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Transporte

Turístico
Terrestre
Transporte
Turístico
Terrestre
Transporte
Turístico
Terrestre

Rio de Janeiro
2008
TRANSPORTE TURÍSTICO TERRESTRE
Brasília/Rio de Janeiro 2006
Confederação Nacional do Comércio
Presidente: ANTONIO OLIVEIRA SANTOS

Câmara Brasileira de Turismo da CNC


Coordenador: NORTON LUIZ LENHART

Transporte Turístico Terrestre


Grupo de Trabalho Transporte Turístico Terrestre
Projeto: Câmara Brasileira de Turismo da CNC (GTTT/ CBTUR/CNC)
Coordenação do GTTT: MARTINHO FERREIRA DE MOURA

CNC Brasília CNC Rio de Janeiro


SBN Quadra 01 Bloco B no 14, 15o ao 18o andar Avenida General Justo, 307
Edifício Confederação Nacional do Comércio CEP 20021-130 Rio de Janeiro
CEP 70041-902 Tels.: (21) 3804-9241
PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501 Fax (21) 2544-9279
E-mail: cncdf@cnc.com.br E-mail: cncrj@cnc.com.br

Web site: www.portaldocomercio.org.br

Projeto Gráfico: SG – Datin – CDI / UPV


Copyright CNC
Distribuição restrita

Confederação Nacional do Comércio.


Transporte Turístico Terrestre / Confederação Nacional do Comércio, Coordenação
das Câmaras Brasileiras de Comércio, Câmara Brasileira de Turismo. – Rio de Janeiro: 2008.
48p.

1. Transporte Turístico Terrestre. I. Título.


CÂMARA BRASILEIRA DE TURISMO

ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagem.


ABEOC – Associação Brasileira de Empresas de Eventos.
ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
ABLA – Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis.
ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.
ABREMAR – Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas.
ABOTTC – Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos Culturais.
ADIBRA – Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil.
ANTTUR – Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e/ou Fretamento.
BITO – Associação Brasileira de Operadores de Turismo Receptivo Internacional.
BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo.
CONSELHO DE TURISMO da Confederação Nacional do Comércio.
FAVECC – Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais.
FBC&VB – Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux.
FNHRBS – Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares.
FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SNEA – Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias.
UBRAFE – União Brasileira dos Promotores de Feiras.

BRASÍLIA RIO DE JANEIRO


SBN Quadra 01 Bloco B, No 14, 16º andar Avenida General Justo, 307
Edifício Confederação Nacional do Comércio CEP 20021-130 – Rio de Janeiro/RJ
CEP 70041-902 – Brasília/DF Fone: (21) 3804.9200 Ramal 458
Fone: (61) 3329.9563/Fax: (61) 3328.4347
Transporte Turístico Terrestre

A UNIÃO EMPRESARIAL TURÍSTICA

Turismo é uma atividade que deve processar recursos naturais, culturais e humanos
sem desgastá-los, de forma articulada e planejada, com a missão de atender às neces-
sidades e aos sonhos do turista, gerar lucro para o empresário, mas, principalmente,
promover o desenvolvimento sustentado local.

O setor do turismo recorre, cada vez mais, à cooperação e à criação de associações para
conseguir metas empresariais e comunitárias importantes.

O interesse de associar-se ou cooperar é que todos os sócios, setor privado e público, se


beneficiarão da harmonização e racionalização de recursos e objetivos.

No setor privado evidencia-se a habilidade das empresas de serem líderes em custos,


de oferecer produtos diferenciados ou de ter capacidade de servir nichos de mercados
especializados.

E, para estabelecer um novo paradigma na gestão empresarial, aplicando maiores


conhecimentos à produção, de forma a aumentar os níveis de eficiência produtiva a
CNC promove a Câmara Brasileira de Turismo.

A Câmara Brasileira de Turismo da CNC, CBTUR/CNC, reforça a legitimidade da repre-


sentação do comércio do turismo e reafirma a característica de forte instrumento de
desenvolvimento econômico para o nosso País.

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Confederação Nacional do Comércio

Estabelecendo a união de empresários e de entidades associativas em prol do turismo,


obtemos uma maior agilidade no tratamento de pontos vitais ao crescimento econômi-
co do comércio de bens, serviços e turismo.

Esse estudo sobre o transporte turístico terrestre é um exemplar das ações que estão
sendo coordenadas pela CNC em prol do ordenamento do turismo, com a mobilização
das instituições empresariais representativas da atividade turística no País, reforçando
o importante papel do associativismo no desenvolvimento do turismo nacional.

O associativismo impulsionou o Brasil à abertura de um preceito democrático e


participativo. Ele surge como uma solução de organização da sociedade civil. Trata-se
de uma forma eficaz para a defesa dos interesses dos empresários frente ao ambiente
complexo em que desenvolvem suas atividades e também como ferramenta adequada
de contribuição para o desenvolvimento econômico, político e social do País.

Mais do que denunciar as falhas ou os gargalos existentes para o incremento do turis-


mo terrestre, a proposta desse estudo é de colaborar com o Governo Federal na solução
dos problemas detectados e incentivar ações em prol da melhoria do turismo nacional.

Somente a união empresarial turística fortalecerá o turismo do Brasil.

ANTONIO OLIVEIRA SANTOS


Presidente da Confederação Nacional do Comércio – CNC

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Transporte Turístico Terrestre

TRANSPORTE TURÍSTICO TERRESTRE

Transporte Turístico Terrestre, estudo elaborado pela Câmara Brasileira de Turismo da


Confederação Nacional do Comércio, revela a realidade do turismo rodoviário no Brasil.
Mais do que um diagnóstico, o documento propõe linhas de ação que estimulem o
turismo interno: importante dinamizador das economias regionais.

O competente grupo de trabalho que assina o estudo, foi coordenado por Martinho
Ferreira de Moura, líder empresarial do segmento de Transporte de Fretamento e
Turismo, incansável defensor de políticas de fomento ao turismo brasileiro e presidente
da Associação Nacional de Transportadores de Turismo e Fretamento – ANTTUR. Estas
credenciais não só validam a análise como também asseguram a legitimidade e a
seriedade das propostas do documento.

Como presidente da Confederação Nacional do Transporte – CNT referendo as conclu-


sões e propostas, lamentando que as péssimas condições de nossa malha rodoviária
nacional tenham conduzido o turismo interno a níveis abaixo do detectado na década de
1980, o que significa estar em apenas 20% do que foi naqueles anos.

Que esta triste constatação seja um alerta e ao mesmo tempo o impulsionador de


novas políticas públicas que revertam o deprimente quadro ao qual o maior patrimônio
público nacional foi relegado.

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Confederação Nacional do Comércio

No início dos anos 90, preocupados com o estado da infra-estrutura rodoviária no Brasil,
iniciamos a Pesquisa Rodoviária CNT, que ano após ano, vem revelando à sociedade as
precárias condições das estradas e a falta de segurança das vias brasileiras.

Nossa luta é determinada e incansável tanto para a recuperação das rodovias quanto
pela aplicação dos recursos da CIDE nas estradas, tal como designado pelo legislador.
Esta batalha sempre contou com incondicional apoio dos transportadores turísticos e
agora tem a adesão dos demais agentes turísticos, igualmente vítimas das péssimas
condições de trafegabilidade das rodovias.

