor Fraquelli FEE
Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS GERAIS
Exportações gaúchas crescem 28% no ano
As exportações estaduais registraram, em novembro, um valor de US$ 1,4 bilhão, que representa um acréscimo de US$ 211,9 milhões
(18,4%) em relação ao mesmo mês do ano anterior. Este resultado foi inferior ao observado na média nacional (23,1%), apesar do cresci-
mento em volume (15,4%) ter sido bastante superior ao registrado País (2,8%). No mês, o Estado ocupou a sexta posição nas exportações
nacionais, com uma participação de 6,27% (a menor do ano), abaixo de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará e Paraná. Destacam-se
no mês os crescimentos das exportações de farelo de soja (74,4%), com um acréscimo de US$ 47,6 milhões, e de arroz (276,5%), com um
acréscimo de US$ 43,0 milhões, em relação a novembro do ano anterior. Considerando os países de destino, os grandes destaques foram
os aumentos para o Japão (US$ 32,3 milhões), para a Itália (US$ 31,0 milhões), para o Reino Unido (US$ 26,4 milhões) e para a Holanda
(US$ 25,6 milhões) Nos primeiros onze meses do ano, as exportações do Rio Grande do Sul acumularam US$ 18,1 bilhões. Em relação
ao mesmo período do ano anterior, houve um acréscimo de US$ 4,0 bilhões. A expansão em volume das exportações do Estado (9,9%) foi
bem superior à observada em nível nacional (3,3%), mas, em função do crescimento menor dos preços (16,5% no Rio Grande do Sul contra
25,0% no Brasil), o desempenho em valor das exportações gaúchas (28,0%) ficou pouco abaixo do desempenho observado em nível nacio-
nal (29,2%). Esse resultado mantém o Estado em quarto lugar entre os maiores estados exportadores — abaixo de São Paulo, Minas Gerais
e Rio de Janeiro —, representando 7,72% das exportações nacionais
As exportações da indústria de transformação registraram crescimento de US$ 2,4 bilhões no acumulado do ano (elevação de 20,4% em
valor, 6,4% em volume e 13,2% em preços), enquanto as exportações agropecuárias aumentaram US$ 1,5 bilhão (acréscimo de 76,1% em
valor, 35,1% em volume e 30,3% em preços) Dentre os principais produtos exportados pela agropecuária, destaca-se o crescimento de US$
1,1 bilhão das vendas de grãos de soja (62,9% em valor, 22,2% em volume e 33,3% em preços) e a forte expansão de US$ 369,,4 milhões
das exportações de trigo (450,3% em valor, 220,5% em volume e 71,7% em preços)
No que diz respeito aos principais destinos das exportações do Estado destacam-se, no acumulado do ano, os crescimentos de US$
871,2 milhões das vendas para China (37,0%), de US$ 333,7 milhões para a Argentina (22,5%), de US$ 253,1 milhões para a França
(178,9%) e de US$ 208,0 milhões para a Venezuela (94,2%). Fonte: FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Produtos Estatísticos
O quadro abaixo, elaborado pelo economista Francisco Carrion Júnior resume as relações entre a economia gaúcha e brasileira.
Através deste esquema, Carrion procura mostrar que sempre houve uma relação de dependência entre a economia gaúcha e a do centro
do país.
FONTE: Carrion Jr, Francisco Origens e perspectiva da crise econômica no RGS, in RS: economia e política, Porto Alegre mercado
Aberto 1979.
Vegetação
O Rio Grande do Sul possui dois biomas: o do Pampa e o da Mata Atlântica. O Bioma Mata Atlântica, abrange 13,04% do território
brasileiro com uma área de 1.110.182 km² e ocupa toda a faixa continental leste brasileira, estendendo-se para o interior no sudeste e sul do
país, sendo definido pela vegetação florestal predominante e relevo diversificado. O Bioma Pampa, possui uma área de 176.496 km², ou seja
2,07% do território brasileiro. Este Bioma é restrito ao Rio Grande do Sul e se define por um conjunto de vegetação de campo em relevo
de planície.
Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS GERAIS
Hidrografia Aspectos populacionais do estado do Rio Grande do Sul
A população atual do Rio Grande do Sul é de 10.582.877 de
Bacias e Sub-Bacias Hidrográficas habitantes. Segundo um extenso levantamento da dinâmica popu-
O território do RS é formado por 3 grandes bacias hidrográfi- lacional do estado dos últimos 100 anos realizado pela demógrafa
cas: a Bacia do Uruguai, a qual faz parte da Bacia do Rio da Prata Maria de Lourdes Teixeira Jardim, em 1900 o estado possuía 1.149
e abrange cerca de 57% da área total do Estado; a bacia do Guaíba 070 passando para 10.187.798 em 2000.
com 30% do total e a Bacia Litorânea com 13% do total. População total e taxas de crescimento anual da população do
O uso do solo da primeira está vinculado principalmente às Rio Grande do Sul e do Brasil — 1900-2000
atividades agropecuárias e agroindustriais.
A segunda apresenta áreas de grande concentração industrial População Total Taxas De Crescimento Anual (%)
e urbana, sendo a mais densamente povoada do Estado, além de
sediar atividades diversificadas incluindo indústria, agropecuária e ANOS RS BR RS BR
agroindustria, entre outras. 1900 1 149 070 17 438 434 2,50 1,98
A terceira apresenta usos do solo predominantemente vincula- 1920 2 182 713 30 635 605 3,26 2,86
dos às atividades agropecuárias, agroindustriais e industriais. 1940 3 320 689 41 236 315 2,12 1,50
No Rio Grande do Sul a gestão dos recursos hídricos vem al- 1950 4 164 821 51 944 397 2,29 2,34
cançando importantes avanços com a instalação dos Comitês de 1960 5 366 720 70 992 343 2,57 3,17
Gerenciamento de Bacias Hidrográficas cujo trabalho visa definir 1970 6 664 891 94 508 583 2,19 2,90
instrumentos de planejamento e gestão dos recursos hídricos, pro- 1980 7 773 837 121 150 573 1,55 2,51
movendo a sua recuperação e conservação. 1991 9 138 670 146 917 459 1,48 1,77
Das 23 sub-bacias do Estado, 16 já contam com Comitês ins- 2000 10 187 798 169 799 170 1,21 1,62
talados e operantes, 4 apresentam comissões provisórias e 4 são
bacias compartilhadas que necessitam tratamento especial. FONTE: JARDIM, Maria de Lourdes Teixeira; BANDEIRA,
Marilene Dias.
Porto Alegre: FEE, 2000.
Relevo
O relevo gaúcho é bastante variado, ultrapassando os 1000
Evolução da população do Rio Grande do Sul - 1940 a 2007
metros e podendo chegar a menos de 100 metros no Vale do Ta-
quari.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000, Contagem da Popu-
O Rio Grande do Sul tem as seguintes unidades morfológicas:
lação 2007
1. Planalto: constituído predominantemente de áreas de cam-
pos limpos e pastagens; campos subarbustivos; florestas de encos-
De 1900 a 1930 a população aumentou cerca de 30%. As
ta; florestas do Alto Uruguai; zona agrícola de uso intensivo de
explicações para o aumento populacional nestes anos foram: o
verão e inverno e zona agrícola de uso intensivo de verão. grande volume de entrada de imigrantes no estado e a alta taxa
2. Cuesta do Haedo: constituído predominantemente de áreas de fecundidade das mulheres. Nestes anos a taxa de crescimento
de campos limpos e pastagens; campos subarbustivos e zona agrí- populacional do estado estava bem acima da média brasileira. A
cola de uso intensivo de verão. partir dos anos 60, este fenômeno se inverte; o estado passa a ter
3. Depressão Central: constituído predominantemente de crescimento populacional abaixo da média nacional. Este fato é
áreas de campos limpos e pastagens; zona agrícola de uso intensi- explicado pela emigração da população em direção a outros es-
vo de verão e zona agrícola de culturas diversificadas. tados, principalmente ao oeste do Paraná e de Santa Catarina e à
4. Escudo Sul-Rio-grandense: áreas de campos subarbustivos diminuição da taxa de fecundidade das mulheres gaúchas.
e de campos mistos com ocorrência de matas-galerias e de encos- A diminuição da taxa de fecundidade entre as mulheres ocor-
tas. reu devido a dois fatores importantes: a urbanização e a difusão
5. Planície Costeira: áreas de depósitos arenosos e cordões de do uso dos métodos anticoncepcionais entre a população, a partir
dunas; lagoas e lagunas; zona agrícola de uso intensivo de verão e daqueles anos.
zona agrícola de culturas diversificadas.
A Pirâmide Populacional do Rio Grande do Sul está Alte-
Contexto Geográfico: Geografia Humana do Rio Grande rando seu Perfil Apresentando Estreitamento da base e Alar-
do Sul gamento do Topo
As pirâmides populacionais representam a estrutura etária por
Para compreender o contexto geográfico do Rio Grande do sexo e refletem a evolução da taxa de fecundidade, expectativa de
Sul é importante o estudante se ater, nos aspectos populacionais do vida e migrações. Como consequência da diminuição da fecundi-
estado, na dinâmica sócio-econômica, especialmente nas diferen- dade elas apresentam, nas últimas décadas, significativas altera-
ciações das regiões norte e sul do estado, nas crises na economia ções. Estas, porém, não têm se dado simultaneamente no Brasil e
da região sul do estado, no processo de urbanização do estado, no Rio Grande do Sul. No Estado a queda da fecundidade ocorreu
no fluxo migratório crescente da população para cidades pólos do mais cedo marcando o início do processo de envelhecimento da
estado ( Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo, Passo Fundo, população, que somada ao aumento da expectativa de vida, alte-
entre outras) a migração em direção ao oeste de outros estados da rou a pirâmide etária gaúcha que tem apresentado estreitamento da
região sul, no êxodo rural. base e ampliação do topo.
Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS GERAIS
As migrações Urbanização: Êxodo Rural e concentração populacional
Em 1900, a taxa de habitantes não natos no estado do Rio
grande do Sul era de 11,76%, em 2000 essa taxa atingiu apenas Nos últimos 30 anos, o processo de urbanização no estado do
0,44%. Ao longo dos anos, houve uma diminuição gradual dos es- Rio Grande do Sul se realizou em ritmo acelerado. A partir dos
trangeiros residentes no estado e o aumento no número de brasilei- anos 70 o fluxo de pessoas das áreas rurais em direção às áreas
ros de outros estados, principalmente de Santa Catarina e Paraná, urbanas se realizou com mais intensidade. Em 1960, a população
fixando-se no Rio Grande do Sul. Em se tratando de fluxos migra- urbana do estado já havia ultrapassado a rural, mantendo um cres-
tórios também é importante destacar a saída de gaúchos, princi- cimento acelerado para os próximos anos. Já a população rural co-
palmente da região norte do estado, em direção a outros estados. meça a decair ano pós anos chegando a ter no ano 2000 a mesma
população de 1940 (1879.499 habitantes). No período 70-80 nota-
Densidade Demográfica -se um declínio da população rural e um aumento da população
urbana. O Rio Grande do Sul sempre acompanhou a tendência bra-
Atualmente a densidade demográfica (habitantes por Km2) do sileira de crescimento do número de habitantes urbanos.
estado do Rio grande do Sul é de 37,5. Devido ao tamanho de seu
território 283mil km² o RS tem a menor densidade da região sul. A Alta Taxa de Urbanização do Estado Acompanha a Bra-
A população do RS está distribuída de forma de forma desu- sileira
niforme em seu território. O eixo região da região metropolitana
de Porto Alegre (RMPA) - Caxias do Sul concentra a maior parte Taxa de Urbanização
da população urbana do estado. Nesta área estão 19 dos 27 muni- Até a década de 60, a maioria da população, mais de 90%, vi-
cípios do estado que têm população acima de 200 mil habitantes via em municípios de porte médio (entre 10 e 100 mil habitantes).
por km². Após a segunda metade do século XX ocorrem dois fenômenos
No Norte do Estado as regiões Fronteira Noroeste, Produção, urbanos distintos; a migração e o aumento de pequenos municí-
Norte, Médio Alto Uruguai e Noroeste Colonial apresentam densi- pios com menos de 5 000 habitantes. Em 1900, havia apenas um
dades superiores ou bem próximas à média estadual. Estas regiões município com menos de 5000 habitantes e em 2000, devido às
com predominância da pequena propriedade passaram por proces-
emancipações, existia no estado 194 municípios de pequeno porte.
sos emancipatórios recentes que ocasionaram uma base territorial
Atualmente o estado tem 496 municípios, destes 335 possuem me-
intensamente fragmentada com uma rede urbana formada de nú-
nos de 10 mil habitantes.
cleos de pequeno contingente populacional.
Até 1980, o fluxo das migrações ocorre, sobretudo, na direção
Nas de regiões Campos de Cima da Serra, Vale do Jaguari,
da cidade de Porto Alegre. A partir destes anos, as cidades pólos
Fronteira Oeste e Campanha são áreas pouco povoadas. Estas re-
do interior ( Pelotas, Passo Fundo, Santo Ângelo...) e cidades do
giões apresentam densidades inferiores a 15 hab/km². Nestas re-
eixo Porto Alegre - Caxias do Sul (Gravataí, São Leopoldo, Bento
giões os centros urbanos mais importantes concentram a popula-
Gonçalves, Farroupilha) passam a atrair a maioria da população
ção regional e estão relativamente isolados. Nelas predominam as
grandes propriedades que constituem a base para o povoamento migrante no estado. A partir de 1990 diminui a atração dos mi-
rarefeito destas regiões, que se caracterizam pelos vazios demo- grantes pela cidade de Porto Alegre. Municípios da região metro-
gráficos. politana e da serra nordeste do estado (região de Caxias do Sul).
A migração para estas regiões urbanizadas ocorre por se tratar de
O sul do Estado possui pequena densidade demográfica cidades onde existe uma oferta razoável nos setores industrial e de
O eixo Região Metropolitana de Porto Alegre x Caxias do Sul serviços. Também é nessas regiões onde há ofertas maiores para o
comporta municípios com a maior densidade demográfica do estado. trabalho feminino. Nota-se que nestas cidades a maioria da popu-
lação está na idade de trabalho ativa. Em contraposição, na área
Melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país rural encontra-se um grande número de pessoas idosas.
Atualmente apenas os 17 maiores municípios, com população
Expectativa de vida entre as melhores do país superior a 100 mil habitantes comportam 47% da população do
estado. A taxa de urbanização do estado está fixada atualmente em
O estudo revela também que a expectativa de vida dos gaú- 81,6%.
chos, nos últimos 100 anos sempre esteve acima da média nacio-
nal. No início do século, a média de vida entre os gaúchos era de Dezessete Municípios Concentram 47,2% da População
43,9 anos e viviam 12 anos a mais que os brasileiros. Em 2000 a Gaúcha
média se situa em torno dos 71,6 anos, ou seja, em cem anos os
gaúchos passaram a viver 27,7 anos a mais. Atualmente o estado Distribuição da população
tem a terceira expectativa de vida nacional, ficando atrás do Distri-
to Federal e na mesma média de Santa Catarina. A expectativa de Geoeconomia do Rio Grande do Sul
vida ao nascer é um dos indicadores de qualidade de vida. Algu-
mas melhorias, provenientes do processo de urbanização, contri- A metade sul do estado estagnada na pecuária e a metade norte
buíram para melhoria da expectativa de vida da população gaúcha industrializada.
ao longo dos anos como, por exemplo, as melhorias de saneamento Como podemos perceber no início do século os municípios da
básico, a disseminação da prevenção de doenças, o maior controle região sul, especialmente Pelotas e Rio Grande eram os que pos-
de doenças transmissíveis e o maior acesso à saúde pública. suíam maior índice de industrialização. Estes municípios tinham
Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS GERAIS
sua base econômica nas charqueadas e nos frigoríficos. Em 1907 esta razão, a presença militar nesta parte do Estado sempre foi
a Metade Sul possuía mais trabalhadores fabris do que a Metade muito forte. A economia é tradicionalmente baseada em pecuária
Norte, e cerca de 50% da população gaúcha residia nesta região . extensiva e seus segmentos complementares, charqueadas e, pos-
As crises no setor agropecuário, mais especificamente a difi- teriormente, frigoríficos, e também arroz e beneficiamento. Até o
culdade da região sul do estado em se industrializar, a retirada do final do século passado, era a região mais próspera do Estado, mas
capital norte americano dos frigoríficos da região, a baixa qualida- atualmente, apresenta estagnação econômica, entre outros, devido
de do gado em relação aos países platinos. Esses fatores de ordem à pouca diversificação de sua economia, o que a deixou mais vul-
econômica criaram os vazios urbanos na região sul do estado, que nerável às crises.
tinha sua renda quase que concentrada na pecuária. No decorrer O norte do Estado foi colonizado posteriormente com a che-
dos anos esta região, próspera no passado foi empobrecendo. gada dos imigrantes alemães e italianos no fim do século passado.
Paralelamente ao declínio da região sul, outros centros foram O desenvolvimento ocorreu em forma de cooperação, em especial
crescendo e o pólo econômico do estado passa a se inverter. A por- entre os italianos, que permitiram a implantação de equipamentos
ção centro-norte do estado (especialmente o eixo Porto Alegre-Ca- voltados ao desenvolvimento da população em geral (escolas, por
xias do Sul), apresentando um crescente desenvolvimento urbano exemplo). O Nordeste, que engloba grande parte da Mesorregião
industrial, passa em importância econômica a região sul, pratica- Metropolitana de Porto Alegre e o sul da mesorregião Nordeste,
mente estagnada na pecuária e na produção de arroz (orizicultura). apresenta forte industrialização – petroquímica, metalmecânica,
Antes dos anos 30, o entorno da cidade de Porto Alegre já constitui móveis e madeira, couro e calçados – e concentrações urbanas. O
o principal pólo econômico industrial do estado. turismo também tem crescido muito nesta região. Cidades como
Desde o fim do século XIX, já se desenvolviam, no entorno Canela e Gramado são procuradas, principalmente no inverno,
da Capital e da região de Caxias do Sul, pequenas indústrias têx- enquanto a Região de Vinhedos – Bento Gonçalves, Garibaldi,
teis, metalúrgicas e curtumes. O comércio entre a capital e a zona Caxias do Sul – tem enfoque na degustação de vinhos. Assim, a
colonial também se realizava de forma intensa. A capital era abas- região serrana, com suas particularidades climáticas e culturais
tecida pelas pequenas propriedades coloniais, que dominavam o oriundas dos imigrantes europeus, é um grande atrativo para o tu-
comércio de vários produtos agrícolas no estado além de produtos rismo interno.
derivados animal como a banha.
O Noroeste, que agrega a mesorregião Noroeste e partes das
Menezes e Feijó analisam os contrastes sócio-econômicos
mesorregiões Centro Oriental e Nordeste, inicialmente desenvol-
entre as regiões sul e norte do estado ao longo dos anos. Segundo
veu uma economia baseada na agricultura diversificada, a qual ce-
os autores, a primeira se caracteriza como uma região onde pre-
deu espaço para as lavouras mecanizadas. Algumas de suas cida-
dominam municípios com grande área territorial com base inicial
des desenvolveram uma indústria vinculada à agricultura – indús-
na pecuária e posteriormente a lavoura de arroz, em suma, uma
tria alimentar e de máquinas e implementos agrícolas. A indústria
região predominantemente agrária. Já a região norte do estado, se
do fumo se sobressai e está concentrada na mesorregião Centro
caracteriza por pequenas e médias propriedades que foram à base
Oriental.
para a presença de indústrias e consequentemente das grandes con-
centrações urbanas.
A Metade Norte é bastante desenvolvida e diversificada tanto As aglomerações urbanas do estado do Rio Grande do Sul
na indústria quanto na agropecuária, ao contrário da Metade Sul
que é mais pobre, e está baseada no setor de serviços, na agricultu- Pelotas - Rio Grande: a Aglomeração Urbana do Sul (AU-
ra, na pecuária bovina e na indústria, localizada principalmente na SUL)
mesorregião sudeste. Existe, portanto, no estado do Rio Grande do
Sul uma desigualdade regional onde áreas praticamente equivalen- Conforme relatório da Metroplan, em 26 de novembro de
tes possuem participações no PIB bastante distintas. 1990 foi instituída pela Lei Complementar 9.184 a Aglomeração
De acordo com Monasterio, ultimamente, menos de 15% da Urbana de Pelotas, formada pelos municípios de Pelotas e Capão
produção industrial do RS é realizada na Metade Sul, sendo que do Leão. Em 26 de dezembro de 2002, através da Lei Complemen-
apenas um quarto da população do estado reside dentro desses li- tar 11.876 foi alterada a denominação para Aglomeração Urbana
mites. do Sul, incluindo aí os municípios de Arroio do Padre, São José do
Norte e Rio Grande.
As mesorregiões do Rio Grande do Sul
Conforme o estudo detalhado sobre esta aglomeração urbana,
Segundo divisão definida pelo IBGE, o Rio Grande do Sul – realizado por Soares, Halal e Godoy, as cidades de Pelotas e Rio
RS possui sete mesorregiões – 1 Centro Ocidental Rio-grandense, Grande (os núcleos desta aglomeração) são os principais centros
2 Centro Oriental Rio-grandense, 3 Metropolitana de Porto Ale- urbanos da Metade Sul do Rio Grande do Sul. Distantes 60 km
gre; 4 Nordeste Rio-grandense; 5Noroeste Rio-grandense; 6 Su- uma da outra, apresentam uma história comum, na qual os perío-
deste Rio-grandense e 7 Sudoeste Rio-grandense dos de desenvolvimento industrial, comercial e urbano, bem como
os períodos de crise e estagnação são, em muitos casos, coinciden-
O sul do Estado, conhecido como Metade Sul, corresponde tes. Ao longo dos séculos XIX e XX as duas cidades tiveram um
às Mesorregiões Sudeste, Sudoeste, Centro Ocidental e parte das desenvolvimento sócio-espacial peculiar. Nas primeiras décadas
mesorregiões Metropolitana de Porto Alegre e Centro Oriental. do século XX conformavam um importante pólo industrial, rivali-
Sua ocupação é mais antiga e ocorreu, principalmente, devido zando com a capital, Porto Alegre. Recentemente, as duas cidades
à preocupação do governo em relação às fronteiras do país. Por se inserem na problemática regional da chamada “Metade Sul do
Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS GERAIS
Rio Grande do Sul”. Contudo, a despeito de uma conjuntura de relativa “estagnação econômica” os dois centros urbanos continuam exer-
cendo um importante papel de pólos econômicos e de atração de fluxos migratórios de centros urbanos menores e das zonas rurais do seu
entorno.
População População
Área População IDH
Município Hab/Km² PIB (U$) urbana % rural %
(Km²) (Hab) (2000)
(2000) (2000)
Pelotas 1.648 323.158 196,10 827.265.663 0,816 301.081 93 22.077 7
Rio Grande 2.836 186.544 65,78 1.139.700.429 0,793 179.208 96 7.336 4
Capão do Leão 784 23.718 30,25 72.957.826 0,77 21.354 90 2.364 10
S. José do Norte 1.135 23.796 20,96 30.854.309 0,703 17.294 73 6.502 27
Arroio do Padre 130 4.145 31,88 4.505.883 - 102 2 4.043 98
TOTAL 6.533 561.361 85,93 2.075.284.110 519.039 42.322
Fonte: Soares, Halal e Godoy: Novos Recortes Territoriais e Aglomerações Urbanas no Sul do Brasil
Pelotas, polo comercial e de serviços da aglomeração, possui mais de 338 mil habitantes (estimativa do IBGE para 2004). Exerce
uma forte centralidade em todo o sul do estado. Rio Grande é a mais importante cidade portuária do estado e importante pólo industrial
(petroquímica, fertilizantes, alimentos). A dinamização das atividades portuárias, uma vez que o “Super-porto” de Rio Grande configura-se
como um dos principais nós de exportação e importação do Brasil e do Mercosul. Nos dois municípios localizam-se importantes unidades
universitárias (UFPEL, UCPEL e FURG), o que reforça a polarização entre as duas cidades da aglomeração.
Pelotas, mesmo perdendo dinamismo no setor agroindustrial sustenta taxas de crescimento no setor comercial e de serviços. Seu PIB de
serviços é de 1,121 bilhão de reais, o 73º do país, segundo o IBGE (2005).
Atualmente alguns grandes projetos de investimento são anunciados para os municípios da Aglomeração. Em Rio Grande, a implanta-
ção de dois grandes estaleiros anuncia a possibilidade de constituição de um pólo de indústria naval. Para Pelotas, a cidade começa a centra-
lizar a gestão de um projeto de produção de celulose em toda a Metade Sul do Rio Grande do Sul, o qual já incluí a operação de um viveiro
de mudas em Capão do Leão e a possibilidade de uma futura planta processadora de celulose entre os municípios de Pelotas e Rio Grande.
No campo social, existem profundas desigualdades a serem reduzidas na Aglomeração Urbana, tanto desigualdades intra-urbanas nas
cidades que a compõem (especialmente em Pelotas e Rio Grande), como desigualdades interurbanas, entre os diferentes municípios. Cita-
mos especialmente as desigualdades nos binômios Pelotas-Capão do Leão e Rio Grande-São José do Norte: os municípios menores tendem
a se constituírem em “mera” periferia dos núcleos polarizadores da aglomeração, concentrando os piores indicadores sociais.
Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS GERAIS
A RMPA constitui-se em pólo de atração no Estado. Esta ca- material plástico, têxtil, produtos alimentares) e recentemente a re-
racterística antes restrita a Porto Alegre e cidades mais populosas gião se tornou um pólo automobilístico com a instalação da fábrica
agora se verifica nas cidades da periferia da região, onde, atraídos da GM em Gravataí.
pelos preços mais baixos da terra e pelas facilidades de emprego Triunfo abriga o Pólo Petroquímico, um enclave que concen-
das áreas de expansão econômica, aportam migrantes de todo o tra grande parte da indústria química do Estado, sem estabelecer
Estado. Os municípios de Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, Nova interdependência técnica com as atividades econômicas locais
Hartz e Dois Irmãos apresentaram as taxas mais altas de cresci- (Alonso, 2001).
mento no período 1991 a 2000, muito acima da média estadual,
estando entre os municípios do Estado que mais cresceram na dé- Crescimento e urbanização desenfreada
cada. Por outro lado municípios como Canoas, Esteio, Novo Ham-
burgo, São Leopoldo e Porto Alegre tiveram crescimento próximo Como observa Mammarela, os processos desordenados e
ou abaixo da média estadual, demonstrando inversão de tendência. fragmentados de expansão urbana, frutos da concentração das ati-
Segundo Mammarela, devido as várias alterações que sofreu vidades econômicas e da insuficiência, quando não da ausência, de
a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) os municípios políticas de ocupação do espaço, foram intensificando a segrega-
que a compõe são bastantes distintos entre si. Na área da região ção socioeconômica e espacial. Ao longo do processo de consti-
metropolitana encontra-se tanto municípios com alto índice de in- tuição da sociedade urbano industrial brasileira, cada vez mais, as
dustrialização e urbanização e densidade demográfica assim como cidades foram se revelando como não sendo de todos do mesmo
também temos municípios com taxa de urbanização e densidade modo, e a Região Metropolitana de Porto Alegre não passou incó-
demográfica abaixo da média estadual. lume por esse processo.
A RMPA apresenta nítidas distinções relacionadas à sua for-
mação histórica, à sua dinâmica estrutural, à distribuição geográ- Violência e pobreza na RMPA
fica assimétrica da atividade fabril que se encontra imersa em um
“permanente” processo de rearranjo espacial, ao modo como se dá Segundo, em estudo realizado no ano 2 000, a Região Metro-
a expansão da continuidade urbana, politana apresentava uma taxa de homicídio moderadamente baixa
A RMPA que, no ano 2000, reunia 36% da população do RS, em relação a outras áreas metropolitanas. O estudo demonstrou
concentra as atividades industriais e de serviços do Estado, ao mes- que na RMPA, ocorreram 27,5 homicídios por mil habitantes, en-
mo tempo em que, nos anos 90, apresenta indícios de mudanças na quanto que em regiões como São Paulo este índice chegou a 64,1
sua capacidade de concentração econômica e de manutenção de e no Rio de janeiro a 55,9.
seu nível de importância na economia estadual. Esse fato ocorre Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-
pelo efeito da crise que se instalou no País nos anos 80, que al- da (Ipea), a Região Metropolitana de Porto Alegre atingiu a menor
ternou períodos recessivos e períodos que indicavam recuperação taxa de pobreza do Brasil (25,7%). Mas não se pode tomar esses
do produto, pela carência de investimento novo, e pelo processo dados com otimismo, pois eles comparam a RMPA com outras
de interiorização da economia em direção à aglomeração urbana regiões metropolitanas do país com problemas sociais extensos.
polarizada por Caxias do Sul e a municípios situados no entorno A RMPA enfrenta sérios problemas tanto habitacionais como nos
da RMPA (Alonso, 2001). serviços de saúde e higiene e ambientais.
Em termos setoriais, destaca-se a perda de posição da indús- É importante salientar que existe uma diferenciação entre os
tria em favor do Setor Terciário, tendo como causas prováveis a municípios da região em termos sócio econômicos. Ao mesmo
reestruturação pela transferência de atividades industriais para o tempo que comporta cidades com IDH relativamente alto como
setor serviços e a modernização do comércio num processo de Nova Hartz, Porto Alegre, São Leopoldo, Dois Irmãos, existem na
adaptação, como parte do ajuste estrutural, visando à maior com- região, cidades com sérios problemas de desenvolvimento humano
petitividade (Alonso, 2001). Assim sendo, o perfil da economia como Viamão, São Jerônimo, Arroio dos Ratos, Alvorada.
metropolitana altera-se, terciarizando-se, com a Capital exercendo Também é importante salientar as aglomerações de vilas e al-
predomínio no comércio e com aumento das atividades do setor guns bolsões de pobreza principalmente em torno das cidades de
serviços, que se encontram disseminadas em praticamente todos Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Guaíba, Viamão,
os municípios metropolitanos. Cachoeirinha e Alvorada.
O eixo em torno de São Leopoldo e Novo Hamburgo, o Vale
dos Sinos, distingue-se pela alta diversificação dos ramos indus- Municípios que formam a Região Metropolitana de Porto
triais predominando atividades ligadas ao circuito do calçado. Alegre
Apesar de também serem intensivos em abrigar indústrias desse
setor industrial, apenas os municípios de São Leopoldo e Novo 1. Alvorada 2. Cachoeirinha 3. Campo Bom 4.
Hamburgo apresentam grande diversificação de gêneros indus- Canoas 5. Estância Velha 6. Esteio 7. Gravataí 8.
triais.
1973 Guaíba 9. Novo Hamburgo 10. Porto Alegre 11. São
Na capital do Estado, onde predominam as atividades ligadas
Leopoldo 12. Sapiranga 13. Sapucaia do Sul 14.
ao terciário, é circundada por municípios com características de
Viamão
dormitório (Alvorada e Viamão); nos demais municípios (Canoas,
Gravataí, Esteio, Guaíba, Cachoeirinha e Sapucaia do Sul), é gran- 15. Eldorado do Sul 16. Glorinha 17. Nova Hartz
de a diversificação de gêneros industriais (tais como minerais não 1989 18. Dois Irmãos 19. Ivoti 20. Parobé 21. Portão 22.
metálicos, metalurgia, mecânica, material elétrico e de comunica- Triunfo
ções, papel e papelão, química e fertilizantes, madeira, mobiliário,
Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS GERAIS
1994: 23. Charqueadas Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Ga-
ribaldi, São Marcos e Veranópolis) detêm 99% do PIB industrial e
1998: 24. Nova Santa Rita 25. Araricá 96,6% da sua população total.
1999: 26. Montenegro 27. Taquara 28. São Jerônimo A diversificação e o dinamismo da região de Caxias é um traço
2000: 29. Santo Antônio da Patrulha 30. Arroio dos Ratos de sua formação histórica, não sendo portanto uma característica
recente. Conforme Breitbach, esse fato confere um certo grau de
2001: 31. Capela de Santana solidez à estrutura econômica regional que temos atualmente. Ha
2010: 32. Rolante gêneros industriais tradicionais que se desenvolveram na região - e
ao mesmo tempo desenvolveram a região - como a mecânica e a
O contínuo aumento da área metropolitana da área da RMPA metalúrgica, que alimentam com insumos e bens de capital diver-
em decorrência de emancipações e incorporações de novos muni- sos outros gêneros.
cípios mudou significativamente a região como um todo. Municí- O dinamismo industrial se intensifica a partir de 1970, fazen-
pios de área rural relativamente extensa como Santo Antônio da do da região de Caxias a segunda em importância industrial no
Patrulha, Rolante, Charqueadas, São Jerônimo entre outros deram Estado, seguindo-se à Região Metropolitana.
à região características rurais a uma área que no início dos anos 70 No que se refere à atividade industrial, os dados mostram que
até o final dos anos 80 era composta quase que exclusivamente por o produto interno bruto industrial da região, que representava em
municípios com alto grau de urbanização e industrialização. 1970 10% do PIB industrial do Estado, passou a ser da ordem de
15,4% em 1997. Isso significa que a indústria da região cresceu
Aglomeração Urbana do Nordeste (AUNE) a ritmo mais acelerado do que a indústria do Rio Grande do Sul.
Os gêneros industriais mais importantes da região, segundo
De acordo com a classificação da Metroplan, a Aglomeração dados da Secretaria da Fazenda, examinados por Breitbach, são:
Urbana do Nordeste é composta pelos municípios do entorno de material de transporte, mobiliário, produtos alimentares, metalúr-
Caxias do SUL. A AUNE foi instituída pela Lei Complementar gica, vestuário, calçados e artefatos de tecido, que juntos repre-
pela Lei Complementar N º10.335/ 94, é composta pelos muni- sentam 63% da indústria regional. Salientam-se ainda os gêneros
cípios de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Far- material elétrico e de comunicações, mecânica, bebidas e produtos
roupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Nova plásticos, com 23% de representatividade no conjunto da indústria
Pádua, Santa Teresa e São Marcos e possui um Escritório Regional regional.
instalado no município de Caxias. De uma maneira geral, os dados demográficos e econômicos
demonstram o grande dinamismo da região, que tem um cresci-
Região de Caxias do Sul: da colônia à industrialização mento típico de uma economia de base industrial.
A região nordeste do estado, situada na serra geral do estado, Crescimento demográfico, migração e os problemas so-
tem como pólo central a cidade de Caxias do Sul. A ocupação mais ciais na região de Caxias do Sul
sistemática da região tem inicio com os núcleos de colonização
italiana de Nova Milano, Caxias, Dona Isabel, Conde D’Eu na fase De acordo com Breitbach, o crescimento demográfico dessa
de 1875-1884 e nas colônias de Antônio Prado e Alfredo Chaves região acelerou-se nitidamente a partir da década de 1970. Porém,
na fase de 1884-1894. Dessas antigas colônias originaram-se os desde 1940 os dados já demonstram um crescimento importante.
municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Farroupilha, São Em 1970, a população da região representava 3,8% da população
Marcos, Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Antônio total do estado do Rio Grande do Sul. Em 1999, essa participação
Prado, Veranópolis. já ficou em 6,17%. Isso significa que a população regional aumen-
De acordo com Heredia, no final do século XIX toda a região tou mais intensamente que a população total do estado.
dava sinais de prosperidade. Muitas pequenas indústrias já tinham A expansão populacional das três últimas décadas está inti-
sido instaladas. Em Caxias havia 65 moinhos, 41 serrarias, 35 alam- mamente ligada ao dinamismo da atividade industrial, que atrai
biques, 27 ferrarias, 17 engenhos de cana, 9 curtumes, duas funila- populações de outras áreas do Rio Grande do Sul, e mesmo de
rias, além de inúmeros outros estabelecimentos. Em Bento Gonçal- outros estados. O dinamismo industrial acompanhado de uma ur-
ves havia 12 fábricas de açúcar, 30 de cachaça, 8 de graspa, 7 curtu- banização desenfreada tem ocasionado problemas sociais graves,
mes, 6 fábricas de chapéus, 3 de cerveja e 3 ferrarias, entre outras. como os loteamentos irregulares, as carências na área da saúde, da
Como resultado do crescimento que as colônias vinham apre- educação, do saneamento.
sentando, em 1884, foram emancipadas as colônias Caxias, Dona A urbanização encontrou as comunidades locais desprepara-
Isabel e Conde d’Eu, passando à condição de distritos. Em 1890, das, em termos de infra-estrutura, para absorver o elevado contin-
foi criado o município de Caxias, através da Lei Estadual 257, de gente populacional que chegava às cidades em busca de emprego
20 de junho, tendo como sede a Vila de Caxias. na indústria. Não é surpreendente que a proliferação de subabita-
ções, notadamente nas periferias das cidades, tenha se dado em
A industrialização diversificada e o dinamismo da região elevadas proporções.
de Caxias do Sul Como se sabe, a região de Caxias do Sul não é uma região po-
bre, no seu conjunto, exibindo um PIB per capita que esta dentre
A região geográfica, identificada pelo IBGE, como microrre- os mais elevados do estado. A pobreza pode aparecer, entretanto,
gião de Caxias do Sul é formada por 16 municípios. Na região de quando se examina indicadores como habitação, saúde, saneamen-
Caxias do Sul, 9 municípios (Antonio Prado, Bento Gonçalves, to, que expressam as carências
Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS GERAIS
- Aglomeração Urbana do Litoral Norte (AULINORT) Ocupação Recente da - Aglomeração Urbana do Litoral
Norte (AULINORT)
A Aglomeração Urbana do Litoral Norte, instituída pela Lei
Complementar 12.100, de 27 de maio de 2004, é formada por 20 Dados do IBGE
municípios e tem como finalidade planejar e executar as funções Censo Demográfico de 1991 - População residente: 133.727
públicas de interesse comum, buscando o desenvolvimento e a habitantes
qualidade de vida das cidades envolvidas. O Escritório Regional Censo Demográfico de 2000 - População residente: 192.524
da Aglomeração Urbana do Litoral Norte, inaugurado em 25 de habitantes.
fevereiro de 2005, está localizado no município de Osório, na Av. Crescimento de 43,96% em 9 anos.
Marechal Floriano, 1459.
Conforme Moraes (1999), a ocupação dos municípios litorâ- Crescimento das demais Regiões entre 1991/2000
neos vem se intensificando nas últimas décadas. Esse proceso é Região Metropolitana de Porto Alegre: 16,15%
decorrente de três vetores prioritários de desenvolvimento: a urba- Aglomeração Urbana do Nordeste: 23,44%,
nização, a industrialização e a exploração turística. Aglomeração Urbana de Pelotas: 13,32%
Os dados do último Censo demonstram que a Aglomeração Rio Grande do Sul: 11,39%
Urbana do Litoral Norte (AULINORT) apresentou taxas de cres-
cimento superiores às demais aglomerações urbanas do estado, Rumo ao oeste: A diáspora gaúcha
ficando acima da média da RMPA, Pelotas-Rio Grande e AUNE.
De acordo com Toldo Jr e Strohaecker a configuração territo- No final da década de 1930, para o então Presidente Getúlio
rial do Litoral Norte do Rio Grande do Sul vem se caracterizando Vargas, a necessidade de ocupação imediata das grandes exten-
na atualidade pela dicotomia da dinamização e da estabilização. sões despovoadas do Brasil já era uma realidade. Incorporar esses
Por um lado, os municípios urbanos permanentes e os urbanos espaços passou a ser vital para impulsionar o desenvolvimento e
para fins de segunda residência demarcam os espaços dinamizados até mesmo para facilitar a nacionalização de propriedades que, du-
pelo crescimento populacional e diversificação econômica, impul- rante o século XIX e início do século XX, haviam permanecido
sionando a implantação de novos investimentos e, consequente- em mãos de empresas estrangeiras. Era importante para a nação
mente, a valorização do solo em curto e médio prazo. incorporar novas terras ao processo produtivo, aumentando as ex-
Por outro lado, os municípios urbanos agroindustriais e os ru- portações de produtos agrícolas, como forma de reduzir as pos-
rais constituem-se nos espaços estabilizados com baixa diversifi- sibilidades de conflitos sociais agrários em áreas potencialmente
cação econômica e crescimento demográfico mínimo, dificultando sensíveis. Em suma, era um assunto importante para a segurança
a implantação de novos empreendimentos e, consequentemente, nacional.
demarcando as prováveis áreas de expansão do grande capital no Com essas intenções, o Governo conseguiria, finalmente, abrir
longo prazo. um novo espaço em favor da expansão do capital e, no caso espe-
Os maiores problemas que enfrentam a região do litoral norte, cífico do oeste do Paraná, oferecer aos gaúchos a possibilidade de
de acordo com Toldo Jr e Strohaecker, decorrem da urbanização colonização da região. A fim de tornar possível a realização desse
concentrada. A concentração urbana, traz efeitos negativos como grande projeto, o Estado não poupou esforços para criar políticas
a concorrência acirrada pelo trabalho, a degradação ambiental, que incentivassem a ocupação das áreas selecionadas.
a valorização intensiva do solo urbano, a carência de identidade Dessa forma, no início de 1940, milhares de gaúchos acre-
territorial com a afluência crescente de contingentes migratórios, ditaram nas facilidades oferecidas pelo Governo e partiram para
a desigualdade de renda, a violência urbana, a segregação sócio- conquistar o oeste do Paraná. Grosso modo, foi assim que Getúlio
-espacial, entre outros. Vargas estabeleceu as bases da chamada “Marcha para o Oeste”,
Do ponto de vista positivo os estudos acima citados indicam cujo objetivo era colonizar, integrar e alargar as fronteiras agríco-
que com o aumento da população permanente, a região se tornou las do País.
foco de iniciativas de empreendedorismo, especialmente no setor O maior atrativo para povoar essas regiões foi o baixo preço
de serviços de pequeno e médio porte não especializado. Nos úl- da terra e a sua fertilidade, sobretudo no oeste do estado de San-
timos anos, grandes empresas de caráter regional também têm se ta Catarina; no oeste e no sudoeste do estado do Paraná e no sul
estabelecido nos polos de centralidade de Capão da Canoa, Osório, do Mato Grosso do Sul, onde predominavam as chamadas terras
Torres e Tramandaí, além de se destacarem investimentos de gran- roxas. Os gaúchos foram os principais alvos dessa política por-
de porte como a implantação de parques eólicos. que eram donos de propriedades muito pequenas, ou nem mesmo
tinham propriedades rurais; ou porque começavam a formar um
Municípios que formam a Aglomeração Urbana do Lito- forte excedente de mão de obra. A maioria descendia de imigrantes
ral Norte europeus, basicamente italianos e alemães, que haviam iniciado a
colonização do Rio Grande do Sul durante o século XIX.
1. Arroio do Sal 2. Capão da Canoa 3. Capivari do Sul 4. A partir do final dos anos 60 e 70, gaúchos originários do
Balneário Pinhal 5. Caraá estado e os filhos dos primeiros gaúchos estabelecidos em Santa
6. Cidreira 7. Dom Pedro de Alcântara 8. Imbé 9. Itati 10. Catarina e no Paraná passam a ocupar áreas também no cerrado
Mampituba 11. Maquiné nacional, especialmente nos estados de Goiás, atual Tocantiins e
12. Morrinhos do Sul 13. Osório 14. Palmares do Sul 15. Terra no Distrito Federal. Anos mais tarde atingem parte de Minas Ge-
de Areia 16. Torres 17. Tramandaí 18. Três Cachoeiras 19. Três rais No final da mesma década a colonização se intensifica em di-
Forquilhas 20. Xangrilá reção aos estados do note do país (Rondônia, Acre, Roraima, Pará
Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS GERAIS
e Amazônia). No final dos anos 70 e início dos anos 8o, a coloni- imaginário cultural, a figura do gaúcho é relembrado pela força e
zação se intensifica em direção ao nordeste do país principalmente garra de seus homens em tempos de guerras, narrada seja através
no oeste baiano, no Piauí e no Maranhão. da literatura, da música, da poesia, do teatro, cinema e transmiti-
Em todos os estados que estiveram os gaúchos fundaram inú- das através dos movimentos nativistas. De outra parte, a cultura
meras cidades. gaúcha está presente nos outros países platinos (Uruguai e Argenti-
Atualmente estima-se que, um milhão e duzentos mil gaúchos na) que tiveram grande influência sobre nossa cultura. Em geral, a
– um em cada dez gaúchos vivam em outros estados. O Rio Gran- tradição gaúcha rio-grandense, com elementos comuns e distintos
de do Sul tem atualmente 10.894.000 habitantes, somados esses em relação à cultura gaúcha platina, une culturalmente este estado
1.200.000 conterrâneos residentes em outros estados, existem no brasileiro com os dois países platinos. Esta união pode ser perce-
Brasil, aproximadamente 13 milhões de gaúchos e descendentes bida tanto através do elemento do gaúcho, do mundo agropostorial
no país. Fato que faz de nossa cultura e economia seja uma das estanceiro comum às três regiões (extremo sul do Brasil, Uruguai e
mais influentes do Brasil. centro-nordeste argentino) e no aspecto físico pela geografia pam-
peana, comum entre o sul do estado e parte daqueles países.
Contexto cultural do Rio grande do Sul
Cultura Popular Gaúcha
Aspectos culturais do Rio Grande do Sul
Destacamos por cultura popular gaúcha, os elementos tradicio-
O conceito de cultura possui vários significados, portanto para nalismo (culto de todas as tradições gaúchas - lendas, folclore, ves-
poder ser interpretado temos que estar atento à especificidade do timentas...) e do nativismo (culto à música gaúcha rio-grandense).
contexto ao qual nos referimos à palavra cultura. Assim, podemos
denominar “cultura” as diversas formas que o termo pode adquirir, Criação do Movimento tradicionalista gaúcho
conforme o contexto específico: cultura popular, cultura erudita,
cultura religiosa, cultura política, cultura gauchesca, cultura brasi- A criação do CTG 35, em 1948, permitiu a criação cultural
leira, cultura indígena... de um dos movimentos regionalistas com mais agregados nume-
Em geral, podemos ter uma prévia noção de cultura a partir da ricamente no mundo. O movimento também resgatou o cultivo de
distinção que o sociólogo americano Florian Znaniecki faz entre tradições, recriou as lendas, costumes, vestimentas típicas do Rio
objetos naturais e culturais. O autor, denomina objetos naturais de Grande do Sul.
coisas, e os objetos culturais de valores, em virtude de sua deter- De acordo com Santi, a criação do primeiro CTG teve a fren-
minação essencialmente prática com relação à atividade humana. te dois grupos; de um lado jovens estudantes secundaristas e de
Desta forma, tudo que um grupo humano (ou povo) produz no outro escoteiros mais velhos, quase todos procedentes da Região
contexto de sua sociabilidade faz parte do patrimônio cultural, seja da Campanha do Rio Grande do Sul. A instalação do 35 CTG,
a música, a alimentação, o teatro... em 1948, teve a frente dois episódios: o primeiro foi o desen-
Para fins didáticos e para o objetivo da prova de seleção, o volvimento do Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio
que nos interessa abordar como aspectos culturais do Rio Grande Estadual Júlio de Castilhos, que teve como um de seus primeiros
do Sul, estão relacionados, de um lado, com aquilo que denomi- atos o lançamento da chama “crioula” ( alusão ao espanhol crio-
namos cultura gauchesca, os seja valores consagrados por aquilo llo - típico da terra). Já nos primeiros anos, com o ato simbólico
que está associado também pelo folclore do gauchismo, do nati- de oito estudantes em trazer de David Canabarro de Livramento
vismo e de outro, com os aspectos da cultura que estão mais pró- a Porto Alegre os restos mortais duas lideranças se sobressaem.
ximos à cultura institucional gaúcha (clubes literários, instituto, Trata-se dos conhecidos tradicionalista João Carlos Dávila Paixão
poetas, escultores).De forma sumária, descreveremos as ativida- Cortes (Patrono da feira do Livro de Porto Alegre 2010 – figura
des dos mais importantes intelectuais gaúchos, em vários campos típica do gaúcho, inspirou a estátua do Laçador em Porto Alegre )
da “cultura” (literatura, artes plásticas, música...) e Luiz Barbosa Lessa.
Segundo o mesmo autor, em viagens às sociedade criollas
Cultura gaúcha: tradicionalismo e nativismo uruguaias o grupo do 35 CTG começa a estabelecer contatos que
lhe permitiu a formulação de elementos para formulação das dan-
A cultura gaúcha em seu aspecto popular, ou de sua interpre- ças tradicionalistas.
tação pelos nativistas está relacionada às origens da organização A menção que fizemos ao CTGS é para indicar que a cultura
do mundo estanceiro, mais especificamente dos costumes cam- popular gaúcha foi um resgate das tradições populares gaúcha (sua
peiros. Trata-se da organização de um legado cultural que passa história, lendas, canções, costumes) que foram esquecidas com o
pela construção da memória cultural daqueles movimentos que se tempo, sendo assim, recriadas ou criadas.
empenham em manter as tradições, centro de tradições gaúchas e Com espantoso crescimento ao longo dos anos, as lideranças
lideranças do nativismo.Nesse sentido, embora o Rio Grande do criaram o Movimento Tradicionalista Gaúcho, que entre outras fi-
Sul seja um estado de multiplicidade cultural, recebendo influência nalidades tem por função ser o orientador, o catalisador e discipli-
da cultura (língua, culinária, religião) de outros povos que aqui nador de seus afiliados.
se fixaram como alemães, italianos, poloneses, negros e judeus, o O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), criado em
elemento gaúcho é o foco da identidade cultural de seu povo. Em 1966, é a entidade máxima das tradições gaúchas, cabe ao MTG
outras palavras, o que destaca o estado como um detentor de uma ser o catalizador, disciplinador e orientador das atividades de seus
cultura própria é justamente uma certa unificação e uma recriação afiliados. Na prática, “pilcha” do gaúcho, as vestimentas das pren-
cultural em torno da figura do gaúcho, do peão de estância. No das, os concursos, tudo que diz respeito à tradição foram discipli-
Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS GERAIS
nadas pelo MTG. A partir dos anos 80, o tradicionalismo foi insti-
tucionalmente legitimado em nível de estado, através do Instituto FATOS RELEVANTES DA ATUALIDADE
Gaúcho de Tradição e Folclore. NO BRASIL E SUAS VINCULAÇÕES
Atualmente existem milhares de CTGS por todo o estado e
por outros estados, acompanhando a diáspora gaúcha. Apenas para HISTÓRICAS.
se ter uma noção do crescimento dos centros de tradições, em 1954
haviam 35 CTGS no estado, já em 1997 já existiam mais de 1500
entidades.
Folclore: algumas lendas gauchescas POLÍTICA
Diretamente relacionadas com o folclore, as lendas são a PEC que limita gastos é aprovada em comissão do Senado
maior expressão da transmissão oral ou escrita tradição. Para fins sob protestos
didáticos relacionados a concursos públicos dificilmente será pre- A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) aprovou nesta
ciso que o candidato tenha conhecimento das lendas. Vamos ape- quarta-feira (9) a PEC que estabelece um limite para os gastos
nas fazer menções a algumas lendas que fazem parte da cultura de do governo por vinte anos. A proposta é uma das prioridades da
nosso estado. gestão Michel Temer no Congresso em 2016. Essa é a primeira
M`Boitatá, uma cobra gigante de fogo que come olhos das etapa da tramitação da proposta cuja próxima fase é a apreciação
pessoas. do plenário.
A Salamanca do Jarau: uma linda princesa Moura, transfor- Depois de mais de seis horas de discussão, com parecer fa-
mada em um teiniaguá (lagarto com uma jóia na cabeça). vorável do relator Eunício Oliveira (PMDB-CE), a proposta foi
Negrinho do pastoreio: trava-se de um negrinho, escravo de avalizada por 19 votos a favor e 7 contrários. O presidente da CCJ,
um fazendeiro que recebia maus tratos. Certa ocasião coube ao senador José Maranhão (PMDB-MA), não votou.
negrinho as missão de cuidar um cavalo baio. O bichano fugiu Não houve mudanças ao texto aprovado na Câmara no fim de
do negrinho. Desesperado, o negrinho reza para Nossa Senhora e outubro, apesar das tentativas da oposição. O peemedebista rejei-
encontra o cavalo. Mas, após isso, o filho do fazendeiro espanta o tou todas as emendas apresentadas, a maioria por petistas.
cavalo. O fazendeiro resolve matar o negrinho e colocar seu corpo A oposição tentou, por meio das emendas ao texto principal,
à beira de um formigueiro. No outro dia, o fazendeiro vai até o alterar o cálculo do teto, excluir da proposta despesas com saúde,
formigueiro a vista o negrinho que sai em galopadas com o cavalo. educação, segurança e reajustes de servidores, bem como impor a
Segundo a lenda, até hoje o negrinho anda pelos pampas em seu realização de referendo para confirmar os termos da PEC.
cavalo baio. Aqueles que perderem algum objeto podem pedir aju- O senador Eunício Oliveira, líder do PMDB, partido do presi-
da do negrinho para encontrá-lo. dente da República, Michel Temer, não acatou nenhum pedido de
Nativismo: a Califórnia da Canção Nativa modificar o texto, reforçando o discurso do governo de que não há
prejuízo para saúde e educação.
A Califórnia da Canção Nativa constituiu, ao longo dos anos, Ele destacou que programas essenciais, por exemplo, vincu-
uma das maiores manifestações da cultura nativista gaúcha e, ao lados à educação, como Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)
mesmo tempo, o principal definidor das diferenciações entre o que e Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
se denomina de música nativa. Básica), já estão excluídos do teto.
De acordo com Santi, a criação de um festival de músicas gaú- “O Senado não deve adiar o início da produção dos efeitos
chas teve sua origem na cidade de Uruguaiana em 1970, quando do novo regime fiscal. A PEC não proíbe aumento de gastos em
uma rádio da cidade promoveu um concurso de canções. Mas o nenhuma área, apenas requer que esses gastos estejam submeti-
festival somente teve o termo Califórnia da canção nativa quando, dos a um limite. Se for necessário expandir despesas com segu-
no ano seguinte, um grupo de participantes eliminado daquele fes- rança e ciência e tecnologia, por exemplo, ou em qualquer outra
tival realiza a I Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul. área, o Congresso será soberano ao fazê-lo.”, afirmou o senador
Como indica Santi, o termo Califórnia vem do Grego, significa do PMDB.
“conjunto de coisas belas”. A aprovação da PEC nesta quarta cumpre o cronograma acer-
Assim como todos os festivais de música popular brasileira, tado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
realizados nos anos 60, 70 e 80, a Califórnia da canção também com a base governista e a oposição. Este calendário prevê a apre-
foi marcada pelas inconformidades tanto com os estilos musicais ciação do texto no plenário em primeiro e segundo turnos nos dias
que não eram definidos como nativos do Rio Grande do Sul, como 29 de novembro e 13 de dezembro, respectivamente. O peeme-
pela crítica à situação política do Brasil, mencionada em algumas debista pretende promulgar a PEC em 15 de dezembro, antes do
canções. início do recesso Legislativo do fim do ano.
A cada ano, os festivais foram atraindo mais público. Para tan- Além das emendas rejeitadas por Eunício, também foram
to, várias estratégias foram criadas como, por exemplo, a criação apresentados três votos em separado: dos senadores Roberto Re-
da cidade de lona, onde o público podia fixar barras, e a regionali- quião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Vanessa
zação do festival com eliminatórias em outros municípios. Grazziotin (PCdoB-AM). Todos foram rejeitados.
Nos primeiros festivais, foram criadas as ternúrias, pequeno A sessão esteve lotada durante as seis horas, acompanhada por
espaço onde músicos amadores e profissionais não escritos no fes- manifestantes contra e a favor da PEC. No meio da reunião, por
tival, podiam mostrar suas canções e interpretações. cerca de 10 minutos, o presidente precisou interrompeu os traba-
lhos devido a um curto-circuito no sistema de som que os obrigou
a mudar de sala.
Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS GERAIS
Ao final da sessão, cerca de 100 estudantes protestaram nos A emenda faz parte do texto-base do substitutivo do pacote de
corredores do Senado. Com gritos de ordem, diziam não à PEC. medidas anticorrupção, que foi aprovado mais cedo, por 450 depu-
tados. Apenas um parlamentar votou contra: Zé Geraldo (PT-PA).
A PROPOSTA Apresentada pela bancada do PDT, a emenda lista as situações
A Proposta de emenda à Constituição restringe as despesas do go- em que juízes e promotores poderão ser processados por abuso
verno ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) dos de autoridade, com pena de seis meses a dois anos de reclusão. A
12 meses anteriores, e tem duração de duas décadas, com possibilidade responsabilização dos agentes públicos foi incluída no parecer de
de mudança na forma de limitar os gastos a partir do décimo ano. Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
O texto final prevê maior folga em saúde e educação. Nessas Segundo a emenda aprovada, os membros do Ministério Pú-
áreas, a correção do piso doas gastos só valerá a partir de 2018, ou blico podem responder pelo crime de abuso de autoridade se, entre
seja, o ano base a ser levado em consideração será 2017. outros motivos, promoverem a “instauração de procedimento sem
Além disso, o relatório estabelece ainda que a base de cálculo que existam indícios mínimos de prática de algum delito”. Além
do piso da saúde em 2017 será de 15% da receita líquida, e não de
da “sanção penal”, o procurador ou promotor poderia estar “sujeito
13,7%, como previa o texto original.
a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à ima-
Fonte: Folha.com – (09/11/2016)
gem que houver provocado”.
PEC 55 é aprovada no Senado em primeiro turno Os magistrados, por sua vez, seriam punidos em oito situações
O Senado aprovou na noite desta terça-feira a Proposta de diferentes, entre elas, se “expressar, por qualquer meio de comuni-
Emenda à Constituição que estabelece um teto para os gastos pú- cação, opinião sobre processo pendente de julgamento”.
blicos. Por 61 votos a 14, o texto base da PEC 55 – antiga PEC Diante da ausência da proposta de anistia do caixa dois, esse é
241 – foi aprovado na primeira votação, mas ainda passará por o destaque mais polêmico da matéria. A criação do crime de auto-
mais três sessões de discussão e mais uma votação. ridade para juízes e promotores contou com o apoio de 20 dos 28
A proposta, que prevê o congelamento dos gastos públicos por partidos com representação na Casa.
até 20 anos, foi aprovada em dois turnos pela Câmara antes de PPS, PV, PSOL e Rede Sustentabilidade votaram contra a per-
chegar ao Senado. Tornou-se prioridade do Governo Michel Te- missão para processar juízes e promotores. Já o DEM, PHS, PROS
mer que vê na medida a possibilidade de reequilibrar as contas e PSDB liberaram suas bancadas.
públicas. Por outro lado, a proposta sofre oposição de parte dos Nos corredores da Câmara, os parlamentares reforçavam que
especialistas e ativistas, que veem na regra ameaça a investimentos a decisão não representava uma afronta ao Ministério Público ou
em saúde e educação. uma tentativa de travar o andamento das investigações da Ope-
Poucas horas antes de a sessão no Senado começar, milhares ração Lava Jato. Deputados destacaram que a iniciativa é apenas
de manifestantes tomaram as ruas no entorno do Congresso para uma ofensiva da Câmara para conter abusos.
protestar contra a PEC e pedir pelo fora Temer. A Polícia usou Querem dizer que quem vota por essa emenda, vota contra
bombas de gás para reprimir a manifestação, que seguiu pelo iní- Lava Jato. Que falácia, que absurdo”, afirmou o deputado André
cio doa noite. Não há registros oficiais sobre feridos. Figueiredo (PDT-CE). No mesmo sentido, Alberto Fraga (DEM-
Fonte: El País Brasil – (30/11/2016) -DF) disse que o objetivo dos parlamentares não é parar a Lava
Jato. “Queremos parar abusos”.
Câmara conclui votação do pacote anticorrupção com Após a votação do texto na Câmara, o projeto será votado no
mudanças no texto principal Senado antes de ser enviado à sanção. Vale lembrar que o presidente
Em mais uma derrota ao relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é um dos maiores defen-
o plenário da Câmara dos Deputados suprimiu do pacote das me- sores da aprovação de uma lei que puna abusos de autoridade.
didas anticorrupção o item que tratava da responsabilização civil e
O projeto foi aprovado dois dias antes de Renan receber o juiz
criminal de dirigentes partidários decorrente da desaprovação das
Sérgio Moro para um debate sobre um projeto de lei de abuso de
contas das legendas e de atos ilícitos atribuídos ao partido.
autoridade no plenário do Senado.
Na votação do último destaque da madrugada desta quarta-
O resultado não agradou o procurador da República, Deltan
-feira (30), 328 deputados votaram por retirar a proposta do texto,
contra 32 votos e uma abstenção. Os deputados concluíram assim Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
a votação das medidas, com várias mudanças no texto que veio da “Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juí-
comissão especial. zes e grandes investigações”, escreveu Dallagnol no Twitter.
O texto propunha que a responsabilização pessoal ocorresse Fonte: Exame.com – (30/11/2016)
“quando verificada irregularidade grave e insanável resultante de
conduta dolosa que importe enriquecimento ilícito e lesão ao pa- Novo relatório anticorrupção reduz número de medidas
trimônio do partido. de 17 para 12
Fonte: Istoé – (30/11/2016) Após mais de 6 horas, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-
-RS) apresentou a sua terceira versão do relatório do Projeto de
Para Câmara, juiz e MP podem responder por abuso de Lei 4.850/16, que trata das chamadas medidas de combate à cor-
autoridade rupção. O novo relatório reduz as propostas de 17 para 12. O texto
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada foi fechado depois de Lorenzoni ter ouvidos as sugestões de diver-
desta quarta-feira (30), por 313 votos a 132 e cinco abstenções, a sas bancadas partidárias, que pressionaram por mudanças, e de ter
possibilidade de juízes e membros do Ministério Público serem se reunido com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
processados por crimes de abuso de autoridade. Maia (DEM-RJ).
Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS GERAIS
“É um momento complexo que estamos enfrentando com Tem que ser aplicado em 100% dos servidores ou agentes públi-
um tema que todos reconhecem que é difícil. Desde a sua com- cos, tem que ser primeiro treinados para depois ser integrados. Vai
preensão até a construção de um entendimento que nos permita ser parte integrante da formação de funcionários públicos”, disse.
responder à sociedade brasileira”, disse. “Fizemos a separação dos Lorenzoni manteve a criminalização do enriquecimento ilícito
assuntos que são comuns e que serão trabalhados nesse projetos de de funcionários públicos e a eliminação de barreiras para o con-
lei e daqueles que não vamos trabalhar”. fisco de bens de criminosos (por meio da chamada extinção de
De acordo com o presidente do colegiado, Joaquim Passari- domínio e do confisco alargado).
nho, os deputados começaram ontem (22) a discutir o texto, en- Permanece no texto a previsão da criação e acesso a uma base
cerraram a sessão por volta das 23h40 e a intenção é que ele seja de dados com informações de agentes públicos relativas à situação
votado hoje (23). Para tanto, Passarinho convocou nova reunião, econômica ou financeira de pessoas físicas ou jurídicas pelo Tri-
marcada para as 9h. bunal de Contas da União com o Ministério da Transparência, Fis-
A nova versão do texto manteve no texto a responsabilização calização e Controladoria-Geral da União e o Ministério Público.
dos partidos políticos e criminalização do caixa dois. De acordo Lorenzoni disse que também manteve no texto a previsão do
com a proposta, passa a ser considerado crime de caixa dois arre- chamado acordo de culpa pelo qual, por vontade do réu, em acordo
cadar, receber, manter, movimentar, gastar ou utilizar valores, bens com o advogado é realizado um acordo reconhecendo a validade
ou serviços estimáveis em dinheiro, paralelamente à contabilidade das acusações do inquérito policial. “Daí o réu pode fazer o ajuste
exigida pela legislação eleitoral, com pena de reclusão de dois a com o Ministério Público, com a participação do advogado, e vai
cinco anos, e multa. ao juiz para homologação”, disse Lorenzoni. “Isso tem que gerar,
As penas serão aplicadas em dobro se os recursos forem pro- no mínimo, uma redução de um terço da pena. Além disso, algo em
venientes de fontes vedadas pela legislação eleitoral. Incorre na torno de 30% de todos os processos da área criminal terminarão
mesma pena o doador de campanha. O relator manteve também o na fase inicial e vai haver uma desobstrução da Justiça brasileira,
escalonamento de penas de acordo com os valores desviados e o reduzindo drasticamente”, disse.
fim da prescrição retroativa das ações penais. Fonte: Istoé – (23/11/2016)
Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS GERAIS
O pacote das medidas anticorrupção foi aprovado por unani- Uso de empresas
midade na comissão. A votação foi concluída somente depois da O advogado recebeu R$ 36 milhões de empreiteiras investi-
meia noite. Por conta do horário, Maia desistiu de votar o texto no gadas na Lava Jato, entre elas, a UTC, Mendes Júnior e EIT. Os
plenário na madrugada desta quinta. A sessão foi suspensa, mas os dados constam em pedido de quebra de sigilo de empresas que, se-
principais líderes da Casa continuaram no gabinete da presidência gundo o MPF, são suspeitas de escoar a propina da Mendes Júnior.
da Casa discutindo que estratégia adotar diante do texto que foi Somente da Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de
aprovado no colegiado. Advogados, entre 2011 e 2013, recebeu R$ 25,5 milhões.
Fonte: Estadão.com – (24/11/2016) Da UTC foram R$ 9,1 milhões e da EIT outros R$ 2 milhões.
“Diversos envolvidos no caso valeram-se dessas empresas a fim de
Nova fase da Lava Jato mira operadores que lavaram gerar recursos para realizar pagamentos de propina”, diz o MPF.
mais de R$ 50 milhões No caso da Mendes Júnior, os repasses ao operador são ex-
A Polícia Federal realiza a 36ª fase da Operação Lava Jato plicados na proposta de delação premiada em negociação com a
nesta quinta-feira (10). Batizada de “Dragão”, ela mira dois opera- Procuradoria-geral da República. Os valores seriam destinados a
dores financeiros especializados na lavagem de recursos de gran- agentes públicos envolvidos em irregularidades em obras da Pe-
des empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petro- trobras e no governo do Rio de Janeiro.
bras, segundo a força-tarefa. Até então, os investigadores tinham conhecimento apenas da
As investigações apontam que os dois suspeitos são responsá- atuação de Duran em transações envolvendo as contras secretas da
veis por lavar mais de R$ 50 milhões para as empresas. Eles foram Odebrecht. Com a quebra de sigilo das construtoras, os investiga-
apontados, em delação, como operadores utilizados para pagamen- dores descobriram que duas empresas de Duran foram beneficiá-
tos indevidos pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamen- rias de pagamentos milionários.
to da propina na estatal. Além de Odebrecht, Mendes Júnior, UTC e EIT, o MPF tam-
Foram expedidos 18 mandados para três Estados: Ceará, São bém mapeou a relação de Tacla Duran com ao menos outras duas
Paulo e Paraná. Deles, são 16 de busca e apreensão e dois de prisão empreiteiras e dois operadores presos pela Lava Jato. A Treviso,
preventiva (por tempo indeterminado). de Julio Camargo, operador da Toyo Setal e atualmente delator,
repassou R$ 350 mil para o escritório do advogado. Por sua vez,
O lobista Adir Assad, já preso pela Lava Jato em Curitiba,
outra empresa de Tacla Duran, a Econocell do Brasil, repassou R$
é um dos alvos de um dos mandados de prisão. Investigado em
3,5 milhões para empresas de Adir Assad, apontado como opera-
diversas operações contra corrupção, Assad foi alvo de três man-
dor da Delta Engenharia e de outras construtoras.
dados de prisão em pouco mais de um ano: Lava Jato, no Paraná,
Operação Saqueador, no Rio, e Operação Pripyat, desdobramento
Repasses
da Lava Jato no Rio.
As investigações apontam que Assad, por meio de transferên-
O outro alvo de mandado de prisão é o advogado Rodrigo
cias de contas mantidas por suas empresas em território nacional,
Tacla Duran, que está no exterior. Segundo o MPF-PR (Ministério repassou R$ 24,3 milhões a Duran.
Público Federal do Paraná), ele foi “responsável por lavar deze- A operação apura as práticas, dentre outros crimes, de corrup-
nas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem
ele controladas”. Segundo um delator, as offshores utilizadas por de dinheiro.
Duran eram chamadas de “kibe” e “dragão” --esta última que dá As ações são realizadas nas cidades de Jaguaruana (CE), São
nome à operação deflagrada desta quinta. Paulo, Barueri (SP), Santana do Parnaíba (SP), Curitiba e Londri-
Em entrevista na manhã desta quinta-feira (10) na sede da Po- na (PR). Ao menos 90 agentes da Polícia Federal estão envolvidos
lícia Federal em Curitiba, os procuradores Julio Motta Noronha e na operação.
Roberson Pozzobon disseram ter encontrado, ao longo das inves- Fonte: Portal UOL – (10/11/2016)
tigações iniciais, indícios que mostram um quadro de corrupção
sistêmica e lavagem de dinheiro contínua envolvendo operadores Senado aprova proposta de reforma política
financeiros, agentes públicos e empreiteiros. Em primeiro turno, senadores aprovam proposta que acaba
Assad e Duran seriam os profissionais do esquema encarrega- com coligações, para deputados e vereadores, cria cláusula de bar-
dos de trazer dinheiro de origem ilícita do exterior e transformá-lo reira e pune políticos eleitos que mudarem de partido. PEC segue
em dinheiro legal disponível em espécie no Brasil, supostamente para votação em segundo turno. Na primeira votação, o Senado
originário da prestação de serviços. aprovou nesta quarta-feira (09/11) a proposta de emenda constitu-
Segundo os procuradores, as investigações já mostraram que cional (PEC) 36 que acaba com as coligações partidárias em elei-
havia também uma relação estruturada entre Assad e Duran: “Du- ções proporcionais, para vereadores e deputados, e estipula uma
ran e Assad tinham relacionamento constante. Profissionais do cláusula de barreira para os partidos políticos.
crime que se comunicam entre si, cooperam”, apontou Pozzobon. A proposta, aprovada por 58 votos a favor e 13 contra, deverá
Os procuradores justificaram o pedido de prisão preventiva ser votada em segundo turno pelos senadores e, se aprovada por
de Duran dizendo que ele não volta ao Brasil desde abril deste no mínimo três quintos dos parlamentares, ou seja, 49 de 81, segue
ano, morando nos Estados Unidos, e que ele tem dupla cidadania, para a avaliação da Câmara dos Deputados, onde também precisa
incluindo a espanhola. “[Deixá-lo solto é] Perigo para a ordem pú- passar por duas votações para entrar em vigor.
blica”, disse o procurador Noronha. O Ministério Público ainda A PEC, de autoria dos senadores Aécio Neves e Ricardo Fer-
não tinha recebido a confirmação da prisão de Duran na manhã raço, ambos do PSDB, acaba com as coligações partidárias nas
desta quinta-feira. eleições proporcionais a partir de 2020. Pela atual legislação, os
Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS GERAIS
partidos podem fazer coligações para eleger vereadores e deputa- Geddel pede demissão após crise gerada por denúncia de
dos. Dessa maneira, os votos alcançados pela legendas coligadas ex-ministro
são somados e são eleitos os candidatos mais votados da sigla. O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima,
pediu demissão na manhã desta sexta-feira (25) por meio de uma
Cláusula de desempenho carta enviada por e-mail ao presidente Michel Temer. De Salvador,
A proposta também estabelece uma cláusula de barreira que onde está desde quarta-feira (23), ele conversou por telefone com
visa diminuir o número de legendas partidárias no país. Pelo texto, o presidente depois de enviar o e-mail.
os partidos precisam alcançar 2% dos votos válidos no pleito para Geddel é acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero
a Câmara dos Deputados, distribuídos em, ao menos, 14 unidades de tê-lo pressionado para liberar uma obra no centro histórico de
federativas, em 2018, e 3% a partir de 2022, com 2% dos votos Salvador. Geddel é proprietário de um apartamento em um edi-
válidos em 14 unidades federativas. fício cuja construção foi embargada pelo Instituto do Patrimônio
A cláusula limita, desta maneira, o acesso das legendas a verbas Histórico e Artístico Nacional (Iphan), subordinado ao Ministério
do fundo partidário e ao tempo de propaganda em rádio e televisão, da Cultura. Devido ao episódio, Calero pediu demissão na semana
além da estrutura funcional do Congresso. Candidatos que forem passada.
eleitos por partidos que não alcançarem esse limite terão o manda- Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Temer aceitou
to garantido, mas com estrutura menor na Câmara e sem direito a o pedido de Geddel, que era responsável pela articulação política
ocupar cargos de liderança e participar de comissões. Eles poderão do governo.
ainda optar por mudar para outra legenda sem penalização. O presidente chegou ao Planalto nesta sexta, por volta às 10h,
A medida estabelece que legendas menores podem se reunir e, imediatamente, se reuniu com assessores próximos, como o se-
para atuar como uma, mas para isso devem concorrer juntas e atuar cretário de Comunicação Social, Márcio Freitas. Em seguida, re-
com um único partido durante todo o mandato. cebeu a carta de demissão do ministro.
A proposta da cláusula de desempenho é polêmica. Opositores Geddel é o sexto ministro a deixar o governo desde que Mi-
da medida alegam que ela afetaria partidos tradicionais como o PC chel Temer assumiu a Presidência, em maio. Antes dele, caíram
do B, PPS e PV, além de legendas mais recentes como Psol e Rede. Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência),
Senadores de oposição, da Rede, PCdoB e PT, tentaram reduzir as Fábio Medina Osório (AGU), Henrique Eduardo Alves (Turismo)
cláusulas de barreira para 1% em 2018, 1,5% em 2022 e 2% em e Marcelo Calero (Cultura).
2026, mas a emenda foi rejeitada. Na carta de demissão, na qual se referiu ao presidente da
Se a cláusula já estivesse em vigor, ela reduziria o funciona- República como “fraterno amigo”, Geddel escreveu que “avolu-
mento parlamentar de 14 legendas das 27 que integram atualmente maram-se as críticas” sobre ele e disse que o “limite da dor que
o Congresso. suporta” é o sofrimento da família, em Salvador”. “É hora de sair”,
A PEC 36 também reforça a fidelidade partidária e determina afirmou na carta.
a perda de mandato para políticos eleitos que trocarem de partidos, Na mensagem, ele também pediu desculpas a Temer pela
menos que seja para concorrer a outra vaga. dimensão das “interpretações dadas”, referindo-se à acusação de
A votação do segundo turno no Senado sobre a PEC deve Marcelo Calero de que o pressionou para desembargar a constru-
ocorrer no dia 23 de novembro. ção de um condomínio de luxo em Salvador barrado pelo Iphan.
Fonte: Portal Terra – (09/11/2016) No texto, Geddel afirma que retornará à Bahia, mas segui-
rá como “ardoroso torcedor” do governo. Ele também aproveitou
Fora do governo, Calero acusa Geddel de pressioná-lo para agradecer o apoio e a colaboração na aprovação de “impor-
para liberar obra tantes medidas” para o país.
De saída do governo, o ministro da Cultura, Marcelo Calero,
acusa o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) de tê-lo pressio- A queda de Geddel
nado a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses Até então um dos homens forte de Temer no Planalto, Geddel
pessoais. começou a balançar no cargo de ministro da Secretaria de Governo
Calero diz que o articulador político do governo Temer o na semana passada, quando Calero concedeu uma entrevista ao
procurou pelo menos cinco vezes —por telefone e pessoalmen- jornal “Folha de S.Paulo” denunciando a pressão do ex-colega da
te— para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artís- Esplanada dos Ministérios.
tico Nacional), órgão subordinado à Cultura, aprovasse o projeto A turbulência política provocada pela denúncia chegou ao ga-
imobiliário La Vue Ladeira da Barra, nos arredores de uma área binete presidencial nesta quinta (24), quando foi revelado o teor
tombada em Salvador, base de Geddel. do depoimento prestado nesta semana por Calero à Polícia Federal
Nas palavras do agora ex-ministro, Geddel disse em pelo me- (PF). O ex-ministro disse aos policiais que, durante uma audiência
nos duas dessas conversas possuir um apartamento no empreen- no Palácio do Planalto, Temer interveio em favor dos interesses do
dimento que dependia de autorização federal para sair do papel. então ministro da Secretaria de Governo.
“Entendi que tinha contrariado de maneira muito contunden- Calero, que pediu demissão na última sexta (18), gravou a
te um interesse máximo de um dos homens fortes do governo”, conversa que teve na semana passada com Temer no Planalto, in-
afirmou. formou o Bom Dia Brasil. Procurado pela TV Globo, Calero disse
No lugar de Calero, assume o deputado Roberto Freire (PPS- que não pode falar desse assunto. Segundo o G1 apurou, ele en-
-SP). tregou cópia da gravação à PF, que encaminhou o material para o
Fonte: Folha.com – (19/11/2016) Supremo Tribunal Federal (STF).
Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS GERAIS
Depoimento à PF construtores pretendem erguer um prédio com 31 andares, mas o
No depoimento à PF prestado na última quarta (23), o ex-mi- Iphan autorizou a construção de, no máximo, 13 pavimentos.
nistro disse ter sido “enquadrado” por Temer a fim de encontrar Com vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos, o con-
uma “saída” para desembargar a construção do condomínio La domívio La Vue começou a ser construído em outubro de 2015.
Vue, na capital baiana, no qual Geddel comprou um apartamento. O metro quadrado dos apartamentos – um por andar – custa em
Após o depoimento de Marcelo Calero à PF vazar na im- torno de R$ 10 mil. O edifício tem apartamentos com quatro suítes
prensa, o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Pa- de 259m² e uma cobertura chamada “Top House” de 450 m². Os
rola, afirmou que Temer procurou o ex-ministro da Cultura para imóveis no La Vue variam de R$ 2,6 milhões a R$ 4,5 milhões.
resolver o “impasse” entre ele, Calero, e o chefe da Secretaria de No sábado, o instituto informou que a obra foi embargada
Governo (leia a íntegra do pronunciamento de Parola ao final desta após estudos técnicos apontarem impacto do empreendimento em
reportagem). cinco imóveis tombados da vizinhança do condomínio: o forte e
Segundo o colunista do G1 Matheus Leitão, a Procuradoria farol de Santo Antônio, o forte de Santa Maria, o conjunto arqui-
Geral da República (PGR) havia decidido pedir ao STF a abertura tetônico do Outeiro de Santo Antônio (que inclui o forte de São
de uma investigação para apurar se Geddel fez tráfico de influência Diogo), além da própria Igreja de Santo Antônio (leia mais sobre
ao pressionar o ex-colega da Esplanadas. os argumentos do Iphan ao final desta reportagem).
A PGR recebeu nesta quinta-feira (24) o depoimento que Ca-
lero prestou à Polícia Federal. O documento inicialmente foi en- Parentes
viado ao Supremo, que o encaminhou para a análise dos procura- Familiares do ministro da Secretaria de Governo integram a
dores da República. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, defesa do empreendimento imobiliário de Salvador barrado pelo
remeteu o depoimento à PGR antes de mandar sortear o caso para Iphan, no qual ele afirma ter comprado um imóvel, publicou na
relatoria de algum dos minstros do tribunal. quarta-feira o jornal “Folha de S.Paulo”.
Na condição de ministro, Geddel tinha direito ao chamado Segundo o jornal, um primo e um sobrinho de Geddel atuam
“foro privilegiado”, ou seja, ser investigado e processado pelo como representantes do empreendimento La Vue Ladeira da Barra
STF, a mais alta Corte do país. Agora, diante da demissão do mi- junto ao Iphan.
nistro, o caso pode ser remetido à primeira instância da Justiça. A publicação afirmou que, em um documento anexado ao pro-
cesso administrativo que tramitou junto ao Iphan, a empresa Por-
Temer ‘surpreso’ to Ladeira da Barra Empreendimento – responsável pelo La Vue,
Nesta quinta, após Geddel pedir demissão do cargo, o líder interditado pelo órgão ligado ao Ministério da Cultura – nomeou
do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), disse que o pre- como procuradores os advogados Igor Andrade Costa, Jayme Viei-
sidente Temer está “surpreso” com o conteúdo do depoimento de ra Lima Filho e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto.
Calero. Ainda de acordo com a “Folha”, Jayme é primo de Geddel e
“O presidente estava muito surpreso ontem [quinta, 24] à noi- também seria sócio dele no restaurante Al Mare, em Salvador. Já
te com todo esse envolvimento do nome dele pelo [ex-] ministro o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto é filho do deputado federal
Calero”, disse. Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ministro da Secretaria
Assim como já havia feito o porta-voz da Presidência, Ale- de Governo.
xandre Parola, nesta quinta, André Moura também reafirmou que A procuração, informou o jornal, foi assinada em 17 de maio
o presidente, ao procurar Calero, “só tentou solucionar um conflito de 2016, cinco dias depois de Geddel assumir o comando da Se-
interno” entre ministros. “Ele [Temer] deu o caminho técnico para cretaria de Governo.
que a coisa fosse solucionada. O caminho técnico é exatamente Fonte: G1 – (25/11/2016)
uma avaliação jurídica pela Advocacia-Geral da União”, afirmou.
“Eu não estava patrocinando interesse privado”, afirma
Comissão de Ética Temer sobre caso Geddel
Na segunda-feira (21), a Comissão de Ética Pública da Pre- O presidente Michel Temer negou que tenha interferido para
sidência da República decidiu abrir um processo para investigar a arbitrar um conflito de natureza privada do ex-ministro da Secre-
conduta de Geddel no episódio relatado pelo ex-ministro da Cultura. taria de Governo, Geddel Vieira Lima. No entanto, Temer admitiu
O colegiado fiscaliza eventuais conflitos de interesse envol- que o pedido de Geddel para que fosse liberada a construção de
vendo integrantes do governo, mas não tem poder para punir ne- um prédio de 30 andares em área histórica de salvador foi “muito
nhum servidor público, apenas pode recomendar ao chefe do Exe- inadequado”.
cutivo sanções a integrantes do governo, entre as quais demissões. Segundo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, o político
Nos últimos dias, Geddel admitiu que é proprietário de um baiano o pressionou para que conseguisse autorização para a obra
apartamento no empreendimento, confirmou que procurou o então junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ministro da Cultura para tratar do embargo à obra, mas negou que (Iphan). Calero levou o caso a Temer e disse que o presidente o
tivesse pressionado Calero para liberar a construção do edifício. “enquadrou” a encontrar uma solução para a questão, remetendo o
caso à Advocacia Geral da União (AGU).
A obra embargada Segundo Temer, uma das conversas com Calero teria sido
O empreendimento imobiliário pivô da saída de Marcelo Ca- gravada pelo então titular da pasta. “Eu não estava patrocinando
lero do Ministério da Cultura foi embargado pela direção nacional interesse privado, data venia. Enfim, disse até ao ministro, foi uma
do Iphan em razão de estar localizado em uma área tombada como inadequação, foi muito inadequado, não pode ser feito”, afirmou
patrimônio cultural da União, sujeita a regramento especial. Os o presidente.
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CONHECIMENTOS GERAIS
Temer deu a declaração ao ser questionado sobre qual “conflito A entrevista foi convocada no sábado por Temer e representou
institucional” ele estava arbitrando ao sugerir que o caso fosse re- um rara aparição de mídia conjunta dos principais líderes dos Po-
metido a AGU, ou se estava interferindo em uma questão particular. deres Executivo e Legislativo, o que pareceu indicar a preocupa-
O presidente disse que o conflito institucional era entre o ção do Planalto com a repercussão da crise política detonada tanto
Iphan da Bahia, que havia autorizado a obra, e o Iphan federal, que pela renúncia de Geddel - a sexta de um ministro nos seis meses de
havia barrado o empreendimento. governo do pemedebista - e a polêmica causada pela possibilidade
Juristas ouvidos pela BBC Brasil, porém, dizem que não há de anistia do caixa dois.
conflito entre diferentes órgãos nesse caso, já que o Iphan da Bahia Fonte: Último Segundo – (27/11/2016)
está hierarquicamente subordinado ao Iphan federal.
A própria AGU manifestou-se na quinta-feira, por meio de Cheque de R$ 1 mi do PMDB para campanha em 2014 foi
nota, informando que “a presidência do Iphan é competente para a nominal a Temer
anulação de ato da Superintendência estadual e que poderia decidir Um cheque de doação no valor de R$ 1 milhão do diretório
o caso concreto”. Segundo a assessoria da AGU, essa decisão já nacional do PMDB nominal à campanha do então candidato a
havia sido dada pela procuradoria do Iphan, órgão ligado à AGU, vice-presidente Michel Temer em 10 de julho de 2014 diverge,
antes do Iphan federal barrar a obra. segundo a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff, da versão do
Foi a primeira vez que Temer comentou o caso publicamente. empreiteiro Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez.
O presidente disse também que seu perfil “não é autoritário” e que O PMDB reafirmou, em nota, que “sempre arrecadou recursos
sempre atua para resolver conflitos. “Sempre que houver conflito seguindo os parâmetros legais em vigência no país”. “Doações de
entre quem quer que seja eu vou arbitrar”, afirmou. empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as nor-
Geddel tem um apartamento no prédio que aguardava autori- mas da Justiça Eleitoral nas eleições citadas.” O partido destacou
zação para ser construído. Ao apresentar sua carta de demissão na que todas as suas contas eleitorais “em todos esses anos” foram
sexta-feira, ele deixou clara sua relação de amizade com Temer, aprovadas.
ao se referir ao presidente como “meu fraterno amigo” e “meu Em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral, na ação
querido amigo”. que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, em setembro deste
Ao deixar a coletiva, Temer foi questionado se sabia que Ged-
ano, Otávio Azevedo declarou que o valor foi doado ao diretório
del era dono do imóvel no empreendimento que tentava liberar. O
nacional do PT.
presidente desconversou e disse que “soube nesse episódio”.
As doações de empresas para os diretórios dos partidos era
Diante da insistência sobre quando teve conhecimento, ele afir-
uma prática comum até o Supremo Tribunal Federal vetar repasses
mou que foi “na quinta-feira”, aparentemente se referindo a con-
de pessoas jurídicas nas eleições, nova regra que entrou em vigor
versa com Calero antes da demissão do ministro, no último dia 18.
neste ano. Os diretórios é que decidiam, então, os candidatos desti-
natários dos valores doados e registrados na Justiça Eleitoral.
“Gravíssimo”
Em seu relato ao TSE, Otávio Azevedo - um dos delatores da
Neste, domingo (27), Temer criticou Calero, dizendo ser “in-
digno” e “gravíssimo” que um ministro gravasse uma conversa Operação Lava Jato - afirmou que a Andrade Gutierrez doou em
com o presidente. “Espero que essas gravações venham a público”, março de 2014, R$ 1 milhão ao diretório nacional do PT que, pos-
disse Temer, que disse ainda cogitar fazer gravações oficiais das teriormente, teria repassado à campanha em 14 de julho.
audiências na Presidência da República. Esse valor, segundo o empresário, teria sido pago como parte
Na entrevista, que contou com a presença do presidente da de um acerto de propina de 1% dos contratos da Andrade com o
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), e o presidente governo Dilma.
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer anunciou o que Como previa a legislação no período, os diretórios eram obri-
chamou de “ajustamento institucional” para impedir a tramitação de gados a identificar o responsável pelas doações que chegavam à
qualquer proposta de anistia a políticos que tenham praticado o cai- sigla e depois eram encaminhados aos candidatos.
xa dois - movimentação irregular de recursos de campanha eleitoral. O cheque e os registros da prestação de contas, segundo a de-
Na quinta-feira, a votação de um projeto com medidas anti- fesa de Dilma perante o TSE, mostrariam que o repasse de R$ 1
corrupção acabou adiada depois de vir à tona uma articulação em milhão feito naquele ano foi para o diretório nacional do PMDB.
prol de uma emenda para anistiar quem tivesse feito uso de caixa Posteriormente, o diretório encaminhou os valores para a campa-
dois em eleições passadas - nos bastidores da Câmara, chegou a nha da chapa Dilma-Temer.
circular um texto de uma emenda que previa livrar, em todas as A defesa de Dilma Rousseff no processo acusou o delator de
esferas (cível, criminal e eleitoral). prestar falso depoimento à Justiça Eleitoral e pediu ao Ministério
“Estamos aqui para revelar que, há uma unanimidade daque- Público que apure o caso.
les dos poderes Legislativo e Executivo”, afirmou o presidente. Ao ser indagado em setembro pelo ministro Herman Benja-
“Não há a menor condição de se patrocinar, de se levar adiante min, relator da Ação Judicial Eleitoral no TSE, sobre as doações
essa proposta”, declarou Temer, que disse ser preciso “ouvir a voz feitas pela Andrade Gutierrez aos vários candidatos e partidos,
das ruas” em relação à anistia. Otávio disse não haver uma distinção no caixa da empresa sobre
Maia voltou a dizer que nunca tinha sido a intenção do Le- os repasses feitos aos políticos.
gislativo de anistiar crimes e culpou uma “confusão de comuni- Ele afirmou, contudo, que “certamente” o R$ 1 milhão doado
cação” pela polêmica. “Estamos discutindo algo que não existe”, ao PT em março daquele ano seria decorrente do acerto de pro-
afirmou. Calheiros disse que uma eventual proposta de anistia não pinas da Andrade com os ex-ministros petistas Antonio Palocci e
terá chances no Congresso. Ricardo Berzoini.
Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS GERAIS
Ele também reafirmou que parte dos recursos que eram doados O criminalista Fernando Fernandes, defensor de Garotinho,
ao PMDB vinham de um acerto de propinas da empreiteira com o afirmou que ‘a prisão é ilegal’. Ele vai recorrer ao Tribunal Regio-
partido referente às obras da usina de Belo Monte, citada pelos dela- nal Eleitoral para tentar revogar o decreto de prisão expedido pelo
tores da Andrade e que está sob investigação da Lava Jato. juiz da zona eleitoral de Campos. Um argumento da defesa é que o
Diante disso, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ex-governador não foi candidato nas eleições municipais.
Herman Benjamin, relator do processo que pode levar à cassação Fonte: Istoé – (16/11/2016)
da chapa vitoriosa de Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições
de 2014, determinou uma acareação entre Edinho Silva, que atuou Sérgio Cabral é preso pela Operação Lava Jato
como tesoureiro da campanha da petista, e o executivo Otávio O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi
Azevedo. preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17) em seu
A acareação foi marcada para quinta-feira, 17, às 18h, no TSE. apartamento, no Leblon, zona sul. Ele é alvo de dois mandados de
A decisão do ministro acolhe pedido dos advogados que represen- prisão, sendo um deles expedido pelo juiz Sérgio Moro, responsável
tam o PSDB, responsáveis pela ação contra a chapa Dilma/Temer. pela Operação Lava Jato na primeira instância. Esta foi a 37ª fase
A decisão de Herman foi tomada depois de a defesa de Dilma da operação que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.
apresentar ao TSE uma série de documentos que apontam que Te- O outro mandado é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Crimi-
mer foi o beneficiário de uma doação de R$ 1 milhão da Andrade nal do Rio, e faz parte da Operação Calicute, um desdobramento
Gutierrez. da Operação Lava Jato, deflagrada pela PF junto com o MPF (Mi-
A defesa de Otávio não quis comentar o assunto. nistério Público Federal) e a Receita Federal. Segundo as investi-
gações, Cabral liderava um grupo de pessoas que recebiam propi-
Defesa na de empreiteiras que tinham contratos com o governo estadual.
“O PMDB reafirma que sempre arrecadou recursos seguindo Uma das obras investigadas é a reforma no estádio do Maracanã.
os parâmetros legais em vigência no país. Doações de empresas O prejuízo estimado é de R$ 224 milhões, de acordo com o MPF.
eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Jus- A mulher de Cabral e ex-primeira dama, Adriana Ancelmo,
tiça Eleitoral nas eleições citadas. Em todos esses anos, após fisca- também foi levada para a Polícia Federal, a fim de cumprir man-
lização e análise acurada do Tribunal Superior Eleitoral, todas as dado de condução coercitiva (quando a pessoa é encaminhada para
contas do PMDB foram aprovadas não sendo encontrados nenhum prestar esclarecimentos em sede policial). O casal deixou o prédio
indício de irregularidade”. onde mora sob gritos de “bandido” e “ladrão”, por volta das 7h.
Fonte: Portal UOL – (10/11/2016) Os policiais federais usaram spray de pimenta para dispersar um
grupo de manifestantes, que se colocou em frente ao carro da PF.
Garotinho, ex-governador do Rio, é preso pela PF Cabral é o segundo ex-governador do Rio preso em menos
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 16, o ex-gover- 24 horas. Ontem, a PF prendeu Anthony Garotinho (PR) em uma
nador do Rio Anthony Garotinho (PR). A prisão foi pedida pelo investigação sobre esquema de compra de votos em Campos dos
Ministério Público Eleitoral. Goytacazes (RJ) comandada pelo Ministério Público Eleitoral.
Agentes da delegacia da PF em Campos de Goytacazes, a 270 Segundo a PF, 230 policiais federais cumprem 38 mandados
km do Rio, reduto eleitoral de Garotinho, cumpriram o mandado de busca e apreensão, dez mandados de prisão --sendo oito preven-
na residência do ex-governador no Flamengo, zona sul do Rio. tivos (sem prazo) e dois temporários (com prazo determinado)-- e
Rosinha Garotinho, mulher do ex-governador, é prefeita de 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Fede-
Campos dos Goytacazes. Anthony Garotinho é secretário de go- ral Criminal do Rio de Janeiro. As dez ordens de prisão decretadas
verno do município. Anthony Garotinho governou o Rio entre pela Justiça fluminense foram cumpridas.
1999 e 2002. Além disso, mais 14 mandados de busca e apreensão, dois
A ordem de prisão contra Garotinho foi decretada pelo juiz mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporá-
Glaucenir Silva de Oliveira, da 100.ª Zona Eleitoral, em Campos. ria foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, de Moro.
Garotinho é alvo da Operação Chequinho, que investiga es- O MPF informou que a Justiça ainda determinou o sequestro
quema de compra de votos em Campos. A PF mira o Programa e arresto de bens de Cabral e outras 11 pessoas físicas e 41 pessoas
Cheque Cidadão que teria sido usado para cooptar eleitores no úl- jurídicas.
timo pleito no município situado ao Norte do Estado do Rio. São investigados os crimes de pertencimento a organização
Em outubro, a PF prendeu três vereadores de Campos por criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinhei-
suposto envolvimento no esquema – Kellenson Ayres Figueiredo ro, entre outros. Também participam das diligências dezenove pro-
de Souza (PR), Miguel Ribeiro Machado (PSL) e Ozeias Martins curadores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita Federal.
(PSDB).Outro alvo da Operação Chequinho é a secretária de De- Segundo o MPF, a partir de delações de executivos das em-
senvolvimento Humano e Social da prefeitura de Campos Ana Ali- preiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia descobriu-se
ce Ribeiro Lopes de Alvarenga. um esquema de pagamento de propina a Cabral e a pessoas do
O ex-governador do Rio e atual secretário de Governo de seu círculo para que fossem garantidos contratos de obras com o
Campos foi preso por volta de 10h30 desta quarta-feira, 16, no governo do Rio.
prédio onde reside à Rua Senador Vergueiro, Flamengo. Agentes “As investigações apontam para a prática de corrupção na
da PF informaram que ele não foi algemado. contratação de diversas obras conduzidas no governo de Sérgio
Alertado da presença de policiais na portaria do edifício para Cabral, entre elas, a reforma do Maracanã para receber a Copa de
cumprimento do mandado de prisão, Garotinho desceu e se entre- 2014, o denominado PAC Favelas e o Arco Metropolitano, finan-
gou. Na garagem, uma viatura da PF já o aguardava. ciadas ou custeadas com recursos federais”, diz o MPF.
Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS GERAIS
No primeiro semestre, executivos da empreiteira Andrade Gu- da unidade. O desparecimento e morte presumida do morador da
tierrez relataram em delação premiada o acerto de propinas sobre comunidade virou uma bandeira das manifestações contra a gestão
obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, além do político.
da cobrança de um percentual na obra de reforma do estádio do Em 2014, seu último ano de mandato, Cabral renunciou ao
Maracanã. cargo a fim de abrir espaço para o então vice, Luiz Fernando Pezão
De acordo com os ex-executivos, Cabral teria recebido R$ 60 (PMDB). Na época, seu nome chegou a ser cogitado pra disputar
milhões de propina na reforma do estádio que recebeu a final da a Presidência.
Copa. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mes- Apesar da impopularidade do antecessor, Pezão foi reeleito
mo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão. governador do Rio em 2014, ano no qual o Estado já enfrentava re-
Os investigadores constataram que outras empreiteiras tam- flexos da crise financeira que chegaria ao ápice nos anos seguintes.
bém podem ter participado do esquema durante a gestão Cabral. Atualmente, dada a agonizante situação das finanças flumi-
“Foi identificado que integrantes da organização criminosa de nenses, o Executivo tenta aprovar um conjunto de medidas de
Sérgio Cabral amealharam e lavaram fortuna imensa, inclusive austeridade por meio de um projeto de lei, que foi apelidado de
mediante a aquisição de bens de luxo, assim como a prestação de “pacote das maldades”. Entre as propostas, estão cortes de gastos,
serviços de consultoria fictícios”, apontou o MPF. extinção de programas sociais, aumento de impostos e elevação na
O nome da operação (Calicute) é uma referência às tormentas contribuição previdenciária dos servidores públicos.
enfrentadas pelo navegador português e descobridor do Brasil, Pe- Fonte: Portal UOL – (17/11/2016)
dro Álvares Cabral, a caminho das Índias.
STF marca 1º julgamento contra Renan após 9 anos da
Na mira da Lava Jato denúncia
Em Curitiba, o desdobramento das investigações da Operação A Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen
Lava Jato revelaram, de acordo com o MPF, que houve pagamento Lúcia, marcou para o dia 1º dezembro o julgamento sobre a de-
de propina diretamente a Cabral em razão de um contrato firmado núncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
entre a Petrobras e a empreiteira Andrade Gutierrez. O acordo diz contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Se
respeito a obras de terraplanagem no Comperj (Complexo Petro- a denúncia for aceita, o parlamentar se tornará réu no Supremo. O
relator do processo é o ministro Edson Fachin.
químico do Rio).
Segundo a denúncia, que tramita no STF desde 2013, Renan
Cabral teria recebido, entre os anos de 2007 e 2011, ao menos
teria usado o lobista de uma empreiteira para pagar pensão a uma
R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez “por meio de
filha que teve fora do casamento. O peemedebista também é acu-
entregas de dinheiro em espécie”, informou o MPF, com repasses
sado de ter adulterado documentos para justificar os pagamentos.
realizados por executivos da empresa para emissários do ex-gover-
Renan nega as acusações. O caso foi revelado em 2007.
nador, inclusive na sede da empreiteira em São Paulo.
A defesa de Renan sustenta que o senador “já esclareceu todos
Além disso, os investigadores descobriram evidências do cri- os fatos relativos a esta questão e é o maior interessado no escla-
me de lavagem de dinheiro. Apenas dois investigados, entre os recimento definido do episódio”. Segundo a assessoria de Renan,
anos de 2009 e 2015, teriam efetuado pagamentos em espécie, de o parlamentar “foi o autor do pedido de investigação das falsas
diversos produtos e serviços, em valores que se aproximam de R$ denúncias em 2007, há quase dez anos.”
1 milhão. O crime de lavagem prevê pena entre três e dez anos de Em fevereiro deste ano, Fachin já tinha pautado a ação para
reclusão; o crime de corrupção, entre dois e 12 anos, e o crime de julgamento mas, no mesmo mês, foi retirada da pauta depois que
integrar organização criminosa, pena entre três e oito anos. a defesa de Renan Calheiros apresentou um recurso alegando a
existência de uma falha na tramitação do processo.
Quem é Sérgio Cabral Fonte: Portal Terra – (24/11/2016)
Liderança do PMDB no Rio, Cabral foi eleito governador do
Estado em 2006 e reeleito quatro anos depois. Antes, havia sido ECONOMIA
deputado estadual --chegou a presidir a Assembleia Legislativa do
Rio-- e senador fluminense. OCDE prevê queda maior do PIB no Brasil em 2016 e es-
Ganhou força à frente do Executivo principalmente pela im- tagnação em 2017
plementação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a partir A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econô-
de 2008, projeto que consiste na ocupação policial das comunida- mico (OCDE) prevê uma queda maior da economia brasileira em
des dominadas pelo tráfico de drogas. O programa cresceu e se ex- 2016 e uma retomada do crescimento apenas em 2018. A institui-
pandiu, mas começou a enfrentar problemas na metade do segundo ção revisou nesta segunda-feira (28) suas projeções de crescimen-
do mandato do ex-governador. to para a economia global.
Além do constante cenário de crise na segurança pública, Ca- Antes, a OCDE projetava uma queda de 3,3% no PIB brasileiro
bral teve sua imagem seriamente afetada por sucessivas denúncias e em 2016, número que foi ampliado para 3,4%. Para 2017, a estima-
escândalos de corrupção. A relação dele com empresários do ramo tiva melhorou: a instituição passou a projetar a estagnação da econo-
da construção civil, sobretudo o dono da Delta Construções, Fernan- mia no ano que vem, contra uma previsão anterior de queda de 0,3%
do Cavendish, foi investigada --em julho desse ano, o empreiteiro no PIB. Para 2018, a expectativa é de crescimento de 1,2% no PIB.
acabou sendo preso pela Polícia Federal na Operação Saqueador. A OCDE espera uma aceleração do crescimento global em um
Outro duro golpe que arranhou a reputação de Cabral foi o ritmo superior ao que projetava anteriormente. Em seu Panorama
sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013, após ter sido Econômico, a organização estimou que o crescimento global será
levado por PMs da UPP Rocinha, favela da zona sul carioca, à base de 2,9% este ano, 3,3% em 2017 e chegará a 3,6% em 2018.
Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS GERAIS
Um dos motivos para a revisão foi a vitória de Donald Trump Governo vai autorizar despesas de R$ 16,2 bi no Orça-
nas eleições americanas. Os cortes de impostos planejados pela ad- mento de 2016
ministração de Donald Trump e os gastos públicos devem aquecer A receita obtida com multa e imposto pagos dentro do progra-
a economia dos Estados Unidos, disse a OCDE. ma de regularização de recursos ilegais no exterior deixa ao go-
verno uma reserva técnica, até o final do ano, de R$ 16,2 bilhões,
Brasil é destaque negativo do G20 divulgou nesta terça (22) o Ministério do Planejamento.
O relatório pervê que o Brasil tenha o pior desempenho entre Até 30 de novembro, o governo publicará um decreto sobre
o G20 (grupo das maiores economias do mundo) em 2016 e em como o valor será gasto.
2017. Já o país com a previsão de pior desempenho do G20 depois No relatório do quinto bimestre publicado pela pasta, o go-
do Brasil será a Argentina, cujo PIB deve cair 1,7%. verno aumentou sua previsão para a receita líquida de 2016 em
Na outra ponta está a Índia (7,4%), que lidera o ranking, se- R$ 17,8 bilhões na comparação com a publicação do bimestre an-
guida por China (6,7%), Indonésia (5%) e Espanha (3,2%). No que terior. Ao mesmo tempo, conta com despesas obrigatórias R$ 2,1
vem, de acordo com a organização, a Índia deve continuar na lide- bilhões maiores do que o relatório anterior, deixando uma reserva
rança (7,6%). Completam o topo da lista China (6,4%), Indonésia de pouco mais de R$ 16 bilhões.
(5%) e Turquia (3,3%). O destino desse dinheiro, de acordo com o ministro do Plane-
Fonte: G1 – (28/11/2016) jamento, Dyogo de Oliveira, será debatido nas próximas semanas.
“Nossa prioridade é o pagamento de restos a pagar, o que abre
Resultado do PIB do Brasil no terceiro trimestre é o pior espaço pra termos um desempenho melhor nos próximos anos”,
do mundo disse.
A queda de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro De acordo com ele, o governo avaliou os restos a pagar que
trimestre, descontados os efeitos sazonais, fez o Brasil encolher possui atualmente para determinar o que é “executável”, ou seja, o
2,9% na comparação com o mesmo período de 2015. Esse resul- que pode ser liquidado pelo governo de forma imediata. “Fizemos
tado deixou o país na lanterna do desempenho de 39 nações que já essa análise e o que pode ser pago fica bem acima dos R$ 16,2
divulgaram o PIB e representam 83% do PIB mundial, conforme bilhões de reserva”, disse. Ou seja, se decidir usar toda a reserva
técnica para quitar restos a pagar, o governo atualmente consegue
ranking levantado pela Austin Rating.
fazê-lo.
“Novamente, o Brasil foi superado pelas economias da Gré-
Questionado sobre um possível uso dos recursos para aju-
cia, Ucrânia e Rússia, que nas edições anteriores estavam com de-
da aos Estados, o ministro não negou a possibilidade. “Isso será
sempenhos piores”, destacou o economista-chefe da Austin, Alex
debatido nos próximos dias e será decidido nos próximos dias”,
Agostini. Segundo ele, outras economias que apresentaram resul-
afirmou. Oliveira declarou ainda que a meta fiscal, que determina
tados muito ruins nas edições anteriores, como a Venezuela, ainda
um deficit de R$ 170,5 bilhões em 2016, será cumprida “fielmente
não divulgaram seus resultados e isso coloca o país com o pior
como previsto”.
desempenho do mundo até o momento.
A pasta informou que com a decisão da ministra Rosa Weber,
Esse ranking da Austin é liderado por Filipinas, que cresceu do STF (Supremo Tribunal Federal), de que a parcela da multa da
7,1% no terceiro trimestre deste ano comparado com o mesmo pe- repatriação seja dividida com estados, o governo reservou R$ 5 bi-
ríodo de 2015, seguido por China, em segundo lugar, com alta de lhões para caso tenha que pagar o montante aos entes da federação.
6,7% no PIB, na mesma base de comparação. Além do Brasil, ape- Se não sair uma decisão final sobre esses recursos da multa
nas Rússia e Noruega tiveram queda no mesmo intervalo, de 0,6% ainda neste ano, o montante passa para o ano que vem. “Se a deci-
e 0,9%, respectivamente. são sair em 2017 e for favorável aos estados, receberão no ano que
vem, se for favorável ao governo, entra como receita do governo”,
Letargia exemplificou Oliveira.
Agostini avaliou que a economia brasileira está em estado de
“letargia”, e, por conta disso, ele revisou suas projeções para PIB PIB MENOR
deste ano e do próximo. Aprofundou de 3,1% para 3,49% a previ- O ministro afirmou ainda que ontem o governo comunicou ao
são de retração em 2016 e reduziu para menos de 0,98% a expec- Congresso a recente revisão para baixo da projeção para o PIB de
tativa de crescimento no ano que vem, que era de 1,1%. “A revisão 2017, mas ressaltou que “não cabe ao governo” reestimar receitas
para cima do PIB de 2017 recai sobre a perspectiva de melhora e despesas para 2017.
vigorosa dos fatores de produção a partir do segundo semestre de Nesta segunda (21), a secretaria de Política Econômica, do
2017, com destaque aos investimentos privados, bem como pela Ministério da Fazenda, admitiu que o governo espera um cresci-
retomada do mercado de crédito com estímulo da queda da taxa mento do PIB (Produto Interno Bruto) de somente 1% no ano que
de juros e início de recuperação do mercado de trabalho, além do vem, uma redução considerável na comparação com a última pro-
efeito estatístico da base de comparação menor”, explicou. jeção, que era de 1,6%.
Se as novas previsões de Agostini para o PIB se confirmarem, Com a expectativa de um PIB menor, as receitas esperadas
em 2016, o Brasil cai para o nono lugar entre as 10 maiores econo- também se reduzem, e o atual Orçamento do ano que vem ainda
mias do planeta, atrás da Itália e da Índia. Em 2017, o país voltaria leva em conta uma alta de 1,6%. “Não cabe ao governo federal,
para a oitava colocação no ranking liderado por Estados Unidos, neste momento, realizar revisão das estimativas de 2017. Vamos
seguido por China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Índia. fazer isso no início do próximo ano, quando realizarmos a progra-
Fonte: Correio Braziliense – (30/11/2016) mação orçamentária para 2017”, declarou.
Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS GERAIS
Ele reafirmou o argumento do Ministério da Fazenda de que a Apesar de o leilão ter sido vencido por outro consórcio, as três
revisão do PIB não significa necessariamente uma redução na re- concorrentes teriam adaptado o prévio ajuste quando foram pos-
ceita, já que o governo espera que entrem recursos do novo projeto teriormente contratadas para a efetiva construção de Belo Monte
de repatriação e de concessões. na modalidade Concorrência Privada. Para tanto, as três empresas
Fonte: Folha.com – (22/11/2016) teriam novamente alinhado variáveis que impactariam nas propos-
tas de preço a serem apresentadas separadamente pelas empresas.
CAE aprova projeto que pode limitar taxa de juros do car- O leilão foi vencido pelo Consórcio Norte Energia, formado
tão de crédito em 28% pelas empresas Eletrobras, Chesf, Eletronorte, Queiroz Galvão,
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado apro- Galvão Engenharia e outras empresas. As empresas Andrade Gu-
vou nesta terça-feira, 29, um projeto que pode limitar os juros do tierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht foram contratadas pela Norte
cartão de créditos a duas vezes a taxa do Certificado de Depósito Energia, tendo dividido entre si o montante de 50% da construção
Interbancário (CDI). A proposta seguirá para votação em Plenário. da usina hidrelétrica. Segundo o Cade, os contatos anticompeti-
A taxa do CDI mantém-se próxima à taxa básica de juros (Se- tivos duraram até, pelo menos, julho de 2011, quando foram as-
lic), que corresponde atualmente a 14% ao ano. Assim, se o projeto sinados os contratos referentes às obras de construção da usina
fosse transformado em lei nesta terça, a taxa anual dos cartões de hidrelétrica de Belo Monte.
crédito ficaria limitada ao dobro dessa quantia: 28%. A Norte Energia ainda não se manifestou sobre a investigação do Cade.
“Altera a Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que dispõe Em nota, a Andrade Gutierrez informa que o acordo com o
sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e credití- Cade está em linha com sua postura, desde o fechamento do acor-
cias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências, do de leniência com o Ministério Público, de continuar colaboran-
para limitar os juros de cartão de crédito”, diz o texto do projeto. do com as investigações em curso. A empresa também afirma que
Autor do projeto, o senador Ivo Cassol (PP-RO) disse que os continuará realizando auditorias internas para esclarecer fatos do
juros abusivos exigem limites regulatórios. Para Cassol, as taxas passado que possam ser do interesse da Justiça e dos órgãos com-
de juros “ainda são exorbitantes”, especialmente as cobradas em petentes. “A Andrade Gutierrez afirma ainda que acredita ser esse
empréstimos na modalidade do rotativo do cartão de crédito. o melhor caminho para a construção de uma relação cada vez mais
Fonte: Istoé – (29/11/2016) transparente entre os setores público e privado”, diz a empresa.
Fonte: Agência Brasil – (16/11/2016)
Cade investiga se houve cartel em leilão de Belo Monte
Governo do Rio Grande do Sul decreta estado de calami-
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ins-
dade financeira
taurou hoje (16) um inquérito para investigar a existência de um
Um dia após anunciar um pacote de medidas para tentar me-
suposto cartel na licitação para a concessão da Usina Hidrelétrica
lhorar as contas do Estado, o governo do Rio Grande do Sul de-
de Belo Monte, realizado em 2010. Também será investigado pro-
cretou nesta terça-feira (22) estado de calamidade financeira na
cesso de contratação para a construção da usina, localizada no Rio administração pública estadual, conforme decreto publicado no
Xingu (PA). Diário Oficial. O decreto entrou em vigor hoje.
O inquérito administrativo é um desdobramento da Operação De acordo com a publicação, a decisão foi tomada consideran-
Lava Jato e foi subsidiado pela celebração do acordo de leniên- do que “a crise da economia brasileira está atingindo fortemente a
cia com a construtora Andrade Gutierrez e com executivos e ex- capacidade de financiamento do setor público”. O Rio Grande do
-executivos da empresa, em setembro deste ano. Segundo o Cade, Sul vive uma grave situação financeira que tem resultado no par-
a assinatura do acordo foi mantida em sigilo para preservar as in- celamento dos salários dos servidores e sucateamento das polícias,
vestigações. entre outros problemas.
Por meio do acordo, firmado com o Ministério Público Fede- O decreto diz também que “a queda estimada do Produto Interno
ral do Paraná, por meio da força-tarefa da Lava Jato, os signatários Bruto (PIB), considerados os anos de 2015 e 2016, chegará a mais de
admitem sua participação, fornecem informações e apresentam 7%, com trágicas consequências para a arrecadação de tributos”.
documentos probatórios para colaborar com as investigações so- Ainda segundo o texto, a decisão levou em conta a necessi-
bre o suposto cartel. As empresas inicialmente apontadas como dade de ações, no curto prazo, para fazer frente à crise e garantir
participantes da provável conduta anticompetitiva são a Andrade a continuidade da prestação de serviços públicos essenciais, nota-
Gutierrez Engenharia, Construções e Comércio, a Camargo Corrêa damente nas áreas da segurança pública, da saúde e da educação.
e a Construtora Norberto Odebrecht, além de, pelo menos, seis A publicação define que secretários de estado e dirigentes má-
executivos e ex-executivos de alto escalão dessas empresas. ximos de órgãos e entidades da administração pública estadual,
Segundo o Cade, os contatos entre os concorrentes teriam se sob a coordenação da Secretaria da Casa Civil, ficam autorizados a
iniciado em julho de 2009, com a divisão do grupo formado pe- adotar medidas excepcionais necessárias à racionalização de todos
las empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht em os serviços públicos, salvo aqueles considerados essenciais.
dois consórcios. Segundo relatos, ao longo do processo de prepa- As medidas em questão ainda serão estudadas, e ainda não
ração das propostas, as empresas teriam alinhado parâmetros como está claro como elas afetarão a população.
premissas da construção, divisão de riscos entre construtoras e in-
vestidores e contingenciamento dos riscos. Tal alinhamento visava “Formalização da gravidade da crise”
criar uma paridade de condições e de preços entre as empresas, o Ouvido pelo UOL, o economista Raul Velloso, especialista em fi-
que não é esperado entre concorrentes, e buscava garantir a viabi- nanças públicas, afirmou que o estado de calamidade financeira não está
lidade de um pacto para a posterior divisão da construção da usina amparado em nenhuma lei. Em sua opinião, a iniciativa é apenas uma
entre elas. forma de o governo gaúcho comunicar a gravidade da crise do Estado.
Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS GERAIS
Em nota, a Secretaria da Casa Civil do Rio Grande do Sul dúvidas surgem quando a economia mundial sofre com um fraco
afirmou que o “decreto orientará na seleção de novas medidas ne- crescimento. O TTIP, o acordo comercial entre os EUA e a UE, já
cessárias” e “formaliza a situação de extrema gravidade da gestão aparece como a primeira vítima da era Trump.
pública e a prioridade para as mudanças”. O comércio mundial está desacelerando praticamente desde o
Ainda na nota, o secretário adjunto da Casa Civil, José Gui- início da Grande Recessão. Mas tanto o FMI quanto o G-20 temem
lherme Kliemann, disse que “o decreto é mais um instrumento que guerras comerciais, com medidas protecionistas que reduzam ain-
engajará todas as áreas na busca de uma gestão mais eficiente, en- da mais os volumes. A chegada de Trump e seu “América, primei-
xuta e buscando identificar medidas adicionais àquelas previstas ro” é um risco adicional: o novo presidente dos Estados Unidos
nos decretos de contingenciamento que vêm sendo adotados desde não é exatamente um fã dos acordos comerciais e sugeriu que vai
janeiro de 2015”. desmantelar o pacto assinado por Obama com os países do Sudeste
“A Casa Civil solicitará às principais áreas do governo que Asiático (conhecido como TTP) e que vai congelar as negociações
busquem em suas estruturas alternativas de redução de despesas do TTIP, o acordo entre EUA e a UE.
eletivas, que possam ser eliminadas sem prejuízo aos serviços es- Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald
senciais”, afirmou Kliemann. Tusk, e o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pedi-
Ele também declarou na nota que na próxima semana serão ram na quarta-feira uma reunião de cúpula com os Estados Unidos
realizadas reuniões com áreas específicas para “elencar medidas para discutir essa e outras questões. Mas a Europa dá praticamente
de contenção”. por perdido o TTIP, antes da resposta popular que gerou um pacto
similar com o Canadá e as duras críticas que recebeu o acordo com
Pacote inclui privatização e prevê ao menos 1.200 demissões os Estados Unidos na França e na Alemanha.
Ontem, o governador José Ivo Sartori (PMDB) anunciou um A negociação “entrou em uma pausa natural”, disse o vice-
pacote de medidas na área financeira que prevê a extinção de nove -presidente da UE, Jyrki Katainen. A agenda de Trump “vai contra
fundações, o fim de três secretarias de Estado, a privatização de o livre comércio”, disse Katainen, que ainda assim fez um chama-
uma companhia pública (a Corag, Companhia Riograndense de do para “não subestimar” o interesse nos acordos comerciais entre
Artes Gráficas) e alteração nas regras do estatuto do funcionalismo as autoridades e o setor empresarial norte-americano.
público. A Europa não é a única região do mundo que sente a ameaça
Além disso, aumenta a alíquota da Previdência Social dos ser- comercial: Trump sublinhou repetidas vezes que vai enfrentar a
vidores ativos e inativos dos atuais 13,25% para 14% - o impacto “concorrência desleal” da China. A Europa começa a emitir sinais
na receita deve chegar a R$ 130 milhões. Também limita as pen- na mesma direção, e isso poderia impor tarifas maiores a produtos
sões previdenciárias ao teto constitucional dos desembargadores subsidiados pelos chineses como o aço. Se, além disso, os bancos
do Estado. A projeção é que haja a demissão de 1,2 mil servidores. centrais também se envolverem em uma guerra de guerrilha para
Também transfere o pagamento do funcionalismo para um ca- desvalorizar as taxas de câmbio, todos esses movimentos irão na
lendário que varia do quinto dia útil (até R$ 1.300) para o vigési- mesma direção: uma guerra comercial — ainda devemos ver se
mo dia útil (acima de R$ 6.000). A maior parte das matrículas (ou alta ou baixa intensidade — e um retorno ao nacionalismo econô-
salários de R$ 2.900 mensais), pela proposta, deverá receber até mico que coloque obstáculos ao comércio.
o décimo dia útil. Hoje, pela Constituição estadual, os servidores
têm de ser pagos até o último dia útil de cada mês. As dúvidas fazem o PIB cair
Outra proposta é de pagar apenas 50% do 13º dos servidores O HSBC, o maior banco da Europa, publicou um relatório
de 2016, remetendo a outra parcela para novembro de 2017. A eco- forte sobre a chegada de Trump: “O aumento da incerteza costuma
nomia em caso de aprovação seria de R$ 600 milhões. muitas vezes levar a um crescimento mais fraco pelo atraso nos
Os repasses ao Judiciário e Legislativo, além disso, serão investimentos e o gasto dos consumidores, assim como um cresci-
calculados de acordo com a Receita Corrente Líquida do estado, mento mais fraco do emprego”.
limitados ao orçamento. A previsão de economia para o Tesouro, Os especialistas coincidem em destacar que um dos maiores
nesse caso, é de R$ 575,7 milhões considerando dados referentes riscos é que haja uma queda dos impostos, com o crescimento dos
a 2015. O ganho anual no fluxo financeiro foi calculado em R$ 2,6 gastos, o que poderia gerar inflação. Essa situação iria levar a um
bilhões pelo governo. aumento das taxas de juros e um possível aumento do dólar.
Também reduz em 30% os créditos fiscais presumidos refe- Um dos controladores do mercado, a agência de classifica-
rentes a 2016, 2017 e 2018 com impacto financeiro de R$ 300 mi- ção Fitch, não demorou para se posicionar sobre Trump. Não vai
lhões por ano e antecipa o recolhimento do ICMS pelas empresas rebaixar a classificação da dívida dos EUA, mas advertiu que se
do dia 21 para o dia 12. O pacote, com 38 projetos, será enviado ele colocasse em prática as medidas anunciadas, “teriam um efeito
nesta terça-feira (22) à Assembleia Legislativa – 30 deles tramita- negativo para as finanças públicas”.
rão em regime de urgência. Admite as “incertezas” sobre o programa de Trump, o grau
Fonte: Portal UOL – (22/11/2016) que tentará realizá-las e sua capacidade de implementá-las. “Esta
última vai depender da cooperação entre o presidente e as maiorias
Trump espalha incertezas na economia e no comércio republicanas no Congresso e no Senado, e até que ponto os demo-
mundial cratas do Senado poderão bloquear as medidas propostas”, afirma.
A chegada inesperada de Donald Trump à Casa Branca, sem
um claro programa econômico, mas repleto de ameaças de veto a Ambiente político menos estável
vários acordos comerciais, espalha incerteza sobre a maior eco- Na mesma linha se manifesta Bill Papadakis, estrategista de
nomia do mundo, que responde por 24,5% do PIB mundial. As investimentos do banco suíço Lombard Odier. “A menor visibi-
Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS GERAIS
lidade das políticas de Trump poderia gerar alguma volatilidade Em agosto deste ano, quando foi a julgamento o mérito do
nos mercados financeiros no curto prazo. Embora a longo prazo, habeas corpus, Barroso pediu vista. Em seu voto, nesta terça, ele
os riscos são menos claros, já que o impacto sobre o crescimento concordou com a revogação das prisões pelos motivos apontados
teria que ser compensado pelo aumento da incerteza causada por por Marco Aurélio, mas trouxe um segundo fundamento. Para ele,
um ambiente político menos estável”. os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto no primeiro
Apesar desses presságios, Julio Cañero, diretor do Instituto trimestre de gestação violam direitos fundamentais da mulher.
Franklin da Universidade de Alcalá, está “moderadamente otimis- As violações são, segundo o voto de Barroso, à autonomia da
ta”. Admite que implantar o programa como foi explicado na cam- mulher, à sua integridade física e psíquica, a seus direitos sexuais e
panha significaria uma curva perigosa para a economia mundial, reprodutivos e à igualdade de gênero. “Na medida em que é a mu-
mas lembra que Trump “deverá negociar tudo com seu partido, lher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não
que está contra o protecionismo e as tarifas”. Quando chegar ao engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconheci-
Gabinete Oval, acrescenta, “ele terá que ser mais pragmático. En- do o direito de decidir acerca da sua manutenção ou não”, escreveu
tre outras coisas porque se você colocar barreiras à entrada de pro- o ministro sobre o direito à igualdade de gênero.
dutos chineses, Pequim pode vender a dívida dos EUA e o proble- “O direito à integridade psicofísica protege os indivíduos
ma será de Trump. Wall Street vai recolocá-lo em seu lugar, porque contra interferências indevidas e lesões aos seus corpos e mentes,
não pode prejudicar as grandes empresas com suas medidas”. relacionando-se, ainda, ao direito à saúde e à segurança. Ter um
De acordo com o escritório de advocacia Baker & McKinzey, filho por determinação do direito penal constitui grave violação à
“a volatilidade e a incerteza são a nova situação de normalidade para integridade física e psíquica de uma mulher”, afirmou também o
as organizações globais” e afirmam que as empresas procuram “es- ministro.
tabilidade e continuidade e Trump foi eleito por ser um forasteiro Além disso, segundo Barroso, a criminalização do aborto cau-
que quer a agitar o establishment político, mas a maneira como vai sa uma discriminação contra as mulheres pobres, que não podem
jogar no mundo dos negócios não está clara”. Esse é o problema. recorrer a um procedimento médico público e seguro, enquanto as
Fonte: El País Brasil – (10/11/2016) que têm condições pagam clínicas particulares.
Ainda de acordo com o voto de Barroso, que foi acompanhado
CULTURA E SOCIEDADE
por Weber e Fachin, os principais países democráticos e desen-
Morre aos 82 anos o cantor e compositor Leonard Cohen
volvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá,
Morreu na noite desta quinta-feira, 10, Leonard Cohen. A no-
França, Itália, Espanha, Portugal e Holanda, não criminalizam o
tícia foi dada em sua página no Facebook, que pede privacidade
aborto na fase inicial da gestação. O prazo de três meses foi tirado
para a família neste momento. “É com profunda tristeza que repor-
da comparação com esses países.
tamos que o lendário poeta, compositor e artista, Leonard Cohen
Os dois outros ministros da primeira turma, Marco Aurélio e
faleceu. Nós perdemos um dos mais reverenciados e prolíficos vi-
Luiz Fux, não se manifestaram sobre a descriminalização do abor-
sionários da música”, diz o comunicado.
to no início da gravidez. No caso específico, eles também votaram
O compositor tinha acabado de lançar seu 14º disco, You Want
It Darker, depois de ter excursionado por cinco anos. Não se sabe pela revogação das prisões preventivas, com base apenas na ausên-
ainda a causa da morte, mas, em suas últimas aparições, o cana- cia dos requisitos legais para mantê-las.
dense discursava com a voz fraca e ofegante. Barroso destaca, em sua decisão, que o aborto não é algo bom,
Fonte: Estadão.com – (11/11/2016) e que o papel do Estado deve ser evitá-lo, mas com educação se-
xual, distribuição de contraceptivos e apoio às mulheres que dese-
Aborto até o terceiro mês não é crime, decide turma do jarem manter a gravidez, mas que não tenham condições.
Supremo O que foi julgado na primeira turma foi um habeas corpus
A maioria da primeira turma do STF (Supremo Tribunal Fede- para reverter a prisão preventiva dos cinco acusados. O mérito des-
ral) firmou o entendimento, nesta terça-feira (29), de que praticar se caso continua a ser julgado na Justiça do Rio.
aborto nos três primeiros meses de gestação não é crime. Votaram No próximo dia 7, o plenário do Supremo julgará a possibi-
dessa forma os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Ed- lidade de aborto em casos em que mulher for infectada pelo vírus
son Fachin. da zika.
