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Historia : Dietrich Bonhoeffer.

A vida e morte de um
mártir moderno.

Foto de 1930 para o registro no "Union Theological

Seminary N.Y.

Nascido na riqueza Dietrich Bonhoeffer caminhava para


uma carreira brilhante como teólogo, até passar a ver a
vida sob a perspectiva daqueles que sofrem, na Alemanha
nazista. Isso lhe custou a vida.
Em 1942, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer enviou
um presente de Natal à sua família e amigos que estiveram
envolvidos em um fracassado plano para matar Hitler. Era
um ensaio intitulado After Ten Years (Depois de dez
anos). Nele, Bonhoeffer lembrou a seus companheiros de
conspiração dos ideais pelos quais eles estavam dispostos
a dar suas vidas. Em suas palavras: “Nós aprendemos, de
uma vez por todas, a ver os grandes eventos da história do
mundo de baixo para cima, das perspectivas dos
proscritos, suspeitos, maltratados, impotentes, oprimidos e
injuriados,em resumo, da perspectiva daqueles que
sofrem”.

Conforme ele analisava as várias razões pelas quais eles


tinham que matar Hitler e derrubar o governo nazista,
Bonhoeffer lhes falava do exemplo de Cristo. Jesus, de
boa vontade, arriscou sua vida defendendo os pobres e
proscritos de sua sociedade – mesmo ao custo de uma
violenta morte.Na época de sua prisão, a vida de
Bonhoeffer tinha se tornado uma jornada de
entrelaçamento, na qual ele tinha entrado por causa desta
“visão de baixo para cima”. Sua opção de vida lhe tirou de
uma confortável posição de professor universitário à
liderança isolada de uma oposição minoritária dentro de
sua igreja contra seu governo. Ele saiu da segurança de um
refúgio fora do país para a vida perigosa de um
conspirador. Ele desceu dos privilégios do ministério
eclesiástico e o respeito dado a uma família nobre, para
sua árdua prisão e mais tarde sua morte como traidor de
seu país.

Determinação de aço.

Poucas pessoas teriam predito que o jovem Bonhoeffer


terminaria como um conspirador político. Nascido em
Breslau, em 1906, Dietrich era o quarto filho homem e
sexto filho dentre todos (sua irmã gêmea, Sabine, nasceu
momentos depois). Sua mãe, Paula von Hase, era filha de
um pregador da corte do Kaiser Wilhelm II. O pai de
Dietrich, Karl Bonhoeffer, era um famoso médico
psiquiatra e professor universitário.
Quando era um rapazinho de 14 anos, Dietrich
surpreendeu sua família declarando que não queria nada
mais do que ser um ministro da igreja. Este anúncio
provocou uma pequena consternação entre seus irmãos
homens. Um estava destinado a ser físico, o outro,
advogado; ambos eram pessoas de sucesso, para quem o
serviço na igreja parecia um trabalho que não simbolizava
uma alta responsabilidade para a burguesia, era algo
inferior a eles e sua capacidade. Seu pai sentiu-se da
mesma forma, mas ficou em silêncio, preferindo conceder
a seu filho a liberdade de cometer seus próprios erros.
Quando sua família criticou a igreja como egoísta e
covarde, um lampejo da determinação de aço de Dietrich
surgiu dele a frase: “Neste caso, eu a reformarei!”.

Um “milagre teológico”.

Seguindo um costume de família, o jovem Dietrich


estudou na Universidade de Tübingen por um ano antes de
mudar para a Universidade de Berlim, onde morava a
família. Na universidade, ele veio a estar sob a influência
do conhecido historiador da igreja Adolf von Harnack e
Karl Holl, um estudioso sobre Lutero. Von Harnack
considerou Bonhoeffer como um grande historiador da
igreja em potencial, capaz de um dia subir no seu próprio
pódio.Para tristeza de von Harnack, Bonhoeffer dirigiu
suas energias do mundo acadêmico para o campo
dogmático. Seu maior interesse ficava nos assuntos da
Cristologia e da Eclesiologia. Sua dissertação, The
Communion of Saints (A comunhão dos santos), foi
completada em 1927, quando ele tinha apenas 21 anos.
Karl Barth a celebrou com um “milagre teológico”.
Nesta dissertação, Bonhoeffer declara numa sonora frase
que a igreja é “Cristo existindo em comunidade”. A igreja
para ele não é nem uma sociedade ideal, sem necessidade
de reforma, nem o ajuntamento de uma elite cheia de dons.
Pelo contrário, ela é tanto uma comunhão de pecadores
capazes de seres infiéis ao evangelho, quando é uma
comunhão de santos para quem servir um ao outro deve
ser uma alegria.

Triste encontro com a pobreza.