Os mesmos males que acometem o transporte rodoviário, tanto de cargas quanto de


passageiros, afligem a operação turística e, caso nada seja feito de forma contínua e
sistemática, seremos testemunhas do colapso de dois grandes setores da economia
brasileira, geradores de emprego e renda, transporte e turismo, tão-somente pela falta
de investimento na malha viária, que continuará a retrair outras atividades econômicas
igualmente importantes para a nação.

Espero que não apenas a Pesquisa Rodoviária, mas estudos como este possam ser
gerados, comprovando a importância e o impacto sócioeconômico da alocação de recur-
sos em recuperação, conservação e construção de rodovias, paralisando o efeito
multiplicador da falta de investimentos públicos e conduzindo nosso País para uma
nova era de progresso e prosperidade.

CLÉSIO ANDRADE
Presidente da Confederação Nacional do Transporte – CNT

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Transporte Turístico Terrestre

POR UMA MAIOR AGILIDADE N O


NO
CRESCIMENTO ECONÔMICO DO COMÉRCIO
DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO.

A Organização Mundial do Turismo afirma que 75% dos fluxos turísticos mundiais são
de âmbito intra-regional, ou seja, a maior parte dos fluxos turísticos se produzem
dentro da própria região turística.

A eminente predominância das viagens de curta distância reforça essa afirmação e


demonstra que a prática do turismo interno vem obtendo uma maior importância no
contexto econômico da atividade turística.

O turismo interno no Brasil é base de sustentação de toda a cadeia produtiva do


turismo nacional e apresenta-se, ainda, como o vetor de qualificação do produto turís-
tico nacional frente ao mercado internacional de viagens.

A pulverização das atividades econômicas emanadas pela movimentação turística inter-


na abriga diversos segmentos turísticos e os obriga a obter uma melhor qualificação de
seus produtos e serviços, preparando-os, assim, para a recepção do turista internacio-
nal que, usualmente, possui um mais elevado critério de satisfação.

Em um País continental, como o Brasil, o transporte turístico terrestre, sem qualquer


desmerecimento ao transporte aéreo, possui uma importância expressiva – tanto por
sua acessibilidade econômica junto aos consumidores, quanto pela acessibilidade geo-
gráfica junto aos destinos e produtos turísticos.

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Confederação Nacional do Comércio

O Ministério do Turismo propõe, no Plano Nacional do Turismo 2007/2010, obter o


ambiente favorável para que o turismo possa cumprir a sua função social de inclusão.
Inclusão de novos turistas, novos roteiros, novos destinos, novos segmentos, para
“transformar em cidadania o direito de conhecer o nosso País e a nossa identidade”.

A Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio – CBTUR/CNC,


alinhada a essa proposta de incentivo ao turismo interno, realizou um estudo para
retratar e dimensionar a importância do transporte turístico terrestre em nosso País.

Trata-se da contribuição do setor empresarial do turismo nacional na consecução das


metas de promoção de viagens no mercado interno, de criação de novos empregos e
ocupações, de estruturação dos destinos turísticos com padrão de qualidade internacio-
nal e de geração de divisas.

NORTON LUIZ LENHART


Presidente da FNHRBS
Coordenador da Câmara Brasileira de Turismo da CNC

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Transporte Turístico Terrestre

CAMINHOS DE CONVERGÊNCIA
DO TURISMO RODOVIÁRIO

Confiantes no reflorescimento do turismo rodoviário no país, o grupo de trabalho da


Câmara Brasileira de Turismo da CNC que tive a honra de coordenar, teve como prin-
cipal foco o levantamento dos entraves impeditivos a seu pleno desenvolvimento e
evolução, sofridos pelo setor nos últimos anos.

A análise cuidadosa dos reais aspectos causadores da forte retração e até mesmo do
quase desaparecimento das consagradas e concorridas viagens especializadas de turis-
mo por ônibus, não fugiram ao rigoroso crivo de nossa dedicada análise crítica.

Estimulados pela vigorosa motivação levantada pela criação recente dos novos “Rotei-
ros Turísticos do Brasil”, desenvolvidos pelo Ministério do Turismo, o trabalho ganhou
corpo para o desenvolvimento de uma pesquisa efetivamente realista, deixando claro o
real patamar em que o modal estudado se encontra, vítima das inóspitas condições que
lhe são impostas principalmente pelo sério e extremamente lamentável estado em que
se encontram as rodovias em todo o país.

A falta de investimentos, a insegurança em seus diversos aspectos, a inexistência de


ações empreendedoras e inovadoras, acrescida de pesada legislação, levaram à beira
do caos um segmento que, em outras partes do mundo, jamais perde seu espaço como
força turística de progresso e evolução cultural.

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Confederação Nacional do Comércio

Podemos afirmar que o tema foi amplamente pesquisado, deixando ao final, uma
encorajadora esperança de que as contribuições, que vimos permanentemente ofere-
cendo nas discussões que envolvem o segmento, contarão com o devido empenho em
prol do desenvolvimento constante do turismo rodoviário, por parte dos organismos
interessados em reconhecer sua força e importância.

Buscamos caminhos de convergência e, por isso, confiamos que, em breve, o setor de


transporte turístico terrestre voltará a ocupar seu espaço de pleno desenvolvimento,
com a adoção de soluções que viabilizem a operação dos roteiros rodoviários turísticos.

Para todos aqueles que entendem o turismo em suas várias vertentes, como força
motriz de uma moderna nação, dedicamos o estudo que ora apresentamos.

MARTINHO FERREIRA DE MOURA


Presidente da ANTTUR
Coordenador do Grupo de Trabalho Transporte Turístico Terrestre

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Transporte Turístico Terrestre

CÂMARA BRASILEIRA DE TURISMO

A Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CBTUR/CNC) é


um órgão consultivo da Presidência da Confederação Nacional do Comércio (CNC), criada
para apoiar e defender os interesses das categorias econômicas que representam a cadeia
produtiva do turismo. Desde abril de 2004, data de sua instalação, reforça a legitimidade
da representação do turismo enquanto instrumento para o desenvolvimento da atividade
em nosso País, estabelecendo uma união de empresários e entidades associativas.

A CBTUR/CNC, fórum do setor privado, atua como um núcleo de inteligência para, com
perspicácia, ver o turismo de forma macro, fomentando e formulando propostas em
prol do ordenamento do turismo nacional, com uma agenda de trabalho comum a todos
os seus membros.

Composta por líderes de entidades e associações empresariais da cadeia produtiva do


turismo, representantes dos setores de hotelaria, gastronomia, locação de veículos,
parques temáticos, empresas de entretenimento, promotores de feiras, empresas de
eventos, transporte aéreo, marítimo e terrestre, operadores de turismo e agências de
viagem, dentre outros, a CBTUR/CNC possui uma expressiva legitimidade na defesa do
setor perante as autoridades governamentais.

A CBTUR/CNC busca manter uma pauta de trabalho bastante atualizada frente às ações
empresariais do setor turístico nacional, seja em decorrência do estreito relacionamento

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mantido com os órgãos governamentais que atuam, de forma direta ou indireta, com o
desenvolvimento da cadeia produtiva do turismo nacional, seja através da análise emana-
da pelos protagonistas do setor turístico.
Transporte Turístico Terrestre

CONJUNTURA DOS TRANSPORTADORES


TURÍSTICOS TERRESTRES

O exame da atual conjuntura vivenciada pelos transportadores turísticos terrestres –


empresas de fretamento por ônibus, locadoras de veículos, operadoras de trens turísti-
cos e culturais, dentre outros – demonstra, de forma eloqüente, a existência de diver-
sos entraves que são enfrentados por esse segmento.

