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SECRETARIA DA FAZENDA
COORDENADORIA DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS
Ementa:
ICMS – QUESTÃO PRELIMINAR REFERENTE À JUNTADA DO PARECER TÉCNICO DE FLS. fls. 6770 a 6805 – PROPOSTA DE NÃO
ACOLHIMENTO NOS AUTOS DE PARECER JUNTADO A DESTEMPO E SEM JUSTIFICATIVA RAZOÁVEL.
Relatório e Voto:
RELATO
1. O Recurso Ordinário (fls. 6722 a 6760) visa revisar decisão administração de primeira instância (fls. 6685 a 6718) que manteve autuação por falta de pagamento de imposto apurada por meio
de levantamento fiscal e de infração por falta de entrega de informações ao fisco, conforme AIIM inaugural (fls. 1 a 6586):
“I - INFRAÇÕES RELATIVAS AO PAGAMENTO DO IMPOSTO:
1. Deixou de pagar o ICMS no valor total de R$ 29.114.941,98 (vinte e nove milhões, cento e quatorze mil, novecentos e quarenta e um reais e noventa e oito centavos), nos meses de
outubro de 2007 a março de 2008, conforme indicado no Demonstrativo nº 1, apurado por meio de levantamento fiscal realizado com fundamento no artigo 509 do RICMS combinado
com o §1º do Artigo 144 do Código Tributário Nacional. Nesses meses, foram constatadas diferenças entre a quantidade, em minutos, dos serviços tomados junto às operadoras de
telefonia móvel NEXTEL, TIM e VIVO, por utilização dos meios de rede, e a quantidade, a menor aqui, dos correspondentes serviços retratados nas Contas de Telefone e nas respectivas
Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações dos usuários finais, os clientes da Telefonica. Das diferenças apuradas, foram abatidos os valores referentes ao consumo próprio dos
serviços, informados pelo próprio contribuinte na resposta à Notificação 12 e já objeto de autuação pelo fisco. A infração se demonstra pela composição das contas de telefone de
assinantes apresentadas pela Telefonica, pelos Documentos de declaração de tráfego - DETRAF das operadoras móveis em relação à Telefonica, pelas respectivas Notas Fiscais de
Serviços de Telecomunicações emitidas por essas operadoras para a Telefonica, pelas notificações do fisco, pelas respostas do contribuinte e pelos demais documentos juntados ao
presente AIIM, conforme descrita no Termo Circunstanciado da Ação Fiscal, parte integrante deste auto de infração.
INFRINGÊNCIA: Arts. 58, art. 87, do RICMS (Dec. 45.490/00).
CAPITULAÇÃO DA MULTA: Art. 527, inc. I, alínea "a" c/c §§ 1° e 10°, do RICMS/00 (Dec. 45490/00)
II - OUTRAS INFRAÇÕES
2. Embora regularmente notificado, deixou de informar os registros detalhados de chamadas telefônicas (arquivos CDR - Call Detailed Records), referentes ao período de agosto a
dezembro/2007, informação
necessária à confirmação de prestações de serviços de telecomunicação tomadas junto às operadoras móveis NEXTEL, TIM, VIVO e BCP (CLARO), solicitada em arquivo eletrônico
descrito pelo fisco no item II do Anexo 1 da Notificação nº 1, datada de 16/11/2011. Diante do não atendimento da Notificação nº 1, essa solicitação foi reiterada nas Notificações nº 2,
datada de 19/12/2011 e nº 6, datada de 29/02/2012, esta com prazo de atendimento até o dia 05/03/2012, as quais também restaram não atendidas.
A falta da informação foi prejudicial à verificação fiscal em curso, eis que ela possibilitaria o detalhamento das informações contidas nos arquivos DETRAF (Documento de Declaração de
Tráfego), conforme explicado no Termo Circunstanciado da Ação Fiscal, parte integrante deste auto de infração. Portanto o prazo para a apresentação da informação solicitada terminou
em 05/03/2012. Em reunião com o fisco, em 29/05/2012, o contribuinte foi alertado de que a citada solicitação não fora dispensada. Não tendo havido a apresentação da informação,
restou não atendida a solicitação do Fisco. A base de cálculo para a aplicação da multa foram as NFST emitidas pela operadoras móveis ao autuado relativas ao uso de suas redes de
telecomunicações, totalizando R$1.139.572.382,60 (hum bilhão, cento e trinta e nove milhões, quinhentos e setenta e dois mil, trezentos e oitenta e dois reais e sessenta centavos), as
quais estão relacionadas no Demonstrativo nº 2. A infração é comprovada pela notificações do fisco, pelas NFST relativas ao DETRAF e pelos demais documentos juntados ao AIIM.
INFRINGÊNCIA: Art. 494, do RICMS (Dec. 45.490/00).
CAPITULAÇÃO DA MULTA: Art. 85, inc. XI, alínea "f" c/c §§ 9° e 10°, da
Lei 6.374/89”
2. O Recurso Ordinário (fls. 6722 a 6760) basicamente apresentou as seguintes alegações:
I- Como preliminares:
a) Incompetência das autoridades fiscais fazendárias de Campinas para proceder à fiscalização e lavratura de AIIM, que só poderia ser feita pelas DRTs da capital;
b) Vício no procedimento de fiscalização por impossibilidade de Exigência do ICMS relativo aos Meses de Janeiro a Março de 2008, por entender que as notificações de fiscalização se limitavam ao
ano de 2007;
c) Vicio no fundamento de validade do Auto de Infração lavrado com base em dois documentos de cunho comercial emitidos pela Recorrente: (i) Documento de Declaração de Tráfego (DETRAF) e
(ii) Composição das ligações para celulares registradas nas contas de assinantes da Recorrente., porque em suma entende que essas informações comerciais não constituem documentos
fiscais aptos a apurar a alegada omissão de registro de fatos geradores do ICMS, não têm fé pública e sequer estão enquadradas dentre os documentos que, por si só e sem qualquer análise
complementar da documentação contábil e fiscal do contribuinte, dariam ensejo a formalização de exigências fiscais;
d) Decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de multa referente aos meses de agosto e setembro de 2007 citando o artigo 150, § 4º, do CTN, e aduzindo que os valores referentes à
agosto, setembro e outubro de 2007 não poderiam mais lhes serem exigidos. Também que sobre a infração de descumprimento de obrigação acessória (falta de entrega dos arquivos Call
Detailed Records - CDR), que estas restaram também prejudicadas, haja vista que a cobrança do principal foi afetada pela decadência do crédito tributário.
e) Por diversas razões comerciais, as informações constantes no DETRAF poderão resultar em distorções quando analisadas, isoladamente, para fins de verificação do pagamento do ICMS em
relação a um Estado da Federação em específico, conforme dois exemplos:
e.1) Por exemplo, nas ligações de longa distância realizadas entre códigos de área distintos dentro do Estado de São Paulo. Assim, na hipótese de um cliente de outra operadora (por exemplo, a
CLARO) realizar uma ligação telefônica de longa distância para outro cliente CLARO, mas utilizando-se do código de operadora da “Telefônica - 15”, a Requerente, detentora da receita dessa
chamada, necessitará da cessão dos meios de rede da CLARO para viabilizar essa ligação, conforme ilustrado às fls. 6612. As informações de duração da chamada realizada por meio da cessão
de meios da rede para Requerente será registrado no DETRAF da operadora CLARO, que emitirá a respectiva Nota Fiscal para cobrança do serviço de disponibilização de rede à Requerente.
Contudo, muito embora a Requerente tenha sido a responsável por viabilizar a operação, a ligação efetuada não partiu de um de seus clientes. Consequentemente, as informações de duração
desta chamada serão registradas pela CLARO, na conta de seu cliente, o qual efetivamente fez a ligação telefônica. Por óbvio, a Fiscalização Estadual NÃO conseguirá encontrar os “minutos” da
chamada registrada no DETRAF da operadora CLARO pela cessão de rede à Requerente, nas composições de chamadas das contas de telefone dos clientes DA REQUERENTE, uma vez que, na
situação exemplificativa acima, tais “minutos” foram registrados na conta de telefônica do cliente da operadora CLARO.
e.2) Quando um cliente de outra operadora (exemplo a CLARO) realiza uma ligação telefônica de longa distância para um cliente de uma terceira operadora (exemplo a TIM), mas utilizando-se
do código da operadora “Telefônica – 15”. A Requerente, muito embora novamente detentora da receita dessa chamada, necessitará da cessão dos meios de rede tanto da CLARO quanto da
TIM para viabilizar essa ligação, conforme ilustrado nas fls. 6613. Nesse caso, as informações de duração da chamada realizada por meio da cessão de meios de rede para a Requerente será
registrado tanto no DETRAF da operadora CLARO, quanto no DETRAF da operadora TIM, as quais emitirão as respectivas Notas Fiscais para cobrança dos serviços de disponibilização de redes à
Requerente. Muito embora a Requerente tenha sido a responsável por viabilizar a operação, as informações de duração desta chamada serão registradas pela CLARO, na conta de seu cliente, o
qual efetivamente fez a ligação telefônica. Contudo, a Fiscalização Estadual, ao analisar os DETRAFs fornecidos pela CLARO e pela TIM, contabilizará em dobro a duração referente a apenas
uma chamada, registrada igualmente nos DETRAFs de ambas as operadoras. Em contrapartida, não encontrará esses minutos registrados na conta de telefone de clientes da Requerente, uma
vez que, na situação exemplificativa acima, tais “minutos” também foram registrados na conta de telefônica do cliente da operadora CLARO.
f) As situações acima, se repetiriam em várias outras hipóteses (a exemplo de chamadas de longa distância para outros Estados, para outros países, etc.), reafirmam os argumentos da
Requerente de que não é aceitável que a fiscalização estadual pretenda inferir a ausência de recolhimento de ICMS a partir da comparação dos documentos eminentemente elaborados para fins
comerciais, e que sozinhos não tem o condão de, verificar a regularidade fiscal da Requerente;
g) Impossibilidade de imputação de multa pela não apresentação de documentos à Fiscalização Estadual, por entender que não haeria na legislação tributária qualquer regra específica que exija a
elaboração e manutenção dos arquivos CDRs pela Requerente, que são registros mais aprofundados dos dados constantes do arquivo DETRAF, utilizados precipuamente nos casos em que há
divergência entre as operadoras de telecomunicações com relação às cobranças pela prestação de serviço de cessão de meios de rede;
i) A ilegalidade dos juros estaduais, pois defende a inexigibilidade da taxa de juros de mora aplicada no presente Auto de Infração no que exceder a variação da taxa SELIC nesse mesmo
período.
j) Que seria indevida a aplicação da multa sobre o valor “atualizado” do principal e de que haveria impossibilidade de incidência de multa sobre juros. Por essa razão, adotamos o relatório
elaborado pelo d. julgador fiscal, às fls. 6687/6696.
3. O parecer da Representação Fiscal (fls. 6764 a 6768) basicamente recomendou o não-provimento do Recurso Ordinário, pelos motivos principais de mérito de que:
a) Quanto ao item 1 do AIIM, constata-se que a infração decorreu de levantamento fiscal, efetivado nos termos do artigo 509, §§ 1º ao 4º do RICMS/00, abaixo transcritos, cuja diferença
apurada originou-se da inconsistência detectada pelo fisco entre a quantidade em minutos dos serviços tomados junto a operadoras de telefonia móvel, por utilização dos meios de rede, e
a quantidade dos correspondentes serviços constantes nas Contas de Telefone e nas respectivas Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações dos usuários finais (clientes da Telefônica).
Tal fato é comprovado pelo exame de arquivos eletrônicos (composições de chamadas para celulares constantes das contas de telefone) fornecidos pela própria autuada, comparando-os
com as informações dos DETRAF - Documento de Declaração de Tráfego - fornecidos pelas Operadoras de Telefonia Móvel.
b) Tratando-se o caso em análise de presunção “juris tantum”, caberia à autuada desconstituir, documentalmente, as conclusões do levantamento fiscal efetuado, o que não foi feito, em
nenhum momento, tanto em sede de defesa, quanto por ocasião do presente recurso. Nesse ponto, como bem considerou o fisco em sua manifestação, às fls. 6669, ressaltamos que o
contribuinte não trouxe aos autos dados numéricos, nem qualquer informação, contestando tanto as diferenças constatadas, como também os demonstrativos juntados ao AIIM pelo fisco.
c) Com referência ao item 2 do AIIM, ressaltamos que trata a referida acusação de infração regulamentar pelo descumprimento de deveres instrumentais ou obrigações acessórias, onde a
prática do ilícito tributário está plenamente evidenciada pela comprovada não apresentação, por parte da autuada, de arquivos CDR com registros detalhados de chamadas telefônicas,
solicitados pelo fisco, embora tenha sido notificada e renotificada para tal, e a capitulação da infração está adequada à hipótese regulamentar prevista.
4. Posteriormente a interposição do Recurso Ordinário e após o primeiro parecer da Representação Fiscal, a Recorrente simplesmente anexou aos autos nas fls. 6770 a 6805 parecer fornecido
pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda.
5. A 12ª Câmara Julgadora do TIT apresentou naquela oportunidade voto da relatora e voto de preferência pela conversão em diligência (fls. 6813 a6816):
“(...) No caso em tela, o Contribuinte Recorrente anexou ao seu Recurso Ordinário espécie de parecer, emitido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda., e que
trata sobre a metodologia utilizada pelo Fisco Paulista para efetivar a presente autuação com base no documento DETRAF (Documento de Declaração de Tráfego), nas contas
telefônicas e na falta de fornecimento do arquivo CDR (Call Detailed Records).
Assim, em homenagem ao princípio do contraditório e percebendo que o Ilustre AFR Autuante não teve a oportunidade de se manifestar acerca de referido parecer anexado
aos autos pelo Contribuinte, proponho a conversão deste julgamento em diligência ao AFR Autuante para que o mesmo se manifeste acerca do parecer constante às folhas
6.772 e seguintes dos autos.
