Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
73 288 2 PB PDF
73 288 2 PB PDF
Administrao de conflitos,
espao pblico e cidadania
Uma perspectiva comparada
Roberto Kant de Lima1
1
Jurista e antroplogo, professor titular de Antropologia da UFF, bolsista da Faperj e de
produtividade 1-A do CNPq. Autor de A antropologia da academia: quando os ndios somos ns
(Edit. UFF). Contatos com o autor: kant@web4u.com.br.
12 Civitas - Revista de Cincias Sociais Ano 1, n 2, dez. 2001
2
Geertz, Clifford, O saber local: fatos e leis em uma perspectiva comparada. In: Clifford Geertz,
Conhecimento local. Petrpolis: Vozes, 1998: 249-356.
3
DaMatta, Roberto, Voc sabe com quem est falando? In: Roberto DaMatta, Carnavais, malandros
e heris. Rio de Janeiro: Zahar, 1979:139-193.
Administrao de conflitos, espao pblico e cidadania 13
4
Este o caso, por exemplo, dos efeitos imprevisveis que podem ter as coisas publicadas no
Dirio Oficial, que todos tm a obrigao de saber e que podem, inclusive, levar algum a ser
julgado e condenado revelia, isto , sem que nem mesmo tenha sido pessoalmente informado que
est sendo alvo de uma acusao.
5
claro que os dois sistemas Bo do paraleleppedo e o da pirmideB esto presentes em todos os
sistemas jurdico-polticos contemporneos de administrao institucional de conflitos, pelo menos
no ocidente. Por isso, friso que tais modelos so enfatizados em determinados locais e circunstncias
de cada sociedade emprica sob anlise.
Administrao de conflitos, espao pblico e cidadania 15
6
No ser por coincidncia que os contrastes entre os sistemas de educao fundamental no
Brasil e nos EUA so to marcantes, evidenciando l suas razes protestantes, em que a capacidade
para a leitura e o argumento do acesso universal e literal aos textos sagrados e, consequentemente,
queles responsveis pela ordem na sociedade, so requisitos indispensveis para a incorporao dos
segmentos reconhecidamente diferenciados da populao e para a compreenso do seu papel e
responsabilidade na administrao e controle da diversidade dos homens no mundo. Enquanto no
Brasil, onde constitucionalmente todos so iguais perante a lei, a educao superior concede privilgios
de presuno da inocncia a quem a detm, em prejuzo da presuno da culpa daqueles que dela so,
literalmente, excludos.