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Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação em Educação
______________________________________________________________________
Profª. Drª. Simone Curi
AGRADECIMENTOS
Resumo 6
e 10
e, e 25
e, e, e 28
A escrita dança 57
Um livro tomado 77
Funciona? 106
Bibliografia 168
RESUMO
como com Irene e seu irmão, sem deixar de fora o casal brigão. Ambos o
Horas fartas em variadas percepções. Antes lá, onde mais pulula a vida.
aproxima. Pega algo daqui e outro dali sem reagir àquilo que lhe impõe
obstáculos, para ver o que vai dar, para experimentar o que esse
transitados.
solo do verdadeiro. Quis estar mais longe dos fatos, dos detalhes, das
a priori, englobante.
palavras para dizer daquilo que potencializa aquilo que vê. Visão do
percepção. Aquilo que vê sem ver o que vem de outra parte. Visto
nos seus efeitos, mas que é, por vezes, apenas rabiscada, pondo o lápis
a repousar.
exercício de deixar de lado aquilo que não apetece, selecionar o que lhe
convém e o que lhe desconvém, o que faz com que aumente ou diminua
não.
bem elementares.
cada vez mais complexos. Logo após, classifica-os de acordo com seus
Basta desvendar a senha. Há sempre sinais de algo: algo que está por
algo para alguém, formando uma cadeia sígnica. Desse modo, move-se
colocadas em analogia.
fasciculada.
sedentaridade.
à cata de catarse
castra catão
catadura
catafalco catacumba
catalepsia
catapulta à cata
descodificação e desterritorialização.
Simplesmente continua tentando, sabendo que era por aí que queria ir.
ocorrer.
19
que o obriga a pensar enquanto exercício nômade, com aquilo que seria
dito por Gilles Deleuze, nas palavras de Zourabichvili (2004, p. 92), como
colocá-lo como um objeto”. Mas, às vezes, ele junta daqui e dali e nada
comum que não pode mais ser atribuído, nem submetido ao que quer
dito por Deleuze (2000, p. 154) como o espaço em que “as conexões de um
desmontagens realizadas.
dessas tonalidades.
imprevisíveis.
educacional.
Catador e do Experimentador.
apenas a experimentar.
das sensações. Nada mais nada menos do que um estilo de escrita que
e, e
diferença potencial
nada pessoal
desejo construtivista
1
D de Desejo.
26
2000a).
e, e, e
28
nome já não vale a pena revelar) prometeu, durante essa noite, uma
lá. Partiu também nômade. Não ficou ninguém. Ninguém mais voltou
isso. E depois. Esse desejo de partir. Parto porque não posso ficar. É
Houve barulho de máquinas trabalhando. Olhei pra lá, foi bem nas
experimentar. Não pôde mais voltar mesmo sem saber no que ia dar.
quem de trás ficará, a porteira está aberta para quem quiser passar”.
atividade é mais do que apenas catar o que existe, mas de criar algo que
concordância que arranja palavras em uma criação, que faz variar com
língua.
de efeitos estratificadores.
que resta quando tudo foi retirado” (DELEUZE; GUATTARI, 1999, p. 12). Uma
da linguagem.
iguais, bem como cantos repousando sobre uma esfera, retrata Borges
para depois riscar com grande zelo o corpo das palavras fugidias ao
1979).
signo significa, mas a que outros signos remete, que outros signos a ele
se acrescentam, para formar uma rede sem começo nem fim” (DELEUZE;
discurso indireto.
de algo: uma planta, um trovão, uma doença, uma hora, uma estação ao
Palavras íntegras,
Palavras dogmas,
aguadas no devir.
comunicação eletromagnética.
uma língua” (GUATTARI, 1988, p. 24-25), visto que não se trata puramente
de Austin.
de uma ação que se realiza no ato da fala, que “não pode mais ser
de um enunciado em ação.
outro, mas seu efeito comum que importa pela potência de variação
lingüísticas, visto que essas categorias têm como função restringir o uso
Lutas pelas palavras, por sua acepção, pelo manejo do seu uso,
na vida. Daí o forte desejo de fazer silenciar alguns ditos e escritos, bem
como impor outros numa trama em que algo mais do que simples
que mobiliza tudo: a vontade do autor, assim como seus desejos, suas
em que existe necessidade para isso, tem-se aí uma escrita com estilo.
de fuga que uma escritura chega próximo do seu CsO, do seu grau 0 de
construída no devir que nunca é dito como sendo isto ou aquilo, mas
desvios, constroem rasgos por onde uma língua escapa nos modos de
diz, tampouco pelo que a torna significante, mas por aquilo que a faz
escorrer e fluir.
vivido como vida, que mergulha na vida e deixa por ela se banhar. A
GUATTARI, 1972, p. 23), experiência, por vezes, insuportável pelo tanto que
do pensamento.
fílmica, televisiva.