Como ainda não estava na idade mínima para ordenação e


precisava de experiência prática, Bonhoeffer interrompeu
sua carreira acadêmica. Ele aceitou uma indicação como
pastor-assistente numa igreja em Barcelona que tendia
para as necessidades espirituais da comunidade de
negócios alemã.Seus meses na Espanha (1928–29)
coincidiram com as primeiras repercussões da Grande
Depressão, dessa forma a vida de pastor em Barcelona deu
a Bonhoeffer seu primeiro triste encontro com a pobreza.
Ele ajudou a organizar um programa que sua igreja
estendeu aos desempregados. Em desespero, ele mesmo
implorou por dinheiro à sua família para este propósito.
Num sermão memorável, ele lembrou ao seu povo que
“Deus caminha entre nós em forma humana, falando a nós
naqueles que cruzam nosso caminho, sejam eles estranhos,
mendigos, doentes, ou mesmo naqueles mais perto de nós
em nosso dia a dia, tornando-se a ordem de Cristo em
nossa fé nele”.

De volta à Alemanha, Bonhoeffer voltou sua atenção para


sua “segunda dissertação” – exigida para conseguir uma
designação na universidade. Publicada como um livro em
1931, Act and Being (Ser e agir) externamente parece ser
um rápido tour de filosofias e teologias de revelação. Se a
revelação é “agir”, então a Palavra eterna de Deus
interrompe a vida da pessoa de um modo direto, intervindo
muitas vezes quando menos se espera. Se a revelação é
“ser”, então é a presença contínua de Cristo na igreja.
Através de todas as análises cruzadas deste livro, nós
também detectamos a luta profunda de Bonhoeffer entre o
conforto do status acadêmico e o perturbador chamado de
Cristo para ser um cristão genuíno.

Primeira visita à América.

Tendo assegurada sua indicação para a universidade,


Bonhoeffer decidiu então aceitar uma bolsa de pesquisa
Sloane. Esta lhe ofereceu um ano de estudos adicionais no
Union Theological Seminary, em Nova York. Mais tarde
ele descreveu este ano acadêmico de 1930–31 como “uma
grande libertação”.
A princípio, Bonhoeffer olhou preocupadamente para o
Seminário de Teologia União, julgando que ele fosse tão
permeado de humanismo liberal que tivesse perdido suas
amarras teológicas. Mas cursos com Reinhold Niebuhr e
longas conversas com seu amigo mais próximo, o
americano Paul Lehmann, trouxeram sensibilidade aos
problemas sociais.
As amizades de Bonhoeffer no Union Seminary
influenciaram-no profundamente. Elas alimentaram sua
crescente paixão pelas preocupações do Sermão do Monte.
Através de um aluno negro do Alabama, o reverendo
Frank Fisher, Bonhoeffer experimentou em primeira mão
o racismo opressivo sofrido pela comunidade negra do
Harlem.
Admirando os serviços desta igreja, que valorizavam a
vida, ele levou gravações dos negro spirituals para a
Alemanha para tocar para seus alunos e seminaristas. Ele
falou aos alunos freqüentemente sobre a injustiça racial na
América, prevendo que o racismo se tornaria “um dos
problemas futuros mais críticos para chamada igreja
branca”.

Outro amigo, o pacifista francês Jean Lasserre, levou


Bonhoeffer a transcender sua ligação natural à Alemanha
para assumir um compromisso maior com a causa da paz
mundial. Bonhoeffer tornou-se devoto da resistência
pacífica ao mal, e mais tarde ele defendeu com veemência
a paz em encontros ecumênicos. Para Bonhoeffer, a guerra
claramente negava o evangelho; nela os cristãos matavam
uns aos outros para ideais alardeados que só mascaravam
objetivos políticos mais sinistros.
As pessoas perceberam as mudanças na perspectiva de
Bonhoeffer em sua volta à Universidade de Berlim. Seus
alunos o descreveram como diferente de seus colegas,
estes mais enfadonhos e desinteressados. Tentando
explicar o que houve com ele, Bonhoeffer disse
simplesmente que tinha se tornado cristão. Como ele
mesmo disse, ele esteve pela primeira vez na sua vida “no
trilho certo”, dizendo ainda: “Eu sei que por dentro serei
realmente claro e honesto somente quando eu tiver
começado a levar a sério o Sermão do Monte”.

Palestrante universitário eletrizante.