A decisão é sobre um caso específico, em um habeas corpus Em 2012, a corte decidiu, por 8 votos a 2, que a interrupção
que revogou a prisão preventiva de cinco pessoas que trabalhavam de gravidez no caso de fetos com anencefalia comprovada não é
numa clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias (RJ), mas crime. Na ocasião, Barroso, que ainda não era ministro, advogou a
pode ser considerada um passo à frente na descriminalização do favor da descriminalização.
ato, desde que no início da gravidez. Fonte: Folha.com – (29/11/2016)
Embora a decisão tenha se dado em um caso específico, outros
magistrados, de outras instâncias, poderão, a seu critério, adotar o Papa concede a padres decisão de perdoar quem comete
entendimento da primeira turma do STF. abortos
O relator, ministro Marco Aurélio, já havia concedido liminar O papa Francisco concedeu hoje (21) aos sacerdotes a decisão
em 2014 para soltar os cinco médicos e funcionários da clínica flu- de absolver ou não as pessoas que cometeram aborto e procuram
minense. Seu fundamento era que não existiam os requisitos legais a Igreja Católica para se redimir. A orientação foi publicada na
para a prisão preventiva (como ameaça à ordem pública e risco à carta apostólica Misericordia et Miseria, divulgada pelo Vaticano.
investigação e à aplicação da lei). Nesse processo, nenhuma mu- O texto marca o encerramento do Ano Santo do Jubileu, que foi
lher que praticou aborto na clínica foi denunciada. dedicado ao tema da misericórdia.
Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS GERAIS
A carta apostólica estabelece uma série de novas instruções ao acidente: dois membros da tripulação, três jogadores e um jor-
para que a misericórdia seja adotada como prática diária entre os nalista. Pelo menos duas dessas vítimas estão em estado grave. As
católicos. Dessa forma, os sacerdotes ficam livres para decidir autoridades ainda não confirmaram as razões que fizeram com que
perdoar ou não uma pessoa que cometeu aborto. Isso abre cami- o avião, um charter da empresa boliviana Lamia, caísse quando
nho para médicos e mulheres que já cometeram ou participaram estava tão perto de seu destino.
de abortos. Até hoje, os dois eram impedidos automaticamente de O avião que transportava a Chapecoense, um Avro Regional Jet
comungar na Igreja e o status só podia ser revertido em casos es- 85 (RJ85), deveria ter chegado a Medellín por volta das dez da noi-
pecíficos por bispos ou delegados. te da Colômbia. Pouco antes de iniciar sua descida, perdeu contato
“Com todas as minhas forças, digo que o aborto é um pecado com a torre de controle. Os pilotos tinham alertado, de acordo com
grave, porque coloca fim a uma vida inocente”, afirmou o papa. várias fontes, sobre “falhas elétricas”, embora as autoridades não te-
Mas peço aos sacerdotes que sejam guias e deem apoio e confor- nham confirmado a causa exata do acidente. Uma das hipóteses con-
to no acompanhamento dos penitentes”, ressaltou o líder católico siderada é que o avião ficou sem combustível. O incidente ocorreu
“Para que nenhum obstáculo se coloque entre o pedido de recon- nas proximidades do Cerro El Gordo, no município de La Unión,
ciliação e o perdão de Deus, concedo, a partir de hoje, a todos os em um lugar relativamente perto do aeroporto José María Córdova,
sacerdotes, na força de seus ministérios, a faculdade de absolver a uma hora de Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia.
os que os procuram pelo pecado do aborto”, determinou Francisco. No momento do acidente, as condições meteorológicas na
Além da questão do aborto, o papa validou as confissões ce- área eram boas, de acordo com as autoridades locais. No entanto,
lebradas por sacerdotes lefebrvianos e oficializou o trabalho dos a falta de luz e a forte chuva que caiu durante toda a noite dificul-
“missionários da misercórdia”, postos criados durante o Jubileu taram as já em si complicadas tarefas de resgate. O avião caiu em
para “escutar e perdoar os fiéis”. No texto, Francisco disse que a um lugar íngreme, a meia hora a pé da estrada mais próxima. Até
misericórdia é um “valor social” que deve “restituir a dignidade 150 pessoas da Aviação Civil, da Força Aérea Colombiana e de
de milhões de pessoas”. Por isso, ele também criou o Dia Mundial agências humanitárias participaram do resgate. Nas buscas, 70%
dos Pobres, que será celebrado em toda a Itália católica. dos corpos foram encontrados na fuselagem do avião, enquan-
Em um claro recado à ala conservadora do Vaticano, o papa to espalhados pelo terreno estavam os outros 30%, entre eles os
escreveu em sua carta apostólica que “nada que um pecador arre- dos sobreviventes. As equipes de resgate encontraram destroços
pendido coloque diante da misericórdia de Deus pode permanecer da aeronave 500 metros ao redor do local do acidente. Depois de
sem o seu abraço e o seu perdão. Comunicar a certeza do Deus que conseguir retirar os corpos, após o meio-dia na hora local, foram
ama não é um exercício retórico, mas uma condição de credibilida- encontradas as duas caixas pretas, que fornecerão mais informa-
de do próprio sacerdócio”, disse Francisco. Jorge Mario Bergoglio ções sobre as causas do acidente.
também usou a carta para responder a quatro cardeais conserva- As pessoas que foram resgatadas vivas são: Ximena Suárez,
dores que lhe haviam questionado sobre a exortação apostólica auxiliar de voo; Erwin Tumiri, técnico do avião; os jogadores Alan
Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), lançada em 8 de abril e que Luiciano Ruschel, Jackson Folmman e Hélio Hermito Zampier.
fala sobre a família na sociedade atual. Assinada pelo cardeal Ray- O corpo deste último foi recuperado cinco horas após o acidente.
mund Leo Burke, a carta acusa Francisco de apoiar o reconheci- Além deles, sobreviveu à tragédia o jornalista Rafael Malmorbida,
mento do divórcio. Como o papa não respondeu ao documento, os que em um primeiro momento foi identificado como Rafael Hen-
cardeais resolveram torná-lo público. zel. O goleiro da equipe brasileira Danilo Padilha foi resgatado
“Quando o caminho da vida nupcial é interrompido pelo so- vivo, mas morreu antes de chegar a algum dos hospitais para onde
frimento, pela traição e solidão, a experiência da misericórdia nos os feridos foram levados.
permite olhar para todas as dificuldades com a atitude do amor A Chapecoense tinha previsto voar direto para Medellín. A
de Deus, que não se cansa de acolher e de acompanhar”, ratificou falta de um acordo de comércio aeronáutico impediu, no entanto,
Francisco. Dessa forma, o papa pede, mais uma vez, que cada caso que a empresa boliviana Lamia levasse a equipe de São Paulo até
de separação matrimonial seja analisado de maneira independente Medellín, informou a repórter Talita Bedinelli. Esta operação só é
pelos sacerdotes. permitida no Brasil para empresas brasileiras ou colombianas. Por
O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia foi encerrado isso, a equipe teve que viajar de São Paulo para Santa Cruz (Bolí-
ontem (20), com uma missa celebrada por Francisco no Vaticano via), em um voo comercial da Boliviana de Aviación, o que atrasou
diante de 70 mil pessoas. Tradicionalmente, o Jubileu acontece so- o charter, que partiu do aeroporto de Viru Viru para Medellín. As
mente a cada 25 anos. O último tinha sido em 2000, portanto, só autoridades aeronáuticas da Bolívia ressaltaram que o avião partiu
ocorreria em 2025. Mas Francisco resolveu convocar um Jubileu de Santa Cruz com tudo “em ordem”, sem defeitos e em boas con-
extraordinário com o tema da Misericórdia. O Ano Santo foi ini- dições de voo. Recentemente esta mesma empresa tinha sido usada
ciado em novembro de 2015 e encerrado agora. pela seleção argentina para realizar várias viagens.
Fonte: Agência Brasil – (21/11/2016) Em um primeiro momento pensou-se que no avião viajavam
81 pessoas. Depois de verificar as pessoas que tinham embarcado
Tragédia com avião da Chapecoense mata 71 na Colômbia no Brasil e na Bolívia, ficou comprovado que tinham embarcado
Uma nova tragédia aérea voltou a abalar o mundo do futebol 68 passageiros de origem brasileira e 9 membros da tripulação de
na segunda-feira. O avião em que viajava a equipe brasileira da origem boliviana, totalizando 77 pessoas. As quatro pessoas que
Chapecoense caiu quando estava prestes a chegar ao seu destino, o não iam no avião correspondem a Luciano Buligon, prefeito de
aeroporto de Medellín, onde na quarta-feira estava previsto jogar Chapecó, a cidade sede da Chapecoense; Plínio Nes Filho, dirigen-
a partida final da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional. te da Chapecoense; Gelson Merisio, deputado de Santa Catarina e
No avião viajavam 77 pessoas, 71 morreram e seis sobreviveram Iván Carlos Agnoletto, jornalista
Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS GERAIS
A equipe brasileira, da cidade de Chapecó, no Estado de Santa Aedes: 885 cidades estão em situação de alerta ou risco de
Catarina, estava indo a Medellín para disputar a final da Copa Sul- surto
-Americana contra o Atlético Nacional. A alegria dos jogadores Dados divulgados hoje (24) pelo Ministério da Saúde revelam
frente a tamanha conquista ficou refletido em um vídeo distribuído que 855 cidades brasileiras estão em situação de alerta ou de ris-
pelas redes, no qual os jogadores se mostravam animados antes co de surto de dengue, chikungunya e zika. O número representa
de deixar Santa Cruz para Medellín. A Chapecoense virou a sur- 37,4% dos municípios pesquisados pela pasta no Levantamento
presa da última temporada no futebol latino-americano. Ninguém Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que é o mosquito
esperava que um time tão modesto, que esteve prestes a desapa- transmissor das três doenças.
recer por questões econômicas alguns anos atrás, pudesse deixar Das 22 capitais que participaram do estudo, Cuiabá está em
no caminho clubes como San Lorenzo de Almagro, Independente situação de risco e outras nove em situação alerta: Aracaju, Sal-
ou Junior de Barranquilla, também colombiano. Sua jornada na vador, Rio Branco, Belém, Boa Vista, Vitória, Goiânia, Recife e
Copa Sul-Americana levou a que muitos o classificassem como o Manaus. Outras 12 aparecem como em situação satisfatória: São
Leicester brasileiro, referindo-se ao atual campeão da liga inglesa. Luis, Palmas, Fortaleza, João Pessoa, Teresina, Belo Horizonte,
O Atlético Nacional pediu que a Copa fosse entregue, simbolica- São Paulo, Rio de Janeiro, Macapá, Florianópolis, Campo Grande
mente, ao clube brasileiro. e Brasília.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, falou logo após O ministério não recebeu informações sobre as capitais Ma-
a notícia do incidente com seu homólogo brasileiro, Michel Temer. ceió, Porto Velho e Curitiba. Já Natal e Porto Alegre utilizam outra
Este, por sua vez, expressou sua tristeza com as famílias das víti- metodologia para medição de focos do mosquito.
mas: “Nesta hora triste em que a tragédia se abate sobre dezenas de Depósitos de água como toneis, tambores e caixas d’água fo-
famílias brasileiras manifesto a minha solidariedade”. O Ministério ram os principais tipos de criadouro do mosquito registrados nas
das Relações Exteriores da Colômbia trabalha agora para facilitar a regiões Nordeste e Sul. No Sudeste, predominou o o depósito do-
repatriação dos corpos com a maior brevidade possível. miciliar, categoria em que se enquadram vasos de plantas, garra-
As mensagens de solidariedade e apoio às vítimas não demo- fas, piscinas e calhas. No Norte e no Centro-Oeste, a maioria dos
raram, especialmente no mundo do futebol. Do Real Madrid, que focos foi encontrada no lixo.
observou um minuto de silêncio, até a solidariedade de figuras
como Messi ou Maradona, o futebol voltou a se mostrar unido.
Redução da dengue
O acidente da Chapecoense nos remete a outras tragédias seme-
Os dados mostram uma queda de 5,5% no número de casos de
lhantes sofridas por times de futebol. Em 1949, caiu o avião em
dengue este ano, comparado ao mesmo período do ano passado:
que voltava a equipe italiana do Torino depois de jogar em Lisboa.
foram 1.458.355 casos ocorrências até que até 22 de outubro deste
Morreram 42 pessoas, incluindo quase a totalidade dos jogadores.
amp e 1.543.000 casos até a mesma data em 2015.
Nove anos depois, o avião que transportava o Manchester United
Entre as regiões do país, o Sudeste e o Nordeste apresentam o
de Munique sofreu um acidente. Oito jogadores, dois diretores e o
maior número de casos, com 848.587 e 322.067, respectivamente.
técnico morreram. Sobreviveram sete jogadores, incluindo a lenda
do United, Bobby Charlton. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste (177.644), o Sul (72.114) e
Fonte: El País Brasil – (30/11/2016) o Norte (37.943).
O estudo registrou ainda 601 mortes pela doença este ano,
Casos de chikungunya devem aumentar em 2017, prevê contra 933 no mesmo período de 2015 – uma redução de 35,6%.
Ministério da Saúde Também reduziram pela metade os casos de dengue grave, que
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse hoje (24) que o passaram de 1.616 para 803, e a quase um terço os casos de dengue
governo prevê um aumento significativo de casos de infecção pelo com sinais de alarme, que caíram de 20.352 para 7.730.
vírus Chikungunya no Brasil em 2017. Os casos confirmados da
doença aumentaram 15 vezes de 2015 para este ano (de 8.528 para Aumento da chikungunya
134.910) e os suspeitas, quase dez vezes (de 26.763 para 251.051). O levantamento aponta 251.051 casos suspeitos de febre chi-
Barros destacou ainda que, para 2017, a expectativa da pasta é kungunya identificados no país este ano, sendo 134.910 confirma-
de que os casos de infecção por dengue e pelo vírus Zika se man- dos. No mesmo período do ano passado, o total foi de 26.763 casos
tenham estáveis em relação ao que foi registrado em 2016. “Esta- suspeitos e 8.528 confirmados.
mos nos preparando para um aumento de casos de chikungunya”, Ao todo, 138 mortes pela doença foram registradas nos se-
enfatizou o ministro. guintes estados: Pernambuco (54), Paraíba (31), Rio Grande do
Este ano, pelo menos 138 óbitos por febre chikungunya foram Norte (19), Ceará (14), Bahia (5), Rio de Janeiro (5), Maranhão
registrados nos seguintes estados: Pernambuco (54), Paraíba (31), (5), Alagoas (2), Piauí (1), Amapá (1) e Distrito Federal (1).
Rio Grande do Norte (19), Ceará (14), Bahia (5), Rio de Janeiro Atualmente, 2.281 municípios brasileiros já registraram casos
(5), Maranhão (5), Alagoas (2), Piauí (1), Amapá (1) e Distrito Fe- de infecção pelo vírus Chikungunya.
deral (1). Atualmente, 2.281 municípios brasileiros já registraram
casos da doença. Incidência de Zika
Dados divulgados pelo ministério apontam que 855 cidades Em relação ao vírus Zika, foram identificados 208.867 casos
brasileiras estão em situação de alerta ou de risco de surto de den- prováveis no país até o dia 22 de outubro. O número representa
gue, chikungunya e Zika. O número representa 37,4% dos muni- uma taxa de incidência de 102,2 casos para cada 100 mil habitan-
cípios pesquisados. tes. Foram confirmadas ainda três mortes pela doença este ano,
Fonte: Jornal do Brasil – (24/11/2016) além de 16.696 casos prováveis de infecção entre gestantes.
Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS GERAIS
O Sudeste tem a maior parte de casos prováveis (83.884), Mais dois guardas civis de Santo André, no ABC, são inves-
seguido pelo Nordeste (75.762), Centro-Oeste (30.969), Norte tigados por suspeita de participação no desaparecimento e na cha-
(12.200) e Sul (1.052). Considerando a proporção por habitantes, cina dos jovens.
o Centro-Oeste encabeça a lista, com 200,5 casos para cada 100 “Ainda é cedo para que a gente afirme que está totalmente
mil habitantes. Em seguida estão Nordeste (133,9), Sudeste (97), desvendado o crime, mas outras pessoas já estão prestando depoi-
Norte (69,8) e Sul (3,6). mento visando a apuração de participação nesses múltiplos ho-
A transmissão autóctone (originária no Brasil) foi confirmada micídios”, disse nesta manhã o secretário da Segurança Pública
em abril de 2015 e as notificações de casos ao Ministério da Saúde (SSP) do estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, em
se tornaram obrigatórias em fevereiro deste ano, por isso não há entrevista coletiva sobre o caso.
comparações com anos anteriores. De acordo com a investigação, o grupo saiu de carro da Zona
Leste da capital em direção a uma suposta festa em Ribeirão Pires
Adesão para encontrar as garotas que conheceram na rede social. O veículo
Das 3.704 cidades que estavam aptas a participar do Levanta- foi localizado abandonado no dia 23 de outubro.
mento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), 2.284 inte- Robson foi morto a facadas – a cabeça dele teria sido cortada.
gram a edição deste ano – o equivalente a 62,6% do total. Os outros quatro rapazes foram assassinados por disparos de armas
Realizado entre outubro e novembro, o estudo é considerado calibres 38 e 12 – munições usadas por guardas civis.
ferramenta fundamental para o controle do mosquito. Com base
nas informações coletadas, o gestor pode identificar o tipo de de- Vingança
pósito predominante e priorizar medidas para conter a proliferação Segundo o DHPP, a chacina dos cinco rapazes ocorreu para
do vetor no município. vingar a morte do guarda civil Rodrigo Lopes Sabino, de 30 anos.
Atualmente, o levantamento é feito por meio de adesão volun- Ele foi assassinado a tiros em Santo André no dia 24 de setembro.
tária, mas a expectativa do governo é que a participação passe a Seu carro acabou levado e queimado em seguida perto da região
ser obrigatória para cidades com mais de 2 mil imóveis. A proposta onde as vítimas moravam em São Paulo.
será apresentada na próxima reunião da Comissão Intergestores O caso de Rodrigo foi tratado inicialmente como latrocínio
Tripartite, constituída por representantes do Ministério da Saúde
(roubo seguido de morte). Dois criminosos teriam participado do
e de representantes de secretarias estaduais e municipais, marcada
crime e fugido.
para 8 de dezembro.
Dois dos cinco rapazes desaparecidos estavam sendo inves-
“O número [de municípios participantes] é crescente, mas
tigados pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento na morte
queremos deixar obrigatório”, reforçou o ministro da Saúde, Ri-
de Rodrigo: Cesar e Caíque. Apesar disso, o guarda que foi preso
cardo Barros.
e mais outros dois agentes de Santo André decidiram fazer uma
Fonte: Jornal do Brasil – (24/11/2016)
investigação paralela e ilegal por conta própria.
VIOLÊNCIA O guarda preso era amigo de Rodrigo e instrutor de tiros na
Corpos de 4 dos 5 jovens mortos em chacina em SP são Guarda Civil Municipal de Santo André. A Justiça em Mogi das
enterrados Cruzes decretou a prisão temporária do guarda por 30 dias. Não há
Os corpos de quatro jovens mortos em uma chacina ocorri- confirmação se ele constituiu advogado para defendê-lo.
da na Grande São Paulo, em 21 de outubro, foram sepultados em
uma cerimônia coletiva na tarde deste sábado (12), no Cemitério PMs
da Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo. Familiares e amigos Além de guardas civis, a investigação apura a suspeita de que
fizeram orações e gritaram “Justiça”. policiais militares também poderiam estar envolvidos na chacina
O secretário de Segurança Pública de SP, Mágino Alves, con- dos cinco jovens. Isso porque cartuchos de calibre .40 – munição
firmou a identidade da quinta vítima, Jones Ferreira Januário, 30 adotada por PMs – também foram encontrados perto do local onde
anos, nesta sexta-feira (11). O corpo dele será sepultado no Cemi- os cinco corpos estavam em Mogi das Cruzes.
tério da Vila Formosa neste domingo (13). A Corregedoria da PM apura o caso. O Tribunal de Justiça
Jonathan Moreira Ferreira, de 18 anos; César Augusto Gomes Militar chegou a decretar segredo na investigação.
Silva, de 19; Caique Henrique Machado Silva, 18; Robson Fer- Além disso, uma mensagem enviada por Jonathan para uma
nando Donato de Paula, 16, que é cadeirante, e Januário desapare- amiga às 23h do dia 21 de outubro dizia que estava passando por
ceram quando se dirigiam a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC uma blitz policial. Ele relatou num áudio ter sofrido “enquadro” e
Paulista. Os corpos deles foram encontrados em 6 de novembro, “esculacho”. O G1 teve acesso à gravação (ouça abaixo).
numa área rural em Mogi das Cruzes, interior paulista. Outro indicativo é o fato de os corpos terem sido localizados a
3 km de distância de um sítio usado por PMs, onde também foram
Investigação encontrados e apreendidas munições.
Nesta sexta-feira (11), a diretora do Departamento Estadual de O secretário ressaltou, no entanto, que era prematuro falar em
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Elisabete Sato, afirmou envolvimento da PM no caso. Agora a investigação aponta que ele
que um guarda civil metropolitano de Santo André usou perfil fal- “estava certo”. “Indicação inicial apontava para um outro lado e
so nas redes sociais de uma “mulher bonita” e com “seios volup- hoje estamos asssistindo uma outra realidade”, falou Mágino.
tuosos” para atrair os cinco jovens. Familiares dos mortos que relataram ter sido ameçados por
O guarda é Rodrigo Gonçalves Oliveira, que teve a prisão PMs podem ser incluídos no programa de proteção à testemunha,
temporária decretada pela Justiça de Mogi das Cruzes. Segundo segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa
a polícia, ele confessou ter “armado uma cilada” para os rapazes. Humana (Condepe).
Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS GERAIS
Os parentes devem se reunir na tarde desta sexta-feira com “Ele até puxava a cadeira para ela”, afirma advogado da fa-
peritos do IML para tratar da liberação dos corpos e saber como mília
eles foram executados. As vítimas devem ser enterradas numa ce- Contratado pela família do empresário, o advogado Luiz Flá-
rimônia conjunta neste final de semana. A data e local ainda não vio D’Urso vai atuar como assistente da acusação durante o júri.
foram definidos. “O Marcos era apaixonado pela Elize, até puxava a cadeira para
Fonte: G1 – (12/11/2016) ela, atendia todos os desejos dela, era extremamente carinhoso e
dava todo o apoio material e financeiro. Isso está largamente com-
Caso Yoki: Elize Matsunaga começa a ser julgada em SP provado no processo –embora ela diga que, no dia dos fatos, ele
nesta segunda teria dado um tapa na mulher”, afirmou.
Um dos crimes mais violentos da história policial brasileira Conforme D’Urso, entre as testemunhas da acusação estão um
pode ter um veredicto esta semana, em São Paulo, quatro anos e irmão e uma prima de Marcos, além do reverendo da igreja angli-
meio depois de chocar o país. A partir das 9h30 desta segunda-feira cana que os casou e policiais.
(28), Elize Matsunaga, 34, vai a júri popular no Fórum Criminal A primeira mulher do empresário –que, segundo Elize, nos
da Barra Funda (zona oeste de São Paulo) acusada de matar, es- autos, teria sofrido uma tentativa de assassinato por parte dele,
quartejar e ocultar o corpo do marido, o empresário Marcos Mat- por envenenamento –se recusou a testemunhar. “Mas ela nos deu
sunaga, 42, em maio de 2012. Ela está presa desde aquele ano uma declaração em que desmente essa acusação contra o Marcos”,
na Penitenciária do Tremembé, e, se condenada à pena máxima completou D’Urso.
pedida pela acusação, pode pegar até 33 anos de reclusão –30 por Para defesa, “qualquer pessoa poderia praticar o mesmo ato”
homicídio triplamente qualificado e três por ocultação e destruição A advogada Roselle Soglio, que defende Elize, declarou que a
de cadáver. defesa argumentará contra as três qualificadoras apresentadas pela
A previsão do Tribunal de Justiça de São Paulo é que o julga- acusação.
mento dure até cinco dias, principalmente em função do número “O promotor quer colocar a ré como uma mulher cruel, ou que
de testemunhas arroladas, 20 --dez da defesa e dez da acusação. não prestava, e nada disso é verdade. Basta ler o processo para en-
Outras duas testemunhas podem ser ouvidas, no caso, dois peritos. tender que ela era uma mãe dedicada e uma mulher incrível, mas
O crime aconteceu no apartamento do casal, em 19 de maio que, com o desenrolar de uma briga, acabou resultado nisso”, disse.
de 2012, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital. Sacos com Segundo a advogada, Elize, que tem bom comportamento e tra-
partes do corpo do empresário começaram a ser encontrados dois balha no setor de costura do presídio, “está muito ansiosa” pelo júri.
dias depois em Cotia, na Grande São Paulo, pela GCM (Guarda “Ela quer demais que esse julgamento aconteça a partir desta
Civil Metropolitana). O empresário era um dos sócios do grupo segunda, e quer principalmente que as pessoas entendam o ato pra-
alimentício Yoki. ticado por ela e que a verdade seja dita”, afirmou.
As investigações começaram com a suspeita de sequestro, Indagada se o fato de o corpo do empresário ter sido esquar-
mas, com a descoberta das partes do corpo, chegaram a Elize, que tejado e ocultado pode dificultar o entendimento dos jurados por
disse ter conhecido o empresário por meio de um site de relacio- um eventual abrandamento da pena, a advogada resumiu: “Nada é
namentos. Dias depois de ser presa, ela confessou ter matado o fácil, e apenas aqueles que se dispuserem a entender e estiverem
marido com um tiro e o esquartejado, sob a alegação de ter agido dispostos a ouvir os dois lados e compreender toda a circunstância
em desespero, já que Matsunaga a maltrataria, a trairia com uma do que ocorreu é que conhecerão a verdade sobre os fatos”, falou.
prostituta e a ameaçaria com a separação e a tomada da guarda da “Teve um ato de um mãe desesperada, e, nesse sentido, acredi-
filha única do casal. to que qualquer pessoa poderia praticar o mesmo ato –ele não está
Para o Ministério Público, Elize matou o marido porque o ca- fora de nenhum padrão se houver a ameaça de seu filho ser tomado
samento deles já estaria “arruinado”, e, com a morte do empresá- e você ser internada como louca. Ela não queria matar o Marcos,
rio, ela ficaria com a guarda da filha – única herdeira do marido. mas isso aconteceu no transcorrer de uma briga; é algo bastante
“Ela agiu por vingança, pois tinha prévio conhecimento de complexo», definiu.
que o Marcos estava saindo com outra pessoa. Isso não é só per- Entre as testemunhas arroladas pela defesa de Elize, estão pe-
cepção: eles dormiam em quartos separados, o casamento estava ritos do local do crime, médicos legistas, uma delegada de polícia
arruinado, e a mim ficou claro que o desaparecimento dele resolvia e amigos que conheceriam a rotina do casal.
dois problemas: ela se livraria do ódio com que estava e ficaria A filha do casal vive com os pais do empresário até que a Jus-
com a guarda natural da filha, que era a herdeira, então, ficaria com tiça, em outro processo, decida em definitivo pela guarda da crian-
a herança – que era 30 vezes mais que a pensão que ela receberia ça. Órfã de pai e mãe, a família de Elize vive no interior do Paraná.
caso se separassem”, afirmou o promotor de justiça José Carlos Fonte: Portal UOL – (28/11/2016)
Cosenzo.
O MP vai defender que o homicídio teve três qualificadoras: Elize Matsunaga volta a chorar e júri é suspenso após de-
motivo torpe, uso de recurso que impossibilitasse a defesa da víti- tetive depor
ma (no caso, um tiro) e meio cruel, já que, para a acusação, o em- julgamento de Elize Matsunaga, acusada de matar e esquarte-
presário foi esquartejado ainda vivo. Conforme o promotor, isso jar o marido Marcos Kitano Matsunaga, foi suspenso por volta das
estaria provado tecnicamente pela autópsia, que descobriu sangue 19h15 desta segunda-feira (28) após o depoimento de três teste-
nas vias respiratórias e no pulmão, situação comum, por exemplo, munhas: duas babás do casal e o detetive contratado por Elize para
com a degola. flagrar o marido com uma amante. O júri será retomado na manhã
“Está demonstrado claramente no processo que esse é um cri- desta terça-feira (29). Elize vai dormir numa Centro de Detenção
me de ódio incontido”, classificou Cosenzo. Provisória (CDP). Mais 16 testemunhas ainda devem ser ouvidas.
Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS GERAIS
Elize chorou várias vezes durante o primeiro dia do júri. Teve A compra da serra indica uma premeditação, segundo a acu-
testemunha passando mal, discussão entre acusação e defesa e a sação. Já a defesa minimizou o fato alegando que ela não usou o
discussão sobre a compra de uma serra elétrica por Elize na vés- objeto no esquartejamento. A defesa sustenta que Elize matou o
pera do crime, ocorrido em 19 de maio de 2012. “Elize está muito marido como reação a um tapa que levou durante uma briga em
emocionada, ela viu hoje o quanto ela foi humilhada pelo marido que a ré contou ao marido que sabia era traída.
e rever tudo isso, em depoimentos, é difícil”, justificou Roselle “É tão claro que essa história da serra elétrica não tem o menor
Soglio, advogada de defesa. cabimento. Que o crime não é premeditado, que ela não usou serra
Elize é ré no processo no qual responde presa pela acusação elétrica. Se o crime era premeditado, para ela usar uma serra elé-
de homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, meio trica, por que que ela não usaria? Então, nao tem logica nesse ar-
cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), destruição e gumento da acusação”, disse Luciano Santoro, advogado de Elize.
ocultação de cadáver. Ela confessou que atirou na cabeça da vítima “Essa questão da serra eletrica me parece uma questão que vai
com uma arma e depois a esquartejou em sete partes. A acusação ser objeto de apreciação bastante intensa, da nossa parte, até pq
diz que Marcos estava vivo quando foi decapitado pela esposa. A outras testemunha falam dessa serra elétrica”, disse oLuiz Flávio
defesa alega que ele já estava morto. O júri é formado por quatro Borges d’Urso, da acusação.
mulheres e três homens. A babá Amonir respondeu por mais de uma hora as pergun-
tas de acusação e defesa. Na maioria das vezes respondeu a frase:
Avaliações “Não me recordo”.
Após o encerramento, o promotor José Carlos Consenso fez Elize Matsunaga chorou pelo menos quatro vezes durante o
críticas à defesa de Elize. Na avaliação dele, embora os depoimen- depoimento da primeira testemunha. A última vez foi quando a
tos tenham ajudado a endossar as provas do Ministério Público, advogada de defesa perguntou para a babá folguista do casal Mas-
era esperado que mais testemunhas tivessem sido ouvidas. tunaga se Eliza era carinhosa com a filha.
“Eu achei que os trabalhos foram bons, mas eu acho que po- A babá folguista disse que no domingo, após o crime, Elize
deria ter avançado mais. Eu achei muito morosa a colheita, até por estava chorosa.
uma insistência absurda da defesa. Ficar perguntando, perguntan-
do algo que não tinha nenhuma substância naquele momento”. Segunda babá
Luiz Flávio D’Urso, assistente de acusação, também avaliou po- Após intervalo de uma hora, o julgamento foi retomado com
sitivamente as informações obtidas nos três depoimentos. “Em termos depoimento de Mauriceia Golçalves dos Santos, principal babá da
de prova para a acusação foi extremamente importante”, defendeu. filha de Elize. Nervosa, a babá pediu para que Elize fosse retirada
Na visão dele, a revelação de que Elize comprou uma serra do plenário durante o seu depoimento. O pedido foi atendido. “De-
elétrica nas vésperas de cometer o crime reforçam que a ré já havia pois de tudo o que aconteceu, fiquei cismada, porque ela pode ficar
planejado executar o marido. “Há elementos que nos trazem con- com raiva de mim por ter falado da serra”, alegou a babá.
vicções de que o crime foi premeditado.” A babá também negou ter conhecimento de armas de fogo na
E explica que a premeditação reforça as qualificadoras – Elize casa, e disse não saber sobre supostas ameaças de Marcos a Elize.
responde por homicídio triplamente qualificado. “Do motivo tor- “Nunca fiquei sabendo disso”.
pe, que é vingança e dinheirinho, o método foi de surpresa, impe- Por volta das 16h, a babá começou a responder às questões do
dindo qualquer defesa da vítima e o terceiro foi o meio cruel que promotor. Disse que Elize estava “um pouco triste” quando relatou
ainda vai ser objetivo de demonstração da prova já colhida.” a ela que Marcos tinha sido encontrado morto. Nos dias após a
D’Urso diz ter convicção de que Marcos foi esquartejado ain- morte, porém, afirmou que a ré tinha um comportamento “normal,
da vivo. “A prova técnica demonstra que ela, depois que disparou, normal, normal”. Também destacou que Marcos a travava “como
Marcos não morre, e vem a falecer em razão de asfixia respiratória uma princesa”, sempre dando presentes. Durante o depoimento,
por aspirar sangue em razão da degola. Vale dizer: ela começa a Mauricéia teve um mal-estar precisou de atendimento médico.
esquarteja-lo vivo.” Ela foi questionada incialmente pelo juiz sobre o comporta-
Para Roselle Soglio, advogada de defesa de Elize, o material mento de Marcos e a relação entre o casal. Afirmou que ele era um
colhido nesta segunda comprova o que já nos autos. “O crime bom pai e aparentava ser um homem gentil. A ex-funcionária disse
nunca foi premeditado. Já no primeiro dia de depoimentos ficou que não presenciava as brigas do casal. “Eu pegava a bebezinha e
provado pelas três testemunhas que estiveram aqui que ela nunca ia descia o elevador”.
premeditou esse crime.” Mauriceia foi a segunda a depor e passou mal durante o julga-
“A ênfase na serra elétrica é excelente para defesa. Que a acu- mento. Ela pediu para Elize não ficar no plenário durante o seu de-
sação continue falando isso, porque se alguém premeditou o crime poimento. A babá confirmou que a ré comprou uma serra elétrica.
de comprar uma serra elétrica por que não a usou? Essa é única Detetive fez flagrante
pergunta que tem que ser feita para acusação”, completa Luciano O terceiro a depor foi o detetive particular William Coelho con-
Santoro, também representante da defesa da ré. tratado por Elize por desconfiar que o marido teria uma amante. Dete-
tive afirmou no depoimento que Elize pediu que ele filmasse “a cara”
Primeira babá da amante de Marcos. Ele confirmou ter flagrado o marido com a
Primeira testemunha a depor no julgamento de Elize Mat- amante. Elize chorou ao final do depoimento dele. A mulher que seria
sunaga, a babá folguista Amonir dos Santos, disse que sua mãe, pivô da briga do casal não foi convocada como testemunha.
a também babá Mauriceia José dos Santos, contou-lhe que Elize O julgamento começou às 11h16 desta terça no Fórum da Barra
comprou uma serra elétrica na véspera da morte do marido, Mar- Funda, em São Paulo. Amonir foi a primeira testemunha a ser ouvi-
cos Matsunaga, em maio de 2012. da, de um total de 19. O julgamento deve durar até sexta-feira (2).
Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS GERAIS
De blazer preto e cabelos presos por uma trança, Elize Mat- Tiroteio mais cedo
sunaga chorou e limpou as lágrimas com um lenço no início do Motoristas que passavam pela Linha Amarela, na manhã deste
julgamento em que é acusada de matar e esquartejar o marido. O sábado (19) ficaram no meio de um intenso tiroteio. A via expres-
júri é formado por quatro mulheres e três homens. Elize é ré no sa chegou a ficar fechada por quase meia hora, perto das 10h, no
processo no qual responde presa pela acusação de homicídio dolo- sentido Barra.
so triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que A concessionária Lamsa informou que o tiroteio foi perto do
dificultou a defesa da vítima), destruição e ocultação de cadáver. Viaduto da Estrada do Gabinal, na Zona Oeste, que dá acesso a
Ela confessou que atirou na cabeça da vítima com uma arma e de- via expressa. De acordo com a Polícia Militar, policiais UPP fo-
pois a esquartejou em sete partes em 19 de maio de 2012. ram atacados quando passavam pelo viaduto. Outros PMs foram
Logo no início do julgamento, Elize chorou e limpou lágrimas chamados e houve o tiroteio. Até as 11h30 não havia informações
com um lenço enquanto jurados liam resumo do caso. Quando Eli- sobre feridos.
ze chorou, fotógrafos e cinegrafistas já tinham saído do plenário. Devido à troca de tiros, muitos motoristas, assustados, tenta-
Duas testemunhas foram dispensadas: o delegado Jorge Car- ram voltar na contramão. O tráfego ficou complicado na região,
rasco, arrolado como testemunha de defesa, e o reverendo Renê inclusive com reflexos na Avenida Geremário Dantas, em Jaca-
Henrique Gotz Licht, que fez o casamento de Elize e Marcos Mat- repaguá, na Zona Oeste, que também dá acesso à Linha Amarela.
sunaga. Ele seria testemunha tanto da defesa quanto da acusação. Fonte: G1 – (19/11/2016)
Fonte: G1 – (28/11/2016)
Após queda de helicóptero, polícia faz operação na Cidade
Helicóptero da PM cai na Zona Oeste do Rio e quatro po- de Deus
liciais morrem A Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou neste domingo (20)
Um helicóptero do Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar uma operação por tempo indeterminado na Cidade de Deus, favela
(GAM) caiu próximo à comunidade Cidade de Deus, na Zona Oes- da zona oeste da cidade em que um helicóptero da PM caiu no sába-
te do Rio, no começo da noite deste sábado (19). Quatro policiais do, matando quatro policiais. Pelo menos três homens foram presos
militares que estavam na aeronave morreram na queda. O helicóp- durante a ação neste domingo. Um deles estava com três fuzis e duas
pistolas, segundo a PM. O caso foi encaminhado à 32ª DP (Taquara).
tero caiu no começo da Avenida Ayrton Senna, perto do acesso à
A decisão de ocupar a favela por tempo indeterminado foi
Linha Amarela.
tomada pela cúpula de Segurança do Rio, que se reuniu após o
A informação da queda foi confirmada ao G1 pelo coordena-
acidente ainda na noite de sábado. Nesta manhã, pelo menos sete
dor de Comunicação Social da Polícia Militar, Major Ivan Blaz.
corpos foram encontrados no interior da comunidade.
Durante o dia, a região foi palco de intensos tiroteios quando, mais
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ofereceu apoio
cedo, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Cidade
à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro na operação.
de Deus trocaram tiros com criminosos.
Em nota, Moraes informou que ofereceu o aparato da Força Nacio-
Segundo a GloboNews, os quatro ocupantes do helicóptero nal de Segurança que está no Rio para auxiliar nas ações que estão
eram Major Rogério Melo Costa, o capitão William de Freitas sendo realizadas na comunidade.
Short, o subtenente Camilo Barbosa Carvalho e o sargento Rogé- Ainda não se sabe se a aeronave sofreu uma pane ou foi atingi-
rio Felix Rainha. da por criminosos. Embora a queda tenha ocorrido em meio a con-
O momento em que o helicóptero começa a perder força foi frontos entre policiais, traficantes e milicianos, a principal hipótese
filmada por pessoas que estavam nas proximidades. é que o helicóptero tenha sofrido uma pane. Segundo o Instituto
De acordo com Blaz, “tudo indica que o helicóptero fez um Médico-Legal, os policiais morreram devido à queda e não foram
pouso forçado”. Na região, desde cedo, o Comando de Operações atingidos por nenhum disparo.
Especiais (COE) da PM - composto pelos Batalhão de Operações O acidente resultou na morte do major Rogério Melo Cos-
Especiais (Bope), Batalhão de Choque e GAM - estava no local ta, 36, do capitão William de Freitas Schorcht, 37, do subtenente
dando apoio à UPP local. Camilo Barbosa Carvalho, 39, e do sargento Rogério Felix Rai-
A Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, pe- nha, 39. Os corpos chegaram no início da madrugada ao Instituto
diu que motoristas evitassem a região. O Centro de Operações da Médico-Legal.
Prefeitura do Rio informou que os dois sentidos da Linha Amarela Uma equipe da PM sobrevoou de helicóptero e lançou pétalas
foram interditados, na altura da Cidade de Deus, além de trechos de rosas durante o velório coletivo de três dos quatro PMs mortos.
da Ayrton Senna, da altura do Via Parque ao acesso à Cidade de O velório ocorreu no Salão Nobre do Batalhão de Choque e foi
Deus, devido a uma operação policial. restrito aos parentes e amigos dos policiais..
Ao todo, a via expressa ficou interditada por quase três hroas, O corpo do capitão e piloto do helicóptero Willian de Freitas
de 19h às 21h40 . Schorcht, de 37 anos, seguiu direto para Resende, na Região Sul
A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) foi ao local para Fluminense, onde vive a família, e será enterrado neste domingo.
apurar as circunstâncias da queda da aeronave. Além disso, in- O presidente Michel Temer usou sua conta oficial do Twitter
formou que a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) foi para lamentar a morte dos policiais. “Lamentável a morte dos 4
acionada e está prestando apoio. De acordo com a Polícia Civil, PMs que cumpriam o seu dever durante operação no Rio de Janei-
diligências estão sendo feitas. ro. A minha solidariedade aos familiares e amigos”, disse.
Imagens que circulam por redes sociais mostram o momento O governador Luiz Fernando Pezão decretou luto oficial por
exato em que o helicóptero cai e, depois, a aeronave já no chão e três dias pelas mortes dos PMs. “Reconhecemos e agradecemos a
muita fumaça saindo das ferragens. dedicação da Polícia Militar no combate ao crime e, em especial,
Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS GERAIS
dos policiais que perderam a vida no exercício de proteger e defen- no local. Na ocasião, um helicóptero caiu, resultando na morte
der a sociedade. Expresso meus sentimentos aos parentes e amigos de quatro PMs: o major Rogério Melo Costa, o terceiro-sargento
dos militares. Vamos seguir em frente em defesa dos cidadãos flu- Rogério Félix Rainha; o capitão William de Freitas Schorcht e o
minenses”, afirmou o governador. subtenente Camilo Barbosa de Carvalho.
Não se sabe ainda se os crimes ocorreram antes ou depois de
Operação por tempo indeterminado a aeronave despencar. O secretário de Segurança, Roberto Sá, ga-
Na manhã deste domingo, enquanto policiais militares circu- rantiu que os homicídios já estão sendo investigados:
lavam com apoio de blindados, pessoas faziam barricadas incen- — Essas mortes não vão ficar sem resposta.
diando lixo. Foram registrados novos confrontos entre criminosos Após o acidente, o Bope iniciou uma operação na comunida-
e policiais. Por causa da atuação da polícia no local, algumas ruas de. Até o momento, foram detidas três pessoas e houve apreensão
estavam interditadas. A Estrada dos Bandeirantes, a Estrada do de armas e drogas. Em sua conta no Twitter, o presidente Michel
Gabinal e a Linha Amarela eram opções aos que transitavam pela Temer lamentou, a morte dos policiais.
região. “Lamentável a morte dos 4 PMs que cumpriam o seu dever
A Linha Amarela, via expressa que liga as zonas norte e oeste durante operação no Rio de Janeiro. A minha solidariedade aos
do Rio, chegou a ser fechada duas vezes devido aos tiroteios. familiares e amigos. Reitero minha confiança e apoio ao trabalho
Desde a sexta-feira (18) foram registrados intensos confrontos das forças policiais, sempre comprometidas no combate ao crime”,
entre criminosos da favela Cidade de Deus. Na manhã de sábado, escreveu Temer, em seu perfil no Twitter.
eles voltaram a se enfrentar e traficantes bloquearam a avenida Neste domingo, comboios militares cercaram a área, blo-
Edgard Werneck, que é a principal da Cidade de Deus, onde fica a queando acessos e revistando carros e os poucos moradores que se
base da UPP, com pneus e lixeiras incendiados. Policiais da Uni- arriscaram a deixar a Cidade de Deus. Do lado de fora, eram raros
dade de Polícia Pacificadora (UPP) trocaram tiros com os crimi- os que passavam pela Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes
nosos. de Moraes, fechada nos dois sentidos. Já nos fundos da favela —
Nas redes sociais, moradores relataram o dia de tiroteios. “A junto ao valão que um dia foi o Rio Arroio Fundo — moradores
bala tá comendo na CDD. Só escuto os cara da Bope [Batalhão de brigavam com policiais pelo direito de entrar na mata do Karatê
Operações Policiais Especiais] gritando: ‘Sai da rua morador’”, para procurar seus filhos. Só conseguiram por volta de 9h30m,
quando repórteres chegaram ao local. Aos poucos, grupos foram
escreveu um rapaz, uma hora antes de o helicóptero cair. Um tra-
voltando com os corpos dos sete homens jovens, com sinais de
ficante postou uma foto, com um fuzil. “Nada mudou. Nós ‘tá’ na
tiros e facadas, que foram enfileirados e cobertos por lençóis na
pista”, escreveu.
principal praça do Karatê.
Após a queda do helicóptero, a PM lamentou a morte dos poli-
— Foram cem pessoas lá pegar os corpos. Eles estavam deita-
ciais. “A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro lamenta o fa-
dos de costas. Meu filho tinha as mãos na cabeça. A maioria tinha
lecimento de seus policiais militares e o Comando da Corporação
tiros nas costas e na cabeça. Eles foram executados e a perícia
está dedicado a prestar todo apoio às famílias desses policiais”, vai mostrar — acusou o pastor Leonardo Martins da Silva, pai de
disse a instituição. Leonardo da Silva Junior, de 22 anos.
Outra nota foi publicada na página oficial da corporação no A mãe de Marlon César, de 23 anos, contou que muitos mora-
Facebook. No comunicado é mencionada a morte de outro policial dores foram surpreendidos com confrontos.
ocorrida neste sábado. O 3º Sargento Cristiano Bittencourt Cou- — As pessoas foram pegas de surpresa. Foi um desespero. Eu
tinho participava de uma outra operação quando foi atingido por não consegui ter contato com meu filho. Ele pode estar na mata, mas
um tiro após a viatura em que se encontrava ter sido alvejada no os policiais não nos deixam entrar para procurar. Isto é desumano.
bairro Jacaré. Moradores também acompanharam o início da perícia a cargo
Integrantes do Centro de Investigação e Prevenção de Aciden- da Divisão de Homicídios, que investigará as mortes. Alguns acu-
tes Aeronáuticos (Cenipa) estiveram na noite de sábado na Cidade savam policiais que invadiram a favela após a queda da aeronave.
de Deus para realizar as ações iniciais de apuração das causas do — Eles eram envolvidos (com o tráfico), mas se renderam.
acidente. Representantes do centro de Criminalística da PM e a Isso é execução, não? — questionava um parente de Leonardo
Delegacia de Homicídios também estiveram no local. Camilo, de 29 anos, também encontrado morto. — Depois que o
Em 2009, dois policiais morreram e três ficaram feridos após helicóptero caiu foi um terror. Eles entraram e deram muito tiro.
um helicóptero da Polícia Militar realizar um pouso forçado no Foi vingança.
Morro dos Macacos. A aeronave, parcialmente blindada, havia Em entrevista à “Rádio CBN”, Raíssa da Silva Monteiro, de
sido atingida por tiros durante uma operação policial. Além dos 20 anos, também afirmou que seu irmão desapareceu na noite de
tripulantes mortos, um capitão da PM foi baleado na perna e outros sábado:
dois policiais tiveram queimaduras leves. — Ele ligou pra minha mãe às 18h35m e disse que não conse-
Fonte: Portal UOL – (20/11/2016) guia falar. Não consigo mais notícia, a gente quer entrar no mato,
mas os policiais estão dando tiro para cima da gente.
Moradores da Cidade de Deus encontram corpos desapa- O morador Thiago Oliveira acompanhou a busca pelos cor-
recidos pos. Ele é amigo de um dos pais das vítimas.
Moradores da Cidade de Deus retiraram da mata sete corpos — Os corpos estão com ferimentos de facas, como se tivessem
de jovens da comunidade, na manhã deste domingo. Eles foram sido torturados. Parece que encapuzaram as vítimas e começaram
colocados pelos pais em uma praça próxima ao condomínio Itamar a atirar. É ódio gerado por ódio, uma crueldade — afirma Thiago,
Franco, na localidade do Karatê. Familiares começaram a denun- que também diz que circula a informação na comunidade sobre a
ciar o sumiço das pessoas no sábado após ação da policia militar morte de uma criança de quatro anos, por bala perdida.
Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS GERAIS
Antes dos corpos serem encontrados, um vídeo divulgado nas Ainda como consequência do confronto, a estação Divina
redes sociais mostrava uma mãe, desesperada, tentando achar o Providência, do BRT Transcarioca (Barra da Tijuca-Aeroporto
filho. A polícia estava impedindo o acesso de pessoas à mata, onde Tom Jobim), foi alvo de atos de vandalismo neste sábado. A esta-
as vítimas foram encontradas. ção, próxima à Cidade de Deus, teve oito vidros quebrados, além
— Vou procurar meu filho agora! Meu filho está dentro do de quatro monitores de TV, perfis metálicos e bancos amassados e
mato, morto! O sangue é meu! Eu sou mãe! — gritava. geladeira de refrigerante derrubada. O Consórcio BRT estimou o
Em nota, a Polícia Civil informou que um procedimento foi prejuízo material em pelo menos R$ 37 mil.
instaurado na Delegacia de Homicídios para apurar as mortes das Fonte: O Globo – (20/11/2016)
sete pessoas. Segundo o comunicado, “segue em andamento um
amplo trabalho de investigação visando apurar detalhadamente as INTERNACIONAL
circunstâncias do ocorrido”. ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS
Neste sábado, a queda de um helicóptero da Polícia Militar Donald Trump vence as eleições dos Estados Unidos
que participava de uma operação na Cidade de Deus, Zona Oeste Donald Trump, um magnata do setor imobiliário e estrela de
do Rio de Janeiro, provocou a morte de quatro policiais e iniciou reality shows sem experiência política e com uma mensagem xenó-
uma onda de pânico entre moradores. Logo após a tragédia, co- foba e antissistema, será o próximo presidente dos Estados Unidos.
meçaram a circular pela internet informações alarmantes - grande O republicano Trump derrotou nas eleições de 8 de novembro a
parte delas inverídicas - sobre novos ataques ou mortes. democrata Hillary Clinton, uma política experiente e associada ao
O clima na Cidade de Deus segue tenso após os tiroteios e establishment que não soube se conectar com a coalizão de mino-
operações policiais que culminaram com a queda de um helicópte- rias e jovens que deu duas vitórias ao presidente Barack Obama. A
ro da Polícia Militar, com quatro militares mortos. vitória de Trump, um populista imprevisível no comando da maior
A moradora Vivi Salles iria realizar um sarau comemorativo potência do planeta, lança seu país e o mundo ao desconhecido.
de cinco anos do Poesia de Esquina, movimento criado por ela O mundo esperava ver a primeira mulher na presidência dos
para reunir poetas da Cidade de Cidade de Deus, ontem, mas teve EUA e encontra um demagogo pela frente, um homem que reavi-
que cancelar o evento, por causa dos confrontos entre criminosos vou algumas das tradições mais tenebrosas do país.
e policiais na região. A poetiza, que tem 26 anos, disse que nunca
A chegada de Trump à Casa Branca é uma ruptura com as
havia presenciado tanto tiroteio durante o dia.
melhores tradições democráticas dos EUA, com a tranquila alter-
— Normalmente era só de madrugada, agora passou a ficar nor-
nância entre governantes com visões discrepantes do país, mas
mal ouvir tiros durante as manhãs. Ontem, eu achava que a situação
não nos valores fundamentais que o sustentam desde sua funda-
ia se estabilizar depois do meio-dia. Mas o tiroteio voltou com tudo
ção. Trump, que prometeu construir um muro na fronteira com o
à tarde e perdurou até as 22h. Outro evento cultural além do meu
México e proibir a entrada de muçulmanos nos EUA, demonstrou
também teve que ser cancelado. Houve uma sequência de tiros mui-
to grande na tentativa de abater o helicóptero — afirmou Vivi. que um homem praticamente sozinho, contra tudo e contra todos,
é capaz de chegar à sala de comando do poder mundial. Lá terá ao
OPERAÇÃO POR TEMPO INDETERMINADO alcance da mão a valise com os códigos nucleares e controlará as
Desde ontem, policiais de vários Batalhões realizam uma mais letais forças armadas do planeta, além de possuir um púlpito
operação pente-fino na comunidade. Por determinação da cúpula único para se dirigir ao seu país e ao resto do mundo. Da Casa
da segurança, a operação que começou na manhã de sábado, após Branca poderá se lançar, se cumprir suas promessas, a batalhas
bandidos atirarem contra policiais da UPP, continuará por tempo com países vizinhos como o México, a quem quer obrigar a pagar
indeterminado. o muro. O México, vizinho e até agora amigo dos EUA, será o
O clima da comunidade é de apreensão. Pouco movimento primeiro ponto na agenda do presidente Trump.
nas ruas. O serviço de mototáxi foi suspenso por determinação po- O republicano desmentiu todas as pesquisas que há seis meses
licial. Todos os carros que entram ou deixam a Cidade de Deus prognosticavam sua derrota. Derrotou os Clinton, a família mais
passam por rigorosa revista. Participam das operações policiais do poderosa da política norte-americana nas últimas três décadas,
Choque, do Bope, de Operações com Cães, os batalhões de Jacare- com exceção dos republicanos Bush, que também se opunham
paguá e da Barra, além de policiais de várias UPPs. a ele. Enfrentou a máquina de seu próprio partido, os meios de
Na manhã deste domingo, pelo menos três pessoas foram detidas comunicação, Wall Street, as grandes capitais europeias e latino-
durante a operação da Polícia Militar na Cidade de Deus. Na ação, -americanas e organizações internacionais como a OTAN.
foram apreendidos fuzis e drogas. Os policiais ocupam a comunidade Seu mérito consistiu em entender o desconforto dos norte-
à procura de bandidos que entraram em confronto com agentes no -americanos vítimas da tempestade da globalização, as classes
sábado. Em seu perfil no Facebook, a Polícia Militar prestou uma ho- médias que não deixaram de perder poder aquisitivo nas últimas
menagem aos PMs mortos, publicando uma mensagem de luto. décadas, os que viram como a Grande Recessão paralisava a as-
A operação policial interdita ruas no entorno da comunidade. censão social, os que observam desconcertados as mudanças de-
Segundo o Centro de operações da prefeitura, a Estrada Marechal mográficas e sociais em um país cujas elites políticas e econômi-
Miguel Salazar Mendes de Moraes está fechada em ambos os sen- cas os ignoram. Os brancos da classe trabalhadora – uma minoria
tidos, entre as ruas Antonieta Campos da Paz e a Edgard Werneck. antigamente democrata que compete com outras minorias como os
Já a Rua Edgard Werneck também está interditada em ambos os latinos e os negros, mas que não tem um status social de vítima –
sentidos, entre a Estrada Marechal Migual Salazar Mendes de Moraes encontrou em Trump seu homem providencial.
e a Rua Suzano. As estradas dos Bandeirantes, do Gabinal e a Linha Durante a campanha Trump prometeu um Brexit multiplicado
Amarela são opções para os motoristas. A UPA do local também está por 5, em alusão à decisão da Grã-Bretanha, em referendo, de sair
fechada e o atendimento está sendo feito no Lourenço Jorge. da União Europeia. E cumpriu. A onda de populismo de ambos
Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS GERAIS
os lados do Atlântico consegue sua maior vitória. É um golpe nas Assim, um candidato republicano tenderia a ser melhor para os
elites norte-americanas e globais. E é uma prova de que em tem- interesses econômicos do Brasil do que um candidato democrata.
pos de incerteza pode ganhar um candidato com os sensores para Mas Trump inverteu essa lógica ao propor renegociar os acor-
identificar os medos da sociedade e uma mensagem simplificadora dos comerciais firmados pelos EUA para preservar empregos no país
que identifique o inimigo interno e externo. e reduzir o déficit americano nas transações com o resto do mundo.
Os intermináveis escândalos, reais ou inventados, de Clinton Se o empresário colocar essas ações em prática, o Brasil po-
derrubaram sua candidatura. Poucos políticos se identificavam deria ser prejudicado.
tanto com o establishment como ela. No final das contas, é a es- A professora de Relações Internacionais da ESPM Denilde
posa de um presidente e os EUA, uma república fundada contra as Holzhacker afirma que as consequências seriam imediatas e ne-
dinastias, já teve o suficiente com os presidentes Bush pai e filho. gativas, e causariam o que muitos economistas estão chamado de
Os norte-americanos queriam provar algo diferente, e em um ano “efeito Trump”.
de mudança, após oito com um democrata na Casa Branca, não “Como ele fez propostas muito amplas e populistas, o efeito
econômico dessas medidas podem ter impacto grande e gerar um
existia candidato mais novo do que Trump, nenhum que represen-
caos na economia - principalmente porque ele é contrário ao livre
tasse melhor do que ele um tapa no sistema, a tentativa de virar a
comércio, se mostrou protecionista.”
página com a classe política de um e outro partido.
Mas Holzhacker faz uma ressalva sobre a aplicação dessa me-
A vitória eleitoral deixa uma sociedade fraturada. As minorias,
didas.
as mulheres, os estrangeiros que se sentiram insultados por Trump “Agora, para saber o quanto ele vai conseguir implementar
deverão se acostumar a vê-lo como presidente. Deixa também uma disso, vamos ter que esperar. Ele é tão imprevisível e tudo fica tão
sociedade com medo. O presidente eleito prometeu deportar os 11 indefinido que prejudica muito o cenário econômico.”
milhões de imigrantes ilegais, uma operação logística com prece-
dentes históricos sinistros. O veto à entrada de muçulmanos fere Imigração e vistos
os princípios de igualdade consagrados na Constituição dos EUA. Estima-se que um milhão de brasileiros vivam nos EUA, boa
Sua inexperiência e escassa preparação também são uma in- parte em situação migratória irregular.
cógnita sobre o modo como governará. Uma teoria é que uma vez Trump propôs construir um muro na fronteira do país com o
no salão oval ficará mais moderado e que, de qualquer forma, o México e prometeu deportar todos os imigrantes sem documentos.
sistema de controle de poderes freie qualquer afã autoritário. A Ele diz que protegerá o “bem-estar econômico de imigrantes
outra é que, ainda que esse país não tenha experimentado um regi- legais” e que a admissão de novos imigrantes levará em conta suas
me ditatorial no passado, as declarações de Trump em campanha chances de obter sucesso nos EUA, o que em tese favoreceria bra-
preveem um viés autoritário. sileiros com alta escolaridade e habilidades específicas que quei-
Existem momentos em que as grandes nações dão viradas ram migrar para o país.
bruscas. Quando se trata dos Estados Unidos da América, a virada Evento de latinos em apoio a Trump, que promoteu construir
afeta a toda a humanidade. O 8 de novembro de 2016 pode passar um muro para evitar entrada de imigrantes
à história como um desses momentos. Outro tema de interesse dos brasileiros é a facilidade para ob-
Fonte: El País Brasil – (09/11/2016) ter vistos americanos. Trump fez poucas menções ao sistema de
concessão de vistos do país.
Como a vitória de Trump pode afetar o Brasil? Hoje, Brasil e EUA negociam a adesão brasileira a um progra-
Em um triunfo inesperado, o republicano Donald Trump foi ma que reduziria a burocracia para viajantes frequentes brasileiros,
eleito o novo presidente dos Estados Unidos. Trump conquistou como executivos. A eliminação dos vistos, porém, ainda parece
vários Estados-pêndulo, onde os resultados eram imprevisíveis - distante.
podiam favorecer tanto um quanto o outro partido -, como Flóri- Para que a isenção possa ser negociada, precisaria haver uma
redução no índice de vistos rejeitados em consulados americanos
da, Ohio e Carolina do Norte, garantindo vantagem sobre Hillary
no Brasil, uma exigência da legislação dos EUA.
Clinton.
Sua vitória não era indicada pelas pesquisas de opinião, que
Relação com o Brasil
apontavam Clinton como novo presidente. O Brasil e a América Latina não foram tratados como temas
Mas como o êxito do republicano impacta no Brasil? prioritários nas campanhas dos dois candidatos.
Em 2015, Trump citou o Brasil ao listar países que, segundo
Economia e comércio ele, tiram vantagem dos Estados Unidos através de práticas comer-
Vários aspectos devem ser levados em conta para responder ciais que ele considera injustas. A balança comercial entre os dois
a questão. países, porém, é favorável aos EUA.
Um deles é a maneira como os dois candidatos e seus partidos Como empresário, Trump é sócio de um hotel no Rio de Ja-
encararam a economia e as relações comerciais entre os Estados neiro e licenciou sua marca para ser usada por um complexo de
Unidos e o resto do mundo. edifícios na zona portuária da cidade. Anunciada em 2012, a obra
O Brasil se beneficiaria de uma maior abertura dos EUA a ainda nem começou.
produtos brasileiros. Hoje os EUA são o segundo maior parceiro Para a professora de Relações Internacionais da Unifesp Cris-
comercial do Brasil, atrás da China. tina Pecequilo, como Trump não falou nada sobre o país e se dis-
Historicamente, o Partido Republicano, de Trump, defende o tanciou de temas ligados à América Latina, não deve haver muitas
livre comércio e se opõe a medidas protecionistas que ajudassem mudanças para os brasileiros. No entanto, diferentemente de Hilla-
empresas americanas a competir com estrangeiras. ry, o republicano tem o elemento de imprevisibilidade.
Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS GERAIS
“A situação do governo Hillary para o Brasil teria sido mais Para realizar um impeachment, é preciso 200 votos na Assem-
tranquila porque era mais previsível por qual caminho ela iria. Se- bleia Nacional de 300 integrantes. Atualmente, 172 legisladores
ria a continuidade do governo Obama, de uma dimensão política oposicionistas e independentes querem a saída de Park.
que tem o reconhecimento do Brasil como relevante, sem muitas Com isso, para retirar a líder seriam necessários os votos de
mudanças.” 28 dos 128 parlamentares do partido conservador Saenuri, de Park.
Pecequilo afirma que o país deve perder relevância na visão Vários deputados governistas já disseram que votarão pela saída
dos Estados Unidos dado o conturbado cenário interno. da presidente. A imprensa local avalia que entre 30 e 40 legislado-
“Eles estão com tanto problema dentro de casa, que o Brasil res governistas podem votar pelo impeachment.
não é uma preocupação.” A votação deve ocorrer antes de 9 de dezembro, quando acaba
Relação entre Brasil e EUA também vai depender de química a sessão deste ano da legislatura sul-coreana. Caso o Parlamento
entre Temer e Trump vote pelo impeachment, Park seria suspensa e o número dois do
país, o primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn, assumiria como presi-
Questão de química dente interino.
Especialistas nas relações Brasil-EUA costumam dizer que os O Tribunal Constitucional teria então de se pronunciar para
laços entre os dois países dependem em grande medida da química decidir se o impeachment é justificado – a corte teria 180 dias para
entre seus líderes, independentemente de seus partidos ou ideologias. se pronunciar.
Eles afirmam que, embora seguissem tradições políticas bas- Caso seis dos nove magistrados do Tribunal Constitucional
tante distintas, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2003- decidirem que a saída se justifica, Park perderia formalmente o
2011) e George W. Bush (2001-2009) tinham uma relação tão boa cargo. A Coreia do Sul teria então 60 dias para eleger um sucessor.
quanto a mantida entre FHC (1995-2002) e Bill Clinton (1993- Se mais de três juízes discordarem, porém, a presidente retomaria
2001), que tinham maior afinidade ideológica. o posto imediatamente.