Consciente da importância que os deslocamentos terrestres possuem para o turismo


nacional – dada a enorme dispersão geográfica dos atrativos turísticos do território
brasileiro, somada a atual política turística adotada pelo Governo Federal – a CBTUR/
CNC decidiu analisar de uma forma mais detalhada o tema Turismo TerrestreTerrestre.

Com o objetivo de promover e incentivar a prática do Turismo Terrestre


Terrestre, criando maiores
facilidades e incentivos ao mesmo e, ainda, propiciar uma maior socialização do turismo,
aprovou-se a criação de um grupo de trabalho que dedicasse um tratamento especial ao
tema, por meio de um estudo macroeconômico com visão empresarial. Assim, o objetivo
deste estudo é o de promover uma massa crítica de informações em prol do desenvolvimen-
to do turismo rodoviário e do transporte terrestre de turistas e de viajantes.

O Grupo de Trabalho de Transporte Turístico Terrestre – GTTT foi formado, esponta-


neamente, por representantes da Associação Nacional dos Transportadores de Turismo
e/ou Fretamento – ANTTUR, Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos
Culturais – ABOTTC, Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis – ABLA,

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Confederação Nacional do Comércio

Associação Brasileira das Operadoras de Turismo Receptivo – BITO e Associação Brasi-


leira das Operadoras de Turismo – BRAZTOA.1

Em sua primeira reunião,2 o GTTT fez uma análise elementar do histórico do Turismo
Terrestre no Brasil, com base em depoimentos e em dados relativos à operação
daquela modalidade de transporte, detectando os principais entraves existentes, assim
como as ferramentas que poderiam ser utilizadas para a eliminação dos mesmos.

O objetivo macro dos participantes daquela reunião3 consistiu em obter elementos que
viessem a definir as prioridades de atuação da CBTUR/CNC para a consecução do
incremento do Turismo Terrestre
Terrestre, assim como o de definir e priorizar as ações que
deveriam ser executadas pelo GTTT.

Durante seis meses o GTTT desenvolveu ações diversas em prol da obtenção de dados
relativos ao Transporte Turístico Terrestre, consubstanciando os estudos necessários
para a elaboração de um roteiro de programas e ações que viessem a viabilizar a
expansão do Turismo Terrestre no país.

1 4ª Reunião da Câmara Empresarial de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, realizada na cidade de Brasília-DF, no
edifício sede da CNC, em 26 de abril de 2005.

2 1ª Reunião do Grupo de Trabalho de Turismo Terrestre (GTTT), realizada em 21 de junho, às 15:00 horas, na sede da CNC, sito
à Avenida General Justo, 307, 4º andar, Castelo, na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

3 Norton Luiz Lenhart – Coordenador da CBTUR/CNC e Presidente da FNHRBS; Martinho Ferreira de Moura – Presidente da
ANTTUR e Coordenador do GTTT; Roberto Dultra – Presidente da BITO; Sávio Neves – Presidente da ABOTTC; Carlos Faustino
– Diretor Executivo da ABLA; Rosangela Barili Alves – Diretora da Operadora CVC Turismo (convidada); Walter Sabino – Diretor
da Operadora Urbi et Orbi (convidado); Antonio Henrique Borges de Paula – SENAC Nacional; Lirian Sousa Soares – OPELEGIS
Consultoria Empresarial; Orlando Spinetti – Divisão Jurídica da CNC; Carmen Inês Garcia, Humberto Figueiredo e Marineide
Oliveira – Câmaras do Comércio da CNC e Márcia Tuna – Imprensa.

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Transporte Turístico Terrestre

Em sua segunda reunião4, o GTTT fez um aprimoramento do diagnóstico do Turismo


Terrestre e elaborou propostas de ações legislativas e administrativas, que poderiam
ser desenvolvidas em prol da eliminação dos entraves hoje existentes, e ações execu-
tivas, com a utilização de novas ferramentas promocionais.

Assim, os participantes5 desse trabalho de concepção da melhoria do Turismo Ter-


restre no País focaram, em reuniões sucessivas, a elaboração de um programa de
ação que viesse a incrementá-lo, eliminando os obstáculos detectados e criando novas
ferramentas promocionais de incentivo ao mesmo.

Este documento é o relato das conclusões obtidas pelo GTTT. Apresentando uma análise
estrutural do Transporte Turístico Terrestre, ao mesmo tempo em que faz ponderações
quanto às ações que devem ser adotadas em prol do incremento desse segmento, estabe-
lece a importância que o mesmo possui para o desenvolvimento do turismo do Brasil.

4 2ª Reunião do Grupo de Trabalho de Turismo Terrestre (GTTT), realizada em 14 de dezembro de 2005, às 10:00 horas, na sede
da ANTTUR – Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e/ou Fretamento, sito à Avenida Graça Aranha, 326, 8º
andar, Centro, na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

5 Martinho Ferreira de Moura – Presidente da ANTTUR e Coordenador do GTTT; Alberto de Camargo Vidigal – Presidente da ABLA;
Sávio Neves – Presidente da ABOTTC; Carlos Alberto Amorim Ferreira – Vice-Presidente da ABAV; Virgilio N. S. Carvalho –
Consultor de Turismo e Hotelaria; Marisa Gemma Barbosa Gomes – Advogada da ANTTUR; Humberto Figueiredo – CBTUR/CNC.

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Transporte Turístico Terrestre

O TURISMO TERRESTRE E A ACESSIBILIDADE


AO ATRATIVO NATURAL, AO CONVÍVIO PESSOAL

No momento em que se acentuam as tendências mundiais de culto à natureza, é sabido


que um dos mais importantes fatores de motivação para a viagem dos turistas, ao
decidir o destino a ser visitado em períodos de lazer, é o relacionado às belezas naturais
– sejam elas urbanas ou campestres. É por isso que ambientes naturais vêm atraindo
um número cada vez maior de visitantes em todo o mundo.

O desejo de conviver com a natureza, de realizar atividades ao ar livre – desde a


contemplação de espécies nativas e até a prática de esportes radicais – vem sendo,
cada vez mais, um dos motivos mais freqüentes na decisão das viagens turísticas. Aqui
se incluem, ainda, as atrações turísticas ligadas à história da cidade ou da região e o
desejo de conhecer in loco a cultura, os costumes, o artesanato, a gastronomia e o
folclore local.

Todo esse espectro de ofertas naturais e culturais sempre foi o grande atrativo para os
turistas que utilizam o transporte terrestre. Eles caracterizam-se como os turistas que
buscam, dentre outros, o denominado “turismo de experiências”, pois desejam vivenciar,
passo a passo, o local visitado, sem o usual corre-corre existente nas excursões aéreas.

Outro aspecto bastante considerado por esse tipo de turista é a possibilidade de aliar ao
prazer da viagem turística a oportunidade de vivenciá-la junto a seus familiares, nas já
conhecidas “viagens da família”,, que permitem que todos os familiares/viajantes des-
frutem, conjuntamente, de todas as atividades e eventos previstos, congregando e
fortalecendo os relacionamentos de avós, netos, pais, filhos e irmãos.