53
Tensão leva a linguagem ao seu limite. Move, corre, voa, vaza. Escrita
reter.
martelo, mas com uma lima muito fina”, sugerem Deleuze e Guattari
atingido, nada mais por aí pode passar, nada mais é produzido no seu
demente, que os faz recair sobre nós, mais pesados do que nunca”
acontece?
prudência que faz com que as linhas de fuga que tensionam os estratos
Primeiro ato:
coreografias do desmoronamento
Caixinha de música
ouro mais amarelado e das pedras mais bem lapidadas. Dispõe o móvel
velocidade até ficar estaqueada. Por vezes, o que a sustenta bate nas
Virgem de ferro
mexer os olhos, quase podia passar por uma mulher com vida. Sentada
apertado sobre o que está próximo dela — neste caso, uma jovem. A
“Virgem” abraça de modo que nada pode separar o corpo vivo do corpo
59
ferro se abrem neste gesto. Dela saem cinco punhais que atravessam
ritual de mais uma das 650 meninas sacrificadas pela condessa, toca-
gritos de loba eram suas formas expressivas. Porém, nada era mais
aquecido. O sangue que jorrava era tanto, que a condessa dirigia-se até
seus aposentos para trocar o vestido branco que ficara roxo. Em que
Segundo ato:
coreografias de fuga
Contact
Ovo mortalha
linha e agulha;
corpos.
retângulo de plástico. Solicite que os corpos enfiem seus pés e/ou suas
“sistema biológico”.
O tigre e o dragão
sagrada, dá-se o roubo desta. Como suspeita, aparece Jen Yu, uma
Jade Fox, fugitiva do casamento arranjado por seu pai, devido ao seu
giang hu.
juízos; o segundo busca afirmar seu trajeto em linhas de fuga, por fim
que guerreia por um povo ainda por vir, no desejo criador de um outro
sociedade perversa.
64
Cenários
mesmo nessas, diria José Gil (2001, p. 82), que estudou e escreveu sobre
movimentos”.
múltiplos movimentos.
das séries.
experimentadas.
significado a ser apreendido, “a dança, por si só, não significa nada. [...]
entre gestos e palavras; por isso, grita a jovem quando abraçada pela
uma espécie de convulsão própria da língua que não encontra mais sua
ditos, e só são ditos, acerca dos próprios corpos. São o expresso dos
definido pelo seu gênero, sua espécie e anatomia e, sim, por paradoxos
Contact.
liberdade.
“posso percepcionar os telhados [...] à noite e não ver neles mais do que
percebido [...]; mas posso também olhar [...] esses mesmos telhados e
ver neles toda uma série de outras coisas, de outros sentidos que me
em espasmos de expressão.
entre eles.
contemplação.
constante relação.
identidades.
alterações sensíveis.
são também éticos e políticos, visto que atuam sobre princípios de ação
criadora de um corpo.
76
encontra preso aos sinais na couraça camuflada, aos códigos das garras
fundos. Antes mesmo, viviam protegidos dois irmãos por lá. Diziam que
impedindo o acesso aos fundos. Mesmo assim, nada impedia que fosse
que arromba, que faz proliferar. Linhas de todos os tipos que até podem
1
Mil platôs foi a terceira publicação realizada juntamente com Guattari em 1980. Anteriormente, em
1972, havia sido concluída a escrita conjunta de O anti-Édipo e, em 1975, Kafka: por uma literatura
menor. O primeiro e o terceiro livro formam uma dupla de tomos acerca da temática Capitalismo e
Esquizofrenia.
2
Gregory Bateson serve-se dessa palavra “para designar algo muito especial: uma região contínua de
intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto
culminante ou em direção a uma finalidade exterior” (DELEUZE; GUATTARI, 200, p. 33). De outra
maneira: “Bateson denomina platôs as regiões de intensidade contínua, que são constituídas de tal
maneira que não se deixam interromper por uma terminação exterior, como também não se deixam ir em
direção a um ponto culminante” (DELEUZE; GUATTARI, 1999, p. 20).
79
GUATTARI, 1996).
