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Os compassos

Dá­se o nome de compasso ao agrupamento rítmico invariável,
com características semelhantes, de um trecho musical.

Num primeiro sentido, o compasso é um segmento da duração
de  uma  frase  musical,  ou  seja,  é  a  divisão  de  um  trecho  da
música em partes iguais de duração. 

O compasso assim possui um número determinado de tempos,
cuja  estrutura  se  dá  através  do  acento  métrico,  ou  seja,
através  da  organização  em  tempos  fortes  (acentuados)  e
tempos  fracos.  Em  outras  palavras,  esta  estrutura  rítmica  é
constituída  por  uma  sucessão  de  tempos  (um,  dois,  três  ...)
que  se  repetem  ciclicamente,  onde  o  primeiro  de  cada  série  é  o  mais  forte  do  que  os  seguintes.
Existem vários tipos de compassos, de acordo com a organização entre os tempos fortes e fracos.

Esta divisão é indicada por meio de traços verticais no pentagrama, chamados travessões. 

Mas quando uma frase musical chega ao fim, em vez de se usar um travessão, usa­se um  travessão
duplo, para marcar o início de uma nova frase. Entretanto, se a música chega ao fim, utiliza­se apausa
final no lugar do travessão. Veja:
Indicação dos compassos
Para  indicar  o  compasso  na  partitura,  utilizamos  uma  fórmula,  que  consiste  em  empregar  dois
algarismos,  um  sobre  o  outro,  como  se  fosse  uma  fração.  Nessa  fórmula,  o  número  de  cima  indica  a
quantidade  de  tempo  (ou  de  terços  de  tempo);  já  o  número  de  baixo  indica  a  figura  que  valerá  um
tempo  (ou  um  terço  de  tempo).  Não  utilizamos  aqui  os  termos  numerador  e    denominador,  pois  são
próprios de frações, portanto inapropriado aos compassos.

  Duas  observações  importantes  devem  ser  feitas  aqui.  A  primeira  é  que,  se  você  ainda  não  leu
o artigoque fala sobre as figuras, deve lê­lo agora.  E se já o leu, cuide de ter compreendido muito bem,
antes  de  continuar  a  leitura  deste.  (Clique  aqui  e  leia  As  figuras)  A  segunda  observação  é  quanto
à  fórmula  de  compasso:  embora  a  maneira  como  ela  se  apresenta  se  pareça  muito  com  uma  fração
numérica, ela não tem nada a ver com fração, absolutamente nenhuma relação.

A  fórmula  de  compasso  aparece  sempre  após  a  clave  ou  após  a  armadura  de  clave,  quando  houver.
Mas  se  o  tipo  de  compasso  muda  no  transcurso  da  música,  o  novo  compasso  é  indicado  após  o
travessão duplo.

A  fórmula  de  compasso  pode  admitir  no  número  de  cima  os  seguintes  algarismos:  2,  3,  4,  5,  6,  7,  9,
12,  15  ou  21,  o  que  leva  à  formação  de
compassos  simples  e  compostos,  e  binários,  ternários,quaternários  e  complexos.  As  duas  primeiras
classificações  dizem  respeito  à  representação  da  figura  que  vale  um  tempo,  enquanto  que  as  quatro
últimas se  referem à quantidade de tempo que o compasso pode possuir.
Quanto ao número de baixo, este indica a figura que vale um tempo, no caso dos compassos simples;
ou a figura que vale um terço de tempo, no caso dos compassos compostos.

Conforme  vimos  no  artigo  Como  ler  partitura  III  ­  as  figuras,  cada  figura  de  som  possui  um  número
relativo, originado a partir dos seus valores em comparação com a semibreve. Assim, se a mínima, por
exemplo,  vale  a  metade  da  semibreve,  isso  quer  dizer  que  duas  mínimas  unidas  equivalem  a  uma
semibreve. Nesse caso, no número relativo da mínima é 2.