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Confederação Nacional do Comércio

Da mesma forma, os grupos que compõem a “Melhor Idade” (os que possuem mais de 60
anos de idade) buscam nas viagens terrestres a oportunidade de obter um maior contato
humano, amenizando o sentimento de solidão que acomete a muitos dos idosos. Durante
as viagens terrestres, já que permanecem unidos durante todo o tempo, indo aos mesmos
lugares e fazendo os mesmos programas, é que acabam por estabelecer novas amizades,
que muitas vezes permanecem duradouras, mesmo após o final da viagem.

Um outro personagem que se destaca nas excursões terrestres é o Guia de Turismo.


Mesmo presente em outras modalidades de transporte, o Guia de Turismo se faz mais
atuante quando do transporte terrestre, em decorrência do maior tempo de duração da
viagem, o que implica em uma maior convivência com turistas e viajantes. Elemento
de credibilidade na prestação de serviços de informação e de apoio, o Guia de Turismo
torna-se um referencial, um valor agregado ao produto turístico final ofertado.

A importância do transporte terrestre também se destaca quando das excursões aéreas,


pois, independente dos grandes deslocamentos realizados pelo transporte aéreo, o trasla-
dar dos turistas e viajantes, desde e até o aeroporto, e em excursões locais sempre são
feitos por meio terrestre.

Conclui-se, assim, que o Turismo Terrestre tem fundamental importância para a


acessibilidade aos atrativos naturais e culturais locais, além de estimular o convívio
pessoal em turistas, viajantes e profissionais do setor turístico.

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Transporte Turístico Terrestre

A IMPORTÂNCIA DO TURISMO TERRESTRE


NO PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO
DO TURISMO – ROTEIROS DO BRASIL

O Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, desenvolvido pelo Ministério


do Turismo e em implementação em todo o País, constitui-se em inegável oportunidade
geradora de serviços para o setor de transporte turístico, principalmente na consolidação de
destinos e na qualificação dos produtos turísticos brasileiros a níveis internacionais.

O modelo adotado pelo Ministério do Turismo está voltado para o interior dos municí-
pios do Brasil, para as suas riquezas ambientais, materiais e patrimoniais e para a sua
população. Propõe-se alcançar esse propósito pela gestão compartilhada, construída a
partir das especificidades locais, com enfoque no desenvolvimento regional, de modo a
chegar à oferta de produtos e serviços diversificados e qualificados, tal como exigidos
pelos mercados nacional e internacional.

Impulsionado pela perspectiva do desenvolvimento sustentável, o Programa de


Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil se traduz em ações, estratégias e
reformas que possam vir a garantir uma maior eqüidade, novos critérios de ação e
negociação coletiva e repercutir na geração e distribuição de renda no País. Nessa
condição, o turismo é visto como gerador de oportunidades e aliado eficaz no propósito
de redução da pobreza.

A elaboração dos Roteiros do Brasil está se constituindo em um movimento de


influência na percepção daqueles que atuam no processo de formulação, mobilização,
execução e comercialização do produto turístico, e também dos que definem os

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Confederação Nacional do Comércio

instrumentos de política e de gestão pública. Trata-se de um modelo de desenvolvi-


mento integral, na perspectiva da inclusão social, com ênfase na igualdade de opor-
tunidades desejada pelas populações.

No Programa de Regionalização do Turismo, busca-se reafirmar as formas de existên-


cia das comunidades, seus costumes e suas crenças, as relações de poder e de interes-
ses que as unem e as distanciam. Enfim, trata-se de uma contribuição para superar
obstáculos e divergências e pensar a geração de riqueza vinculada ao movimento de
grupos sociais regionalmente organizados.

Ao buscar a regionalização do turismo deseja-se transformar a ação – antes centrada na


unidade municipal – em uma política coordenada entre municípios, para a negociação,
o consenso, o planejamento e a organização social.

A execução do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil dá-se por


meio da aplicação de nove módulos distintos, a saber: sensibilização; mobilização;
institucionalização da instância de governança regional; elaboração do plano estratégico
de desenvolvimento do turismo regional; implementação do plano estratégico de de-
senvolvimento do turismo regional; sistema de informações turísticas do programa;
roteirização turística; promoção e apoio à comercialização; e sistema de monitoria e
avaliação do programa.

Para a seleção das regiões turísticas, o programa destaca a estruturação e o desenvol-


vimento turístico como um processo democrático, com base na participação de diversos
atores do setor. Entre as ações realizadas destacam-se as oficinas de planejamento e a
definição de estratégias para implementação desse programa, através do qual foram
identificados e diagnosticados – no primeiro Mapa da Regionalização – as 219 regiões
turísticas, compreendendo 3.203 municípios brasileiros.

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Transporte Turístico Terrestre

A partir desse universo foi feita a seleção das regiões turísticas que estavam em um
estágio mais avançado de desenvolvimento para serem apresentados na primeira edi-
ção do Salão do Turismo – Roteiros do Brasil, realizada em junho de 2005.

O Salão do Turismo – Roteiros do Brasil é a estratégia de mobilização, promoção e


comercialização de produtos turísticos desenvolvidos segundo as diretrizes e os prin-
cípios do Programa de Regionalização do Turismo. O 1o Salão do Turismo apresentou
451 produtos turísticos com 959 municípios de 134 regiões turísticas; alguns desses
produtos envolviam vários municípios e outros eram compostos apenas por um mu-
nicípio. Após essa mostra da produção turística do País, foram necessárias algumas
adequações nas regiões turísticas. Diante disso, o Ministério do Turismo, por meio de
Oficinas de Planejamento e Avaliação das Regiões Turísticas, fez um novo mapeamento
dessas, identificando 200 regiões turísticas, formadas por 3.819 municípios.

A segunda edição do Salão do Turismo, no ano de 2006, apresentou 396 roteiros turís-
ticos ao País, envolvendo 1.027 municípios e 149 regiões turísticas. Desses 396 roteiros,
um total de 87, contemplando 474 municípios, está sendo trabalhado para a obtenção de
um padrão internacional de qualidade. Este é o foco do Ministério do Turismo.

Assim, o que o Programa de Regionalização propõe é a estruturação de roteiros


integrados entre municípios. Percebe-se um amadurecimento do processo de
regionalização do turismo no País e a consolidação dos roteiros turísticos como forma
de ordenamento da oferta turística brasileira, como produto turístico. Isso pode ser
percebido nos números apresentados: aumento do número de municípios envolvidos,
aumento no número de regiões turísticas e redução no número dos produtos. Diante
disso, torna-se visível a evolução do processo de desenvolvimento do turismo no
País, que entendeu os roteiros turísticos como uma ferramenta para ampliar, diver-
sificar e qualificar a oferta turística brasileira, respeitando os princípios da coopera-
ção e integração intersetorial.

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Confederação Nacional do Comércio

Mas como os turistas poderão fazer o percurso desses roteiros turísticos? Como acessar
todas as riquezas ambientais, materiais e patrimoniais desses itinerários? O transporte
terrestre é a única resposta a essas perguntas! O trajeto entre os atrativos turísticos
municipais que formam o roteiro turístico só ocorrerá ancorado no transporte terrestre.

Neste contexto, observamos que o transporte terrestre será de vital importância para a
operacionalização de todos aqueles roteiros turísticos, pois, mesmo que os acessos
iniciais sejam feitos por via aérea, o percurso do roteiro turístico somente é possível
com o uso do transporte terrestre.