Já a relação entre Barack Obama e Dilma Rousseff nunca foi A amiga da presidente que está no centro do escândalo é Choi
tão próxima e sofreu com a revelação de que o governo americano Soon-sil, de 60 anos, que supostamente usava seus laços com a
havia espionado a presidente brasileira. líder para conseguir milhões em doações de companhias sul-corea-
Analistas afirmam ainda que Brasil e EUA têm relações bas-
nas. A presidente e a amiga afirmam ser inocentes.
tante diversificadas e que os laços devem ser mantidos qualquer
Fonte: Exame.com – (29/11/2016)
que seja o resultado da eleição em novembro, já que os dois gover-
nos dialogam dentro de estruturas burocráticas.
Presidente da Coreia do Sul pede que parlamento decida
Do lado brasileiro, há interesse em se aproximar mais dos
condições para sua saída
EUA, vença quem vençer. Em entrevista à BBC Brasil em julho,
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, pediu nesta
o embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral, disse que
terça-feira que o parlamento decida como e quando ela pode en-
o governo Temer investiria nas relações com as cinco principais
tregar o cargo em reação a um escândalo de tráfico de influência,
potências globais (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido).
Amaral afirmou ainda que, na Embaixada, priorizaria áreas levando a crise política do país cada vez mais em direção a um
em que Brasil e EUA têm maior convergência, como direitos hu- território desconhecido.
manos e meio ambiente. O Partido Democrático, principal sigla da oposição, rejeitou
Fonte: G1 – (09/11/2016) a oferta de Park, que classificou como uma manobra para escapar
do impeachment, e disse que irá continuar com seus esforços para
Após escândalo, presidente da Coreia do Sul aceita renun- apresentar uma moção de impedimento no parlamento, o que pre-
ciar tende fazer até sexta-feira.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, afirmou em Nenhum presidente sul-coreano deixou de completar seu
discurso televisionado nesta terça-feira que deixará seu destino mandato único de cinco anos desde que o sistema democrático
político nas mãos do Legislativo. A declaração foi surpreendente e atual foi implementado em 1987.
vista por alguns analistas como uma tática para criar um impasse “Deixarei ao parlamento tudo a respeito do meu futuro, in-
e ela seguir no poder. cluindo a abreviação de meu mandato”, disse Park em um breve
Em breve discurso, Park pediu desculpas novamente pelo es- discurso televisionado.
cândalo político que derrubou sua popularidade. Ela disse estar Seu gesto dramático impõe o fardo de resolver a crise política
aberta para abrir mão do poder, mas deixou nas mãos da Assem- ao parlamento, que vem sendo controlado por uma coalizão de par-
bleia Nacional determinar se ela deve seguir como presidente. A tidos opositores desde que o conservador Partido Saenuri de Park
Assembleia Nacional é controlada pela oposição e por parlamen- perdeu a maioria subitamente nas eleições de abril.
tares independentes. Se a mandatária renunciar ou um voto de impeachment no
No poder desde 2013, Park afirmou que cumprirá o processo parlamento for confirmado pelo Tribunal Constitucional, será pre-
legal, prometendo apresentar mais detalhes sobre o escândalo e ciso realizar uma eleição em 60 dias para escolher um presidente
responder a questões em data futura não especificada. Ela não res- para um mandato de cinco anos, e o primeiro-ministro irá conduzir
pondeu a perguntas após o pronunciamento. o país neste ínterim.
A presidente é acusada de permitir que uma amiga de longa O cronograma apertado poderia levar os principais partidos a
data extorquisse dinheiro de empresas, usando sua proximidade tentar ganhar tempo para consolidar seus candidatos presidenciais,
do poder. Park tem aprovação de apenas 4% entre os eleitores sul- e analistas políticos disseram que o parlamento pode demorar me-
-coreanos. ses para acordar um plano de saída para Park.
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CONHECIMENTOS GERAIS
“Irei renunciar à minha posição de acordo com a lei assim O atraso no anúncio da candidatura está relacionado com a
que se crie uma maneira de transferir o governo de uma maneira perda de poder. Após a polêmica sobre a recepção aos refugiados,
estável que também minimize o vácuo e o tumulto político após a ela teve que lidar com a rebelião da CSU, partido aliado bávaro,
decisão e a discussão dos partidos de oposição”, disse Park com que ameaçou não apoiar Merkel em 2017, antes de mudar de opi-
voz firme. nião ante a falta de alternativa.
Fonte: G1 – (29/11/2016) A chanceler sofreu outro revés este mês ao não conseguir de-
signar um membro de seu partido como candidato para ser presi-
Merkel confirma candidatura a 4º mandato na Alemanha dente em 2017, um posto para o qual foi escolhido o social-demo-
Angela Merkel anunciou neste domingo a seu partido que será crata Frank-Walter Steinmeier.
candidata a um quarto mandato de chanceler durante as eleições Por fim, seu terceiro mandato coincidiu com o avanço de um
legislativas de 2017, em um período em que seus partidários a con- partido populista na Alemanha, que disputa espaço com seu partido
sideram a última defesa contra o avanço do populismo. na direita. O AfD tem grandes chances de entrar para o Bundestag
A chanceler, de 62 anos, anunciou sua intenção aos dirigentes (Parlamento), o que nenhum grupo deste tipo consegue desde 1945.
da União Democrata Cristã (CDU) durante uma reunião em Ber- Merkel mantém, no entanto, a vantagem sobre os demais, já
lim, informaram à AFP fontes próximas ao partido. que não possui rivais fortes em seu partido e continua sendo muito
A chefe de Governo, que deve abordar a questão em um en- mais popular que seus adversários social-democratas.
contro com a imprensa às 19H00 (16H00 de Brasília), expressou a Fonte: Exame.com – (20/11/2016)
intenção de ser reeleita como presidente da CDU no congresso de
dezembro, além de apresentar uma nova candidatura para a chan- Merkel defende alianças com UE e EUA e rejeita isola-
celaria durante as legislativas. mento
Após 11 anos à frente do país, Merkel já ostenta o recorde de A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, rejeitou nesta quar-
longevidade entre os atuais governantes ocidentais. ta-feira os populismos que respondem com soluções fáceis pro-
Julia Klöckner, da CDU e muito próxima a Merkel, defendeu blemas globais e complicados, e garantiu que a Alemanha não se
a candidatura e afirmou que a chanceler é “uma garantia de estabi- fechará em si mesma e defenderá os valores da economia social de
lidade confiabilidade em um período turbulento”. mercado e da justiça social com seus aliados, a União Europeia e
os Estados Unidos.
Recorde de Kohl à vista Em discurso diante do plenário do parlamento em seu primei-
A julgar pelas pesquisas, Merkel tem grandes chances de con- ro comparecimento público após anunciar que, no próximo ano,
quistar o quarto mandato como chanceler. voltará a concorrer para um novo mandato, Merkel deixou claro
Ela entraria assim para a história do país ao superar o tempo que a Alemanha “não pode resolver sozinha os problemas do mun-
de poder do icônico chanceler do pós-guerra Konrad Adenauer (14 do”, mas garantiu que contribuirá para isso.
anos) e também o de seu próprio mentor político, Helmut Kohl Merkel apostou no multilateralismo, elogiou o acordo de li-
(16 anos). vre-comércio com o Canadá e admitiu que não estava “contente”
De acordo com uma pesquisa publicada pelo jornal Bild, 55% com a decisão do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de
dos alemães desejam que Merkel permaneça no cargo, contra 39% retirar seu país do Acordo de Associação Transpacífico (TPP), uma
de opiniões contrárias. Em agosto, o índice favorável à chanceler decisão que, na opinião da chanceler, não beneficiará ninguém.
era de 50%. A chefe de governo alemã reconheceu que o atual panorama
Merkel se encontra em uma situação paradoxal: elogiada no internacional e nacional é mais complicado que o de alguns anos
exterior, onde as expectativas a seu respeito aumentaram após a vi- atrás e assumiu que compreende o medo dos cidadãos quando
tória de Donald Trump na eleição americana, na Alemanha enfren- princípios que eram óbvios nas sociedades democráticas ociden-
ta um ano eleitoral um tanto fragilizada pela polêmica provocada tais passam a ser questionados, por isso reiterou a necessidade de
pela decisão de receber um milhão de refugiados no país. que as pessoas se mostrem unidas frente aos populismos.
Esta semana, o presidente americano Barack Obama elogiou E, além disso, a chanceler alemã destacou a importância de
Merkel em Berlim durante sua última viagem oficial como chefe combater as mensagens e informações manipuladas e falsas que
de Estado. são disseminadas pela internet.
“Se fosse alemão, poderia dar meu apoio”, disse. Contra aqueles que usam os medos dos cidadãos para se pro-
E, diante do avanço das tendências autoritárias no mundo, o moverem, Merkel lembrou a positiva evolução econômica do país
jornal The New York Times a chamou de “último baluarte dos va- nos últimos anos e o aumento nas contribuições sociais e previ-
lores humanistas no Ocidente”. dência.
Mas seu poder está em queda na Alemanha, de acordo com A chanceler lembrou também a “incrível” resposta internacio-
a revista liberal Die Zeit. Ela conseguiu recuperar parte da popu- nal para a catástrofe da Segunda Guerra Mundial, com a criação
laridade perdida com a crise migratória, mas o seu grupo político das Nações Unidas e da Convenção de Direitos Humanos, e de-
registra de 32 a 33% das intenções de voto nas pesquisas, quase fendeu a continuidade desse caminho para “dotar de humanidade
10% a menos que nas eleições de 2013. a globalização”.
“O recuo criado pela vitória de Trump afeta Merkel quando Durante a presidência rotativa do G20, que a Alemanha assu-
suas possibilidades de liderança são limitadas: não pode contar me em dezembro, Merkel pretende continuar com os avanços na
com a Europa para avançar, não tem um partido unido atrás dela transparência dos mercados financeiros internacionais e no desen-
e não possui o apoio popular que tinha há um ano e meio”, afirma volvimento do continente africano, que será uma das prioridades
a Die Zeit. de Berlim.
Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS GERAIS
No âmbito da UE, a chanceler reconheceu a necessidade de Revolução
lutar contra a falta de credibilidade do bloco e de acelerar os pro- Fidel Castro liderou uma invasão ao quartel de Moncada,
cessos de tomada de decisões. em Santiago de Cuba, no dia 26 de julho de 1953. Apesar de fra-
Para Merkel, é preciso assumir que já não é possível traçar cassada, a iniciativa marcou o começo da revolução que acabaria
uma linha que separe a política interna da externa e que a seguran- levando-o ao poder.
ça, o bem-estar e a prosperidade dos cidadãos de cada país depen- Depois de breve período preso, Fidel foi anistiado e se exilou
dem das relações internacionais. no México, onde organizou uma expedição que voltou a Cuba.
Fonte: Exame.com – (23/11/2016) Ao lado do argentino Ernesto “Che” Guevara, que conheceu
durante o exílio, o jovem cubano montou uma campanha de guer-
Fidel Castro morre aos 90 anos rilha a partir de sua base, na Serra Maestra.
O ex-presidente cubano Fidel Castro, um dos mais importan- Em 1959, Fulgêncio Batista deixou o país e Fidel estabeleceu
tes líderes mundiais, morreu na noite desta sexta-feira aos 90 anos. um novo governo que prometia devolver a propriedade da terra aos
Seu irmão mais novo e atual presidente, Raúl Castro, anunciou a agricultores e defender o direito dos pobres.
morte em um anúncio oficial na TV estatal.
“O comandante-em-chefe da revolução cubana morreu às Fidel comunista
22h29 desta noite (03h29 de sábado em Brasília)”, disse o presi- Desde o começo, Fidel insistiu que sua ideologia era, acima
dente, que terminou o anúncio gritando o slogan: “Até a vitória, de tudo, cubana. “Não há comunismo nem marxismo em nossas
sempre”. ideias, só democracia representativa e justiça social”, dizia.
O governo cubano decretou nove dias de luto nacional. Criticado pelos Estados Unidos pela nacionalização de em-
Como líder da revolução cubana que derrubou o regime do presas de americanos, foi alvo do embargo comercial que vigora
presidente Fulgencio Batista, em 1959, Fidel Castro se manteve até hoje.
na liderança do país por décadas, até se afastar da Presidência, por Fidel disse que assim foi empurrado para os braços da União
motivos de saúde, em 2006, deixando o cargo para o irmão. Soviética, liderada por Nikita Kruchev. Com o novo aliado, Cuba
Fidel Castro foi o líder mundial não ligado a uma monarquia virou mais um campo de batalha da Guerra Fria.
Os Estados Unidos tentaram derrubar o governo de Fidel em
mais longevo do século 20, comandando Cuba por quase cinco
abril de 1961, apoiando um grupo de exilados cubanos em uma
décadas.
desastrosa invasão à praia de Girón, na baía dos Porcos.
Seus apoiadores o veneravam e o consideravam um libertador,
A CIA, central de inteligência americana, foi acusada pelo lí-
que havia salvo Cuba de um regime autoritário supostamente ma-
der cubano de tentar assassiná-lo várias vezes, inclusive com um
nipulado pelo imperialismo americano. Mas seus críticos o viam
charuto explosivo.
como um sanguinário ditador que levou o país ao caos econômico
Em 1962, aviões de reconhecimento dos Estados Unidos de-
e à ruína com suas políticas comunistas. tectaram um carregamento de mísseis soviéticos rumo a Cuba,
O anúncio de sua morte foi recebido com consternação em criando um impasse entre o presidente americano, John F. Ken-
Cuba. Mas em Miami, nos Estados Unidos, onde vivem milhares nedy, e Kruchev.
de exilados cubanos que deixaram a ilha durante o regime comu- Depois de 13 dias de impasse, os soviéticos desistiram de ins-
nista, houve buzinaço nas ruas. talar mísseis com potencial nuclear em Cuba, em troca de uma
promessa secreta americana de retirar suas armas da Turquia.
Vizinho incômodo
Nas quase cinco décadas em que esteve à frente do governo de Colapso soviético
Cuba, Fidel Castro viu dez presidentes americanos se revezarem Cuba “exportou” a sua revolução para outras partes do mundo
na Casa Branca. Inimigo declarado de todos eles, o líder comunista na forma do apoio às guerrilhas marxistas em Angola e Moçam-
fez de sua ilha uma base de resistência ao poder dos Estados Uni- bique. Sob embargo econômico dos Estados Unidos, recebeu, em
dos, que nunca conseguiram dobrar o regime incômodo a apenas todo o tempo, ajuda soviética.
144 quilômetros de seu território. O colapso da União Soviética, em 1991, foi um duro golpe
Nascido em uma família de latifundiários, em 1926, o jovem na economia cubana, apoiada na cooperação com o antigo regime
advogado se tornou líder revolucionário, dirigente comunista e ter- comunista.
minou seus dias em uma casa confortável em Havana, opinando A crise na qual o país mergulhou fez milhares de cubanos se
sobre os mais diferentes temas, na coluna que mantinha no jornal lançarem ao mar em embarcações precárias nos anos 1990, na es-
Granma. perança de chegar a Miami.
Durante este período, sofreu várias tentativas de assassinato, O caso do menino Elián González ganhou as manchetes do
foi acusado de violar direitos humanos, viu sua principal aliada, mundo inteiro. Ele perdeu a mãe em uma viagem perigosa e, de-
a União Soviética, entrar em colapso. Reconheceu, ao fim, erros pois de uma longa batalha legal entre parentes em Miami e o pai,
na condução da economia cubana, que só sobreviveu nos últimos que morava em Cuba, foi levado de volta para a ilha.
tempos graças ao apoio de outro amigo, o venezuelano Hugo Chá- Entre os bons resultados domésticos de Fidel Castro estão o
vez, morto em março de 2013. serviço de saúde cubano, considerado um dos melhores da região,
Para os Estados Unidos, Fidel sempre foi uma lembrança e o baixo índice de mortalidade infantil, comparável ao dos países
constante e incômoda das idéias comunistas que, apesar de pra- mais desenvolvidos.
ticamente abandonadas no resto do mundo, permaneceram vivas O governo de Fidel, no entanto, foi acusado por organismos
na ilha vizinha. Para setores da esquerda mundial, tornou-se um internacionais de perseguição política contra os opositores do re-
símbolo de resistência. gime e de violações dos direitos humanos.
Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS GERAIS
Aposentadoria Obama fez de tudo para consolidar essa política antes de dei-
Nos últimos anos, Fidel deu sinais de que teria moderado suas xar a Casa Branca, o que acontecerá em menos de dois meses. Não
posições. Em 1998, recebeu no país o papa João Paulo 2º. só reabriu, já há mais de um ano, a embaixada norte-americana em
Após anos de grave crise social, o regime voltou a ganhar fô- Havana, gesto replicado por Cuba em Washington, como se tor-
lego na virada do milênio, com os generosos acordos de coopera- nou, em março, no primeiro presidente dos EUA em quase um sé-
ção fechados com a Venezuela do presidente Hugo Chávez, grande culo a pisar em solo cubano. A menos de um mês das eleições que
admirador de Fidel. definiria seu sucessor, Obama emitiu uma ordem executiva (espé-
Em 31 de julho de 2006, Fidel surpreendeu o mundo ao deixar cie de medida provisória) com a qual pretendia, nas suas palavras,
temporariamente o poder por motivos de saúde. tornar “irreversíveis” os avanços obtidos nas relações bilaterais.
Por meses, sua saúde foi segredo de Estado, com rumores so- Tudo, porém, se tornou um enorme ponto de interrogação após
bre sua morte. Em fevereiro de 2008, a Assembleia Nacional de a vitória do republicano Trump, um bilionário pragmático que no
Cuba aprovou a aposentadoria de Fidel, que oficialmente passou o passado foi acusado de violar o embargo econômico a Cuba em
poder ao irmão, Raúl Castro. busca de negócios lucrativos na ilha. Durante a campanha eleito-
Fidel trocou o traje militar por roupas casuais. Continuou a ral, no entanto, ele prometeu reverter a aproximação com Havana.
provocar polêmica com suas opiniões sobre assuntos mais varia- Trump não se contentou apenas em cortejar o voto mais aber-
dos, publicados em uma coluna no jornal Granma. tamente anticastrista em Miami. Já eleito presidente, parece con-
Nesse tempo, recebeu várias celebridades políticas em sua firmar suas promessas ao incluir em sua equipe de governo figuras
casa, como o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. proeminentes do lobby pró-embargo, como o advogado Mauricio
Em 2011, foi visitado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter. Clever-Carone, membro da influente organização Democracia
Hugo Chávez sempre foi uma visita frequente. Cuba-EUA, que defende uma “transição incondicional de Cuba à
Em setembro de 2010, em uma entrevista à revista The Atlan- democracia e ao livre mercado”. Ele irá trabalhar com Trump no
tic, Fidel reconheceu que o modelo cubano já não funcionava. No Departamento do Tesouro, uma peça-chave na aplicação – ou fle-
período, seu irmão, Raúl, já esboçava uma série de reformas eco- xibilização – do embargo econômico a Cuba e das sanções contra
nômicas, aprovadas posteriormente. quem o viola.
Diferentemente dos países do leste europeu, cujos governos Foi esse ministério, junto com o do Comércio, o principal res-
ruíram após o colapso da União Soviética, Fidel conseguiu manter ponsável por analisar, nos últimos 23 meses, até onde seria possí-
Cuba sob o regime comunista até sua morte. Mesmo afastado da vel flexibilizar os limites impostos pelo embargo, cuja eliminação
Presidência, Fidel permaneceu como secretário-geral do Partido está nas mãos do Congresso. Em minoria na Câmara e no Senado,
Comunista de Cuba até abril de 2011. a estratégia do Governo Obama foi tentar facilitar ao máximo as
Nos últimos anos, ele se manteve afastado da vida pública, transações comerciais e os intercâmbios pessoais entre os dois paí-
com raras aparições e eventuais colunas publicadas na mídia ofi- ses. Embora as principais restrições continuem vigentes, é cada
cial cubana. vez mais fácil para os cidadãos norte-americanos fazer transações
Em abril deste ano, ele surpreendeu ao discursar no último dia comerciais com Cuba ou viajar à ilha.
do congresso do Partido Comunista. “Em breve terei 90 anos, algo Antes que a morte de Fidel Castro monopolizasse todas as
que nunca imaginei”, afirmou. “Logo serei como todos os outros, manchetes da imprensa cubana – e mundial –, os meios de co-
que para todos nossa hora deve chegar”, disse. municação estatais comemoravam justamente o restabelecimento,
Fonte: BBC Brasil – (26/11/2016) na próxima segunda-feira, dos voos comerciais regulares e diretos
entre os EUA e Havana, suspensos durante mais de 50 anos.
Morte de Fidel Castro amplia dúvidas sobre reaproxima- São medidas como esta as que também impulsionaram, por
ção com os EUA sua vez, a continuação das reformas iniciadas com a chegada de
A morte de Fidel Castro acrescenta mais uma incógnita ao Raúl Castro ao poder em Cuba, embora não ao ritmo desejado por
processo de normalização das relações entre os Estados Unidos e Washington, como reconheceu o próprio Obama. Uma mudança
Cuba, já colocado em xeque pela vitória eleitoral do republicano na atitude de Washington poderia ter, neste sentido, adverte López-
Donald Trump, que será responsável por manter – ou interromper -Levy, mais impacto ainda que a morte de Fidel Castro. “Enquanto
– o diálogo aberto há quase dois anos com Havana por seu anteces- exista incerteza no assunto Trump, a direção cubana vai atuar com
sor democrata, Barack Obama. grande cautela, mas isso não tem a ver com o fato de que Fidel
Apesar de o histórico líder revolucionário nunca ter ocultado esteja ou não porque já tinha um papel mais simbólico, era uma
suas reticências quanto ao processo iniciado pelo presidente Raúl espécie de força moral, de patriarca revolucionário mais que líder
Castro, seu irmão, o fato de não fazer oposição frontal ao degelo dos assuntos do governo”.
foi considerado como uma aprovação implícita a essa iniciativa Fonte: El País Brasil – (26/11/2016)
diplomática, que não necessariamente contava com o respaldo de
toda a cúpula cubana. Trump diz que pode acabar com acordo entre EUA e Cuba
Quis o acaso que a morte de Fidel Castro surpreendesse O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, es-
Trump em Mar-a-Lago, a mansão da Flórida onde o magnata cos- creveu em sua conta no Twitter nesta segunda-feira (28) que vai
tuma passar férias. Esse Estado é o mais tradicional reduto cubano acabar com o acordo de seu país com Cuba se a ilha não estiver
nos EUA, um lugar outrora claramente anticastrista, mas que, so- disposta a oferecer um acordo melhor.
bretudo nos últimos anos, passou a apoiar a política conciliadora “Se Cuba não quiser fazer um acordo melhor para o povo
de Obama, incluindo a decisão de restabelecer as relações inter- cubano, o povo cubano-americano e os Estados Unidos como um
rompidas durante mais de meio século. todo, vou acabar com o acordo”, escreveu o magnata.
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CONHECIMENTOS GERAIS
No sábado (26), Trump divulgou um comunicado à imprensa que a política “rígida” dos EUA em relação a Cuba nas últimas
classificando Fidel Castro como um “ditador brutal que oprimiu décadas teve pequeno impacto. O presidente americano afirmou
seu próprio povo por quase seis décadas” e que deixa um “legado acreditar que os EUA poderão “fazer mais para ajudar o povo
de pelotões de fuzilamento, roubo, inimaginável sofrimento, po- cubano” ao negociar com o governo da ilha.
breza e negação de direitos humanos básicos”. Fonte: G1 – (28/11/2016)
No texto, ele afirmou que seu governo “vai fazer todo o pos-
sível para assegurar que o povo cubano possa finalmente começar CIA adverte Trump que seria “loucura” abandonar acor-
sua jornada em direção à prosperidade e à liberdade”. do com Irã
Nas primárias, Trump foi o único pré-candidato republicano O diretor da CIA, John Brennan, advertiu ao presidente elei-
que apoiou a abertura para Cuba, mas em sua busca de votos na to dos Estados Unidos, Donald Trump, que seria “desastroso” e
Flórida nas eleições gerais, ele prometeu que “revogaria” o acordo uma “loucura” deixar o acordo nuclear com o Irã, como o magnata
do presidente Barack Obama “a não ser que o regime dos Castro” ameaçou fazer durante a campanha eleitoral.
restaurasse “as liberdades na ilha”, segundo a agência EFE. Em uma entrevista à rede britânica “BBC” divulgada nesta
Seu futuro chefe de gabinete, Reince Priebus, disse no domin- quarta-feira, Brennan também afirmou que Trump deve ser cau-
go que Trump aguardará para ver “alguns movimentos” do gover- teloso com a Rússia por considerar que Moscou está por trás de
no cubano em relação às liberdades na ilha para decidir como será grande parte do sofrimento na Síria.
a relação entre os dois países. “Não vamos ter um acordo unilateral Durante a campanha para as eleições americanas, o político
procedente de Cuba sem algumas mudanças em seu governo”, dis- republicano ameaçou abandonar o pacto nuclear entre o G5+1
se Priebus na TV Fox, após mencionar a repressão, os prisioneiros (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China, mais Alemanha) e
políticos e as liberdades como a religiosa. o Irã e sugeriu que o governo americano teria uma relação muito
Grupos do exílio cubano mostraram apoio unânime ao aviso mais estreita com o governo russo.
de Trump, segundo a EFE. “Acredito que isto seria desastroso. O fato de uma administra-
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, o porta-voz do go- ção encerrar um acordo feito pela administração anterior não teria
verno americano Josh Earnest disse que os críticos da atual política precedentes”, disse Brennan à emissora britânica antes de deixar
de aproximação “estão dando voltas, tentando justificar sua lealda-
seu cargo em janeiro.
de a uma política obviamente fracassada de isolamento de Cuba,
Para o diretor da CIA, uma medida assim, que qualificou de
que nunca teve nenhum resultado”.
“loucura”, ajudaria a fortalecer os políticos linha dura no Irã.
Para o porta-voz da Casa Branca, “dar declarações ruidosas
Em suas declarações, Brennan ressaltou que há muitas áreas
e iniciar um caso de recriminações mútuas amarradas ao passado
nas quais o novo governo tem que agir com “prudência e discipli-
não faz nem a democracia nem a liberdade avançarem, nem expan-
na”, como a linguagem utilizada em matéria terrorista e as relações
de oportunidades”.
“Os críticos da atual política sugerem que, de alguma forma, com a Rússia.
os Estados Unidos fizeram um pacote de concessões ao governo O diretor da CIA opinou que o regime sírio de Bashar al Assad
cubano. Isso é equivocado. Não há concessões”, afirmou. e a Rússia foram responsáveis pelo massacre de civis no conflito
Earnest acrescentou que cada presidente que ocupa a Casa sírio, que qualificou de “degradante”.
Branca deve se perguntar se “estaremos ancorados no passado, ou Na opinião do chefe de inteligência dos EUA, seu país deveria
se vamos olhar para o futuro. Isso não significa ignorar o passado, continuar com o respaldo dado pela Administração de Barack Oba-
mas fazer que o passado não interfira em nossa capacidade de fazer ma aos rebeldes moderados que lutam contra o regime de Assad.
progressos”. Brennan acrescentou que a Rússia é crucial para o futuro da
Síria, mas se mostrou cético sobre a possibilidade de um acordo
O acordo que ajude a pôr fim à guerra civil.
No dia 17 de dezembro de 2014, os presidentes Barack Oba- “Não tenho confiança de que os russos vão ceder até que pos-
ma e Raúl Castro anunciaram o restabelecimento das relações dos sam ser capazes de conseguir o maior sucesso tático possível no
Estados Unidos e Cuba após mais de 50 anos. O embargo comer- campo de batalha”, disse o diretor da CIA.
cial ao país caribenho, no entanto, permaneceu. Além disso, Brennan advertiu sobre a contínua ameaça ter-
Na época, Cuba libertou o prisioneiro americano Alan Gross rorista já que há grupos “muito ativos” dentro do Estado Islâmico
e, em troca, três agentes de inteligência cubanos que estavam pre- (EI) que planejam atentados e querem demonstrar sua capacidade
sos nos Estados Unidos voltaram à ilha. de operar no Ocidente.
O acordo previa medidas como o restabelecimento das rela- O diretor da CIA acrescentou que é preciso cuidado no uso
ções diplomáticas entre os dois países, facilitar viagens de ame- da linguagem porque isto pode ser aproveitado por organizações
ricanos a Cuba, autorização de vendas e exportações de bens e terroristas para mostrar que os EUA estão contra o islã, algo que,
serviços dos EUA para Cuba, autorização para norte-americanos segundo ele, não é assim.
importarem bens de até US$ 400 de Cuba e início de novos esfor- Trump indicou que quer o congressista Mike Pompeo para o
ços para melhorar o acesso de Cuba a telecomunicação e internet. posto de novo diretor da CIA.
Em agosto de 2015, os EUA reabriram oficialmente sua em- Fonte: Portal Terra – (30/11/2016)
baixada em Havana. Um mês antes, a embaixada cubana em Wa-
shington foi reaberta. Senado colombiano referenda acordo de paz com as Farc
Ao anunciar o acordo, Obama disse que a normalização das O Senado da Colômbia referendou no início da madrugada
relações com Cuba encerram uma “abordagem antiquada” da po- desta quarta-feira (30) o acordo de paz assinado no último dia 24
lítica externa americana. Ao justificar a decisão, o presidente disse entre o governo e as Farc.
Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS GERAIS
“Com 75 votos a favor e nenhum contra, o plenário do Senado primeira etapa dessa reação já teve etanol como produto. Segundo
aprovou o novo acordo de paz. Fica pendente sua aprovação na New Atlas, a eficiência do processo também é notável: cerca de
Câmara dos Deputados”, afirmou o ministro do Interior, Juan Fer- 63% do material utilizado foi convertido em etanol. Trata-se de
nando Cristo, em comunicado. uma surpresa positiva, já que, geralmente, tentativas de gerar eta-
De acordo com o ministro, “com a participação de vítimas, re- nol a partir de gás carbônico resultam em uma série de produtos
presentantes de igrejas cristãs, negritudes, indígenas, foi discutido menos úteis, como etileno e monóxido de carbono. Os detalhes
e aprovado no Senado o novo acordo de paz que foi assinado na da reação foram publicados pelos pesquisadores em um artigo no
última quinta-feira”. periódico Chemistry Select.
Com este passo, esclareceu Cristo, “a esperada aprovação na
Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, poderá começar a im- Nanotorres de carbono
plementar o acordo estipulado entre o governo e as Farc”. Durante o experimento, os psquisadores usaram um catalisador
O debate no Senado foi aberto pelo principal negociador do feito de carbono e cobre. Por meio de um método de deposição de
governo, Humberto de la Calle, e o Alto Comissariado para a Paz, vapores químicos que tinha amônia e acetileno como reagente, eles
Sergio Jaramillo, que fizeram um acordo de confissão em favor do conseguiram organizar o carbono e o cobre em estruturas semelhan-
acordo, um texto renovado após a rejeição no referendo realizado tes a “torres”. Essas torres tinham cerca de 50 a 80 nanômetros de al-
no dia 2 de outubro, após ter sido assinado no dia 26 de setembro, tura, e terminavam num pico de cerca de 2 nanômetros de diâmetro.
em Cartagena. Quando uma carga de apenas 1.2 volt era aplicada a uma su-
Nesta quarta, a Câmara dos Deputados estará em sessão desde perfície contendo essa estrutura, as partículas de cobre nas torres
o início da manhã para discutir e referendar o novo acordo de paz. de carbono faziam com que um campo elétrico muito forte fosse
Fonte: G1 – (30/11/2016) criado na região. Esse campo, por sua vez, fazia com que correntes
elétricas se formassem entre os picos, e essas correntes dimeriza-
MEIO AMBIENTE vam moléculas de CO2 em moléculas de etanol.
Para realizar esse processo, o gás carbônico precisava ser
Restam menos de 300 onças-pintadas na Mata Atlântica diluído em água, segundo o Popular Mechanics. Em seguida, a
A onça-pintada está definitivamente ameaçada de extinção superfície texturizada com essas estruturas nanométricas era colo-
cada na água e recebia a voltagem. Com isso, a reação começava
na Mata Atlântica. Menos de 300 desses magníficos felinos ainda
a ocorrer. “Usando materiais comuns mas arranjando-os com na-
sobrevivem no bioma, espalhados e isolados em pequenas popula-
notecnologia, nós conseguimos limitar as reações colaterais e ter
ções pelo Brasil, Argentina e Paraguai, segundo um trabalho publi-
o único produto que queríamos”, disse Adam Rondinone, um dos
cado nesta quarta-feira, 16, na revista Scientific Reports. É o mais
cientistas envolvidos no projeto.
completo levantamento já feito sobre a população remanescente de
onças-pintadas na Mata Atlântica.
Salvando o planeta
As causas do declínio são óbvias. Cerca de 85% do hábitat Como esse processo transforma um gás estufa em um combustí-
original das onças-pintadas (ou jaguares, como também são conhe- vel, ele pode ser extremamente importante no combate ao efeito estu-
cidas) na Mata Atlântica já desapareceu, e apenas 7% das florestas fa. O efeito estufa é o aquecimento da atmosfera terrestre provocado
que restam ainda estão em bom estado de conservação, com tama- pelo aumento da concentração de gases estufa (como o gás carbônico)
nho e alimento suficientes para abrigar a espécie, segundo os cien- nela. Esse aumento, por sua vez, tem como uma de suas principais
tistas. Não bastasse isso, as poucas onças sobreviventes são fre- causas a queima de combustíveis fósseis, como a gasolina.
quentemente perseguidas e atacadas por caçadores e fazendeiros. Com a possibilidade de transformar um gás estufa em um
“Perda e fragmentação de hábitat são as principais causas de combustível não-fóssil, abre-se uma porta importante para o com-
declínio das onças-pintadas, mas a mortalidade induzida pelo ho- bate ao problema. Outras vantagens desse processo são que ele é
mem é a principal ameaça às populações remanescentes”, dizem relativamente barato e pode ser iniciado em temperatura ambiente
os autores do trabalho, que incluem pesquisadores do Brasil, Ar- - ou seja, não exige muita energia para ser iniciado, o que o torna
gentina, Paraguai e Porto Rico. A Mata Atlântica, segundo eles, ainda mais eficiente. Os cientistas ainda acreditam que, por esses
corre risco de se tornar a primeira floresta no mundo a ter o seu motivos, ele pode ser realizado em escala industrial, com possíveis
maior predador extinto. ganhos em eficiência.
Fonte: Istoé.com – (16/11/2016) Resolver o problema dos gases estufa é um dos grandes desa-
fios da humanidade atualmente, e por isso diversas formas de fazê-
Sem querer, cientistas descobrem processo que pode ame- -lo já estão sendo estudadas. Outra pesquisa publicada em 2016
nizar efeito estufa descreve também um processo para armazenar o gás carbônico da
Uma equipe de pesquisadores do Oak Ridge National Labora- atmosfera na forma de calcário a fim de combater o efeito estufa.
tory (ORNL), nos Estados Unidos, acabou descobrindo sem querer Fonte: Olhar Digital (Uol) – (18/11/2016)
um processo para transformar CO2 (gás carbônico, um gás estufa)
em etanol (C2H5OH, um combustível). A descoberta pode ser ex- Marrakech inaugura uma nova era nas negociações sobre
tremamente importante no combate ao efeito estufa. o clima
Os cientistas estavam testando um catalisador feito de carbo- A Cúpula do Clima de Marrakech (COP22) iniciou uma nova
no e cobre arranjados em uma estrutura nanométrica. A ideia deles etapa nas negociações internacionais para combater a mudança
era utilizar esse catalisador para uma série de reações que teriam, climática, na qual despontam novas lideranças e alianças para con-
ao final, um combustível como resultado (inicialmente, eles ima- duzir a transição para uma economia baixa em carbono, conforme
ginaram que seria o metanol). Para a surpresa deles, no entanto, a o Acordo de Paris.
Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS GERAIS
A reunião de Marrakech, que foi concluída na madrugada des- O que a COP22 deixou evidente é que a transição para um
te sábado, representou a celebração da entrada em vigor do Acordo novo modelo de desenvolvimento baixo em carbono está em an-
de Paris, 11 meses após sua aprovação, em comparação com os damento, e não só por parte dos países, mas de regiões, cidades e
sete anos do Protocolo de Kioto. grandes empresas, que apresentaram ações, compromissos de fi-
O novo tratado somou 11 novas ratificações na COP22, in- nanciamento e vontade de compartilhar conhecimento e soluções
cluindo hoje 111 países, que representam mais de 80% das emis- neste processo.
sões mundiais. Quatro países (Canadá, Alemanha, México e Estados Unidos)
A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, registraram na ONU suas estratégias para “descarbonizarem” sua
alguém que chamou a mudança climática de “conto chinês” e pro- economia em meados deste século e outros 18 anunciaram que
meteu tirar seu país do pacto climático, caiu como uma ducha de estão fazendo os últimos preparativos das suas.
água fria na primeira das duas semanas da cúpula, mas, paradoxal- As quase 50 nações mais vulneráveis à mudança climática
mente, serviu para que todos os países fizessem um esforço para prometeram que 100% de sua energia será oriunda de fontes re-
defender o acordo. nováveis, “assim que for possível”, e um grupo de países ricos li-
“Não há um único país que tenha mostrado em Marrakech sua derados pela Alemanha apresentou a iniciativa “NDC Partnership”
intenção de deixar o acordo”, lembrou à Agência Efe o comissário para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir a mudança
de Ação pelo Clima da União Europeia, o espanhol Miguel Arias climática.
Cañete. Fonte: Portal Terra – (19/11/2016)
China, Índia e até Arábia Saudita afirmaram que “o Acordo de
Paris é um caminho sem volta” e mostraram sua determinação de tra- CIÊNCIA E TECNOLOGIA
balhar em nível nacional para realizar as promessas feitas no mesmo. ‘Pescar’, puxar e empurrar: os planos dos cientistas para
Resta saber quem assumirá a liderança exercida nesta maté- ‘recolher’ o lixo espacial
ria pelo governo Obama se Trump cumprir sua promessa de sair Desde o início da exploração espacial nos anos de 1950, to-
do pacto, o que levaria quatro anos, e da própria convenção de neladas de lixo espacial estão se acumulando na órbita da Terra.
mudança climática da ONU, que foi assinada por um presidente Para resolver o problema, cientistas planejam enviar ao es-
republicano, George Bush pai, há 25 anos. paço no ano que vem uma nave criada para testar maneiras de se
Fontes da delegação americana - que ainda fazem parte da livrar desses detritos.
equipe de Obama - confirmaram para a Agência Efe os “intensos Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino
esforços diplomáticos” que estão sendo realizados para que Trump Unido, monitoram o lixo espacial na órbita terrestre. Eles estimam
não anunciasse a saída do Acordo de Paris, enquanto um de seus que haja cerca de 22 mil pedaços com tamanho superior a 10 cen-
maiores promotores, o secretário de Estado John Kerry, o defendia tímetros.
abertamente em Marrakech. Detritos menores, porém, chegam à casa dos milhões.
Ontem à noite, o primeiro-ministro de Fiji, que presidirá a O lixo espacial é formado em geral por partes e componentes
próxima Cúpula do Clima (COP23), convidou Trump a visitar a de satélites, foguetes e naves descartados durante missões espaciais.
ilha no Pacífico-Sul para ver os efeitos do aumento do nível do A nave que será colocada em órbita no ano que vem testará
mar sobre a mesma. maneiras de limpar esse lixo. Ela vai usar uma rede e um arpão
“Ninguém vai abandonar o acordo como ocorreu com o Pro- para capturar esses destroços.
tocolo de Kioto. A chave está em quem irá ocupar o espaço de li- Vai usar ainda uma vela para tentar forçar grandes destroços
derança que será deixado por Obama”, afirmou a diretora da ONG a entrar na atmosfera - onde são destruídos pela alta temperatura
Greenpeace, Jennifer Morgan, que, junto com outros especialis- de reentrada.
tas, opinou que houve indícios na CO22 de que a China e países Mas haverá outras dificuldades a superar - a principal delas
europeus como a Alemanha poderiam liderar a transição para um deve ser o financiamento dessas missões.
desenvolvimento com baixas emissões de carbono. Cientistas estimam que custará milhões para retirar um único
Com o histórico pacto do clima firmado um ano antes, a detrito.
COP22 tinha como objetivo definir um livro de regras para o mes- Além disso, eles não podem, por questões legais, capturar lixo
mo, já que o Acordo de Paris deixou em aberto como seriam im- espacial aleatoriamente - para recolher um satélite obsoleto, por
plementadas as medidas que propõe, como por exemplo, a maneira exemplo, é preciso que o país responsável por ele concorde com
na qual os países vão notificar e revisar seus compromissos nacio- isso.
nais de redução das emissões. Mas os pesquisadores alertam que, se nada for feito em re-
Os primeiros passos dados em Marrakech para definir essas lação ao problema, será impossível manter satélites ou operar no
regras foram “mínimos”, pois “é preciso muita capacidade diplo- espaço no futuro.
mática para conseguir o consenso dos cerca de 200 países que par- Fonte: G1 – (28/11/2016)
ticipam das cúpulas, algo que a presidência marroquina não teve”,
disse o especialista em relações internacionais Doreen Stabinsky. Cientistas criam bateria de celular que carrega em segun-
No entanto, foi estabelecido um programa de trabalho até dos e dura vários dias
2018 para concretizar essas normas nos próximos dois anos e, em- Recarregar os celulares em poucos segundos e menos de uma
bora pareça muito tempo, não o é se comparado com o Protocolo vez por semana poderá ser realidade no futuro. Isso graças aos
de Kioto, onde esse processo demorou quatro anos, apesar de que novos supercondensadores desenvolvidos por especialistas de na-
o mesmo só incluía obrigações para os países ricos, e não para notecnologia, na Universidade da Flórida Central. As informações
todos, como o Acordo de Paris. são da Agência ANSA.
Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS GERAIS
Os estudiosos desenvolveram dispositivos que são capazes de Com a mesma visão, complementa Roberto Battiston, presi-
armazenar rapidamente mais energia que as tradicionais baterias dente da Agência Espacial Italiana (ASI). “ExoMars é extrema-
de lítio e sem perder sua estabilidade energética durante mais de 30 mente importante para a ciência e exploração europeia. Agora,
mil recargas. Hoje, uma bateria normal começa a perder cada vez junto com nossos parceiros norte-americanos do programa, traba-
mais potência a partir do 18° mês de uso. Em média, isso soma 1,5 lharemos para o sucesso da segunda missão”, disse o italiano.
mil ciclos com estabilidade intacta. Fonte: Jornal do Brasil – (23/11/2016)
A pesquisa, publicada na revista especializada “ACS Nano”,
reporta que a nova tecnologia poderá ser expandida para os carros Anvisa aprova regras para registro de remédio à base de
elétricos. O segredo da inovação está no uso de baterias bidimen- maconha
sionais. Muitos pesquisadores já haviam tentando usar a técnica no A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu
passado, por exemplo, com o grafeno. Mas ninguém tinha conse- hoje (22) os derivados da Cannabis sativa, a maconha, na lista de
guido efetivamente alcançar tal potencial. substâncias psicotrópicas, vendidas no Brasil com receita do tipo
O grupo norte-americano liderado por Yeonwoon “Eric” Jung A, específica para entorpecentes. A norma permite que empresas
ganhou este desafio tecnológico aproveitando um novo enfoque de registrem no país produtos com canabidiol e tetrahidrocannabinol
síntese química, juntamente com supercondensadores compostos como princípio ativo, passo necessário para venda de remédios.
por milhões de microscópicos fios, revestidos por materiais bidi- A medida faz parte da atualização da Portaria nº 344/98,
mensionais. Dessa forma, o “coração” dos eletrônicos se torna um que também estabelece que laboratórios registrem os derivados
alto condutor de energia, e com mais densidade, energia e potência. em concentração de, no máximo, 30 mg de tetrahidrocannabinol
No entanto, o maior empecilho atual seria o tamanho des- (THC) por mililitro e 30 mg de canabidiol por mililitro. Os produ-
sas baterias, que seriam muito maiores do que as de lítio. “[Esses tos que tiverem concentração maior do que a estabelecida conti-
materiais] ainda não estão sendo comercializados, mas são uma nuam proibidos no país.
demonstração da comprovação de um importante começo: nossos Segundo nota da agência reguladora, a medida foi motivada
estudos mostram que terão impactos muito fortes sobre muitas tec- pela fase final do processo de registro do medicamento Mevatyl®.
nologias”, explicou Jung. O produto que, em alguns países da Europa, tem o nome comercial
de Sativex, pode vir a ser o primeiro obtido da Canabis sativa re-
Fonte: Jornal do Brasil – (23/11/2016)
gistrado no país. O medicamento será indicado para o tratamento
de sintomas de pacientes adultos com esclerose múltipla.
Schiaparelli caiu por ‘erro de cálculo’ em altura, diz ESA
Fonte: Jornal do Brasil – (22/11/2016)
Novos dados da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram
que o módulo Schiaparelli caiu no solo de Marte a 3,7 km de altu-
ra, no dia 19 de outubro. Os novos detalhes da ESA supõem quais
foram os erros da missão. O principal motivo do acidente deve-se
a uma falha durante a medida de distância do Schiaparelli durante INFORMAÇÕES ATUAIS SOBRE ARTES,
o pouso. A interpretação errada de sua altura fez com que o módulo ESPORTES E CULTURA, LAZER, NO
se precipitasse ao início do procedimento de pouso. BRASIL.
De acordo com os cientistas, apesar do radar altímetro doppler
do módulo ter funcionado normalmente, o dispositivo de medida
inercial (IMU - Inertial Measurement Unit), que registra a veloci-
dade de rotação do veículo, começou a enviar um sinal saturado, A Mostra de Cinema de Tiradentes celebra duas décadas de
isto é, o valor máximo da escala. Esse problema ocorreu logo de- história neste ano, e reúne todas as manifestações da arte numa
pois da abertura do paraquedas e o sinal anormal durou cerca de programação abrangente e gratuita.
um segundo - mais do que o esperado pelos cientistas. Ao todo, serão exibidos 108 filmes brasileiros em pré-estreias
Com isso, o sistema de navegação deduziu que a altitude de nacionais. O evento também realizará o 20º Seminário do Cinema
Schiaparelli fosse negativa, ou seja, que o módulo estivesse abaixo Brasileiro que inclui debates, mesas temáticas, diálogos audiovi-
da superfície marciana. Foi nesse momento que o pouso começou suais e a série Encontro com a Crítica, o diretor e o público. Serão
a dar errado e resultou na queda. A reconstrução do acidente de ainda oferecidas 240 vagas em 10 oficinas, a Mostrinha de Cinema
Schiaparelli, feita por computador, representa ainda uma “conclu- para o público infanto-juvenil, exposições, cortejo da arte e atra-
são muito preliminar das nossas suposições técnicas”, disse o dire- ções artísticas, beneficiando um público estimado em mais de 35
tor de Robótica da ESA, David Parker. mil pessoas.
Parker ainda explica que, para ter um quadro mais completo, “A Mostra de Cinema de Tiradentes celebra seus 20 anos
é preciso esperar até os primeiros meses de 2017. Isso porque será como principal fonte de inovação e projeção do cinema brasileiro
publicado um artigo “de uma comissão de investigação indepen- no país. No decorrer de sua trajetória, testemunhou o surgimento
dente em fase de constituição, requerida pelo diretor general da de uma nova geração de realizadores e favoreceu a visão de con-
ESA e que será coordenada pelo Inspetor General da ESA”. junto. Permitiu visualizar novos rumos, cresceu e renovou-se. A
No entanto, os responsáveis da missão Schiaparelli mantém o cada edição, imprime sua identidade e faz proposições consolidan-
otimismo. “Nós aprendemos muitas coisas com o Schiaparelli que do-se como um espaço enriquecedor de exibição e discussão do
contribuirão diretamente com a segunda missão ExoMars, que está cinema brasileiro contemporâneo, que a tornou única e desejada”,
sendo desenvolvida com os nossos parceiros internacionais e tem registra Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordena-
um lançamento previsto para 2020”, enfatiza Parker. dora da Mostra Tiradentes.
Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS GERAIS
Fonte: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2017/01/17/vai- As instituições administrativas, o tipo de construções dos
-comecar-a-20a-mostra-de-cinema-de-tiradentes/ povoados, vilas e cidades e a agricultura fazem parte da herança
portuguesa.
A Cultura Brasileira é o resultado da miscigenação No folclore brasileiro é evidente o grande número de festa e
de diversos grupos étnicos que participaram da formação da danças portuguesas que foram incorporadas ao país, entre elas, a
população brasileira. cavalhada, o fandango, as festas juninas (uma das principais festas
A diversidade cultural predominante no Brasil é consequência da cultura do nordeste) e a farra do boi.
também da grande extensão territorial e das características geradas As lendas do folclore (a cuca e o bicho papão), as cantigas
em cada região do país. de roda (peixe vivo, o cravo e a rosa, roda pião etc.) permanecem
O indivíduo branco, que participou da formação da cultura vivas na cultura brasileira.
brasileira fazia parte de vários grupos, que chegou ao país durante
a época colonial. Cultura Africana
Além dos portugueses, vieram os espanhóis, de 1580 a 1640, O negro africano foi trazido para o Brasil para ser empregado
durante a União Ibérica (período sob o qual Portugal ficou sob o como mão de obra escrava. Conforme as culturas que representavam
domínio da Espanha). (ritos religiosos, dialetos, usos e costumes, características físicas
Durante a ocupação holandesa no nordeste, de 1630 a 1654, etc.) formavam três grupos principais, os quais apresentavam
vieram flamengos ou holandeses, que ficaram no país, mesmo de- diferenças acentuadas: os sudaneses, os bantos e o malês. (suda-
pois da retomada da área pelos portugueses. Na colônia, aportaram neses islamizados).
ainda os franceses, ingleses e italianos. Salvador, no nordeste do Brasil, foi a cidade que recebeu o
Entretanto, foi dos portugueses que recebemos a herança cul- maior número de negros e onde sobrevivem vários elementos cul-
tural fundamental, onde a história da imigração portuguesa no Bra- turais como o “traje de baiana” (com turbante, saias rendadas,
sil confunde-se com nossa própria história. braceletes, colares), a capoeira, os instrumentos de música como
Foram eles, os colonizadores, os responsáveis pela formação ini- o tambor, atabaque, cuíca, berimbau e afoxé.
cial da população brasileira, através do processo de miscigenação com De modo geral, a contribuição cultural dos negros foi grande:
índios e negros africanos, de 1500 a 1808, portanto por três séculos, na alimentação (vatapá, acarajé, acaçá, cocada, pé de moleque
eram os únicos europeus que podiam entrar livremente no Brasil. etc.); nas danças (quilombos, maracatus e aspectos do bumba
meu boi); nas manifestações religiosas (o candomblé na Bahia,
A Formação da Cultura Brasileira a macumba no Rio de Janeiro e o xangô em alguns estados do
A formação da cultura brasileira, em seus vários aspec- nordeste).
tos, resultou da integração de elementos das culturas: indígena,
do português colonizador, do negro africano, como também dos Cultura dos Imigrantes
diversos imigrantes. Os imigrantes deixaram contribuições importantes na cultura
brasileira. A história da imigração no Brasil começou em 1808,
Cultura Indígena com a abertura dos portos às nações amigas, feita por D. João.
Foram muitas as contribuições dos índios brasileiros para a Assim, para povoar o território vieram famílias portuguesas,
nossa formação cultural e social. Do ponto de vista étnico, contri- açorianas, suíças, prussianas, espanholas, sírias, libanesas, polone-
buíram para o surgimento de um indivíduo tipicamente brasileiro: sas, ucranianas e japonesas que se estabeleceram no Rio Grande
o caboclo (mestiço de branco e índio). do Sul.
Na formação cultural, os índios contribuíram com o vocabu- O grande destaque foram os italianos e os alemães, que che-
lário, o qual possui inúmeros termos de origem indígena, como garam em grande quantidade. Eles se concentraram na região sul e
pindorama, anhanguera, ibirapitanga, Itamaracá, entre outros. sudeste do país, deixando importantes marcas de suas culturas para
Com o folclore, permaneceram as lenda como o curupira, o saci- o país, principalmente na arquitetura, na língua, na culinária,
-pererê, o boitatá, a iara, dentre outros. nas festas regionais e folclóricas.
A influência na culinária se fez mais presente em certas A cultura vinícola do sul do Brasil se concentra principalmen-
regiões do país onde alguns grupos indígenas conseguiram se te na região da serra gaúcha e de campanha, onde predomina des-
enraizar, como na região norte, onde os pratos típicos estão cendentes de italianos e alemães.
presentes, entre eles, o tucupi, o tacacá e a maniçoba. Na cidade de São Paulo, em virtude do grande fluxo de italia-
Raízes como a mandioca é usada para preparar a farinha, a nos, fez surgir bairros como o Bom Retiro, Brás, Bexiga e Barra
tapioca e o beiju. Diversos utensílios de caça e pesca, como a Funda, onde é marcante a presença de italianos, e com eles vieram
arapuca e o puçá. Por fim, diversos utensílios domésticos, foram as massas típicas como a macarronada, a pizza, a lasanha, o cane-
deixados como herança, entre eles, a rede, a cabaça e a gamela. lone, entre outras.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/cultura-brasileira/
Cultura Portuguesa
Portugal foi o país europeu que exerceu mais influência na
formação da cultura brasileira. Os portugueses realizaram uma
transplantação cultural para a colônia, destacando-se a língua
portuguesa, falada em todo o país e a religião católica, crença de
grande parte da população, com extenso calendário religioso, com
suas festas e procissões.
Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS GERAIS
Conceito A coleta do lixo de uma cidade deverá ter como meta atender
Os termos conservação e preservação são utilizados muitas a toda a população, pois o lixo não coletado de uma determinada
vezes como sinônimos, mas esse é um erro que precisamos corrigir área e lançado em terrenos baldios, causando, por exemplo, pro-
conhecendo a significação correta destas duas palavras. Foi nos blemas sanitários que afetarão à população.
Estados Unidos, por volta do final do século XIX que surgiram es- Geralmente os moradores deixam os recipientes com o lixo
tas duas correntes ideológicas conhecidas como conservacionismo na calçada, em frente às suas casas, apenas pouco tempo antes da
e preservacionismo (ECKHOLM, 1982). coleta. Evitando assim, que animais espalhem os resíduos, entre
O preservacionismo prega a preservação da natureza da forma outros aspectos negativos.
como essa é em seu estado natural e relaciona o ser humano como A coleta de lixo tem certa frequência, ou seja, o número de
um ser extremamente daninho para o meio ambiente. Esta corrente vezes que os coletores passam pelo local, entretanto alguns fatores
de pensamento tem em seus preceitos que a natureza deve ser man- influenciam esta decisão, como: o tipo de lixo gerado; as condi-
tida sem nenhuma interferência do ser humano. Devem ser criados ções climáticas; os recursos materiais e humanos à disposição do
parques nacionais estáticos de proteção ao meio ambiente, ou seja, órgão prestador de serviço; a limitação do espaço necessário ao
com o intuito explicitamente protetor, estes santuários intocáveis armazenamento do lixo pelo usuário em sua casa ou negócio.
estariam livres da exploração, degradação, consumo e até estudos Pode se considerar abaixo as seguintes frequências para a coleta:
feitos pelo ser humano. Diária (exceto domingo) - ideal para o usuário, principalmen-
Este tipo de pensamento preservacionista, atualmente é consi- te no que diz respeito à saúde pública. O lixo não precisaria ser
derado muitas vezes como radical, e as pessoas que pensam desta guardado por mais de um dia.
forma são apelidadas hoje pelos cientistas e pessoas que trabalham Três vezes - ideal para o sistema, considerando-se a relação
seriamente com a natureza de ecoloucos. Esse pensamento eviden- entre custo e benefício.
cia-se por meio de estudos, comprovando que o meio ambiente Duas vezes - o mínimo admissível sob o ponto de vista sanitá-
pode ser resguardado e explorado de maneira racional, como prega rio, para países de clima tropical.
o desenvolvimento sustentável, e sabe-se também que cada vez Para uma coleta eficaz, é necessário o planejamento pelo ór-
mais são encontradas formas para que o ser humano viva em har- gão responsável pelo serviço, seja ele público ou privado. Planejar
monia com a natureza.
significa tomar decisões de forma prudente, procurando sempre
O movimento conservacionista é mais consciente, exaltando
imaginar consequências.
o amor à natureza e ao meio ambiente aliado ao uso racional de
Deverão ser feitos alguns levantamentos, dentre eles desta-
matéria-prima e bens naturais, concorrendo com o auxílio e mane-
cam-se: as características topográficas e o sistema viário urbano.
jo criterioso pelos seres humanos. Fazendo com que possamos nos
Registrados em mapas, deverão caracterizar o tipo de pavimen-
perceber como parte integrante desta mesma natureza e do pro-
tação das vias, declividade, sentido e intensidade de tráfego; a
cesso gestor destes recursos. Esse modo de pensar é muitas vezes
definição das zonas de ocupação da cidade. As áreas delimitadas
visto como o meio termo entre o preservacionismo e o desenvolvi-
mento capitalista inicial (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO em mapas deverão indicar os usos predominantes, concentrações
AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988). comerciais, setores industriais, áreas de difícil acesso e/ou de baixa
Caracterizando assim, como pensamento da maioria dos movi- renda, os dados sobre população total, urbana, quantidade média
mentos ambientalistas sérios e responsáveis, que acreditam e apli- de moradores por residência e, caso houver, o número expressivo
cam o desenvolvimento sustentável com qualidade de vida e con- de moradores temporários; a geração e a composição do lixo; os
servação dos atributos essenciais para uma natureza saudável e sem costumes da população, onde deverão ser destacados os mercados
excessos capitalistas e irresponsáveis por parte dos seres humanos. e feiras livres, exposições permanentes ou em certas épocas do
A reciclagem, a mudança dos padrões de consumo capitalis- ano, festas religiosas e locais preferidos para a prática do lazer; a
tas, a igualdade social com justiça, o uso de energias renováveis, o disposição final do lixo.
respeito à biodiversidade e principalmente a inclusão das políticas
ambientais nos processos de tomadas de decisões no âmbito políti- Tipos de lixo que são coletados:
co, empresarial e mundial são princípios defendidos pelo modo de A Prefeitura ou o órgão prestador do serviço devera regula-
agir proposto pelo conservacionismo. mentar os tipos de resíduos a serem removidos pelo serviço de
A criação de áreas de preservação responsáveis para ecos- coleta.
sistemas frágeis e que contenham grande número de espécies em Geralmente são coletados os seguintes tipos de lixo: domici-
perigo de extinção é uma das ações defendidas pela corrente con- liar; de grandes estabelecimentos comerciais; industrial, quando
servacionista. não tóxico ou perigoso; de unidades de saúde e de farmácias; ani-
Artigo por Colunista Portal - Educação - quinta-feira, 14 de mais mortos de pequeno porte; folhas e pequenos arbustos prove-
março de 2013. nientes de jardins particulares; resíduos volumosos, como móveis,
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/arti- veículos abandonados e materiais de demolição. Estes necessitam
gos/38694/conservacao-e-preservacao-do-meio-ambiente-concei- de um serviço especial para sua retirada, devendo, portanto, ser
tos-e-definicoes cobrado dos usuários.
Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS GERAIS
Formas de tratamento e disposição final de lixo urbano: A reciclagem do lixo urbano
A destinação ou disposição final, como o próprio nome suge- Apesar do significado abrangente do termo, a reciclagem vem
re, é a última fase de um sistema de limpeza urbana. Geralmente sendo atualmente considerada, acima de tudo, um método de re-
esta operação é efetuada imediatamente após a coleta. Em alguns cuperação energética. Dentro deste conceito, podem-se classificar
casos, entretanto, antes de ser disposto o lixo é processado, isto é, as diversas formas de reciclagem de acordo com a maior ou menor
sofre algum tipo de beneficiamento, visando melhores resultados recuperação de energia de cada processo. Assim: Máximo índice
econômicos, sanitários e/ou ambientais. de recuperação - Aí se enquadra a seleção de materiais que pode-
Quando o processamento tem por objetivo fundamental a di- rão ser novamente utilizados, sem qualquer beneficiamento indus-
minuição dos inconvenientes sanitários ao homem e ao meio am- trial, a não ser lavagem e eventual esterilização. Exemplo: garrafas
biente, diz-se então que o lixo foi submetido a um tratamento. inteiras de refrigerantes ou de cerveja.
Várias são as formas de processamento e disposição final apli- Médio índice de recuperação - Neste caso, há necessidade de
cáveis ao lixo urbano. Na maioria das vezes, ocorrem associadas. se proceder algum beneficiamento industrial ao produto recupe-
As mais conhecidas são: rado a fim de transformá-lo novamente em material reutilizável.
Compactação: Trata-se de um processamento que reduz o Exemplo: cacos de vidro, metais e embalagens de plástico.
volume inicial de lixo de 1/3 a 1/5, favorecendo o seu posterior Recuperação biológica - Trata-se de uma particularização do
transporte e disposição final. Isto pode se dar nas estações de trans- caso anterior, isto é, médio índice de recuperação, só que referente
ferência, conforme já comentado. às frações orgânicas do lixo. É o caso da produção de adubo orgâ-
Trituração: Consiste na redução da granulometria dos resíduos nico e da obtenção de combustível gasoso (metano).
através de emprego de moinhos trituradores, objetivando diminuir Baixo índice de recuperação - Neste caso esta inserido o apro-
o seu volume e favorecer o seu tratamento e/ou disposição final. veitamento do poder calorífico dos materiais combustíveis pre-
Incineração: Este processo visa à queima controlada do lixo sentes no lixo, mediante sua incineração. Por exemplo, quando se
em fornos projetados para transformar totalmente os resíduos em queima um saco plástico, a energia liberada é menor que a utiliza-
material inerte, propiciando também uma redução de volume e de da no seu processo de fabricação, desde a matéria-prima (petróleo)
peso. Do ponto de vista sanitário é excelente. A desvantagem fica até o produto acabado (saco plástico).
por conta dos altos custos de instalação e operação, além dos riscos No planejamento de um sistema de reciclagem, deve-se ter
de poluição atmosférica, quando o equipamento não for adequada- sempre como objetivo principal a obtenção do maior balanço ener-
mente projetado e/ou operado. gético possível.