Faço isso porque entendo que referido Parecer revela complexidade suficiente a ensejar o seu tardio encartamento aos autos, sendo notória, no caso em tela, a
impossibilidade de produção de parecer técnico nos 30 (trinta) dias concedidos ao Contribuinte para a apresentação de sua defesa. Além disso, levo em consideração, ainda,
que o presente AIIM foi lavrado com base no artigo 509 do RICMS/00.
Após, à D. Representação Fiscal para manifestação.
Sala das Sessões, 02 de abril de 2014.
Gisele Borghi Bühler de Lima JUÍZA RELATORA
(...)
1. - Acompanho o voto da D. Relatora, complementando com minha sugestão de que, em face da regra inserta no artigo 19 da Lei nº 13.457/2009, a diligência seja
implementada na forma abaixo: - primeiramente com a notificação do contribuinte para que justifique a apresentação tardia do Parecer Técnico; - em seguida com a
remessa dos autos ao D. Agente Fiscal autuante, para que se manifeste sobre a justificativa que vier a ser oferecida e também sobre o conteúdo do Parecer Técnico
mencionado; e - finalmente, com a devolução dos autos a esta Câmara para conclusão do julgamento, não sem a prévia passagem pela D. Representação Fiscal.
Sala das Sessões, em 2 de abril de 2014.
Carlos Americo Domenenghetti Badia
Juiz com pedido de voto de preferência”
6. Em seguida, às fls. 6828 a 6860, a fiscalização autuante se pronunciou sobre o parecer técnico produzido pela auditoria externa da PwC concluindo quanto ao conteúdo nos seguintes termos:
a) a PWC restringe o escopo da sua análise (uso de bases amostrais, sem conferir documentação de suporte e cálculos, sem garantia da exatidão das informações analisadas). Por
consequência, o alcance de todas as suas conclusões é bastante limitado.
b) A PWC analisa as situações em tese, formulando hipóteses, sem abordar objetivamente as prestações de serviço do contribuinte e as diferenças apuradas pelo Fisco.
c) Demonstra grave desconhecimento sobre o trabalho fiscal, ao analisar e criticar situações que foram deixadas de fora do escopo do trabalho (ligações de longa distância, co-billing,
cenários de chamadas que não geram faturas).
d) Apura, precariamente, um percentual de perdas, mas não leva em conta que, por via de regra, as situações não afastariam a incidência do imposto.
e) Parece ignorar a sistemática do levantamento fiscal. Não leva em conta que foi a falta de prestação de informações pelo contribuinte que acarretou a apuração das diferenças por
levantamento fiscal, em vez da identificação por cada prestação de serviço.
f) Além disso, todas as críticas feitas, advindas de análises em tese e hipóteses, não afastam as diferenças apuradas pelo Fisco e, na verdade, nem mesmo chegam a questioná-las
objetivamente.
g) A impressão que se extrai do parecer é justamente que é enorme a probabilidade de ocorrerem diferenças como a apontada pelo fisco.
7. Em seguida, houve novo parecer da D. Representação Fiscal (fls. 6864 a 6870) a qual opinou no sentido de que não “houve comprovação, nem mesmo a menção, de motivo de força maior ou
ocorrência de fato superveniente que acarretasse a apresentação tardia do parecer”, sendo que: (i) a PWC declara que o “Laudo Técnico demorou 5 meses para se concluído”; (ii) entretanto,
não há qualquer indicação da data em que o referido laudo (Parecer Técnico) foi solicitado nem quando foi efetivamente entregue à empresa “Telefonica”. Entende que por ofensa ao artigo 19
da Lei nº 13.457/09, o referido parecer não deve ser admitido no processo, sob pena de descumprimento da lei. E que caso seja admitido o parecer, a partir da fl. 6838, o AFR fez uma análise
minuciosa, apontando diversas falhas, inconsistências e limitações, de modo que o Parecer Técnico, juntado nesta fase processual, não traz elementos aptos e suficientes para ilidir a autuação
ou desqualificar o trabalho fiscal.
VOTO
9. Primeiramente passo à análise preliminar da admissibilidade do parecer fornecido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda. nas fls. 6770 a 6805.
10. Noto inicialmente que a legislação e a jurisprudência do TIT exigem uma justificativa razoável para a juntada de novas provas ao processo administrativo, especialmente na situação em que já
se havia inclusive sido apresentado o Recurso Ordinário. Se admitida a inclusão do Parecer Técnico de fls 6770 a 6805, então os argumentos ali trazidos pela auditoria PricewaterhouseCoopers
deverão ser analisados em conjunto com os argumentos do Recurso Ordinário original de fls. 6764 a 6768.
11. Neste ponto, trago as justificativas resumidas apontadas pelos Fiscais autuantes para a negativa da juntada do referido parecer técnico:
“i. O citado parecer somente foi elaborado após o julgamento da defesa, em decorrência dessa decisão, que confirmou o AIIM integralmente.
ii. Não houve motivo de força maior ou ocorrência de fato superveniente que justificasse a apresentação do parecer após o prazo de defesa.
iii. O procedimento adotado pela autuada no processo revela clara ação no sentido da supressão de instância, situação não admitida pela legislação que rege o presente processo.
iv. Por ofensa ao artigo 19 da Lei nº 13.457/2009, o referido parecer não deve ser admitido no processo, sob pena de descumprimento da lei.”
12. Basicamente, concordo com os argumentos trazidos pela fiscalização tributária e que são referendados pela Douta Representação Fiscal às fls. 6864 a 6870:
“14. Ressaltamos que o Parecer Técnico foi apresentado após o Recurso Ordinário e, inclusive, depois da elaboração do parecer da Representação Fiscal de Campinas (fls. 6764/6768).
Mostra-se evidente que o parecer técnico foi apresentado fora do prazo legal previsto no art. 19 da Lei 13.457/09.
15. Acompanhamos o entendimento do AFR autuante (fls. 6831 e ss), no sentido de que não “houve comprovação, nem mesmo a menção, de motivo de força maior ou ocorrência de
fato superveniente que acarretasse a apresentação tardia do parecer” (fl. 6833). Observamos, por exemplo, que: (i) a PWC declara que o “Laudo Técnico demorou 5 meses para se
concluído”; (ii) entretanto, não há qualquer indicação da data em que o referido laudo (Parecer Técnico) foi solicitado nem quando foi efetivamente entregue à empresa “Telefonica”.
16. Destarte, como bem concluiu o AFR à fl. 6838: “Por ofensa ao artigo 19 da Lei nº 13.457/09, o referido parecer não deve ser admitido no processo, sob pena de descumprimento
da lei”.”
13. Normalmente sou um dos julgadores do TIT-SP mais solícitos no que concerne à análise de novos documentos e novas provas, em homenagem ao princípio da verdade material. Todavia,
percebo que no caso, nem sequer houve a menção da produção do referido parecer técnico no Recurso Ordinário, e simplesmente o laudo foi juntado ao processo após o Recurso Ordinário. Em
que pese a decisão de diligência pela 12ª Câmara, entendo que a presente inovação no conjunto probatória não deve ser aceita, até porque o referido laudo técnico não objetiva explicar as
diferenças da autuação fiscal, mas ao meu ver, propor nova metodologia para a autuação.
14. Dessa forma, PROPONHO A PRELIMINAR VOTAÇÃO DA QUESTÃO PRELIMINAR DA JUNTADA DO PARECER TÉCNICO DE FLS. 6770 a 6805, OPINANDO PELO NÃO ACOLHIMENTO DESTAS
PROVAS.
15. Todavia, se for vencido na questão preliminar, e for admitida a inclusão do Parecer Técnico de fls 6770 a 6805, então passarei em próxima sessão a ser designada, a analisar no voto de mérito
os argumentos ali trazidos pela auditoria PricewaterhouseCoopers em conjunto com os argumentos do Recurso Ordinário original de fls. 6764 a 6768.
16. É como voto em relação à questão preliminar da juntada do Parecer Técnico de fls. 6770 a 6805, submetendo meu voto à apreciação de meus pares.
17. Por questões técnico operacionais, registro o voto como de diligência, pedindo o retorno do processo ao relator para proferir o voto de mérito em próxima sessão a ser designada.
Ementa:
ICMS. QUESTÃO PRELIMINAR REFERENTE À JUNTADA DO PARECER TÉCNICO DE FLS. 6770/6805. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL, DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS E
DO FORMALISMO MODERADO. JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL APRESENTADA PELA RECORRENTE. PROVA VÁLIDA, CUJO VALOR DE CONVENCIMENTO DEVERÁ SER AVALIADO NO
EXAME DO MÉRITO. RETORNO DOS AUTOS AO RELATOR.
Relatório e Voto:
Com licença do I. Relator, adoto integralmente seu meticuloso relatório. No entanto, ouso divergir das conclusões do seu voto, pelas razões que passo a expor.
Inicialmente, é imperioso destacar que a previsão contida no artigo 19 da Lei 13.457/2009, principalmente considerando a sua redação em vigor à época em que foi apresentado o recurso
ordinário de fls. 6722/6760 e o Parecer Técnico de fls. 6770/6805, deve ser interpretada à luz dos demais princípios orientadores do processo administrativo-tributário, em especial o princípio da verdade
material, o princípio da instrumentalidade das formas e o princípio do formalismo moderado.
Em relação ao primeiro, Vitor Hugo Mota de Menezes ensina que “Deve ser buscado no processo, desprezando-se as presunções tributárias, ficções legais, arbitramentos ou outros
procedimentos que procurem atender apenas à verdade formal, muitas vezes atentando contra a verdade objetiva, devendo a autoridade administrativa promover de ofício as investigações necessárias à
elucidação da verdade material” (“Teoria Geral do Processo Administrativo Tributário”, in “Direito Processual Tributário”, Manaus: Fiscal Amazonas, Roberta Ferreira de Andrade -coord., 2002, p. 22).
Já quanto ao segundo, Cândido Rangel Dinamarco sustenta que “A instrumentalidade das formas é um método de pensamento referente aos vícios dos atos processuais. A lei diz que certo ato
deve ter determinada forma, pensando no objetivo daquele. (...) O princípio da instrumentalidade das formas prega que, se o ato tiver atingido o seu objetivo (as formas são instrumentos com vistas a
certa finalidade), não importa a inobservância da forma” (in “Cadernos Direito FGV”, volume 07, nº 04, julho/2010, Entrevista 36, p. 18).
No que tange ao princípio do formalismo moderado, Celso Antonio Bandeira de Mello leciona que “traz consigo o repúdio a embaraços desnecessários, obstativos da realização de quaisquer
direitos ou prerrogativas que a ela correspondam. Deveras, o Texto Constitucional, como reiteradamente temos dito, lhe atribui o caráter saliente de ser um dos “fundamentos” da República Federativa
do Brasil (art. 1º, II), além de proclamar que “todo o poder emana do povo” (parágrafo único do citado artigo). Seria um total contra-senso admitir-se o convívio destes preceitos com a possibilidade de
serem levantados entraves ao exame substancial das postulações, alegações, arrazoados ou defesas produzidas pelo administrado, contrapondo-se-lhes requisitos ou exigências puramente formais, isto
é, alheios ao cerne da questão que estivesse em causa” (in “Curso de Direito Administrativo”, 17ª edição, São Paulo: Malheiros, 2003, p. 468-469.)
Em adição, percebe-se às fls. 6820/6821 justificativa bastante plausível para a apresentação tardia do Parecer Técnico de fls. 6770/6805, sendo indene de dúvidas que o prazo de 05 meses
para elaboração do trabalho técnico mencionado às fls. 6821 condiz com a cronologia do processado, pois foi esse aproximadamente o período de tempo transcorrido desde a notificação da Recorrente do
resultado do julgamento de 1ª instância em 06/03/2013 (fls. 6720) – cujo teor indicou a conveniência da produção da prova em questão - e a data da sua apresentação em 22/07/2013 (fls. 6769).
Destaco, outrossim, que a circunstância apontada pelo I. Relator de que o referido laudo técnico não teria por finalidade “explicar as diferenças da autuação fiscal”, mas sim “propor nova
metodologia para a autuação”, é tema inerente ao valor de convencimento daquele documento, relacionado ao exame do mérito recursal, não sendo atinente à preliminar análise da sua admissão ou não
nos autos.
Por essas razões e também tendo em conta a essencialidade da prova em exame para o deslinde da controvérsia, não vejo como desconsiderá-la, até mesmo porque nenhum vício foi
apontado em relação à sua formação.
Assim, data máxima venia, proponho o retorno dos autos ao I. Juiz Relator para exame do Recurso Ordinário de fls. 6722/6760 considerando todas as provas produzidas nos autos, inclusive o
Parecer Técnico de fls. 6770/6805.