A movimentação dos turistas por todos esses roteiros é um grande gerador de oportunida-
des na exploração de nossas potencialidades turísticas e exigem uma ação conjunta de
todos os segmentos que compõem a cadeia produtiva do turismo nacional, em uma união
constante com o Governo Federal, através do Ministério do Turismo e de seu Conselho
Nacional do Turismo.

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Transporte Turístico Terrestre

O TURISMO TERRESTRE
E O RESGATE DO TURISMO INTERNO

Os novos Roteiros do Brasil, hoje trabalhados nas diversas regiões do País, estimulam
o renascer das competitivas e concorridas viagens turísticas realizadas através das
excursões rodoviárias, antes tão praticadas pelos diversos setores da vida nacional.
Com a oferta de roteiros turísticos, abrangendo boa parte de nossos inúmeros atrativos,
poderemos estabelecer o ressurgimento de nossas potencialidades regionais por meio
da atividade turística.

Roteiro turístico bem elaborado, com a oferta de serviços de alta qualidade, é o primei-
ro passo para que possamos fortalecer o turismo interno em nosso País, a fim de que
se tornem, também, em curto tempo, atrativos internacionais.

Nosso potencial turístico nos permite olhar para um breve futuro e vislumbrar nossa
transformação em grande potência turística.

Atualmente, há uma crescente procura por destinos na América do Sul, inclusive pelo já
concorrido segmento de turismo de negócios.

No caso específico do Brasil, não temos problemas com ações terroristas, com seguran-
ça internacional, com endemias ou epidemias de doenças contagiosas, com fluxo de
imigrantes ilegais ou outros fatos que criem um ambiente hostil à prática da atividade
turística. Vale salientar, também, a maior diversidade de atrativos que é oferecida por
nosso país, frente aos seus concorrentes, criando ao turista a singular flexibilidade de
optar por dois ou mais atrativos distintos. Essa variedade de atrativos é perfeita e

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Confederação Nacional do Comércio

facilmente atingível por meio das transportadoras turísticas que, hoje, possuem os
melhores equipamentos do mundo, com um alto padrão de conforto e modernidade.

As administrações públicas governamentais federais e estaduais já respondem com ações


efetivas ao impulso que a atividade do turismo vem apresentando. Desde a criação do
Ministério do Turismo, passando por secretarias estaduais de turismo; órgãos estaduais
de promoção turística; fóruns regionais e estaduais de turismo; vê-se um crescente empe-
nho para a consecução de uma mais eficaz política nacional de turismo.

Observa-se, ainda, uma crescente conscientização por parte dos governos municipais para
a importância do turismo no desenvolvimento local – vide pórticos de entrada nas cida-
des, postos de informações turísticas, sinalização turística, mapas e folhetos informativos,
treinamento de mão-de-obra especializada, flexibilização dos horários comerciais de lojas
e centros comerciais, captação e promoção de eventos turísticos, concessão e facilidades
nas alíquotas de impostos para empreendedores de apoio à atividade turística etc.

O setor empresarial turístico nacional, peça fundamental para o desenvolvimento do


setor, também age de forma eficiente. Temos um adequado parque hoteleiro que pratica
muito bons preços; um reconhecido patrimônio gastronômico oferecido por renomados
restaurantes, bares ou similares; uma pulverizada rede de locadoras de automóveis com
ofertas consistentes; uma estrutura de parques temáticos com os mais modernos equipa-
mentos de entretenimento; especializados operadores e agentes de viagens fortemente
cooptados com o complexo sistema de transporte viário que cobre a nossa imensidão
territorial e, ainda, o transporte turístico que dispõe de modelar frota de ônibus, em
número e qualidade, com excelentes condições de, com grande eficiência, responder,
competentemente, pelo turismo rodoviário.

28
Transporte Turístico Terrestre

O TURISMO TERRESTRE COMO


FATOR DE INTEGRAÇÃO SETORIAL

Os roteiros turísticos integrados, criados pelo Programa de Regionalização do Turismo –


Roteiros do Brasil nas macrorregiões, têm características essencialmente terrestres.
Essa característica modal é que promove, em sua execução, o envolvimento de diver-
sos atores da cadeia produtiva do turismo, sem distinguir privilégios a um ou a outro.

Na verdade, todos os setores são contemplados na consecução do consumo turístico dos


roteiros integrados, seja o operador turístico – na montagem e comercialização do roteiro;
seja o agente de viagem – na venda final ao turista consumidor; seja os transportadores
rodoviários, ferroviários, aéreos e locadores de automóveis – no deslocamento dos turis-
tas; seja a hotelaria e a gastronomia – na acomodação e na alimentação dos turistas e da
equipe de apoio ao mesmo; sejam as empresas de entretenimento – na busca de uma
maior permanência dos turistas naqueles destinos. Envolvem-se, ainda, os equipamentos
turísticos – tanto os locais quanto os situados entre os atrativos que compõem o roteiro
turístico, e os profissionais do setor – quer os autônomos, quer os funcionários das empre-
sas prestadoras de serviços.

A comunidade também é beneficiada pela atividade. Dá-se a geração de novos empre-


gos nas empresas prestadoras de serviços turísticos locais. O fluxo de turistas gera uma
nova demanda por produtos locais – aumento do consumo de hortaliças, frutas, carnes
e etc. – injetando novos recursos na localidade. Aos que produzem o artesanato local ou
que tratam da cultura e do folclore também são favorecidos pela geração de uma
receita diferenciada, através do incremento do turismo terrestre. Os serviços de guia de
turismo oferecidos no turismo terrestre ainda caracterizam-se como um diferencial

29
Confederação Nacional do Comércio

frente aos serviços prestados em outros modais de transporte, agregando valor ao


produto que é comercializado.

Para se obter uma resposta concreta de todo esse processo de geração de oportunida-
des e de melhoria da qualidade de vida da localidade é fundamental que ocorra uma
afinada integração entre os componentes do setor turístico.

Toda a cadeia produtiva do turismo local deve estar afinada, pois necessita apresen-
tar um mesmo nível de qualidade na prestação de serviços, de forma que o produto
seja uniforme. Um único produto ou serviço que se apresentar aquém das expectati-
vas do visitante fará com que o padrão daquele roteiro turístico seja considerado
abaixo do esperado.

É a qualidade que permite ao turismo tornar-se um aliado eficaz no propósito de redu-


ção da pobreza local.

Por todo o acima exposto, torna-se de capital importância que o fortalecimento do Turis-
mo Terrestre conte com o integral apoio do Governo, em todas as suas instâncias, e da
iniciativa privada.

30
Transporte Turístico Terrestre

HISTÓRICO DO TURISMO TERRESTRE


– MODAL RODOVIÁRIO

O auge da demanda por pacotes turísticos rodoviários, no Brasil, foi registrado na


metade da década de 1980 – no ano de 19856 para ser mais exato.

Há uma série de fatores que contribuiu para o decréscimo da demanda então existente
em 1985. Poderia se fazer um largo relato estabelecendo um parâmetro das atuais
condições técnicas, legislativas e financeiras existentes com as condições então obser-
vadas naquela década de 1980. E algumas dessas condições ainda se mantiveram
durante a década de 1990.

Turismo Rodoviário – Evolução da demanda


100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Fonte: ANTTUR.