Menos fluidez e coerência. Elas vêm sempre depois. Nunca igual. Outra.
uma língua estrangeira. Por vezes, uma espécie de música. Por outras,
3
S de Style [Estilo].
80
fronteiras.
4
Platô 6: 28 de novembro de 1947 – Como criar para si um corpo sem órgãos.
5
Platô 8: 1874 – Três novelas ou “O que se passou?”.
6
Platô 3: 10.000 A.C – A geologia da moral (Quem a Terra pensa que é?).
81
2001)7.
7
Z de Ziguezague.
82
cada um tem uma data, uma data fictícia, e também uma ilustração,
Alemanha.
inferioridade.
competem entre si, nem se opõem como dois modelos. Eles estão
84
apriorístico.
Diz Deleuze com Guattari (2000, p. 33) que “escrevemos este livro
desterritorializantes.
que sempre folhas estão caindo e novos galhos nascendo, “não há uma
boa forma ou uma boa estrutura que se impõe, nem de fora nem de
forças do conjunto.
Viagens por meio das quais arranjos são constituídos pondo em relação
nem reconhecível. Indo sempre para casa, mesmo sabendo que não
qual caminho ainda seguir. Você ainda quer ser guiado? Que te avise
dos perigos por vir? Que faço aqui?! Confiança... Uma intensa solidão
torno da fogueira. Tricolejar extraído das cordas dos corás e das teclas
dos balafons. Dança sob a luz das estrelas de mãos dadas com os
Realiza distinta escrita sobre a fome, guerras e doenças. Para isso, não
90
Retruca um incômodo
Turbilhão confuso
cansar, o bicho antes amarrado nas virilhas. Corcoveia até não mais
recomeço no dia seguinte” 2. Jorge Lima (apud NASSAR, 1996, p.24) diz
quando não mais suportam aquilo que acreditam ter visto, escutado,
sem órgãos, disse Gilles Deleuze (2005)3 que: “Na relação conjugal, tem
esta máquina de interpretação [...], esta máquina onde tudo quer dizer
aquela perguntinha clichê que quer saber, quer revelar, bem como, quer
traduzir. Primeiro do tipinho “que que você tem?” (NASSAR, 2002, p.10),
incendiar o cosmos?
em uma nova mirada que envolve o até então invisível no visível, pondo
3
Aula de 14/05/1973.
94
outra vez: “que que você tem?”. Máquina significante entupindo o corpo
espichado “o que foi?”, “mas o que foi?” (NASSAR, 2002, p.30). Desta vez,
diante do verde “bonito toda vida” (NASSAR, 2002, p. 10) das folhas das
significado, por ora, tal máquina arranjada com seu contingente, não
desterritorializações.
corpo sem órgãos em um estrato, existe alguma variação que não está
escrita literária.
96
conectados.
“uma sintaxe em devir, uma criação de sintaxe que faz nascer a língua
2002, p. 30).
toda uma jurisdição”, diz Deleuze (2005, p. 8)4. Quem é o ativo? Quem é
4
Aula de 14/05/1973.
98
ser uma coisa para voltar para o estado de ainda não ser uma” (TADEU;
CORAZZA, ZORDAN, 2004, p. 152). Não se imita, nem se age como aquilo no
99
efeitos ao deixar passar algo entre dois ou mais entes, constituindo uma
diferença de potencial.
PARNET, 1998, p. 57). Uma escritura não denota voz comunicativa para
modos como “um rato traça uma linha, ou como ele torce seu rabo,
da percepção e do reconhecimento.
que as palavras que não afetam o corpo, não são consideradas mais
do próprio corpo: “Eu já disse (e que tumulto!), estava era às voltas c’o
coisas todas que existiam fora” (NASSAR, 2002, p. 43). É quando a palavra
conjugalidade.
corpo, inventam-se outras palavras para dizer do indizível que “eu mal
corrente de ar.
103
Mas toda potência pode ser potente demais para um corpo e ele
Guattari indicam que “um CsO é feito de tal maneira que ele só pode
O corpo sem órgãos oscila entre dois pólos: “sinto as mãos agora
cotidianos que são de todo mundo, bem como não pertencem a alguém.
existirá alguma fórmula com a qual poderás dizer dessa intensidade que
que te arrebenta? Bem sabes, isto sim, que não se trata apenas de dizer
de ti. Há, também, uma minoria criadora de um povo ainda por vir...