DECISÃO DA CÂMARA
RECURSO ORDINÁRIO:
JUÍZES QUE ACOMPANHARAM ESSE VOTO DE PREFERÊNCIA:
Ementa:
ICMS – NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DOS FISCAIS AUTUANTES ESTAREM LOTADOS EM CAMPINAS-SP - COMPETÊNCIA DOS AGENTES FISCAIS DE RENDA (LOTADOS EM TODO O
ESTADO) – POSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO DOS PERÍODOS DE JANEIRO A MARÇO DE 2008 NA MEDIDA EM QUE SE VERIFICOU A MESMA SITUAÇÃO FÁTICA O CONTRIBUINTE JÁ TINHA SIDO
NOTIFICADO REFERENTE À PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO INÍCIO DO PERÍODO 2008 – NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DO LEVANTAMENTO FISCAL SE UTILIZAR DE INFORMAÇÕES DO
DETRAF E DA COMPOSIÇÃO DAS LIGAÇÕES PARA CELULARES - CDR – LEVANTAMENTO FISCAL E MULTA RELATIVA À OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL PELO INCISO
I DO ARTIGO 173 DO CTN – ITEM I - ANÁLISE DE MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO E DO PARECER TÉCNICO – PARECER TÉCNICO COM EXEMPLOS EM TESE E COM LIMITAÇÃO DE ESCOPO, QUE
NÃO ANALISOU ESPECIFICAMENTE AS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO, NADA QUANTIFICOU, E QUE AINDA FEZ AFIRMAÇÕES INCORRETAS SOBRE OS ELEMENTOS CONSIDERADOS
NO AIIM, E QUE NÃO É CAPAZ DE AFASTAR A PRESUNÇÃO RELATIVA DO LEVANTAMENTO FISCAL. – ITEM II – MULTA POR NÃO APRESTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMERCIAIS –- ANÁLISE DE
MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO – CDR´s SÃO DOCUMENTOS COMERCIAIS DO SETOR DE TELECOMUNICACOES E QUE TAMBEM POSSUEM FINALIDADE FISCAL PARA O ICMS – MULTA MANTIDA –
IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAR LEI PAULISTA SOB A ALEGAÇÃO DE CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS, O QUE EQUIVALERIA A ANALISAR A INCONSTICIONALIDADE DA NORMA – JUROS
ACIMA DA SELIC – IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR OS JUROS IMPUTADOS – JUROS QUE OBSERVAM À ESTRITA LEGALIDADE – A LEI Nº 13.918/09, ATRAVÉS DE SEU ARTIGO 11, XIII, “K”, DEU
NOVA REDAÇÃO AO § 9º, DO ARTIGO 85, DA LEI Nº 6.374/89 (§ 9º, DO ARTIGO 527, DO RICMS/00), PRESCREVENDO QUE AS MULTAS PUNITIVAS DEVEM SER CALCULADAS SOBRE OS
RESPECTIVOS VALORES BÁSICOS ATUALIZADOS PELA TAXA PREVISTA NO ARTIGO 96 DA MESMA LEI – IMPOSSIBILIDADE DE DAR RETROATIVIDADE AO NOVO DISPOSITIVO LEGAL DO ARTIGO
85, CONFORME O ARTIGO 144 DO CTN – COMO A AUTUAÇÃO É RELATIVA AO ANO DE 2.009, AS MULTAS DEVEM SER RECALCULADAS SEM A APLICAÇÃO DO DISPOSITIVO DO § 9º DO ARTIGO 85,
DA LEI Nº 6.374/89. – RECURSO CONHECIDO. PROVIMENTO PARCIAL.
Relatório e Voto:
EMENTA- ICMS – NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DOS FISCAIS AUTUANTES ESTAREM LOTADOS EM CAMPINAS-SP - COMPETÊNCIA DOS AGENTES FISCAIS DE RENDA (LOTADOS EM TODO
O ESTADO) – POSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO DOS PERÍODOS DE JANEIRO A MARÇO DE 2008 NA MEDIDA EM QUE SE VERIFICOU A MESMA SITUAÇÃO FÁTICA O CONTRIBUINTE JÁ TINHA SIDO
NOTIFICADO REFERENTE À PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO INÍCIO DO PERÍODO 2008 – NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DO LEVANTAMENTO FISCAL SE UTILIZAR DE INFORMAÇÕES DO
DETRAF E DA COMPOSIÇÃO DAS LIGAÇÕES PARA CELULARES - CDR – LEVANTAMENTO FISCAL E MULTA RELATIVA À OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL PELO INCISO
I DO ARTIGO 173 DO CTN – ITEM I - ANÁLISE DE MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO E DO PARECER TÉCNICO – PARECER TÉCNICO COM EXEMPLOS EM TESE E COM LIMITAÇÃO DE ESCOPO, QUE
NÃO ANALISOU ESPECIFICAMENTE AS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO, NADA QUANTIFICOU, E QUE AINDA FEZ AFIRMAÇÕES INCORRETAS SOBRE OS ELEMENTOS CONSIDERADOS
NO AIIM, E QUE NÃO É CAPAZ DE AFASTAR A PRESUNÇÃO RELATIVA DO LEVANTAMENTO FISCAL. – ITEM II – MULTA POR NÃO APRESTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMERCIAIS –- ANÁLISE DE
MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO – CDR´s SÃO DOCUMENTOS COMERCIAIS DO SETOR DE TELECOMUNICACOES E QUE TAMBEM POSSUEM FINALIDADE FISCAL PARA O ICMS – MULTA MANTIDA –
IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAR LEI PAULISTA SOB A ALEGAÇÃO DE CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS, O QUE EQUIVALERIA A ANALISAR A INCONSTICIONALIDADE DA NORMA – JUROS
ACIMA DA SELIC – IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR OS JUROS IMPUTADOS – JUROS QUE OBSERVAM À ESTRITA LEGALIDADE – A LEI Nº 13.918/09, ATRAVÉS DE SEU ARTIGO 11, XIII, “K”, DEU
NOVA REDAÇÃO AO § 9º, DO ARTIGO 85, DA LEI Nº 6.374/89 (§ 9º, DO ARTIGO 527, DO RICMS/00), PRESCREVENDO QUE AS MULTAS PUNITIVAS DEVEM SER CALCULADAS SOBRE OS
RESPECTIVOS VALORES BÁSICOS ATUALIZADOS PELA TAXA PREVISTA NO ARTIGO 96 DA MESMA LEI – IMPOSSIBILIDADE DE DAR RETROATIVIDADE AO NOVO DISPOSITIVO LEGAL DO ARTIGO
85, CONFORME O ARTIGO 144 DO CTN – COMO A AUTUAÇÃO É RELATIVA AO ANO DE 2.009, AS MULTAS DEVEM SER RECALCULADAS SEM A APLICAÇÃO DO DISPOSITIVO DO § 9º DO ARTIGO 85,
DA LEI Nº 6.374/89. – RECURSO CONHECIDO. PROVIMENTO PARCIAL.
RELATO
1. O Recurso Ordinário (fls. 6722 a 760) visa revisar decisão administração de primeira instância (fls. 6685 a 6718) que manteve autuação por falta de pagamento de imposto apurada por meio
de levantamento fiscal e de infração por falta de entrega de informações ao fisco, conforme AIIM inaugural (fls. 1 a 6586):
“I - INFRAÇÕES RELATIVAS AO PAGAMENTO DO IMPOSTO:
1. Deixou de pagar o ICMS no valor total de R$ 29.114.941,98 (vinte e nove milhões, cento e quatorze mil, novecentos e quarenta e um reais e noventa e oito centavos), nos meses de
outubro de 2007 a março de 2008, conforme indicado no Demonstrativo nº 1, apurado por meio de levantamento fiscal realizado com fundamento no artigo 509 do RICMS combinado
com o §1º do Artigo 144 do Código Tributário Nacional. Nesses meses, foram constatadas diferenças entre a quantidade, em minutos, dos serviços tomados junto às operadoras de
telefonia móvel NEXTEL, TIM e VIVO, por utilização dos meios de rede, e a quantidade, a menor aqui, dos correspondentes serviços retratados nas Contas de Telefone e nas respectivas
Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações dos usuários finais, os clientes da Telefonica. Das diferenças apuradas, foram abatidos os valores referentes ao consumo próprio dos
serviços, informados pelo próprio contribuinte na resposta à Notificação 12 e já objeto de autuação pelo fisco. A infração se demonstra pela composição das contas de telefone de
assinantes apresentadas pela Telefonica, pelos Documentos de declaração de tráfego - DETRAF das operadoras móveis em relação à Telefonica, pelas respectivas Notas Fiscais de
Serviços de Telecomunicações emitidas por essas operadoras para a Telefonica, pelas notificações do fisco, pelas respostas do contribuinte e pelos demais documentos juntados ao
presente AIIM, conforme descrita no Termo Circunstanciado da Ação Fiscal, parte integrante deste auto de infração.
INFRINGÊNCIA: Arts. 58, art. 87, do RICMS (Dec. 45.490/00).
CAPITULAÇÃO DA MULTA: Art. 527, inc. I, alínea "a" c/c §§ 1° e 10°, do RICMS/00 (Dec. 45490/00)
II - OUTRAS INFRAÇÕES
2. Embora regularmente notificado, deixou de informar os registros detalhados de chamadas telefônicas (arquivos CDR - Call Detailed Records), referentes ao período de agosto a
dezembro/2007, informação
necessária à confirmação de prestações de serviços de telecomunicação tomadas junto às operadoras móveis NEXTEL, TIM, VIVO e BCP (CLARO), solicitada em arquivo eletrônico
descrito pelo fisco no item II do Anexo 1 da Notificação nº 1, datada de 16/11/2011. Diante do não atendimento da Notificação nº 1, essa solicitação foi reiterada nas Notificações nº 2,
datada de 19/12/2011 e nº 6, datada de 29/02/2012, esta com prazo de atendimento até o dia 05/03/2012, as quais também restaram não atendidas.
A falta da informação foi prejudicial à verificação fiscal em curso, eis que ela possibilitaria o detalhamento das informações contidas nos arquivos DETRAF (Documento de Declaração de
Tráfego), conforme explicado no Termo Circunstanciado da Ação Fiscal, parte integrante deste auto de infração. Portanto o prazo para a apresentação da informação solicitada terminou
em 05/03/2012. Em reunião com o fisco, em 29/05/2012, o contribuinte foi alertado de que a citada solicitação não fora dispensada. Não tendo havido a apresentação da informação,
restou não atendida a solicitação do Fisco. A base de cálculo para a aplicação da multa foram as NFST emitidas pela operadoras móveis ao autuado relativas ao uso de suas redes de
telecomunicações, totalizando R$1.139.572.382,60 (hum bilhão, cento e trinta e nove milhões, quinhentos e setenta e dois mil, trezentos e oitenta e dois reais e sessenta centavos), as
quais estão relacionadas no Demonstrativo nº 2. A infração é comprovada pela notificações do fisco, pelas NFST relativas ao DETRAF e pelos demais documentos juntados ao AIIM.
INFRINGÊNCIA: Art. 494, do RICMS (Dec. 45.490/00).
CAPITULAÇÃO DA MULTA: Art. 85, inc. XI, alínea "f" c/c §§ 9° e 10°, da
Lei 6.374/89”
2. O Recurso Ordinário (fls. 6722 a 6760) basicamente apresentou as seguintes alegações:
I- Como preliminares:
a) Incompetência das autoridades fiscais fazendárias de Campinas para proceder à fiscalização e lavratura de AIIM, que só poderia ser feita pelas DRTs da capital;
b) Vício no procedimento de fiscalização por impossibilidade de Exigência do ICMS relativo aos Meses de Janeiro a Março de 2008, por entender que as notificações de fiscalização se limitavam ao
ano de 2007;
c) Vicio no fundamento de validade do Auto de Infração lavrado com base em dois documentos de cunho comercial emitidos pela Recorrente: (i) Documento de Declaração de Tráfego (DETRAF) e
(ii) Composição das ligações para celulares registradas nas contas de assinantes da Recorrente, porque em suma entende que essas informações comerciais não constituem documentos fiscais
aptos a apurar a alegada omissão de registro de fatos geradores do ICMS, não têm fé pública e sequer estão enquadradas dentre os documentos que, por si só e sem qualquer análise
complementar da documentação contábil e fiscal do contribuinte, dariam ensejo à formalização de exigências fiscais;
d) Decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de multa referente aos meses de agosto e setembro de 2007 citando o artigo 150, § 4º, do CTN, e aduzindo que os valores referentes à
agosto, setembro e outubro de 2007 não poderiam mais lhes serem exigidos. Também que sobre a infração de descumprimento de obrigação acessória (falta de entrega dos arquivos Call
Detailed Records - CDR), que estas restaram também prejudicadas, haja vista que a cobrança do principal foi afetada pela decadência do crédito tributário.
e) Por diversas razões comerciais, as informações constantes no DETRAF poderão resultar em distorções quando analisadas, isoladamente, para fins de verificação do pagamento do ICMS em
relação a um Estado da Federação em específico, conforme dois exemplos:
e.1) Por exemplo, nas ligações de longa distância realizadas entre códigos de área distintos dentro do Estado de São Paulo. Assim, na hipótese de um cliente de outra operadora (por exemplo, a
CLARO) realizar uma ligação telefônica de longa distância para outro cliente CLARO, mas utilizando-se do código de operadora da “Telefônica - 15”, a Requerente, detentora da receita dessa
chamada, necessitará da cessão dos meios de rede da CLARO para viabilizar essa ligação, conforme ilustrado às fls. 6612. As informações de duração da chamada realizada por meio da cessão
de meios da rede para Requerente será registrado no DETRAF da operadora CLARO, que emitirá a respectiva Nota Fiscal para cobrança do serviço de disponibilização de rede à Requerente.
