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EXISTÊNCIA

Dicionários de filosofia

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. 5ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007.

Existência (p. 398-402).


“Em geral, qualquer delimitação ou definição do ser, ou seja, um modo de ser de algum
modo delimitado e definido. Este, que é o significado mais geral, também pode ser considerado
um dos significados particulares do termo, do qual é possível, então, enunciar três significados: 1)
o modo de ser determinado ou determinável; 2) o modo de ser real ou de fato; 3) o modo de ser
próprio do homem” (p.398)
1- Usado na linguagem comum e em diversas linguagens científicas. “Em geral, toda
ciência ou disciplina define de algum modo, explícita ou implicitamente, o significado a ser dado
à palavra "existência" em seu âmbito” (p.398). “Mas o que interessa aqui destacar é que, mesmo
quando falta determinação precisa, como muitas vezes ocorre na linguagem comum, sempre está
presente no uso da palavra "existência" a referência a uma esfera limitada do ser ou à
possibilidade de delimitá-la” (p.399).
2- É o mais presente na história da filosofia. “A esfera da E. como realidade de fato é
definida mais explicitamente por Henrique de Gand, que introduz a distinção entre esse essentiae
e esse existentiae. O ser da essência é o grau ou modo de ser que cabe à essência como tal,
independentemente do ser da E.; o ser da E. É a realidade efetiva que pode sobrevir ou não ao ser
da essência” (p.399).
3-Restringe a existência ao modo de ser do homem no mundo. Já no século XVIII e XIX,
alguns pensadores insistiram no significado de “existência” como modo de ser das criaturas
finitas, que não poderia ser apreendida por um conceito racional. “Mas mesmo nessas polêmicas
a E., conquanto não fosse considerada solúvel pela razão ou pelo conceito, não é identificada com
o modo de ser específico do homem e própria dele apenas. Esse passo foi dado por Kierkegaard,
que também preparou o instrumento fundamental para a análise da E.: o conceito de
possibilidade” (p.400).
A existência em Kierkegaard corresponde à realidade individual, ao indivíduo. Nesse
sentido, só o homem realmente existe – pois nos animais é mais importante a espécie do que o
indivíduo. “Nesse sentido, a singularidade da E. torna-a o modo de ser fundamental do homem.
Tal modo de ser foi analisado por Kierkegaard no seu tríplice aspecto de relacionar-se com o
mundo, consigo mesmo e com Deus. Mas nesses três aspectos o relacionar-se nada tem de
necessário: é instável e precário. Em todo caso, não é constituído por laços fortes e imutáveis,
mas por simples possibilidades que até podem ser perdidas” (p.400).
A existência determina-se como um conjunto de possibilidades, cujo caráter é justamente
não possuir, por si mesma, nenhuma garantia de realização.
“Com isso, são estabelecidas as características da noção de E., no significado em que
geralmente é empregada pela corrente existencialista da filosofia contemporânea. A E. é: 1) o
modo de ser próprio do homem; 2) o relacionamento do homem consigo mesmo e com o outro
(mundo e Deus); 3) relacionamento que se resolve em termos de possibilidade” (p.400).
Essa noção de existência transparece também em Heidegger, Jaspers e a corrente
existencialista francesa.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Zahar.

Existência (do lat. tardio exsistentia)


“1. Para a escolástica, a existência é uma das divisões do *ser, exprimindo simplesmente o
“fato de ser”, o fato de ser realmente, de ter uma existência substancial. Oposto a essência.”
“2. Para o *existencialismo contemporâneo, esse termo designa o modo de ser próprio do
existente humano, a realidade humana naquilo que tem de absurdo, de deliberado (pela tomada de
consciência) e de irredutível à consciência (contingência e facticidade). A existência é “ek-sistên-
cia”, isto é, arrancamento perpétuo de um mundo, de uma *situação no mundo com o qual não
pode confundir-se, pois é “para-si” e não “em-si”. Assim, é a mesma coisa dizer que o homem
existe e que ele existe como *consciência ou *liberdade”.

Existência opõe-se a essência: Aristóteles já distinguia o quê de uma coisa (essência), do


fato de ser a coisa (existência).

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