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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


FACULDADE DE LETRAS
LINGUÍSTICA III
PROFESSORA: Adriana Leitão Martins

AULA 16: TEORIA DO CASO

1. Definição

A teoria do caso dá conta de algumas propriedades formais dos NPs.

2. Orações infinitivas e sujeitos fonéticos

2.1. Orações infinitivas

Ex 1 : Eu quero [ CP que a Maria esteja em casa à meia-noite]. (finita)

Ex 2 : *Eu quero [ CP a Maria estar em casa à meia-noite]. (infinitiva)

Ex 3 : Eu i quero [PRO i estar em casa à meia-noite]. (infinitiva)

Ex 4 : [O Fittipaldi] i parece [t i ter ganhado as 500 milhas]. (infinitiva)

• Ao contrário do que ocorre com as orações finitas, as orações infinitivas

não admitem um sujeito fonético, somente o sujeito foneticamente nulo.

• A origem do problema parece estar na incompatibilidade entre uma

flexão infinitiva e a presença de um sujeito fonético.

2.2. Orações infinitivas flexionadas

Ex 5 : É importante [os deputados assinarem a declaração]. (infinitiva

flexionada)

Ex 6 : *E importante [os deputados assinar a declaração].

Ex 7 : É importante [PRO assinar a declaração]. (infinitiva)

Ex 8 : Ele pediu [para os meninos saírem]. (infinitiva flexionada)

• A consideração das orações infinitivas flexionadas no português permite-

nos precisar exatamente qual o elemento da flexão (qual elemento de I)


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que é incompatível com o sujeito lexical, visto que [+AGR] ocorre

independentemente do elemento [+T].

• A gramaticalidade da primeira sentença do conjunto anterior nos permite

afirmar que a presença de [+AGR] na flexão é suficiente para licenciar

um sujeito fonético. Se AGR estiver ausente, somente um sujeito

foneticamente nulo é possível.

Ex 9 : João é meu amigo.

Ex 10 : *João ser meu amigo.

3. Teoria do caso

Ex 11 : Caesar Belgas uincit.


nom. acus.
[Caesar derrotou os belgas]

Ex 12 : Belgae Caesarem tement.


nom. acus.
[Os Belgas temeram Caesar]

Ex 13 : He attacked him.
nom. acus.
[Ele atacou-o] / [Ele atacou ele]

Ex 14 : Je le vois.
nom. acus.
[Eu o vejo] / [Eu vejo ele]

Ex 15 : Eu comprei o livro.
nom. acus.

Ex 16 : Eu comprei-o. / Eu comprei ele.


nom. acus. nom. acus.

• Nós assumimos que o caso abstrato é parte da gramática universal,

enquanto a manifestação morfológica do caso é parametrizada. Sendo o

caso uma propriedade abstrata e universal, ainda que não seja


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manifestado morfologicamente, todos os NPs, em todas as línguas,

possuem essa propriedade.

• Embora o inglês e o português não tenham marcação morfológica de

caso, encontrada, por exemplo, no latim e no alemão, elas têm um

vestígio de realização morfológica de caso (evidenciado no sistema

pronominal).

4. Filtro de caso

Todo NP foneticamente realizado deve receber caso.

5. Caso nominativo

• Sujeitos de orações finitas recebem caso nominativo, enquanto os sujeitos

de orações infinitivas recebem caso acusativo.

• O caso nominativo é, portanto, atribuído pela flexão (I). Mais

especificamente, por AGR.

AGRP

NP AGR’
(suj)
AGR VP
[+3ª p.
sing.]

atribuição de caso
nominativo

6. Caso acusativo / oblíquo

Ex 17 : I believe [him to be a liar]


verbo
[Eu acredito que ele seja um mentiroso].
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Ex 18 : [For him to attack Russia] would be surprising.
prep.
[Para ele atacar a Rússia seria surpreendente].

Ex 19 : Isso é [para eu fazer]. / Isso é [para nós fazermos].

nom. nom. – atribuído por AGR!

Ex 20 : Isso é [para mim fazer].


oblíquo. – atribuído pela preposição!

• Verbos transitivos atribuem caso acusativo e preposições atribuem caso

oblíquo nas configurações abaixo.

• Somente núcleos atribuem caso.

V'

V NP

killed him

P'

P NP

towards him

• Caso é atribuído sob regência.

• No que diz respeito às categorias lexicais, a propriedade responsável pela

atribuição de caso é o traço sintático [-N] (as categorias lexicais são o

produto de uma combinação de traços distintivos binários, conforme o

esquema abaixo).

Adjetivo Preposição

Nome +N -V

Verbo +V -N

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