Contudo, muito embora a Requerente tenha sido a responsável por viabilizar a operação, a ligação efetuada não partiu de um de seus clientes. Consequentemente, as informações de duração
desta chamada serão registradas pela CLARO, na conta de seu cliente, o qual efetivamente fez a ligação telefônica. Por óbvio, a Fiscalização Estadual NÃO conseguirá encontrar os “minutos” da
chamada registrada no DETRAF da operadora CLARO pela cessão de rede à Requerente, nas composições de chamadas das contas de telefone dos clientes DA REQUERENTE, uma vez que, na
situação exemplificativa acima, tais “minutos” foram registrados na conta de telefônica do cliente da operadora CLARO.
e.2) Quando um cliente de outra operadora (exemplo a CLARO) realiza uma ligação telefônica de longa distância para um cliente de uma terceira operadora (exemplo a TIM), mas utilizando-se
do código da operadora “Telefônica – 15”. A Requerente, muito embora novamente detentora da receita dessa chamada, necessitará da cessão dos meios de rede tanto da CLARO quanto da
TIM para viabilizar essa ligação, conforme ilustrado nas fls. 6613. Nesse caso, as informações de duração da chamada realizada por meio da cessão de meios de rede para a Requerente será
registrado tanto no DETRAF da operadora CLARO, quanto no DETRAF da operadora TIM, as quais emitirão as respectivas Notas Fiscais para cobrança dos serviços de disponibilização de redes à
Requerente. Muito embora a Requerente tenha sido a responsável por viabilizar a operação, as informações de duração desta chamada serão registradas pela CLARO, na conta de seu cliente, o
qual efetivamente fez a ligação telefônica. Contudo, a Fiscalização Estadual, ao analisar os DETRAFs fornecidos pela CLARO e pela TIM, contabilizará em dobro a duração referente a apenas
uma chamada, registrada igualmente nos DETRAFs de ambas as operadoras. Em contrapartida, não encontrará esses minutos registrados na conta de telefone de clientes da Requerente, uma
vez que, na situação exemplificativa acima, tais “minutos” também foram registrados na conta de telefônica do cliente da operadora CLARO.
f) As situações acima, se repetiriam em várias outras hipóteses (a exemplo de chamadas de longa distância para outros Estados, para outros países, etc.), reafirmam os argumentos da
Requerente de que não é aceitável que a fiscalização estadual pretenda inferir a ausência de recolhimento de ICMS a partir da comparação dos documentos eminentemente elaborados para fins
comerciais, e que sozinhos não teriam o condão de, verificar a regularidade fiscal da Requerente;
g) Impossibilidade de imputação de multa pela não apresentação de documentos à Fiscalização Estadual, por entender que não haveria na legislação tributária qualquer regra específica que exija
a elaboração e manutenção dos arquivos CDRs pela Requerente, que são registros mais aprofundados dos dados constantes do arquivo DETRAF, utilizados precipuamente nos casos em que há
divergência entre as operadoras de telecomunicações com relação às cobranças pela prestação de serviço de cessão de meios de rede;
h) A abusividade da multa aplicada pois seria inegável que a aplicação de multa correspondente a 10% do valor total das operações ocorridas no período configuraria uma situação abusiva,
extorsiva, expropriatória e confiscatória, em flagrante desrespeito ao artigo 150, IV da CF;
i) A ilegalidade dos juros estaduais, pois defende a inexigibilidade da taxa de juros de mora aplicada no presente Auto de Infração no que exceder a variação da taxa SELIC nesse mesmo
período.
j) Que seria indevida a aplicação da multa sobre o valor “atualizado” do principal e de que haveria impossibilidade de incidência de multa sobre juros. Por essa razão, adotamos o relatório
elaborado pelo d. julgador fiscal, às fls. 6687/6696.
3. O parecer da Representação Fiscal (fls. 6764 a 6768) basicamente recomendou o não-provimento do Recurso Ordinário, pelos motivos principais de mérito de que:
a) Quanto ao item 1 do AIIM, constata-se que a infração decorreu de levantamento fiscal, efetivado nos termos do artigo 509, §§ 1º ao 4º do RICMS/00, abaixo transcritos, cuja diferença
apurada originou-se da inconsistência detectada pelo fisco entre a quantidade em minutos dos serviços tomados junto a operadoras de telefonia móvel, por utilização dos meios de rede, e
a quantidade dos correspondentes serviços constantes nas Contas de Telefone e nas respectivas Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações dos usuários finais (clientes da Telefônica).
Tal fato é comprovado pelo exame de arquivos eletrônicos (composições de chamadas para celulares constantes das contas de telefone) fornecidos pela própria autuada, comparando-os
com as informações dos DETRAF - Documento de Declaração de Tráfego - fornecidos pelas Operadoras de Telefonia Móvel.
b) Tratando-se o caso em análise de presunção “juris tantum”, caberia à autuada desconstituir, documentalmente, as conclusões do levantamento fiscal efetuado, o que não foi feito, em
nenhum momento, tanto em sede de defesa, quanto por ocasião do presente recurso. Nesse ponto, como bem considerou o fisco em sua manifestação, às fls. 6669, ressaltamos que o
contribuinte não trouxe aos autos dados numéricos, nem qualquer informação, contestando tanto as diferenças constatadas, como também os demonstrativos juntados ao AIIM pelo fisco.
c) Com referência ao item 2 do AIIM, ressaltamos que trata a referida acusação de infração regulamentar pelo descumprimento de deveres instrumentais ou obrigações acessórias, onde a
prática do ilícito tributário está plenamente evidenciada pela comprovada não apresentação, por parte da autuada, de arquivos CDR com registros detalhados de chamadas telefônicas,
solicitados pelo fisco, embora tenha sido notificada e renotificada para tal, e a capitulação da infração está adequada à hipótese regulamentar prevista.
4. Posteriormente a interposição do Recurso Ordinário e após o primeiro parecer da Representação Fiscal, a Recorrente simplesmente anexou aos autos nas fls. 6770 a 6805 parecer fornecido
pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda.
5. A 12ª Câmara Julgadora do TIT apresentou naquela oportunidade voto da relatora e voto de preferência pela conversão em diligência (fls. 6813 a6816):
“(...) No caso em tela, o Contribuinte Recorrente anexou ao seu Recurso Ordinário espécie de parecer, emitido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda., e que
trata sobre a metodologia utilizada pelo Fisco Paulista para efetivar a presente autuação com base no documento DETRAF (Documento de Declaração de Tráfego), nas contas
telefônicas e na falta de fornecimento do arquivo CDR (Call Detailed Records).
Assim, em homenagem ao princípio do contraditório e percebendo que o Ilustre AFR Autuante não teve a oportunidade de se manifestar acerca de referido parecer anexado
aos autos pelo Contribuinte, proponho a conversão deste julgamento em diligência ao AFR Autuante para que o mesmo se manifeste acerca do parecer constante às folhas
6.772 e seguintes dos autos.
Faço isso porque entendo que referido Parecer revela complexidade suficiente a ensejar o seu tardio encartamento aos autos, sendo notória, no caso em tela, a
impossibilidade de produção de parecer técnico nos 30 (trinta) dias concedidos ao Contribuinte para a apresentação de sua defesa. Além disso, levo em consideração, ainda,
que o presente AIIM foi lavrado com base no artigo 509 do RICMS/00.
Após, à D. Representação Fiscal para manifestação.
Sala das Sessões, 02 de abril de 2014.
Gisele Borghi Bühler de Lima JUÍZA RELATORA
(...)
1. - Acompanho o voto da D. Relatora, complementando com minha sugestão de que, em face da regra inserta no artigo 19 da Lei nº 13.457/2009, a diligência seja
implementada na forma abaixo: - primeiramente com a notificação do contribuinte para que justifique a apresentação tardia do Parecer Técnico; - em seguida com a
remessa dos autos ao D. Agente Fiscal autuante, para que se manifeste sobre a justificativa que vier a ser oferecida e também sobre o conteúdo do Parecer Técnico
mencionado; e - finalmente, com a devolução dos autos a esta Câmara para conclusão do julgamento, não sem a prévia passagem pela D. Representação Fiscal.
Sala das Sessões, em 2 de abril de 2014.
Carlos Americo Domenenghetti Badia
Juiz com pedido de voto de preferência”
6. Em seguida, houve novo parecer da D. Representação Fiscal (fls. 6864 a 6870) a qual opinou no sentido de que não “houve comprovação, nem mesmo a menção, de motivo de força maior ou
ocorrência de fato superveniente que acarretasse a apresentação tardia do parecer”, sendo que: (i) a PWC declara que o “Laudo Técnico demorou 5 meses para se concluído”; (ii) entretanto,
não há qualquer indicação da data em que o referido laudo (Parecer Técnico) foi solicitado nem quando foi efetivamente entregue à empresa “Telefonica”. Entende que por ofensa ao artigo 19
da Lei nº 13.457/09, o referido parecer não deve ser admitido no processo, sob pena de descumprimento da lei. E que caso seja admitido o parecer, a partir da fl. 6838, o AFR fez uma análise
minuciosa, apontando diversas falhas, inconsistências e limitações, de modo que o Parecer Técnico, juntado nesta fase processual, não traz elementos aptos e suficientes para ilidir a autuação
ou desqualificar o trabalho fiscal.
7. Nesse sentido, apresentei voto preliminar pela não admissibilidade do parecer. Tendo sido vencido, e se definido por maioria a necessidade da análise do conteúdo do parecer, passo no meu
voto de mérito a analisar o parecer fornecido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda nas fls. 6770 a 6805.
8. Nesse sentido, o parecer fornecido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda nas fls. 6770 a 6805 apresentou como principais pontos:
a) Concorda que nos termos do artigo 8° do Anexo XVII do Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo (Decreto n° 49·950/ 2000), nos casos de cessão onerosa de meios
de redes de telecomunicações a outras empresas de telecomunicações, na hipótese da cessionária utilizar tais meios para prestar serviços aos seus próprios usuários, o
ICMS fica diferido para a ocasião em que o serviço for cobrado do usuário final. Ou seja, a operadora que for detentora da receita é responsável por remunerar as outras
operadoras que cederam suas redes, devendo, assim, cada operadora, pagar às outras operadoras pelo uso das suas redes (e também recebendo das outras operadoras pelo
uso da sua própria rede, quando cabível). O acerto de contas entre as operadoras é feito através do Documento de Declaração de Tráfego e de Prestações de Serviços –
DETRAF. Contudo, no parecer tentar demonstrar que é muito complexo o processo de encontro de contas entre as empresas operadoras de serviços de telecomunicação para fins de
faturamento de público, entendendo que o levantamento fiscal não seria adequado para tratar todos os detalhes desse processo de interconexão e sua ligação com as regras de faturamento.
b) Apresenta na parte B do parecer uma explicação sobre interconexão e sobre os tipos de faturamento, sendo que ao final, concluí que: (i) nem toda chamada que gera remuneração pelo
uso de meios de redes possui uma nota fiscal de serviço de telecomunicação (como por exemplo, os casos de co-billing e queima de créditos); (ii) em alguns cenários, há
possibilidade de ter mais minutos de remuneração pelo uso de redes do que minutos associados ao faturamento direto (como por exemplo, as chamadas de longa distância
originadas e terminadas em redes de operadoras distintas); e (iii) Os casos de erros de validação de cenários e a fraude podem gerar distorções entre os minutos faturados e
os minutos associados à remuneração pelo uso de meios de redes.
c) Apresenta na parte C do parecer uma explicação sobre a complexidade dos Sistemas e das regras de negócio, sendo que ao final, concluindo que: que não é possível fazer uma
associação direta entre os minutos apresentados pela operadora credora na interconexão e os minutos faturados como receita de público, pois existem vários eventos que
geram perdas nos processos de interconexão, tais como: falhas na coleta de informações via CDR; regras de negócios distintas para fins de interconexão e para fins de
receita de público; contestação de minutos por parte das operadoras envolvidas; fraudes nos TUP (terminal de uso público) etc.
d) Apresenta na parte D do parecer uma explicação sobre os processos de interconexão e faturamento, apontando que: i) observa-se um alto nível de contestação neste relacionamento, ou seja,
a Operadora Credora apresenta um determinado valor pelo uso de sua rede de acordo com os diversos tipos de tráfego e a Operadora Devedora, ao conciliar esta informação com seus dados
internos, não chega ao mesmo montante, gerando assim a contestação. ii) a complexidade desse processo é enorme em virtude de uma topologia de rede complexa, com elementos de rede de
diversas gerações e fabricantes, com regras de negócios distintas, complexas e dinâmicas. Estes fatores, por si só, inserem erros no processo que, por mais ferramentas de diagnóstico que as
empresas desenvolvam para minimizar os erros e consequentemente as perdas, temos um percentual de chamadas que efetivamente geram custos de interconexão e que por vezes não
conseguem ser faturadas. iii) que em face dos inúmeros cenários de tráfego, existe mais tráfego na rota de interconexão do que o cobrado do Cliente; e as chamadas que não circulam nas rotas
de interconexão passíveis de faturamento vão para a conta do cliente não sendo possível fazer uma relação direta entre o tráfego faturado com ou sem cessão de uso de meios de redes de
outras operadoras. iv) alguns casos os cenários em discussão ensejam pagamentos de remunerações de redes que por vezes serão discutidos em ambiente de solução de conflitos e, desta
forma, não necessariamente houve faturamento de público associado. v) para se confirmar a impossibilidade de se proceder a qualquer tipo de comparativo direto entre os minutos trafegados
na interconexão com os minutos de faturamento de público, importante destacar que também existem perdas nos processos de faturamento. vi) verificou-se, com base nos documentos a
nós fornecidos, que as informações prestadas às autoridades fiscais contemplaram somente as chamadas móvel faturadas; os valores de críticas de Co-Billing, fraude,
contestações de DETRAF's e o percentual de perda na cadeia de receita não foram considerados.
e) Apresenta a seguinte conclusão: “Considerando o acima exposto, podemos concluir que as divergências apresentadas pela Fazenda do Estado de São Paulo, no bojo do AIIM no
4.012.236-o apontam para indícios de ausência de faturamento, os quais, para serem confirmados, carecem de um estudo profundo acerca de cada uma das situações e cenários
expostos no presente trabalho. Por outro lado, verificamos que alguns conceitos não foram considerados quando do fazimento do referido auto de infração, destacando os
seguintes: a) As diferenças de processos entre o DETRAF e o faturamento de público; b) Os valores de faturamento processados via co-billing; c) Os valores de faturamento
em serviços com pré-pagamento (telefone de uso público, planos pré-pagos e serviços com franquias); e d) As perdas nos processos de faturamento, interconexão e as
perdas por fraude. Desta forma, a comparação simples e objetiva entre os minutos contidos nos DETRAF's e os minutos de faturamento de público não pode, em hipótese alguma, ser utilizada
como fundamento para concluir que a Telefônica deixou de recolher o ICMS sobre as prestações de serviços de telecomunicação, nos quais houve a cessão de meios de redes entre a Telefônica
Brasil S.A. e outras operadoras de serviços de telecomunicação (NEXTEL, TIM e VIVO)” (G.N.).
f) Apresenta por fim resposta aos seguintes quesitos formulados no parecer:“1 - "Há diferenças entre os minutos de ligação correspondentes à cessão de meio de rede da NEXTEL, TIM, e VIVO
para a Telefônica e os minutos de ligação fornecidos a consumidores (clientes ou não da Telefônica)?" Sim. Os aspectos técnicos que justificam a existência de tais diferenças estão
detalhadamente descritos no item D ("Dos Processos de Interconexão e de Faturamento").