6 Considerando-se os dados da ANTTUR – fonte do gráfico acima – relativo à evolução da demanda, observa-se o ano de 1985
como o ano-ápice.

31
Confederação Nacional do Comércio

Mesmo que a proposta desse documento não seja a de fazer um resgate histórico do
modal rodoviário, vale fazer algumas menções contextuais, de forma a melhor visualizar
o cenário do Turismo Terrestre
Terrestre, modal rodoviário.

Apenas, a título de ilustração, podemos mencionar que pesquisas realizadas junto a


profissionais do setor,7 que atuam na comercialização de produtos turísticos terrestres,
apontam que o número de pacotes turísticos terrestres comercializados no ano de 2006
correspondeu, aproximadamente, a 10% (dez por cento) do montante total então
comercializado no ano de 1986.

Inicialmente, observou-se uma grande redução do fluxo de turistas, principalmente nos


circuitos terrestres realizados no interior de Minas Gerais e na Região Sul do País.

Uma redução similar foi observada, ainda, nos circuitos internacionais. Os circuitos
mais longos, como os que envolviam os lagos andinos e o denominado pan-americano,
em decorrência dos altos custos de operação, foram extintos.

As relações observadas entre os custos operacionais, a legislação aplicada e a infra-


estrutura de apoio existente demonstram que as reduções observadas na comercialização
de pacotes turísticos terrestres decorrem de uma série de fatores que, usualmente,
correspondem a uma (ou mais) das limitações do Turismo Terrestre
Terrestre.

A análise desses fatores e dos entraves observados é a seqüência desse trabalho.

7 Entrevistas realizadas com o Sr. Valter Sabino, da Operadora Turística Urbi et Orbi; e com a Sra. Rosangela Barili, da Operadora CVC.

32
Transporte Turístico Terrestre

A ATUAL REALIDADE DOS PACOTES


TURÍSTICOS TERRESTRES

A nova realidade dos Roteiros do Brasil, implementada pelo Programa de Regionalização


do Turismo, ainda não obteve a devida repercussão na oferta de novos destinos turísticos,
se considerarmos as ofertas existentes no modal rodoviário do Turismo Terrestre.

As atuais ofertas ainda refletem, em grande parte, aquelas antigas ofertas observadas
em meados da década de 1980 e início da década de 1990.

Pesquisa realizada pela ANTTUR com as principais operadoras turísticas do País, revela
que apesar da diversidade de nossos atrativos turísticos, há, basicamente, a comercialização
de 15 destinos nacionais quando se considera o transporte terrestre.

Na tabela da página seguinte, quando é feita a menção ao roteiro “Quatro Bandeiras”, refere-
se ao pacote turístico que oferece passeios por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Merece ainda consideração o fato de que há poucas operadoras turísticas que desen-
volvem esse tipo de produto turístico. Agrega-se também à essa escassez de oferta
de produtos, a dificuldade de se encontrar terminais turísticos rodoviários aptos a
receber o embarque e o desembarque de passageiros de forma adequada.

A inexistência de terminais turísticos para embarque e desembarque de passageiros nas


capitais estaduais, assim como nas principais cidades emissoras e receptoras de turis-
tas terrestres, dificulta, sobremaneira, a operacionalização e a comercialização de paco-
tes turísticos terrestres. A realidade enfrentada nas demais cidades é a utilização de

33
Confederação Nacional do Comércio

Principais destinos turísticos procurados


Pólo Emissor Destinos
Nordeste Porto Seguro
Sul do Brasil
Minas Gerais Camboriú
Guarapari/Iriri
Porto Seguro
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro Cidades Históricas
Foz do Iguaçú
Hopi Hari
Serras Gaúchas
Serras Paulistas
Sul do Brasil
Quatro Bandeiras
São Paulo Caldas Novas
Cidades Históricas
Rio de Janeiro
Serras Gaúchas
Sul Beto Carrero
Camboriú
Chile
Foz do Iguaçú
Hopi Hari
Serras Gaúchas
Termas de Gravatal
Centro-Oeste Caldas Novas
Camboriú
Sul do Brasil

Fonte: ANTTUR.

34
Transporte Turístico Terrestre

Terminais turísticos rodoviários


Localidade Condições Atuais
São Paulo (Barra Funda) – SP Precário
Belo Horizonte – MG Precário
Ouro Preto – MG Razoável
Mariana – MG Razoável
Poços de Caldas – MG Razoável
Peruíbe – SP Razoável
Cabo Frio – RJ Razoável
Teresópolis – RJ Razoável
Balneário de Cassino - RS Razoável
Fonte: ANTTUR.

locais impróprios ao embarque e desembarque de passageiros, causando transtornos ao


trânsito local, insegurança e desconforto aos turistas, além de passíveis infrações ao
operador turístico e ao transportador terrestre.

Apesar da região Sul e a região Sudeste apresentarem um mais elevado padrão de


qualidade nos pontos de paradas de apoio ao transporte terrestre, a falta da qualidade
desses pontos de parada que são utilizados pelos veículos de transporte terrestre é uma
(quase) constante em nosso País. Neles se constata a falta de higiene dos locais, o que
se repete, inclusive, na preparação de alimentos; nas condições precárias de infra-
estrutura; na má qualidade dos poucos serviços e produtos oferecidos aos turistas, além
de problemas relativos à sinalização e à acessibilidade.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres, órgão regulador do Ministério dos Trans-


portes, é o responsável pela regulamentação do transporte turístico terrestre interesta-
dual e internacional; por ela considerado como “prestação de serviços de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros, sob o regime de fretamento
eventual ou turístico”. Tal regramento limita, sobremaneira, as atividades dos transpor-
tadores, tornando a operação de transporte turístico burocrática e onerosa, o que leva à
necessidade de revisão da norma vigente, para melhor adequá-la ao segmento.

35
Confederação Nacional do Comércio

A inflexibilidade da lista de passageiros, a impossibilidade de embarques e desembar-


ques múltiplos, fora do município de origem, são exemplos de obstáculos à expansão
do turismo rodoviário.

A criação de circuitos rotativos de roteiros turísticos, como era anteriormente ofertado


em algumas rotas que envolvem atrativos turísticos de elevada demanda, já não po-
dem mais ser disponibilizados devido à legislação vigente, que não admite a rotatividade
de turistas durante um mesmo circuito.

A regulamentação específica para o transporte turístico terrestre interestadual e interna-


cional tem causado diversos inconvenientes à atividade, porque ainda é visto equivocada-
mente como concorrente do transporte regular de passageiros. É, pois, de suma importân-
cia que seja entendida e definida, de uma vez por todas, até mesmo pelos órgãos regula-
dores, a clara diferença entre Transporte Turístico Terrestre – Fretamento Eventual
ou Turístico – e o Transporte Rodoviário Regular de Passageiros.

36
Transporte Turístico Terrestre

A CONCORRÊNCIA ESTABELECIDA
PELO MODAL AÉREO

A última metade da década de 1980 foi marcada pela adoção de uma política gover-
namental em prol do incremento da malha aérea brasileira frente ao crescimento da
participação das companhias aéreas internacionais no mercado turístico brasileiro. Na
tentativa de assegurar uma maior fatia de mercado para as companhias aéreas nacio-
nais nos fluxos turísticos emergentes, o Governo estabeleceu novos paradigmas para o
funcionamento daquelas companhias.