Retornando da América, Bonhoeffer fez uma pausa na


Universidade de Bonn, onde ele finalmente conheceu o
teólogo Karl Barth. Os escritos de Barth tinham
impressionado o mundo teológico e cativado Bonhoeffer
durante seus anos de estudante em Berlim. Os dois ficaram
amigos, então. Barth apreciava os alertas incisivos de
Bonhoeffer sobre a acomodação das ideologias políticas
na religião organizada. Bonhoeffer começou a usar Barth
como um meio de divulgação de suas opiniões, confiando
nas avaliações maduras de Barth sobre como contra-atacar
as concessões da igreja ao nazismo.
Sendo o professor mais jovem da faculdade, Bonhoeffer
ficou conhecido pelo seu jeito de ir até o fundo de uma
questão e abordar os assuntos na sua revelância atual. Um
aluno escreveu que sob a direção de Bonhoeffer “cada
frase encontrava seu lugar; havia uma preocupação pelo
que me perturbava, e de fato, todos nós jovens, o que
perguntávamos e o que queríamos saber”. Mas a carreira
de ensino de Bonhoeffer foi ofuscada pela ascensão de
Hitler ao poder. Os alunos atraídos pelo nazismo o
evitavam.
Alguns dos cursos de Bonhoeffer na universidade durante
este período foram publicados como livros desde então.
Em The Nature of the Church, (A natureza da igreja),
Bonhoeffer observou que a igreja ficou à deriva; ela, com
muita freqüência, buscou o conforto dos privilegiados. A
igreja, ele disse aos seus alunos, tinha que confessar a fé
em Jesus com coragem incomum e rejeitar sem hesitação
toda idolatria secular.
Em suas palestras sobre Cristologia, publicada como
Christ the Center (Cristo o centro), Bonhoeffer insistiu
com seus alunos a responder perguntas perturbadoras:
Quem é Jesus, no mundo de 1933? Onde Ele pode ser
achado? Para ele, o Cristo de 1933 era o judeu perseguido
e o dissidente na luta da igreja.
Durante os anos na universidade, Bonhoeffer também
achou tempo para ensinar em uma favela de Berlin. Para
ser mais envolvido na vida destes alunos, ele se mudou
para a sua vizinhança, visitou suas famílias e os convidou
a passar finais de semana num chalé alugado na montanha.
Depois da guerra, um destes alunos lembrou que “a turma
dificilmente ficava agitada”.

Crescente luta da igreja:

Pastorado Coletivo em Gros-Schlönwitz

Durante este período, muitos cristãos dentro da Alemanha


adotaram o Socialismo Nacional de Hitler como parte de
seu credo. Conhecidos como “cristãos alemães”, seu
porta-voz Hermann Grüner, deixou claro o que eles
defendiam:
“O tempo se completou em Hitler para as pessoas na
Alemanha. É por causa de Hitler que Cristo, Deus, o
ajudador e remidor, tornou-se eficaz entre nós. Portanto, o
Socialismo Nacional é cristianismo positivo em ação...
Hitler é o modo do Espírito e da vontade de Deus para o
povo alemão entrar na igreja de Cristo”.
Ordenado em 15 de novembro de 1931, Bonhoeffer, com
seu grupo de “Jovens Reformadores”, tentou persuadir
delegados nos sínodos da igreja a não votar em candidatos
pró-Hitler. Num sermão memorável, logo antes das
eleições na igreja em julho de 1933, Bonhoeffer apelou:
“Igreja, permaneça uma igreja! Confesse, confesse,
confesse!” Apesar dos seus esforços, os cristãos alemães
elegeram como Bispo Nacional um simpatizante do
nazismo, Ludwig Müller. Numa carta à sua avó, em agosto
daquele ano, Bonhoeffer afirmou com franqueza: “O
conflito é realmente ser Alemão ou ser Cristão e o quanto
antes este conflito ficar às claras, melhor”.
Em setembro de 1933, o conflito ficou às claras. No
“Sínodo Marrom” naquele mês (chamado assim porque
muitos dos religiosos usavam uniformes nazistas marrons
e faziam a saudação nazista), a igreja adotou a “Frase
Ariana”, que negava o púlpito a ministros ordenados que
tivessem sangue judeu. O amigo mais próximo de
Bonhoeffer, Franz Hildebrandt, foi afetado pela legislação
(junto com muitos outros). A Frase Ariana dividiu a Igreja
Protestante alemã.

Defesa aberta dos judeus.

A primeira reação pública de Bonhoeffer à legislação anti-


semita chegou logo. Em abril de 1933, ele falou a um
grupo de pastores sobre “A Igreja e a questão judaica”.
Neste sermão, ele pediu as igrejas para, em primeiro lugar,
desafiar com ousadia o governo que justifica tais leis,
obviamente imorais. Segundo, ele exigiu que a igreja
viesse em socorro das vítimas – batizadas ou não.
Finalmente, ele declarou que a igreja devia “travar as
rodas” do governo se a perseguição aos judeus
continuasse. Muitos dos que ali estavam saíram correndo,
convencidos de que tinham ouvido a incitação para um
motim.
Logo após o Sínodo Marrom, Bonhoeffer e um herói da
Primeira Guerra Mundial, o pastor Martin Niemöller,
formaram a “Liga de Emergência dos Pastores”. Eles
defendiam a luta para repelir a Frase Ariana, e no fim de
setembro, tinham obtido 2.000 assinaturas. Mas, para
decepção de Bonhoeffer, mais uma vez os bispos da igreja
continuaram em silêncio.
No Sínodo de Barmen, de 29 a 31 de maio de 1934,
entretanto, a nova “Igreja Confessante” (aqueles pastores
que se opuseram à Frase Ariana e outras políticas nazistas)
afirmaram a agora famosa Confissão de Fé de Barmen.
Concebida em grande parte por Karl Barth, sua associação
do Hitlerismo com idolatria fez simpatizantes entre os
homens marcados pela Gestapo, e dentre outras coisa
dizia: “Nós repudiamos o falso ensino de que há áreas em
nossa vida que não pertencem a Jesus Cristo, mas a outros
senhores…”

Abandonando uma carreira promissora.