Funciona?
vale. Pode ser por violência, mas nem sempre é assim. Um apalpamento
passar entre. Misture uma pitada disso com um tico daquilo. E não se
se bem que às vezes dá mesmo um clic que tira tudo de uma vez só do
Não se imobilize quando descobrir que seu filho nem sequer tem
por aí. Então, está mais para um monstro de várias cabeças? Isso
também não. Nada que se possa dizer: é isso ou aquilo, com precisão.
GUATTARI, 1998, p.55)? Ela não virou uma cadela, não adquiriu rabo e
(1997, 1998), sempre se fazendo, mas nunca chegando a ser. Devir que
107
Sim, creio entender o que você está a dizer: que, por um outro
lhe agrada. Mas... Ai, ai, ai, pode parar! Já não nos cabe agir pela má
depois, de acordo com a cadeia linear da fala. É dito que tal escrita
108
escrever.
trocar um modelo por outro. Não se trata de aniquilar uma forma para
e dizer.
Diga lá... Uma saída, apenas uma saída: nem isso, nem aquilo.
adiante, retomemos uma idéia filosófica repisada, mas não para fazer
longe das certezas. O interesse não está mais em dar respostas prontas.
Diga lá, diga lá... Uma outra tentativa, uma nova saída. Quando
(CORAZZA, 2000).
Com efeito, parece existir uma mistura que não pode ser
como um outro modo maior. Uma escrita menor sempre está em relação
aí presentes, tanto com aquelas das quais se compõe, como com as que
possibilitam passagem.
conjunto.
aproximam.
diferenças, criar novas formas de vida por meio da escrita mesma. Com
escrita.
sua invenção para criar e arrastar a própria vida para novos devires
inauditos e não-humanos.
variações e dos efeitos suscitados em uma ação estética que mais deseja
ao desejo, aos fluxos nos quais transita, fazendo deles a própria matéria
existe alguma agitação na idéia de que “não se concebe uma língua sem
2003), que leva a pensar o ser a partir dos fluxos em infinitos devires, de
escrever por um povo por vir (DELEUZE; GUATTARI, 1977), no encontro com
DELEUZE; PARNET, 1998), sempre em relação com uma outra dita maior, o
proposta de saúde. Por outro lado, a clínica que traça linhas de fuga
experimentação.
dentro da própria língua e, com isso, dando conta de um povo ainda por
escritura.
que se interessa pensar para fora das significações das coisas e das
conjunto de formas, através do qual atua com o que lhe passa. Mas ela
sem órgãos, que atua como uma fábrica produtora de desejos polívocos,
uma operação que conecta termos independentes, sendo tida como uma
o que importa é que tal máquina funcione, produza coisas, algum efeito
narrativa.
dos fragmentos que conecta. É uma outra totalidade que o conjunto dos
de liberação de variações.
dos axiomas vigentes, bem como das disposições maiores tanto dos
corpos como dos incorporais. Desde o estudo do que realiza uma crítica
seus pontos frágeis, para as forças que remetem a escrita aos centros
Shannon e Weaver.
literatura como potente para criar novos devires fora das estreitas
combate como processo que não tem outro fundamento, nem outro
lingüísticos em variação.
enquanto fuga.
dos contornos, do ar, da luz, da matéria, que fazem com que um corpo
que a criação tem menos que ver com o excepcional e, sim, com ações
cotidiano.
1996, p. 222).
funciona, isso não funciona... Isso não funciona, isso funciona. Parece
que chegamos perto. Que nada! Parece que estamos mais longe ainda.
qualquer coisa. Saliva grossa e gosmenta se aloja nas estrias que fazem
Mesmo assim, puxas mais um livro da estante. Flertas com aqueles dois
dígitos.
Alternas os pulos com rabiscos que nem sabes onde colocar. Nesse
que possas voltar. Com o fio atado à cintura, deixas-te arrastar até o
para adiar tua ação de escrever. Por que não contas do que viste ou
aos escritos mais queridos. Agradeces pela perfeita disposição com que
sempre a tua espera para novos inventários. Crês que, com uma nova
enunciados. Sabes que não é por acúmulo. Também não sabes por onde
quer mais do que falar, rins não podem só filtrar, dedos desejam para
enferma. Mas bem percebes que não é a febre o que faz uma multidão
diminui tua aflição. Não é essa organização que entope tua escrita, mas
nos vão das linhas. Mais leve, mais solta, menos comprometida com
136
elas nunca serão só tuas. Nunca escreves com palavras próprias. Uma
mesmo. Tua escrita ligada com toda uma multidão, desse modo, para
daquele.