Observou-se uma significativa redução nas alíquotas de impostos incidentes sobre ati-
vidades e bens de consumo das companhias aéreas. Os benefícios concedidos unilate-
ralmente ao transporte aéreo podem ser considerados como o mais vital dos fatores
observados na decadente história do Turismo Terrestre
Terrestre.

Alguns dos exemplos de facilidades oferecidas ao transporte aéreo, exclusivamente, são os


benefícios observados nas alíquotas aplicadas aos combustíveis e aos lubrificantes utilizados
pelas aeronaves.8

Se os benefícios então concedidos vislumbravam, inicialmente, uma maior sobrevida


às companhias aéreas frente à concorrência internacional, ocorre um desdobramento
dessas facilidades para o consumidor final e, indiretamente, para as operadoras e
agências de viagem e turismo.

8 Essas alíquotas, por serem de competência estadual, diferenciam-se em cada uma das Unidades da Federação.

37
Confederação Nacional do Comércio

Esse tratamento diferenciado fez, por exemplo, com que o custo de um pacote turístico
para a cidade de Caldas Novas – GO fosse de R$ 123,00 para o transporte aéreo (com
percurso realizado em uma hora) e de R$ 120,00 para o transporte terrestre (com
percurso realizado em 12 horas).9 Ainda nessa direção, o ICMS no transporte aéreo de
passageiros foi reduzido a zero, enquanto se observa uma incidência, desse imposto em
referência, na ordem de 18% para o transporte rodoviário.

Assim, a redução observada nos custos dos pacotes turísticos aéreos é o principal fator
a ser considerado quando da análise do turismo terrestre em nosso País, pois isso criou
uma direta concorrência com os pacotes turísticos terrestres então comercializados.

A nova concorrência então estabelecida com o turismo aéreo, devido às facilidades


obtidas exclusivamente por aquele setor de transporte, fez com que a oferta de pacotes
turísticos terrestres sofresse uma drástica redução.

O contexto mundial das viagens de turismo observado na década de 1990, somado à


realidade econômica vivida pelo País naquela mesma década, deriva em novos investi-
mentos em terminais aeroviários de passageiros por parte do Governo Federal e em novas
companhias aéreas por parte dos investidores privados, enquanto que em terminais turís-
ticos rodoviários e em estradas de rodagem, muito pouco foi realizado.

A gradativa popularização do transporte aéreo de passageiros, com a maior acessibilidade


de consumidores frente às baixas tarifas praticadas, com o apoio governamental, signifi-
ca a quase completa extinção do transporte turístico terrestre.

9 Valores relativos a pacotes turísticos comercializados em junho de 2005, com saída da cidade de São Paulo-SP.

38
Transporte Turístico Terrestre

AS CONDIÇÕES DAS VIAS DE TRÁFEGO


DO TURISMO TERRESTRE

É impossível ignorar a importância das vias de tráfego para o desenvolvimento do


turismo terrestre.

Tanto as ferrovias como as rodovias brasileiras carecem de um melhor sistema de manu-


tenção, preservação e de sinalização.

Quando se trata do modal rodoviário é mais retumbante essa constatação. Observa-se


uma extrema e urgente necessidade de melhoria das rodovias nacionais, que clamam
por socorro imediato.

A leitura da “Pesquisa Rodoviária CNT 2005” reporta a algumas indicações alarmantes.


No quadro destinado à análise das “indicações de pesquisa” se observam indicadores
apontando que 39,6% das rodovias não possuem acostamento; que em 54,6% das
rodovias o pavimento encontra-se em estado crítico (regular, ruim, péssimo) e que
60,7% da sinalização das rodovias apresentam problemas.
Indicadores de Pesquisa % km
Pavimento em estado crítico (regular, ruim, péssimo) 54,6 44.733
Sinalização com problemas 60,7 49.715
Sem acostamento 39,6 32.474
Placas encobertas por mato 15,5 12.696
Trechos com afundamentos, ondulações ou buracos 7,3 5.961
Predominância de pista de rolamento simples de mão dupla 89,9 73.588
Fonte: Pesquisa Rodoviária CNT 2005

39
Confederação Nacional do Comércio

Os principais pontos críticos apontados pela pesquisa realizada pela Confederação Naci-
onal do Transporte referem-se a “defensas destruídas”, “erosão na pista”, “buraco
grande”, “queda de barreira” e “ponte caída”.

E os investimentos necessários para a recuperação do pavimento – envolvendo reconstrução


(trechos totalmente destruídos), restauração (trechos com buracos, ondulações e afundamentos)
e manutenção (trechos desgastados) – ultrapassam a um montante de R$ 11,8 bilhões.10

Em dezembro de 2001, com a publicação da Lei 10.336, é instituída a Contribuição de


Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), que incide sobre a venda de combustíveis,
para ser aplicada no financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Um ano depois, a Lei 10.636, de dezembro de 2002, definiu como objetivos essen-
ciais da CIDE a redução do consumo de combustíveis automotivos, o atendimento
mais econômico da demanda de transporte de pessoas e bens, a segurança e o
conforto dos usuários, a redução do tempo de deslocamento dos usuários do trans-
porte público coletivo e a melhoria da qualidade de vida da população.

Apesar da destinação dos recursos arrecadados com a CIDE serem, legalmente, para
investimentos na infra-estrutura de transportes, apenas 31,4% (R$ 10,8 bilhões) da
arrecadação foi investido em transporte pela União. Lamentavelmente, o restante desses
recursos (68,6%) foi utilizado como permuta de antigas dotações orçamentárias financia-
das por impostos e, essencialmente, na formação de superávit primário do Governo.

O montante total relativo à arrecadação bruta com a CIDE, desde 2002 – o ano em que
se iniciou a sua cobrança – até julho de 2006, foi de R$ 34,51 bilhões.

1 0 Custo de out/01 divulgado pelo DNER e corrigido pelo IPCA até agosto/2005 (40,12%).

40
Transporte Turístico Terrestre

Acompanhamento da Cide
Ano Arrecadação Bruta Investimentos Percentual Investido
em Transporte em Transporte
2002 7.241,00 1.751,41 24,2%
2003 7.504,00 1.115,92 14,9%
2004 7.669,00 1.396,11 18,2%
2005 7.680,00 4.702,18 61,2%
2006 4.418,00 1.880,40 42,6%
Totais 34.512,00 10.846,02 31,4%
Fonte: Boletim Econômico - CNT, Confederação Nacional do Transporte (atualizado em agosto/2006)

Torna-se constatação primária o fato de que é preciso utilizar, imediatamente, os recursos


da CIDE em transporte e em infra-estrutura rodoviária, tal como determina a legislação.
Não se pode admitir que os valores oriundos de tal contribuição sejam utilizados em
quaisquer outras destinações que não a expressa em nossa Carta Magna (Artigo 177).

Há de se compreender a diferença entre contribuição e imposto, para não mais se come-


ter equívocos no uso do dinheiro público. O montante arrecadado pelo imposto pode ser
gasto segundo a prioridade que venha a ser definida pelo Governo; mas os valores
arregimentados por meio de contribuições devem ser, obrigatoriamente, aplicados para a
finalidade específica que a legislação de sua criação determina – como é o caso da CIDE.