Uma vez que os cristãos alemães estavam agora


entrincheirados em posições de liderança na igreja,
Bonhoeffer foi rejeitado para um pastorado me uma igreja
local. Os comentários contra ele apontaram sua posição
radical e intempestiva às políticas governamentais. E ele
foi considerado muito ligado ao seu amigo cristão-judeu,
Franz Hildebrandt. A assustadora “nazificação” das igrejas
deixou Bonhoeffer sentindo-se isolado e incapaz de
esboçar uma oposição destemida a Hitler dentre os
pastores.
Em sua posição de ensino, ele sentiu que a universidade
tinha se ligado indesculpavelmente ao sentimento popular
que exaltava Hitler como salvador político. Ele ficou
perturbado também pela falta de protesto diante do
afastamento de professores judeus. Estas frustrações
facilitaram a decisão de deixar a Alemanha. No outono de
1933, ele assumiu o pastorado de duas igrejas de língua
alemã em Londres.
Por causa desta atitude Bonhoeffer foi severamente
repreendido por Karl Barth, que achou que ele estivesse
fugindo de cena quando ele era mais necessário. Barth
acusou Bonhoeffer de privar a luta da igreja de seu
“esplêndido arsenal teológico” e de sua “correta figura
alemã”.
Mas Bonhoeffer ainda não estava abandonando a luta
contra o nazismo. De Londres, ele pretendia trazer pressão
externa sobre a igreja do Reich Alemão. Numa carta ao
líder do Ministério Eclesiástico Estrangeiro, Bonhoeffer
recusou a se abster de criticar o governo alemão.
Dietrich Bonhoeffer e outros delegados foram a uma
conferência ecumênica em Fano, na Dinamarca, em 1934.
Na conferência, Bonhoeffer pregou um sermão aos líderes
cristãos de mais de 15 nações. “O mundo está sufocando
com armas”, ele disse, “e a desconfiança que salta dos
olhos de cada ser humano é assustadora. As trombetas da
guerra podem tocar amanhã”. Nesta ocasião, ele insistiu
para que os cristãos falassem contra a guerra e ousassem
pelo “grande empreendimento” da paz.

Buscando para o mundo o apoio da igreja.

Era no nível ecumênico que Bonhoeffer esperava


continuar mais efetivamente na luta da igreja. Ele tinha
sido indicado secretário da juventude para a Aliança
Mundial para Promover a Amizade Internacional através
das Igrejas (um precursor do Conselho Mundial das
Igrejas). Neste papel, ele ajuntou as igrejas internacionais
para fazer um forte protesto anti-nazismo, para apoiar a
Igreja Confessante e para expulsar a igreja do Reich do
movimento ecumênico.
Suas atividades levaram a uma amizade duradoura com o
bispo inglês George Bell. Bell era presidente do Conselho
Universal Cristão para a Vida e Trabalho, que trabalhava
de perto com a Aliança Mundial. Ele apoiava a luta de
Bonhoeffer para que a Igreja Confessante fosse
reconhecida como a única representante da igreja
protestante na Alemanha.
Os esforços de Bonhoeffer alcançaram um clímax na
conferência de 1934 em Fano, na Dinamarca. A Comissão
Ecumênica de Jovens, da qual Bonhoeffer fazia parte,
surpreendeu os delegados por sua recusa em expressar
resoluções em uma polida linguagem diplomática. Além
disso, Bonhoeffer queria que as igrejas declarassem não-
cristã qualquer igreja que tivesse se tornado meramente
uma audiência neutra nas questões políticas. Todos os
delegados sabiam que a Igreja do Reich era o alvo de tais
resoluções.
A contribuição mais duradoura de Bonhoeffer para esta
conferência, entretanto, foi um sermão matinal
inesquecível sobre a paz, chamado “A Igreja e os povos do
mundo”. Seu aluno, Otto Dudzus relatou que as palavras
de Bonhoeffer deixaram os delegados “prendendo a
respiração de tanta tensão”. Como poderiam as igrejas
justificar sua existência, ele perguntou, se elas não
tomavam medidas para impedir a marcha em direção a
outra guerra? Ele exigiu que o conselho ecumênico se
levantasse “para que o mundo, embora esteja rangendo os
dentes, tenha que ouvir, para que as pessoas se alegrem
por que a igreja de Cristo, no nome de Cristo, tomou as
armas das mãos dos seus filhos, proibiu a guerra,
proclamou a paz de Cristo contra o mundo irado”. Uma
frase deste sermão ficou para sempre marcada nas
memórias dos alunos de Bonhoeffer: “Temos que nos
atrever pela paz. Este é o grande empreendimento!”. Até
mesmo Dudzus lembrou que “Bonhoeffer tinha seguido
tanto à frente que a conferência não podia segui-lo”.

