Você está na página 1de 14

Portfólio

Herbert Baioco

Obras, instalações, performances, obras sonoras.

O projeto “Escuto, os espaços falam” abarca o desenvolvimento e a construção de um


dispositivo óptico sonoro que traduza as ranhuras encontradas em paredes em sons, uma
ressignificação das habitações, muros, paredes que delimitam territórios e criam espaços. Desde
a função de prover um abrigo às intempéries ou até mesmo um espaço de confinamento, a
construção desse espaço delimitado pelas paredes tem acompanhado a cultura do ser humano
junto com o conceito dentro e fora.

A história da gravação sonora é marcada por uma forma consolidada de sulcos em mídias físicas
onde o som era registrado e gravado, como por exemplo cilindros de cera, discos de vinil, de
acetato, superfícies que na transição do século XlX para o XX possibilitavam tecnologia para se
registrar e a criação de um circuito entre artistas e público. Observando algumas das acepções
do termo gravado no dicionário Houaiss encontramos: o que é traçado ou esculpido com
instrumento cortante; retido na memória, entranhado no espírito, conservado, perpetuado.

Outra fonte de inspiração são as saliências propositalmente dispostas por engenheiros de


tráfego para que motoristas atentem para algum trecho mais perigoso da estrada. O link a
seguir demonstra um desenvolvimento da ideia na medida em que era imperioso os motoristas
respeitarem um dado limite de velocidade para ouvir a música na sua forma “correta” :
reportagem Nexo Brasil - Estradas que cantam: como ranhuras na via podem produzir música e
controlar a velocidade

Assim, olhando ao entorno nos propomos investigar algo que é palpável, material mas ainda
inaudível. Propomos ouvir os ruídos concretos que nos rodeiam que permanecem inaudíveis,
latentes em possibilidades. Dobrar em tradução os invólucros de espaços, de áreas de
demarcação entre interior e exterior em potenciais mídias físicas sonoras, contendo som
registrado. Que eles soem.

escutamos, os espaços falam (2017) é um trabalho em desenvolvimento que aborda as


paredes como uma mídia plena de informações e o anseio de poder acessar essas informações
pelo filtro da escuta, como uma forênsica dos testemunhos que os espaços guardam. Nessa
montagem específica serão explorados os rodapés por meio da instalação do dispositivo de
leitura em um circuito de trilhos.

escutamos, os espaços falam - versão rodapé


instalação – 2017 dimensões - aproximadamente: 2m x 4m
(o circuito com laser é montado em um trem de brinquedo que percorre um circuito)

video de montagem na Galeria Arte e Pesquisa - UFES : https://vimeo.com/223065695

P
A
G
E
‘Tem alguma coisa em meu ouvido’ (2016) é um dispositivo áudio-tátil em forma
de um fone de ouvido convencional. Essa pesquisa artística oferece uma experiência
estético sensorial onde o fone de ouvido modificado emite batimentos que
oferecem uma percepção háptica do som no pavilhão auditivo. A exploração tátil
sonora não é em todo uma novidade, pois basta se lembrar da experiência em uma
apresentação musical, normalmente shows em estádios ou festivais, onde ondas
graves são percebidas pelo corpo como um todo. Entretanto a especificidade desse
objeto é oferecer essa percepção no canal auditivo, em uma tentativa de provocar
da experiência de se encontrar com a singularidade perceptiva fisiológica e
psicológica de cada ouvinte/participante, um de cada vez.

Sobre o dispositivo
O dispositivo conta com uma carcaça de fone de ouvido estéreo onde os alto
falantes foram substituídos por dois pequenos motores de vibração utilizados em
celulares da década de 1990, uma pequena caixa preta onde se encontra um
amplificador de áudio e um mp3 player onde está a trilha sonora escutada quando
os motores vibram. O motor emite som a partir do mesmo princípio que um alto
falante emite som: por bobinas de cobre e pelo fenômeno eletromagnético.

P
A
G
E
fotos em exposição – Instituto Tomie Ohtake- julho 2016.