Aterro (sanitário e controlado):
A rigor, é o único método de disposição final propriamente Características básicas de uma usina de reciclagem para cida-
dito. Consiste basicamente em: des de pequeno e médio portes:
a) compactação dos resíduos em camadas sobre o solo, empre- O melhor caminho para se explicar tudo isto é através de um
gando-se, por exemplo, um trator de esteira; exemplo.
b) o seu recobrimento com uma camada de terra ou outro ma- Assim, considere as seguintes situações:
terial inerte; - cidade de pequeno ou médio porte;
c) adoção de procedimentos para proteção do meio ambiente. - coleta domiciliar operando regularmente;
Compostagem: Trata-se de método para decomposição do - composição gravimétrica do lixo: acima de 20% em peso dos
material orgânico existente no lixo, sob condições adequadas, de subprodutos recicláveis (papelão, plástico, meteis ferrosos, metais
forma a se obter um composto orgânico para utilização na agri- não-ferrosos e vidros);
cultura. - teor de matéria orgânica do lixo: acima de 209to;
- indústrias próximas à cidade:
Reciclagem: - recuperação de papelão;
A reciclagem dos materiais recuperáveis no lixo urbano tem - recuperação de plástico;
cada vez maior aceitação no mundo. As vantagens econômicas, - pequenas fundições;
sociais, sanitárias e ambientais sobre os outros métodos são evi- - indústria de bebidas;
dentes. - área agrícola na periferia onde se cultivam hortigranjeiros ou
Este processo constitui importante forma de recuperação culturas perenes.
energética, especialmente quando associado a um sistema de com- Nesta situação poderia ser desenvolvido um projeto para ins-
postagem. Apenas alguns componentes do lixo urbano não podem talação de uma usina de reciclagem com as seguintes caracterís-
ser reaproveitados. É o caso de louças, pedras e restos de apare- ticas:
lhos sanitários, que até o momento, pelo menos, não tem nenhum - baixo custo de investimento;
aproveitamento econômico. Outros são considerados resíduos pe- - utilização intensiva de mão de obra com baixa qualificação;
rigosos, como restos de tinta e pilhas, por exemplo, e devem ser - uso de tecnologia simplificada que permita baixos custos de
separados para evitar a contaminação do composto. Dependendo manutenção e operação;
das características regionais, a reciclagem pode representar um fa- - baixo consumo energético;
tor importante de redução de custos dentro do sistema de limpeza - compostagem em leiras a céu aberto.
urbana. Um projeto de concepção simples pode trazer outro benefício
(Texto extraído e adaptado do site: http://www.ibam.org.br/ ao Município, que é a utilização de indústrias locais para fabrica-
media/arquivos/estudos/cartilha_limpeza_urb.pdf) ção de boa parte dos equipamentos.
Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS GERAIS
Os equipamentos auxiliares em uma usina podem ser: pá car- Sistema de esgotos
regadeira; micro trator agrícola; veículo de carga leve com carro- Despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados
ceria aberta; carrocinhas ou contenedores com rodízios para trans- devido à atividade normal de uma comunidade.
porte de reciclados. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de
O projeto pode ser dividido de acordo com as fases de ope- contato de despejos, esgoto e dejetos humanos com a população,
ração que são basicamente quatro: recepção do lixo coletado e águas de abastecimento, vetores de doenças e alimentos. O siste-
seleção de materiais de grande porte; recuperação de materiais e ma de esgotos ajuda a reduzir despesas com o tratamento tanto da
trituração (se houver) do lixo; compostagem (ou cura); peneira- água de abastecimento quanto das doenças provocadas pelo conta-
mento do composto orgânico para comercialização, 60 ou 90 dias to humano com os dejetos, além de controlar a poluição das praias.
após o início da cura. O esgoto (também chamado de águas servidas) pode ser de vários
(Texto extraído e adaptado do site: http://www.ibam.org.br/ tipos: sanitário (água usada para fins higiênicos e industriais), sép-
media/arquivos/estudos/cartilha_limpeza_urb.pdf ticos (em fase de putrefação), pluviais (águas pluviais), combinado
(sanitário + pluvial), cru (sem tratamento), fresco (recente, ainda
com oxigênio livre).
Existem soluções para a retirada do esgoto e dos dejetos, ha-
vendo ou não água encanada.
SANEAMENTO BÁSICO. ISO´S. Existem três tipos de sistemas de esgotos :
• sistema unitário: é a coleta do esgotos pluviais, domésti-
cos e industriais em um único coletor. Tem custo de im-
plantação elevado, assim como o tratamento também é
Saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou caro.
modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de pre- • sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam
venir doenças e promover a saúde. Saneamento básico se restringe separados do esgoto pluvial. É o usado no Brasil. O custo
ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem de implantação é menor, pois as águas pluviais não são
inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades de saneamento são: tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico, que tem prio-
controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas, ridade por necessitar tratamento. Assim como o esgoto
locais de trabalho e de lazer e habitações. industrial nem sempre pode se juntar ao esgoto sanitário
Normalmente qualquer atividade de saneamento tem os se- sem tratamento especial prévio.
guintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da • sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma par-
qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indi- te de águas pluviais.
víduo e facilitar a atividade econômica. A contribuição domiciliar para o esgoto está diretamente rela-
cionada com o consumo de água.
Abastecimento de água As diferenças entre água e esgoto é a quantidade de micror-
A água própria para o consumo humano chama-se água potá- ganismos no último, que é tremendamente maior. O esgoto não
vel. Para ser considerada como tal ela deve obedecer a padrões de precisa ser tratado, depende das condições locais, desde que estas
potabilidade. Se ela tem substâncias que modificam estes padrões permitam a oxidação. Quando isso não é possível, ele é tratado em
ela é considerada poluída. As substâncias que indicam poluição uma Estação de Tratamento. Também existe o processo das lagoas
por matéria orgânica são: compostos nitrogenados, oxigênio con- de oxidação.
sumido e cloretos.
Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução cole- Disposição do Lixo
tiva, excetuando-se comunidades rurais muito afastadas. As partes O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da ativi-
do Sistema Público de Água são: dade humana. Ele é constituído de substâncias putrescíveis, com-
Manancial bustíveis e incombustíveis. O problema do lixo tem objetivo co-
Captação mum a outras medidas, mais uma de ordem psicológica: o efeito
Adução da limpeza da comunidade sobre o povo. O lixo tem que ser bem
Tratamento acondicionado para facilitar sua remoção. Às vezes, a parte orgâ-
Reservação nica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto. Se isso facilita a
Reservatório de montante ou de jusante remoção do lixo e sua possível coleta seletiva, também representa
Distribuição mais uma carga para o sistema de esgotos. Enquanto a parte inor-
As redes de abastecimento funcionam sob o princípio dos va- gânica do lixo vai para a possível reciclagem, a orgânica pode ir
sos comunicantes. para a alimentação dos porcos.
A água necessita de tratamento para se adequar ao consumo. O sistema de coleta tem que ter periodicidade regular, interva-
Mas todos os métodos têm suas limitações, por isso não é possível los curtos, e a coleta noturna ainda é a melhor, apesar dos ruídos.
tratar água de esgoto para torná-la potável. Os métodos vão desde O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enter-
a simples fervura até correção de dureza e corrosão. As estações rado, ir para um aterro sanitário (o mais indicado) ou incinerado.
de tratamento se utilizam de várias fases de decantação e filtração, Também pode ter suas graxas e gorduras recuperadas, ser fermen-
além de cloração. tado ou passar pelo processo Indore.
Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS GERAIS
Doenças causadas pela falta de saneamento básico Entre 2015 e 2016, o PIB (Produto Interno Bruto) gaúcho
Existem mais de 100 doenças, entre as quais cólera, amebíase, deve cair mais de 7%. A gestão Sartori vem fazendo cortes de des-
vários tipos de diarreia, peste bubônica, lepra, meningite, pólio, pesas e demissões, aprovou a reforma da previdência e aumentou o
herpes, sarampo, hepatite, febre amarela, gripe, malária, leptospi- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mas
rose, Ebola, etc. isso não foi suficiente para elevar a arrecadação.
Fonte: http://www.economiabr.net/economia/3_saneamen- Fonte: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noti-
to_basico.html cias/2016/11/22/estado-do-rio-grande-do-sul-faliu-afirma-secreta-
rio-de-sartori.htm
Razões da crise
O secretário Búrigo atribuiu a crise financeira aos seguidos
déficit nas contas públicas do Estado nos últimos 45 anos, ao au-
mento da folha de pagamento acima da inflação nesta década e ao
desaquecimento da economia.
Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS GERAIS
4. Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instru-
mentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiên-
DADOS DA SUSEPE.
cia do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacio-
nal de Capitalização;
5. Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição,
A SUSEP é o órgão responsável pelo controle e fiscalização assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que
dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização neles operem;
e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, foi 6. Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram
criada pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. o mercado;
7. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas enti-
Missão: “Regular, supervisionar e fomentar os mercados de dades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões
seguros, resseguros, previdência complementar aberta, capitaliza- técnicas;
ção e corretagem, promovendo a inclusão securitária e previden- 8. Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer
ciária, bem como a qualidade no atendimento aos consumidores.” as atividades que por este forem delegadas;
9. Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.
Composição Atual do CNSP
Questões:
MINISTRO DA FAZENDA - Presidente
1) O Senado Federal aprovou a proposta de reforma polí-
SUPERINTENDENTE DA SUSEP - Presidente Substituto tica, que, entre outras medidas, criou a “cláusula de barreira”,
para reduzir o número de partidos políticos. Segundo tal cláu-
Representante do Ministério da Justiça sula, os partidos precisam de:
a) 1% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Depu-
Representante do Ministério da Previdência e Assistência So- tados em 2018 e, 2% a partir de 2022.
cial b) 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Depu-
Representante do Banco Central do Brasil tados em, pelo menos, 16 Estados, em 2018, e 3% a partir de 2022,
com 1,5% dos votos válidos em 14 Estados.
Representante da Comissão de Valores Mobiliários c) 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos De-
putados, distribuídos em, ao menos, 14 Estados, em 2018, e 3% a
Atribuições do CNSP partir de 2022, com 2% dos votos válidos em 14 Estados.
d) 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos De-
1. Fixar diretrizes e normas da política de seguros privados; putados, distribuídos em, ao menos, 14 Estados, em 2018, e 2% a
2. Regular a constituição, organização, funcionamento e fisca- partir de 2022 em 20 Estados.
lização dos que exercem atividades subordinadas ao Sistema Na- d) 1% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos De-
cional de Seguros Privados, bem como a aplicação das penalidades putados, distribuídos em, ao menos, 14 Estados, em 2018, e 2% a
previstas; partir de 2022 em 20 Estados.
3. Fixar as características gerais dos contratos de seguro, pre-
vidência privada aberta, capitalização e resseguro; 2) Com a saída de Marcelo Calero do Ministério da Cul-
tura, após o imbróglio envolvendo o também ministro Geddel
4. Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
Vieira Lima, quem assumiu a pasta foi o deputado:
5. Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB;
a) Roberto Freire
6. Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Se-
b) Eliseu Padilha
guradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada
c) Torquato Jardim
Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos
d) Leonardo Picciani
das respectivas operações;
e) Ricardo Barros
7. Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de cor-
retor.
3) No terceiro trimestre de 2016, o PIB brasileiro apre-
sentou:
Atribuições da SUSEP a) Queda de 0,5%
b) Alta de 0,1%
1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e c) Alta de 0,3%
operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entida- d) Queda de 0,8%
des de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade e) Queda de 1%
de executora da política traçada pelo CNSP;
2. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança po- 4) Em novembro de 2016, a primeira turma do Supremo
pular que se efetua através das operações de seguro, previdência Tribunal Federal (STF) aprovou a descriminalização do abor-
privada aberta, de capitalização e resseguro; to, desde que ocorra até o:
3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mer- a) 1º mês
cados supervisionados; b) 2º mês
Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS GERAIS
c) 3º mês
d) 4º mês
e) 5º mês
5) O avião que vitimou a equipe da Chapecoense, deixando 71 mortos, tinha como destino a cidade de:
a) Bogotá, na Colômbia
b) Medellín, na Colômbia
c) Quito, no Equador
d) Buenos Aires, na Argentina
e) Caracas, na Venezuela
7) A Revolução Cubana, ocorrida em 1959, destituiu o ditador Fulgêncio Batista. Tal Revolução teve como líder uma importante
figura do século XX, que faleceu em novembro de 2016:
a) Raúl Castro
b) Hugo Chávez
c) Nikita Kruchev
d) Fidel Castro
e) Evo Morales
Gabarito: 1-C/2-A/3-D/4-C/5-B/6-E/7-D/8-C
Didatismo e Conhecimento 58
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES D) a conservação das florestas favorece a implantação de
modelos econômicos sem sustentabilidade.
E) a destruição das florestas reflete a tendência antagôni-
1 (TJ/SC - Analista - TJSC/2011) O impacto das ações ca entre o crescimento econômico e a conservação ambiental.
humanas nas paisagens naturais do Brasil vem aumentando
nos últimos anos. Os ecossistemas Brasileiros já sofreram e O Código Florestal inclui regras sobre conservação de flo-
ainda sofrem sérias interferências humanas ocasionando
restas, inclusive em propriedades privadas. A alternativa (A) está
a sua degradação. Em um dos ecossistemas Brasileiros os
errada. A alternativa (B) está errada, pois economia verde é o
principais problemas ambientais são:
I - Aumento das queimadas para a renovação das pas- termo que se utiliza para designar uma economia em consonân-
tagens. cia com o principio do desenvolvimento sustentável, e não que
II - Contaminação das águas devido ao uso intenso e impeça a sustentabilidade. A alternativa (C) está errada, uma vez
indiscriminado de agrotóxicos nos cultivos de exportação que a implantação de áreas de reflorestamento sem fins econômi-
próximos. cos tem potencial para ajudar a encontrar solução para quadro de
III - Destruição das matas ciliares ocasionando o asso- degradação ambiental. A alternativa (D) está incorreta, visto que
reamento do leito dos rios pela erosão de suas margens. a conservação das florestas favorece a implantação de modelos
IV - A extração mineral com a contaminação das águas econômicos com sustentabilidade. A alternativa (E) está correta.
por metais pesados. Durante séculos, verificou-se a destruição de florestas e, ao mes-
V - A caça e a pesca ilegais. mo tempo, o crescimento econômico contínuo, o que leva muitos
Estamos nos referindo aos impactos ambientais no a acreditar que preservação ambiental e crescimento econômico
ecossistema: são excludentes. Mas essa concepção tem que mudar, pois o pla-
A) Do Pantanal neta não suportará agressões contínuas e crescentes ao meio am-
B) Dos Mangues
biente e isso tem consequência direta para os seres humanos. Por
C) Das Araucárias
isso, discutem-se tanto, atualmente, formas de se alcançar um
D) Das Restingas
desenvolvimento sustentável, que permita o crescimento econô-
E) Da Caatinga
mico e, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente, como
Todas as alternativas degradam os ecossistemas, porém
apenas um dos ecossistemas sofre com todos esses problemas, das florestas, por exemplo.
alias, é o ecossistema mais ameaçado no Brasil atualmente
(junto com a Mata Atlântica). Sua contaminação e uso desen- RESPOSTA: “E”.
freado pela ação humana pode acarretar em seu “fim”, devido a
sua grande biodiversidade. 8.(PM/MG – SOLDADO DA POLICIA MILITAR
– CRSP/2013) - A ideia de desenvolvimento sustentável
RESPOSTA: “A”. tem sido cada vez mais discutida junto às questões que se
referem ao crescimento econômico.” De acordo com esse
2 (UNESP – VESTIBULAR – VUNESP/2012) – conceito, marque a alternativa CORRETA que caracteriza
a ideia de desenvolvimento sustentável.
A) são as riquezas acumuladas nos países ricos em
prejuízo das antigas colônias, durante a expansão colonial,
que devem, hoje, sustentar o crescimento econômico dos
povos.
B) o meio ambiente é fundamental para a vida humana
e, portanto, deve ser intocável.
C) os países subdesenvolvidos são os únicos que
praticam esta ideia, pois, por sua baixa industrialização,
A análise da ação e do diálogo das personagens demons- preservam melhor o seu meio ambiente do que os países
tram que ricos.
A) não existe legislação Brasileira específica para a con- D) se deve buscar uma forma de progresso
servação das florestas nas propriedades privadas. socioeconômico que não comprometa o meio ambiente
B) a economia verde impede a implantação de modelos sem que, com isso, deixemos de utilizar os recursos nele
econômicos ligados ao desenvolvimento sustentável. disponíveis.
C) a implantação de áreas de reflorestamento sem fins
econômicos é um processo inócuo para a solução do quadro Em 1987, surgiu o termo desenvolvimento sustentável,
de degradação ambiental. no Relatório Brundtland, que passou a ser conhecido e
usado frequentemente a partir Conferência ambiental Eco
Didatismo e Conhecimento 59
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. Segundo esse 14.(UFMT – VESTIBULAR – VUNESP/2012) –
relatório, desenvolvimento sustentável é conceituado como Assinale a alternativa que identifica a Conferência da
“o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da ONU que pretendeu aprofundar as discussões e propostas
geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações favoráveis ao novo mercado verde, com uso de energia
futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa limpa, e gerar soluções para a diminuição da poluição.
possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um Paralelo a essa Conferência ocorreu a Cúpula dos Povos
nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de por Justiça Social e Ambiental, evento da sociedade civil
realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um para debater temas relacionados às causas estruturais da
uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e crise ambiental e ecológica.
os habitat naturais”. A) Rio 92, realizada em 1992, com um programa de
ação, agenda 21, para que todos os países pudessem adotar
RESPOSTA: “D”. o desenvolvimento sustentável.
B) Rio+20, realizada em junho de 2012, sobre
11.(UFMT – VESTIBULAR – VUNESP/2012) desenvolvimento sustentável.
- Relatório ambiental de 2010 da ONU calcula que C) Metas do milênio, estabelecidas em 2000, com 8
50 milhões de toneladas de produtos descartáveis e metas.
altamente tóxicos são produzidas anualmente. Oriundos D) Protocolo de Quioto, realizado em 1997, no Japão,
principalmente dos Estados Unidos e da Europa, esses quando a maioria dos países desenvolvidos firma o
produtos descartados são levados, sobretudo, para a Ásia compromisso de reduzir as emissões de gás carbônico.
e a África, onde rendem dinheiro, mas geram inúmeros E) Primeira conferência mundial sobre meio ambiente
problemas de saúde. A obsolescência programada virou realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia.
regra nesses produtos: nos anos 90 a sua vida média era
de quatro anos, hoje, é de apenas um ano e meio. A Conferência Rio 92 visava mais a lançar discussões sobre
(Veja, dezembro de 2011. Adaptado.) o desenvolvimento sustentável do que aprofundá-las. Em 1992, o
tema ainda era relativamente novo no âmbito intergovernamental,
O texto refere- se a um dos problemas ambientais de embora cientistas e sociedade civil já discutissem a questão
mais rápido crescimento no mundo, o do lixo que contém ambiental há mais tempo. A alternativa (A) está incorreta.A
A) garrafas pet. alternativa (B) está correta. A Rio + 20 tinha o objetivo de
B) derivados do petróleo. aprofundar as discussões sobre desenvolvimento sustentável
C) plásticos. iniciadas 20 anos antes durante a Eco 92.A alternativa (C) está
D) eletrônicos. incorreta. Os objetivos do Milênio da ONU foram lançados em
E) latas de alumínio. 2000 e não se limitam à questão ambiental, incluindo, também,
os seguintes temas: miséria; educação; mortalidade infantil;
Uma vez que o texto trata do descarte de produtos igualdade de gênero; saúde da gestante; combate à AIDS,
eletrônicos e de seus impactos para o meio ambiente. malária e outra doenças; e desenvolvimento. A alternativa (D)
Exemplos de lixo eletrônico são celulares, computadores, está incorreta, pois o Protocolo de Quioto se refere a um tratado
televisores, tablets, dentre outros produtos similares. O por meio do qual os Estados se comprometeram a tomar atitudes
grande problema do descarte irregular desses produtos reside para amenizar as mudanças climáticas no planeta, prevendo
no fato de que eles possuem diversos elementos químicos em compromissos para a redução de emissão de gases de efeito
sua composição, como o cádmio, o chumbo e o mercúrio, estufa. A alternativa (E) está incorreta, pois a Conferência de
que são altamente prejudicais ao meio ambiente e à saúde Estocolmo, embora tenha sido o primeiro passo no sentido de se
humana. Eles podem contaminar gravemente o solo e o lençol estabelecer um regime internacional do meio ambiente, não teve
freático dos locais em que são descartados, assim como o ar, muitos resultados práticos nem aprofundou discussões sobre o
por meio da liberação de toxinas caso sofram combustão. O tema.
texto usa o termo obsolescência programada e isso significa
que os produtos, de maneira geral, são feitos cada vez mais RESPOSTA: “B”.
com qualidade baixa, para que estraguem rapidamente, de
modo a forçar os consumidores a comprarem novos produtos. 0.(PM/SP – OFICIAL DE POLICIA MILITAR –
No ramo dos eletrônicos, isso ocorre de maneira sistemática. VUNESP/2012) - Sua formalização constituiu-se no marco
A durabilidade de computadores e celulares é cada vez menor. do ambientalismo contemporâneo. Este documento foi
Dessa forma, o descarte de lixo eletrônico tem aumentado elaborado e aprovado, em 1992, durante a ECO-92,
muito, gerando problemas ambientais graves. realizada na cidade do Rio de Janeiro/RJ, pelos 179 países
participantes. Considerado o principal documento mundial
sobre o meio ambiente, ele é entendido como um programa
RESPOSTA: “D”.
Didatismo e Conhecimento 60
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
de metas e ações cujo objetivo maior busca garantir a contaminação dos alimentos por produtos químicos, têm-se
biodiversidade mundial, por meio de um novo padrão de tornado pauta nos principais fóruns ambientais no mundo
desenvolvimento em âmbito nacional, estadual e municipal, globalizado.
capaz de conciliar os métodos de proteção ambiental, ( ) Consciência Ecológica da Humanidade passa pela
a justiça social e a eficiência econômica, chamado de leitura de que todos estamos numa mesma “nave espacial”.
Desenvolvimento Sustentá- vel. Recentemente, também foi É imperativo para sobrevivência da humanidade um
palco de debate e avaliação durante a recente conferência relacionamento harmonioso com a natureza.
internacional, realizada na cidade do Rio de Janeiro/RJ, em A alternativa que apresenta a sequência correta é
junho de 2012, a RIO+20. A) F V F V V
O documento mencionado refere-se B) F FF V V
A) à declaração do rio sobre meio ambiente e C) V F V F V
desenvolvimento. D) V F V VV
B) à agenda 21. E) F FF V V
C) aos princípios para a administração sustentável das
A alternativa correta é a letra (D), pois somente a segunda
florestas.
assertiva é falsa. Nela, se afirma que a multiplicação de usinas
D) à convenção da biodiversidade.
nucleares, a radioatividade e o lixo atômico não são danosos
E) às convenções sobre mudança do clima.
ao meio ambiente, o que não é verdade. A produção de energia
nuclear é muito mais arriscada do que outros tipos de energia,
Uma vez que a descrição feita no enunciado corresponde à como a hidrelétrica e a termoelétrica. Todo método de produção
Agenda 21. A Declaração do Rio também ocorreu no âmbito da de energia gera algum tipo de impacto ambiental, mas, no caso
Eco – 92, mas se constituiu em um documento que reafirmava a da nuclear, os riscos são maiores, pois qualquer acidente ou erro
Declaração feita na conferência anterior sobre o meio ambiente, tem potencial para causar grandes desastres. Um exemplo é a
que aconteceu em Estocolmo em 1972. A Declaração da Eco 92 usina de Fukushima, no Japão, que foi destruída pelo maremoto
continha 27 princípios. No que se refere aos Princípios para a em 2011. Mesmo o Japão sendo um país desenvolvido, não
Administração Sustentável das Florestas, eles também foram conseguiu evitar a emissão de radiação. Além disso, a atividade
propostos na Eco 92, mas se relacionavam especificamente com em si, mesmo quando é feita sem que ocorram acidentes, é
o desenvolvimento sustentável das florestas. Já a Convenção naturalmente mais prejudicial ao meio ambiente, já que a
da Biodiversidade foi um dos dois documentos vinculantes da radioatividade e a produção de lixo atômico são inevitáveis
Eco 92, assinada por 156 países, e que visava à “conservação durante o processo de produção de energia nuclear.
da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes
e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a RESPOSTA: “D”.
utilização de recursos genéticos”. Por fim, a Convenção sobre
Mudança do Clima foi o segundo documento vinculante da Eco 160. (PC/MG – POLICIA CIVIL – FUMARC/2011) – A
92, assinado por 154 países, e que objetivava, principalmente, preservação do meio ambiente requer conhecimentos dos
elementos fundamentais que o constituem. Nesse contexto,
a regulamentação da questão da mudança climática e suas
é INCORRETO afirmar que
consequências.
A) as unidades fisiógrafas definidas pelas variáveis
ambientais de uma região, indicando os recursos minerais
potenciais e as aptidões da terra.
72.(UEPB – VESTIBULAR – COMVEST/2010) – B) a delimitação espacial das bacias hidrográficas e sua
Indique com F ou V, conforme sejam Falsas ou Verdadeiras, constituição influem no volume, qualidade e distribuição
as proposições que tratam da crise ambiental e da das águas.
consciência ecológica. C) a erosão pluvial, causada pela ação de chuvas
( ) A crise ambiental é planetária. Não se trata de focos contínuas e intensas em uma determinada área, gera
isolados de poluição. A biosfera a cada dia se contamina o desgaste do solo, arrasta materiais e pode provocar
mais com a propagação da radiação que ocorre em países deslizamentos de terra.
industrializados. D) a lua, responsável pelas marés, é o principal agente
( ) A multiplicação de usinas nucleares, a radioatividade que atua sobre os lençóis freáticos, condicionando no maior
e o lixo atômico não são danosos ao meio ambiente. ou menor volume de água no solo.
( ) O acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera Todas as alternativas estão corretas, menos a “d”, devido
ocasiona o crescimento do efeito estufa, elevando as médias a lua não controlar o volume dos lençóis freáticos e sim
térmicas de grande parte dos climas do planeta. “somente” as marés e de todos os elementos fundamentais,
( ) A crescente poluição dos mares e oceanos, o avanço da esta é de grau menor.
desertificação, o desmatamento acelerado das florestas com
a extinção irreversível de milhares de espécies, somados à RESPOSTA: “D”.
Didatismo e Conhecimento 61
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
197. (UERJ/RJ – VESTIBULAR – UERJ/2010) –
A comparação entre os gráficos permite associar as mudanças na rede de transporte aos seus impactos ambientais.
A principal consequência sobre o meio ambiente resultante dos investimentos na matriz de transportes da União
Europeia entre 1970 e 2004 é:
(A) Agravamento Do Aquecimento Global
(B) Acentuação Do Fenômeno Da Ilha De Calor
(C) Aceleração Do Processo De Desmatamento
(D) Aumento Da Destruição Do Ozônio Estratosférico
O aquecimento global, segundo o ponto de vista da maior parte dos cientistas, é um fenômeno provocado pelo aumento da
concentração atmosférica de gases que potencializam o efeito estufa natural. Esses gases têm origem antrópica - ou seja, derivam
da ação do homem sobre o meio ambiente -, sendo os meios de transporte modernos os responsáveis por significativa parcela dessas
emissões, em proporções diferenciadas, conforme pode ser observado no segundo gráfico. Uma vez que cerca de quatro quintos das
emissões provêm do transporte rodoviário, a opção da União Europeia por ampliar a extensão dessa rede contribui para o agravamento
do problema ambiental em questão.
RESPOSTA: “A”.
Didatismo e Conhecimento 62
Índice
• Agente Penitenciário
• Agente Penitenciário Administrativo
Volume II
Edital de Abertura nº 01/2017
Edital de Abertura nº 02/2017
JN061-b-2017
LEGISLAÇÃO APLICADA
Didatismo e Conhecimento
Índice
A proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental..........................................................................................................................................................................................226
Estatuto do Idoso.................................................................................................................................................................227
Registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm........... 237
O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas...................................................................................................................................242
Quadro Especial de Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul, da Superintendência dos Serviços
Penitenciários – SUSEPE..........................................................................................................................................................250
Declaração Universal Dos Direitos Humanos...................................................................................................................253
Código Penal........................................................................................................................................................................262
Código de Processo Penal...................................................................................................................................................300
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)...............................353
Regimento Disciplinar Penitenciário do Estado do Rio Grande do Sul.........................................................................354
Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil.................................................................................................358
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.................................................................................................................362
Didatismo e Conhecimento
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Atenção
SAC
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Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
Didatismo e Conhecimento
LEGISLAÇÃO APLICADA
LEGISLAÇÃO APLICADA
TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MU-
LEI MARIA DA PENHA. LHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência domés-
tica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de nº 150, de 2015)
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dis- espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
põe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Fami- familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
liar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código II - no âmbito da família, compreendida como a comunida-
Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. de formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente
de coabitação.
TÍTULO I Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES independem de orientação sexual.
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher cons-
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio- titui uma das formas de violação dos direitos humanos.
lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimina- CAPÍTULO II
ção de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Conven- DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
ção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência CONTRA A MULHER
contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juiza- Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabe- mulher, entre outras:
lece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
violência doméstica e familiar. ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer con-
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, duta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli- ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, mani-
sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfei- pulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
çoamento moral, intelectual e social. insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do di-
reito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o saúde psicológica e à autodeterminação;
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à ali- III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
mentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação se-
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, xual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso
ao respeito e à convivência familiar e comunitária. da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem ga- modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
rantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou mani-
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e pulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais
opressão. e reprodutivos;
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu-
condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enun- ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
ciados no caput. seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins a satisfazer suas necessidades;
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu- V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. configure calúnia, difamação ou injúria.
Didatismo e Conhecimento 1
LEGISLAÇÃO APLICADA
TÍTULO III § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mu-
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIO- lher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de
LÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência do-
CAPÍTULO I méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló-
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO gica:
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, in-
e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti- tegrante da administração direta ou indireta;
culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o
Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério § 3o A assistência à mulher em situação de violência domés-
Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança públi- tica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes
ca, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexual-
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou mente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência
etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistemati- cabíveis nos casos de violência sexual.
zação de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação
periódica dos resultados das medidas adotadas; CAPÍTULO III
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência
e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que to-
no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição mar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as provi-
Federal; dências legais cabíveis.
IV - a implementação de atendimento policial especializado Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
Mulher; Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras pro-
prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, vol- vidências:
tadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mu- de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
lheres; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou Instituto Médico Legal;
outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover- III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
lência doméstica e familiar contra a mulher; retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, familiar;
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei
pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às e os serviços disponíveis.
questões de gênero e de raça ou etnia; Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
VIII - a promoção de programas educacionais que dissemi- contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
nem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa hu- policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
mana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equi- representação a termo, se apresentada;
dade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência do- II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
méstica e familiar contra a mulher. do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expedien-
CAPÍTULO II te apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIO- medidas protetivas de urgência;
LÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência do- ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
méstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os V - ouvir o agressor e as testemunhas;
princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Seguran- autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência
ça Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais
emergencialmente quando for o caso. contra ele;
Didatismo e Conhecimento 2
LEGISLAÇÃO APLICADA
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao III - comunicar ao Ministério Público para que adote as pro-
juiz e ao Ministério Público. vidências cabíveis.
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce-
de policial e deverá conter: didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido
I - qualificação da ofendida e do agressor; da ofendida.
II - nome e idade dos dependentes; § 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi-
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solici- das de imediato, independentemente de audiência das partes e de
tadas pela ofendida. manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referi- comunicado.
do no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos § 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
disponíveis em posse da ofendida. ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron- por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. nesta Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
TÍTULO IV pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên-
DOS PROCEDIMENTOS cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote-
ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
CAPÍTULO I Ministério Público.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de representação da autoridade policial.
Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva
à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que sub-
estabelecido nesta Lei. sista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar con- justifiquem.
tra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e
nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado consti-
execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica
tuído ou do defensor público.
e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em
notificação ao agressor.
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização
judiciária.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces- Seção II
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
I - do seu domicílio ou de sua residência; Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
III - do domicílio do agressor. imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à represen- medidas protetivas de urgência, entre outras:
tação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
à representação perante o juiz, em audiência especialmente desig- comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826,
nada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi- de 22 de dezembro de 2003;
do o Ministério Público. II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência domés- a ofendida;
tica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que im- a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu-
plique o pagamento isolado de multa. nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
CAPÍTULO II qualquer meio de comunicação;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
integridade física e psicológica da ofendida;
Seção I IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno-
Disposições Gerais res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, similar;
caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me- § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a apli-
didas protetivas de urgência; cação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a
assistência judiciária, quando for o caso; providência ser comunicada ao Ministério Público.
Didatismo e Conhecimento 3
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o CAPÍTULO IV
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti- mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo Lei.
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur- ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou- TÍTULO V
ber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe
Seção III de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
outras medidas: entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi- local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público
cial ou comunitário de proteção ou de atendimento; e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em au-
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen- diência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
IV - determinar a separação de corpos. aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio-
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz multidisciplinar.
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou- Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
tras: orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de
à ofendida; Diretrizes Orçamentárias.
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex- TÍTULO VI
pressa autorização judicial; DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
agressor; Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumu-
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judi- larão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as
cial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violên- causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
cia doméstica e familiar contra a ofendida. contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente subsidiada pela legislação processual pertinente.
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas
varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referi-
CAPÍTULO III das no caput.
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, TÍTULO VII
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e DISPOSIÇÕES FINAIS
familiar contra a mulher. Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implan-
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a tação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judi-
mulher, quando necessário: ciária.
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
educação, de assistência social e de segurança, entre outros; pios poderão criar e promover, no limite das respectivas compe-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de tências:
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami- I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu-
liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés-
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; tica e familiar;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar con- II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes
tra a mulher. menores em situação de violência doméstica e familiar;
Didatismo e Conhecimento 4
LEGISLAÇÃO APLICADA
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú- § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
mulher em situação de violência doméstica e familiar; deficiência.” (NR)
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do- Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
méstica e familiar; de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. “Art. 152. ...................................................
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às dire- mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
trizes e aos princípios desta Lei. agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previs- Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
tos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério após sua publicação.
Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Independência e 118o da
há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. República.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dis- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
pensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com Dilma Rousseff
representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.8.2006
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar *
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais
do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacio-
nal de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta- ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE
dos e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais RACIAL.
para a base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de
diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias
LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.
específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das
medidas estabelecidas nesta Lei.
Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716,
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de
decorrentes dos princípios por ela adotados. julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se apli- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
ca a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do se-
TÍTULO I
guinte inciso IV:
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
“Art. 313. .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, des-
a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das tinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
medidas protetivas de urgência.” (NR) oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de into-
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a lerância étnica.
seguinte redação: Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
“Art. 61. .................................................. I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclu-
................................................................. são, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
II - ............................................................ ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou res-
................................................................. tringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de con-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do- dições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo
a mulher na forma da lei específica; da vida pública ou privada;
........................................................... ” (NR) II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen-
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
“Art. 129. .................................................. origem nacional ou étnica;
.................................................................. III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha negras e os demais segmentos sociais;
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações do- IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade: claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
.................................................................. ou que adotam autodefinição análoga;
Didatismo e Conhecimento 5
LEGISLAÇÃO APLICADA
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota- TÍTULO II
dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais; DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais
adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das CAPÍTULO I
desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportu- DO DIREITO À SAÚDE
nidades. Art. 6o O direito à saúde da população negra será garantido
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e econô-
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade micas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agra-
de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde- vos.
pendentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação § 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de
na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômi- Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da
cas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo população negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições
públicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administra-
sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
ção direta e indireta.
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da população
Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos prin-
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem
cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos discriminação.
direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à população
Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População
de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especifica-
o fortalecimento da identidade nacional brasileira. das:
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças
Art. 4o A participação da população negra, em condição de dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra
igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e nas instâncias de participação e controle social do SUS;
cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de: II - produção de conhecimento científico e tecnológico em
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô- saúde da população negra;
mico e social; III - desenvolvimento de processos de informação, comunica-
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirma- ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades
tiva; da população negra.
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde
o adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas Integral da População Negra:
decorrentes do preconceito e da discriminação étnica; I - a promoção da saúde integral da população negra, priori-
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com- zando a redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimi-
bate à discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as nação nas instituições e serviços do SUS;
suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e ins- SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados
titucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas desagregados por cor, etnia e gênero;
esferas pública e privada; III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis-
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas mo e saúde da população negra;
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos
da sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de opor-
processos de formação e educação permanente dos trabalhadores
tunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive me-
da saúde;
diante a implementação de incentivos e critérios de condiciona-
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro-
mento e prioridade no acesso aos recursos públicos; cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais
VII - implementação de programas de ação afirmativa des- para o exercício da participação e controle social no SUS.
tinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanes-
educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mo- centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
radia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
acesso à terra, à Justiça, e outros. ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir- nutricional e na atenção integral à saúde.
-se-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e
desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, CAPÍTULO II
nas esferas pública e privada, durante o processo de formação so- DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E
cial do País. AO LAZER
Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO APLICADA
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os gover- Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirma-
nos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes tiva.
providências: Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos res-
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da ponsáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de educação,
população negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção.
lazer;
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço Seção III
para promoção social e cultural da população negra; Da Cultura
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das so-
escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra ciedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva
faça parte da cultura de toda a sociedade; da população negra, com trajetória histórica comprovada, como
IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimen- patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da
to da juventude negra brasileira. Constituição Federal.
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades
Seção II
dos quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tra-
Da Educação
dições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios
sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
geral da África e da história da população negra no Brasil, obser- detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos,
vado o disposto na Lei no9.394, de 20 de dezembro de 1996. tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal,
§ 1o Os conteúdos referentes à história da população negra no receberá especial atenção do poder público.
Brasil serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, res- Art. 19. O poder público incentivará a celebração das perso-
gatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do
econômico, político e cultural do País. samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem
§ 2o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for- como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e pri-
mação inicial e continuada de professores e a elaboração de ma- vadas.
terial didático específico para o cumprimento do disposto no ca- Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da
put deste artigo. capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
§ 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
responsáveis pela educação incentivarão a participação de intelec- mos do art. 216 da Constituição Federal.
tuais e representantes do movimento negro para debater com os Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio
estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração. dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos for-
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e
a programas de estudo voltados para temas referentes às relações Seção IV
étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população ne- Do Esporte e Lazer
gra. Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da popula-
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com- ção negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e como direitos sociais.
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru- nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós- § 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população
modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
negra;
luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de forma-
nacional.
ção de professores temas que incluam valores concernentes à plu-
ralidade étnica e cultural da sociedade brasileira; § 2o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas
III - desenvolver programas de extensão universitária desti- e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
nados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, asse- malmente reconhecidos.
gurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os bene-
ficiários; CAPÍTULO III
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE
belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELI-
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e GIOSOS
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioe- sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
ducacionais realizadas por entidades do movimento negro que da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreen-
outros mecanismos. de:
Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO APLICADA
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação
religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunida-
lugares reservados para tais fins; des negras rurais.
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos
preceitos das respectivas religiões; que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de-
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins- finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas; Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolve-
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de rá políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento
artigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos,
fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas ve- respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.
dadas por legislação específica; Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das
V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes
exercício e à difusão das religiões de matriz africana; tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas es-
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais peciais de financiamento público, destinados à realização de suas
e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades atividades produtivas e de infraestrutura.
religiosas e sociais das respectivas religiões; Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis
divulgação das respectivas religiões; para a promoção da igualdade étnica.
VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de
ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa Seção II
nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais. Da Moradia
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes
de religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em Art. 35. O poder público garantirá a implementação de po-
outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles sub- líticas públicas para assegurar o direito à moradia adequada da
metidos a pena privativa de liberdade. população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas su-
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para butilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de
o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente
à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo e na qualidade de vida.
de: Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam-
a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu-
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na nitários associados à função habitacional, bem como a assistência
religiosidade de matrizes africanas; técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e fundiária da habitação em área urbana.
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan- Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamen-
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matri- tais realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de
zes africanas; Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de
III - assegurar a participação proporcional de representantes junho de 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econô-
das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das micas e culturais da população negra.
demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instân- Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
cias de deliberação vinculadas ao poder público. pios estimularão e facilitarão a participação de organizações e mo-
vimentos representativos da população negra na composição dos
CAPÍTULO IV conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promo-
Seção I verão ações para viabilizar o acesso da população negra aos finan-
Do Acesso à Terra ciamentos habitacionais.
Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO APLICADA
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica
Convenção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Tra- aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét-
balho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão; nicos determinados.
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destina-
Brasil perante a comunidade internacional. das à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinemato-
Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a gráficas o disposto no art. 44.
igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a popu- Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública fede-
lação negra, inclusive mediante a implementação de medidas vi- ral direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as so-
sando à promoção da igualdade nas contratações do setor público ciedades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de
e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e orga- participação de artistas negros nos contratos de realização de fil-
nizações privadas. mes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a § 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão,
adoção de políticas e programas de formação profissional, de em- nas especificações para contratação de serviços de consultoria,
prego e de geração de renda voltados para a população negra.
conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças
§ 2o As ações visando a promover a igualdade de oportuni-
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades
dades na esfera da administração pública far-se-ão por meio de
de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço
normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação espe-
cífica e em seus regulamentos. contratado.
§ 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a § 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre-
adoção de iguais medidas pelo setor privado. go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade
§ 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vin-
princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários. culada ao projeto ou serviço contratado.
§ 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro- § 3o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu- para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque-
lheres negras. rer auditoria por órgão do poder público federal.
§ 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização § 4o A exigência disposta no caput não se aplica às produções
contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos
cultural. determinados.
§ 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de ele-
var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco- TÍTULO III
nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDA-
negros de baixa escolarização. DE RACIAL (SINAPIR)
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos CAPÍTULO I
voltados para a inclusão da população negra no mercado de tra- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
balho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento. Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio Igualdade Racial (Sinapir) como forma de organização e de articu-
de financiamento para constituição e ampliação de pequenas e mé- lação voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços
dias empresas e de programas de geração de renda, contemplarão destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no País,
o estímulo à promoção de empresários negros. prestados pelo poder público federal.
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades § 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
voltadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e
participar do Sinapir mediante adesão.
cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população
§ 2o O poder público federal incentivará a sociedade e a inicia-
negra.
tiva privada a participar do Sinapir.
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar crité-
rios para provimento de cargos em comissão e funções de confian-
ça destinados a ampliar a participação de negros, buscando repro- CAPÍTULO II
duzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o DOS OBJETIVOS
caso, estadual, observados os dados demográficos oficiais. Art. 48. São objetivos do Sinapir:
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades
CAPÍTULO VI sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO afirmativas;
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação II - formular políticas destinadas a combater os fatores de mar-
valorizará a herança cultural e a participação da população negra ginalização e a promover a integração social da população negra;
na história do País. III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pe-
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à vei- los governos estaduais, distrital e municipais;
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promo-
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre- ção da igualdade étnica;
go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das
artística. metas a serem estabelecidas.
Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO APLICADA
CAPÍTULO III CAPÍTULO V
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional DA IGUALDADE RACIAL
de promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e
diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promoção Art. 56. Na implementação dos programas e das ações cons-
da Igualdade Racial (PNPIR). tantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União,
§ 1o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se re-
acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articulação fere o inciso VII do art. 4odesta Lei e outras políticas públicas que
e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a
pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional. inclusão social da população negra, especialmente no que tange a:
§ 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum I - promoção da igualdade de oportunidades em educação,
intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser coor- emprego e moradia;
denado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde
igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da po-
visem à incorporação da política nacional de promoção da igual- pulação negra;
dade étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios. III - incentivo à criação de programas e veículos de comunica-
§ 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de promo- ção destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interes-
ção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que ses da população negra;
assegure a participação da sociedade civil. IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e munici- administradas por pessoas autodeclaradas negras;
pais, no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das
instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe-
permanente e consultivo, compostos por igual número de repre- rior;
sentantes de órgãos e entidades públicas e de organizações da so- VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, dis-
ciedade civil representativas da população negra. trital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos promoção da igualdade de oportunidades para a população negra;
recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e
aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado con-
das tradições africanas e brasileiras.
selhos de promoção da igualdade étnica.
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas
que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na
CAPÍTULO IV
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações pre-
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À
vistas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos
JUSTIÇA E À SEGURANÇA
recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no
âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Perma- igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego
nentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvi-
denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou mento regional, cultura, esporte e lazer.
cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção § 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício
da igualdade. subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe-
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o cutivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas
acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos
ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas ins- anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos
tâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos. no inciso VII do art. 4o desta Lei.
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas ne-
negras em situação de violência, garantida a assistência física, psí- cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo,
quica, social e jurídica. podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro-
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio- gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere
lência policial incidente sobre a população negra. o § 2o deste artigo.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressociali- § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsá-
zação e proteção da juventude negra em conflito com a lei e expos- vel pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a
ta a experiências de exclusão social. programação das ações referidas neste artigo nas propostas orça-
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discri- mentárias da União.
minação e preconceito praticados por servidores públicos em de- Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários,
trimento da população negra, observado, no que couber, o disposto poderão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade so-
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. cial para financiamento das ações de que trata o art. 56:
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal
lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações e dos Municípios;
de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à II - doações voluntárias de particulares;
ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de III - doações de empresas privadas e organizações não gover-
1985. namentais, nacionais ou internacionais;
Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO APLICADA
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacio- são nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial
nais; estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, ou local, respectivamente.” (NR)
tratados e acordos internacionais. Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro
de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:
TÍTULO IV “Art. 1o .......................................................................
DISPOSIÇÕES FINAIS § 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusi-
em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser ado- ve decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause
tadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
Municípios. tanto no âmbito público quanto no privado.
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para ...................................................................................” (NR)
aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a
seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de re- vigorar acrescido do seguinte inciso III:
latórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores. “Art. 20. ......................................................................
Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a .............................................................................................
vigorar com a seguinte redação: § 3o ...............................................................................
“Art. 3o ........................................................................ .............................................................................................
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in-
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, formação na rede mundial de computadores.
obstar a promoção funcional.” (NR) ...................................................................................” (NR)
“Art. 4o ........................................................................ Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- de sua publicação.
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da
descendência ou origem nacional ou étnica: República.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao em- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
pregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; Eloi Ferreira de Araújo
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou- Este texto não substitui o publicado no DOU de 21.7.2010
tra forma de benefício profissional;
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. ESTATUTO ESTADUAL DA IGUALDADE
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra- RACIAL.
cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
cias.” (NR) Prezado Candidato, a lei acima supracitada já foi abordada
Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, no tópico acima.
passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispositivos
legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia,
raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
seguintes cominações:
...................................................................................” (NR)
“Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discri-
minatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo Prezado Candidato, tendo em vista, que o referido edital não
dano moral, faculta ao empregado optar entre: especificou os temas a serem abordados, segue abaixo os tópicos
...................................................................................” (NR) de mais destaque dentro da nossa Constituição.
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar
acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo único Conceito de Constituição
como § 1o: É delicado definir o que é uma Constituição, pois de forma
“Art. 13. ........................................................................ pacífica a doutrina compreende que este conceito pode ser visto
§ 1o ............................................................................... sob diversas perspectivas. Sendo assim, Constituição é muito mais
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em do que um documento escrito que fica no ápice do ordenamento
dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dis- jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e organização
posto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá dire- do Estado, mas tem um significado intrínseco sociológico, políti-
tamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações co, cultural e econômico.
de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de exten-
Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO APLICADA
Constituição no sentido sociológico Constituição no sentido formal
O sentido sociológico de Constituição foi definido por Ferdi- Como visto, o conceito de Constituição material pode abran-
nand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é elaborada ger normas que estejam fora do texto constitucional devido ao
tem como perspectiva os fatores reais de poder na sociedade. Neste conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no sentido formal é
sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se estes fatores reais de poder, definida exclusivamente pelo modo como a norma é inserida no
registram-se em uma folha de papel, [...] e, a partir desse momento, ordenamento jurídico, isto é, tudo o que constar na Constituição
incorporados a um papel, já não são simples fatores reais do poder, Federal em sua redação originária ou for inserido posteriormente
mas que se erigiram em direito, em instituições jurídicas, e quem por emenda constitucional é norma constitucional, independente-
atentar contra eles atentará contra a lei e será castigado”. Logo, mente do conteúdo.
a Constituição, antes de ser norma positivada, tem seu conteúdo Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter mate-
delimitado por aqueles que possuem uma parcela real de poder rialmente constitucional, seja formalmente constitucional, apenas
na sociedade. Claro que o texto constitucional não explicitamente por estar inserida no texto da Constituição Federal. Por exemplo,
trará estes fatores reais de poder, mas eles podem ser depreendidos o artigo 242, §2º da CF prevê que “o Colégio Pedro II, localizado
ao se observar favorecimentos implícitos no texto constitucional. na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”. Ora,
evidente que uma norma que trata de um colégio não se insere nem
Constituição no sentido político em elementos organizacionais, nem limitativos e nem socioideo-
Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição não está lógicos. Trata-se de norma constitucional no sentido formal, mas
na Constituição em si, mas nas decisões políticas tomadas antes
não no sentido material.
de sua elaboração. Sendo assim, o conceito de Constituição será
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e do Colé-
estruturado por fatores como o regime de governo e a forma de
gio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição Federal de 1988
Estado vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
tituição é o produto de uma decisão política e variará conforme o e no sistema jurídico brasileiro como um todo não há perfeita cor-
modelo político à época de sua elaboração. respondência entre regras materialmente constitucionais e formal-
mente constitucionais.
Constituição no sentido material
Pelo conceito material de Constituição, o que define se uma Constituição no sentido jurídico
norma será ou não constitucional é o seu conteúdo e não a sua Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de Cons-
mera presença no texto da Carta Magna. Em outras palavras, deter- tituição alocando-a no mundo do dever ser.
minadas normas, por sua natureza, possuem caráter constitucional. Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que somente exis-
Afinal, classicamente a Constituição serve para limitar e definir te quando uma conduta é considerada objetivamente obrigatória
questões estruturais relativas ao Estado e aos seus governantes. e, caso este agir do dever ser se torne subjetivamente obrigatório,
Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira surge o costume, que pode gerar a produção de normas morais ou
como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu jurídicas; contudo, somente é possível impor objetivamente uma
conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar conduta por meio do Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser.
nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com- Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kelsen4
plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade entendeu que é preciso uma correspondência mínima entre a con-
regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo duta humana e a norma jurídica imposta, logo, para ser vigente é
14 da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa in- preciso ser eficaz numa certa medida, considerando eficaz a norma
fluencia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo, que é aceita pelos indivíduos de tal forma que seja pouco violada.
um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista Trata-se de noção relacionada à de norma fundamental hipotética,
como lei complementar, na verdade regula o que na Constituição presente no plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcen-
seria chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de dental da validade da Constituição jurídico-positiva.
Constituição, trata-se de norma constitucional. No entanto, o que realmente confere validade é o posiciona-
Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira mento desta norma de dever ser na ordem jurídica e a qualidade
como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu desta de, por sua posição hierarquicamente superior, estruturar
conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar
todo o sistema jurídico, no qual não se aceitam lacunas.
nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com-
Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como um sis-
plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade
tema de normas com o mesmo fundamento de validade – a exis-
regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo
14 da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa in- tência de uma norma fundamental. Não importa qual seja o con-
fluencia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo, teúdo desta norma fundamental, ainda assim ela conferirá validade
um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista à norma inferior com ela compatível.Esta norma fundamental que
como lei complementar, na verdade regula o que na Constituição confere fundamento de validade a uma ordem jurídica é a Cons-
seria chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de tituição.
Constituição, trata-se de norma constitucional. 3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradu-
1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constitui- ção João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10.
ção. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
4 Ibid., p. 12.
2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presenta-
ción de Francisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003. 5 Ibid., p. 33.
Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO APLICADA
Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a presença Quanto à origem
de um escalonamento de normas no ordenamento jurídico, sendo a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agen-
que a Constituição fica no ápice desta pirâmide. te revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como
Carta.
Tipos de Constituição b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também conhe-
cida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de uma
Ressaltam-se as denominadas classificações das Constitui- Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em nome
ções: dele atuar (legitimação popular). A Constituição promulgada é
denominada Constituição, enquadrando-se nesta categoria a Cons-
Quanto à forma tituição brasileira de 1988.
a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada,
escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta qualida- mas também não é promulgada. Se dá quando um projeto do agen-
de. Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas, a te revolucionário é posto para votação do povo, que meramente
Constituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimitando ratifica a vontade do detentor do poder.
em detalhes questões que muitas vezes excedem mesmo o conceito
Quanto à dogmática
material de Constituição, a Constituição escrita é analítica. Firma-
a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia.
-se a adoção de um sistema conhecido como Civil Law. O Brasil
b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideolo-
adota uma Constituição escrita analítica.
b) Não escrita – Não significa que não existam normas escritas gias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética.
que regulem questões constitucionais, mas que estas normas não
estão concentradas num único texto e que nem ao menos depen- Elementos da Constituição
dem desta previsão expressa devido à possível origem em outros Uma noção bastante relevante ao direito constitucional é a
fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição não es- dos elementos da Constituição. A partir desta noção é possível de-
crita é conhecida como costumeira. É adotada por países como limitar o objeto do direito constitucional. Basicamente, qualquer
Reino Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o norma que se enquadre em um dos seguintes elementos é consti-
sistema jurídico se estruturará no chamado Common Law (Direito tucional:
costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de precedentes).
Elementos Orgânicos
Quanto ao modo de elaboração Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notadamente
a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são ela- no que tange a:
boradas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas e a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre
ideologias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade de
dogmática. mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e here-
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis que ditariedade, tem-se Monarquia.
o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar dos b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de
tempos. forma centralizada numa unidade (União), o chamado Estado Uni-
tário, ou descentralizada entre demais entes federativos (União e
Quanto à estabilidade Estados, classicamente), no denominado Estado Federal. O Brasil
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo adota a forma Federal de Estado.
mais árduo. c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação entre
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida por Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções do
parte da doutrina, além de ter um processo legislativo diferenciado
Estado, como maior ou menor independência e colaboração entre
para emendas constitucionais, tem certas normas que não podem
eles. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sendo que o
nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula pétreas.
Brasil adota o Presidencialismo.
A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rí-
gida. Pode ser também vista como super-rígida aos que defendem d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de po-
esta subclassificação. der, como o governante se ascende ao Poder. Se houver legitima-
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais ção popular, há Democracia, se houver imposição em detrimento
árduo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se o do povo, há Autocracia.
mesmo processo das normas infraconstitucionais.
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle- Elementos Limitativos
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo A função primordial da Constituição não é apenas definir e
especial para serem alteradas e outra parte segue o processo legis- estruturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limites à
lativo comum. atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o que bem
entender, se sujeitando a determinados limites.
Quanto à função As normas de direitos fundamentais – categoria que abrange
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamente direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direitos
para limitar o poder do Estado. coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do Estado,
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limitação afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado poderá
do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser alcança- interferir na vida do indivíduo.
do. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente.
Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO APLICADA
Elementos Socioideológicos Observação 2: Tem-se, ainda, o poder constituinte revisio-
Os elementos socioideológicos de uma Constituição são aque- nante, previsto no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucio-
les que trazem a principiologia da ordem econômica e social. nais Transitórias: “a revisão constitucional será realizada após cin-
co anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da
Poder constituinte maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
A Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo único, es- unicameral”. Neste sentido, foram aprovadas 6 emendas constitu-
tabelece que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio cionais de revisão anômala. O destaque vai para o fato de não se
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Consti- exigir nestas emendas revisionantes o quórum de 3/5 + 2 turnos
tuição”. Sendo assim, o texto constitucional já fala desde logo de das emendas constitucionais comuns, bastando o voto da maioria
um poder maior, exercido pelo povo (titular) por meio de seus repre- absoluta numa única sessão.
sentantes (exercentes). O exercente do poder é um órgão colegiado Limites ao poder de reforma: materiais, circunstanciais e
composto por representantes eleitos pelos titulares do poder, os que temporais
fazem parte do povo.
1) Limitações formais ou procedimentais
O poder constituinte é o poder de normatizar a estrutura do Es-
Quando o poder constituinte originário delibera, não há pro-
tado e os limites à sua atuação mediante criação, modificação, revi-
cedimento pré-estabelecido. Isto não ocorre com relação ao poder
são ou revogação de normas da Constituição Federal conferido pelo
povo aos seus representantes. constituinte derivado, que deve respeitar as normas procedimen-
tais instituídas pelo poder constituinte originário.
a) Poder constituinte originário
O poder constituinte originário, também conhecido como ge- Subjetivas – Quanto à iniciativa
nuíno ou de primeiro grau, autoriza a edição da Constituição Fede- Refere-se ao poder de iniciativa individual de propor leis ou
ral, a primeira depois da independência e as demais ab-rogando-a. alterações nelas, sendo conferido a: Presidente da República, De-
Depois de finda esta missão, institui outro poder, dele derivado. putado Federal, Senador, Deputado Estadual. Exceto no caso do
O poder constituinte originário é inicial, autônomo e incondi- Senador, as propostas serão enviadas à Câmara dos Deputados,
cionado. É inicial porque é o poder de fato, que emana do povo e não ao Senado Federal. Sendo assim, a Câmara dos Deputados faz
por si só se funda, não decorrendo de outro poder. É autônomo e a deliberação principal, em regra, restando ao Senado a delibera-
incondicionado porque não tem limites materiais de exercício, nota- ção revisional.
damente cláusulas pétreas, daí se dizer que é soberano. Não significa Contudo, para as propostas de emendas constitucionais é exi-
que seja ilimitado, pois certas limitações se impõem por um limitati- gida, em regra, iniciativa coletiva. O único que pode fazer uma
vo lógico, de acordo com uma perspectiva jusnaturalista de direitos proposta desta natureza sozinho é o Presidente da República. Um
inatos ao homem. deputado federal precisa do apoio de ao menos 1/3 dos membros
da Câmara dos Deputados, enquanto que um senador precisa do
b) Poder constituinte derivado suporte de ao menos 1/3 dos membros do Senado Federal. Da mes-
O poder constituinte derivado, também denominado instituído ma forma, um deputado estadual não pode propor sozinho uma
ou de 2º grau, é o que está apto a efetuar reformas à Constituição. emenda, poder conferido às Assembleias Legislativas estaduais,
Ele é exercido pelo Congresso Nacional, na forma e nos limites es- em conjunto, exigindo-se mais da metade delas (são 27, incluído o
tabelecidos pelo poder constituinte originário. Distrito Federal, necessárias 14).
O poder constituinte derivado é derivado, subordinado e con- O cidadão brasileiro, sozinho, não pode propor um projeto de
dicionado. Por derivar do poder constituinte originário, se sujeita lei para alterar o ordenamento jurídico brasileiro, prevendo-se que
a limitações por ele impostas, denominadas limitações ao poder de “a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câma-
reforma. Sendo assim, este poder poderá reformar a redação consti-
ra dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
tucional conferida pelo poder constituinte originário, mas dentro dos
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
limites por este estabelecidos.
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
Por isso mesmo, é possível que uma emenda constitucional fru-
to do poder constituinte decorrente seja inconstitucional, desde que cada um deles” (artigo 61, §2º, CF).
desrespeite os limites impostos pelo poder constituinte originário. É A dúvida resta ao se perguntar se a iniciativa popular abrange
correta a afirmação de que existe norma constitucional inconstitu- a possibilidade de se apresentar proposta de emenda constitucio-
cional, mas desde que se refira a norma constitucional fruto do poder nal, havendo duas posições: a primeira, minoritária, diz que por-
constituinte derivado. Não existe norma originária da Constituição que a regra da iniciativa está num parágrafo ela não poderia ter
Federal que seja inconstitucional porque o poder constituinte origi- alcance maior que o caput do artigo, logo, o alcance é restrito à
nário é inicial e autônomo. propostas de projetos de lei; a segunda, majoritária, com a qual se
concorda, prevê que sim, afinal, o parágrafo único do artigo 1º da
Observação 1: Ainda é possível falar no poder constituinte de- CF diz que todo poder emana do povo (inclusive o constituinte)
corrente, que consiste no poder dos Estados-membros elaborarem e o artigo 14 da CF ao trazer a iniciativa popular não estabelece
sua própria Constituição por suas Assembleias Legislativas (artigo qualquer limitação.
25, CF). Para parte da doutrina, há poder constituinte decorrente
também quanto aos municípios, que a partir da Constituição de 1988 Objetivas – Quanto à votação e à promulgação
adquiriram poder para elaborar suas próprias leis orgânicas (artigo Toda proposta de emenda constitucional, antes de ser votada
29, CF), o que antes era feito no âmbito estadual. A lei orgânica do no plenário, passa primeiro pela Comissão de Constituição e Justi-
Distrito Federal é a única que, sem dúvidas, tem caráter de Consti- ça e, depois, por comissões específicas do tema.
tuição, pois aceita o controle de constitucionalidade em face dela.
Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO APLICADA
No plenário, é necessário obter aprovação de 3/5 dos membros Estado federal
(308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos no Senado Fede- O modelo federativo de Estado é inalterável. Ou seja, é preciso
ral), em votação em dois turnos (vota na casa numa semana e repete respeitar a autonomia de cada uma das unidades federativas, quais
a votação na semana seguinte), nas duas Casas (primeiro vota em sejam, segundo a Constituição Federal, União, Estados-membros,
2 turnos na que faz a deliberação principal e depois em 2 turnos na Distrito Federal e Municípios (considerado federalismo atípico
que faz a deliberação revisional) (artigo 60, §2º). pela inclusão dos Municípios no pacto federativo).
Depois, “a emenda à Constituição será promulgada pelas Me-
sas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respec- Voto direto, secreto, universal e periódico
tivo número de ordem” (artigo 60, §3º, CF). Não é o Presidente da O voto deve ser direto, cada um deve dar seu próprio voto, não
República que promulga, logo, não sanciona nem veta, a emenda será um órgão que elegerá o governante; secreto, sigiloso, dado
constitucional porque o poder constituinte é exclusivo do Congres- em cabine indevassável alheia a quaisquer capacidades sensoriais;
so Nacional. universal, neste sentido, sufrágio universal significa que a capaci-
2) Limitações circunstanciais dade eleitoral ativa, de votar, é acessível a todos os nacionais; pe-
Nos termos do artigo 60, §1º, CF, “a Constituição não pode-
riódico, impedindo que um mandato governamental seja vitalício
rá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de
(todos os agentes políticos são investidos por 4 anos, à exceção
defesa ou de estado de sítio”. Presentes estas circunstâncias que
indicam instabilidade no cenário nacional, não é possível emendar dos Senadores, eleitos por 8 anos). Obs.: o voto obrigatório não é
a constituição. cláusula pétrea e pode ser objeto de emenda constitucional.
Nota-se que parte dos direitos políticos (capítulo IV do Título
3) Limitações temporais II) é cláusula pétrea em razão desta disposição.
