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2009
IQP - INDICADORES DE QUALIDADE DE PROJETO
A equipe de educadores do CPCD sempre trabalhou seus programas de educação popular e de desenvolvimento comunitário,
assim como seus projetos específicos – “Sementinha”, “Ser Criança”, “Bornal de Jogos”, “Fabriquetas Comunitárias”, “Agentes
Comunitários de Educação”, De UTI Educacional a Cidade Educativa, etc. – como processos de permanente apreensão,
compreensão e devolução.
Uma das maiores dificuldades que enfrentávamos era em relação ao quesito “indicadores de avaliação” dos nossos projetos.
Esse problema (que não era só nosso, mas ainda aflige e compromete o trabalho das ONGs e da grande maioria dos projetos
sociais e de intervenção comunitária) passou a ser um desafio permanentemente enfrentado pela equipe. Entre as muitas questões
que formulávamos, destacamos algumas:
- Se entre os objetivos específicos de nossos projetos apareciam “desenvolvimento de auto-estima”, “socialização”, “aprendizagem
lúdica”, “alegria”, “prazer”, etc. como podíamos medir (mensurar ou aferir) concretamente o alcance (ou não) desses objetivos?
se houve aumento ou diminuição da auto-estima? o grau e a qualidade de socialização alcançada? os indicadores de felicidade?
etc.
Não havia indicadores elaborados e concretos para medir os chamados “objetivos intangíveis.”
Por outro lado, havia (e ainda há) por parte das agências financiadoras de projetos uma crítica à falta de critérios palpáveis e
tangíveis nos projetos sociais.
E para se defender, a maioria das ONGs se escondia atrás do discurso dos “objetivos intangíveis” dos projetos sociais.
Resolvemos encarar de frente esse desafio. Foi por isso que começamos a construir os nossos próprios indicadores.
Num primeiro momento, e lá se vão alguns anos, buscamos, junto com os educadores, na observação diária e sistemática de nossas
crianças e jovens, os pequenos avanços e respostas (sorriso x choro, envolvimento x desinteresse, limpeza x sujeira, delicadeza x
agressividade, etc.). Essas questões surgiam em nossas memórias de campo e relatórios técnicos e avaliações. Aos poucos, fomos
formando uma massa crítica, constituída de elementos que apontavam (indicavam) se os objetivos propostos estavam ou não sendo
alcançados e como.
Surgiu assim o que denominamos de “micro-indicadores.” À guisa de exemplo, são indicadores de auto-estima, o cuidado com o
corpo (cabelos penteados, constância dos banhos, uso de batom, etc), o cuidado com as roupas e os objetos pessoais, as pequenas
vaidades, a busca de uma melhor estética, a expressão de opinião e de gostos, o protagonismo na roda, a disponibilidade para
ajudar e participar de ações coletivas, a relação sorriso x choro, etc.
Todos esses elementos palpáveis e perceptíveis no dia a dia formavam um indicador mensurável. Assim fizemos com todos os
objetivos específicos: a aprendizagem, a socialização, a cidadania, a participação.
Esse acúmulo de experiências e reflexões nos mostraram que podíamos, dessa base, construir “macro-indicadores” que pudessem
balizar nossos projetos. Depois de muito trabalho, conseguimos, por consenso (e isso é o mais importante) chegar a 12 (doze)
índices. Nós os chamamos de Indicadores de Qualidade de Projeto. Segundo nossa perspectiva, se pudéssemos medir (e aferir
concretamente) esses índices em nossos projetos, poderíamos afirmar se tínhamos ou não um projeto de “qualidade.”
Dessa forma, o conceito de qualidade, praticado pelo CPCD, passou a ser formado pela somatória e interação de doze índices,
que se completam, mas podem ser observados e mensurados individualmente:
A partir dessa matriz, elaboramos uma série de perguntas. A ideia era (e é) formular tantas perguntas quantas fossem necessárias
para levar o participante (educador, criança, jovem e pais) a perceber nas atividades do projeto a presença (qualitativa) e o grau
da presença (quantitativa) do índice.
Após responder a essa bateria de questões sobre cada índice, o participante dá uma nota (de zero a dez) para esse quesito.