P
A
G
E
Eppur si muove (2015)
Escultura sonora
Ft: Ventilador de teto, base de madeira, alto falantes de contato, trilha.
Vídeo: https://vimeo.com/149982051

A escultura sonora “eppur si muove” foi inspirada graças à confluência de alguns


fatores. O primeiro, pela interpretação errada de como funciona a caixa Leslie e
mecanismos de alto-falantes giratórios. Além disso, é derivada de uma pesquisa em
site specifc no bairro de Pinheiros, dos encontros de ruas com nomes de
bandeirantes e as ruas com nome de nações indígenas – uma tocaia em resumo. O
giro infinito, a questão mal resolvida da formação do país, seus povos originários,
um passado que como maldição se perpetua.

P
A
G
E
Há uma luz que nunca se apaga (2015)

Performance audiovisual + álbum sonoro Selo Seminal Records

Há uma luz que nunca se apaga é uma performance que faz uso de um fonógrafo e velas
como as mídias de som. A proposta é que sejam recolhidos sons do público - alguma
mensagem, palavras - ao longo do evento e assim utiliza-los, tentando criar um sistema
entre quem grava, toca e escuta; e oferecendo a quem participa uma possibilidade de se
reconhecer durante a apresentação. Além disso é criado uma expectativa sonora em um
equipamento que opera em outro nível de fidelidade sonora do que a do ser humano do
século XXl está acostumado.
Além de servir de mídia sonora, as velas serão acessas, compondo a parte do “vídeo” da
performance, ou seja, algo para se ver durante o tocar de cada vela gravada.
Uma outra camada da obra, como uma charada ainda é explorada por quem se interessar.
Afinal, que luz é essa que nunca se apaga?

"Há uma luz que nunca se acaba é o trabalho de Herbert Baioco lançado pelo Seminal Records.
Instigante trabalho de artesania sonora, desde a montagem de um fonógrafo de Gakken até a
performance com o derretimento de velas sobre o mesmo, com a amplificação de um microfone de
contato, piezo. O fonógrafo vira a própria fonte sonora, ao mesmo tempo em que é superfície-
substrato para a intervenção da cera. Prevalece uma circularidade contínua do movimento do mesmo
e a intensificação da ação de artesania sobre ele, por causa da captação por contato. As vezes o
gesto artesanal é revelado auditivamente, algo como as manipulação sobre a película que o Peter
Tscherkassky faz em alguns dos seus filmes. Tudo fica mais instigante com a opção de fazer pesar a
gravação no canal esquerdo, dando uma impressão de um desequilíbrio que impulsiona o
movimento. Vale a pena escutar mais esse experimento Seminal!” Marco Scarassatti.

Álbum disponível em: https://seminalrecords.bandcamp.com/album/h-uma-luz-que-


nunca-se-apaga

P
A
G
E
P
A
G
E
Teatro Estúdio (2014/2015)
Galeria Homero Massena – Vitória ES
Artista: Herbert Baioco
Orientação e curadoria: Marcos Martins

Teatro Estúdio é um projeto site specific que em suas partes conjungam uma instalação
interativa para a galeria Homero Massena, localizada na cidade de Vitória - ES, onde em um
andar do mesmo prédio onde se localiza a galeria, existiu um teatro que dá o nome da
obra.
A ideia do projeto era recriar um lugar que não existe mais, no caso o Edifício das
Fundações, e promover acesso a um lugar que não funcionava e sua plenitude há muitos
anos. Materiais recolhidos dos andares em ruínas foram utilizados para a elaboração.entre
os objetos foram recolhido madeira do palco do teatro, rotor de sistema de ar
condicionado, o letreiro do teatro rearranjado e também os sons recolhidos de cada um
dos dez andares. A interação da obra prevê que um visitante acione as encenações do
edifício das fundações, a partir de um sistema cibernético aleatório que sorteia o que tocar
e ainda onde tocar, fazendo que cada acesso ou recriação seja único. Há, no fim do
percurso um rotor, acionado por um pedal de coser que dilacera as imagens tomadas do
prédio durante o percurso.
Reforçando a entidade teatral, como se um teatro estivesse tomando o lugar da galeria –
essa sempre na iminência de fechamento – ações como propaganda marginal com lambe
lambe e ainda mais incisivo na abordagem de uma abertura do teatro, o palco aberto, nos
moldes de funcionamento do teatro original onde ações performativas sobem ao palco da
instalação.