Um ousado e ilegal novo seminário:

Estatua em sua homenagem na abadia de


Westminster

Em 1935, os líderes da Igreja Confessante pediram a


Bonhoeffer para dirigir um seminário ilegal perto do mar
Báltico. Para a Igreja Confessante, estabelecer seus
próprios seminários era um passo ousado. Eles
simplesmente contornavam o treinamento típico dos
candidatos nas universidades contaminadas pelo nazismo.
Com seus próprios seminários, eles podiam ignorar as
exigências para que os candidatos provassem seu sangue
puro ariano e lealdade ao nazismo como condições para a
ordenação. Estes seminários eram apoiados não por ajuda
do governo, mas por ofertas de boa vontade.
Os jovens candidatos, que se juntavam primeiro em
Zingst, no mar Báltico e mais tarde em uma escola
particular abandonada, em Finkenwalde, lembram-se do
seminário como um oásis de liberdade e paz. Bonhoeffer
estruturava o dia ao redor da oração em comum,
meditação, leituras bíblicas e reflexão, serviço fraternal, e
suas próprias palestras. Cada dia era aliviado pela
recreação, além de cantarem os negro spirituals que
Bonhoeffer trouxera da América.
Mas o ponto alto de seu treinamento, eram as palestras de
Bonhoeffer sobre discipulado. Elas deram origem ao mais
conhecido de seus livros O discipulado. Nele, Bonhoeffer
acusou os cristãos de buscarem “graça barata”, que
garantia uma salvação na base da barganha, mas não fazia
exigências reais às pessoas, envenenando, dessa forma, “a
vida de seguir a Cristo”. Ele desafia os leitores a seguir a
Cristo até a cruz, a aceitar “a graça de alto preço”, da fé
que vive em solidariedade com as vítimas de sociedades
sem coração.
A Gestapo fechou o seminário em outubro de 1937.
Bonhoeffer tentou então conduzir um “seminário secreto
em atividade”. Mas não houve sucesso. O espírito de
Finkenwalde sobreviveu, entretanto, no Vida em
comunhão. Publicado em 1939, o livro registra as
“experiências em comunidade” dos alunos. A igreja,
Bonhoeffer acreditava, precisava promover um senso
genuíno de comunidade cristã. Sem isso, não poderia
testemunhar com eficácia contra a ideologia nacionalista
na qual a Alemanha havia sucumbido. A congregação de
uma igreja não era para ser fechada em si mesma, mas ser
um ponto de apoio para os esgotados espiritualmente e um
refúgio para os perseguidos. Através da oração e serviço a
igreja podia tornar-se novamente “Cristo existindo como
comunidade”.
A falta de coragem da igreja - Os anos de 1937 a 1939
foram particularmente problemáticos para Bonhoeffer e
seu papel na luta da igreja. Os líderes da Igreja
Confessante pareciam não ter firmeza na questão de ser
contra fazer o pacto civil a Hitler. Ele ofereceu aos
ministros da Igreja Confessante legitimidade para retomar
seu apoio silencioso aos seus planos expansionistas,
incluindo a anexação da Áustria. A paz, a respeitabilidade
e o patriotismo eram a isca. Bonhoeffer queria que os
bispos defendessem o direito dos pastores de se recusarem
a fazer o pacto de fidelidade a Adolf Hitler.
Bonhoeffer foi bloqueado, também, em seus esforços para
agitar uma oposição mais forte na igreja contra a cruel
perseguição aos judeus. Para ele, os sínodos (assembleias)
da igreja olhavam apenas os seus próprios interesses.
Faltava-lhes o sentimento para assuntos mais urgentes:
como contra-atacar o abuso e negação dos direitos civis na
Alemanha. Ele censurou publicamente a falta de
sensibilidade para com a situação difícil dos pastores
aprisionados por suas dissidências.

Se os líderes da igreja levantassem suas vozes em favor


dos judeus, Bonhoeffer teria como avaliar o sucesso ou o
fracasso do sínodo. “Onde está seu irmão Abel?” - ele
perguntava. Os ensaios e palestras de Bonhoeffer deste
período exibiam sua indignação contra a covardia dos
bispos. Ele freqüentemente citava Provérbios 31:8 – “Erga
a voz em favor dos que não podem se defender”, para
explicar o motivo de ser a voz de defesa dos judeus na
Alemanha nazista.
Em junho de 1938, o Sexto Sínodo da Igreja Confessante
reuniu-se para resolver a última crise da igreja. O Dr.
Friedrich Werner, comissário do governo, responsável
pela Igreja da Prússia, havia ameaçado expulsar qualquer
pastor que se recusasse a fazer, como um “presente de
aniversário” a Hitler, o juramento de lealdade civil. Ao
invés de lutar pela liberdade da igreja, o sínodo transferiu
o peso da decisão para cada pastor individualmente. Este
resultado caiu nas mãos da Gestapo, que pôde facilmente
identificar os poucos desleais que ousaram recusar-se a
fazer o juramento. Enfurecido com os bispos, Bonhoeffer
questionava, “Será que a Igreja Confessante nunca irá
aprender que, em questões de consciência, a decisão
majoritária mata o espírito?”