2 - "Os minutos registrados nos DETRAFs da NEXTEL, TIM, e VIVO como cedidos à Telefônica deverão necessariamente corresponder aos minutos registrados nas contas de telefone apenas dos
clientes da Telefônica?"
Não. Conforme detalhamento exposto no item D ("Dos Processos de Interconexão e de Faturamento"), nem todos os minutos trafegados são faturados, pois existem chamadas
gratuitas (0800) e ligações de 3 dígitos (191) que constam nos DETRAF's, mas que não geram faturamento, bem como as contestações de DETRAF, as críticas de Co-Billing,
as Fraudes e, por fim, as Perdas no ciclo de receita da operadora.
3 -"Caso a resposta ao "item 2" acima seja negativa, é possível identificar as razões pelas quais os minutos registrados nos DETRAFs da NEXTEL, TIM, e VIVO como cedidos à Telefônica não irão
corresponder aos minutos registrados nas contas de telefone apenas dos clientes da Telefônica?"
Sim. As razões pelos quais os minutos registrados nos DETRAF's pelas demais operadoras e cedidos à Telefônica Brasil S.A. não correspondem aqueles faturados a seus clientes estão descritas
no item B ("Da Interconexão e dos Tipos de Faturamento"). Verificamos que as informações prestadas ao Fisco contemplaram somente as chamadas Móvel Faturadas. Os valores
de críticas de Co-Billing, fraude, contestações de DETRAF's e percentual de perda na cadeia de receita não foram considerados (vide comentários no item F acima).
4 - "É possível afirmar que os minutos registrados nos DETRAFs da NEXTEL, TIM, e VIVO como cedidos à Telefônica poderão ser registrados nas contas de telefone de clientes de outras
operadoras (NEXTEL, TIM, VIVO e CLARO). Se sim, por quais motivos?"
Sim, desde que selecionados determinados cenários que possibilitem tal análise. Por exemplo: um cliente TIM de Brasília (61) realiza uma chamada para um número da Telefônica em SP,
utilizando como CSP (Código de Seleção de Prestadora) 015 (Telefônica). A detentora da receita é a Telefônica, que irá remunerar a TIM pelo uso de parte da rede. A Telefônica irá enviar a
chamada para que a TIM insira na fatura do cliente TIM. O recolhimento de imposto acontecerá em Brasília, isto é, na origem.
5 - "É possível identificar os motivos que resultaram na conclusão da Fiscalização Estadual de que os minutos registrados no DETRAF da CLARO como cedidos à Telefônica são menores do que
os minutos registrados nas contas de telefone apenas dos clientes da Telefônica?"
Como se observa dos comentários constantes do presente estudo, no processo de DETRAF, cada operadora gera as suas expectativas de Receita e de Despesa e, nesse caso, seria
possível que a Claro tenha contestado os números apresentados, por não concordar com os números apresentados pela Telefônica.
6 - "É possível afirmar, com base no trabalho realizado pelas autoridades fiscais estaduais, que se limitou à análise dos documentos comerciais da empresa (Detraf e outros), que houve
ocultação de fatos geradores do ICMS por parte da Telefônica no período objeto do AIIM? Em outras palavras, é possível alegar a ocultação de fatos geradores do ICMS sem a análise dos livros
fiscais da companhia e sua contabilidade?"
Com base nos documentos mencionados no item 2 desse laudo, não podemos concluir que houve ocultação de fatos geradores do ICMS, o que significaria que a operadora prestou os serviços
sem a emissão das faturas correspondentes aos respectivos clientes e, consequentemente, não teria registrado a receita referente a estes serviços. Os livros fiscais da companhia e sua
contabilidade são utilizados para refletir tais operações através do registro das notas fiscais emitidas a clientes. Sendo assim, sem a análise dos referidos documentos fiscais não há subsídio
para concluir-se que a empresa ocultou fatos geradores do ICMS no período abrangido pelo AIIM em comento.”
9. Por sua vez, às fls. 6828 a 6860, a fiscalização autuante se pronunciou sobre o parecer técnico produzido pela auditoria externa da PwC concluindo quanto ao conteúdo nos seguintes termos:
a) a PWC restringe o escopo da sua análise (uso de bases amostrais, sem conferir documentação de suporte e cálculos, sem garantia da exatidão das informações
analisadas). Por consequência, o alcance de todas as suas conclusões é bastante limitado.
b) A PWC analisa as situações em tese, formulando hipóteses, sem abordar objetivamente as prestações de serviço do contribuinte e as diferenças apuradas pelo Fisco.
c) Demonstra grave desconhecimento sobre o trabalho fiscal, ao analisar e criticar situações que foram deixadas de fora do escopo do trabalho (ligações de longa
distância, co-billing, cenários de chamadas que não geram faturas).
d) Apura, precariamente, um percentual de perdas, que não é apurado mensalmente e nem por operadora, e que não existe no laudo técnico uma forma de se verificar
como foi calculado. Ademais não comprova a falta de onerosidade do contrato de telecomunicação e que estas situações efetivamente afastariam a incidência do imposto.
e) Parece ignorar a sistemática do levantamento fiscal. Não leva em conta que foi a falta de prestação de informações pelo contribuinte que acarretou a apuração das diferenças por
levantamento fiscal, em vez da identificação por cada prestação de serviço.
f) Além disso, todas as críticas feitas, advindas de análises em tese e hipóteses, não afastam as diferenças apuradas pelo Fisco e, na verdade, nem mesmo chegam a
questioná-las objetivamente.
g) O se extrai do parecer é justamente a possibilidade de ocorrerem diferenças (que devem ser tributadas) como a apontada pelo fisco.
VOTO
NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DOS FISCAIS AUTUANTES ESTAREM LOTADOS EM CAMPINAS-SP - COMPETÊNCIA DOS AGENTES FISCAIS DE RENDA (LOTADOS EM TODO O ESTADO) –
POSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO DOS PERÍODOS DE JANEIRO A MARÇO DE 2008 NA MEDIDA EM QUE SE VERIFICOU A MESMA SITUAÇÃO FÁTICA O CONTRIBUINTE JÁ TINHA SIDO NOTIFICADO
REFERENTE À PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO INÍCIO DO PERÍODO 2008.
11. Primeiramente, passo à análise das questões preliminares suscitadas no Recurso Ordinário (fls. 6722 a 6760).
12. Preliminarmente no que concerne à competência dos agentes fiscais de rendas (setorial de telecomunicações), lotados em Campinas- SP para realizar uma autuaçÃo fiscal de empresa situada
em São Paulo-SP, a alegação da nulidade suscitada pela Recorrente não deve prosperar por três fundamentos essenciais.
13. Primeiramente, a norma infralegal trazida pela ora Recorrente, Portaria CAT n° 141/2011, diz respeito à área territorial dos Postos Fiscais para fins de cumprimento de obrigações fiscais pelos
contribuintes do ICMS, sendo que em nenhum momento dispõe sobre a competência por área de atuação dos agentes fiscais de renda do Estado de São Paulo. É pacífico o entendimento neste
Tribunal administrativo de que a competência dos agentes fiscais autuantes é inerente ao cargo que exercem e não ao órgão em que estão lotados, em consonância com o artigo 2° da Lei
Complementar n° 1.059/2008 e ao artigo 72 da Lei Estadual 6.374/1989, podendo, portanto, exercer a fiscalização e lavratura de autos de infração em todo o Estado de São Paulo:
"Artigo 2º - Ao Agente Fiscal de Rendas compete exercer, privativamente, a fiscalização direta dos tributos estaduais e as funções relacionadas com a coordenadoria, direção,
inspeção, controle da arrecadação de tributos, chefia, encarregatura, supervisão, assessoramento, assistência, planejamento da ação fiscal, consultoria e orientação tributária,
representação junto a órgãos julgadores, julgamento em primeira instância do contencioso administrativo tributário, correição da fiscalização tributária, gestão de projetos
relacionados à administração tributária, planejamento estratégico da Coordenadoria da Administração Tributária, e outras atividades ou funções que venham a ser criadas por
lei ou regulamento."
"Da Administração Tributária
Artigo 72 - A administração tributária tem por atribuição fazer cumprir a legislação relativa aos tributos de competência estadual, devendo adotar, na sua consecução,
procedimentos que estimulem o atendimento voluntário da obrigação legal, reduzam a inadimplência e reprimam a sonegação, tais como a educação fiscal, a orientação de
contribuintes, a divulgação da legislação tributária, a fiscalização e a aplicação de penalidades. (Redação dada ao artigo pela Lei 13.918, de 22-12-2009; DOE 23-12-2009) §
1º - A fiscalização compete, privativamente, aos Agentes Fiscais de Rendas que, no exercício de suas funções, deverão, obrigatoriamente, exibir ao contribuinte documento de
identidade funcional fornecido pela Secretaria da Fazenda. (...)"
14. Ademais, já foi firmado o posicionamento de que não há nulidade neste caso (auditores fiscais lotados em Campinas em setorial específica de telecomunicações autuarem estabelecimento com
inscrição estadual em São Paulo), em outros AIIMs da própria Recorrente, como se percebe do exemplo colacionado abaixo:
"Como já alertou o I. Julgador e o I. Representante Fiscal, a área territorial de atuação das delegacias não guarda qualquer relação com a área de atuação do Agente Fiscal de
Rendas, pois este, embora lotado em uma Delegacia, pode exercer suas atividades fora dela, mesmo porque há fiscalização por setores, que obrigam atuação conjunta de
Agentes Fiscais de Rendas de várias delegacias e fiscalizações por operações que envolvem várias delegacias. O imposto abrange operações envolvidas neste e em outros
Estados, não sendo factível limitar, por área territorial, a competência dada ao Agente Fiscal pela legislação e já indicada pelo Julgador:
Para uma visão mais ampla sobre o assunto, cabe observar que o Regulamento do imposto, em seu artigo 490, assim ensina:
'ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
TÍTULO I - DA FISCALIZAÇÃO
CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA
Artigo 490 - A fiscalização do imposto compete privativamente ao Agente Fiscal de Rendas que, no exercício de suas funções, deverá, obrigatoriamente, exibir ao contribuinte
sua cédula funcional, fornecida pela Secretaria da Fazenda (Constituição Federal, art. 37, XVIII, Código Tributário Nacional, art. 200, Constituição Estadual, art. 115, XX, Lei
6.374/89, arts. 72 e 73).'
Continuando, o artigo 2º da Lei Complementar número 1059/2008, que trata sobre o regime de trabalho e remuneração dos ocupantes do cargo de Agente Fiscal de Rendas,
dispõe que:
'Artigo 2º - Ao Agente Fiscal de Rendas compete exercer, privativamente, a fiscalização direta dos tributos estaduais e as funções relacionadas com a coordenadoria, direção,
inspeção, controle da arrecadação de tributos, chefia, encarregatura, supervisão, assessoramento, assistência, planejamento da ação fiscal, consultoria e orientação tributária,
representação junto a órgãos julgadores, julgamento em primeira instância do contencioso administrativo tributário, correição da fiscalização tributária, gestão de projetos
relacionados à administração tributária, planejamento estratégico da Coordenadoria da Administração Tributária, e outras atividadesou funçõesque venham a ser criadaspor lei
ou regulamento.'
Por outro lado, a Lei 6.374/89, em seus artigos 72 e 75 deixa clara a competência do Agente Fiscal, não limitando sua atuação pela lotação do mesmo. Confira-se:
'Artigo 72 – A fiscalização compete, privativamente, aos Agentes Fiscais de Rendas que, no exercício de suas funções, deverão, obrigatoriamente, exibir ao contribuinte
documento de identidade funcional fornecido pela Secretaria da Fazenda.'
'Artigo 75 – Não podem embaraçar a ação fiscalizadora e, mediante notificação escrita, são obrigados a exibir os impressos, os documentos, os livros, osprogramas e os
arquivosmagnéticos relacionados com o imposto e a prestar informações solicitadaspelo fisco:'
Assim, o auto de infração lavrado no Posto Fiscal de Campinas, por Agentes Fiscais que podem ou não estar lotados naquela Unidade, é válido." (TIT - 15ª CÂMARA
JULGADORA - Processo Eletrônico AIIM nº 4.017.580-7 - Recurso Ordinário (Recorrente TELEFONICA BRASIL S.A.) - Julgamento em 04/11/2013).
15. Em terceiro lugar o contribuinte possui Inscrição Estadual Única, prevista no artigo 2º, inciso I, do Anexo XVII do RICMS (EMPRESAS DE COMUNICAÇÕES)" e "pela regra, como forma de
simplificação das obrigações fiscais, embora o contribuinte possua diversos estabelecimentos localizados neste Estado, apenas um deles estará inscrito no Cadastro de Contribuintes do ICMS,
sendo que todos os demais estabelecimentos também se valem dessa Inscrição Estadual Única na sua atividade, inclusive os situados no Município de Campinas, razão pela qual, de fato, não há
qualquer dificuldade, em razão de localização, no atendimento ao fisco pelo contribuinte.
16. Portanto, os agentes fiscais de renda do Estado de São Paulo que elaboraram a presente autuação são competentes para o referido ato administrativo, conforme explanado nos subitens acima,
não havendo nenhuma nulidade de competência quanto ao presente ato administrativo.