P
A
G
E
Teatro Estúdio

Teatro Estúdio

Time lapse da montagem e abertura: https://vimeo.com/117286045

P
A
G
E
Texto curatorial – Marcos Martins

Exposição: “TEATRO ESTUDIO”

Vasculhar as ruínas das antigas memórias como quem procura lugares e inventa paisagens.
Em cada canto, recanto recortado em sons, poeiras e entulhos que emolduram de fôlego a
vida escomunal das sutilezas. Uma produção de presença, daquelas que se pondo à nossa
frente ocupam espaços capazes de tangenciar os sentidos, sem, no entanto, a
apreendermos em sua totalidade de operações por simplesmente habitar o que é
fragmentário no tempo e no espaço, reconfigurando-se entre as ficções e as realidades de
uma poesia que avassala os ouvidos, ao atravessar as almas humanas.

Dessa forma, o artista Herbert Baioco nos propõe um mergulho no específico dos
resquícios e vestígios do “Teatro Estúdio” para a constituição de uma paisagem limiar
como porta de entrada da realidade da arte para o cotidiano da vida. Numa fricção onde
arte e vida fundem-se em escalas e experiências para emular uma performatividade do
visitante no espaço expositivo, pondo a atividade artística como essência mutável ou como
jogo cujas formas, modalidades e funções evoluem conforme as épocas e os contextos
sociais, tal como descreve Nicolas Bourriaud em sua Estética Relacional.

Ao adentrar o espaço expositivo, avista-se ao centro um tablado elevado do nível original


da galeria, instalado com os restos de madeiras do piso do palco do antigo teatro, que teve
outrora sua presença material e simbólica em um dos andares esvaziados do mesmo
edifício onde se situa a galeria Homero Massena. Na instalação um jogo de trocas é
construído pelo artista, de forma a propor um estado de performatividade do público da
sua condição de espectador a agente da obra. A ação performativa do corpo no espaço
instala uma camada às demais existentes, de forma a construir uma paisagem sonoro-
somática pela captura dos corpos que se acumulam aos sons da arquitetura para a
construção de uma soundscape como work in progress que se transforma a cada presença,
a cada corpo partícipe.

Ao fundo uma engrenagem gira acionada por pedais de coser, a delicadeza do gesto
caseiro da costura é rasgado pela brutalidade do aço industrial que corta o vento
mastigando as memórias projetadas sobre suas lâminas, criando uma regência dos
fragmentos da vida, um ruído, de forma a impossibilitar a completude do todo e sua
linearidade, por oferecer-se em pedaços e paulatinamente. Seja no espaço expositivo ou na
expansão dessas memórias inauguradas e/ou buriladas pelo artista, a exposição “Teatro
Estúdio” propõe um partilhar sensível de cenários dicotômicos que habitam o construído e
o desfeito, o inventado e o expandido.

P
A
G
E
Há uma luz que nunca se apaga (2014)
Ficha técnica: Lata, velas, suporte, hd, ionizador de ar, lupas.
Exposição Grupo de Estudos Mola - Galeria Fauna, São Paulo. dez. 2014

Como um comentário ou forma de distorcer o conceito de realidade aumentada, são


dispostas nesse trabalho alguns pensamentos como: a inscrição de dados por meio da luz;
o ato de reconhecer-se em um espelho e a investigação do que há além dele ou ao lado
dele; o limiar de sobrevivência entre meios opostos: água/fogo, analógico/digital, os
tempos infinitos que circulam no disco, o tempo consumidor dos materiais, e finalmente, o
questionamento de que luz é essa que nunca se apaga, visto que com certeza não é a da
vela.

P
A
G
E
Entre Paisagem - 2014
Ficha técnica: rádio galena, 15 mts fio de cobre, luz negra, 2
abajures sem cúpula, 3 alto falantes.

Exposição Grupo de Estudos Mola - Galeria Fauna, São Paulo. dez.2014

A obra busca atentar às camadas invisíveis que atravessam uma paisagem, algo como uma
espécie de busca entre os acúmulos e sobreposições de sedimentos que compoem a
história cotidiana. Encontramos nessa busca entre as rachaduras do tempo algumas marcas
invisíveis de paredes, como rachaduras e texturas, bastando apenas uma outra luz para
serem visíveis e ainda, no ar, as ondas de rádio AM acessadas pelo radio galena, que
“corta” o espaço por meio de uma antena feita de fio de cobre com 15 metros.