Escreves, escreves e escreves sem tanto juízo, ainda que tuas palavras
É por isso que ainda não cessas tuas tentativas de escrever, embora
estruturada.
Terra. Nas entranhas, cheiras muito próximo a barro fresco nutrido pela
que faz da escrita uma máquina de moer palha seca. Assim, refugias-te
1
Senhor do ar e dos ventos. Brisa em sânscrito.
141
opiniões. Não seria isso uma forma de abandonar o rigor na escrita? ...
estilo.
142
Não requer exatidão ou uma verdade plena sobre aquilo ao qual faz
liberador de matizes.
Efeitos da diferença
Lados dissimétricos
Nada de totalidades
Despreocupado encadeamento
determinado da língua.
145
Como escrever fazendo com que a forma varie sobre uma linha?
rechaçando escolhas.
146
segundo uma imagem dogmática, que não remete apenas à razão, nem
não param de crescer nas conexões que realizas. Por vezes, é preciso
147
começar pelo meio, como uma onda, para não se ater às características
e prioridades definidas.
pensamento instrumental?
que busca jogar com as fugacidades da vida. Nada a ser apropriado com
brilho dourado que eles emanam, dirigindo-se nem sei para onde. O
Parece que vou vomitar. Que vergonha se passar das náuseas. Se bem
apenas feito o que fazem muitos outros amigos. Mas... sujaria meu
jardim, tudo mais parece uma vasta caverna familiar, como uma furna
casa. Uso tesoura e cola quente para arranjar o conjunto. Ficou muito
sua casa. Por isso, usa de brusca violência sapateando do telhado até
copo de suco. Não engulo. Tenho os nervos latejando mais do que posso
lágrimas não quero deixar escorrer. É bem isso um jeito de morrer. Não
acho que também o farei sofrer. Tenho vontade nem sei do quê,
erguida e diz que em outra tarde poso voltar para comer e beber de
em relação à escrita maior. Se bem que aquilo que deseja, não se atém
atualizado.
Extraem delas, isto sim, forças proliferantes que esvaziam tais figuras
dessa vibração.
que haverá algum tipo de volta dessa experiência que te chega como
moventes. Sem saber qual crime foi cometido, durante “doze horas”,
codificado de convivência.
153
abalos causados por ela. Sentir-se “em casa” de acordo com algum
155
modo de ser é imprescindível para viver. Resta ficar atento aos modos
saber onde vai dar. Alguma coisa havia acontecido, por mais
pela escrita. Que baixe o santo. Que a musa cante. Que derrame o
parecem ser mais imunes aos efeitos de alguma turbulência. Por isso,
segura uma bússola quando se está perdido. Tens contigo uma entidade
substancialmente.
imagem pronta. Mesmo que essa imagem permute, tal troca se mantém
regime da representação.
frente, buscas, cada vez mais, integrar escrita e vida, passando a ter a
limitada existência.
a repetir o refrão: Ando tão à flor da pele, ando tão à flor da pele, ando
densidade. Se bem que assim, mais leve, ficas mais porosa. Acorda,
tempo revisando. Escreves aos pingos. E, no fim do dia, uma frase sem
que não pulas essa parte bruta e voltas a ela outro dia, outro momento
em que estejas mais forte? Que se dane... O que mais vale é a excitação
às tuas modificações.
Perdes tempo com muitas outras coisas que não dizem respeito
sobreviver, por uns minutos que sejam. Finges estar presente naquele
desses lapsos. Não tens conseguido relaxar. Ocupas-te das tuas tarefas,
cosmos, por assim dizer. Mas quem consegue utilizar na escrita o que
está no ar?
cena. Nos dias frios, a cabeça pende para trás, busca os raios quentes
das palavras que te afectam. Dizes que sofres, que estás em crise.
por que não aproveitas essa companhia intelectual para tua própria
escrita?
que lugar irás aportar. Devias estar preparando um texto... Nem sabes
vazias com esquemas. Anotar aquilo que já sabes não te tem levado a
163
fórmica branca.
Dás crédito aos teus autores preferidos. Aos teus olhos, parecem
coisas do tipo: nome, sexo, idade, situação social. Depois, são definidos
estão mais para atender aos abalos causados pelos vetores que afectam
165
desse modo de pensar. O que muda é que não se trata mais de manter
subtração de vetores.
nas costas, uma série de rajadas e choques” (DELEUZE, 1996b, p. 69) que
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