17. Ademais, não assiste razão à Recorrente para se impossibilitar a autuação dos meses de janeiro a março de 2008, na medida em que a fiscalização se deparou com a mesma situação fática
referente aos períodos de 2007 e de que há nos autos notificações referente ao início do ano de 2008 (por exemplo, às fls. 132). Além disto, como observado pelo Fisco autuante (fls. 6672) o
próprio contribuinte, no curso da fiscalização, apresentou ao fisco os arquivos de composição das Contas de Telefone até março de 2008, relativas às ligações ocorridas até dezembro de 2007.
NÃO HÁ NULIDADE NO AIIM PELO FATO DO LEVANTAMENTO FISCAL SE UTILIZAR DE INFORMAÇÕES DO DETRAF E DA COMPOSIÇÃO DAS LIGAÇÕES PARA CELULARES - CDR.
18. Ademais, a Recorrente alega vício no fundamento de validade do Auto de Infração lavrado com base em dois documentos de cunho comercial emitidos pela Recorrente: (i) Documento de
Declaração de Tráfego (DETRAF) e (ii) Composição das ligações para celulares registradas nas contas de assinantes da Recorrente, porque em suma entende que essas informações comerciais
não constituem documentos fiscais aptos a apurar a alegada omissão de registro de fatos geradores do ICMS, não têm fé pública e sequer estão enquadradas dentre os documentos que,
poderia dar ensejo a formalização de exigências fiscais.
19. Neste sentido, veja que as Contas de Telefone de Assinantes da Telefônica são documentos comerciais que correspondem às Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações - NFST, ou seja,
para cada conta de telefone emitida, também é emitida a correspondente NFST. Assim, os valores de ligações registrados nas contas de telefone devem estar computados nos totais que
constam das NFST. Conforme mencionado no Relatório Circunstanciado anexo ao AIIM nos itens 3.27 a 3.31, os campos da NFST apresentam somente o somatório de todas as chamadas
(quantidade e valores totais), não apresentando cada chamada individualmente. Além disso, não são informadas as operadoras de destino relativas a cada chamada para telefone celular,
nem mesmo um sumário por operadora. Portanto, verifica-se claramente que a conta do assinante apresenta um nível de detalhamento muito maior do que a NFST, contendo
informações relevantes sobre cada chamada efetuada. Além disso, a conta de telefone do assinante é efetivamente um documento comercial previsto e utilizado nos contratos de prestação
de serviços da Telefônica aos seus clientes, e que registra informações importantes relacionadas a prestação dos serviços de comunicação, inclusive quanto ao ICMS, efetivamente de
interesse da fiscalização.
20. Ademais, conforme foi muito bem explanado no relatório circunstanciado produzido pelos fiscais da autuação o DETRAF e o registro detalhado de chamados são documentos comerciais, bem
como possuem finalidade fiscal no controle do ICMS do setor de telecomunicações – e, portanto, podem ser também plenamente utilizados pela fiscalização de tributos (ademais quanto ao
ICMS):
“3.2.O DETRAF e o CDR são documentos utilizados pelas empresas de telecomunicação, para determinação da remuneração pela cessão de meios de rede, no
âmbito dos contratos de Interconexção.
3.3. A Interconexão, segundo o Regulamento Geral de Interconexão - RGI, Anexo à Resolução no 410, de 11/07/2005, da Anatel, é a “ligação de Redes de Telecomunicações
funcionalmente compatíveis, de modo que os Usuários de serviços de uma das redes possam comunicar-se com Usuários de serviços de outra ou acessar serviços nela
disponíveis”.
3.4.O contrato de Interconexão, de livre negociação entre as partes, cuja eficácia depende de homologação pela Anatel, deve prever, dentre outras coisas, as
formas de acerto de contas entre as partes. A minuta do contrato padrão de Interconexão de cada prestadora de Serviços de Telecomunicações deve constar do
documento de Oferta Pública de Interconexão, que descreve as condições e demais informações para o estabelecimento da Interconexão, ao qual deve ser dada
ampla publicidade. As condições para Interconexão devem observar, como princípio, o tratamento não discriminatório dos solicitantes.
3.5.Nos contratos de Interconexão, ao tratarem das formas de acerto de contas entre as partes, existe a previsão da utilização do Documento de Declaração de
Tráfego – DETRAF. Esse documento foi definido e detalhado na Norma n. 26/96 do Ministério das Comunicações, devendo servir de base para o encontro de contas
pela remuneração de uso das Redes no provimento de Chamadas Inter-redes, entre as Entidades envolvidas. Há previsão, inclusive, de que os valores do
DETRAF deverão explicitar os impostos, taxas e contribuições incidentes, em consonância com a legislação pertinente ao assunto.
3.6.Na Oferta Pública de Interconexão disponível no sítio da Telefônica (http://www15.telefonica.com.br/residencial/popup_oferta.htm),
consultada em 22/03/2012, está disponível o “Anexo 10 – Apresentaçãoo e Forma de Pagamento do DETRAF”, onde está prevista a forma de elaboração e
apresentação do DETRAF.
3.7.Na parte que trata dos “Procedimentos para Contestação e Conciliação do DETRAF”, está previsto que, após 15 dias da apresentação da contestação pela Entidade
Devedora, não havendo consenso entre esta e a Entidade Credora, “as PARTES deverão permutar todos os CDR que compuseram o DETRAF objeto da contestação
ou ainda acordar critérios para seleção dos CDR a serem permutados, num prazo máximo de até 40 (quarenta) dias, contados a partir da data da
apresentação da contestação conforme item 4.4.1 deste Anexo” (item 4.4.4 – nosso grifo).
3.8. Está previsto, ainda, como se dará o processo de conciliação:
“4.4.6 As PARTES de posse dos CDR deverão efetuar a conciliação destes com seus próprios CDR, em até 50 (cinquenta) dias do seu recebimento.
4.4.7 As PARTES em comum acordo poderão definir os procedimentos para o processo de conciliação. Na ausência de acordo específico, as PARTES deverão adotar os
critérios descritos no Apêndice F (Procedimentos de Conciliação de CDR) deste Anexo.” (nossos grifos)
3.9.O DETRAF e o CDR adotados pela Telefônica e as outras prestadoras de serviços de telecomunicações foram padronizados pela Associação Brasileira de Recursos em
Telecomunicações (ABR Telecom), conforme demonstram os documentos disponíveis no sítio da entidade (http://www.abrtelecom.com.br/grupos/login_detraf.php),
consultados em 13/02/2012, especialmente o “Acordo de Adesão das Prestadoras do SMC ao Código de Conduta das Prestadoras do STFC Relativo à
Remuneração pelo Uso de suas Redes”, com seu “Anexo 1 – Padronização de DETRAF Móvel”.
3.10. Tem-se, portanto, que tanto o DETRAF, quanto o CDR, são documentos comerciais previstos nos contratos de interconexão, sendo instrumentos utilizados para
determinação da remuneração pela cessão de meios de rede.
3.11. Além disso, o DETRAF foi adotado como “documento de controle relacionado com o imposto devido pelas empresas de telecomunicação, que deverão conservá-lo
durante o prazo previsto no artigo 202 deste regulamento, para exibição ao fisco” (artigo 7?, do Anexo XVII, do RICMS, na redação vigente na época dos fatos, no
ano de 2007).
3.12. Verifica-se que o DETRAF totaliza os valores das chamadas e, sendo o caso de ICMS não diferido, totaliza também os valores de ICMS, conforme
observamos, por exemplo, no “Layout do DETRAF”, documento anexo à Oferta Pública de Interconexão disponível no sítio da Telefônica: (...)
3.13. O CDR, o registro detalhado de chamadas, embora não tenha sido adotado como documento de controle, apresenta informações pormenorizadas sobre os
valores de chamadas que foram totalizados no DETRAF. Observe-se que cada chamada nada mais é do que uma prestação de serviço de telecomunicações. (...)”
21. Portanto, não há nulidade do Auto de Infração lavrado com base em dois documentos de cunho comercial emitidos pela Recorrente: (i) Documento de Declaração de Tráfego (DETRAF) e (ii)
Composição das ligações para celulares registradas nas contas de assinantes da Recorrente, vez que estes são documentos comerciais do setor de telecomunicações, bem como possuem
adicionalmente finalidade fiscal no controle do ICMS do setor de telecomunicações.
LEVANTAMENTO FISCAL E MULTA RELATIVA À OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL PELO INCISO I DO ARTIGO 173 DO CTN.
22. A Recorrente ainda alega que haveria decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de multa referente aos meses de agosto e setembro de 2007 citando o artigo 150, § 4º, do CTN, e
aduzindo que os valores referentes à agosto, setembro e outubro de 2007 não poderiam mais lhes serem exigidos. Também que sobre a infração de descumprimento de obrigação acessória
(falta de entrega dos arquivos Call Detailed Records - CDR), que estas restaram também prejudicadas, haja vista que a cobrança do principal foi afetada pela decadência do crédito tributário.
Basicamente alega às fls. 6738 e 6749 que:
“66. (...) Tanto isso é verdade que no item I da autuação fiscal, relativa à cobrança de diferenças de recolhimento do ICMS, foi abrangido apenas o período a partir de outubro
a dezembro de 2007. No entanto, no item II da autuação fiscal, relativa à exigência de multa pela não entrega de documentos, incompreensivelmente foi abrangido o período
a partir de agosto de 2007.
(...)
71. Ante o exposto, restou amplamente demonstrado que deve ser cancelado ao menos a multa relativa aos meses de agosto a outubro de 2007, referente ao item II do
AIIM, uma vez que sobre ela se operaram os efeitos da DECADÊNCIA, nos termos do artigo 156, inciso V, do CTN. (...)”
23. Neste sentido, noto que quanto à primeira infração do item I, de fato a infração por levantamento fiscal englobou apenas a partir do mês de outubro de 2.007, e portanto, seja pela contagem do
artigo 150, § 4º, do CTN ou seja pela contagem do artigo 173, inciso I do CTN, em nenhuma das hipóteses ocorreu a decadência quanto ao item I da infração. Ademais, no caso de falta de
pagamento do imposto nos casos de levantamento fiscal (objeto do item I da infração) é pacífico o entendimento do TIT-SP de que a contagem se faria pelo artigo 173, inciso I do CTN:
“DRT03-40765455-8/2016 06/06/2017 Recurso Especial. Ementa: ICMS – FALTA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO APURADO POR LEVANTAMENTO FISCAL – OPERAÇÃO CARTÃO
VERMELHO MÉRITO Há paradigma para suportar a tese fazendária, de que o termo inicial da contagem do prazo decadencial para infração de falta de pagamento do imposto
apurado por levantamento fiscal é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Faz-se necessário aguardar o encerramento do
exercício para que o levantamento fiscal possa ser efetuado. Assim, o termo inicial para o exercício de 2010 é o primeiro dia do exercício de 2012. A notificação da lavratura
do auto de infração ocorreu em março de 2016. Não houve o decurso do prazo de cinco anos para a configuração da decadência. RECURSO FAZENDÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO
1B-9028331/2000 19/03/2008 4/03/2008Recurso Especial ICMS. FALTA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO APURADO POR MEIO DE LEVANTAMENTO FISCAL. A decadência não
restou configurada. Aplica-se o inciso I do artigo 173 do CTN, para o caso de falta de pagamento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal. Nestes autos, houve a
comprovação da omissão de receita. Não havendo emissão de nota fiscal, não se pode falar em atividade do contribuinte no sentido de formalização do lançamento, tampouco
em antecipação de pagamento. Inaplicável, portanto o § 4º do artigo 150 do CTN. Há paradigmas para demonstrar o necessário dissídio jurisprudencial. RECURSO
CONHECIDO. PROVIDO. DECISÃO NÃO UNÂNIME.”
24. Todavia, a segunda infração (item II) versa somente sobre obrigações acessórias de deixar de informar os registros detalhados de chamadas telefônicas (arquivos CDR - Call Detailed
Records), referentes ao período de agosto a dezembro/2007, informação necessária à confirmação de prestações de serviços de telecomunicação tomadas junto às operadoras móveis
NEXTEL, TIM, VIVO e BCP (CLARO), solicitada em arquivo eletrônico descrito pelo fisco no item II do Anexo 1 da Notificação nº 1, datada de 16/11/2011. Como foi informado às 1 do AIIM,
diante do não atendimento da Notificação nº 1, essa solicitação foi reiterada nas Notificações nº 2, datada de 19/12/2011 e nº 6, datada de 29/02/2012, esta com prazo de atendimento
até o dia 05/03/2012, as quais também restaram não atendidas. Apesar de ter se esgotado o prazo de atendimento da Recorrente em Março de 2012, somente em Outubro de 2012 é que foi
lavrada a autuação pela não entrega destes documentos comerciais. Neste caso, a Recorrente pede que seja aplicado o artigo 150, § 4º, do CTN, de modo a afastar a cobrança da multa sobre
os meses de agosto a setembro de 2007, referente ao item II do AIIM. Por outro lado, se houver a contagem do prazo decadencial pelo artigo 173 inciso I do CTN não haveria que se falar em
decadência de nenhum dos períodos pois o AIIM foi lavrado em Outubro de 2012, e contando-se a decadência dos meses de agosto a setembro de 2007 pelo primeiro dia do exercício seguinte
(5 anos após esta data), o prazo decadencial terminaria tão somente em 1º de Janeiro de 2013
25. Deste modo, tenho que reconhecer que não houve a decadência dos meses de agosto a setembro de 2007, tendo em vista que a jurisprudência dominante na Câmara Superior do TIT-SP e a
jurisprudência atual do Egrégio Superior Tribunal de Justiça - STJ é no sentido de que no caso de autuação por multa relativa à obrigação acessória a contagem decadencial deve ser feita pelo
prazo decadencial previsto no inciso I do artigo 173 do CTN, conforme jurisprudência colacionadas:
“Processo DRT-05-4007963-6 / Ano 2012 / Recurso Especial / Relator: Klayton Munehiro Furuguem / Câmara Superior - Ementa: ICMS. DEIXAR DE INFORMAR OS
REGISTROS DETALHADOS DE CHAMADAS TELEFÔNICAS PARA CONFIRMAÇÃO DE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO (I.1). Recurso conhecido em parte.