Viagem por engano à América.

No outono de 1938, Bonhoeffer sentia que era um homem


sem igreja. Ele não conseguia influenciar a Igreja
Confessante a tomar coragem e resistir a um governo civil
que ele considerava como o mal inerente. Na frente
ecumênica, ele havia se mostrado inapto em persuadir a
Aliança Mundial das Igrejas a não aceitar a delegação do
Terceiro Reich em sua conferência. Como forma de
protesto, em 1937, Bonhoeffer renunciou ao cargo de
secretário da Aliança Mundial.
Na chamada “Noite de Cristal” (Kristallnacht), em 9 de
novembro de 1938, o frenesi do nazismo anti-semita é
permitido contra os cidadãos judeus. A polícia observava
passivamente as hordas de alemães quebrar as vidraças das
casas e das lojas judias e queimar as sinagogas,
brutalizando contra os judeus. Bonhoeffer estava fora de
Berlim naquela noite, mas voltou rapidamente para aquele
cenário. Ele se recusou a acreditar nas tentativas de
atribuir tal violência a tão falada maldição divina sobre os
judeus por causa da morte de Cristo. Em sua Bíblia, ele
sublinhou Salmo 74:8 – “Disseram em seus corações:
‘Vamos acabar com eles! E queimaram todos os santuários
do país’”. – e colocou ao lado a data da Noite de Cristal.

Bonhoeffer sentiu um enorme desapontamento com o


vergonhoso silêncio que se seguiu por parte da igreja,
sobre aquela noite de selvageria. Este foi um dos fatores
que o levou a cogitar uma segunda viagem à América. Ele
desejava repensar seu compromisso com a Igreja
Confessante, o ponto principal de sua oposição a Hitler.
Outra razão para deixar a Alemanha era a iminente
convocação às forças armadas para os de sua faixa etária.
Bonhoeffer compreendeu que sua recusa a ingressar no
exército traria a ira nazista sobre seus colegas da Igreja
Confessante. Bonhoeffer também havia entrado em
contato com seu cunhado, Hans Von Dohnanyi, almirante
Wilhelm Canaris, e o coronel Hans Oster (todos da
unidade de inteligência militar ou Abwehr), que estavam
preparando um golpe de estado. Ele temia,
inconscientemente, atrair a atenção da Gestapo para este
plano.
Por todos estes motivos, Bonhoeffer considerava a
possibilidade de deixar a Alemanha, desta vez via um tour
de palestras pelos Estados Unidos, no verão de 1939. O
americano Paul Lehmann, seu amigo íntimo e o seu
primeiro professor Reinhold Niebuhr, estavam ansiosos
por resgatar Bonhoeffer do destino reservado aos
dissidentes na Alemanha Nazista. Por isso arranjaram o
tour com a intenção implícita de que, uma vez iniciada a
guerra, ele pudesse permanecer na América. Bonhoeffer
embarcou para os Estados Unidos em 2 de junho de 1939.

Entretanto, a tranqüilidade desta viagem era perturbada


pela lembrança da perseguição que os pastores dissidentes
estavam enfrentando. A Godesberg Declaration, de 04 de
abril de 1939, impunha a todos os pastores o dever de
devotarem-se completamente a “política nacional de
trabalho construtivo do Führer”. Tornava-se cada vez mais
perigoso ser enumerado como um dos inimigos do
Terceiro Reich. Neste período o diário de Bonhoeffer é
repleto de expressões de ansiedade. Porque ele havia ido
para a América quando era necessário aos cristãos da
Alemanha?
Rapidamente Bonhoeffer mudou de idéia e resolveu
voltar. Partiu em 08 de julho de 1939, pouco mais de um
mês de sua chegada. “Cometi um engano ao vir para a
América”, ele escreveu para Reinhold Niebuhr. “Eu tenho
que viver este período da história nacional com os cristãos
da Alemanha. Eu não terei direito de participar da
reconstrução da vida cristã na Alemanha depois da guerra,
se não compartilhar das aflições deste tempo com o meu
povo”.

Atividades de espionagem.