Foi assim que construímos o IQP. Ele é aplicado em cada um de nossos projetos, tomando uma amostragem equitativa e
representativa dos participantes – educadores, pais, crianças e jovens, considerando inclusive a questão de gênero.
O IQP, já no seu nono ano de aplicação sistemática, transformou-se em eficiente tecnologia educacional, pois nos possibilita, a partir
da leitura e análise dos indicadores de avaliação, contextualizá-los e percebê-los como estão sendo introjetados e metabolizados
no fazer e saber-fazer dos nossos educadores, possibilitando-lhes um novo olhar sobre a própria prática.
Tião Rocha
Indicadores de Qualidade de Projeto - IQP
“O Banco do Livro nos leva a pensar em atitudes como o crescimento da nossa 4. Criatividade
sabedoria. Muito do nosso crescimento se dá através da leitura.” Nota: 8,7
Lidiane Santana Santos
Mãe Cuidadora O Banco do Livro deixou de ser um espaço somente de trocas de livros e passou a
realizar atividades diversificadas de aprendizagem. Com isso, tornou-se um lugar
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ainda mais interessante. Ainda há muito para se fazer. É preciso buscar formas “As trocas diárias tem contribuído muito com número de livros para o Banco do
inovadoras de incentivar a leitura e as trocas de livros. Livro e a comunidade é a nossa melhor parceira.”
Lidiane Santana Santos
“Aqui, no Banco do Livro, procuramos criar e construir coisas novas e bastante Mãe Cuidadora
“A cada dia, procuramos inovar nosso espaço. Usamos, para isso, exposições de 6. Eficiência
algibeiras de livros com histórias variadas, os jogos educativos feitos com materiais Nota: 8,7
recicláveis, o mural de notícias, e sempre há uma preocupação de inovar com
atividades diversificadas.” Nota-se que o Banco do Livro é um espaço ideal para a leitura. A troca é feita de
Jaqueline Pereira dos Santos maneira simples e eficaz, e a comunidade tem entendido facilmente.
Agente Comunitária de Educação
Os jogos reproduzidos são bem feitos, construídos com o reaproveitamento
5. Dinamismo de papeis, caixas, papelões. Eles têm um toque especial e são apreciados das
Nota: 8,1 crianças.
Através do Banco Itinerante, contação de histórias e batuques nas praças, a “Tudo que nos faz bem, devemos dar valor e compartilhar com os outros. E quando
comunidade tem reconhecido os nossos projetos. Claro que ainda não alcançamos a comunidade vem para fazer a doação, preocupo em recebê-la bem, pois é a
100%. nossa melhor parceira.”
Jaqueline Pereira dos Santos
Agente Comunitária de Educação
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7. Estética “Vemos a alegria nos olhos das crianças que vêm fazer as atividades aqui. E isto
Nota: 8,3 é maravilhoso, pois um sorriso não tem preço. Não dá para medir o que a gente
sente.”
O Banco do Livro é um espaço interessante e aconchegante; por isso, quem visita Jaqueline Pereira dos Santos
encontra um lugar bonito, especial, com as algibeiras, bornais e jogos. Procuramos Agente Comunitária de Educação
produzir coisas que chamem a atenção das pessoas que nos visita; por isso,
transformamos o ambiente em um lugar interessante e acolhedor.
9. Harmonia
Nota: 9,9
“A beleza é muito importante em nosso trabalho; não somente a beleza externa,
mas também a beleza interna, aquela que vem do coração. Ela é muito importante
Percebe-se grande harmonia, respeito, prazer, satisfação das crianças quando
para o desenvolvimento do meio em que vivemos.”
vêm ao Banco do Livro. Os bornais, algibeiras e jogos incentivam as crianças e os
Lidiane Santana Santos
Mãe Cuidadora
adolescentes a participarem mais.
“O Banco do Livro é um lugar especial, pois é diferente diante dos olhos das “É gratificante ver o olhar de satisfação das crianças quando elas têm em mãos
pessoas. Isso faz com que eu me sinta orgulhosa em trabalhar em um lugar que algum livro que procurava e que achou interessante.”
todos acham bonito e interessante.” Lidiane Santana Santos
Jaqueline Pereira dos Santos Mãe Cuidadora
Agente Comunitária de Educação
“Procuramos ficar sempre em união e fazer o nosso trabalho cada dia melhor.