DECADÊNCIA. MULTA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Obrigação acessória vinculada ao cumprimento de prestações positivas ou negativas previstas na legislação tributária no
interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos. O fato gerador ocorre no momento da prática ou abstenção de ato que não caracterize obrigação principal. A regra nesta
hipótese é a prevista no art. 149, do CTN (lançamento de ofício) aplicando-se a decadência do art. 173, I, do CTN, nos termos do entendimento pacificado no Superior
Tribunal de Justiça e na Câmara Superior do TIT. ARQUIVO CDR. DEVER DE GUARDA. Com base no art. 67, § 1º, § 5º e § 8º, da Lei n.º 6.374/89, e nos arts. 202, 494 e 497
do RICMS/00, todo documento fiscal, contábil e comercial relacionado ao imposto deve ser mantido no prazo mínimo de 5 anos. A legislação tributária paulista presume a
natureza comercial de certo documento todo aquele pertencente ao contribuinte (art. 67, § 8º, da Lei n.º 6.374/89). Assim, se o arquivo digital CDR possui esta finalidade por
vincular relação jurídica entre a Autuada e outra prestadora de serviço de telecomunicação, a exigência na sua exibição ao Fisco é válida, bem como a sua manutenção pelo
prazo previsto na Lei. (...). Recurso Especial conhecido em parte e negado provimento.”
“STJ- Processo EDcl no REsp 1384832 / RN EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 2013/0149820-0 / Relator Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) /Órgão
Julgador T2 - SEGUNDA TURMA / Data do Julgamento 18/03/2014 / Data da Publicação/Fonte DJe 24/03/2014 Ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS
DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. INSTRUMENTALIDADE RECURSAL. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRAZO DECADENCIAL. ART.
173, I, CTN. . 1. Quando os embargos declaratórios são utilizados na pretensão de revolver todo o julgado, com nítido caráter modificativo, podem ser conhecidos como
agravo regimental, em vista da instrumentalidade e a celeridade processual. 2. Nos termos do art. 113, §§ 2º e 3º, do CTN, a obrigação acessória prevista em "legislação
tributária" pode vincular não só o contribuinte, como terceiro, no objetivo de obrigá-los a fazer, não fazer ou tolerar que se faça, de modo que a não observância do dever
legalmente imputado conduz à aplicação de penalidade pecuniária (multa), que se transmuta em obrigação principal. 3. A própria agravante reconhece que a legislação
tributária local veda a confecção de
documento fiscal sem prévia autorização da autoridade competente - prestação negativa (não fazer) -, o que transforma a obrigação acessória em principal quanto à multa
aplicada, cujo "sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto" (art. 122 do CTN). 4. A obrigação acessória existe ainda
que o sujeito a ela vinculado não seja contribuinte do tributo. Isto porque a obrigação acessória possui caráter autônomo em relação à principal, pois mesmo não existindo
obrigação principal a ser adimplida, pode haver obrigação acessória a ser cumprida, no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos. 5. Tratando-se de
descumprimento de obrigação acessória (penalidade pecuniária), convertida em principal, a constituição do crédito sujeita-se ao lançamento de ofício, na forma do art. 149,
incisos II, IV e VI, do CTN, cuja regra a ser observada é a do art. 173, inciso I,
do CTN. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, mas improvido.”
ITEM I - ANÁLISE DE MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO E DO PARECER TÉCNICO – PARECER TÉCNICO COM EXEMPLOS EM TESE E COM LIMITAÇÃO DE ESCOPO, QUE NÃO ANALISOU ESPECIFICAMENTE
AS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO, NADA QUANTIFICOU, E QUE AINDA FEZ AFIRMAÇÕES INCORRETAS SOBRE OS ELEMENTOS CONSIDERADOS NO AIIM, E QUE NÃO É CAPAZ DE
AFASTAR A PRESUNÇÃO RELATIVA DO LEVANTAMENTO FISCAL.
26. Passamos à análise de mérito do Item I da autuação. Basicamente a Recorrente alega no Recurso Ordinário que por diversas razões comerciais, as informações constantes no DETRAF poderão
resultar em distorções quando analisadas, isoladamente, para fins de verificação do pagamento do ICMS, trazendo dois exemplos: a) ligações de longa distância realizadas entre códigos de área
distintos dentro do Estado de São Paulo na hipótese de um cliente de outra operadora (por exemplo, a CLARO) realizar uma ligação telefônica de longa distância para outro cliente CLARO, mas
utilizando-se do código de operadora da “Telefônica - 15”, onde a Fiscalização Estadual não conseguiria encontrar os “minutos” da chamada registrada no DETRAF da operadora CLARO pela
cessão de rede à Requerente, nas composições de chamadas das contas de telefone dos clientes da Autuada (Telefônica), uma vez que, na situação exemplificativa acima, tais “minutos” foram
registrados na conta de telefônica do cliente da operadora CLARO; b) Quando um cliente de outra operadora (exemplo a CLARO) realiza uma ligação telefônica de longa distância para um
cliente de uma terceira operadora (exemplo a TIM), mas utilizando-se do código da operadora “Telefônica – 15”; onde a Fiscalização Estadual, ao analisar os DETRAFs fornecidos pela CLARO e
pela TIM, contabilizaria em dobro a duração referente a apenas uma chamada, registrada igualmente nos DETRAFs de ambas as operadoras e em contrapartida, não encontraria esses minutos
registrados na conta de telefone de clientes da Requerente, uma vez que, nesta situação exemplificativa, tais “minutos” também foram registrados na conta de telefônica do cliente da
operadora CLARO; c) estas situações exemplificativas, se repetiriam em várias outras hipóteses (a exemplo de chamadas de longa distância para outros Estados, para outros países, etc.),
entendo a Requerente de que não seria aceitável que a fiscalização estadual pretenda inferir a ausência de recolhimento de ICMS a partir da comparação dos documentos eminentemente
elaborados para fins comerciais.
27. Por sua vez, o parecer fornecido pela PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos Ltda nas fls. 6770 a 6805 concorda que nos termos do artigo 8° do Anexo XVII do Regulamento do ICMS do
Estado de São Paulo (Decreto n° 49·950/ 2000), nos casos de cessão onerosa de meios de redes de telecomunicações a outras empresas de telecomunicações, na hipótese da cessionária
utilizar tais meios para prestar serviços aos seus próprios usuários, o ICMS fica diferido para a ocasião em que o serviço for cobrado do usuário final; sendo que, a operadora que for detentora
da receita é responsável por remunerar as outras operadoras que cederam suas redes, devendo, assim, cada operadora, pagar às outras operadoras pelo uso das suas redes (e também
recebendo das outras operadoras pelo uso da sua própria rede, quando cabível); sendo que o acerto de contas entre as operadoras é feito através do Documento de Declaração de Tráfego e de
Prestações de Serviços - DETRAF. Contudo, o parecer tenta demonstrar que é muito complexo o processo de encontro de contas entre as empresas operadoras de serviços de telecomunicação
para fins de faturamento de público, entendendo que o levantamento fiscal não seria adequado para tratar todos os detalhes desse processo de interconexão e sua ligação com as regras de
faturamento, especialmente porque: a) (i) nem toda chamada que gera remuneração pelo uso de meios de redes possui uma nota fiscal de serviço de telecomunicação (como por exemplo, os
casos de co-billing e queima de créditos); (ii) em alguns cenários, há possibilidade de ter mais minutos de remuneração pelo uso de redes do que minutos associados ao faturamento direto
(como por exemplo, as chamadas de longa distância originadas e terminadas em redes de operadoras distintas); e (iii) os casos de erros de validação de cenários e a fraude podem gerar
distorções entre os minutos faturados e os minutos associados à remuneração pelo uso de meios de redes. Ademais, o parecer afirma que verificou-se, com base nos documentos fornecidos,
que as informações prestadas às autoridades fiscais contemplaram somente as chamadas móvel faturadas; sendo que os valores de críticas de Co-Billing, fraude, contestações de DETRAF's e o
percentual de perda na cadeia de receita não teriam sido considerados.
28. Todavia, analisando detidamente o Recurso Ordinário e o conteúdo material do Parecer emitido por respeitável empresa de auditoria, verificamos que não assiste razão à
Recorrente pelos seguintes quatro motivos que passo a expor.
29. Primeiramente noto que quanto ao item 1 do AIIM, constata-se que a infração decorreu de levantamento fiscal, efetivado nos termos do artigo 509, §§ 1º ao 4º do RICMS/00, cuja diferença
apurada originou-se da inconsistência detectada pelo fisco entre a quantidade em minutos dos serviços tomados junto a operadoras de telefonia móvel, por utilização dos meios de rede, e a
quantidade dos correspondentes serviços constantes nas Contas de Telefone e nas respectivas Notas Fiscais de Serviços de Telecomunicações dos usuários finais (clientes da Telefônica). Tal
fato está comprovado pelo exame de arquivos eletrônicos (composições de chamadas para celulares constantes das contas de telefone) fornecidos pela própria autuada, comparando-os com as
informações dos DETRAF - Documento de Declaração de Tráfego - fornecidos pelas Operadoras de Telefonia Móvel. E neste sentido, é interessante notar que o próprio parecer técnico juntado
concorda que nos casos de cessão onerosa de meios de redes de telecomunicações a outras empresas de telecomunicações, na hipótese da cessionária utilizar tais meios para prestar serviços
aos seus próprios usuários, o ICMS fica diferido para a ocasião em que o serviço for cobrado do usuário final; sendo que, a operadora que for detentora da receita é responsável por remunerar
as outras operadoras que cederam suas redes, devendo, assim, cada operadora, pagar às outras operadoras pelo uso das suas redes (e também recebendo das outras operadoras pelo uso da
sua própria rede, quando cabível); sendo que o acerto de contas entre as operadoras é feito através do Documento de Declaração de Tráfego e de Prestações de Serviços - DETRAF.
Adicionalmente com bem ressalta o Fisco autuante, ao se ler a limitação de escopo do parecer, vê-se que o parecer da PWC: não examinou individualmente cada operação; examinou a
documentação somente em bases amostrais; não examinou a documentação de suporte aos registros contábeis; não conferiu os cálculos que resultaram nos números inseridos nas
demonstrações financeiras; e não pode garantir a exatidão plena dessas informações. Ademais, na conclusão do parecer técnico a própria auditoria, em que pese a auditoria questione alguns
cenários de faturamento possíveis, afirma que “podemos concluir que as divergências apresentadas pela Fazenda do Estado de São Paulo, no bojo do AIIM no 4.012.236-o apontam para indícios
de ausência de faturamento (...)”.
30. Em segundo lugar, no Recurso Ordinário e no Parecer são citadas peculiaridades existentes quanto às ligações de longa distância feitas com o DDD 15 que dificultariam a comparação feita no
trabalho fiscal. Todavia, as ligações de longa distância são assunto estranho ao tratado no AIIM, tendo sido deliberadamente afastadas do objeto do trabalho fiscal, como citado enfaticamente
no Termo Circunstanciado, isso porque somente foi considerado pelo Fisco autuante o tráfego registrado no DETRAF relativos aos seguintes códigos EOT, atribuídos à Telefônica: "11", "13" e
"16" que se referem somente a ligações na modalidade local. Fica claro, portanto, que não foram utilizados os dados de tráfego relativos a ligações de longa distância, sendo impertinentes os
exemplos trazidos no Recurso Ordinário no Parecer relativo às hipóteses envolvendo ligações de longa distância e co-billing. Desta forma, concluo que como restou clarificado desde o
início da lavratura do AIIM, que o Fisco autuante não incluiu na autuação as situações das ligações de longa distância e co-billing, sendo impertinentes estes exemplos
apresentados no Recurso Ordinário e no Parecer de Auditoria.
31. Ademais em terceiro lugar, quanto às demais alegações trazidas no Parecer em relação às situações de “queima de créditos”, fraudes, contestações de DETRAF's e o percentual de perda na
cadeia de receita que não teriam sido considerados, frise-se que somente foram levados à comparação de tráfegos cursado e faturado pelo Fisco autuante os cenários indicados
pela própria Telefônica, uma vez que o contribuinte foi notificado a indicar os cenários de chamadas que deveriam ser excluídos da comparação, conforme citado nos itens
1.20 e 4.16 do Termo Circunstanciado (o contribuinte informou os códigos a serem excluídos, pois não gerariam fatura para os clientes da Telefônica). Portanto, o auto de
infração só foi lavrado após se consultar à Telefônica, sendo que somente restaram na comparação os cenários de ligações que geravam fatura ao cliente, sendo assim, todas
as advertências do parecer sobre os diversos cenários de chamadas mostram-se descabidas. Ademais, o parecer indica um percentual de perdas da Telefônica que teria sido apurado
em 7,84% em 2007. Todavia, não foi apontada a diferença de perda ocorrida em cada mês e em relação a cada operadora móvel, como era de se esperar, já que o trabalho
fiscal não aborda todo o ano de 2007, nem todas as operadoras móveis. Além disto não existe confiabilidade nem é auditável o percentual de perda apresentado, pois não há
nenhum cálculo associado a esse resultado, sendo apenas citado que teria sido apurado com base nas informações repassadas pela Telefônica.
