1) O documento discute os direitos territoriais indígenas no Brasil e o processo legal de demarcação de terras indígenas, que envolve 5 fases burocráticas.
2) Antes de 1988, os indígenas eram vistos como parcialmente capazes, mas a Constituição de 1988 os tratou como diferentes e não mais incapazes.
3) O documento explica o princípio do multiculturalismo na Constituição, que reconhece a diversidade cultural e o direito das minorias de viverem de acordo com suas própri
1) O documento discute os direitos territoriais indígenas no Brasil e o processo legal de demarcação de terras indígenas, que envolve 5 fases burocráticas.
2) Antes de 1988, os indígenas eram vistos como parcialmente capazes, mas a Constituição de 1988 os tratou como diferentes e não mais incapazes.
3) O documento explica o princípio do multiculturalismo na Constituição, que reconhece a diversidade cultural e o direito das minorias de viverem de acordo com suas própri
1) O documento discute os direitos territoriais indígenas no Brasil e o processo legal de demarcação de terras indígenas, que envolve 5 fases burocráticas.
2) Antes de 1988, os indígenas eram vistos como parcialmente capazes, mas a Constituição de 1988 os tratou como diferentes e não mais incapazes.
3) O documento explica o princípio do multiculturalismo na Constituição, que reconhece a diversidade cultural e o direito das minorias de viverem de acordo com suas própri
A)So terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios as por eles habitadas
em carter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindveis preservao dos recursos ambientais necessrios a seu bem-estar e as necessrias a sua reproduo fsica e cultural, segundo seus usos, costumes e tradies. So quatro os elementos atravs dos quais a ocupao tradicional se expressa, quais sejam: habitao em carter permanente; utilizao para atividades produtivas; imprescindibilidade preservao dos recursos ambientais necessrios ao seu bem-estar e imprescindibilidade sua reproduo fsica e cultural. Possibilita-se que, no reconhecimento da terra indgena, ao invs de se estabelecerem requisitos mnimos que todo povo indgena tem que preencher, privilegia-se a anlise da ocupao que este povo faz da terra.
B) Trata-se de direito anterior a qualquer outro: preexiste ao sistema
jurdico e expressa a supremacia do direito indgena posse das terras sobre outros direitos que reivindiquem posse ou propriedade. A consequncia deles a nulidade ou extino dos atos que tenham por objeto a ocupao, o domnio e a posse das terras indgenas (mesmo aqueles conferidos antes da promulgao da Constituio de 1988). Os direitos dos ndios sobre as terras que tradicionalmente ocupam foram constitucionalmente reconhecidos, e no simplesmente outorgados, com o que o ato de demarcao se orna de natureza declaratria, e no propriamente constitutiva. Ato declaratrio de uma situao jurdica ativa preexistente. Essa a razo de a Carta Magna hav-los chamado de originrios, a traduzir um direito mais antigo do que qualquer outro, de maneira a preponderar sobre pretensos direitos adquiridos, mesmo os materializados em escrituras pblicas ou ttulos de legitimao de posse em favor de no ndios. Atos, estes, que a prpria Constituio declarou como nulos e extintos ( 6 do art. 231 da CF).
C) 1 fase - identificao e delimitao (fase de estudo): compete FUNAI
a iniciativa para demarcar administrativamente a terra indgena, requisitando a realizao de estudo antropolgico sobre a ocupao tradicional e seus limites. A autarquia nomeia antroplogo para realizar este estudo em certo prazo. Posteriormente, designado Grupo Tcnico para, fundamentado no trabalho antropolgico, realizar estudos complementares.
2 fase - reconhecimento: a Funai analisa a proposta de Terra Indgena
elaborada pelo GT. Se aprovada, o resumo do relatrio publicado no D.O. da Unio e no D.O. do Estado onde est situada a terra. Nesta fase, deve ser garantido o contraditrio administrativo. Desde o incio do procedimento at 90 dias aps a publicao do relatrio, Estados, Municpios e particulares que se sintam afetados pelo processo demarcatrio podem apresentar documentos para pleitear indenizaes ou denunciar vcios no relatrio.
3 fase declarao de limites: findo o prazo para as manifestaes, a
Funai dever pronunciar-se a seu respeito e enviar o processo ao Ministro da Justia, que poder: a) dar continuidade demarcao, declarando os limites da terra indgena; b) pedir a realizao de diligncias; desaprovar a identificao e retornar os autos Funai, fundamentando essa deciso.Caso o Ministro da Justia adote a deciso de reconhecer e dar continuidade a demarcao da terra indgena, publica-se a portaria declaratria.
4 fase demarcao: realiza-se trabalho de campo para definio material
dos limites. Nesse momento, tambm se procede ao levantamento de benfeitorias realizadas por ocupantes no indgenas e o cadastramento da populao indgena.
5 fase homologao: por meio de decreto presidencial, a demarcao
administrativa da Terra Indgena homologada.
6 fase registro ou regularizao: com a publicao do decreto, promove-
se o registro da Terra Indgena em cartrio e na Secretaria do Patrimnio da Unio.
2) At 1988 havia um entendimento, ainda que precrio, de que o indgena
era um cidado parcialmente capaz, isto , no entendia na sua plenitude o que acontecia com a sociedade no indgena, consequentemente no tinham o alcance em captar as leis de nosso ordenamento jurdico. Alguns sustentavam de forma rigorosamente preconceituosa que esse entendimento decorria de uma capacidade cognitiva diminuda, tal qual algum com dficit mental, posio essa sustentada por alguns juristas; outros, porm, de forma no preconceituosa, sustentavam que a capacidade de entendimento era reduzida porque os indgenas ao viverem costumes e usos to diferenciados no alcanavam o pleno entendimento das nossas leis, por isso seriam parcialmente capazes no mbito do direito civil e inimputveis ou imputabilidade reduzida no mbito do direito penal. Com a Constituio de 1988 o ndio deixou de ser um incapaz para ser tratado como diferente. O princpio da tutela s tem lugar em uma sociedade homognea e hegemnica, portanto aquela que no acata a diferena, fato este rigorosamente afastado pelo multiculturalismo.
A constituio de 1988 foi, sem dvida, um novo capitulo na histria das
relaes entre o Estado e os povos indgenas, o contedo dessa relao foi revisto. O multiculturalismo, para qual representa a coexistncia de formas culturais ou de grupos caracterizados por culturas diferentes no seio das sociedades modernas, ou seja, h dentro das comunidades nacionais culturas diversificadas, minorias nacionais que merecem a devida proteo, de forma a respeit-las seu direito de serem diferentes. Assim, a perspectiva multiculturalista traz consigo a idia da compreenso da diversidade cultural existente no mundo, impondo por seguinte a proteo singularidade tnica e cultural das culturas minoritrias.
Desenvolveu-se, nestes aspectos, a concepo de que as sociedades
contemporneas so formadas por diversas etnias e culturas diversificadas, composta por diversos grupos sociais. Isso se reflete na idia de que a sociedade deve ser aberta diversidade, reconhecendo estas como parte fundamental da estrutura social, o que impele um aparato jurdico que contemple essas diversidades e que as protege nas medidas de suas especificidades, com o escopo de se produzir um coletividade social de incluso e de respeitos as diversidades scio-culturais.
Tendo como funo do multiculturalismo assegurar a convivncia de
vrias culturas em um mesmo territrio, permitindo o florescimento destas culturas de maneira harmoniosa e pautada no respeito, conferindo essas culturas o direito de serem e viverem segundos suas tradies, tem-se que o direito diferena fundamental e indissocivel do princpio da dignidade humana.