Limitação temporal é aquela que impede que a decisão sobre
a reforma seja tomada num determinado período de tempo. Não Separação dos Poderes
existe na Constituição Federal de 1988 uma limitação puramente A divisão entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário,
temporal. No entanto, há uma limitação de ordem temporal-ma- cada qual com suas funções típicas e atípicas, idealizada no Ilu-
terial prevista no §5º do artigo 60 da CF: “a matéria constante de minismo, notadamente na obra de Montesquieu, é cláusula pétrea
proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode e não pode ser alterada. Não é necessário que a proposta extinga
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”. Logo, um dos Poderes, bastando que atinja de forma relevante em suas
impede-se a deliberação de uma matéria já votada na mesma sessão competências.
legislativa e rejeitada, isto é, no mesmo ano civil. O mesmo vale se
a proposta foi havida por prejudicada, ou seja, se era semelhante Direitos e garantias individuais
a uma proposta feita anteriormente e que foi rejeitada. A rejeição O Título II da Constituição Federal abrange os direitos e ga-
na Comissão de Constituição e Justiça é terminativa e a proposta rantias fundamentais, expressão que abrange os direitos delimita-
é considerada rejeitada, somente podendo ser votada de novo no dos em seus capítulos, direitos e deveres individuais e coletivos
período seguinte. (capítulo I), direitos sociais (capítulo II), e direitos políticos – que
só existem com nacionalidade (capítulos III e IV). Sendo assim,
4) Limitações materiais direitos fundamentais é uma expressão que abrange diversas natu-
Determinadas matérias não podem ser objeto de emenda cons- rezas de direitos, entre eles os direitos individuais. Conclui-se que
titucional, dividindo-se em limitações materiais implícitas, que de- não é o Título II por completo protegido pela cláusula pétrea, mas
correm da lógica do sistema constitucional, e limitações materiais apenas o Capítulo I.
explícitas, conhecidas como cláusulas pétreas, previstas no artigo Se o Capítulo I fala em direitos individuais e coletivos, não
60, §4º, CF.
significa que somente parte deles será protegida. Com mais razão,
Classicamente, são limitações materiais implícitas: a titulari-
se um direito individual é protegido, o coletivo deve ser. Ex.: O
dade do poder constituinte (povo), o exercente do poder de reforma
mandado de segurança individual é cláusula pétrea e, com mais
(Congresso Nacional), o procedimento para aprovação da emenda
constitucional, afinal, estaria alterando a essência do poder consti- sentido, o mandado de segurança coletivo também é.
tuinte e a principal limitação procedimental que é o quórum espe- Então, a cláusula pétrea abrange exclusivamente o capítulo
cial de aprovação. Se incluem nas limitações materiais implícitas a I do Título II, ou seja, todo o artigo 5º da Constituição Federal.
forma de governo (República) e o regime de governo (Presidencia- Atenção: a vedação é da alteração dos dispositivos e da restrição
lismo), eis que a questão foi votada em plebiscito no ano de 1993. de direitos, nada impedindo que a proteção seja ampliada. Logo,
Quanto às limitações materiais expressas na forma de cláusu- emenda constitucional pode criar novo direito individual (aliás, já
las pétreas, prevê o artigo 60, § 4º, CF, “não será objeto de delibera- o fez, a Emenda Constitucional nº 45/2004 incluiu no artigo 5º o
ção a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa inciso LXXVIII e os parágrafos 3º e 4º).
de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a Considerado este raciocínio, seria possível alterar o capítulo
separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais”. II, que trata dos direitos sociais, diminuindo estes direitos. Para a
Primeiro, atenta-se à redação do caput: propostas que tenham corrente que se atém a esta posição, é natural conferir maior flexi-
por objeto as cláusulas pétreas não poderão nem ser deliberadas, bilidade aos diretos sociais porque situações sociais mudam, no-
nem ser levadas à votação; e a contrariedade à cláusula pétrea não tadamente no campo do direito trabalhista. Para outra corrente, é
precisa ser expressa e evidente, bastando que a proposta tenha a preciso preservar a proibição do retrocesso, não voltando o cenário
tendência à abolição, atingindo qualquer elemento essencial ao protetivo a um estágio anterior.
conceito da cláusula. Por exemplo, não precisa excluir a separação
dos Poderes, mas atingir seriamente a divisão de competências.
Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO APLICADA
Emendas à Constituição d) Limitações ao poder de reforma – o poder de reforma à
As emendas à Constituição se sujeitam aos limites do poder de Constituição se sujeita a diversos limites temporais, materiais e
reforma, já abordadas quando da temática poder constituinte (artigo circunstanciais, já estudados, descritos notadamente nos §§ 1º, 4º e
60, §4º, CF). A possibilidade de emenda à Constituição decorre do 5º do artigo 60 da Constituição.
Poder Constituinte derivado, investido pelo Poder Constituinte ori- Artigo 60, §1º, CF. A Constituição não poderá ser emendada
ginário quando da elaboração do texto constitucional. Sendo assim, na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de es-
a Constituição Federal pode ser modificada mediante o processo tado de sítio.
legislativo adequado.
Se desrespeitado o processo legislativo adequado, haverá in- Artigo 60, §4º, CF. Não será objeto de deliberação a proposta
constitucionalidade. Destaca-se que isso responde à seguinte per- de emenda tendente a abolir:
gunta: é possível norma constitucional inconstitucional? A resposta I - a forma federativa de Estado;
é sim, desde que esta norma constitucional decorra de uma reforma II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
do texto da Constituição. Em hipótese alguma há norma constitu-
III - a separação dos Poderes;
cional inconstitucional na redação originária da Constituição, na
IV - os direitos e garantias individuais.
norma que decorra do Poder Constituinte originário.
Em outras palavras, o procedimento da emenda à Constituição
descrito no artigo 60 deve ser respeitado para que a reforma consti- Artigo 60, §5º, CF. A matéria constante de proposta de emen-
tucional possa produzir efeitos e adquirir plena vigência. da rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
Basicamente, o processo legislativo da emenda constitucional nova proposta na mesma sessão legislativa.
é muito parecido com o processo legislativo da lei ordinária, dife-
renciando-se nos seguintes aspectos: e) Não aplicação do princípio da primazia da deliberação
a) Iniciativa – como se depreende dos incisos do caput do principal – se um projeto de emenda constitucional for emenda-
artigo 60, a iniciativa para a apresentação de proposta de emen- do na deliberação revisional, irá voltar para a Casa da deliberação
da constitucional é, em regra, coletiva. Somente o Presidente da principal e, se esta não concordar com a emenda, volta novamente
República pode, sozinho, apresentar uma PEC. Um deputado fe- para a Casa da deliberação revisional, até se decidir sobre qual a
deral ou um Senador sozinhos não possuem este poder, precisam redação que irá prevalecer. Instaura-se um vai e volta sem fim.
da anuência de pelo menos um terço da Casa. Nem ao menos uma
Assembleia Legislativa pode apresentar a proposta sozinha, precisa ) Fundamentos da República
que a maioria dos membros presentes em sessão de votação con- O título I da Constituição Federal trata dos princípios funda-
cordem e também necessita estar acompanhada de mais da metade mentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, traba-
das Assembleias Legislativas do país (14, no mínimo). A doutrina lhando com os fundamentos da República Federativa brasileira, ou
entende majoritariamente que cabe a iniciativa popular, mas não se seja, com as bases estruturantes do Estado nacional.
trata de previsão expressa do artigo 60 da Constituição. Nota-se que Neste sentido, disciplina:
o poder de iniciativa legislativa é bastante diverso do fixado para
os projetos de leis. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-
Artigo 60, caput, CF. A Constituição poderá ser emendada titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen-
mediante proposta: tos:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos De- I - a soberania;
putados ou do Senado Federal; II - a cidadania;
II - do Presidente da República;
III - a dignidade da pessoa humana;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das uni-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
dades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maio-
ria relativa de seus membros. V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
b) Quórum para aprovação – nos termos do §2º do artigo 60 por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des-
da Constituição, “a proposta será discutida e votada em cada Casa ta Constituição.
do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos mem- Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes
bros”. Com efeito, para a emenda à Constituição exige-se quórum fundamentos.
especial para a aprovação – 3/5 do total dos membros de cada Casa
– além da votação em dois turnos – cada Casa vota duas vezes. 1.1) Soberania
Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de
c) Promulgação – segundo o §3º do artigo 60 da Constituição, se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es-
“a emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem
ordem”. Comoas emendas constitucionais decorrem de um poder entendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado,
exclusivo conferido ao Congresso Nacional, o Poder Constituinte, atemporal e divino, ou seja, absoluto.
não serão enviadas ao Presidente da República para sanção, pro-
mulgação e publicação. Sendo assim, são promulgadas e remetidas
para publicação pelas Mesas das Casas.
Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO APLICADA
Neste sentido, Thomas Hobbes6, na obra Leviatã, defende que como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias,
quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de predo- transformaram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI
minar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de a.C., tornaram-se democracias. Com efeito, as origens da chamada
sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos democracia se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a par-
os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, ticipação direta daqueles poucos que eram considerados cidadãos,
permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a por meio da discussão na polis.
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos,
autoridade inquestionável. de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e,
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel7, juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cida-
que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo e dão é dado o poder de eleger um representante).
ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania
homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur- está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo
so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende Estado.
conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo
tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de
sempre para as aparências e os resultados”. direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio
A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou universal).
numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilu- Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:
minista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um
poder que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a
emana o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e
Estado emana deste povo. obrigações.
Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do pelo vínculo da nacionalidade.
poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie- c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, na-
dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no cionais ou não.
governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na-
e igualitário”8. cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar- sistema democrático.
tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter- 1.3) Dignidade da pessoa humana
mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação
autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o, de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa
devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da
pelo exercício do sufrágio universal. moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa
Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi- humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como
dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico,
somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.
atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é
a indústria e a economia nacionais. possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre-
1.2) Cidadania tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe- e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito
derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se acarreta a própria exclusão de sua personalidade.
à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político. Aponta Barroso9: “o princípio da dignidade da pessoa humana
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comu- identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas
nidades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades po- as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à cria-
líticas maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, ção, independente da crença que se professe quanto à sua origem.
A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espíri-
6 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradu- to como com as condições materiais de subsistência”.
ção de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: [s.n.], 1861. O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tri-
bunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das
7 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrín-
Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.
seca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de
8 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal ano- 9 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação
tada. São Paulo: Saraiva, 2000. da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
Didatismo e Conhecimento 17
LEGISLAÇÃO APLICADA
modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas, sua estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos
a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que os que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
isso importe destilação dos valores soberanos da democracia e das possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirma-
liberdades individuais. O processo de valorização do indivíduo dos na Constituição Federal como direitos fundamentais.
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma-
que o espectro de abrangência das liberdades individuais encon- neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhado-
tra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra, res, no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”.
a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que A pessoa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa
essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa hu- deve ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões,
mana, subsistem como conquista da humanidade, razão pela qual não somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a
auferiram proteção especial consistente em indenização por dano todos os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.
moral decorrente de sua violação”10. A questão resta melhor delimitada no título VI do texto consti-
Para Reale11, a evolução histórica demonstra o domínio de um tucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170. A
valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secun- e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig-
dários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sen- na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
tido, são os dizeres de Reale12: “partimos dessa ideia, a nosso ver princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu-
básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação
entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais da mes- deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170,
ma espécie. O homem, considerado na sua objetividade espiritual, ambos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo
enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que 170, IV, CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170,
chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária VIII, CF) e o princípio do tratamento favorecido para as empresas
de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão de- de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
terminante do processo histórico”. sua sede e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, asse-
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes- gurando a livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o
soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre
uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo. exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de to- autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
dos os direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica
superior às normas organizacionais do Estado, de modo que é o 1.5) Pluralismo político
Estado que está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
membros, e não o inverso. plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais
no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político,
1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo-
Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifesta-
paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário ção política delas.
equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a
garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir
direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro a existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem
lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini- os mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a
ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade liberdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam
dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
forte sobre o mais fraco. Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multi-
Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explo- partidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante
ração de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo- que mesmo os partidos menores e com poucos representantes se-
-se práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a jam ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma
intenção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado verdadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno.
nacional necessita dela para crescer economicamente e adequar
2) Separação dos Poderes
10 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de São três os Poderes do Estado, independentes e harmônicos
Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fon- entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário. A separação de Pode-
tan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.tst.gov. res é inerente ao modelo do Estado Democrático de Direito, impe-
br. Acesso em: 17 nov. 2012.
dindo a monopolização do poder e, por conseguinte, a tirania e a
opressão. Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2002, p. 228.
o seguinte teor:
Didatismo e Conhecimento 18
LEGISLAÇÃO APLICADA
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alterando
na soberania popular; por outro lado, é necessária a divisão de fun- e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o Executivo – fis-
ções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz calizando a contabilidade, o orçamento, as finanças e o patrimônio
pela divisão de Poderes. do Executivo;
O constituinte afirma que estes poderes são independentes e c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventualmente, em
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi- casos abstratos, como no controle de constitucionalidade.
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente pertence-
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos riam a outro Poder, mas por ser tal função inerente à sua natureza
elaborada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os será por ele mesmo desempenhada.
limites de competência do outro e não se imiscuir indevidamente a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – notada-
em suas atividades típicas. mente quando o Presidente da República adota uma medida pro-
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com visória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a defesas e recursos
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os administrativos;
dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contem- b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-organizar-se
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os (função executiva) – dispondo sobre organização, provimento de
pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no cargos, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e
ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, julgar – a exemplo do julgamento do Presidente da República por
Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais crime de responsabilidade pelo Senado Federal (art. 52, I, CF);
trabalhou com a concepção de separação dos Poderes. c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-organizar-se
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, (função executiva) – dispondo sobre organização, estrutura, con-
que também entendia necessária a separação dos Poderes, e na cessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e legislar – ela-
obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica di- borando o regimento interno de seus Tribunais, por exemplo (art.
visão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador 96, CF).
viveu na França, numa época em que o absolutismo estava cada
3) Objetivos fundamentais
vez mais forte.
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal
O objeto central da principal obra de Montesquieu13 não é a
com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes
lei regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições
termos:
criadas pelos homens para reger as relações entre os homens. Se-
gundo Montesquieu14, as leis criam costumes que regem o com-
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe-
portamento humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não
derativa do Brasil:
apenas pela razão.
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montes- II - garantir o desenvolvimento nacional;
quieu15, do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
poder emana do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sen- gualdades sociais e regionais;
do necessário que seu interesse seja representado conforme sua IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
vontade. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Montesquieu16 estabeleceu como condição do Estado de Di-
reito a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Exe- 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
cutivo – que devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres-
elaboração, a correção e a ab-rogação de leis, o segundo para a são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade,
promoção da paz e da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões
para julgar (mesmo os próprios Poderes). Neste sentido, sua teoria de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como
fica conhecida como teoria dos pesos e contrapesos. indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimen-
Cada Poder possui funções típicas e atípicas. Por função são, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos
típica entenda-se aquela para a qual o Poder foi criado. econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra
a) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir a numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
coisa pública e aplicar a lei; Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a pre-
servação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em
todas as suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o
13 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito texto constitucional guardar espaço de destaque para cada uma
das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodri-
destas perspectivas.
gues. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 25.
14 Ibid., p. 26.
3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
15 Ibid., p. 32.
rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa
humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
16 Ibid., p. 148-149. nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições
de perseguir suas metas.
Didatismo e Conhecimento 19
LEGISLAÇÃO APLICADA
3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com-
desigualdades sociais e regionais preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per-
Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons- mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados,
trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine-
nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, rentes ao direito internacional dos direitos humanos.
a injeção econômica deve permitir o investimento nos setores me-
nos favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e 4.1) Independência nacional
paulatinamente erradicando a pobreza. A formação de uma comunidade internacional não significa a
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão rele- eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização,
vante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do
“redução das desigualdades regionais e sociais” como um princí- bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromis-
pio que deve reger a atividade econômica. A menção deste princí- so de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações
pio implica em afirmar que as políticas públicas econômico-finan- estatais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um
ceiras deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, país independente, que não responde a nenhum outro, mas que
fornecendo incentivos específicos para a exploração da atividade como qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os
econômica em zonas economicamente marginalizadas. direitos inatos a cada um de seus membros.
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- 4.2) Prevalência dos direitos humanos
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis- O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda
criminação normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es-
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única forma
igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira. de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de
Sendo assim, a república deve promover o princípio da igualdade todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão
e consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem co- de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no
mum pressupõe a prevalência do princípio da igualdade. ordenamento jurídico-constitucional.
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas,
Maritain17 ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum,
em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine-
mas esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a
rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
sociedade. Com base neste ideário, apontou as características es-
mente são descritos em documentos internacionais para que sejam
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum
mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa
deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvi-
humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
mento delas; respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade
é necessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas para
o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo 4.3) Autodeterminação dos povos
a justiça e a retidão moral elementos essenciais do bem comum. A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos
povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de di-
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) reito internacional que deve respeitar para a adequada consecução
O último artigo do título I trabalha com os princípios que re- dos fins da comunidade internacional, também tem o direito de se
gem as relações internacionais da República brasileira: autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu
povo.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas re- Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na
lações internacionais pelos seguintes princípios: tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação
I - independência nacional; pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que
II - prevalência dos direitos humanos; um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção; 4.4) Não-intervenção
V - igualdade entre os Estados; Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá
VI - defesa da paz; respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim,
VII - solução pacífica dos conflitos; adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem
IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma- internacional.
nidade;
X - concessão de asilo político. 4.5) Igualdade entre os Estados
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e
-americana de nações. voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em
17 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22. peitada.
Didatismo e Conhecimento 20
LEGISLAÇÃO APLICADA
4.6) Defesa da paz 4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da hu-
O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo manidade
sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi- A cooperação internacional deve ser especialmente econômi-
tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos ca e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efeti-
internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento nas vidade dos direitos humanos fundamentais internacionalmente
normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso. Em reconhecidos.
termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser sem- Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível
pre priorizada a solução amistosa de conflitos. mediante a integração no âmbito de organizações internacionais
específicas, regionais ou globais.
4.7) Solução pacífica dos conflitos Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi- parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasilei-
dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam con- ra no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará
flitos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
amistosa. América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, -americana de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no
mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os MERCOSUL.
meios diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, 4.10) Concessão de asilo político
não havendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um pro- Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país
cedimento preliminar e facultativo à apuração da materialidade quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma per-
dos fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução seguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a
de conflito18. Conceitua Neves19: prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta prote-
que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de ção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a
forma direta, por via diplomática”; consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de con- parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e
flito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada os entes sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justa-
para sua conclusão”; mente cometeram tais violações.
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pa- “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do
cífica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma orga- Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
nização internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta- mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar
-se como moderador entre os litigantes”; a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o
terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de refugiado como asilado político ou criminoso comum”20.
forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes, O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”; rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º,
solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio- CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), di-
nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en- reitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos
contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”. (artigos 14 a 17, CF).
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º,
Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encai-
a elementos ou instalações de um governo ou da população civil, xam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos
de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos,
que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, sociais e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão.
o resto da população do território. Contudo, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di- além dos direitos que expressamente constam no título II do texto
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou constitucional.
psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas Os direitos fundamentais possuem as seguintes características
pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia. principais:
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumi- a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece-
damente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas
ser repudiadas pelo Estado nacional. perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
sões de direitos.
18 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Pú-
blico & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123. 20 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos
artigos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declara-
19 Ibid., p. 123-126. ção Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.
Didatismo e Conhecimento 21
LEGISLAÇÃO APLICADA
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to- Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e
direitos humanos. garantias propriamente ditas apenas de direitos.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego- 1.2) Brasileiros e estrangeiros
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida
uma limitação do princípio da autonomia privada. pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direi-
destes direitos para a dignidade da pessoa humana. tos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar da soberania do país.
de ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar
das autoridades públicas, sob pena de nulidades. com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil
único conjunto de direitos porque não podem ser analisados de (ainda que não resida no país).
maneira isolada, separada. Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição
perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre de cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos
exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso políticos.
(prescrição).
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti- 1.3) Relação direitos-deveres
lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí- veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deveres
citos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus li-
entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, o que
mites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.
se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos funda-
mentais de que não há direito que seja absoluto, correspondendo-
1) Direitos e deveres individuais e coletivos.
-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos fun-
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi-
damentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran-
Explica Canotilho22 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia
ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados
no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ‘ou-
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios consti- tro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um direito
tucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: man- fundamental corresponde um dever por parte de um outro titu-
dado de segurança coletivo). lar, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
1.1) Direitos e garantias sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia
Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos direitos um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental
e estabelece garantias em prol da preservação destes, bem como conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço
remédios constitucionais a serem utilizados caso estes direitos e de direitos conferidos às outras pessoas.
garantias não sejam preservados. Neste sentido, dividem-se em
direitos e garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as 1.4) Direitos e garantias em espécie
disposições declaratórias e as garantias são as disposições asse- Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput:
curatórias.
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direi- Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
to e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
artística, científica e de comunicação, independentemente de cen- seguintes [...].
sura ou licença.
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos prin-
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a veda- cipais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consa-
ção de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o legisla- gra o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos
dor traz o direito num dispositivo e a garantia em outro: a liberdade
conferência.
de locomoção, direito, é colocada no artigo 5º, XV, ao passo que o
dever de relaxamento da prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, 22 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitu-
se encontra no artigo 5º, LXV21. cional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.
21 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em tele-
Didatismo e Conhecimento 22
LEGISLAÇÃO APLICADA
individuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liber- Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma
dade, igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-
delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
destas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas espe- benefícios. Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério
cíficas que ganham também destaque no texto constitucional, quais republicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar
sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não
por pertencer a determinada categoria); fomentariam o racismo e
- Direito à igualdade o ódio; bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
Abrangência discriminação reversa.
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti- Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende
tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objeti-
vo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); repre-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
o presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
material); bem como promovem a diversidade.
seguintes [...].
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadei-
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: ra igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção
especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta-
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas
obrigações, nos termos desta Constituição. com diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e res-
peitando suas diferenças23. Tem predominado em doutrina e juris-
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual- prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações
dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção afirmativas são válidas.
sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher
possuem os mesmos direitos e obrigações. - Direito à vida
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do que Abrangência
a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter- direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno
pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo
dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei- reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí
ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo
garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela
relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer
arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria pessoa, é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma-
se falando na igualdade perante a lei. nos24.
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não bas- No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/
tava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-los permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte,
iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de exercer eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito
estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um direi- de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade
to à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente a
física, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tor-
igualdade material. No sentido de igualdade material que aparece
tura, bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida
o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do
com dignidade.
Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e exe-
cutar a lei, uma postura de promoção de políticas governamentais Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos in-
voltadas a grupos vulneráveis. cisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o mais discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no
de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei direito à vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto
a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma- de anencéfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, euta-
terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas násia, etc.
com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
igualdade formal.
23 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos arti-
Ações afirmativas gos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
são políticas públicas ou programas privados criados temporaria-
mente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigual- 24 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.).
dades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência
Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
econômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de van- tium, 2008, p. 15.
tagem compensatória de tais condições.
Didatismo e Conhecimento 23
LEGISLAÇÃO APLICADA
Vedação à tortura O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso,
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda- prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de
ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim,
inciso III do artigo 5º: salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir
como considerar conveniente.
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com
tratamento desumano ou degradante. o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex- proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou
pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tópi- seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
co anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº
9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras Liberdade de pensamento e de expressão
providências, destacando-se o artigo 1º: O artigo 5º, IV, CF prevê:
Art. 1º Constitui crime de tortura: Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sen-
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave do vedado o anonimato.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa-
vítima ou de terceira pessoa; mento e da liberdade de expressão.
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal,
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; “o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a li-
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida vre manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao
de caráter preventivo. chamado direito de opinião”25. Em outras palavras, primeiro existe
Pena - reclusão, de dois a oito anos. o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen-
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante ou política:
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo-
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal-
de um a quatro anos. vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
são é de oito a dezesseis anos. Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense
I - se o crime é cometido por agente público; diferente, é preciso respeitar tal posicionamento.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita-
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de
III - se o crime é cometido mediante sequestro. atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con-
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo trariem a lei.
da pena aplicada. Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia. Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec-
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó- tual, artística, científica e de comunicação, independentemente
tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. de censura ou licença.
Didatismo e Conhecimento 24
LEGISLAÇÃO APLICADA
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul- Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo,
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder. a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não
A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi- cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re-
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação ligiosa ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado
de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado. a cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização que não contrarie tais preceitos.
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que Liberdade de informação
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida- O direito de acesso à informação também se liga a uma di-
de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício mensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
da liberdade de expressão. XIV, CF:
Liberdade de crença/religiosa Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa-
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
cício profissional.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
suas liturgias. independente de fronteiras, sem interferência.
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for-
entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterioriza-
que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se ção da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu
realizar em locais próprios. próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos, necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de para a sociedade.
crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa. Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de to-
Consoante o magistério de José Afonso da Silva26, entra na dos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito
liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de
de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de comunicação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF).
mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião algu- No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue com
ma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança desta
e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de em- poderia ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não che-
baraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. garia ao público.
A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi-
atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em público, to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões.
bem como a de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
a liberdade de organização religiosa refere-se à possibilidade de
estabelecimento e organização de igrejas e suas relações com o Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
Estado. públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asseguran- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
do o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescin-
dível à segurança da sociedade e do Estado.
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula
internação coletiva. o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF,
também conhecida como Lei do Acesso à Informação.
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
civis e militares, mas também a hospitais.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
direito à escusa por convicção religiosa: temente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo- direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal- b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de-
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob-
26 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucio-
servar que o direito de petição deve resultar em uma manifestação
nal positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão pro-
posta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos
Didatismo e Conhecimento 25
LEGISLAÇÃO APLICADA
direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira, Liberdade de trabalho
quando “dificulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII,
apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); CF:
“demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con- Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho,
dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e lei estabelecer.
as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem- O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi-
plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro- tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado
gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari- aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina
a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC
letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina.
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF: Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente,
social o exigirem. sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal à autoridade competente.
de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interes-
se social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
pela publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal
da liberdade de informação. reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva.
Imagine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exem-
plo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em
Liberdade de locomoção
algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º,
prévio aviso do poder público para que ele organize o policiamen-
XV, CF:
to e a assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de ar-
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
mas, totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex:
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
embora a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse uti-
lizada).
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à
liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país Liberdade de associação
em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII,
dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signi- CF:
fica que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois
caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada. Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade. fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au-
torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma- A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe-
tiva específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de
se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida. forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for-
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: mação de um grupo organizado que se mantém por um período de
tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal- Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações
vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. realizar sua própria justiça paralelamente à estatal.
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber-
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal dade de associação.
Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra
da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da
alimentícia. lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento.
Didatismo e Conhecimento 26
LEGISLAÇÃO APLICADA
Neste sentido, associações são organizações resultantes da re- Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do
união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a pro-
jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas teção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela
são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
vantagens comuns em suas atividades econômicas. “O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra
subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob-
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso- jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à
riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa,
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as- por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje-
sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa
trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois e reconhecidas como suas pelo grupo social”28.
antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência
judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilida-
ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial. de do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações.
Em destaque, a legitimidade representativa da associação Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expres- guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, sal-
samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filia- vo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socor-
dos judicial ou extrajudicialmente. ro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná- O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele
ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL-
pessoa(s) porque a lei assim autoriza. QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla-
A liberdade de associação envolve não somente o direito de grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre
criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as- (incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador
sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF: teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN-
TE DURANTE O DIA por determinação judicial.
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar- Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre-
-se ou a permanecer associado. vê o artigo 5º, XII, CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações tele-
Abrangência fônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e
Prevê o artigo 5º, X, CF: na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni- O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispo- Personalidade jurídica e gratuidade de registro
sitivo legal os direitos à privacidade e à personalidade. Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de perso-
abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci- nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con-
dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami- siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei.
gos –, Silva27 entende que “o segredo da vida privada é condição Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessá-
de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de rio o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao
personalidade em si. exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade, aos que não tiverem condição de com ele arcar.
sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há
um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restri-
to e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das
27 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucio- 28 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di-
nal positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
Didatismo e Conhecimento 27
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamen- Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad-
te pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di-
certidão de óbito. vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
O reconhecimento do marco inicial e do marco final da perso- proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependen- couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade,
do de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma ou se se destinarem a fins comerciais.
pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela
seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a - Direito à segurança
indigência dos menos favorecidos. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se-
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e
Direito à indenização e direito de resposta mental, até a própria segurança jurídica.
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à
personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instru- No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o
mentos, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto
as necessidades do caso concreto. de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida.
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF: Nesta linha, para Silva31, “efetivamente, esse conjunto de di-
reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor- destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indi-
cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral vidual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumi-
ou à imagem. dade física ou moral)”.
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri-
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsa-
bilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da
publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e lei.
controle da matéria que divulga”29. Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se Brasileiro:
defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mes- Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
mo quando for garantido o direito de resposta não é possível respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
reverter plenamente os danos causados pela manifestação ilí- julgada.
cita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a
indenização. lei vigente ao tempo em que se efetuou.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu ti-
dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indivi- tular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo
dual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico. do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou inalterável, a arbítrio de outrem.
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial
denizado. de que já não caiba recurso.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido - Direito à propriedade
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afeti- direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada
vos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, em alguns incisos que o seguem.
a capacidade, o estado de família)”30.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Função social da propriedade material
Civil: O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
30 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad 31 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucio-
civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. nal positivo... Op. Cit., p. 437.
Didatismo e Conhecimento 28
LEGISLAÇÃO APLICADA
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi- Desapropriação
pal fator limitador deste direito: No caso de desrespeito à função social da propriedade cabe até
mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-se depreender
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função do texto constitucional duas possibilidades de desapropriação: por
social. desrespeito à função social e por necessidade ou utilidade pública.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapropria-
A propriedade, segundo Silva32, “[...] não pode mais ser consi- ção por desatendimento à função social:
derada como um direito individual nem como instituição do direito
privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal,
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando- mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
-se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edi-
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de ficado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, I - parcelamento ou edificação compulsórios;
ademais, tem que atender a sua função social, fica vinculada à con- II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
secução daquele princípio”. progressivo no tempo;
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dí-
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que vida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Fe-
a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A deral, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado juros legais34.
pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do
ser humano. Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse
A Constituição Federal delimita o que se entende por função social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
social: cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-
ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano, valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do se-
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ge- gundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei35.
rais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias serão
seus habitantes. indenizadas em dinheiro.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara No que tange à desapropriação por necessidade ou utilidade
Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habi- pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
tantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana. Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in-
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun- teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ção social quando atende às exigências fundamentais de ordena- ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
ção da cidade expressas no plano diretor33.
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos
exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
34 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
trabalho; imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar duas pro-
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e vidências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios;
dos trabalhadores. depois, o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se
32 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucio- para a desapropriação por desatendimento à função social.
nal positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
35 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
33 Instrumento básico de um processo de planejamento função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por
municipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, nortean- necessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
do a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se em
cidade). títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.
Didatismo e Conhecimento 29
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de Política agrária e reforma agrária
interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a Enquanto desdobramento do direito à propriedade imóvel e da
propor a ação de desapropriação. função social desta propriedade, tem-se ainda o artigo 5º, XXVI,
CF:
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro- Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de-
cesso judicial de desapropriação. finida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública deve se dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O Decreto-lei desenvolvimento.
nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o procedimento e concei-
tuando utilidade pública, em seu artigo 5º: Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena
propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne mais
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos de produtiva.
utilidade pública: A preservação da pequena propriedade em detrimento dos
a) a segurança nacional; grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-guias da
b) a defesa do Estado; regulamentação da política agrária brasileira, que tem como prin-
c) o socorro público em caso de calamidade; cipal escopo a realização da reforma agrária.
d) a salubridade pública; Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se en-
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu contra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
abastecimento regular de meios de subsistência;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine- Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o volume
rais, das águas e da energia hidráulica; total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de re-
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca- cursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
sas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta-
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra- duais e municipais as operações de transferência de imóveis desa-
douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcela- propriados para fins de reforma agrária.
mento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização
econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de Como a finalidade da reforma agrária é transformar terras im-
distritos industriais; produtivas e grandes propriedades em atinentes à função social,
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela reforma
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e agrária:
artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais,
bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins de
aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de reforma agrária:
paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do- lei, desde que seu proprietário não possua outra;
cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; II - a propriedade produtiva.
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemo- Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro-
rativos e cemitérios; priedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos re-
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso quisitos relativos a sua função social.
para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187:
científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais. Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada
na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produ-
Um grande problema que faz com que processos que tenham a ção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
desapropriação por objeto se estendam é a indevida valorização do setores de comercialização, de armazenamento e de transportes,
imóvel pelo Poder Público, que geralmente pretende pagar valor levando em conta, especialmente:
muito abaixo do devido, necessitando o Judiciário intervir em prol I - os instrumentos creditícios e fiscais;
da correta avaliação. II - os preços compatíveis com os custos de produção e a ga-
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual há rantia de comercialização;
a destinação de um bem expropriado (desapropriação) a finalidade III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
diversa da que se planejou inicialmente. A tredestinação pode ser IV - a assistência técnica e extensão rural;
lícita ou ilícita. Será ilícita quando resultante de desvio do propó- V - o seguro agrícola;
sito original; e será lícita quando a Administração Pública dê ao VI - o cooperativismo;
bem finalidade diversa, porém preservando a razão do interesse VII - a eletrificação rural e irrigação;
público. VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Didatismo e Conhecimento 30
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição Federal
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de 05 de outubro de
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro do limite da usucapião
reforma agrária. urbana? Predominou que só corria o prazo a partir da criação do
instituto, não só porque antes não existia e o prazo não podia cor-
As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme a rer, como também não se poderia prejudicar o proprietário.
política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo 188, d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, é pre-
caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a qualquer ciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao longo de
título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, não cabe acessio
tos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta temporis por cessão da posse.
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional”, e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil.
salvo no caso de alienações ou concessões de terras públicas para O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser
fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). a usucapião, prova o contrário. Este requisito é verificado no mo-
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, mu- mento em que completa 5 anos.
lheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão negociar seus Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se
títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). o artigo 191, CF:
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ou o
arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos,
do Congresso Nacional” (artigo 190, CF). sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cin-
Usucapião quenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
que decorre da posse prolongada por um longo tempo, preenchi- Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos
dos outros requisitos legais. Em outras palavras, usucapião é uma por usucapião.
situação em que alguém tem a posse de um bem por um tempo
longo, sem ser incomodado, a ponto de se tornar proprietário. Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade mediante pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
posse prolongada no tempo – usucapião – em casos específicos, sitos específicos:
denominados usucapião especial urbana e usucapião especial ru- a) Imóvel rural
ral. b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que estabe-
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião espe- lece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). É pos-
cial urbana: sível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem prevalecido
o entendimento de que pode, mas é assunto muito controverso.
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de outubro
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininter- de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de até 25
ruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. Se
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie- área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
tário de outro imóvel urbano ou rural. d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos área rural.
ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado e) Nenhum outro imóvel.
civil. f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a área
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. Depen-
mais de uma vez. derá do caso concreto.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Uso temporário
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública, No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi- propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
sitos específicos: mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localização,
área urbana é a que está dentro do perímetro urbano. Pela teoria da Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
destinação, mais importante que a localização é a sua utilização. autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e estiver dentro do perímetro assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
urbana, o imóvel é rural. Para fins de usucapião a maioria diz que
prevalece a teoria da localização. Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse maior isolar go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para
área de 250m² e ingressar com a ação? A jurisprudência é pacífica capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que
que a posse desde o início deve ficar restrita a 250m². Predomina o do indivíduo proprietário.
também que o terreno deve ter 250m², não a área construída (a área
de um sobrado, por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
Didatismo e Conhecimento 31
LEGISLAÇÃO APLICADA
Direito sucessório a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro- e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas ativida-
priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX des desportivas;
e XXXI, CF: b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in-
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si- Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
favorável a lei pessoal do de cujus. nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista
o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido do País.
a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa
que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, con- Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que
forme a vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patri-
estabelece uma disciplina específica para bens de estrangeiros si- monial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, de
tuados no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao côn- 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto é,
juge e filhos brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil “os direitos de autor e os que lhes são conexos”.
ou do país estrangeiro). O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte-
lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de
Direito do consumidor obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências,
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televisi-
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a vas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas
defesa do consumidor. de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par- náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequada, desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de
impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnerabili- Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
dade técnica do consumidor. 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do
O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re- primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último
cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da
promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem- obra se esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por
bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de sua vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a repro-
1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposi- dução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases
ções Constitucionais Transitórias: de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que
estas modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e gratuito.
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de “Os direitos autorais, também conhecidos como copyright (di-
defesa do consumidor. reito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser alie-
nados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a permissão
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do autor.
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo [...] A proteção constitucional abrange o plágio e a contrafação.
que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técni- Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra cria-
co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço, da ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
enquanto consumidor. configura a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
do autor”36.
Propriedade intelectual
Além da propriedade material, o constituinte protege também
a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XX-
VIII e XXIX, CF:
Didatismo e Conhecimento 32
LEGISLAÇÃO APLICADA
- Direitos de acesso à justiça Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco-
dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica
com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur-
bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a sos.
emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po-
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual,
em todas as ondas). incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII
Primeiro, Cappelletti e Garth37 entendem que surgiu uma onda ao artigo 5º da Constituição:
de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se da
prestação sem interesse de remuneração por parte dos advogados Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi-
e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a pres- nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
tação da assistência pelo Estado. meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth38, veio
a onda de superação do problema na representação dos interesses Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à
difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve
restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur- acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
gimento de novas instituições, como o Ministério Público. rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que
Finalmente, Cappelletti e Garth39 apontam uma terceira onda dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali-
consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de aces- zação da justiça no caso concreto.
so à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanismos,
pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja - Direitos constitucionais-penais
a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo al-
terações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in- ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princípio
formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera previamente daquele que a julgará no processo em que seja par-
de representação judicial”. te, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos específica do caso antes mesmo do fato ocorrer.
podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciá-
rio e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se
buscá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes no artigo 5º, XXXVII, CF:
forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à
justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
justa e célere. ceção.
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
Constituição em seu artigo 5º, XXXV: Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le-
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po- gítimo pela Constituição do país.
der Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Tribunal do júri
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo
Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin- 5º, XXXVIII, CF:
cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela
estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a
uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os organização que lhe der a lei, assegurados:
requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independentmen- a) a plenitude de defesa;
te de haver ou não previsão específica a respeito na legislação. b) o sigilo das votações;
37 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à c) a soberania dos veredictos;
Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con-
Editor, 1998, p. 31-32. tra a vida.
38 Ibid., p. 49-52
39 Ibid., p. 67-73
Didatismo e Conhecimento 33
LEGISLAÇÃO APLICADA
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí-
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas
por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato- entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas
res de influência emocional. criminosas.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime ina-
Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas, fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que da lei.
irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe- A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resul-
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fian-
a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja ça (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se
procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida, aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/
haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do du- punir uma pessoa pelo decurso do tempo).
plo grau de jurisdição. Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção do Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimento, e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
(artigos 29, X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Anterioridade e irretroatividade da lei Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter-
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue
totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o a punibilidade, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge
defina, nem pena sem prévia cominação legal. crimes políticos, a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode
ser concedida pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine competência exclusiva do Presidente da República; a anistia pode
praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legali- ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação ir-
dade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei recorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio da sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a
da anterioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia;
defina. graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é co-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o letivo e espontâneo.
artigo 5º, XL, CF: Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o
artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tor-
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be- tura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº
neficiar o réu. 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não
aceitam fiança.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori- Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato
como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescri-
detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra; tível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do constitucional e o Estado Democrático.
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo
a pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela Personalidade da pena
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroati- A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV,
vidade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal CF:
mais benéfica.
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con-
Menções específicas a crimes denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucesso-
res e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten- transferido.
tatória dos direitos e liberdades fundamentais.
Didatismo e Conhecimento 34
LEGISLAÇÃO APLICADA
O princípio da personalidade encerra o comando de o crime Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni- condição peculiar da presa que possui filho no período de ama-
ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não
se fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
caso contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, al- formação de vínculo pela amamentação.
cançaria inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e
faleceu, este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras Vedação de determinadas penas
do ilícito. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
Individualização da pena
A individualização da pena tem por finalidade concretizar o Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente. do art. 84, XIX;
A primeira menção à individualização da pena se encontra no b) de caráter perpétuo;
artigo 5º, XLVI, CF: c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da e) cruéis.
pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade,
b) perda de bens; pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
c) multa; atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a consti-
d) prestação social alternativa; tuição físico-psíquica dos condenados”40 .
e) suspensão ou interdição de direitos. Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti-
tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de
evitando-se a padronização a sanção penal. A individualização da morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasileiro,
pena significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as carac- este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
terísticas do agente e do delito. 1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzila-
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com mento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis- militares em tempo de guerra.
tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
determinado tempo. cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa- banimento e cruéis.
trimônio do indivíduo delituoso.
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra-
de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de li- balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
berdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O traba-
Por seu turno, a individualização da pena deve também se fa- lho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não poden-
zer presente na fase de sua execução, conforme se depreende do do ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do
artigo 5º, XLVIII, CF: condenado; como o trabalho não existe independente da educação,
cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci- trabalho deve se aproximar da realidade do mundo externo, será
mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o remunerado; além disso, condições de dignidade e segurança do
sexo do apenado. trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de proteção,
deverão ser respeitados.
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito
visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infe- Respeito à integridade do preso
lizmente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das pri-
sões. Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cum- Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à in-
primento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, pri- tegridade física e moral.
sões costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
Também se denota o respeito à individualização da pena nesta Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre-
faceta pelo artigo 5º, L, CF: so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições 40 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito pe-
para que possam permanecer com seus filhos durante o período nal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.
de amamentação.
Didatismo e Conhecimento 35
LEGISLAÇÃO APLICADA
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim
primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos de- decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais.
sumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução
da pena. Ação penal privada subsidiária da pública
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será sub- Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
lei.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encon-
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer tra respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder
identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que público na atividade de persecução criminal não será ignorada,
seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sen- fornecendo-se instrumento para que o interessado a proponha.
do assim, violaria a integridade moral.
Prisão e liberdade
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de
ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos
seus bens sem o devido processo legal. fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a restri-
ção da liberdade daquele que assim agiu.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual. delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
Surgem como corolário do devido processo legal o contra- diciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os crime propriamente militar, definidos em lei.
garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito
(necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tem-
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou ad-
porário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente
ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contra-
do trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última
ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
pela irreversibilidade da condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se
e à família ou pessoa indicada pelo preso:
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante, Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
o devido processo legal tem sua faceta material que consiste na onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
tomada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoa- petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
bilidade e da proporcionalidade. Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
Vedação de provas ilícitas direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII,
CF:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos. Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 assistência da família e de advogado.
do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São veda-
das porque não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos
para fazê-lo cumprir: seria paradoxal. responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
Presunção de inocência Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
vidas nas práticas destes atos procedimentais.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que
assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Didatismo e Conhecimento 36
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela- Resume Mello42: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
xada pela autoridade judiciária. criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma,
em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede em
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) crime
artigo 5º, LXVI, CF: de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de guerra;
d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a definição da
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem assassinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais,
fiança. violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição forçada,
esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio internacional,
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin- destruição de bens não justificada pela guerra, deportação, forçar
cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”.
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri-
são preventiva ou temporária. 1.7) Remédios constitucionais
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias
Indenização por erro judiciário que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en- constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos-
contra-se no artigo 5º, LXXV, CF: trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar o
desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie de
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por ação para uma forma de violação.
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixa-
do na sentença. 1.7.1) Habeas corpus
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui-
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul- ção em seu artigo 5º, LXVIII:
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi con- que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
denada a cumprir. coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder.
1.5) Direitos fundamentais implícitos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, CF.
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215,
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta foi o primeiro documento a mencionar este remédio e o Habeas
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo-
que a República Federativa do Brasil seja parte. comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi uti-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex- lizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de
pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol lesão ao direito de ir e vir.
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi-
taxativo. nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a
1.6) Tribunal Penal Internacional restrição arbitrária da liberdade.
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres-
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu- sivo, para quando ameaça já tiver se materializado.
nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (arti-
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro- go 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente é
mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomoção.
2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa.
de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou pri-
Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra- vado.
vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI). g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen-
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi- do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de Po-
ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o lícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual; Juiz
processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta- de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impetra
mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan- no Tribunal de Justiça.
da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con- h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
flitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação específica”41. 42 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito
41 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Pú- Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
blico & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009
Didatismo e Conhecimento 37
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna de-
não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais corrente da sistemática do habeas corpus e das liminares posses-
tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação sórias.
não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessa- b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza
do o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade
admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de
- quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
a punibilidade. São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da
proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces-
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có- so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante,
digo de Processo Penal. constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover-
namentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
1.7.2) Habeas data específicos.
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
independente da natureza do ato impugnado (administrativo, juris-
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para dicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entida- violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consu-
des governamentais ou de caráter público; b) para a retificação mado o abuso/ilegalidade.
de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju- e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demons-
dicial ou administrativo. trado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º, procedimento.
LXXVII, CF). f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira,
1974. residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso-
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais cons- nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen- g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser auto-
tais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (cor- ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
reção). ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09,
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
a informações pessoais. praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangei- prática”.
ra, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando- h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora.
-se de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pes- i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto
soa que a propõe. de 2009.
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Ad- j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
ministração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como
instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta- 1.7.4) Mandado de segurança coletivo
dores de serviços de interesse público que possuam dados relativos A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com
à pessoa do impetrante. mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX:
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constitui-
ção, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Fe- ser impetrado por: a) partido político com representação no Con-
derais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, gresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
VIII). associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no- menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as-
vembro de 1997. sociados.
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
a) Origem: Constituição Federal de 1988.
1.7.3) Mandado de segurança individual b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX: relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança a partidos políticos e determinadas associações.
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade independente da natureza do ato, de caráter coletivo.
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Didatismo e Conhecimento 38
LEGISLAÇÃO APLICADA
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superio-
os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal res, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao
instituto não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma regula-
posicionamento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil mentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
individualização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou administração direta ou indireta, excetuados os casos da competência
do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Jus-
nº 12.016/09). tiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I,
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as decisões dos Tri-
constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido bunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, mandado de
político com representação no Congresso Nacional, bem como de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele vinculados.
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº 12.016/09, não
defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus havendo lei específica.
interesses ou de seus membros.
1.7.6) Ação popular
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima para
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do gru- propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
po ou categoria substituídos pelo impetrante. blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendên- nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
cia para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a de- do ônus da sucumbência.
sistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta)
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança a) Origem: Constituição Federal de 1934.
coletiva. b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia, per-
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá mitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou seja,
ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa que vise assegurar a preservação dos interesses transindividuais.
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa
72 (setenta e duas) horas. anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Es-
tado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
1.7.5) Mandado de injunção patrimônio histórico e cultural
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele nacio-
nal que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, direta
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com a
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerroga- coisa pública.
tivas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato ou
omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65).
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho de
proposto o mandado de injunção são a existência de norma cons- 1965.
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
titucional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
1.8) Direitos humanos, tratados internacionais de proteção
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im-
aos direitos humanos e repercussão no Direito brasileiro
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias podem
em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais em que a
brasileiro de não regulamentar as normas de eficácia limitada para República Federativa do Brasil seja parte”.
que elas não sejam aplicáveis. Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídico
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a re- brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que exige
gulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou multilate-
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estran- ral, com posterior assinatura do Presidente da República), submissão
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará referendo por
fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder meio do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação da
público, bem como o Ministério Público na defesa de seus inte- obrigação perante a comunidade internacional) e a promulgação e pu-
resses institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas blicação do tratado pelo Poder Executivo43. Notadamente, quando o
jurídicas de direito público. constituinte menciona os tratados internacionais no §2º do artigo
d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a ela- 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro ampliar o rol de direitos
boração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente do artigo 5º, ou seja, tratado internacional de direitos humanos.
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, 43 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Funda-
do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, mentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
Didatismo e Conhecimento 39
LEGISLAÇÃO APLICADA
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú-
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direi- de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
tos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudên- infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Cons-
cia majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos tituição.
humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve
incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno bra- Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social de
sileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª dimen-
à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas são, notadamente conhecidos como direitos econômicos, sociais
no Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”44. e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma- materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan- Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II que
to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamen-
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao tação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos. Constituição Federal, que aborda a ordem social, se concentra em
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº trazer normativas mais detalhadas a respeitos de direitos indicados
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de como sociais.
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a 2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob- Independentemente da categoria de direitos que esteja sendo
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido meramen-
respectivos membros: te formal, mas necessariamente material. Significa que discrimi-
nações indevidas são proibidas, mas existem certas distinções que
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais não só devem ser aceitas, como também se mostram essenciais.
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igualdade
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos material assume grande relevância. Afinal, esta categoria de direi-
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti- tos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da efetivação.
tucionais. Nem todos podem arcar com suas despesas de saúde, educação,
cultura, alimentação e moradia, assim como nem todos se encon-
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi- tram na posição de explorador da mão-de-obra, sendo a grande
tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro, maioria da população de explorados. Estas pessoas estão numa
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um clara posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional. progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já que
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi- não é por conta desta posição desfavorável que se pode afirmar
bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os que são menos dignos, menos titulares de direitos fundamentais.
tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser alcan-
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re- çada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade material.
ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil Sendo assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoamento da
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal oferta de serviços públicos com qualidade para que todos os na-
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos cionais tenham garantidos seus direitos fundamentais de segunda
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal dimensão da maneira mais plena possível.
Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas um
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que pa- papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e cul-
ralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a turais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão
Constituição no ponto controverso). permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem
suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos.
2) Direitos sociais
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas progra- Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, notada-
máticas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em mente porque estão previstos em normas programáticas e porque a
prol da implementação. implementação deles gera um ônus para o Estado. Diferentemente
Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção dos direitos individuais, que dependem de uma postura de absten-
genérica no artigo 6º, CF: ção estatal, os direitos sociais precisam que o Estado assuma um
44 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Inter-
papel ativo em prol da efetivação destes.
nacional Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.
Didatismo e Conhecimento 40
LEGISLAÇÃO APLICADA
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma Cons- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se uma
tituição, a despeito de um instante bem-intencionado de palavras decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, ela se
promovido pelo constituinte, pode levar à negativa, paradoxal – e, torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a Constituição
portanto, inadmissível – consequência de uma Carta Magna cujas para retirar este avanço? Por um lado, a proibição do retrocesso
finalidades não condigam com seus próprios prescritos, fato que merece ser tomada em conceito amplo, abrangendo inclusive deci-
deslegitima o Poder Público como determinador de que particula- sões judiciais; por outro lado, a decisão judicial não tem por fulcro
res respeitem os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, alterar a norma, o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o
os administradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta- direito de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
tuto Máximo45. na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há enten-
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a cláu- dimento dominante.
sula da reserva do possível como argumento para a não imple-
mentação de determinado direito social – seja pela absoluta ausên- 2.4) Direito individual do trabalho
cia de recursos (reserva do possível fática), seja pela ausência de O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
previsão orçamentária nos termos do artigo 167, CF (reserva do dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais ti-
possível jurídica). picamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os di- fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob
reitos sociais “não pode converter-se em promessa constitucional pena de se incidir em prática de assédio moral).
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas ex-
pectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de manei- Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra des-
ra ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determi- mentar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
na a própria Lei Fundamental do Estado”46. direitos.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível,
embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa,
arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando in- assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória,
vocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário que entre outros, a serem arcados pelo empregador.
não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais com o
simples argumento de que não há orçamento específico para isso Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desempre-
– ele deveria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para go involuntário.
atender esta demanda.
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do em-
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administrativa pregador, o trabalhador que fique involuntariamente desemprega-
e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem seguidas, do – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha ori-
sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em prol de gem num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito
sua efetivação. ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que
tem o caráter de assistência financeira temporária.
2.3) Princípio da proibição do retrocesso
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma con- Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
quista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso, de
modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser. Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve ser trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de
tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendimento contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o
predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláusula pétrea, empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vincula-
sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada normativa sobre da é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador,
direito trabalhista assegurado no referido dispositivo, não sendo o equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
prejuízo evidente, entende-se válida (por exemplo, houve altera- atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a
ção do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores agrí- oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em
colas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da
evidente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer
Sistema Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abran- com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças
gência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). graves.
Didatismo e Conhecimento 41
LEGISLAÇÃO APLICADA
Trata-se de uma visível norma programática da Constituição Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, consti-
que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as tuindo crime sua retenção dolosa.
necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesqui-
sa que tomou por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no
que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re-
de R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse suas necessidades tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer
básicas e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de
07, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So- eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque
cioeconômicos (Dieese)”47. qualquer norma penal incriminadora é regida pela legalidade estri-
ta (artigo 5º, XXXIX, CF).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho. Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja na gestão da empresa, conforme definido em lei.
ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil,
enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conheci-
é sua garantia de recebimento dentro de seu grau profissional. O da também por Programa de Participação nos Resultados (PPR),
Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde
base da categoria, por isso ele é definido em conformidade com um a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador. um bônus, que é ofertado pelo empregador e negociado com uma
comissão de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o em-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto pregador a fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do depen-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa
durante uma crise, situações que devem ser negociadas em con- Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo
venção ou acordo coletivo. número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a ida-
de de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao de carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou
mínimo, para os que percebem remuneração variável. igual ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Inter-
ministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em co- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber
missões por venda e metas); de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho
de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na re- 24,66.
muneração integral ou no valor da aposentadoria.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador rece- compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor-
ba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por do ou convenção coletiva de trabalho.
mês trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário extra
ao trabalhador e ao aposentado no final de cada ano. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior
à do diurno. A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas
a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 mi- diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia,
nutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser
o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades ur- acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a
banas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante
horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou senten-
o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às ça normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperio-
5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 sa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A
horas do dia seguinte. remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da
47 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-
Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo,
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cin-
quenta por cento) superior à da hora normal.
Didatismo e Conhecimento 42
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas
ciação coletiva. estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que
elas são maioria também na população não economicamente ativa.
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan- mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre-
do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atua- gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para
ção da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o
uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es-
fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- pecial.
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica para
o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família. serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferen- Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja res-
cialmente aos domingos. cindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indetermi-
nado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, através do
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa
horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador
domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou do- o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colo-
méstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde cação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra- trabalhado ou indenizado.
balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal
remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen- Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba-
dendo da atividade (artigo 67, CLT). lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com, Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra-
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. balho salubre. Fiorillo48 destaca que o equilíbrio do meio ambien-
te do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica
ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e bene- dos trabalhadores.
fícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de
trabalho – denominado período aquisitivo – o empregado terá di- Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativi-
reito a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustifica- dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
damente mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias
das férias serão diminuídos de acordo com o número de faltas). Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto,
trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é perigo-
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do em- so ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima
prego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. do comum. Ainda não há na legislação específica previsão sobre o
adicional de penosidade.
O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário- São consideradas atividades ou operações insalubres as que se
-maternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo
recolhimentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalha- ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio,
dora pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi-
que o período de licença é de 120 dias. A Constituição também dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade
garante que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
meses após o parto, a mulher não pode ser demitida. o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão
mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
em lei. 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- por cento), para insalubridade de grau mínimo.
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- O adicional de periculosidade é um valor devido ao emprega-
cessos pós-operatórios. do exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou
operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mu- trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição per-
lher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. manente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elé-
48 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito
Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
Didatismo e Conhecimento 43
LEGISLAÇÃO APLICADA
trica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativida- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do
des profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de
adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe-
de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as
ou participações nos lucros da empresa. modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre
unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais. pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporá-
ria, da capacidade para o trabalho.
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição
brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído com natureza de tributo que as empresas pagam para custear be-
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos nefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocu-
estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as pacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é
idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é de um, dois ou três por cento sobre a remuneração do empregado,
considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. mas as empresas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos
químicos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferen-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e depen- ciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atual-
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches mente o Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se
e pré-escolas. a empresa investir na segurança do trabalho.
Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabili-
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais zada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. Na
de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do benefí-
as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham. cio previdenciário, assim compreendido como prestação garantida
Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
a dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para com a indenização devida pelo empregador em caso de culpa (res-
o bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado ponsabilidade subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundi-
conforme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou da na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias regis-
tradas não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
(ela pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
A duração do auxílio-creche e o valor envolvido variarão confor- após a extinção do contrato de trabalho.
me negociação coletiva na empresa.
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdicio-
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acor- nal para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um período
dos coletivos de trabalho. de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na Justiça
do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que partir do término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas re-
encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Cons- lativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante
tituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades represen- a vigência do contrato de trabalho.
tativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação com
as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o res- Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de
peito aos direitos sociais; exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
forma da lei. Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não é
exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa-
máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador, ração salarial judicialmente.
deve ser ele qualificado para que possa operá-la).
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no
a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. de deficiência.
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações,
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode
ser preterida meramente por conta de sua deficiência.
Didatismo e Conhecimento 44
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole-
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais
ou administrativas;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmen- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tra-
te relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a tando de categoria profissional, será descontada em folha, para
desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou custeio do sistema confederativo da representação sindical res-
outra categoria. pectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri- a sindicato;
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia-
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a ções coletivas de trabalho;
partir de quatorze anos. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em con-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
dições desfavoráveis.
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avul- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-
so. ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, aten-
didas as condições que a lei estabelecer.
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas,
mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º,
possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo CF:
empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º: balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender.
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dis-
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, nidade.
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
das em lei e observada a simplificação do cumprimento das obri- da lei.
gações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exer-
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência cício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o
social. atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá ou-
tras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve
2.5) Direito coletivo do trabalho dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos o STF.
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coletiva- O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
mente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: associa-
ção profissional ou sindical, greve, substituição processual, parti-
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhado-
cipação e representação classista49.
res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo
no artigo 8º, CF: seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, ob-
servado o seguinte: Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun- tigo 11, CF:
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente,
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na or- Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
ganização sindical; dos, é assegurada a eleição de um representante destes com a
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi- finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com
cal, em qualquer grau, representativa de categoria profissional os empregadores.
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos 3) Nacionalidade
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser in- O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem
ferior à área de um Município; a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional
49 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional es- pode adquirir direitos políticos.
quematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Didatismo e Conhecimento 45
LEGISLAÇÃO APLICADA
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um 3.2) Naturalidade e naturalização
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os
integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e na-
obrigações. turalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionali-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é dade – naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade
a mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas é um efetivo vínculo com o Estado.
residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por
país e os apátridas. ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se
naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12,
3.1) Nacionalidade como direito humano fundamental CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo
Os direitos humanos internacionais são completamente con- aquele que não é nacional brasileiro.
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo, a) Brasileiros natos
a nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode Art. 12, CF. São brasileiros:
I - natos:
ser privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
respeitados os critérios legais previstos no texto constitucional no
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
que tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o consti-
país;
tuinte brasileiro não admite a figura do apátrida. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalida- sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
de não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito Federativa do Brasil;
de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro, c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
mudando de nacionalidade, por um processo conhecido como na- brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
turalização. ra competente ou venham a residir na República Federativa do
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori-
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) dade, pela nacionalidade brasileira.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem
do direito de mudar de nacionalidade”. Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribui-
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda- ção da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius
-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionali- soli, direito de solo, o nacional nascido em território do país inde-
dade desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, ex- pendentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito
plicitando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território de sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da
onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por descendência de um nacional do país (critério comum em países
previsões legais diversas. que tiveram êxodo de imigrantes).
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa huma- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri-
na. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais estran-
pode ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, geiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço de
de um poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conflito
regras prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda
fundamentais de todo sistema jurídico que se pretenda democráti- que não se tenha nascido no território brasileiro.
co. A questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato tam-
é muito séria”50. bém pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a
serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional
em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do
a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar
Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido do ex-
abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional esti- terior venha ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido
ver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter registrado em repartição competente, caso em que poderá, aos 18
motivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade
atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria brasileira ou não.
a própria finalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende
com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos b) Brasileiros naturalizados
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-
-los – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações. II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
50 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos arti- República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
gos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona-
lidade brasileira.
Didatismo e Conhecimento 46
LEGISLAÇÃO APLICADA
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112: III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão V - da carreira diplomática;
da naturalização: VI - de oficial das Forças Armadas;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; VII - de Ministro de Estado da Defesa.
II - ser registrado como permanente no Brasil;
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer-
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a
naturalização; esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as con- Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo;
dições do naturalizando; ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente,
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu- em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o
tenção própria e da família; Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência
VI - bom procedimento; dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado);
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) representação do país ou de segurança nacional.
ano; e Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro
VIII - boa saúde. naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89
e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalís-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re- tica, de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con- 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro
forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão naturalizado que tenha praticado crime comum antes da natura-
constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário lização ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI,
de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é CF).
reduzido para 1 ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu
a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização 3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
extraordinária no artigo 12, II, “a”. Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao es- nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
trangeiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
não há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos previstos nesta Constituição.
todos os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério
da Justiça. O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes-
quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade,
Judiciário para fazê-lo valer51. Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto
c) Tratamento diferenciado nº 3.927/2001).
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura- As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re-
12, § 2º, CF: sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en- desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce
tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos simultaneamente direitos políticos nos dois países.
nesta Constituição.
3.4) Perda da nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de do brasileiro que:
distinção. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu- em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
meradas no parágrafo seguinte. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car- estrangeira;
gos: b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
51 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em te- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
leconferência. permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
vis.
Didatismo e Conhecimento 47
LEGISLAÇÃO APLICADA
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só
nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe-
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub-
Procurador da República. metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se de extradição.
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra-
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá dição).
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após a
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira. ocorrência do crime não impede a extradição.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o
3.5) Deportação, expulsão e entrega crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º,
A deportação representa a devolução compulsória de um es- XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó- comutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti- Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto.
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980: Brasil a reciprocidade.
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei- Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa naciona-
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e lidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con- II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
veniência e aos interesses nacionais. Brasil ou no Estado requerente;
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran- III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
geiro que: crime imputado ao extraditando;
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanên- IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual
cia no Brasil; ou inferior a 1 (um) ano;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, V - o extraditando estiver a responder a processo ou já hou-
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, ver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em
não sendo aconselhável a deportação; que se fundar o pedido;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para lei brasileira ou a do Estado requerente;
estrangeiro. VII - o fato constituir crime político; e
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado reque-
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacio- rente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
nal a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum,
para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir
reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º). o fato principal.
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal,
3.6) Extradição a apreciação do caráter da infração.