Quando retornou ao seu país, Bonhoeffer foi proibido de


ensinar, pregar ou de publicar qualquer coisa sem
submeter uma cópia do material para aprovação prévia dos
nazistas. Ele também recebeu ordens para se apresentar
regularmente à polícia. A liberdade para continuar a
escrever veio inesperadamente através do seu
recrutamento para uma conspiração. Hans von Dohnanyi e
o coronel Hans Oster, figuras de prestígio na inteligência
militar alemã, arranjaram para tê-lo figurando como
indispensável para as atividades de espionagem que
desenvolviam. Como Bonhoeffer estava designado para o
escritório em Munique, isto o livrou da prisão e o deixou
longe da vigilância da Gestapo em Berlim.
Sua missão ostensiva era espionar para a inteligência
através de suas “visitas pastorais” e seus contatos
ecumênicos. Todavia, sob esta aparência, Bonhoeffer
estava envolvido em reais atividades de espionagem. Sua
verdadeira e principal missão era conseguir com os
Aliados os termos da rendição, caso o plano contra Hitler
fosse bem-sucedido. O ponto alto dessas negociações foi
em uma reunião secreta com o Bispo Bell, em Sigtuna –
Suíça, em maio de 1942. Bonhoeffer convenceu Bell de
que ele poderia acreditar que os conspiradores venceriam
o governo nazista, restaurariam a democracia na
Alemanha e fariam reparações de guerra. Bell levou estas
informações ao Secretário Britânico para Assuntos
Exteriores, Anthony Eden, mas os aliados responderam
que para a Alemanha só havia a condição para uma
“rendição incondicional”.
Quando não estava desperdiçando seu tempo no escritório
de Munique, Bonhoeffer ficava em seu quartel-general,
localizado nas vizinhanças de um mosteiro beneditino. Lá,
ele continuava a escrever o que uma vez declarou ser o
principal trabalho de sua vida: Ética – obra póstuma
reconstruída por Eberhard Bethge. Na verdade, eram os
últimos quatro fragmentos dos métodos de construção da
ética cristã em meio à crise nacional da Alemanha. Neles,
Bonhoeffer criticava a igreja duramente por “não ter
levantado sua voz em defesa das vítimas ou... encontrado
meios de sair em socorro a elas”. Em uma frase
contundente ele declarou a igreja “culpada da morte dos
mais fracos e dos mais indefesos irmãos e irmãs de Jesus
Cristo”.

Cartas da prisão.

Carta escrita na prisão de Tegel (Berlim) em agosto de 1943

Enquanto trabalhava para a Abwehr, Bonhoeffer se


envolveu na chamada “Operação 7”: um ousado plano de
contrabandear judeus para fora da Alemanha. Isto atraiu
suspeitas da Gestapo, e em 05 de abril de 1943, após o
fracasso de três atentados contra a vida de Hitler –
Bonhoeffer foi preso e encarcerado na prisão militar de
Tegel, em Berlim. A princípio, os nazistas tinham apenas
acusações vagas contra ele: sua evasão do serviço militar,
sua participação na “Operação 7” e suas deslealdades
anteriores.
Durante o tempo que passou na prisão, Bonhoeffer
escreveu cartas inspirativas e poemas que hoje são
considerados como clássicos cristãos. Após a publicação
póstuma de Resistência e submissão, por Eberhard Bethge;
pessoas de todo o mundo começaram a apreciar a
criatividade incansável de Bonhoeffer em busca do
significado da fé cristã. Estruturas religiosas sem
significado e linguagem teológica abstrata eram respostas
insípidas aos clamores das pessoas perdidas em meio ao
caos e às mortes nos campos de batalha e campos de
concentração.
Nestas cartas, Bonhoeffer também levantava questões
perturbadoras que iriam irritar os líderes da igreja. Na
carta de 30 de abril de 1944, ele confidencia que “o que
mais me preocupa é a questão do que o cristianismo
realmente é; ou de fato quem Cristo realmente é, hoje,
para cada um de nós”.

Em resposta a esta questão, Bonhoeffer observava que a


igreja, ansiosa por manter os privilégios clericais e
sobreviver aos anos de guerra com seu status intacto,
oferecia apenas, uma religião que servia a interesses
próprios, tornando-se um refúgio da responsabilidade
pessoal. A igreja falhara em demonstrar qualquer tipo de
credibilidade moral em uma “época em que o mundo
precisava dela”. A igreja tem que repudiar aqueles
“adereços religiosos” que são muitas vezes confundidos
erroneamente com a fé autêntica. Para ele, se Jesus é “o
homem para os outros”, então a igreja somente poderá ser
uma igreja de verdade quando existir para corajosamente
servir às pessoas.
Bonhoeffer escreveu, também, cartas à sua noiva, Maria
von Wedemeyer. Ele se apaixonara por Maria em 1942,
quando conheceu a família dela durante as viagens a
serviço da Abwehr. Ele foi atraído por sua beleza,
vivacidade e seu espírito independente. Inicialmente, a
família dela foi contra a um compromisso entre eles, por
ela ser muito mais jovem – ela estava com 18 anos e ele
com 37. Ele também estava envolvido em ações secretas
que poderiam ser perigosas para ela. Mas após sua prisão,
eles anunciaram o noivado publicamente como uma forma
de apoio a ele. As visitas de Maria a Bonhoeffer tornaram-
se o principal sustento dele durante os primeiros dias
sombrios do seu encarceramento.
Uma das cartas que escreveu a Maria, fala do amor dos
dois como “um sinal da graça de Deus, e de sua bondade;
que nos encoraja a ter fé”. Ele acrescenta ainda, “e eu não
falo de uma fé que foge do mundo, mas de algo que faz
com que ele sobreviva, e cujo amor e verdade
permanecem para o mundo apesar de todo o sofrimento
que ele nos traz”.

