Você está na página 1de 10

PROGRAMA Boas práticas

em vacinação
DE EDUCAÇÃO
PERMANENTE
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA

UNIDADE
Programa Nacional
1
de Imunizações

Ana Catarina
de Melo Araújo
Programa Nacional de Imunizações
Nesta unidade, vamos conhecer o objetivo do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e
também as suas funções, os tipos de estratégias de vacinação e suas indicações. Finalizare-
mos a unidade didática com os conceitos básicos de vacinação, o que irá ajudar bastante na
unidade seguinte, quando discutiremos os calendários básicos de vacinação.

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 2
Aula 1: Conhecendo um pouco do
Programa Nacional de Imunizações – PNI

Na situação problema apresentada, foi discutida a importância da realização adequada das


ações de vacinação programadas pelo Programa Nacional de Imunizações. Você conhece o pro-
grama brasileiro de imunizações? A partir de agora, vamos fazer um breve resumo sobre ele.

No Brasil, o campo de prevenção das doenças cresceu com os resultados da erradicação da


varíola, os quais motivaram investimentos para a ampliação do uso das vacinas. No entanto,
durante várias décadas, as doenças imunopreviníveis se mantiveram como um grande desa-
fio para o sistema de saúde brasileiro (BRASIL, 2003).

Para fazer frente ao problema, em 1975, foi instituído o Programa Nacional de Imunizações
(PNI) com a finalidade de coordenar ações que se desenvolviam, até então, com descontinui-
dade, pelo caráter episódico e pela reduzida cobertura. Essas atividades estavam divididas
entre o Ministério da Saúde, com os programas verticais de tuberculose, varíola e febre ama-
rela, e as secretarias estaduais de saúde, com a vacinação contra poliomielite e sarampo e a
aplicação da vacina tríplice bacteriana – DPT (BRASIL, 2013).

Em seu documento conceitual, o PNI refere, como exigências programáticas, que seria pre-
ciso estender a vacinação às áreas rurais, aperfeiçoar a vigilância epidemiológica em todo
território nacional, instituir pelo menos um laboratório de controle de qualidade de vacinas,
racionalizar a aquisição e distribuição de insumos, uniformizar as técnicas de administração
e promover a educação em saúde para uma boa adesão da população ao Programa. Ainda
assim, privilegiaram-se ações focadas no controle e erradicação das epidemias em forma de
campanhas direcionadas a doenças específicas (BRASIL, 2013).

Com a promulgação da Lei nº 6.259, de 1975, que dispõe sobre a organização das ações de
vigilância epidemiológica, da notificação compulsória de doenças e da regulamentação do
PNI, tornou-se obrigatória a vacinação básica no primeiro ano de vida, sujeitando os pais
infratores à suspensão do pagamento do salário família. Também, a partir daí, ocorria a
consolidação e sistematização das normas técnicas sobre armazenamento e distribuição de
vacinas (BALLALAI, 2016; BRASIL, 2013).

Durante a década de 1980, o Programa de Imunização foi incorporado na rotina dos serviços de
saúde. A tarefa de organizar essa ação exigiu a introdução de elementos logísticos e tecnológi-
cos, visando manter as vacinas em temperaturas adequadas, desde os laboratórios produtores
até os serviços locais de saúde. Instituiu-se uma rede complexa, constituída de elementos que
são produtos da especialização tecnológica, tais como câmaras frigoríficas, congeladores, gela-
deiras, caixas isotérmicas, termômetros e sensores de temperatura apropriados para esses
equipamentos. Também demandou a utilização, em larga escala, de seringas e outros insu-
mos, exigindo programação, planejamento e gerenciamento especializado (FURTADO, 2001).

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 3
A introdução desses novos elementos caracteriza o Programa Nacional de Imunizações como
uma área de interseção entre gestão e planejamento, epidemiologia e biotecnologia, dese-
nhando um campo de práticas multidimensionais, no qual se observa a operacionalização
de conhecimentos científicos, de tecnologias e de políticas de saúde pública (BRASIL, 2014).

Programa Nacional de Imunizações (PNI): 40 anos

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programa_nacional_
imunizacoes_pni40.pdf>

40 anos do Programa Nacional de Imunizações: o desafio da equidade

<http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742013000200001>

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 4
Aula 2: Ações de vacinação:
rotina e campanhas de vacinação

Na situação problema foram realizadas duas estratégias de vacinação: a vacinação de rotina


e o bloqueio vacinal. Você sabia que existem várias estratégias de vacinação?

Após conhecermos como foi instituído o Programa de Imunizações no Brasil, que tem como
um dos seus objetivos a ampliação de estratégias de vacinação para melhorar o acesso da
população, vamos compreender quais são as estratégias de vacinação e quando utilizá-las.