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con- crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quais-
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou quer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo,
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po- ou social.
líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois
da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito de Art. 78. São condições para concessão da extradição:
entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). I - ter sido o crime cometido no território do Estado reque-
rente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse
Estado; e
Didatismo e Conhecimento 48
LEGISLAÇÃO APLICADA
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar § 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao
a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou au- Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de
toridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a docu-
artigo 82. mentação comprobatória da existência de ordem de prisão pro-
ferida por Estado estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878,
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da de 2013)
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque- § 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa)
le em cujo território a infração foi cometida. dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, su- extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada
cessivamente: pela Lei nº 12.878, de 2013)
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido § 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admi-
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do ex- tindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a
traditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do Lei nº 12.878, de 2013)
extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
Governo brasileiro. nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito
à preferência de que trata este artigo. Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pe-
dido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certi- vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
dão da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
ou autoridade competente.
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-
§ 1o O pedido deverá ser instruído com indicações precisas
-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interro-
sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato cri-
gatório o prazo de dez dias para a defesa.
minoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição.
defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
§ 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça
extradição.
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
§ 3o Os documentos indicados neste artigo serão acompanha- bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá
dos de versão feita oficialmente para o idioma português. converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo
improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos será julgado independentemente da diligência.
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal da notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à
Federal. Missão Diplomática do Estado requerente.
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que
trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão funda- Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado
mentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de re- através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá-
novação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co-
óbice apontado. municação, deverá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
de urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extradi- liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
tando por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Mi- motivo da extradição o recomendar.
nistério da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, re- Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido
presentará ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela baseado no mesmo fato.
Lei nº 12.878, de 2013)
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalva-
2013) do, entretanto, o disposto no artigo 67.
Didatismo e Conhecimento 49
LEGISLAÇÃO APLICADA
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente Os nacionais que são titulares de direitos políticos são denomina-
adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por dos cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro
causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial. é um cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do
direito de sufrágio universal.
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que
responda a processo ou esteja condenado por contravenção. 4.1) Sufrágio universal
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania po-
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque- pular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
rente assuma o compromisso: Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais,
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a ca-
anteriores ao pedido; pacidade passiva – ser eleito como representante no modelo da
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi impos- democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de
ta por força da extradição; todos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena cor- se exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
poral ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não
a lei brasileira permitir a sua aplicação; apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pes-
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento soa que tem capacidade ativa tem também capacidade passiva,
do Brasil, a outro Estado que o reclame; e embora toda pessoa que tenha capacidade passiva tenha necessa-
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar riamente a ativa.
a pena.
4.2) Democracia direta e indireta
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra- Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e instrumentos do crime encontrados em seu poder. e, nos termos da lei, mediante:
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste I - plebiscito;
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do II - referendo;
extraditando. III - iniciativa popular.
Didatismo e Conhecimento 50
LEGISLAÇÃO APLICADA
4.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto A filiação partidária implica no lançamento da candidatura por
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito anos um partido político, não se aceitando a filiação avulsa.
são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os analfabetos, os Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etário,
maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito com faixa etária mínima para o desempenho de cada uma das fun-
anos. ções, a qual deve ser auferida na data da posse.
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: 4.5) Inelegibilidade
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; Atender às condições de elegibilidade é necessário para poder
II - facultativos para: ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se enquadrar
a) os analfabetos; em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
b) os maiores de setenta anos; A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta,
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingidos determi-
nados cargos.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasileiros, já
que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
fabetos.
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os estran-
geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade,
que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível é
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando serviço mi- preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade de votar,
litar obrigatório, pois são necessárias tropas disponíveis para os dias da mas não podem ser votados) e é preciso possuir a capacidade elei-
eleição. toral ativa – poder votar (inalistáveis são aqueles que não podem
tirar o título de eleitor, portanto, não podem votar, notadamente: os
4.4) Elegibilidade estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegibili-
dade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos para que uma
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governado-
pessoa seja eleita, no exercício de sua capacidade passiva do sufrágio
res de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
universal.
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser ree-
leitos para um único período subsequente.
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma da
lei:
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das esferas
III - o alistamento eleitoral; for substituído por seu vice no curso do mandato, este vice somen-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; te poderá ser eleito para um período subsequente.
V - a filiação partidária; Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu último
VI - a idade mínima de: ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é substituído
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Repú- pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e for eleito, não
blica e Senador; poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto é, se o mandato o
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do candidato renuncia no início de 2010 o seu mandato de 2007-2010,
Distrito Federal; assumindo o vice em 2010, poderá este se candidatar para o man-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou dato 2011-2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu com o
d) dezoito anos para Vereador. ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu
em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Gerais e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se
candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no Senado
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à nacionalidade Federal.
e à titularidade de direitos políticos. Logo, para ser eleito é preciso ser
cidadão. Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Pre-
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista como elei- sidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
tor e, em regra, é no município onde reside, mas pode não o ser caso Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
analisados aspectos como o vínculo de afeto com o local (ex.: Presi- até seis meses antes do pleito.
dente Dilma vota em Porto Alegre – RS, embora resida em Brasília
– DF). Sendo assim, para se candidatar a cargo no município, deve ter São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os che-
domicílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve ter fes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos até seis
domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se candidatar a meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.: Se a eleição
cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral em uma das unidades aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse renunciado até
federadas do país. Aceita-se a transferência do domicílio eleitoral 04/04/2014.
ao menos 1 ano antes das eleições.
Didatismo e Conhecimento 51
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada
do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em jul-
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Go- gado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração
vernador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual
ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à ree- realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei
leição. Complementar nº 135, de 2010)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julga-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cônju- do ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação
ge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os tenha substituído da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº
ao final do mandato, a não ser que seja já titular de mandato eletivo 135, de 2010)
e candidato à reeleição. 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração
pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as nº 135, de 2010)
seguintes condições: 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o merca-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se do de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído
da atividade; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato Lei Complementar nº 135, de 2010)
da diplomação, para a inatividade. 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de li-
berdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os mi- 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condena-
litares que não podem se alistar ou os que podem, mas não preen- ção à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
chem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, se não se afas- pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar da atividade caso trabalhe há menos de 10 anos, se não for agre- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (In-
gado pela autoridade superior (suspenso do exercício das funções cluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
por sua autoridade sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há
terrorismo e hediondos;
mais de 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
Complementar nº 135, de 2010)
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou ban-
de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a norma- do; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
lidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela
na administração direta ou indireta. Lei Complementar nº 135, de 2010)
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos do ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode estabelecer configure ato doloso de improbidade administrativa, e por deci-
outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas como de inelegi- são irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
bilidades relativas. Neste sentido, a Lei Complementar nº 64, de suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que
18 de maio de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da
cessação, e determina outras providências. Esta lei foi alterada por data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71
aquela que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Com- da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
plementar nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;
artigo 1º, que segue. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
h) os detentores de cargo na administração pública direta,
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo
I - para qualquer cargo: abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em
a) os inalistáveis e os analfabetos; decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial co-
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Le- legiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplo-
gislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que mados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos se-
hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do dis- guintes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
posto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dis- i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou
positivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de
Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze)
para as eleições que se realizarem durante o período remanescen- meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de dire-
te do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subse- ção, administração ou representação, enquanto não forem exone-
quentes ao término da legislatura; rados de qualquer responsabilidade;
Didatismo e Conhecimento 52
LEGISLAÇÃO APLICADA
j) os que forem condenados, em decisão transitada em jul- 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da Pre-
gado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por sidência da República;
corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por con- 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Re-
duta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que pública;
impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da
(oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar Aeronáutica;
nº 135, de 2010) 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do 8. os Magistrados;
Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câma- empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações pú-
ras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o ofere- blicas e as mantidas pelo poder público;
cimento de representação ou petição capaz de autorizar a aber- 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Ter-
tura de processo por infringência a dispositivo da Constituição ritórios;
Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito 11. os Interventores Federais;
Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que 12. os Secretários de Estado;
se realizarem durante o período remanescente do mandato para 13. os Prefeitos Municipais;
o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados
da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e do Distrito Federal;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Se-
colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que im- cretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
porte lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde pessoas que ocupem cargos equivalentes;
a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qual-
Complementar nº 135, de 2010) quer dos poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por de- Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado
cisão sancionatória do órgão profissional competente, em decor- Federal;
rência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, c) (Vetado);
salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judi- d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem compe-
ciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) tência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento,
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julga- arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de
do ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar multas
desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união está- relacionadas com essas atividades;
vel para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido
(oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela cargo ou função de direção, administração ou representação nas
Lei Complementar nº 135, de 2010) empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrên- setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas ativida-
cia de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) des, possam tais empresas influir na economia nacional;
anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empre-
anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar sas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas
nº 135, de 2010) no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea anterior,
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas respon- não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do
sáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão tran- pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado, do poder
sitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça econômico, ou de que transferiram, por força regular, o controle
Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando- de referidas empresas ou grupo de empresas;
-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Comple- g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao
mentar nº 135, de 2010) pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que representação em entidades representativas de classe, mantidas,
forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder Pú-
que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido blico ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência
exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de proces- Social;
so administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluí- h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções,
do pela Lei Complementar nº 135, de 2010) tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de e façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive
seus cargos e funções: através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que go-
1. os Ministros de Estado: zem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e mili- público, salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláu-
tar, da Presidência da República; sulas uniformes;
Didatismo e Conhecimento 53
LEGISLAÇÃO APLICADA
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Pre-
exercido cargo ou função de direção, administração ou represen- feito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a
tação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato desincompatibilização .
de execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimen- § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da Repú-
to de bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefei-
no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes; tos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham antes do pleito.
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus man-
ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos datos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afas- § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
tarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau
percepção dos seus vencimentos integrais; ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Es-
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis- tado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
trito Federal; haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, sal-
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi- vo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
dente da República especificados na alínea a do inciso II deste § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste
artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar- artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei
tição pública, associação ou empresas que operem no território como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal
do Estado ou do Distrito Federal, observados os mesmos prazos; privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vis-
seus cargos ou funções: tas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça
Estado ou do Distrito Federal; Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar.
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
Aérea;
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên-
4.6) Impugnação de mandato
cia aos Municípios;
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugnação
4. os secretários da administração municipal ou membros de
de mandato.
órgãos congêneres;
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impug-
inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re- nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados
pública, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincom- econômico, corrupção ou fraude.
patibilização;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato trami-
exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, tará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
sem prejuízo dos vencimentos integrais; se temerária ou de manifesta má-fé.
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício
no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; 4.7) Perda e suspensão de direitos políticos
V - para o Senado Federal: Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi- perda ou suspensão só se dará nos casos de:
dente da República especificados na alínea a do inciso II deste I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar- julgado;
tição pública, associação ou empresa que opere no território do II - incapacidade civil absoluta;
Estado, observados os mesmos prazos; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para durarem seus efeitos;
os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condi- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
ções estabelecidas, observados os mesmos prazos; ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade
de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o que
condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, deixe de ser
VII - para a Câmara Municipal: titular de direitos políticos.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da
inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputa- interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os
dos, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibi- quais obviamente se enquadra o sufrágio universal.
lização;
Didatismo e Conhecimento 54
LEGISLAÇÃO APLICADA
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da condena- O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo
ção criminal, que é a suspensão de direitos políticos. de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais, con-
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar forme o §1º do artigo 17, CF:
ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou
religiosa. Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, nomia para definir sua estrutura interna, organização e funcio-
que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade adminis- namento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
trativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
políticos. as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou muni-
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, cipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
quais sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada fidelidade partidária.
em julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estran-
geiro) e perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser regis-
de outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser
trados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos).
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à mídia,
Nos demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de di-
prevê o §3º do artigo 17 da CF:
reitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Adminis-
tração Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão. Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a recursos
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem obser- forma da lei.
vância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa Da organização político-administrativa
e contraditório), é um procedimento que só existe nos governos O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genérico e
ditatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional. regulamenta a organização político-administrativa do Estado. Ba-
sicamente, define os entes federados que irão compor o Estado
4.8) Anterioridade anual da lei eleitoral brasileiro.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firmado en-
Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em tre os entes autônomos que compõem o Estado brasileiro. Na fe-
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que deração, todos os entes que compõem o Estado têm autonomia,
ocorra até um ano da data de sua vigência. cabendo à União apenas concentrar esforços necessários para a
manutenção do Estado uno.
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1 O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do que os
ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela, mas Estados federados geralmente se formam. Trata-se de federalismo
somente ao próximo pleito. por desagregação – tinha-se um Estado uno, com a União centra-
lizada em suas competências, e dividiu-se em unidades federadas.
4.9) Partidos políticos Difere-se do denominado federalismo por agregação, no qual uni-
dades federativas autônomas se unem e formam um Poder federal
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo político no qual se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais
e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que regula- forte (ex.: Estados Unidos da América).
mentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, No federalismo por agregação, por já vir tradicionalmente das
capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. bases do Estado a questão da autonomia das unidades federadas,
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: percebe-se um federalismo real na prática. Já no federalismo por
desagregação nota-se uma persistente tendência centralizadora.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro entendeu
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
o federalismo que estava criando é o fato de ter colocado o muni-
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana [...]. cípio como entidade federativa autônoma. No modelo tradicional,
o pacto federativo se dá apenas entre União e estados-membros,
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabelecen- motivo pelo qual a doutrina afirma que o federalismo brasileiro é
do a Constituição um limite de números de partidos políticos que atípico.
possam ser constituídos, permitindo também que sejam extintos, Além disso, pelo que se desprende do modelo de divisão de
fundidos e incorporados. competências a ser estudado neste capítulo, acabou-se esvaziando
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os precei- a competência dos estados-membros, mantendo uma concentra-
tos a serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, ção de poderes na União e distribuindo vasta gama de poderes aos
ou seja, terem por objetivo o desempenho de atividade política no municípios.
âmbito interno do país; proibição de recebimento de recursos fi-
nanceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação Art. 18, caput, CF. A organização político-administrativa da
a estes, logo, o Poder Público não pode financiar campanhas elei- República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
torais; prestação de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos
resguardar a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar desta Constituição.
de acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organização
paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF).
Didatismo e Conhecimento 55
LEGISLAÇÃO APLICADA
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo 18, Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas aos en-
CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado no qual são tes federados, fato é que todo o sistema constitucional traz impe-
considerados entes federados e, como tais, autônomos, a União, dimento à atuação das unidades federativas e de seus administra-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Esta autonomia se dores. Afinal, não possuem liberdade para agirem como quiserem
reflete tanto numa capacidade de auto-organização (normatização e somente podem fazer o que a lei permite (princípio da legalidade
própria) quanto numa capacidade de autogoverno (administrar-se aplicado à Administração Pública).
pelos membros eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
Repartição de competências e bens
Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal. O título III da Constituição Federal regulamenta a organiza-
ção do Estado, definindo competências administrativas e legislati-
Brasília é a capital da República Federativa do Brasil, sendo vas, bem como traçando a estrutura organizacional por ele tomada.
um dos municípios que compõem o Distrito Federal. O Distrito Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio
Federal tem peculiaridades estruturais, não sendo nem um Municí- da Administração Pública direta e indireta, sendo que todos os de-
pio, nem um Estado, tanto é que o caput deste artigo 18 o nomeia mais bens são considerados particulares. Destaca-se a disciplina
em separado. Trata-se, assim, de unidade federativa autônoma. do Código Civil:
Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a União, Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional per-
e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Esta- tencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
do de origem serão reguladas em lei complementar. outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles não Artigo 99, CC. São bens públicos:
podem ser considerados entes da federação, logo não fazem parte I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
da organização político-administrativa, não dispõem de autonomia ruas e praças;
política e não integram o Estado Federal. São meras descentrali- II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos des-
zações administrativo-territoriais pertencentes à União. A Consti- tinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,
tuição Federal de 1988 aboliu todos os territórios então existentes: estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
Fernando de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral de Esta- jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou
dos da Federação. real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, conside-
Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si, ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante apro-
vação da população diretamente interessada, através de plebisci- Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e
to, e do Congresso Nacional, por lei complementar. os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação, na forma que a lei determinar.
Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alie-
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, nados, observadas as exigências da lei.
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usu-
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. capião.
Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível criar, in- Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser
corporar e desmembrar os Estados-membros e os Municípios. No gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei federal. No caso dos entidade a cuja administração pertencerem.
municípios, exige-se plebiscito e lei estadual. Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os bens
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembramento no dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Constituição, que
âmbito interno, mas não se permite que uma parte do país se separe seguem abaixo. Na divisão de bens estabelecida pela Constitui-
do todo, o que atentaria contra o pacto federativo. ção Federal denota-se o caráter residual dos bens dos Estados-
-membros porque exige-se que estes não pertençam à União ou
Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede- aos Municípios.
ral e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, Artigo 20, CF. São bens da União:
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na atribuídos;
forma da lei, a colaboração de interesse público; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
II - recusar fé aos documentos públicos; das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
Didatismo e Conhecimento 56
LEGISLAÇÃO APLICADA
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos Artigo 21, CF. Compete à União:
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro organizações internacionais;
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias II - declarar a guerra e celebrar a paz;
fluviais; III - assegurar a defesa nacional;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto maneçam temporariamente;
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
federal, e as referidas no art. 26, II; ção federal;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de mate-
econômica exclusiva; rial bélico;
VI - o mar territorial; VII - emitir moeda;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar
VIII - os potenciais de energia hidráulica; as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi- privada;
cos e pré-históricos; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de or-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. denação do território e de desenvolvimento econômico e social;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
direta da União, participação no resultado da exploração de pe- são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da
tróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo órgão regulador e outros aspectos institucionais;
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econô- XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
mica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. são ou permissão:
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fron- b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aprovei-
teira, é considerada fundamental para defesa do território nacio- tamento energético dos cursos de água, em articulação com os
nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados: tuária;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os
rentes de obras da União; limites de Estado ou Território;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e inter-
no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni- nacional de passageiros;
cípios ou terceiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pú-
blica dos Territórios;
Competência material e legislativa da União, Estados e XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
Municípios corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como pres-
1) Competência organizacional-administrativa exclusiva tar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
da União serviços públicos, por meio de fundo próprio;
A Constituição Federal, quando aborda a competência da XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e no artigo geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
22 a expressão “compete privativamente à União”. Neste sentido, XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
questiona-se se a competência no artigo 21 seria privativa. Ob- sões públicas e de programas de rádio e televisão;
viamente, não seria compartilhada, pois os casos que o são estão XVII - conceder anistia;
enumerados no texto constitucional. XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera com- calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
petências exclusivas da União. Estas expressões que a princípio XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recur-
seriam sinônimas assumem significado diverso. Privativa é a com- sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
petência da União que pode ser delegada a outras unidades fede- XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, in-
radas e exclusiva é a competência da União que somente pode ser clusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
exercida por ela. XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema na-
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, cional de viação;
trabalha com questões organizacional-administrativas.
Didatismo e Conhecimento 57
LEGISLAÇÃO APLICADA
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuá- Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar so-
ria e de fronteiras; bre:
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá-
quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la- rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o II - desapropriação;
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo
seguintes princípios e condições: e em tempo de guerra;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso fusão;
Nacional; V - serviço postal;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médi- metais;
cos, agrícolas e industriais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co- valores;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou VIII - comércio exterior e interestadual;
inferior a duas horas; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
existência de culpa; aérea e aeroespacial;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XI - trânsito e transporte;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
atividade de garimpagem, em forma associativa. XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
Envolve a competência organizacional-administrativa da XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
União a atuação regionalizada com vistas à redução das desigual- de estrangeiros;
dade regionais, descrita no artigo 43 da Constituição Federal: XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi-
ções para o exercício de profissões;
Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União poderá XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis-
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e so- trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Terri-
cial, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualda- tórios, bem como organização administrativa destes
des regionais. XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
§ 1º Lei complementar disporá sobre: nacionais;
I - as condições para integração de regiões em desenvolvi- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupan-
mento; ça popular;
II - a composição dos organismos regionais que executarão, XX - sistemas de consórcios e sorteios;
na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos na- XXI - normas gerais de organização, efetivos, material béli-
cionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados junta- co, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
mente com estes. corpos de bombeiros militares;
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá-
na forma da lei: ria e ferroviária federais;
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de cus- XXIII - seguridade social;
tos e preços de responsabilidade do Poder Público; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prio- XXV - registros públicos;
ritárias; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tribu- XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas
tos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; as modalidades, para as administrações públicas diretas, autár-
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social quicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas re- nicípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas
giões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a § 1°, III;
recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé- XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marí-
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, tima, defesa civil e mobilização nacional;
de fontes de água e de pequena irrigação. XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Es-
2) Competência legislativa privativa da União tados a legislar sobre questões específicas das matérias relacio-
A competência legislativa da União é privativa e, sendo assim, nadas neste artigo.
pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas somente po-
dem ser legisladas por atos normativos com abrangência nacional,
mas é possível que uma lei complementar autorizar que determina-
do Estado regulamente questão devidamente especificada.
Didatismo e Conhecimento 58
LEGISLAÇÃO APLICADA
3) Competência organizacional-administrativa comparti- VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
lhada defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios com- e controle da poluição;
partilham certas competências organizacional-administrativas. VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, tu-
Significa que qualquer dos entes federados poderá atuar, desenvol- rístico e paisagístico;
ver políticas públicas, nestas áreas. Todas estas áreas são áreas que VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao con-
necessitam de atuação intensa ou vigilância constantes, de modo sumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
que mediante gestão cooperada se torna possível efetivar o máxi- turístico e paisagístico;
mo possível os direitos fundamentais em casa uma delas. IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Estados, X - criação, funcionamento e processo do juizado de peque-
do Distrito Federal e dos Municípios: nas causas;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das institui- XI - procedimentos em matéria processual;
ções democráticas e conservar o patrimônio público; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e ga- XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
rantia das pessoas portadoras de deficiência; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor deficiência;
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu- XV - proteção à infância e à juventude;
rais notáveis e os sítios arqueológicos; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de civis.
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
tural; União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; não exclui a competência suplementar dos Estados.
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
qualquer de suas formas; exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; peculiaridades.
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
tecimento alimentar; pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
IX - promover programas de construção de moradias e a me-
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; O estudo das competências concorrentes permite vislumbrar
X - combater as causas da pobreza e os fatores de margina- os limites da atuação conjunta entre União, Estados e Distrito Fe-
lização, promovendo a integração social dos setores desfavoreci- deral no modelo Federativo adotado no Brasil, visando à obtenção
dos; de uma homogeneidade nacional, com preservação dos pluralis-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi- mos regionais e locais.
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em O cerne da distinção da competência entre os entes federados
seus territórios; repousa na competência da União para o estabelecimento de nor-
XII - estabelecer e implantar política de educação para a se- mas gerais. A competência legislativa dos Estados-membros e dos
gurança do trânsito. Municípios nestas questões é suplementar, ou seja, as normas es-
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para taduais agregam detalhes que a norma da União não compreende,
a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os notadamente trazendo peculiaridades regionais.
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais e as
bem-estar em âmbito nacional. normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou seja, as pe-
culiaridades regionais são normatizadas pelos Estados. As normas
4) Competência legislativa compartilhada estaduais, neste caso, devem guardar uma relação de compatibili-
Além de compartilharem competências organizacional-ad- dade com as normas federais (relação hierárquica). Diferentemen-
ministrativas, os entes federados compartilham competência para te da competência comum em que as leis estão em igualdade de
legislar sobre determinadas matérias. Entretanto, excluem-se do condições, uma não deve subordinação à outra.
artigo 24, CF, os entes federados da espécie Município, sendo que Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis regu-
estes apenas legislam sobre assuntos de interesse local. lamentadoras destas matérias enquanto a União não o faça. Sobre-
vindo norma geral reguladora, perdem a eficácia os dispositivos de
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal lei estadual com ela incompatível.
legislar concorrentemente sobre: 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e organizacional-administrativa autônoma dos Estados-mem-
urbanístico; bros
II - orçamento;
III - juntas comerciais; Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
IV - custas dos serviços forenses; Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
V - produção e consumo; Constituição.
Didatismo e Conhecimento 59
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro car-
sejam vedadas por esta Constituição. go ou função na administração pública direta ou indireta, res-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante salvada a posse em virtude de concurso público e observado o
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, disposto no art. 38, I, IV e V.
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da As-
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, sembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para in- § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
tegrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum. 6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência
organizacional-administrativa autônoma dos Municípios
O documento que está no ápice da estrutura normativa de um Os Municípios gozam de autonomia no modelo federativo
Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve guardar com- brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de auto-organiza-
patibilidade com a Constituição Federal, notadamente no que tan- ção, normatização e autogoverno.
ge aos princípios nela estabelecidos, sob pena de ser considerada Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se extrai do
norma inconstitucional. artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, devendo esta lei
A competência do Estado é residual – tudo o que não obrigato- guardar compatibilidade tanto com a Constituição Federal quanto
riamente deva ser regulamentado pela União ou pelos Municípios, com a respectiva Constituição estadual. O dispositivo mencionado
pode ser legislado pelo Estado-membro, sem prejuízo da já estuda- traça, ainda, regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e
da competência legislativa concorrente com a União. do Legislativo municipais.
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que abrange Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o muni-
regiões metropolitanas (um município, a metrópole, está em des- cípio tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-se, ainda, a
taque) e aglomerações urbanas (não há município em destaque), exaustiva regra sobre o número de vereadores e a questão dos sub-
e as microrregiões (não conurbadas, mas limítrofes, geralmente sídios. Incidente, também a regra sobre o julgamento do Prefeito
identificada por bacias hidrográficas). pelo Tribunal de Justiça.
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Execu- O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de despe-
tivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na Constituição es- sas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a responsabi-
tadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases regulamentadoras que lização do Prefeito e do Presidente da Câmara por violação a estes
devem ser respeitadas. limites.
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Le- Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, vota-
gislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na da em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e apro-
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será vada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Consti-
de doze. tuição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes pre-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, ceitos:
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea-
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Ar- lizado em todo o País;
madas. II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primei-
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei ro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro
57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. do ano subsequente ao da eleição;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu IV - para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua se- vado o limite máximo de: (Vide ADIN 4307)
cretaria, e prover os respectivos cargos. a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo le- mil) habitantes;
gislativo estadual. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Gover- c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
nador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano an- (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
terior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
quanto ao mais, o disposto no art. 77. habitantes;
Didatismo e Conhecimento 60
LEGISLAÇÃO APLICADA
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses- Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob-
senta mil) habitantes; servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen- máximos:
tos mil) habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi-
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos dos Deputados Estaduais;
e cinquenta mil) habitantes; b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes,
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cen-
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até to do subsídio dos Deputados Estaduais;
600.000 (seiscentos mil) habitantes; c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
cinquenta mil) habitantes; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(novecentos mil) habitantes; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessen-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um mi- ta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
lhão e cinquenta mil) habitantes; f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
do Município;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pa-
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
lavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Mu-
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
nicípio;
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respecti-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais vo Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de Câmara Municipal;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até XII - cooperação das associações representativas no planeja-
3.000.000 (três milhões) de habitantes; mento municipal;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí-
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (qua- fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta-
tro milhões) de habitantes; ção de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 parágrafo único (assumir outro cargo).
(cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais Artigo 29-A, CF. O total da despesa do Poder Legislativo
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os
(seis milhões) de habitantes; gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percen-
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais tuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transfe-
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete rências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetiva-
milhões) de habitantes; mente realizado no exercício anterior:
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
milhões) de habitantes; e Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ha-
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, bitantes;
e 153, § 2º, I;
Didatismo e Conhecimento 61
LEGISLAÇÃO APLICADA
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni-
3.000.000 (três milhões) de habitantes; cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população onde houver.
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
habitantes; as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu- prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) Municipal.
habitantes. § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
com o subsídio de seus Vereadores. termos da lei.
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Muni- § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
cipal: de Contas Municipais.
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste ar-
tigo; 7) Peculiaridades da competência organizacional-admi-
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou nistrativa do Distrito Federal e Territórios
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas em re-
Orçamentária. giões administrativas. Se regulamenta por lei orgânica, mas esta lei
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câ- orgânica aproxima-se do status de Constituição estadual, cabendo
mara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. controle de constitucionalidade direto de leis que a contrariem pelo
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
As competências legislativas e administrativas dos municí- O Distrito Federal possui um governador e uma Câmara Le-
pios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à competência legisla- gislativa, eleitos na forma dos governadores e deputados estaduais.
tiva, é suplementar, garantindo o direito de legislar sobre assuntos Entretanto, não tem eleições municipais. O Distrito Federal tem 3
de interesse local. senadores, 8 deputados federais e 24 deputados distritais.
Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas se vie-
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: rem a existir serão nomeados pelo Presidente da República.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou- Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
ber; Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; estabelecidos nesta Constituição.
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legis- § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
lação estadual; lativas reservadas aos Estados e Municípios.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá
o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União de igual duração.
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino funda- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
mental; o disposto no art. 27.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombei-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- ros militar.
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
e da ocupação do solo urbano; Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização administra-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural tiva e judiciária dos Territórios.
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e es- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
tadual. quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
Título.
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito interno § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
quanto no externo. Externamente, é exercida pelo Poder Legislati- Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas
vo com auxílio de Tribunal de Contas. A constituição, no artigo 31, da União.
CF, veda a criação de novos Tribunais de Contas municipais, mas § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
não extingue os já existentes. além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exercida pelo órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
forma da lei. deliberativa.
Didatismo e Conhecimento 62
LEGISLAÇÃO APLICADA
Intervenção nos Estados e Municípios Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
A intervenção consiste no afastamento temporário das prer- I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de
rogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos entes fe- solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto
derados, por outro ente federado, prevalecendo a vontade do ente ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se
interventor. Neste sentido, necessária a verificação de: a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verificados II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária,
quanto ao atendimento de uma das justificativas para a interven- de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribu-
ção. nal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato da in- III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de repre-
tervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, além sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art.
da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF). 34, VII (observância de princípios constitucionais), e no caso de
A intervenção pode ser federal, quando a União interfere nos recusa à execução de lei federal.
Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou estadual, quando § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
os Estados-membros interferem em seus Municípios (artigo 35, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
CF). interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacio-
nal ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no quatro horas.
Distrito Federal, exceto para: § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a
I - manter a integridade nacional; Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Fede- mesmo prazo de vinte e quatro horas.
ração em outra; § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/lei fe-
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; deral e violação de certos princípios constitucionais), ou do art. 35,
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas IV (idem com relação à intervenção em municípios), dispensada a
unidades da Federação; apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legisla-
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: tiva, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impug-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois nado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
anos consecutivos, salvo motivo de força maior; § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas-
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fi- tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
xadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão ju-
dicial; 1) Princípios da Administração Pública
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios cons- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
titucionais: ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interes-
a) forma republicana, sistema representativo e regime de- ses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e
mocrático; regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Fede-
b) direitos da pessoa humana; ral e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão
c) autonomia municipal; estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
d) prestação de contas da administração pública, direta e in- 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
direta. Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de im- público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
postos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e servi- palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
ços públicos de saúde”. caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, Constituição Federal:
exceto quando: Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
anos consecutivos, a dívida fundada; e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se-
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita mu- guinte: [...]
nicipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e São princípios da administração pública, nesta ordem:
serviços públicos de saúde; Legalidade
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação Impessoalidade
para assegurar a observância de princípios indicados na Cons- Moralidade
tituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou Publicidade
de decisão judicial”. Eficiência
Didatismo e Conhecimento 63
LEGISLAÇÃO APLICADA
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio
vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administra- da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral:
ção Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao sig-
nificado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras,
todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu-
Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
de Carvalho Filho53 e Spitzcovsky54: constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig- pessoal de autoridades ou servidores públicos.
nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo,
como a administração pública representa os interesses da coleti- Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali-
vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para
poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV,
estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja pre- CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu-
servado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º:
na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Esta-
do deve respeitar as leis que dita. Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa-
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que ção do usuário na administração pública direta e indireta, regu-
representa, a administração pública está proibida de promover dis- lando especialmente:
criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualida-
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio de dos serviços;
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo X e XXXIII;
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente III - a disciplina da representação contra o exercício negli-
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in- gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente pública.
a preservação do interesse coletivo.
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pú- gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso
blico. A administração pública não atua como um particular, de público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o or- servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando
denamento jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da mo- a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
ralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire-
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à tamente à conduta dos agentes.
noção de bom administrador, que não somente deve ser conhece- Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
dor da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação probidade e a motivação:
com os dois princípios anteriores. a) Princípio da probidade: um princípio constitucional in-
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri- cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de
gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi- com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções.
cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem- Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta Gasparini55 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, não há características que permitam tratar os mesmos como pro-
se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
caracteriza ato de improbidade administrativa. probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
administrativa.
53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Didatismo e Conhecimento 64
LEGISLAÇÃO APLICADA
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad- Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei- vestidura em cargo público:
tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos I - a nacionalidade brasileira;
mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido II - o gozo dos direitos políticos;
processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade V - a idade mínima de dezoito anos;
dos atos da Administração. VI - aptidão física e mental.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e
devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri- tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
controle, devem ser observados os motivos dos atos administrati- procedimentos desta Lei.
vos.
Em relação à necessidade de motivação dos atos administra- Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta- 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den- da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no
tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni-
dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público
de motivação com relação aos atos administrativos vinculados; depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
cricionários. do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
Meirelles56 entende que o ato discricionário, editado sob os nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre no-
limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade meação e exoneração.
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob-
servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
adotado pelo administrador. Gasparini57, com respaldo no art. 50 obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de-
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
discricionários quanto os vinculados. na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
serviço público:
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto
no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
8.112/1990, que prevê: carreira.
Didatismo e Conhecimento 65
LEGISLAÇÃO APLICADA
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o di-
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário reito à livre associação sindical.
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi- tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de
rado. direito social.
O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos ter-
casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo mos e nos limites definidos em lei específica.
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve
ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públi-
concurso. cos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preserva-
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê: ção da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada
uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual
II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
responsável, nos termos da lei.
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da- empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço definirá os critérios de sua admissão.
público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas
e títulos. Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusi- Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiên-
vamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em cia é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca- para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis
sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam- com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas se-
-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. rão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no
concurso.
Observa-se o seguinte quadro comparativo58:
Prossegue o artigo 37, CF:
Função de Confiança Cargo em Comissão
Exercidas exclusivamente por Qualquer pessoa, observado o Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação
servidores ocupantes de cargo percentual mínimo reservado por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
efetivo. ao servidor de carreira. excepcional interesse público.
Com concurso público, já
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição,
que somente pode exercê-la Sem concurso público,
definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor con-
o servidor de cargo efetivo, ressalvado o percentual
tratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade
mas a função em si não mínimo reservado ao servidor
temporária de excepcional interesse público”.
prescindível de concurso de carreira.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que
público.
comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas
É atribuído posto (lugar) num opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Es-
dos quadros da Administração tado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público,
Somente são conferidas
Pública, conferida atribuições ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Esta-
atribuições e responsabilidade
e responsabilidade àquele que do. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de
irá ocupá-lo 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se
Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se
atribuições de direção, chefia e atribuições de direção, chefia e no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não
assessoramento assessoramento deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar
De livre nomeação e um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhis-
exoneração no que se refere De livre nomeação e tas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado
à função e não em relação ao exoneração e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado
cargo efetivo. moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma
eficácia dos empreendimentos não-governamentais”59.
59 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de
58 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/ servidores para atender a necessidade temporária de excepcional inte-
quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html resse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/
Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.
Didatismo e Conhecimento 66
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le-
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa- gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privati- pagos pelo Poder Executivo.
va em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices. Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
II, 153, III, e 153, § 2º, I. qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função públi-
do art. 61.
ca, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
livre nomeação e exoneração.
mentos sobre o mencionado inciso XI:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos 40
e 41: Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos
limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
cargo público, com valor fixado em lei.
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-
com o estabelecido no § 1º do art. 93. cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
caráter permanente, é irredutível.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser- salarial:
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indivi-
dual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
mínimo. ção de pessoal do serviço público.
Ainda, o artigo 37 da Constituição: Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de polí-
tica de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupantes
vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e §
de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos cargos que se mostrem similares.
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de por servidor público não serão computados nem acumulados
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio men- para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Gover- seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de
nador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró-
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, outra vantagem até então percebida.
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âm-
bito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Mi-
nistério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
Didatismo e Conhecimento 67
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho- mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a do serviço público federal a vedação genérica constante do art.
de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a
outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos pri- acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
observando o elevado número de processos administrativos ins-
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
Segundo Carvalho Filho60, “o fundamento da proibição é im- processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 61.
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser-
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu- dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a forma da lei.
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra
constitucional proibitiva”. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União,
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es-
senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previstos carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
públicos. com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos forma da lei ou convênio.
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem-
Estados, dos Territórios e dos Municípios. -estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona- ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
da à comprovação da compatibilidade de horários. saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com-
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988.
nerações forem acumuláveis na atividade. [...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da
Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exercer Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública,
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em dentro de suas áreas de competência”62.
órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à re- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser
muneração devida pela participação em conselhos de administra- criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis- de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha
participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu- Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em
ser legislação específica. cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao regime em empresa privada.
desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado
de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, 61 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
envolvidos.
60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di- 62 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tributaria_sao_paulo.htm
Didatismo e Conhecimento 68
LEGISLAÇÃO APLICADA
Órgãos da administração indireta somente podem ser criados Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos.
por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com-
autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter- prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação
minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas, é um processo formal onde há a competição entre os interessados.
por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada sub-
sidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
parêntese para observar que quase todos os autores que abordam o para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no ressarcimento.
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco-
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis-
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar prescreverá:
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua de cargo em comissão;
autorização”63. II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
do artigo 37, CF: fato se tornou conhecido.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e às infrações disciplinares capituladas também como crime.
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi- § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a por autoridade competente.
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben- § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
do à lei dispor sobre: correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as
III - a remuneração do pessoal. infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena
de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em- tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela
presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi- administração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão
diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis- os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar
pessoal ou de custeio em geral. a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
Continua o artigo 37, CF: a decisão final proferida por autoridade competente não corre a
prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar.
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra-
tados mediante processo de licitação pública que assegure igual- Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as res-
dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que trições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
à garantia do cumprimento das obrigações. de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Execu-
tivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li- 2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de
citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi- 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
administrativos (administrativos porque parte da administração
pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos
63 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo
Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014.
Didatismo e Conhecimento 69
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor-
conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico,
no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas.
a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa- Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida
ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do em sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns
cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avaliação e o Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto na circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto,
nesta Lei. como no caso de uma viatura presente no local - muito embora o
direito à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
3) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di- administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, pos-
reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prá- sua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os
tica de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de servidores públicos em geral (funcionários, empregados ou tem-
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re- porários) e os particulares em colaboração (por exemplo, jurado
fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em ou mesário).
omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta quali-
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.64 dade - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogati-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo vas do cargo, não agindo como um particular.
recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da heran- Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado
ça, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante
civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma ab- que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qual-
solvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera quer dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas
cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz). somente aquele que é causado por um agente público no exercício
A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio de suas funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à
de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a atuação do Estado.
obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direi-
o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. To- tos humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um gru-
dos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil, po de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas.
tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto Assim, viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente
respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o que o representa, fazendo com que o próprio Estado seja responsa-
Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos bilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação
danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço, dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles,
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
humanos reconhecidos. Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de-
pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéri- Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as
cos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter-
(artigo 37, §6°). ceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en- casos de dolo ou culpa.
contram no art. 186 do Código Civil:
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, autônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou- no desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do
agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o cau-
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como sador direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do considerada a existência de uma relação obrigacional que se forma
agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
material, econômico e não econômico). causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o compor-
tamento ético dele esperado.65
64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Ci- 65 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
vil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. ed. São Paulo: Método, 2011.
Didatismo e Conhecimento 70
LEGISLAÇÃO APLICADA
A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório excludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso
e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos
com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado),
o servidor terá o dever de indenizar. 4) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violado- A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor pú-
res de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e blico encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que nota-
à responsabilidade administrativa, todas autônomas uma com damente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibi-
relação à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste lidade ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória:
sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração direta,
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, apli-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e ad- cam-se as seguintes disposições:
ministrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-
tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
acionado e responde pelos atos de seus servidores que violem di- emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
reitos humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra ração;
ele. Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsa- III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
bilidade administrativa aciona-se o agente público que praticou o dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
ato. ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser pratica- havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso ante-
dos pelo agente público no exercício de sua função que violam rior;
direitos humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercí-
apropriação ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola cio de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para
o bem comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
exigência de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas-
a uma situação de constrangimento e medo que viola diretamente tamento, os valores serão determinados como se no exercício es-
sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, tivesse.
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário público
(art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. 5) Regime de remuneração e previdência dos servidores
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a tí- públicos
tulo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos
Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal:
ética do serviço público, como advertência, suspensão e demissão.
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
administrativa no que tange à responsabilização do agente público Municípios instituirão conselho de política de administração e re-
que cometa ato ilícito. muneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
Tomadas as exigências de características dos danos acima co- respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional
lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o nº 19, de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, des-
Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder ex- tacando-se a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito
pectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma ex- Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
cepcional vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores
fatalidades que possam acontecer em território nacional. da administração pública direta, das autarquias e das fundações
Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade ci- públicas”).
vil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas sub- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com-
jetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o ponentes do sistema remuneratório observará:
Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, dos cargos componentes de cada carreira;
acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade. II - os requisitos para a investidura;
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omis- III - as peculiaridades dos cargos.
siva do Estado: morte de filho menor em creche municipal, bura- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
cos não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
do metrô resultando em morte, danos provocados por enchentes e públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requi-
escoamento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemá- sitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
tica e não tomou providência para evitá-las, morte de detento em de convênios ou contratos entre os entes federados.
prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência,
etc.
Didatismo e Conhecimento 71
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili-
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requi- zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
sitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
exigir. § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- complementares, os casos de servidores:
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, I - portadores de deficiência;
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, II - que exerçam atividades de risco;
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re- § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a,
o disposto no art. 37, XI. para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica- exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensi-
rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos car- no fundamental e médio.
gos e empregos públicos. § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
nicípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários prove- de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
nientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar- previsto neste artigo.
quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por
de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- morte, que será igual:
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci-
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen-
tado à data do óbito; ou
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos da II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluí- cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
das suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previ- estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so-
dência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição cial de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par-
do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos cela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre-
nanceiro e atuarial e o disposto neste artigo. servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité-
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de rios estabelecidos em lei.
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio- correspondente para efeito de disponibilidade.
nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou gem de tempo de contribuição fictício.
incurável, na forma da lei; § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tem- proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acu-
po de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 mulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
(setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ-
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dência social, e ao montante resultante da adição de proventos
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se- desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
guintes condições: nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
se mulher; que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de previdência social.
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
contribuição. comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respecti- o regime geral de previdência social.
vo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão.
Didatismo e Conhecimento 72
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
desde que instituam regime de previdência complementar para os estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi- estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza-
xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido remuneração proporcional ao tempo de serviço.
para os benefícios do regime geral de previdência social de que § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
trata o art. 201. vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe- outro cargo.
cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri-
que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituí-
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos da para essa finalidade.
participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-
tribuição definida. Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in- probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o
gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins- qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
tituição do correspondente regime de previdência complementar. desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o I - assiduidade;
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza- II - disciplina;
dos, na forma da lei. III - capacidade de iniciativa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta- IV - produtividade;
dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo V - responsabilidade.
que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro-
regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com batório, será submetida à homologação da autoridade competente
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão
cargos efetivos. constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I
1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um a V do caput deste artigo.
abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo-
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
compulsória contidas no § 1º, II. do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais-
de previdência social para os servidores titulares de cargos efe- quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção,
tivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so-
cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape- cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be- 6, 5 e 4, ou equivalentes.
nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
portador de doença incapacitante. incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
6) Estágio probatório e perda do cargo outro cargo na Administração Pública Federal.
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e
em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercí- a partir do término do impedimento.
cio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público. O estágio probatório pode ser definido como um lapso de
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de
II - mediante processo administrativo em que lhe seja asse- iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não apro-
gurada ampla defesa; vado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, recon-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de de- duzido ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para
sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla de- um servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de
fesa. provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
ramento no órgão ou entidade de lotação.
Didatismo e Conhecimento 73
LEGISLAÇÃO APLICADA
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de impro-
estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2 bidade administrativa em três categorias:
anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre- a) Ato de improbidade administrativa que importe enrique-
valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza- cimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal. O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser- caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante
vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício de
artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas entidades
sentença judicial transitada em julgado; mediante processo ad- do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
ministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou me- O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe
diante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais,
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta notadamente no desempenho de função de interesse estatal.
lei complementar ainda inexistente no âmbito federal. Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita.
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina
7) Atos de improbidade administrativa
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge diretamen-
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que
te os cofres públicos).
é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desonesti-
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer ili-
dade administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da citamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as con-
moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor dutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prática por
público. O agente ímprobo sempre será um violador do princípio omissão.67
da moralidade, pelo qual “a Administração Pública deve agir com b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão ao
boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”66. erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa se
ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço pú- caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos cofres pú-
blico que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vi- blicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do patrimônio
gente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve a fórmula
de acabar com os atos atentatórios à moralidade administrativa e genérica e os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam
causadores de prejuízo ao erário público ou ensejadores de enri- o seu conteúdo68.
quecimento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio, que
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferência inde-
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im- vida para a própria propriedade; malbaratamento, que significa des-
probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ficando perdício; e dilapidação, que se refere a destruição69.
sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
responsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
bis in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições idên- dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
ticas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização Este artigo admite expressamente a variante culposa, o que mui-
em esferas distintas do Direito. tos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n° 939.142/RJ,
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre- apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do artigo. Contu-
visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agen- do, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de que é indispensável
te público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar a existência de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao
vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe direta- menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário
precisa ser comprovado. De acordo com o ministro Castro Meira, a
mente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os inte-
conduta culposa ocorre quando o agente não pretende atingir o resul-
grantes da administração direta, indireta e fundacional, conforme
tado danoso, mas atua com negligência, imprudência ou imperícia
o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade pri-
(REsp n° 1.127.143)”70. Para Carvalho Filho71, não há inconstitucio-
vada que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação ou
nalidade na modalidade culposa, lembrando que é possível dosar a
custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% do patrimônio
pena conforme o agente aja com dolo ou culpa.
ou receita anual. Caso a verba pública que tenha auxiliado uma
entidade privada a qual o Estado não tenha concorrido para cria-
ção ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei. Em
caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50% do 67 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretan- ed. São Paulo: Método, 2011.
to, nestes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o 68 Ibid.
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Signifi- 69 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
ca que se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado 70 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade
administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em:
por outra via que não a ação de improbidade administrativa. <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.
66 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional es- texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
quematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 71 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Didatismo e Conhecimento 74
LEGISLAÇÃO APLICADA
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que o tegorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos polí-
sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano ticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem,
ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se depreende da
anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37,
exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa impor-
art. 9°. tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
c) Ato de improbidade administrativa que atente con- blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
tra os princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
8.429/1992) cabível”.
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF).
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os de- Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria
veres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de
instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade
administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios e porque a lei é o instrumento adequado para tanto73.
da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude Carvalho Filho74 tece considerações a respeito de algumas das
do sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. sanções:
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens
administração pública72. acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitu-
vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci- cional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”.
mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en-
algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros
ação ou omissão. de mora.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para - Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú- a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per-
não tiver gerado obtenção de vantagem da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
o agente por ambos, nas duas esferas. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta mar-
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles gem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- caráter indenizatório, mas punitivo.
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
descreve os procedimentos administrativo e judicial. des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um rio da instituição vitimada.
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain- - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual de processos licitatórios.
dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que 1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República
adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri- O Poder Executivo tem por função principal a de administrar
queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol do interesse
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de comum da população. Na esfera federal, este papel é desempenha-
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, do pelo Presidente da República e por seu Vice-Presidente, com
mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even- auxílio dos Ministros de Estado. A propósito, disciplina o artigo
tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad- 76 da Constituição:
quirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além
73 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
disso, em todos os casos há perda da função pública. Nas três ca- reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
72 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
ed. São Paulo: Método, 2011. 74 Ibid.
Didatismo e Conhecimento 75
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e do
da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão suces-
sivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente
Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de gover- da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
no, o Presidente será eleito juntamente com seu Vice-Presidente Tribunal Federal.
após processo eleitoral com regras mínimas descritas no artigo 77
da Constituição: Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidência da
República não será assumida em definitivo – caberá a realização
Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente de novas eleições para que se complete o período do mandato,
da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domin- indiretas se a vacância se der nos últimos dois anos de mandato,
go de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outu- diretas se ocorrer nos dois primeiros anos de mandato, conforme
bro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término artigo 81 da Constituição:
do mandato presidencial vigente.
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi-
Vice-Presidente com ele registrado. dente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aber-
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis- ta a última vaga.
trado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
computados os em branco e os nulos. presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na pri- depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
meira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o
proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais período de seus antecessores.
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos
votos válidos. O mandato do Presidente da República tem a duração de qua-
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, tro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano seguinte à elei-
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, ção.
dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República é de
em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte
qualificar-se-á o mais idoso. ao da sua eleição.
Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República toma- Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a ausência
rão posse e prestarão compromisso perante o Congresso Nacional: do país por parte do Presidente e do Vice-Presidente.
Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, ob- País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do
servar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar cargo.
a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para 2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente da Re-
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força pública
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. As atribuições do Presidente da República, substitutivamente
exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em alguns casos,
O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presidente da delegáveis aos Ministros de Estado e outras autoridades, estão des-
República e poderá substituí-lo temporariamente, quando o Presi- critas no artigo 84 da Constituição.
dente estiver ausente do país, ou definitivamente, no caso de va-
cância do cargo. Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da Re-
pública:
Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de superior da administração federal;
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre-
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para mis- vistos nesta Constituição;
sões especiais. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-Presidente V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, questão regulada VI - dispor, mediante decreto, sobre:
pelo artigo 80 da Constituição: a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extin-
ção de órgãos públicos;
Didatismo e Conhecimento 76
LEGISLAÇÃO APLICADA
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; O Presidente da República pode cometer atos ilícitos conside-
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar rados crimes de responsabilidade, conforme regulado pelo artigo
seus representantes diplomáticos; 85 da Constituição.
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; sidente da República que atentem contra a Constituição Federal
X - decretar e executar a intervenção federal; e, especialmente, contra:
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso I - a existência da União;
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciá-
a situação do País e solicitando as providências que julgar neces- rio, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das uni-
sárias; dades da Federação;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
necessário, dos órgãos instituídos em lei; IV - a segurança interna do País;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, no- V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
mear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei espe-
lhes são privativos;
cial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Supe- A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, define
riores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de
República, o presidente e os diretores do banco central e outros julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da Constituição traz regras
servidores, quando determinado em lei; mínimas sobre tal processo e julgamento. Neste sentido, o Sena-
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do do Federal presidido pelo Presidente do Supremo tribunal Federal
Tribunal de Contas da União; julgará os crimes de responsabilidade, ao passo que o Supremo
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Cons- Tribunal Federal julgará as infrações comuns.
tituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos ter- Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente da
mos do art. 89, VII; República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal,
Conselho de Defesa Nacional; nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au- crimes de responsabilidade.
torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas con- I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou
dições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con- II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do
gresso Nacional; processo pelo Senado Federal.
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamen-
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que to não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente,
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
maneçam temporariamente; § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas in-
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o frações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a
prisão.
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orça-
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato,
mento previstos nesta Constituição;
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro
suas funções.
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
referentes ao exercício anterior; 4) Dos Ministros de Estado
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na for- O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obrigações
ma da lei; dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para ocupação
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos ter- do cargo.
mos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constitui- Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre
ção. brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar políticos.
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repúbli- outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
ca ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos ór-
traçados nas respectivas delegações. gãos e entidades da administração federal na área de sua compe-
tência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República da República;
Didatismo e Conhecimento 77
LEGISLAÇÃO APLICADA
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a composição
regulamentos; do Senado Federal nos seguintes termos:
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de
sua gestão no Ministério; Artigo 46, CF. O Senado Federal compõe-se de representan-
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,
Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece: com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção de renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
Ministérios e órgãos da administração pública. dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
1) Do Congresso Nacional
O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bicameral, O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sendo que
contando com uma casa representativa do Povo e uma casa repre- 78 representam cada um dos Estados brasileiros, que são 26, e 3
sentativa dos Estados-membros. No caso, a Câmara dos Deputa- representam o Distrito Federal. O mandato do Senador é de duas
dos desempenha um papel de representação do povo; ao passo que legislaturas, ou seja, 8 anos. No entanto, a cada 4 anos sempre
o Senado Federal é responsável pela representação das unidades são eleitos Senadores, garantindo a alternância no Senado a cada
federadas da espécie Estados-membros. novas eleições. Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Fe-
No Congresso Nacional se desempenham as atividades legis- deral de um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam
lativas e determinadas atividades fiscalizatórias. Uma legislatura 2 cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou apenas 1
tem a duração de quatro anos, ao passo que uma sessão legislati- cadeira no Senado para cada unidade federativa com representa-
va tem duração de um ano, sendo esta dividida em dois períodos ção; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras).
legislativos cada qual com duração de 6 meses. Por seu turno, o Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos Deputados,
Deputado Federal tem mandato equivalente a uma legislatura (4 não há um maior número de representantes por ser a unidade fe-
anos), ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas derativa mais populosa, o número de cadeiras é fixo por Estado/
legislaturas (8 anos). Distrito Federal. Adota-se, assim, o princípio majoritário e não o
A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Federal: princípio proporcional.
Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê:
Artigo 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário, as
Federal. deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus mem-
anos. bros.
Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe como Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de maioria
se dá a composição da Câmara dos Deputados: absoluta dos membros da Casa ou Comissão (metade mais um), ao
passo que o quórum de deliberação é de maioria simples (metade
Artigo 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre- mais um dos membros presentes).
sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no Distrito Federal. 2) Fiscalização contábil, financeira e orçamentária
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação Estabelece o caput do artigo 70 da Constituição:
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com-
plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos Artigo 70, caput, CF. A fiscalização contábil, financeira, or-
ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma çamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimi-
setenta Deputados. dade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de re-
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. ceitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um siste-
ma proporcional de composição – quanto maior a população de A fiscalização contábil, financeira e orçamentária regulada
um Estado, maior o número de representantes que terá, respeitado pela Constituição recai sobre as receitas da União e demais entida-
o limite de setenta deputados; quanto menos a população de um des da administração direta e indireta nesta esfera. Tal fiscalização
Estado, menor o número de representantes que terá, respeitado se dá mediante controle externo, a ser exercido pelo Congresso
o limite mínimo de oito deputados. O Distrito Federal recebe o Nacional com auxílio do Tribunal de Contas da União, e mediante
mesmo tratamento de um Estado e por ser menos populoso pos- controle interno, consoante órgãos instituídos pelo próprio Poder
sui a representação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, fiscalizado em seu âmbito interno.
se existentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é
composta por 513 deputados.
Didatismo e Conhecimento 78
LEGISLAÇÃO APLICADA
Para que se viabilize esta atividade de fiscalização é necessá- I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
ria a instituição de obrigação de prestar contas, regulada no próprio da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
artigo 70, CF em seu parágrafo único: em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais respon-
Artigo 70, parágrafo único, CF. Prestará contas qualquer sáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arre- direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
cade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que de-
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, rem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
assuma obrigações de natureza pecuniária. prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
a) Controle externo – Tribunal de Contas da União admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
Com efeito, o principal órgão que colabora com o controle indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
externo na fiscalização exercida pelo Congresso Nacional é o Tri- Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
bunal de Contas da União. A composição do Tribunal de Contas comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor-
da União está regulamentada no artigo 73 da Constituição Federal, mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alte-
conferindo-se a capacidade de auto-organização e autoadministra- rem o fundamento legal do ato concessório;
ção assegurada aos órgãos do Poder Judiciário: IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputa-
dos, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, ins-
Artigo 73, CF. O Tribunal de Contas da União, integrado por peções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentá-
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de ria, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
que couber, as atribuições previstas no art. 96. referidas no inciso II;
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão no- V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio-
meados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: nais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos indireta, nos termos do tratado constitutivo;
de idade; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
II - idoneidade moral e reputação ilibada; pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômi- mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
cos e financeiros ou de administração pública; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Na-
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva cional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respecti-
atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados vas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamen-
no inciso anterior. tária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão es- e inspeções realizadas;
colhidos: VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em ao dano causado ao erário;
lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
merecimento; vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
II - dois terços pelo Congresso Nacional. ilegalidade;
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, apli- Federal;
cando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas cons- XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades
tantes do art. 40. ou abusos apurados.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire-
mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exer- tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
cício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Poder Executivo as medidas cabíveis.
Regional Federal. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo
de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo
Por seu turno, as atribuições do Tribunal de Contas da União anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição, envolvendo § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de dé-
notadamente o auxílio ao Congresso Nacional no controle externo bito ou multa terão eficácia de título executivo.
(tanto é assim que o Tribunal não susta diretamente os atos ilegais, § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimes-
mas solicita ao Congresso Nacional que o faça): tral e anualmente, relatório de suas atividades.
Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso Após, o artigo 72 regulamenta a atuação da Comissão Mista
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da Permanente de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização:
União, ao qual compete:
Didatismo e Conhecimento 79
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 72, CF. A Comissão mista permanente a que se refere Artigo 75, CF. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
o art. 166, §1º75, diante de indícios de despesas não autorizadas, -se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos
ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governa- dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
mental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclare- Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre
cimentos necessários. os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes Conselheiros.
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento 1) Disposições gerais
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei ao
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação. O artigo
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave 92 da Constituição disciplina os órgãos que compõem o Poder Ju-
lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua diciário, sendo que os artigos posteriores delimitam a competência
sustação. de cada um deles. Os órgãos que ficam no topo do sistema pos-
suem sede na Capital Federal, Brasília, e são dotados de jurisdição
b) Controle interno em todo o território nacional.
O controle interno será exercido em todos os Poderes median-
te sistema integrado entre os órgãos do controle interno, bem como Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
entre estes e o Tribunal de Contas da União, cuja finalidade está I - o Supremo Tribunal Federal;
descrita no artigo 74 da Constituição. I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
Artigo 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
rio manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
a finalidade de: V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plu- VI - os Tribunais e Juízes Militares;
rianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
da União; e Territórios.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de
à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e pa- Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
trimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito têm jurisdição em todo o território nacional.
privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e ga- 1.1) Estatuto da Magistratura
rantias, bem como dos direitos e haveres da União; A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, dispõe
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que faz as vezes de
institucional. Estatuto da Magistratura. A lei foi recepcionada pela Constituição
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co- Federal no que for compatível com este artigo 93, que segue abai-
nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão xo. Com efeito, a Lei Complementar nº 35/1979 foi sendo atuali-
ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsa- zada pelas Leis Complementares nº 37/1979, 54/1986 e 60/1989 e
bilidade solidária. Resoluções do Senado Federal nº 12/9031/93. Contudo, somente
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindi- com a edição da Constituição Federal de 1988 e, principalmente,
cato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregula- com a Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se um horizonte
ridades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. mais promissor.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), inclusive,
c) Simetria quanto aos demais entes federados elaborou em fevereiro de 2005 uma Proposta de Anteprojeto de
O artigo 75 da Constituição estabelece normativa mínima a Lei Complementar versando sobre o Estatuto da Magistratura Na-
ser aplicada à fiscalização contábil, financeira e orçamentária das cional (LOMAN) de forma mais compatível com o atual contexto
demais unidades federativas, respeitando uma simetria constitu- da Constituição Federal. Mais recentemente, ao final de 2014, o
cional. Presidente do Supremo Tribunal Federal divulgou minuta do Es-
tatuto da Magistratura, anteprojeto que pode ser apresentado ao
75 Disciplina o referido dispositivo: “Art. 166. Os projetos
de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
Congresso Nacional no ano de 201576. A edição do Estatuto, entre-
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso tanto, vem tardando. Ainda assim, prevalece o entendimento pela
Nacional, na forma do regimento comum. § 1º Caberá a uma Comissão mista autoaplicabilidade do artigo 93 da Constituição Federal, o que re-
permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os força garantias essenciais ao exercício da atividade judicante.
projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo
Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e pro-
gramas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das
demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo 76 http://jota.info/o-que-o-stf-quer-mudar-estatuto-da-ma-
com o art. 58”. gistratura
Didatismo e Conhecimento 80
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário se-
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, ob- rão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nu-
servados os seguintes princípios: lidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as sigilo não prejudique o interesse público à informação;
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
de classificação; maioria absoluta de seus membros;
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco jul-
por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: gadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da compe-
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer- tência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por anti-
cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta guidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo veda-
requisitos quem aceite o lugar vago; do férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcio-
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos nando, nos dias em que não houver expediente forense normal,
critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju- juízes em plantão permanente;
risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será pro-
reconhecidos de aperfeiçoamento; porcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá XIV - os servidores receberão delegação para a prática de
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços atos de administração e atos de mero expediente sem caráter de-
de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada cisório;
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver graus de jurisdição.
autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
ao cartório sem o devido despacho ou decisão; 1.2) Quinto constitucional
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por an- O artigo 94 da Constituição Federal regulamenta o denomi-
tiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou nado quinto constitucional, que garante que 1/5 de determinados
única entrância; Tribunais seja composto por membros do Ministério Público ou
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoa- Advogados, exercentes há 10 anos no mínimo, sendo lista tríplice
mento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória remetida ao Chefe do Executivo, que fará a nomeação.
do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento Artigo 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio-
de magistrados; nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores cor- e Territórios será composto de membros, do Ministério Público,
responderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório
para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos
nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da órgãos de representação das respectivas classes.
estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará
e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso,
o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; 1.3) Garantias da magistratura
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de- As garantias da magistratura encontram previsão no caput do
pendentes observarão o disposto no art. 40; artigo 95 da Constituição Federal, sendo elas vitaliciedade, inamo-
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo au- vibilidade e irredutibilidade de subsídio.
torização do tribunal;
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do Artigo 95, CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:
magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado,
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
nas alíneas ‘a’ , ‘b’ , ‘c’ e ‘e’ do inciso II; forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos
artigos 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Didatismo e Conhecimento 81
LEGISLAÇÃO APLICADA
a) Vitaliciedade – trata-se da garantia de que o magistrado a) a alteração do número de membros dos tribunais inferio-
não perderá o cargo a não ser em caso de sentença judicial tran- res;
sitada em julgado. Nos primeiros dois anos de exercício, não se b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
adquire a garantia da vitaliciedade, de modo que caberá a perda serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
do cargo mesmo em caso de deliberação do tribunal ao qual o juiz como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusi-
estiver vinculado. ve dos tribunais inferiores, onde houver;
b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser transferido c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
da comarca ou seção na qual é titular e nem mesmo de sua vara, d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
salvo motivo de interesse público, exigindo-se no caso decisão por III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do
voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministé-
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. rio Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada
c) Irredutibilidade de subsídio – o subsídio do magistrado a competência da Justiça Eleitoral.
não pode ser reduzido, mas é necessário observar o respeito aos
limites de teto e demais limites financeiros e orçamentários fixados Por seu turno, o artigo 97 da Constituição traz uma regra já
na Constituição. estudada quando do controle de constitucionalidade referente ao
Prossegue o artigo 95 estabelecendo vedações aos juízes no quórum para a declaração de inconstitucionalidade:
exercício de suas funções ou em decorrência dele.