8. Felicidade Respeitamos a expressão de cada um, porque uma boa convivência pode ser
Nota: 10,0 refletida e, assim, praticada pelas crianças.”
Jaqueline Pereira dos Santos
Nota-se que o Banco do livro tem proporcionado alegria às crianças. O Banco do
Agente Comunitária de Educação
Livro aguça o gosto das crianças pela leitura, pois desenvolve muitas atividades.
Dentre elas, a atividade de mediação de leitura.
10. Oportunidade
Nota: 8,7
Hoje, o espaço não é somente de troca de livros. É um lugar aconchegante, onde
todos compartilham sugestões, experiências e saberes.
O Banco do Livro veio contribuir com a educação, pois oferece livros de qualidade
“É muito importante sentir-se bem onde se trabalha. O melhor é ver que as crianças para as crianças, os adolescentes, para toda a comunidade. O espaço do Banco do
sentem alegria ao provar aquilo que fazemos com carinho.” Livro tem gerado oportunidade, pois não é preciso a compra de livro. Ele permite
Lidiane Santana Santos o acesso gratuito à leitura.
Mãe Cuidadora
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A partir dele, tem-se a oportunidade de aprender a acreditar em si mesmo, pois “A roda é o principal argumento para trabalhar o protagonismo nas pessoas.
as pessoas descobrem que são capazes e têm o direito de fazer escolhas para a A comunidade, a cada dia, valoriza mais o Banco do Livro. Com isso, sinto-me
própria vida. valorizada também, porque aqui é o lugar onde trabalho.”
Jaqueline Pereira dos Santos
“Acredito que o Banco do Livro é a maior oportunidade de obter livro sem gastar Agente Comunitária de Educação
dinheiro. O melhor é que se obtém crescimento.”
Lidiane Santana Santos 12. Transformação
Mãe Cuidadora Nota: 10,0
“O Banco do Livro dá oportunidade para aqueles que não têm condições de O Banco do Livro contribui um crescimento e para a formação de uma visão de um
comprar bons livros. Pode-se trocar um livro por outro, e é gratificante ver a própria mundo diferenciada. Quem participa do dia a dia tem a possibilidade de promover
comunidade fazer doações.” a transformação e o desenvolvimento.
Jaqueline Pereira dos Santos
Agente Comunitária de Educação “O Banco do Livro contribuiu bastante para mudar o meu jeito de agir e pensar.
Essa transformação é clara em minha vida. Por isso, tento levar a todos os lugares,
11. Protagonismo tudo o que aprendi aqui. E isso é um prazer!”
Nota: 9,0 Lidiane Santana Santos
Mãe Cuidadora
É fundamental a presença da comunidade dentro do Banco do Livro. Por isso, todos
têm liberdade de opinar, dar sugestões, participar da nossa roda. “O mais positivo é saber que as pessoas que fazem as trocas são pessoas bem
informadas. Espero que elas, com toda essa informação, possam contribuir com a
As Mães Cuidadoras e os Agentes Comunitários de Educação, críticos e atuantes, transformação das pessoas com as quais convivem.”
participam mais na tomada de decisões, tornando o Banco do Livro um espaço de Jaqueline Pereira dos Santos
educação. Agente Comunitária de Educação
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- Resultados -
Agente Comunitária de Educação
Transformação
Protagonismo
Oportunidade
Harmonia
Felicidade
Estética
Eficiência
Dinamismo
Criatividade
Cooperação
Coerência
Apropriação
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Mãe Cuidadora
Transformação
Protagonismo
Oportunidade
Harmonia
Felicidade
Estética
Eficiência
Dinamismo
Criatividade
Cooperação
Coerência
Apropriação
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Média Geral
Transformação
Protagonismo
Oportunidade
Harmonia
Felicidade
Estética
Eficiência
Dinamismo
Criatividade
Cooperação
Coerência
Apropriação
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O IQP é constituído pela avaliação de 12 índices. Para cada índice específico foram utilizadas, em média, 5 questões. A pontuação está apresentada na escala de 0 a 10
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