Por que é preciso criar estratégias de vacinação? As estratégias de vacinação são o caminho
para atingir determinado resultado, vacinando um público-alvo específico, garantindo a pro-
teção, o controle, a eliminação ou erradicação da doença. Isso se dá por meio da vacinação
na rotina dos serviços de saúde ou em atividades extramuros, utilizando estratégias com
equipes móveis, postos fixos temporários, vacinação casa a casa, campanhas e bloqueios
vacinais (BRASIL, 2014).

Você lembra da situação-problema que foi apresentada no início deste módulo? Dos trans-
tornos causados na unidade de saúde da família que Alice e Joana trabalham pela falta de
adesão da equipe a uma rotina de serviços? Pois bem, para evitar que você vivencie pro-
blema semelhante, veja, a seguir, as estratégias de vacinação que devemos utilizar, suas
indicações e particularidades.

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 5
TIPOS DE ESTRATÉGIAS
INDICAÇÕES E PARTICULARIDADES

1 VACINAÇÃO NA ROTINA DO SERVIÇO DE SAÚDE


Proporciona o acompanhamento continuado e programado das metas previstas para identificar,
em tempo oportuno, áreas ou grupos que merecem ser melhor “trabalhados” para adesão à
vacinação.

2 VACINAÇÃO EM ATIVIDADES EXTRAMUROS


Adotada quando há necessidade operacional ou epidemiológica que exige colocar a vacinação
mais acessível à população alvo por meio de equipes móveis, postos fixos temporários, vacinação
casa a casa, campanhas e bloqueios.

3 POSTOS FIXOS TEMPORÁRIOS


Funcionam por tempo limitado. Devem ser instalados em locais de referência para a população,
como shoppings, estações de metrô, rodoviárias, estações ferroviárias, escolas, clubes, creches etc.

4 EQUIPES MÓVEIS
É uma alternativa para vacinar pequenas comunidades e áreas remotas com população dispersa
ou de difícil acesso, possibilitando alcançar pessoas que, de outra maneira, nunca seriam
vacinadas.

5 VACINAÇÃO CASA A CASA


É uma ação desenvolvida por equipes móveis, adotada em surtos (varredura) e durante
Monitoramento Rápido de Cobertura Vacinal (MRC). A equipe vai à casa das pessoas -> visita todos
os domicílios de uma rua, quarteirão ou bairro.

6 CAMPANHA DE VACINAÇÃO
Ação pontual que visa à vacinação em massa de uma população com uma ou mais vacinas.Exige
mobilização da comunidade (divulgação).É necessário aumentar o número de postos. A população
fica mais próxima da vacina, com obtenção de altas coberturas. Fortalece a consciência sobre a
necessidade e a importância da prevenção e da promoção da saúde.

7 VACINAÇÃO DE BLOQUEIO
A vacinação de bloqueio é uma ação de controle prevista pela vigilância epidemiológica quando
da ocorrência de um ou mais casos de doença imunoprevenível. Tem a finalidade de interromper
a transmissão da doença no menor espaço de tempo possível, pela eliminação dos suscetíveis. A
vacinação de bloqueio deve abranger todas as pessoas que tiveram contato com o caso suspeito
no período de transmissibilidade: pessoas do mesmo domicílio, vizinhos próximos, familiares e/ou
amigos, creches e/ou escolas e/ou local de trabalho (pessoas da mesma sala de aula, do mesmo
quarto de alojamento ou da sala de trabalho), pacientes que estiveram em unidades de saúde no
mesmo período do caso etc. O bloqueio vacinal deve seguir sempre o percurso do caso suspeito.
Definir a faixa etária prioritária para ações de bloqueio vacinal de acordo com a situação
epidemiológica apresentada na localidade.

Fonte: Brasil (2008); OPAS (2006); Bahia (2011).

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 6
Após conhecermos as estratégias de vacinação e como utilizá-las, vamos ver como organizar
os materiais para executar as atividades que acontecem fora da unidade de saúde (extramu-
ros). Segue o passo a passo:

1. D
 efinir o período mais adequado para a vacinação (época do ano,
data, dia da semana e horários), considerando o modo de vida, os
hábitos e costumes da população da área.

2. Contemplar no cronograma o retorno à área para completar esque-


mas vacinais, considerando o intervalo entre as doses.

3. Dispor de indicativos da localização: mapas, roteiros, croquis.

4. Dispor de quantidade suficiente de material (vacinas, insumos,


formulários) e de equipamentos de refrigeração (refrigerador e/ou
caixa térmica, bobinas de gelo reutilizável e termômetro).