vídeo de montagem conjunta, fusão entre as duas obras anteriores: https://vimeo.com/117968676

P
A
G
E
Atari Sound Performance
Artistas – Herbert Baioco e Marcus Neves
Data de realização – 2011
Video informativo: https://www.youtube.com/watch?v=cXznkf-tFXk

Performance audiovisual compartilhada que utiliza um atari 2600 como matriz sonora. O
público interage jogando, e o som proveniente do jogo é processado e lançado ao vivo em
fluxos de som compostos ao vivo. O video sofre influência direta do som, sendo também
processado por um dos instrumentos de circuit bending que compõem a performance. A
duração da performance depende de quão viciado e saudoso o público é.

Atari Sound Performance

Título - Outubro
Gisele Ribeiro, Herbert Baioco, Marcus Neves e Silfarlem Oliveira.
Data de realização - 2012
Dimensões (ou duração) - 10 horas por dia durante 3 semanas.
Suporte/ técnica (ou descrição dos materiais/ meios utilizados)- Instalação sonora. Em
2012, na Galeria de Arte Espaço Universitário, UFES, quatro artistas foram convidados para
a realização de um obra conjunta que abordasse a paisagem a partir do ponto de
entendimento da acumulação do tempo e de uma construção, além do conceito com os
mestres holandeses de que não há figura humana.

P
A
G
E
O resultado é a acumulação de sons a partir da difusão de uma trilha criada em conjunto
por meio de 4 caixas de som dispostas em uma galeria “vazia” e mais um gravador que
grava a difusão da trilha, a performance dos visitantes e fornece a trilha dos dias
subsequentes.

Electronic Music
Deyvid Martins, Herbert Baioco e Marcus Neves.
Data de realização - 2012
Dimensões (ou duração) – 30 min.
Suporte/ técnica (ou descrição dos materiais/ meios utilizados)- Electronic Music é uma
performance sonora que parte da ideia de sonorizar o invisível, no caso permite a projeção
da corrente elétrica na forma de som a partir de microfones feitos com indutores elétricos.
Assim, a corrente elétrica passa a ser audível na medida em que há a interação entre
performers e eletricidade. Link para vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=USI-TPtojMw

Electronic Music

P
A
G
E
Título - Griechenland Ich liebe dich
Artista: Herbert Baioco
Data de realização - 2012
Dimensões (ou duração) – 4’30”
Suporte/ técnica (ou descrição dos materiais/ meios utilizados)- Poesia sonora. O texto
de “Griechenland: Ich liebe dich!” vem da colagem e combinacão da notícia “Germany:
German war reparations to Greece not an issue anymore”, de 2 de abril de 2012,
encontrada no sítio: http://digitaljournal.com/article/322253, com a expressão “Ich liebe
dich”, “eu te amo” em alemão. Essa expressão é enxertada a cada momento em que a
vogal “I” se apresenta no texto original, e toma força como uma expressão de gratidão à
herança da cultura ocidental legada pela Grécia. A voz que lê e recita o texto, é a voz do
Google Translator, com as pausas de respiração digital geradas com os enxertos no texto
original. Essa leitura digital do texto já “combinado” (no sentido dos combine paintings)
provoca ao ouvinte uma curiosa percepção de um estudo de fonética digital. Junto ao
texto, se apresentam camadas de ruídos filtrados, tentando evocar uma textura homofônica
de voz principal + acompanhamento, tão comum e recorrente na história da música. Ainda
há a introdução de gravação de campo, em minha cidade natal, Vitória; sempre reforçando
o sentido de homenagem à Grécia. Selecionada no Soundwalk 2012 em Lisboa, Portugal.

Link para audição: https://soundcloud.com/heleno-de-freitas/griechenland-ich-liebe-dich

Mmabolela
Artista – Herbert Baioco
Data de realização - 2013
Dimensões (ou duração) – 6’38
Suporte/ técnica (ou descrição dos materiais/ meios utilizados)- Composição realizada
como parte das atividades da residência artística Sonic Mmabolela, à partir de gravações
de campo realizadas no período da residência, em novembro/dezembro de 2013, África do
Sul.
Lançada na coletânea digital Sonic Mmabolela 2013:
http://freemusicarchive.org/music/Various_Artists_Sonic_Mmabolela/Sonic_Mmabolela

P
A
G
E

Você também pode gostar