Artigo 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
Artigo 95, parágrafo único, CF. Aos juízes é vedado: membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun- tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normati-
ção, salvo uma de magistério; vo do Poder Público.
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou partici-
pação em processo; Já o artigo 98 da Constituição Federal prevê questões organi-
III - dedicar-se à atividade político-partidária. zacionais, notadamente sobre órgãos judiciários a serem criados.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri- Os juizados especiais são regidos na esfera estadual pela Lei nº
buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, res- 9.099/1995 e na esfera federal pela Lei nº 10.259/2001.
salvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas- Artigo 98, CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios,
tou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por e os Estados criarão:
aposentadoria ou exoneração. I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados
e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
1.4) Competência e organização ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
O artigo 96 da Constituição Federal disciplina a questão da menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e su-
competência dos principais órgãos do Poder Judiciário, notada- maríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação
mente tribunais, deixando evidente a autonomia organizacional e e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
administrativa do Poder Judiciário, questão reforçada no artigo 99 II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos
da Constituição. pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos
e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verifi-
Artigo 96, CF. Compete privativamente: car, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo
I - aos tribunais: de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos in- jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
ternos, com observância das normas de processo e das garantias § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcio- no âmbito da Justiça Federal.
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusiva-
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos mente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da ativi- Justiça.
dade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de O artigo 99 da Constituição detalha a questão da autonomia
juiz de carreira da respectiva jurisdição; administrativa e financeira do Poder Judiciário.
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títu- Artigo 99, CF. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
los, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos administrativa e financeira.
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias
assim definidos em lei; dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Po-
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus mem- deres na lei de diretrizes orçamentárias.
bros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vin- § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribu-
culados; nais interessados, compete:
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribu-
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respecti- nal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos
vo, observado o disposto no art. 169: respectivos tribunais;
Didatismo e Conhecimento 82
LEGISLAÇÃO APLICADA
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territó- § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados,
rios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público,
dos respectivos tribunais. segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as res- igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência
pectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na social.
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os va- direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débi-
lores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo tos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de
com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na valores atualizados monetariamente.
forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá- § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
rios para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Pre-
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não po- sidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar
derá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e ex-
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orça- clusivamente para os casos de preterimento de seu direito de pre-
mentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertu- cedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à
ra de créditos suplementares ou especiais. satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis-
1.5) Precatórios sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular
Precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário requi- de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e respon-
sita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha sido con- derá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
denada em processo judicial. Grosso modo, é o documento pelo § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou
qual o Presidente de Tribunal, por solicitação do Juiz da causa, suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repar-
determina o pagamento de dívida da União, de Estado, Distrito tição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento
Federal ou do Município, por meio da inclusão do valor do débito de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
no orçamento público. § 9º No momento da expedição dos precatórios, independen-
O tratamento dos precatórios na Constituição Brasileira foi temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de
substancialmente alterado pela Emenda Constitucional nº 62/2009, compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
que conferiu nova redação ao artigo 100 do texto da Constituição. inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor
original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vin-
Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pú- cendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução este-
blicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de ja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem crono- § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará
lógica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias,
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os
dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para
este fim. os fins nele previstos.
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque- § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precató-
suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações rios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.
por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pa- atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
gos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
aqueles referidos no § 2º deste artigo. pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupan-
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham ça, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples
60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do pre- no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
catório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma poupança, ficando excluída a incidência de juros compensató-
da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débi- rios.
tos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus cré-
do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para ditos em precatórios a terceiros, independentemente da concor-
essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronoló- dância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto
gica de apresentação do precatório. nos §§ 2º e 3º.
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expe- § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
dição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de
definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas refe- origem e à entidade devedora.
ridas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em
julgado.
Didatismo e Conhecimento 83
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complemen- d) o ‘habeas corpus’, sendo paciente qualquer das pessoas
tar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o
para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Fe- ‘habeas data’ contra atos do Presidente da República, das Mesas
deral e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
líquida e forma e prazo de liquidação. Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União pode- Supremo Tribunal Federal;
rá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna-
Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. cional e a União, o Es0tado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União
2) Órgãos do Poder Judiciário e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respecti-
2.1) Supremo Tribunal Federal vas entidades da administração indireta;
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
Judiciário brasileiro e desempenha a função de guardião da Cons- h) (Revogado)
tituição e do sistema democrático. Trata-se da última instância i) o ‘habeas corpus’, quando o coator for Tribunal Superior
judiciária a qual se pode postular e a sua decisão não pode ser ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário
questionada a nenhum outro órgão interno. cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
Entre suas principais atribuições está a de julgar a ação di- Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
reta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou em uma única instância;
estadual, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
normativo federal, a arguição de descumprimento de preceito fun- l) a reclamação para a preservação de sua competência e ga-
damental decorrente da própria Constituição e a extradição solici- rantia da autoridade de suas decisões;
tada por Estado estrangeiro. m) a execução de sentença nas causas de sua competência
Na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infra- originária, facultada a delegação de atribuições para a prática
ções penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, de atos processuais;
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam
Procurador-Geral da República, entre outros. direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da
Em grau de recurso, sobressaem-se as atribuições de julgar, metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou
em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o sejam direta ou indiretamente interessados;
habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão, e, em recurso Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou en-
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, tre estes e qualquer outro tribunal;
quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição. p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de incons-
A composição está regulada no artigo 101 da Constituição Fe- titucionalidade;
deral, ao passo que a competência está prevista no artigo 102 da q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
mesma. regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-
Artigo 101, CF. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de ral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de
onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber Supremo Tribunal Federal;
jurídico e reputação ilibada. r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal Conselho Nacional do Ministério Público;
serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprova- II - julgar, em recurso ordinário:
da a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas
Artigo 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci- data’ e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
puamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
I - processar e julgar, originariamente: b) o crime político;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato nor- III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas deci-
mativo federal ou estadual e a ação declaratória de constituciona- didas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
lidade de lei ou ato normativo federal; a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus pró- c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em
prios Ministros e o Procurador-Geral da República; face desta Constituição.
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabi- d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
lidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do § 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamen-
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os tal, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da Tribunal Federal, na forma da lei.
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
Didatismo e Conhecimento 84
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supre- ciará no objeto principal da lide. Seus efeitos são “inter partes”,
mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade restritos às partes no processo, mas existe uma tendência de ex-
e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão efi- tensão de efeitos. No Supremo Tribunal Federal um dos principais
cácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais mecanismos para que o órgão exerça o controle difuso é o dos
órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e recursos extraordinários.
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Os recursos extraordinários em geral não servem para a pura
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar manifestação de inconformismo, servem para o resguardo e a uni-
a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no formidade de interpretação da Constituição Federal e das leis fe-
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admis- derais. Por isso, são recursos de fundamentação restrita, a qual é
são do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de estabelecida pela Constituição Federal (perante o STF, fundamen-
dois terços de seus membros. tação em violação da CF) – artigo 102, III, CF.
Vale destacar a questão da repercussão geral nos recursos
Ação direta de inconstitucionalidade extraordinários. A repercussão geral é um dos mecanismos cria-
Controle de constitucionalidade é um exercício de verifica- do pelo Legislativo para restringir o número de recursos no STF.
Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a Emenda Constitucional nº
ção de compatibilidade entre um ato jurídico de qualquer natureza,
45/2004, passou a ser requisito de admissibilidade do REXT, exi-
mas principalmente normativo, com relação à Constituição Fede-
gindo que a matéria tenha relevante valor social, político, econô-
ral, de modo que a ausência de adequação deste ato jurídico quanto
mico ou jurídico, transcendendo o interesse individual das partes.
ao texto constitucional gera a declaração de inconstitucionalidade Nota-se que a lei usa expressões um tanto quanto vagas, de modo
e, por consequência, o afastamento de sua aplicabilidade. a deixar ao julgador, STF, a possibilidade de examinar cada caso
O fundamento do controle de constitucionalidade é a supre- concreto, dizendo se há repercussão geral.
macia da Constituição. Com efeito, a Constituição Federal e os Aquele que interpõe REXT deve dizer, primeiramente, por-
demais atos normativos que compõem o denominado bloco de que há repercussão geral. O REXT é interposto perante o órgão “a
constitucionalidade, notadamente, emendas constitucionais e tra- quo”, que fará análise dos requisitos de admissibilidade, SALVO
tados internacionais de direitos humanos aprovados com quórum REPERCUSSÃO GERAL. Só haverá pronunciamento sobre a re-
especial após a Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo percussão geral se o recurso chegar de fato ao STF. Dos 11 minis-
do ordenamento jurídico. tros, ao menos 8 (2/3) devem dizer que não há repercussão geral.
Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma Logo, a falta de repercussão geral deve ser bem evidente.
estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. O
respeito a esta relação de compatibilidade vertical é, assim, es- Súmula vinculante
sencial para que um ato jurídico adquira validade no ordenamento A partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi introduzida
jurídico nacional. a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal aprovar, após rei-
O controle concentrado, no sistema brasileiro, é realizado teradas decisões sobre matéria constitucional, súmula com efeito
pelo Supremo Tribunal Federal, mediante utilização de ações es- vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
pecíficas previstas na Constituição Federal, as quais tem por causa administração pública direta e indireta, nas esferas federal, esta-
de pedir a própria declaração de inconstitucionalidade. A norma dual e municipal, questão regulada pelo artigo 103-A da Consti-
abstratamente considerada é atacada em sua constitucionalidade tuição.
mediante ação específica.
Logo, o controle é feito por via de ação porque uma ação pró- Art. 103-A. CF. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofí-
pria tem por objetivo único e exclusivo a realização deste controle, cio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
decidindo pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade. Não membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
existe um interesse jurídico subjacente ligado a uma pessoa, não aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
existe alguém específico em relação ao qual os efeitos da decisão
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
impactarão de forma mais intensa. A única finalidade é assegurar
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
a supremacia da Constituição. Uma vez reconhecido que a lei é
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
inconstitucional, todas as pessoas sujeitas ao ordenamento jurídico § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e
nacional serão atingidas – efeito “erga omnes” da decisão (artigo a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja contro-
28, parágrafo único, Lei nº 9.868/1999). vérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administra-
No mais, fala-se em controle concentrado porque se concentra ção pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
num único órgão – o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal. multiplicação de processos sobre questão idêntica.
Aliás, no Tribunal Pleno do STF será necessária a maioria abso- § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a apro-
luta dos membros no julgamento deste tipo de ação: logo, dos 11 vação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada
ministros, ao menos 6 devem votar pela inconstitucionalidade para por aqueles que podem propor a ação direta de inconstituciona-
que ela seja declarada. lidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar
Recursos Extraordinários a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá recla-
No controle de constitucionalidade difuso o controle é feito mação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a proceden-
conforme o caso concreto para que aquele objeto de discussão na te, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
relação jurídico-processual seja apreciado. Logo, é incidental, fun- reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
cionando como uma questão prejudicial de mérito, que influen- aplicação da súmula, conforme o caso.
Didatismo e Conhecimento 85
LEGISLAÇÃO APLICADA
2.2) Superior Tribunal de Justiça b) os mandados de segurança e os ‘habeas data’ contra ato de
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior Tribunal Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e
de Justiça (STJ) é a corte responsável por uniformizar a interpreta- da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
ção da lei federal em todo o Brasil, seguindo os princípios consti- c) os ‘habeas corpus’, quando o coator ou paciente for qual-
tucionais e a garantia e defesa do Estado de Direito. quer das pessoas mencionadas na alínea ‘a’, ou quando o coator
O STJ é a última instância da Justiça brasileira para as causas for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Co-
infraconstitucionais, não relacionadas diretamente à Constituição. mandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada
Como órgão de convergência da Justiça comum, aprecia causas a competência da Justiça Eleitoral;
oriundas de todo o território nacional, em todas as vertentes juris- d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, res-
dicionais não especializadas. salvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre tribunal e
Sua competência está prevista no art. 105 da Constituição Fe- juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
deral, que estabelece os processos que têm início no STJ (origi- diversos;
nários) e os casos em que o Tribunal age como órgão de revisão, e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julga-
inclusive nos julgamentos de recursos especiais. dos;
O STJ julga crimes comuns praticados por governadores dos f) a reclamação para a preservação de sua competência e
estados e do Distrito Federal, crimes comuns e de responsabilidade garantia da autoridade de suas decisões;
de desembargadores dos tribunais de justiça e de conselheiros dos g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrati-
tribunais de contas estaduais, dos membros dos tribunais regionais vas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um
federais, eleitorais e do Trabalho. Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre
Julga também habeas corpus que envolvam essas autoridades as deste e da União;
ou ministros de Estado, exceto em casos relativos à Justiça eleito- h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
ral. Pode apreciar ainda recursos contra habeas corpus concedidos regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
ou negados por tribunais regionais federais ou dos estados, bem federal, da administração direta ou indireta, excetuados os ca-
como causas decididas nessas instâncias, sempre que envolverem sos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
lei federal. Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
Em 2005, como parte da reforma do Judiciário, o STJ assumiu Justiça Federal;
também a competência para analisar a concessão de cartas rogató- i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
rias e processar e julgar a homologação de sentenças estrangeiras. ‘exequatur’ às cartas rogatórias;
Até então, a apreciação desses pedidos era feita no Supremo Tri- II - julgar, em recurso ordinário:
bunal Federal (STF)77. a) os habeas corpus decididos em única ou última instância
O artigo 104 da Constituição regula sua composição, ao passo pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Esta-
que o artigo 105 regula sua competência. dos, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for de-
negatória;
Artigo 104, CF. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, b) os mandados de segurança decididos em única instância
no mínimo, trinta e três Ministros. pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Esta-
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justi- dos, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a de-
ça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasilei- cisão;
ros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou or-
de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada ganismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: pessoa residente ou domiciliada no País;
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indi- única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
cados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros quando a decisão recorrida:
do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
lei federal;
Artigo 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
I - processar e julgar, originariamente: atribuído outro tribunal.
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal
Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desem- de Justiça:
bargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Fe- I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
deral, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Dis- Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar
trito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Jus-
União que oficiem perante tribunais; tiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do
77 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/ sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter
vinculante.
Didatismo e Conhecimento 86
LEGISLAÇÃO APLICADA
2.3) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo interna-
Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais são os cional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
órgãos que possuem competência de julgamento no âmbito da Jus- III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União
tiça Federal, conforme delimitação feita pelos artigos 108 e 109 com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
da Constituição Federal. Por sua vez, os artigos 106, 107 e 110 da IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
Constituição voltam-se ao estabelecimento de estrutura e compo- detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
sição da Justiça Federal. entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contra-
venções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Artigo 106, CF. São órgãos da Justiça Federal: Eleitoral;
I - os Tribunais Regionais Federais; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacio-
II - os Juízes Federais. nal, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Artigo 107, CF. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na res- § 5º deste artigo;
pectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos ca-
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
sendo: econômico-financeira;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua compe-
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público tência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos
Federal com mais de dez anos de carreira; atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato
mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
alternadamente. tribunais federais;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede. ressalvada a competência da Justiça Militar;
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça iti- X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de es-
nerante, com a realização de audiências e demais funções da ati- trangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de
vidade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdi- sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes
ção, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar des- XI - a disputa sobre direitos indígenas.
centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de as- § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na
segurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
fases do processo. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas
na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde
Artigo 108, CF. Compete aos Tribunais Regionais Federais: houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde
I - processar e julgar, originariamente: esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro
Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verifi-
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados cada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
seus ou dos juízes federais da região; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será
próprio Tribunal ou de juiz federal; sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz do juiz de primeiro grau.
federal; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
e) os conflitos de competência entre juízes federais vincula- Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
dos ao Tribunal; cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacio-
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juí- nais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
zes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
federal da área de sua jurisdição. do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de compe-
tência para a Justiça Federal.
Artigo 109, CF. Aos juízes federais compete processar e jul-
gar: Artigo 110, CF. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empre- constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
sa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da
justiça local, na forma da lei.
Didatismo e Conhecimento 87
LEGISLAÇÃO APLICADA
2.4) Tribunais e juízes do trabalho, Conselho Superior da IV - os mandados de segurança, ‘habeas corpus’ e ‘habeas
Justiça do Trabalho data’, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
A Justiça do Trabalho tem sua estrutura estabelecida no artigo jurisdição;
111 da Constituição e possui como órgão de cúpula o Tribunal Su- V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
perior do Trabalho, embora ele não seja a última instância possível trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’;
– em tese, ainda se pode ir ao Supremo Tribunal Federal. A com- VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
posição deste Tribunal Superior está definida no artigo 111-A, CF. decorrentes da relação de trabalho;
Ainda sobre questões estruturais da Justiça do Trabalho, têm-se os VII - as ações relativas às penalidades administrativas im-
artigos 112, 113, 114 e 115 da Constituição Federal. Por seu turno, postas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações
o artigo 114, CF define as competências da Justiça do Trabalho. de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previs-
Artigo 111, CF. São órgãos da Justiça do Trabalho: tas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
I - o Tribunal Superior do Trabalho; sentenças que proferir;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
III - Juízes do Trabalho. na forma da lei.
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão ele-
Art. 111-A, CF. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á ger árbitros.
de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajui-
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta zar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça
do Senado Federal, sendo: do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas an-
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público teriormente.
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibili-
o disposto no art. 94; dade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Tra-
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Tra- balho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do
balho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo pró- Trabalho decidir o conflito.
prio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior Artigo 115, CF. Os Tribunais Regionais do Trabalho com-
do Trabalho. põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível,
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco
Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, anos, sendo:
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-
carreira; tiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo- Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, or- disposto no art. 94;
çamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas antiguidade e merecimento, alternadamente.
decisões terão efeito vinculante. § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
Artigo 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po- atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva juris-
dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí- dição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
Regional do Trabalho. descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
Artigo 113, CF. A lei disporá sobre a constituição, investidu- assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
ra, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício fases do processo.
dos órgãos da Justiça do Trabalho. Artigo 116, CF. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
exercida por um juiz singular.
Artigo 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar: 2.5) Conselho Nacional de Justiça
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os O Conselho Nacional de Justiça é um órgão que foi criado
entes de direito público externo e da administração pública direta para reformular quadros e meios de atuação do Poder Judiciário,
e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- promovendo transparência administrativa e processual. Foi criado
nicípios; em 31 de dezembro de 2004 e instalado em 14 de junho de 2005,
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; com sede em Brasília/DF e atuação em todo o território nacio-
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, nal. Sua missão é contribuir para que a prestação jurisdicional seja
entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregado- realizada com moralidade, eficiência e efetividade, beneficiando
res; a sociedade. Em sua visão, pretende ser um instrumento efetivo
Didatismo e Conhecimento 88
LEGISLAÇÃO APLICADA
de desenvolvimento do Poder Judiciário. Tem por diretrizes, em XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido
linhas gerais, promover: “planejamento estratégico e proposição pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados
de políticas públicas judiciárias; modernização tecnológica do Ju- pelo órgão competente de cada instituição estadual;
diciário; ampliação do acesso à justiça, pacificação e responsabi- XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
lidade social; garantia de efetivo respeito às liberdades públicas e Ordem dos Advogados do Brasil;
execuções penais”. XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
Entre seus principais órgãos, destacam-se: ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
a) Corregedoria – é o órgão do CNJ que exerce o controle Senado Federal.
disciplinar e promove a administração da justiça, delegando atri- § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supre-
buições e instruções. Não pune os desvios de conduta praticados mo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo
por magistrados e servidores, mas apura os fatos trazidos ao seu Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
conhecimento e leva à apreciação do Plenário do CNJ todas es- § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo
tas questões relacionadas à atividade judiciária que se apresentem Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
mais graves e que possam macular a imagem do Judiciário na so- maioria absoluta do Senado Federal.
ciedade. O cargo de corregedor é ocupado por um ministro do Su- § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas
perior Tribunal de Justiça (STJ). neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
b) Ouvidoria – é o instrumento de comunicação da sociedade § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administra-
com o CNJ. É um serviço posto à disposição do cidadão para que tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deve-
esclareça dúvidas, reclame, denuncie, elogie ou apresente suges- res funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições
tões sobre os serviços e as atividades do CNJ. que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
c) Presidência – A presidência do Conselho Nacional de Jus- I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cum-
tiça é ocupada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. De- primento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos
sempenha funções administrativas em geral, como superintender a regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
ordem e a disciplina do CNJ, aplicar penalidades aos seus servi- providências;
dores, representar o CNJ perante quaisquer órgãos e autoridades, II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
convocar e presidir as sessões plenárias do CNJ, entre outras. Tam- ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
bém se manifesta por diversos atos, como portarias, resoluções, praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo
atas e instruções normativas. desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
O CNJ tem promovido diversos projetos na sociedade aproxi- providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem pre-
mando-a do Poder Judiciário, do conhecimento de seus direitos e juízo da competência do Tribunal de Contas da União;
de uma maior consciência social acerca dos preconceitos existen- III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou
tes. Também promove projetos que visam dar maior celeridade à órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxi-
atuação do Poder Judiciário, diminuindo o número de processos. liares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de
São exatamente nestas iniciativas que se encontram as maiores crí- registro que atuem por delegação do poder público ou oficializa-
ticas ao CNJ, o qual estaria se imiscuindo nas atribuições do Poder dos, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos
Judiciário de julgar seus processos. tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e de-
terminar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
Art. 103-B, CF. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e apli-
15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 car outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
(uma) recondução, sendo: IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime con-
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; tra a administração pública ou de abuso de autoridade;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis-
pelo respectivo tribunal; ciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indica- de um ano;
do pelo respectivo tribunal; VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre pro-
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado cessos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos di-
pelo Supremo Tribunal Federal; ferentes órgãos do Poder Judiciário;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Fede- VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que
ral; julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Pre-
Superior Tribunal de Justiça; sidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Jus- Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
tiça; § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição
pelo Tribunal Superior do Trabalho; de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as se-
Trabalho; guintes:
X - um membro do Ministério Público da União, indicado I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interes-
pelo Procurador-Geral da República; sado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;
Didatismo e Conhecimento 89
LEGISLAÇÃO APLICADA
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de c) Defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
correição geral; – Mazzilli79 aprofunda o tema: “Os direitos difusos compreendem
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atri- grupos menos determinados de pessoas (melhor do que pessoas
buições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive indeterminadas, são antes pessoas indetermináveis), entre as quais
nos Estados, Distrito Federal e Territórios. inexiste vínculo jurídico ou fático preciso. São como feixe ou con-
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da Re- junto de interesses individuais, de objeto indivisível, compartilha-
pública e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo- dos por pessoas indetermináveis, que se encontram unidas por cir-
gados do Brasil. cunstâncias de fato conexas. [...] Coletivos, em sentido estrito, são
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, interesses transindividuais indivisíveis de um grupo determinado
criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclama- ou determinável de pessoas, reunidas por uma relação jurídica bá-
ções e denúncias de qualquer interessado contra membros ou sica comum. [...] Em sentido lato, os direitos individuais homo-
órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, gêneos não deixam de ser também interesses coletivos. Tanto os
representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. interesses individuais homogêneos como os difusos originaram-se
1) Ministério Público de circunstâncias de fato comuns; entretanto, são indetermináveis
Artigo 127, caput, CF. O Ministério Público é instituição per- os titulares de interesses difusos e o objeto de seu interesse é indi-
manente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin- visível; já nos interesses individuais homogêneos, os titulares são
do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos determinados ou determináveis, e o objeto da pretensão é divisí-
interesses sociais e individuais indisponíveis. vel), isto é, o dano ou a responsabilidade se caracterizam por sua
extensão divisível ou individualmente variável entre os integrantes
O Ministério Público desempenha um papel importantíssimo do grupo)”.
frente ao Poder Judiciário e, por isso, o artigo 127, caput da Cons- Por seu turno, as funções institucionais do Ministério Públi-
tituição Federal o considera essencial à função jurisdicional do Es- co estão descritas de maneira mais discriminada no artigo 129 da
tado e o coloca como instituição permanente. Constituição Federal:
O papel institucional, também descrito no caput do artigo 127,
envolve alguns aspectos, aqui estudados com base no entendimen- Artigo 129, CF. São funções institucionais do Ministério Pú-
to de Mazzilli78: blico:
a) Defesa da ordem jurídica – fazer valer o ordenamento I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
jurídico pátrio, buscar a efetividade na aplicação de suas normas, da lei;
eventualmente, utilizar-se de princípios constitucionais para bus- II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
car a efetividade da própria Constituição quanto aos direitos sem serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
regulamentação extensa. O Ministério Público funciona como um Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
guardião da lei e da ordem, fazendo com que ela seja cumprida, III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
notadamente nos casos em que interesses da coletividade ou de proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
indivíduos hipossuficientes estão em jogo. outros interesses difusos e coletivos;
Neste sentido, o Ministério Público não atua em todos os casos IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou represen-
em que há violação da lei, ou seja, em que há desrespeito à ordem tação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos
jurídica – existe prestação jurisdicional sem Ministério Público. previstos nesta Constituição;
Nos casos mais graves de violação da ordem jurídica o Ministério V - defender judicialmente os direitos e interesses das popu-
Público atua, o que o constituinte define como toda situação em lações indígenas;
que está em jogo o interesse social ou o interesse indisponível. VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos
Então, a defesa da ordem jurídica depende da lei violada, pois ela de sua competência, requisitando informações e documentos
deve pertencer ao campo de atuação do Ministério Público. para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
b) Defesa do regime democrático – O Ministério Público VII - exercer o controle externo da atividade policial, na for-
pode existir sem a democracia, num regime autoritário, mas so- ma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
mente há efetiva autonomia e independência do Ministério Público VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
no regime democrático. A manutenção da ordem jurídica e do sis- de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
tema democrático é condição para a paz e a liberdade das pessoas, manifestações processuais;
ou seja, do interesse social, razão pela qual é papel do Ministério IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
Público defender o regime democrático. Os direitos garantidos na que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a represen-
Constituição Federal são a base da democracia instituída na Repú- tação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
blica brasileira e cabe ao Ministério Público garantir o respeito a § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis
estes direitos. Ex.: fiscalização do processo eleitoral, coibição de previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hi-
violações aos direitos fundamentais, buscar o respeito aos direitos póteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
das minorias, etc. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
78 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência
ministradas na Escola Superior do Ministério Público. Disponível: <https:// 79 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difu-
www.youtube.com/>. sos em juízo. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 53-56.
Didatismo e Conhecimento 90
LEGISLAÇÃO APLICADA
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se- V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União
-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a e dos serviços de relevância pública quanto:
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realiza- a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos
ção, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de às ações e aos serviços de saúde e à educação;
atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da mora-
classificação. lidade e da publicidade;
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o dispos- VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal
to no art. 9380. e na lei.
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será §1º Os órgãos do Ministério Público da União devem zelar
imediata. pela observância dos princípios e competências da Instituição,
bem como pelo livre exercício de suas funções.
Ainda sobre as funções institucionais do Ministério Público, §2º Somente a lei poderá especificar as funções atribuídas pela
a Lei Complementar nº 75/1993 tece relevantes aprofundamentos Constituição Federal e por esta Lei Complementar ao Ministério
em seu artigo 5º, aplicável não somente ao Ministério Público da Público da União, observados os princípios e normas nelas esta-
União, mas a todos os Ministérios Públicos atuantes no cenário belecidos.
jurídico nacional:
Por seu turno, os princípios institucionais do Ministério Públi-
co encontram-se no artigo 127, §1º da Constituição Federal:
Art. 5º São funções institucionais do Ministério Público da
União:
I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos Artigo 127, §1º, CF. São princípios institucionais do Minis-
interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis, con- tério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência fun-
siderados, dentre outros, os seguintes fundamentos e princípios: cional.
a) a soberania e a representatividade popular;
b) os direitos políticos; Explica Mazzilli81:
c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Bra- a) Unidade – Se tem chefia, uma pessoa que está na cabeça
sil; da estrutura institucional, tem-se unidade. Sendo assim, unidade
d) a indissolubilidade da União; institucional relaciona-se ao princípio hierárquico. Se existe hie-
e) a independência e a harmonia dos Poderes da União; rarquia, existe o poder de avocar, delegar e designar (no Brasil,
f) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- estes poderes são limitados). Contudo, evidente que a hierarquia
cípios; não tem força absoluta por conta da independência funcional e
g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito por conta do próprio modelo de federação adotado pelo Brasil –
Federal e aos Municípios; trata-se de hierarquia exclusivamente administrativa, na atividade-
h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a publici- -meio.
dade, relativas à administração pública direta, indireta ou funda- É fácil falar em unidade e indivisibilidade num Estado unitá-
cional, de qualquer dos Poderes da União; rio, onde o Ministério Público só tem um chefe. No Brasil, cada
II - zelar pela observância dos princípios constitucionais re- um dos Ministérios Públicos tem o seu chefe. A verdade é que o
lativos: constituinte brasileiro se inspirou na doutrina francesa, aplicável a
a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tributar, um Estado unitário, e a incorporou à Constituição Federal sem se
à repartição do poder impositivo e das receitas tributárias e aos atinar para as consequências práticas do conceito.
direitos do contribuinte; b) Indivisibilidade – a rigor, significaria dizer que o Minis-
b) às finanças públicas; tério Público seria uma única instituição e os seus membros po-
c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola, fundiá- deriam se substituir por possuírem as mesmas competências. Este
ria e de reforma agrária e ao sistema financeiro nacional; conceito da doutrina francesa não pode ser transportado para o
d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao desporto, à
contexto jurídico-constitucional brasileiro. Afinal, existem vários
ciência e à tecnologia, à comunicação social e ao meio ambiente;
Ministérios Públicos e o membro de um não pode exercer a atri-
e) à segurança pública;
buição do membro de outro – um Ministério Público não pode se
III - a defesa dos seguintes bens e interesses:
a) o patrimônio nacional; imiscuir na competência do outro.
b) o patrimônio público e social; Como a finalidade do Ministério Público é uma só – servir
c) o patrimônio cultural brasileiro; ao interesse público – pode-se afirmar a unidade e a indivisibili-
d) o meio ambiente; dade enquanto uma característica institucional. Como instituição,
e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das comu- o Ministério Público é uno e indivisível. No sentido orgânico, é
nidades indígenas, da família, da criança, do adolescente e do incorreto afirmar a unidade e a indivisibilidade.
idoso; Trata-se de um órgão com uma só chefia e uma só função den-
IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da tro de cada órgão do Ministério Público (MPU, MPT, MPE, MPM,
União, dos serviços de relevância pública e dos meios de comuni- MPDFT) – este é o verdadeiro sentido de unidade e indivisibili-
cação social aos princípios, garantias, condições, direitos, deve- dade.
res e vedações previstos na Constituição Federal e na lei, relativos
81 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência
à comunicação social; ministradas na Escola Superior do Ministério Público. Disponível: <https://
80 Normas mínimas do Estatuto da Magistratura. www.youtube.com/>.
Didatismo e Conhecimento 91
LEGISLAÇÃO APLICADA
c) Independência funcional – É a liberdade de escrita e fala Por seu turno, o artigo 128, CF traz a estrutura do Ministério
na tomada dos atos institucionais. A independência funcional é Público, dizendo quais órgãos o compõem e por quem serão che-
uma prerrogativa conferida aos membros do Ministério Público fiados, além de vedações e garantias semelhantes às impostas à
que deve coexistir com a unidade e a indivisibilidade. Questiona- magistratura.
-se até que ponto a hierarquia decorrente da unidade e da indi-
visibilidade limita a independência funcional, afinal, os próprios Artigo 128, CF. O Ministério Público abrange:
conceitos de unidade e de indivisibilidade não são absolutos. Na I - o Ministério Público da União, que compreende:
prática, a unidade e a indivisibilidade são opostas à independência a) o Ministério Público Federal;
funcional. b) o Ministério Público do Trabalho;
Continuando o estudo do artigo 127 da Constituição Federal, c) o Ministério Público Militar;
seu §2º estabelece a autonomia funcional e administrativa do Mi- d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
nistério Público nos seguintes termos: II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procura-
Artigo 127, §2º, CF. Ao Ministério Público é assegurada auto-
dor-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República
nomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto
dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos,
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de
após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos mem-
seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso pú-
blico de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória bros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e recondução.
funcionamento. § 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por
iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
a) Autonomia funcional – Para que um órgão tenha auto- autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
nomia funcional é preciso que “reúna, em torno de si, três pres- § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Fe-
supostos básicos, quais sejam, uma lei, conforme os ditames da deral e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da
Constituição, que o institua juridicamente; uma própria dotação carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procu-
orçamentária, que seja a ele designada; e uma função específica rador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
que seja por ele desempenhada, isto é, uma função peculiar”82. para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
b) Autonomia administrativa – A autonomia administrativa § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Fede-
significa a soma de poderes da pessoa ou entidade para adminis- ral e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maio-
trar os seus próprios negócios, sob qualquer aspecto, consoante as ria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
normas e princípios institucionais de sua existência e dessa admi- respectiva.
nistração. Neste sentido, o poder conferido ao Ministério Público § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja ini-
de elaborar sua própria proposta orçamentária. ciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabe-
A questão orçamentária do Ministério Público encontra apro- lecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Minis-
fundamento nos §§ 3º a 6º do artigo 127 da Constituição: tério Público, observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
Artigo 127, §3º, CF. O Ministério Público elaborará sua pro- a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
posta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de di- perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julga-
retrizes orçamentárias. do;
Artigo 127, §4º, CF. Se o Ministério Público não encaminhar b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério
na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegu-
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os va-
rada ampla defesa;
lores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, §
com os limites estipulados na forma do § 3º.
4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III,
Artigo 127, §5º, CF. Se a proposta orçamentária de que trata 153, § 2º, I;
este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipu- II - as seguintes vedações:
lados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá-
necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária rios, percentagens ou custas processuais;
anual. b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
Artigo 127, §6º, CF. Durante a execução orçamentária do d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun-
exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assun- ção pública, salvo uma de magistério;
ção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei e) exercer atividade político-partidária;
de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal-
vadas as exceções previstas em lei.
82 AZEVEDO, Bernardo Montalvão Varjão de. Minis-
tério Público por uma verdadeira autonomia funcional. Disponível em:
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto
<http://jus.com.br/artigos/3893/ministerio-publico>. Acesso em: 15 jan. 2015. no art. 95, parágrafo único, V83.
83 Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas-
Didatismo e Conhecimento 92
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 130, CF. Aos membros do Ministério Público junto aos § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corre-
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção perti- gedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o
nentes a direitos, vedações e forma de investidura. integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atri-
buições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
Por fim, tem-se o artigo 130-A da Constituição Federal, que I - receber reclamações e denúncias, de qualquer interessa-
disciplina o Conselho Nacional do Ministério Público, incluído do, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus servi-
pela Emenda Constitucional nº 45/2004. ços auxiliares;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e
Artigo 130-A, CF. O Conselho Nacional do Ministério Públi- correição geral;
co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da III - requisitar e designar membros do Ministério Público,
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do
do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma Ministério Público.
recondução, sendo: § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo-
I - o Procurador-Geral da República, que o preside; gados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
II - quatro membros do Ministério Público da União, assegu- § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Minis-
rada a representação de cada uma de suas carreiras; tério Público, competentes para receber reclamações e denúncias
III - três membros do Ministério Público dos Estados; de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fede- Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando
ral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-
dem dos Advogados do Brasil; 2) Advocacia Pública
VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ili- O caput do artigo 131 da Constituição traz as funções insti-
bada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Se- tucionais da Advocacia-Geral da União: representação judicial e
nado Federal. extrajudicial da União, além de consultoria e assessoramento ao
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Pú- Poder Executivo Federal, conforme regulamentação a ser elabo-
blico serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na rada em lei complementar. No caso, a Lei Complementar nº 73,
forma da lei. de 10 de fevereiro de 1993 institui a Lei Orgânica da Advocacia-
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público -Geral da União e dá outras providências.
o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério O chefe da Advocacia-Geral da União é o Advogado-Geral da
Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus mem- União, livremente nomeado pelo Presidente da República, deven-
bros, cabendo lhe: do possuir notável saber jurídico, reputação ilibada e menos de 35
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Mi- anos. No entanto, os integrantes da Advocacia-Geral da União de
nistério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito início de carreira nela ingressam por concurso público de provas
de sua competência, ou recomendar providências; e títulos.
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou Não é atribuição da Advocacia-Geral da União promover a
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos pra- execução de dívida ativa de natureza tributária, o que é feito pela
ticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo Respeitando uma relação de compatibilidade entre as unida-
para que se adotem as providências necessárias ao exato cum- des federadas, estabelece-se nos Estados e no Distrito Federal uma
primento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Procuradoria em cada qual deles.
Contas; Artigo 131, CF. A Advocacia-Geral da União é a instituição
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a
órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da
contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência dis- lei complementar que dispuser sobre sua organização e funciona-
ciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos mento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do
disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade Poder Executivo.
ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, asse- -Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República
gurada ampla defesa; dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos jurídico e reputação ilibada.
disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da institui-
Estados julgados há menos de um ano; ção de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de
V - elaborar relatório anual, propondo as providências que provas e títulos.
julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País § 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
prevista no art. 84, XI. Nacional, observado o disposto em lei.
tou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração
Didatismo e Conhecimento 93
LEGISLAÇÃO APLICADA
Artigo 132, CF. Os Procuradores dos Estados e do Distrito São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade,
Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá a indivisibilidade e a independência funcional, os mesmos que re-
de concurso público de provas e títulos, com a participação da gem o Ministério Público.
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão É conferida a garantia da inamovibilidade aos membros
a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas da Defensoria Pública, ao mesmo tempo em que é vedado o
unidades federadas. exercício da advocacia fora das atribuições do cargo. Com efei-
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é to, o Defensor Público é um advogado, mas que deve se limi-
assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, me- tar ao exercício das atribuições institucionais a ele conferidas,
diante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após submetendo-se a um regime de dedicação exclusiva.
relatório circunstanciado das corregedorias. A Emenda Constitucional nº 80/2014 alterou substancialmen-
te a disciplina da Defensoria Pública na Constituição Federal de
3) Advocacia 1988, mudando a redação do caput dos artigos 134 e 135, bem
A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, dispõe sobre o Estatuto como incluindo ao primeiro os seus parágrafos. Neste sentido,
da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), con- passou-se a uma disciplina mais completa desta instituição que de-
substanciando o previsto no artigo 133 da Constituição Federal. sempenha papel fundamental no cenário jurídico nacional.
Neste sentido, coloca-se o advogado como indispensável à admi- Por seu turno, a Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de
nistração da justiça, afinal, sem o advogado seria impossível que o 1994, organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal
Poder Judiciário funcionasse. e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização
No exercício de suas funções, o advogado necessita da salva- nos Estados, e dá outras providências. Sendo assim, confere-se
guarda de seus atos e manifestações, permitindo que promova a liberdade para a devida regulamentação no âmbito dos Estados-
defesa do seu cliente da maneira mais plena possível. -membros, pois cada qual irá instituir a sua Defensoria Pública,
“O primeiro conjunto normativo que assegura (e ao mesmo guardada uma relação de compatibilidade com a normativa mí-
tempo limita) a profissão do advogado vem dado pelo próprio Es- nima prevista na Lei Complementar nº 80/1994. Neste sentido, o
tatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/1994), que proclama, na esfera texto constitucional assegura a autonomia funcional e administra-
criminal, a imunidade material (penal) em relação aos delitos de tiva, além da iniciativa orçamentária, a cada uma das Defensorias
difamação e injúria (quanto ao desacato, como se sabe, o STF con-
Públicas instituídas.
cedeu liminar para suspender a validade do texto legal).
No exercício da profissão o advogado conta também com a
Artigo 134, CF. A Defensoria Pública é instituição perma-
chamada imunidade judiciária (CP, art. 142), não respondendo cri-
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
minalmente, em princípio, por difamação ou injúria. Trata-se de
-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fun-
uma causa de exclusão da tipicidade material porque, respeitados
damentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
os limites do art. 142, o risco criado (quando do uso de expressões
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial,
mais ofensivas) é permitido. Não há que se falar em risco proibido
(logo, não existe desaprovação da conduta). dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
De outro lado, enquanto não são ultrapassados os limites do aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Cons-
exercício da profissão, força é convir que a inviolabilidade citada tituição Federal.
na CF não alcança somente os atos e manifestações do advogado, § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública
senão também seus meios de atuação, seu local de trabalho, seu da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
escritório, arquivos, pastas, computador, correspondências etc., ou normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de
seja, tudo isso está protegido pelo sigilo profissional (e pela invio- carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público
labilidade constitucional e legal) (nos termos do art. 7º, II, com re- de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da
dação dada pela Lei nº 11.767/2008). Também está protegido pela inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atri-
inviolabilidade e sigilo o local onde se localiza o departamento buições institucionais.
jurídico dentro de uma empresa”84. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas auto-
Artigo 133, CF. O advogado é indispensável à administra- nomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
ção da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
exercício da profissão, nos limites da lei. orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
4) Defensoria Pública União e do Distrito Federal.
A Defensoria Pública, colocada no texto constitucional como § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni-
instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Esta- dade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-
do, tem sua função institucional descrita no caput do artigo 134 da -se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do
Constituição Federal: orientação jurídica, promoção dos direitos art. 96 desta Constituição Federal.
humanos e defesa dos interesses individuais dos mais necessitados
e coletivos como um todo. Artigo 135, CF. Os servidores integrantes das carreiras disci-
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na
84 GOMES, Luís Flávio. Limites da inviolabilidade do forma do art. 39, § 4º.
advogado - Lei nº 11.767/2008. Disponível em: <http://lfg.jusbrasil.com.br/
noticias/1076221/limites-da-inviolabilidade-do-advogado-lei-n-11767-2008>.
Acesso em: 15 jan. 2015.
Didatismo e Conhecimento 94
LEGISLAÇÃO APLICADA
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo
de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumen-
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO E O tos ou de qualquer outra despesa;
PROCESSO DE RESPONSABILIDADE h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
ADMINISTRATIVA CIVIL E PENAL, NOS jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem
CASOS DE ABUSO DE AUTORIDADE. competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei
nº 7.960, de 21/12/89)
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil,
Regula o Direito de Representação e o processo de Respon- ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
sabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de au- Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
toridade.
administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gravidade do abuso cometido e consistirá em:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabi- a) advertência;
lidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no b) repreensão;
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a
presente lei. cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de d) destituição de função;
petição: e) demissão;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal f) demissão, a bem do serviço público.
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva san- § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
ção; dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver compe- a dez mil cruzeiros.
tência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol b) detenção por dez dias a seis meses;
de testemunhas, no máximo de três, se as houver. c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: outra função pública por prazo até três anos.
a) à liberdade de locomoção; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser apli-
b) à inviolabilidade do domicílio; cadas autônoma ou cumulativamente.
c) ao sigilo da correspondência; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
d) à liberdade de consciência e de crença; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser comina-
e) ao livre exercício do culto religioso; da a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
f) à liberdade de associação; funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do prazo de um a cinco anos.
voto; art. 7º recebida a representação em que for solicitada a apli-
h) ao direito de reunião;
cação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar com-
i) à incolumidade física do indivíduo;
petente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício pro-
fissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabele-
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: cidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares,
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi- que estabeleçam o respectivo processo.
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; § 2º não existindo no município no Estado ou na legislação
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão apli-
constrangimento não autorizado em lei; cadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários
prisão ou detenção de qualquer pessoa; Públicos Civis da União).
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou deten- § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para
ção ilegal que lhe seja comunicada; o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da
prestar fiança, permitida em lei; autoridade civil ou militar.
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial car- Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à auto-
ceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde ridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro-
que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou
quanto ao seu valor; ambas, da autoridade culpada.
Didatismo e Conhecimento 95
LEGISLAÇÃO APLICADA
Art. 10. Vetado Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de se ausente o Juiz.
Processo Civil. Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de in- houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
quérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, ocorrido constar do livro de termos de audiência.
instruída com a representação da vítima do abuso. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcio-
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá nalmente, no local que o Juiz designar.
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
instrução e julgamento. rogatório do réu, se estiver presente.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
duas vias. o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiên-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade cia e nos ulteriores termos do processo.
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advo-
por meio de duas testemunhas qualificadas; gado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as mais dez (10), a critério do Juiz.
verificações necessárias. Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e presta- a sentença.
rão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
querendo, na audiência de instrução e julgamento. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi-
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. e, por extenso, os despachos e a sentença.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi-
sentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, advogado ou defensor do réu e o escrivão.
fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferece- Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem di-
rá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para fíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei,
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
Juiz atender. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a de- digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
núncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O instrução e julgamento regulado por esta lei.
órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, re- Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
pudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de qua- da República.
renta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a H. CASTELLO BRANCO
denúncia. Juracy Magalhães
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.12.1965
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamen-
to, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco
dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento LEI DE EXECUÇÃO PENAL.
final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
da representação e da denúncia.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.
apresentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória Institui a Lei de Execução Penal.
para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos TÍTULO I
auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apre- Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
goando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as dispo-
do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa sições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições
e o advogado ou defensor do réu. para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Didatismo e Conhecimento 96
LEGISLAÇÃO APLICADA
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça CAPÍTULO II
ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no proces- Da Assistência
so de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Pro-
cesso Penal. SEÇÃO I
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso Disposições Gerais
provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Esta-
recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. do, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos em sociedade.
os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza Art. 11. A assistência será:
racial, social, religiosa ou política. I - material;
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade II - à saúde;
nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. III -jurídica;
IV - educacional;
TÍTULO II V - social;
Do Condenado e do Internado VI - religiosa.
CAPÍTULO I SEÇÃO II
Da Classificação Da Assistência Material
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado con-
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da sistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações
execução penal. higiênicas.
Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços
Classificação que elaborará o programa individualizador da pena que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de
privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
fornecidos pela Administração.
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em
cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no
SEÇÃO III
mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um)
Da Assistência à Saúde
psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de ca-
à pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. farmacêutico e odontológico.
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de § 1º (Vetado).
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminoló- § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado
gico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em
classificação e com vistas à individualização da execução. outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher,
submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de li- principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
berdade em regime semi-aberto. -nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reve-
ladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo SEÇÃO IV
sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: Da Assistência Jurídica
I - entrevistar pessoas; Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, internados sem recursos financeiros para constituir advogado.
dados e informações a respeito do condenado; Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de
III - realizar outras diligências e exames necessários. assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública,
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Lei
com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer nº 12.313, de 2010).
dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de § 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estru-
1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil tural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas
genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela
por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de Lei nº 12.313, de 2010).
2012) § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apro-
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em priado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. (Incluído
banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pela Lei nº 12.313, de 2010).
pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de
ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em li-
banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela berdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para
Lei nº 12.654, de 2012) constituir advogado. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
Didatismo e Conhecimento 97
LEGISLAÇÃO APLICADA
SEÇÃO V V - promover a orientação do assistido, na fase final do cum-
Da Assistência Educacional primento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução liberdade;
escolar e a formação profissional do preso e do internado. VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
sistema escolar da Unidade Federativa. VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso,
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com forma- do internado e da vítima.
ção geral ou educação profissional de nível médio, será implantado
nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua uni- SEÇÃO VII
versalização. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Da Assistência Religiosa
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será pres-
sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administra- tada aos presos e aos internados, permitindo-se lhes a participação nos
tiva e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recur- serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de
sos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou livros de instrução religiosa.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos
administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
religiosos.
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar
cursos supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído pela
de atividade religiosa.
Lei nº 13.163, de 2015)
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal SEÇÃO VIII
incluirão em seus programas de educação à distância e de utiliza- Da Assistência ao Egresso
ção de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de ini- II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em
ciação ou de aperfeiçoamento técnico. estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser
adequado à sua condição. prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de con- social, o empenho na obtenção de emprego.
vênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
ou ofereçam cursos especializados. I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada saída do estabelecimento;
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias II - o liberado condicional, durante o período de prova.
de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o egresso
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído pela para a obtenção de trabalho.
Lei nº 13.163, de 2015)
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído CAPÍTULO III
pela Lei nº 13.163, de 2015) Do Trabalho
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o
número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, SEÇÃO I
de 2015) Disposições Gerais
III - a implementação de cursos profissionais em nível de ini- Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição
de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
ciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as pre-
atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
cauções relativas à segurança e à higiene.
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo;
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolida-
(Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) ção das Leis do Trabalho.
V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacio- Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia
nal de presos e presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
SEÇÃO VI a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que deter-
Da Assistência Social minados judicialmente e não reparados por outros meios;
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o pre- b) à assistência à família;
so e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. c) a pequenas despesas pessoais;
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a ma-
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; nutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os pro- destinação prevista nas letras anteriores.
blemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que
saídas temporárias; será entregue ao condenado quando posto em liberdade.
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à
a recreação; comunidade não serão remuneradas.
Didatismo e Conhecimento 98
LEGISLAÇÃO APLICADA
SEÇÃO II Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho ex-
Do Trabalho Interno terno ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obri- punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos re-
gado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. quisitos estabelecidos neste artigo.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é
obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabeleci- CAPÍTULO IV
mento. Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em con-
ta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do SEÇÃO I
preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. Dos Deveres
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais
sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupa- pena.
ção adequada à sua idade. Art. 39. Constituem deveres do condenado:
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão ativi- I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sen-
dades apropriadas ao seu estado. tença;
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com
(seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos quem deva relacionar-se;
e feriados. III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de tra- IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos
balho aos presos designados para os serviços de conservação e ma- de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
nutenção do estabelecimento penal. V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objeti- VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
vo a formação profissional do condenado. VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora pro-
realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional
mover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empre-
da remuneração do trabalho;
sariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renu-
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
merado pela Lei nº 10.792, de 2003)
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber,
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão cele-
o disposto neste artigo.
brar convênio com a iniciativa privada, para implantação de ofici-
nas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluí-
do pela Lei nº 10.792, de 2003) SEÇÃO II
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da Dos Direitos
União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios ad- Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integri-
quirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produ- dade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
tos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomen- Art. 41 - Constituem direitos do preso:
dável realizar-se a venda a particulares. I - alimentação suficiente e vestuário;
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que III - Previdência Social;
alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o traba-
SEÇÃO III lho, o descanso e a recreação;
Do Trabalho Externo VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artís-
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em ticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a exe-
regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas cução da pena;
por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades pri- VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, so-
vadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da cial e religiosa;
disciplina. VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
por cento) do total de empregados na obra. X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empre- em dias determinados;
sa empreiteira a remuneração desse trabalho. XI - chamamento nominal;
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
consentimento expresso do preso. individualização da pena;
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e res- XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em de-
ponsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) fesa de direito;
da pena.
Didatismo e Conhecimento 99
LEGISLAÇÃO APLICADA
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspon- II - fugir;
dência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
comprometam a moral e os bons costumes. integridade física de outrem;
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob IV - provocar acidente de trabalho;
pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (In- V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
cluído pela Lei nº 10.713, de 2003) VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV artigo 39, desta Lei.
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefô-
diretor do estabelecimento. nico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medi- presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466,
da de segurança, no que couber, o disposto nesta de 2007)
Seção. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de con- couber, ao preso provisório.
fiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambu- Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de
latorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e direitos que:
acompanhar o tratamento. I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação
particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do ar-
SEÇÃO III tigo 39, desta Lei.
Da Disciplina Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui
falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina
SUBSEÇÃO I internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da
Disposições Gerais sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo
desempenho do trabalho. de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie,
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à até o limite de um sexto da pena aplicada; (Incluído pela Lei nº
pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso pro- 10.792, de 2003)
visório. II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa 10.792, de 2003)
e anterior previsão legal ou regulamentar. III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças,
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade com duração de duas horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
física e moral do condenado. IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. banho de sol. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. § 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abri-
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução gar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros,
da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabe-
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de lecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme 2003)
as disposições regulamentares. § 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferen-
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder ciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fun-
disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que esti- dadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título,
ver sujeito o condenado. em organizações criminosas, quadrilha ou bando. (Incluído pela
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará Lei nº 10.792, de 2003)
ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127,
181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. SUBSEÇÃO III
Das Sanções e das Recompensas
SUBSEÇÃO II Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
Das Faltas Disciplinares I - advertência verbal;
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, mé- II - repreensão;
dias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo
bem assim as respectivas sanções. único);
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspon- IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
dente à falta consumada. estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de disposto no artigo 88 desta Lei.
liberdade que: V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem Lei nº 10.792, de 2003)
ou a disciplina;
Capítulo I Seção I
Disposições Gerais Disposições Gerais
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
como crime ou contravenção penal. I - advertência;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito II - obrigação de reparar o dano;
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. III - prestação de serviços à comunidade;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser conside- IV - liberdade assistida;
rada a idade do adolescente à data do fato. V - inserção em regime de semiliberdade;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon- VI - internação em estabelecimento educacional;
derão as medidas previstas no art. 101. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
Capítulo II capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra-
Dos Direitos Individuais ção.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- a prestação de trabalho forçado.
mentada da autoridade judiciária competente. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos mental receberão tratamento individual e especializado, em local
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de adequado às suas condições.
seus direitos. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde 100.
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da
ele indicada. autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de remissão, nos termos do art. 127.
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- que houver prova da materialidade e indícios suficientes da auto-
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. ria.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada Seção II
a necessidade imperiosa da medida. Da Advertência
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de que será reduzida a termo e assinada.
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada. Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano
Capítulo III Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa-
Das Garantias Processuais trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
sem o devido processo legal. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medi-
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se- da poderá ser substituída por outra adequada.
guintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- Seção IV
nal, mediante citação ou meio equivalente; Da Prestação de Serviços à Comunidade
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
à sua defesa; realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
III - defesa técnica por advogado; excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro-
na forma da lei; gramas comunitários ou governamentais.
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com- Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as ap-
petente; tidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má-
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
em qualquer fase do procedimento. em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à
jornada normal de trabalho.
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi- pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto
tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acrésci-
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais mos legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594,
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao de 2012) (Vide)
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. -calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) da Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e na-
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da cional concomitantemente com a opção de que trata o caput, res-
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprova- peitado o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei
ção das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluí- nº 12.594, de 2012) (Vide)
do pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de pa- aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o pro-
trimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do duto de financiamento concedido por organismo financeiro inter-
art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualifi- nacional de que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de
cação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia cooperação, nem nos casos de contratação com empresa estran-
ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado. geira, para a compra de equipamentos fabricados e entregues no
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que exterior, desde que para este caso tenha havido prévia autorização
se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens
cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação e serviços realizada por unidades administrativas com sede no ex-
ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na for- terior.
ma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este
oficiais. artigo poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no todo
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos ou em parte, para a contratação de produto para pesquisa e desen-
assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade volvimento, desde que para pronta entrega ou até o valor previsto
operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta na alínea “a” do inciso II do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº
em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de 13.243, de 2016)
rotação. Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de em-
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa presas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices con- I - comprovação do compromisso público ou particular de
tábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
administrativo da licitação que tenha dado início ao certame lici- II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que de-
tatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente verá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas
adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente no edital;
ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação. (Redação III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada con-
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser sorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o so-
apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenti- matório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua res-
cada por cartório competente ou por servidor da administração ou pectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o
publicação em órgão da imprensa oficial. (Redação dada pela Lei consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores
nº 8.883, de 1994) exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas
poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, empresas assim definidas em lei;
concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1o do mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamen-
art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, te;
quanto às informações disponibilizadas em sistema informatizado V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos pra-
de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a decla- ticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de exe-
rar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo cução do contrato.
da habilitação. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) § 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a li-
§ 3o A documentação referida neste artigo poderá ser substi- derança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado
tuída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública, o disposto no inciso II deste artigo.
desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obe- § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da
diência ao disposto nesta Lei. celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio,
§ 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no País, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às
exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equi- Seção III
valentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos Dos Registros Cadastrais
por tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Bra- Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Admi-
sil com poderes expressos para receber citação e responder admi- nistração Pública que realizem frequentemente licitações mante-
nistrativa ou judicialmente. rão registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regula-
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, mentar, válidos por, no máximo, um ano. (Regulamento)
prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes § 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e
a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elemen- deverá estar permanentemente aberto aos interessados, obrigando-
tos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução -se a unidade por ele responsável a proceder, no mínimo anual-
gráfica da documentação fornecida. mente, através da imprensa oficial e de jornal diário, a chama-
mento público para a atualização dos registros existentes e para o
ingresso de novos interessados.
convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de pa- aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o pro-
trimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do duto de financiamento concedido por organismo financeiro inter-
art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualifi- nacional de que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de
cação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia cooperação, nem nos casos de contratação com empresa estran-
ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado. geira, para a compra de equipamentos fabricados e entregues no
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que exterior, desde que para este caso tenha havido prévia autorização
se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens
cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação e serviços realizada por unidades administrativas com sede no ex-
ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na for- terior.
ma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este
oficiais. artigo poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no todo
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos ou em parte, para a contratação de produto para pesquisa e desen-
assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade volvimento, desde que para pronta entrega ou até o valor previsto
operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta na alínea “a” do inciso II do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº
em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de 13.243, de 2016)
rotação. Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de em-
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa presas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices con- I - comprovação do compromisso público ou particular de
tábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
administrativo da licitação que tenha dado início ao certame lici- II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que de-
tatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente verá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas
adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente no edital;
ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação. (Redação III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada con-
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser sorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o so-
apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenti- matório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua res-
cada por cartório competente ou por servidor da administração ou pectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o
publicação em órgão da imprensa oficial. (Redação dada pela Lei consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores
nº 8.883, de 1994) exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas
poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, empresas assim definidas em lei;
concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1o do mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamen-
art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, te;
quanto às informações disponibilizadas em sistema informatizado V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos pra-
de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a decla- ticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de exe-
rar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo cução do contrato.
da habilitação. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) § 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a li-
§ 3o A documentação referida neste artigo poderá ser substi- derança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado
tuída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública, o disposto no inciso II deste artigo.
desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obe- § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da
diência ao disposto nesta Lei. celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio,
nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
Art. 55 - A vacância do cargo decorrerá de: Art. 61 - Os servidores investidos em cargos em comissão ou
I - exoneração; funções gratificadas terão substitutos, durante seus afastamentos
II - demissão; III - readaptação; ou impedimentos eventuais, previamente designados pela autori-
IV - aposentadoria; dade competente.
V - recondução; Parágrafo único - O substituto fará jus ao vencimento do cargo
VI - falecimento. ou função na proporção dos dias de efetiva substituição iguais ou
Parágrafo único - A abertura da vaga ocorrerá na data da pu- superiores a 10 (dez) dias consecutivos, computáveis para os efei-
blicação da lei que criar o cargo ou do ato que formalizar qualquer tos dos artigos 102 e 103 desta lei.
das hipóteses previstas neste artigo.
Art. 56 - A exoneração dar-se-á: TÍTULO III
I - a pedido do servidor; DOS DIREITOS E VANTAGENS
II - “ex-officio”, quando:
a) se tratar de cargo em comissão, a critério da autoridade CAPÍTULO I
competente; DO TEMPO DE SERVIÇO
b) não forem satisfeitas as condições do estágio probatório. Art. 62 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias, os
Art. 57 - A demissão decorrerá de aplicação de pena discipli- quais serão convertidos em anos, considerados estes como período
nar na forma prevista em lei. de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias.
Art. 63 - Os dias de efetivo exercício serão computados à vista
CAPÍTULO XVII dos comprovantes de pagamento, ou dos registros funcionais.
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO Art. 64 - São considerados de efetivo exercício os afastamen-
tos do serviço em virtude de:
Seção I Da Remoção I - férias; II - casamento, até 8 (oito) dias consecutivos;
Art. 58 - Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou III - falecimento de cônjuge, ascendente, descendente, so-
“ex-officio”, com ou sem mudança de sede: gros, irmãos, companheiro ou companheira, madrasta ou padrasto,
I - de uma repartição para outra; enteado e menor sob guarda ou tutela, até 8 (oito) dias;
II - de uma unidade de trabalho para outra, dentro da mesma IV - doação de sangue, 1 (um) dia por mês, mediante com-
repartição. provação;
§ 1º - Deverá ser sempre comprovada por junta médica, a V - exercício pelo servidor efetivo, de outro cargo, de provi-
remoção, a pedido, por motivo de saúde do servidor, do cônjuge mento em comissão, exceto para efeito de promoção por mereci-
deste ou dependente, mediante prévia verificação da existência de mento; VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
vaga. § VII - desempenho de mandato eletivo federal, estadual ou mu-
2º - Sendo o servidor removido da sede, dar-se-á, sempre que nicipal, exceto para promoção por merecimento;
possível, a remoção do cônjuge, que for também servidor estadual; VIII - missão ou estudo noutros pontos do território nacional
não sendo possível, observar-se-á o disposto no artigo 147. ou no exterior, quando o afastamento houver sido expressamente
Art. 59 - A remoção por permuta será processada a pedido de autorizado pelo Governador do Estado e sem prejuízo da retribui-
ambos os interessados, ouvidas, previamente, as chefias envolvi- ção pecuniária;
das. IX - deslocamento para nova sede na forma do artigo 58;
ANEXO
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
TABELA DE TAXAS LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.
ATO ADMINISTRATIVO R$
I - Registro de arma de fogo: Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Dro-
gas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
(art. 30) estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00 tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
II - Renovação do certificado de registro de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
arma de fogo: gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Gratuito
(art. 5o, TÍTULO I
- até 31 de dezembro de 2008 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 3o)
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públi-
cas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do
- a partir de 1 de janeiro de 2009
o
60,00 uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependen-
III - Registro de arma de fogo para empresa de tes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
60,00 autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
segurança privada e de transporte
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como dro-
de valores gas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
IV - Renovação do certificado de registro de assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
arma de fogo para empresa de periodicamente pelo Poder Executivo da União.
segurança privada e de transporte de valores: Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as dro-
gas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas
- Escolaridade: Curso Superior, com a respectiva habilitação 85 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
legal para o exercício da profissão compatível com as finalidades Lisboa: Petrony, 1978.
do Serviço Penitenciário, de acordo com o Artigo 5º desta Lei.
111 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI, 112 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.