32. Em quarto lugar, verificamos que em verdade, o parecer analisou as situações em tese, formulando hipóteses, sem abordar objetivamente as prestações de serviço do contribuinte e as
diferenças apuradas pelo Fisco. À exceção do percentual de perdas informado sem qualquer detalhamento, toda a análise do parecer somente apresenta reflexões em tese, sem apontar
a ocorrência de qualquer das hipóteses aventadas e sem quantificar nenhuma situação ocorrida. Assiste razão às observações da Representação Fiscal, pois tratando-se o caso em
análise de presunção “juris tantum”, caberia à autuada desconstituir, documentalmente, as conclusões do levantamento fiscal efetuado, o que não foi feito, em nenhum
momento, tanto em sede de defesa, quanto por ocasião do presente recurso e do respectivo parecer de auditoria. Nesse ponto, ressaltamos que o contribuinte não trouxe
aos autos dados numéricos, nem qualquer informação, contestando tanto as diferenças constatadas, como também os demonstrativos juntados ao AIIM pelo fisco.
33. Deste modo, estando a Recorrente com o ônus probatório de afastar a presunção legal relativa do levantamento fiscal, e não o tendo feito nem no Recurso Ordinário e nem no
Parecer, por todos os fundamentos acima já expostos, deve ser mantida a autuação do item 1 por falta de pagamento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal –
com base nos artigos 509 e 509-A do RICMS/SP:
“Artigo 509 - O movimento real tributável realizado pelo estabelecimento em determinado período poderá ser apurado por meio de levantamento fiscal, em que poderão ser
considerados, isolados ou conjuntamente, os valores das mercadorias entradas, das mercadorias saídas, dos estoques inicial e final, dos serviços recebidos e dos prestados,
das despesas, dos outros encargos e do lucro do estabelecimento, bem como de outros elementos informativos (Lei 6.374/89, art. 74, o “caput” e o § 4º na redação da Lei
13.918/09, art. 11, X). (Redação dada ao "caput" do artigo pelo Decreto 55.437, de 17-02-2010; DOE 18-02-2010; Efeitos a partir de 23-12-2009)
§ 1º - No levantamento fiscal poderá ser utilizado qualquer meio indiciário, bem como aplicado coeficiente médio de lucro bruto, de valor acrescido ou de preço unitário,
consideradas a atividade econômica, a localização e a categoria do estabelecimento.
§ 2º - O levantamento fiscal poderá ser renovado sempre que forem apurados dados não levados em conta quando de sua elaboração.
§ 3º - A diferença apurada por meio de levantamento fiscal será considerada como decorrente de operação ou prestação tributada.
(...)
Artigo 509-A - Presume-se a ocorrência de omissão de operações e prestações de serviços tributáveis, realizadas sem o pagamento do imposto, nas seguintes hipóteses (Lei
6.374/89, art. 74-A, acrescentado pela Lei 13.918/09, art.12, XIII):
(...)
IX - constatação de outros indícios que levem em consideração as disposições do artigo 509, observado o disposto em disciplina específica.
(...)
§ 2º - Diante da presunção de que trata este artigo, caberá ao contribuinte o ônus da prova da não ocorrência dos fatos geradores ou do pagamento do imposto.
(...)”
ITEM II – MULTA POR NÃO APRESTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMERCIAIS –- ANÁLISE DE MÉRITO DO RECURSO ORDINÁRIO – CDR´s SÃO DOCUMENTOS COMERCIAIS DO SETOR DE
TELECOMUNICACOES E QUE TAMBEM POSSUEM FINALIDADE FISCAL PARA O ICMS – MULTA MANTIDA.
34. Passo ao item da autuação relativo à multa por descumprimento de obrigação acessória. A autuação do item II foi também analisada durante as questões preliminares, tendo sido também
debatida nas questões preliminares dos itens 18 a 21 deste presente voto. Basicamente a Recorrente alega que haveria impossibilidade de imputação de multa pela não apresentação de
documentos à Fiscalização Estadual, por entender que não haveria na legislação tributária qualquer regra específica que exija a elaboração e manutenção dos arquivos CDRs pela Requerente,
que são registros mais aprofundados dos dados constantes do arquivo DETRAF, utilizados precipuamente nos casos em que há divergência entre as operadoras de telecomunicações com relação
às cobranças pela prestação de serviço de cessão de meios de rede.
35. Neste sentido, o DETRAF e o CDR são documentos utilizados pelas empresas de telecomunicação, para determinação da remuneração pela cessão de meios de rede, no âmbito dos
contratos de Interconexão, sendo que o DETRAF e o CDR adotados pela Telefônica e as outras prestadoras de serviços de telecomunicações foram padronizados pela Associação Brasileira de
Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom). Ademais esses documentos foram definidos e detalhados na Norma n. 26/96 do Ministério das Comunicações, devendo servir de base
para o encontro de contas pela remuneração de uso das Redes no provimento de Chamadas Inter-redes, entre as Entidades envolvidas. Há previsão, inclusive, de que os valores do
DETRAF deverão explicitar os impostos, taxas e contribuições incidentes, em consonância com a legislação pertinente ao assunto. Portanto, como já ressaltamos nos itens 18 a 21, o
DETRAF e o registro detalhado de chamadas (composição detalhada das ligações para celulares registradas nas contas de assinantes) são documentos comerciais do setor de telecomunicação,
bem como possuem finalidade fiscal no controle do ICMS do setor de telecomunicações – e, portanto, podem ser também plenamente utilizados pela fiscalização de tributos (ademais quanto ao
ICMS).
IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAR LEI PAULISTA SOB A ALEGAÇÃO DE CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS, O QUE EQUIVALERIA A ANALISAR A INCONSTICIONALIDADE DA NORMA – JUROS
ACIMA DA SELIC – IMPOSSIBILIDADE DE SE AFASTAR OS JUROS IMPUTADOS – JUROS QUE OBSERVAM À ESTRITA LEGALIDADE
36. Ademais, a Recorrente alega que: a) haveria abusividade da multa aplicada correspondente a 10% do valor total das operações ocorridas no período e que a mesma seria abusiva, extorsiva,
expropriatória e confiscatória, em flagrante desrespeito ao artigo 150, IV da CF; b) haveria ilegalidade dos juros estaduais, pois defende a inexigibilidade da taxa de juros de mora aplicada no
presente Auto de Infração no que exceder a variação da taxa SELIC nesse mesmo período; c) que seria indevida a aplicação da multa sobre o valor “atualizado” do principal e de que haveria
impossibilidade de incidência de multa sobre juros.
37. Quanto à abusividade e ao alegado caráter confiscatório das multas pretendidas nas infrações, observo primeiramente que a legislação em vigor (artigo 28 da Lei nº 13.457/2009) veda a este
Colegiado o afastamento de lei sob alegação de inconstitucionalidade, que a tanto equivaleria reconhecer o alegado caráter confiscatório. Note-se que as multas aplicadas observam os exatos
termos do artigo 85, inc. I, alínea "a" da Lei 6.374/89 – Item I e Art. 85, inc. XI, alínea "f" c/c §§ 9° e 1o0°, da Lei 6.374/89, sendo que sua aplicação está amparada em lei estadual e,
portanto, observa plenamente o princípio da legalidade.
38. Por outro lado, lembro que os juros de mora observam ao princípio da estrita legalidade nos termos do artigo 96 da Lei 6.374/89. Há disposição específica sobre os juros, estabelecida pelo
artigo 96, § 1º, da Lei nº 6.374/89e assim, os débitos tributários estaduais ficariam sujeitos à taxa de juros prevista na lei estadual.
39. Todavia, apenas lembro que recentemente o Estado de São Paulo, mudou a sua política tributária e passou a limitar os juros à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia -
SELIC para títulos federais, por meio da alteração promovida no § 1º do artigo 96 da Lei Estadual 6.374/2017, mas que só passou a surtir efeitos a partir da regulamentação da Lei Estadual
16.497 de 18 de Julho de 2017. Portanto, para os períodos anteriores à Lei Estadual 16.497/2017 deverá ser aplicável a taxa de juros da época, conforme foi inclusive objeto de
Súmula do TIT/SP:
“Súmula TIT 10/2017: Em virtude do disposto no art. 28 da Lei 13.457 de 2009, aplica-se ao montante do imposto e multa, exigidos em auto de infração, a taxa de juros de
mora prevista no artigo 96 da Lei 6.374, de 1º de março de 1989."?
40. Ademais, ainda que a Recorrente noticie decisões judiciais obtidas no âmbito do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, do Supremo Tribunal Federal em controle difuso ou decisões
administrativas isoladas e minoritárias deste Tribunal de Impostos e Taxas, ainda assim não é possível afastar a cobrança a maior destes juros, tendo em vista a disposição literal do artigo 28
da Lei nº 13.457/2009 que exige a manifestação do STF com efeito erga omnes para que se possa neste tribunal administrativo, negar vigência à lei paulista:
“Artigo 28 - No julgamento é vedado afastar a aplicação de lei sob oalegação de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses em que a inconstitucionalidade tenha sido proclamada:
I - em ação direta de inconstitucionalidade;
II - por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, em via incidental, desde que o Senado Federal tenha suspendido a execução do ato normativo.”
41. Portanto, não vejo como afastar a multa nem os juros aplicados à autuação, pois foi cumprida a legislação estadual, e observada de forma estrita a legalidade.
a Lei nº 13.918/09, através de seu artigo 11, XIII, “k”, deu nova redação ao § 9º, do artigo 85, da Lei nº 6.374/89 (§ 9º, do artigo 527, do RICMS/00), prescrevendo que as multas punitivas devem
ser calculadas sobre os respectivos valores básicos atualizados pela taxa prevista no artigo 96 da mesma lei – Impossibilidade de dar retroatividade ao novo dispositivo legal do artigo 85, conforme o
artigo 144 do CTN – Como a autuação é relativa ao ano de 2.009, as multas devem ser recalculadas sem a aplicação do dispositivo do § 9º do artigo 85, da Lei nº 6.374/89.
42. Passo então a analisar a última questão de que seria indevida a aplicação da multa sobre o valor “atualizado” do principal e de que haveria impossibilidade de incidência de multa sobre juros.
43. Dessa forma, observo que a Lei nº 13.918/09, através de seu artigo 11, XIII, “k”, deu nova redação ao § 9º, do artigo 85, da Lei nº 6.374/89 (§ 9º, do artigo 527, do RICMS/00), prescrevendo
que as multas punitivas devem ser calculadas sobre os respectivos valores básicos atualizados pela taxa prevista no artigo 96 da mesma lei (artigo 565 do RICMS/00), não se tratando de
incidência de juros de mora, mas de determinação legal para que seja utilizada para atualização do valor básico da multa a mesma taxa prevista para o cálculo dos juros de mora, que incidem,
no que tange à penalidade, após a lavratura do AIIM.
44. A única hipótese em que nego vigência ao § 9º, do artigo 85, da Lei nº 6.374/89 se dá na situação em que o Auto de Infração se refere a autuações do ano de 2009 e anos anteriores, tendo em
vista que a Lei nº 13.918/09 foi publicada no DOE 23-12-2009. Tendo em vista, que o presente Auto de Infração se refere a autuações do ano de 2.007 e 2008, época em que não vigente o
critério legal do § 9º, do artigo 85, da Lei nº 6.374/89, assiste razão neste ponto à Recorrente, pois não havia previsão legal à época para se proceder com a atualização do valor básico da
multa.
45. Neste ponto, noto que a Lei nº 13.918/09 foi publicada no Diário Oficial de 23-Dez-2.009, de modo que os ilícitos tributários ocorridos antes desta data, eram regrados por multas punitivas que
não eram já de início calculadas sobre valores atualizados pelas regras do artigo 96. Nestes casos, os valores destas multas estariam sujeitos tão somente aos juros de mora a partir do 2º mês
subsequente ao da lavratura, nos termos do inciso II do artigo 96 do RICMS. Ainda que a autuação tenha ocorrido já na vigência da nova legislação, não se poderia cogitar em dar retroatividade
ao novo dispositivo legal do artigo 85. Também é de cautela imaginar que referida legislação só passou a produzir efetivamente seus efeitos, no primeiro dia do exercício seguinte da apuração
mensal do imposto, ou seja, em 1º de Janeiro de 2.010.
46. Portanto, tendo em vista que a autuação fiscal abrangeu no item I-1 o período de novembro de 2007 a abriu de 2008 e no item II-2 documentos do período de agosto a dezembro/2007, e
tendo em vista o artigo 144 do CTN – “Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente
modificada ou revogada”, acolho neste ponto a argumentação trazida nos autos pela Recorrente, para que as multas sejam recalculadas sem a aplicação do dispositivo do § 9º do artigo 85, da
Lei nº 6.374/89:
“§ 9º - As multas previstas neste artigo, excetuadas as expressas em UFESP, devem ser calculadas sobre os respectivos valores básicos atualizados observando-se o disposto
no artigo 96 desta lei; (Redação dada ao parágrafo pela Lei 13.918, de 22-12-2009; DOE 23-12-2009)”
PARTE DISPOSITIVA
47. Assim sendo, diante de todo o exposto e dos fundamentos acima aduzidos, conheço do presente Recurso Ordinário, para manter a atuação fiscal nos seus Itens I e II quanto ao imposto
estadual (ICMS), multa e juros legais, e apenas para lhe dar provimento parcial quanto ao cálculo das multas (penalidades), de modo que as multas sejam recalculadas sem a aplicação do
dispositivo do § 9º do artigo 85, da Lei Estadual nº 6.374/89.
48. É como voto, senhores ilustres julgadores, submetendo o meu voto para apreciação dos meus pares.
DECISÃO DA CÂMARA
ODILO SOSSOLOTI
AUTUADO
TELEFONICA BRASIL S.A.
AIIM
4012236-0
IE CNPJ LOCALIDADE
108383949112 02558157000162 São Paulo - SP
Julgamento realizado na Câmara do Tribunal de Impostos e Taxas por meio do ePAT – Processo Administrativo Tributário Eletrônico, com a
utilização do certificado digital dos juízes presentes na sessão de julgamento.