Seguindo o mesmo raciocínio, temos os seguintes números relativos para as figuras:

mínima ­ 2

semínima ­ 4

colcheia ­ 8

Assim,  toda  vez  que  o  número  de  baixo  na  fórmula  de  compasso  apresentar  o  algarismo  2,  significa
que  a  mínima  será  a  figura  que  valerá  um  tempo.  A  partir  desse  pressuposto,  pode­se  estabelecer  o
valor de todas as demais figuras, a saber:
Mas  se  na  fórmula  de  compasso  o  número  de  baixo  for  o  4,  então  a  semínima  será  a  unidade  de
tempo, ou seja, é a semínima quem valerá um tempo. Veja:
Entretanto,  se  o  número  que  aparecer  embaixo  for  o  8,  a  unidade  de  tempo  (a  figura  que  vale  um
tempo) será a colcheia. Veja o quadro abaixo:
Atualmente,  é  raro  aparecer  outra  unidade  de  tempo  além  dessas  três  mencionadas  anteriormente.
Mas  se  acaso  aparecer,  o  raciocínio  permanece  o  mesmo.  Portanto,  o  que  é  necessário  agora  é
conhecer  muito  bem  as  figuras  e  o  valor  que  uma  tem  em  relação  à  outra,  pois  o  valor  absoluto  é
determinado  unicamente  pelo  compasso,  e  é  para  isso  que  o  compasso  serve  na  partitura:
determinar o valor absoluto das figuras.

Além  da  fórmula  de  compasso,  pode  aparecer  também  a  letra  C  ou  a  letra  Ȼ  para  representar  o
compasso  4/4  e  o  2/2  respectivamente.  Trata­se  de  uma  herança  do  final  da  Idade  Média  na  maneira
de  representar  o  compasso  binário.  É  que,  para  os  medievais,  o  compasso  ternário  era  perfeito,
portanto, melhor representado por um círculo. Já o compasso binário (menos utilizado) era considerado
imperfeito, arrítmico, sem beleza, por isso era representado com um semicírculo.

O  círculo  representava  o  compasso  ternário  simples,  assemelhado  hoje  ao


3/4, embora a unidade de tempo desse compasso fosse a semibreve. 

  O  círculo  com  um  ponto  no  meio  representava  o  compasso  ternário  composto,  onde  a  unidade  de
tempo era a breve pontuada. Hoje é o compasso 9/8 quem melhor substitui este círculo. 
O  semicírculo  indicava  um  compasso  binário  simples,  em  que
a semibrevedesempenhava a função de unidade de tempo. Sua execução se
assemelhava ao do compasso atual 2/4.

O  semicírculo  com  um  ponto  indicava  um  compasso  binário  composto,  em


que a breve pontuada era  a  unidade  de  tempo.  Seu  equivalente  atual  seria  o
compasso 6/8, apesar de a unidade de tempo ser outra.

Classificação dos compassos
Compasso simples ­ é aquele que possui os algarismos 2, 3, 4, 5 ou 7 na parte de cima na fórmula de
compasso.  Esses  algarismos  indicam  efetivamente  a  quantidade  de  tempo  de  cada  compasso.  Que
não haja dúvidas quanto a isto: se tem o 2 em cima, é porque o compasso tem 2 tempos mesmo; se
tem o 5 em cima, o compasso tem efetivamente 5 tempos; e a figura que vale um tempo (unidade de
tempo)  é  aquela  indicada  pelo  numero  de  baixo:  Observe  novamente  a  imagem  abaixo  com  bastante
atenção:

Compasso composto  ­  é  aquele  que  apresenta  na  parte  de  cima  da  fórmula  o  múltiplo  de  3  de  cada
algarismo visto no compasso simples. Assim, podemos encontrar os números 6, 9, 12, 15 ou 21. Não
se  engane!  Se  é  múltiplo  de  três,  isso  significa  que  três  figuras  valem  um  tempo.  Então,  se  o
compasso  tem  6  figuras,  significa  que  são  2  tempos;  se  o  compasso  possui  21  figuras,  ele  tem  7
tempos. Basta dividir o total de figuras por 3 para descobrir a quantidade de tempos que o compasso
tem. Veja:
Compasso  binário  ­  é  aquele  que  possui  dois  tempos.  No  caso  de  um  compasso  simples,  as
fórmulas mais utilizadas são 2/4 e 2/2. Quanto aos compassos compostos, os mais utilizados são 6/8
e  6/4.  Entretanto,  a  fórmula  2/2  pode  ser  substituída  por  Ȼ,  sem  qualquer  diferença  na  execução.  O
que vai variar é o gosto de quem escreve a partitura.

Compasso  ternário  ­  é  aquele  que  possui  três  tempos.  Normalmente  os  compassos  simples  são
representados pelas fórmulas 3/2 e 3/4; e os compostos, 9/4 e 9/8. Alguns gêneros musicais, como a
valsa por exemplo, imprimem à execução tal agilidade, que seu compasso ternário causa a impressão
de possuir um único tempo. Muitos por esse motivo dão o nome a esse 3/4 de ritmo de valsa.

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