5. Administrar todas as vacinas indicadas, conforme procedimentos


preconizados.

6. Registrar as doses aplicadas nos formulários apropriados e preen-


cher o comprovante de vacinação para todas as pessoas vacinadas.

7. Digitar as doses aplicadas no sistema de informação recomendado.

Organizando a vacinação: subsídios para as equipes locais

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/organizando_vacinacao_
eliminacao_rubeola_2008.pdf>

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 7
Aula 3: Conceitos básicos
sobre vacinas e vacinação

Na situação problema foi mencionado sobre a importância do correto funcionamento da


sala de vacinação. Para uma adequada administração de vacinas, precisamos conhecer os
conceitos básicos sobre imunização. Vamos estudá-los?

Cada atividade humana acaba por ter um conjunto próprio de palavras que fazem sentido
no contexto ao qual estão inseridas. Dentro da área da saúde, cada subárea apresenta um
conjunto de termos técnicos que são próprios de sua rotina. A seguir, apresentamos um
glossário com alguns termos básicos para quem trabalha com vacina e vacinação.

Você sabe o que é vacina?

É uma substância derivada de, ou quimicamente semelhante a, um agente infeccioso parti-


cular, causador de doença (BALLALAI, 2016; CDC, 2012).

O que a vacina causa no nosso organismo?

Essa substância é reconhecida pelo sistema imune do indivíduo vacinado, a qual induz uma
resposta que o protege dessa doença associada ao agente. A vacina, portanto, induz o siste-
ma imunonológico a reagir como se tivesse realmente sido infectado pelo agente infeccioso
(BALLALAI, 2016; CDC, 2012).

A imunização pela vacina pode sofrer alterações?

Sim, de duas formas:

•  Fatores próprios das vacinas: quando os mecanismos de ação das vacinas são diferentes, variando
segundo seus componentes antigênicos e adjuvantes.

•  Fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina: como idade, doença de base ou intercorrente
e tratamento imunodepressor.

E como as vacinas são constituídas?

Toda vacina é constituída pelo próprio agente infeccioso de acordo com as característi-
cas de como é utilizado esse agente. As vacinas podem ser divididas em dois grandes gru-
pos: atenuadas (VOP, Rotavírus, Tríplice Viral) e inativadas (DTP, Hepatite B, Hepatite A)
(BALLALAI, 2016; CDC, 2012). Veja mais detalhes no quadro a seguir:

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 8
Tipos
Conceitos Particularidades Exemplos
de Vacinas

São vacinas em que o Essas vacinas apresentam


antígeno é constituído antígenos mais imunogêni-
por agentes infecciosos cos; provocam eventos adver-
inteiros, atenuados em sos mais tardios; resposta de VOP, Tríplice
Atenuadas laboratório, onde ele uma pode interferir na outra; viral, Varicela,
(Vivas) mantém a capacidade são contraindicadas em Febre Amarela,
reprodutiva, porém, gestantes e imunodeprimi- Rotavírus e BCG
perde sua capacidade dos; sofrem interferência de
de determinar doença imunoglobulinas e, em geral,
em condições normais. não precisam de reforços.

Apresentam antígenos menos


imunogênicos; precisam de
adjuvantes; provocam even-
tos adversos precoces; a res-
posta de uma não interfere
na outra; não são contraindi-
cadas em gestantes e imu-
nodeprimidos; não sofrem
Podem ser compostas interferência de imunoglo-
por vírus ou bactérias bulinas e, em geral, precisam
Hepatite B, VIP,
inteiras mortas, ou fra- de reforços. São obtidas de
Pneumo10,
ções específicas desses diversos modos: microrga-
Inativadas Meninigite C,
microrganismos. As nismos inteiros são inativados
(Mortas) Pentavalente,
vacinas fracionadas por meios físicos ou químicos;
Hepatite A, HPV,
podem ser à base toxinas inativadas (toxoides
DTP, Influenza, dT
de proteínas ou tetânico e diftérico); vacinas
polissacarídeos. de subunidades ou de frag-
mentos de microrganismos;
vacinas obtidas por engenha-
ria genética; vacinas que são
polissacarídeos extraídos de
cápsulas; vacinas glicocon-
jugadas, em que os compo-
nentes polissacarídicos são
conjugados a proteínas.

Quadro 1 – Constituição das vacinas

Fonte: Ballalai (2016); CDC (2012).

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 9
Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais

<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/-01VACINA/manual_
crie_.pdf>

Vamos avaliar o que aprendemos até aqui antes de prosseguir. Realize a atividade Avaliativa
da Unidade 1.

Boas práticas de vacinação


Programa Nacional de Imunizações 10

Você também pode gostar