Campo da morte em Flossenburg.

Em 20 de julho de 1944, outro plano para assassinar Hitler


falhou. A Gestapo, como resultado de sua rede de
investigação, fechou o cerco contra os principais
conspiradores, incluindo Bonhoeffer. Ele foi transferido
para a prisão da Gestapo em Berlim, em outubro de 1944.
Maria e Dietrich Bonhoeffer estavam completamente
separados um do outro. Em fevereiro de 1945, Bonhoeffer
foi mandado para o campo de concentração de
Buchenwald.
Em meio ao caos reinante, por causa do assalto final das
tropas aliadas à Alemanha, Maria viajou por todos os
campos de concentração entre Berlim e Munique,
geralmente a pé, em infrutíferas tentativas de ver
Bonhoeffer novamente.
O que sabemos sobre aqueles últimos dias está reunido no
livro The Venlo Incident (O incidente de Venlo), escrito
por um companheiro de prisão de Bonhoeffer, o oficial da
inteligência britânica Payne Best. Bonhoeffer e Payne Best
estavam entre os “prisioneiros importantes” levados para
Buchenwald. Best escreveu mais tarde sobre Bonhoeffer:
“Ele foi um dos poucos homens que conheci para quem o
seu Deus era real, e estava sempre junto com ele...”.

No dia 3 de abril, Bonhoeffer e outros presos foram


colocados em um vagão de trem e levados para serem
exterminados no campo de Flossenbürg. Para
transportarem prisioneiros desta maneira, a sentença de
morte já havia sido decretada em Berlim. Os guardas da
SS cumpririam as formalidades de uma corte marcial,
executariam estes inimigos do Terceiro Reich e depois
destruiriam seus corpos.
Em 08 de abril, eles alcançaram Schönberg, uma
pequenina vila da Bavária, onde os prisioneiros eram
amontoados em uma pequena escola usada
temporariamente como prisão. Era o primeiro domingo
depois da Páscoa, e muitos prisioneiros pediram a
Bonhoeffer para liderá-los em culto e orações. Ele aceitou
e meditou no livro de Isaías “E por suas chagas fomos
curados”. Em seu livro, Best relembra aquele momento:
“Ele tocou o coração de cada um, encontrando as palavras
certas para expressar o espírito do nosso aprisionamento,
os pensamentos e resoluções que isto tinha trazido”.
A quietude foi interrompida assim que a porta foi aberta
por dois homens, membros da Gestapo, em trajes civis.
Eles ordenaram que Bonhoeffer os seguisse. Para os
prisioneiros, isto só podia significar uma única coisa: que
ele seria executado em breve. Bonhoeffer arrumou tempo
para se despedir de cada um. Puxando Best de lado, ele
falou as últimas palavras das quais se têm registro, uma
mensagem para seu amigo inglês, o Bispo Bell: “Este é o
fim – mas para mim, o início da vida”.

Tumulo de Dietrich Bonhoeffer

Bem cedo, na manhã de 9 de abril, Bonhoeffer, Wilhelm


Canaris, Hans Oster, e mais quatro outros conspiradores
foram enforcados no campo de extermínio de Flossenbürg.
O médico do campo, que testemunhou as execuções, se
lembra de ter visto Bonhoeffer ajoelhar-se e orar antes de
ser levado à forca. “Eu fiquei profundamente comovido
pela maneira com a qual aquele homem amável orava: tão
devotado e tão certo que Deus ouviria sua oração”, ele
escreveu. “Naquele lugar de execução, ele novamente fez
uma pequena oração e então subiu os degraus para a forca;
corajoso e sereno... Nos quase cinqüenta anos em que
trabalhei como médico, creio que jamais vi um homem
morrer tão completamente submisso à vontade de Deus”.
À distância, soavam os canhões do exército norte-
americano do general George Patton. Três semanas depois
Hitler cometeria suicídio e, em 7 de maio, a guerra na
Europa estaria terminada.
O nazismo contra o qual Bonhoeffer lutou sobrevive no
mundo moderno sob outras formas de um mal sistemático.
Mas o seu testemunho de Jesus Cristo ainda vive.
Bonhoeffer continua a desafiar os cristãos a seguir Jesus
até a cruz do genuíno discipulado e a ouvir o clamor dos
oprimidos.

Escrito por: Dr. Geffrey B. Kellyé professor de teologia


sistemática na La Salle University, na Filadélfia, e autor
de “Liberating Faith: Bonhoeffer's Message for Today”
(Augsburg, 1984 - Liberando a fé: a mensagem de
Bonhoeffer para hoje)

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