O investimento em transporte proporcionará a recuperação da malha viária nacional,


dotando-a de condições mínimas para o trânsito de veículos coletivos e particulares de
passageiros – primordiais para revitalizarmos a oferta turística de transporte terrestre.

41
Transporte Turístico Terrestre

CUSTO OPERACIONAL
DO TRANSPORTE TERRESTRE

O precário estado de conservação das rodovias nacionais é um dos fatores que, atual-
mente, mais colaboram para a redução do fluxo turístico terrestre.

Além de causar desconforto e insegurança aos turistas, a precariedade de nossas estra-


das causa um elevado custo operacional ao transporte turístico terrestre, causado,
principalmente, pelo desgaste do veículo e seus componentes.

Um exemplo do desgaste que ocorre com os veículos de transporte de passageiros


constata-se com o registro de que, hoje, a manutenção dos veículos de transporte
coletivo (ônibus) utilizados no Turismo Terrestre é feita a cada três meses, com uma
média de 2.500 quilômetros rodados; sendo que o uso-padrão levaria a se realizar uma
revisão a cada seis ou oito meses.

Da mesma forma, a vida útil dos veículos de locação utilizados para o transporte de
passageiros e turistas em nossas rodovias passou a ser bem menor que a média
anteriormente utilizada.

O elevado percentual de taxas e impostos que incidem na cadeia produtiva do transpor-


te terrestre – incluindo-se combustíveis, lubrificantes, peças de reposição de veículos e
autorizações para o pleno funcionamento das empresas de transporte terrestre – acar-
reta em um aumento nos custos da atividade, tornando a concorrência com o modal
aéreo intransponível.

43
Confederação Nacional do Comércio

A título de ilustração, podemos recordar, dentre os impostos incidentes na atividade, o


elevado valor percentual do ICMS que incide sobre o turismo terrestre (média de 18%)
se comparado com o percentual de 0% que é aplicado ao turismo aéreo.

A planilha de custo do transporte turístico rodoviário, elaborada pela ANTTUR,


demonstra, ainda, outros itens que elevam o custo dessa atividade.
Planilha de custo
do transporte turístico rodoviário
Itens %
Depreciação do Veículo 23,0
Tripulação 18,0
Licenciamento 0,3
Seguros 2,5

Peças e Material de Oficina 7,0


Pneus e Recapes 4,0
Salário do Pessoal da Manutenção 3,0
Combustíveis 18,0
Lubrificantes 0,4
Pedágios 5,0
Impostos 20,0
Despesas Administrativas/Custos Indiretos 12,0
Fonte: ANTTUR.

Os dados da planilha acima refletem a constatação de que o custo dos pedágios das
principais rodovias nacionais é um dos fatores que também elevam, consideravelmen-
te, a tarifa cobrada dos turistas usuários do transporte turístico terrestre. O pedágio
pode representar 12% do valor total do frete do veículo. Mesmo em circuitos curtos,
esse valor é bastante considerável. Em um trajeto entre as cidades de São Paulo e a
cidade de Barretos os gastos são da ordem, aproximada, de R$ 520,00 em pedágios.11

11 Gastos relativos aos valores cobrados pelos postos de pedágios no mês de agosto de 2006.

44
Transporte Turístico Terrestre

A inexistência de um diferencial para a cobrança de pedágios dos ônibus turísticos


exemplifica a falta de prioridade que é dada ao segmento turístico terrestre.

É importante enfatizar, ainda, a real perspectiva de potencial de venda de circuitos


turísticos terrestres para os turistas estrangeiros, a partir da melhoria das estradas
e da infra-estrutura mínima necessária – especificamente no tocante aos terminais
rodoviários que venham a oferecer conforto e segurança aos turistas. Da mesma
forma, há um potencial de vendas de pacotes no turismo ferroviário para os turistas
estrangeiros, principalmente quando os destinos se localizam na região triangular
formada por Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

Essas observações se baseiam no fato de que na maioria dos países da Europa, assim
como nos Estados Unidos, na África do Sul e em alguns países asiáticos, o turismo
terrestre – tanto no modal rodoviário quanto o ferroviário – se desenvolveu muito bem
e continua crescendo.

Isso nos leva a crer que o Brasil também poderá se beneficiar muito dessas modalida-
des de turismo.

Assim, por todo o anteriormente exposto, é extremamente necessário que seja criada,
de imediato, uma “força tarefa”, no sentido de que o Governo destine, o quanto antes,
recursos da CIDE para a recuperação da malha rodoviária do País, reconhecida nacio-
nalmente como em deplorável estado, o que se constitui em uma das razões preponde-
rantes para um maior êxito à já consagrada iniciativa do Ministério do Turismo que é
a Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil.

Essa “força tarefa” deve ter, em harmonia com os objetivos do Programa de Regionalização
– Roteiros do Brasil, a missão de desenvolver diretrizes para uma campanha nacional

45
Confederação Nacional do Comércio

de promoção e divulgação do Turismo Terrestre


Terrestre, aliada a um sério programa de
recuperação da malha rodoviária.

A seguir, destacamos algumas das ações que consideramos primordiais para a elimina-
ção dos entraves ao desenvolvimento do transporte turístico terrestre.

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Transporte Turístico Terrestre

AÇÕES EM PROL DO TRANSPORTE


TURÍSTICO TERRESTRE

Custos Operacionais
Redução dos percentuais de impostos e taxas incidentes sobre cada uma das atividades
que compõe a planilha de custos do transporte turístico terrestre, tanto no modal
rodoviário quanto no modal ferroviário.

Promover o uso dos recursos da CIDE em infra-estrutura de transportes, conforme deter-


mina a legislação, com especial enfoque na recuperação das rodovias, na implantação de
sinalização e segurança, tendo como justificativa adicional o percentual do consumo de
combustível que é utilizado pelas locadoras de veículos e pelos ônibus turísticos.

Gerar legislação que reduza o custo dos pedágios das principais rodovias nacionais para
os veículos de transporte turístico terrestre.

Legislação Aplicada
Adequação da legislação pertinente ao transporte turístico terrestre de passageiros,
junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com o objetivo de eliminar
os entraves acima apontados, favorecendo, assim, a expansão do setor.

Regulamentação do transporte terrestre turístico, modal ferroviário, evitando-se a pre-


ponderância do transporte de cargas sobre o transporte de passageiros.

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Confederação Nacional do Comércio

Formalização de uma parceria com o Ministério do Turismo para o incremento do


turismo terrestre no País, visando o estabelecimento de uma Política Nacional de
Transporte Turístico Terrestre que venha a promover o incremento da comercialização
dos novos destinos do Programa Nacional de Regionalização – Roteiros do Brasil pelo
modal terrestre, com a implantação de uma campanha publicitária de incentivo ao
Turismo Terrestre
Terrestre.

Infra-estrutura de Apoio Existente


Instituir linhas de financiamento para a aquisição de novos equipamentos, com a apli-
cação de reduzidas taxas de juros.

Conceber e executar um programa de qualificação profissional do transporte turístico


terrestre nacional, envolvendo operadoras turísticas, agências de viagens, transporta-
doras turísticas e estabelecimentos de serviços de apoio e lojistas.

Promover nas principais cidades emissoras e receptoras de fluxos turísticos terrestres a


implantação de terminais turísticos, com as características operacionais e de qualidade
nos serviços prestados ao turista e ao transportador.

Incremento da sinalização turística nas estradas rodoviárias e ferroviárias.

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