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Chamada de trabalhos (segunda circular)

PODERES DO SOM:

I CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE PESQUISA EM SONORIDADES

5, 6 e 7 de junho de 2019

UFSC, Florianópolis/SC

www.sonoridades.net

Um homem com um alto-falante é mais imperialista que outro que não o possui,
porque pode dominar o espaço acústico.

(Schafer, 1997, p. 115)

A I Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades - Poderes do Som é


uma iniciativa do Grupo de Estudos em Imagens Sonoridades e Tecnologias (GEIST),
formado por pesquisadores das instituições UFSC, UFES, IFRS, UFRGS, UNISINOS e
UFF. A proposta é a de promover e atualizar as discussões acerca do som em diferentes
pa&iacut e;ses e de seus cruzamentos com uma diversidade de áreas do conhecimento –
Tecnologias, Audiovisual, Música, Antropologia, História, Filosofia, Comunicação,
Economia, etc – em perspectiva multidisciplinar, ampliando o alcance do campo de
Estudos do Som no Brasil, em diálogo com instituições e pesquisadores estrangeiros.
A possibilidade de sons que não cessam ou de sons que são ouvidos sem que
possamos (ou precisemos) identificar sua origem, transforma o ato de ouvir e produzir
sons em uma relação de poder. A sociedade contemporânea não apenas preenche o
ambiente sistematicamente com uma quantidade incalculável de novos e potentes sons,
mas, ao mesmo tempo, insere estes em cadeias de produção de sentido. Em um
momento de acirramento ideológico, em que Estado e sociedade têm protagonizado
disputas muitas vezes violentas, o som também se mostra instrumento eficiente para
controle e para infligir danos em pessoas ou objetos. Sons trabalham com identidades:
individuais ou de grupos; sons configuram relações de poder: entre indivíduos ou entre
instituições; sons desvelam estruturas históricas de produção; sons são componentes
essenciais da indústria de entretenimento; sons causam dor e morte.

Mais do que um objeto de pesquisa, o som deve ser pensado como instrumento e
método de investigação, como um mediador entre diferentes modelos de escuta e
relações de poder, econômicas, culturais, estéticas etc., que se constituem a partir dos
fenômenos elencados. É tendo essa abrangência em vista que a Conferência Poderes do
Som procura dar ênfase às materialidades sonoras, quer aquelas que mobilizam práticas
de escuta e de soar, quer os dispositivos e artefatos, tecnológicos ou não, que modulam
e potencializam aquilo que se pode realizar com os sons. Para esta primeira edição do
evento – a realizar-se no formato de Conferência na UFSC, entre os dias 5 e 7 de junho
de 2019 – convidamos investigadores brasileiros e de outras partes do mundo para três
dias de discussão, organizados em grupos de trabalhos com eixos temáticos específicos,
mesas redondas com especialistas e palestrantes internacionais convidados e exibição de
trabalhos sonoros de relevância para os temas discutidos.

As apresentações serão organizadas segundo os seguintes eixos temáticos:

a) Arqueologia das mídias sonoras

b) Som, afeto e significância

c) Tecnologias sonoras e práticas socioculturais

d) Som e cultura
e) Arte sonora

Pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação podem


participar como ouvintes ou apresentando trabalho. Neste caso, os resumos devem ter:
até 300 palavras; de 3 a 5 palavras-chaves; nome, titulação e afiliação dos autores;
indicação de eixo temático (ver acima). Os textos serão aceitos nos idiomas: Português,
Espanhol e Inglês e serão recebidos até o dia 8/2/2019. Estes devem ser enviados para o
email cipspoderesdosom@gmail.com, constando no cabeçalho a sugestão de eixo para o
qual está sendo submetido. Informações detalhadas para inscrição e submissão de
trabalhos encontram-se no site do evento.

Descrição dos eixos:

Arqueologia das mídias sonoras: Perspectiva que tem um olhar mais cuidadoso
em relação aos “objetos sonoros” e suas materialidades. Este eixo propõe o estudo dos
dispositivos sonoros em sua especificidade maquínica e na criação de uma lógica
inerente ao contexto em que são utilizados, problematizando abordagens socioculturais
que tendem a abstrair ou recusar aspectos da fisicalidade dos objetos. Serão acolhidos
trabalhos que tratem de diferentes configurações tecnológicas, diferentes aparatos
sonoros e sua existência particular em uma dada ecologia midiática.

Som, afeto e significância: Concentra trabalhos que investigam os sons tanto


como texto quanto como força, buscando possibilidades de convergência entre suas
dinâmicas somáticas e cognitivas.. Assim, interessa perceber as interfaces entre aquilo
que um som pode fazer e aquilo que pode significar, com ênfase em sua dimensão
estética. Aceita-se trabalhos que promovam análises de obras musicais e sonoras, tanto
sob uma perspectiva hermenêutica, como aqueles que busquem compreender os efeitos
das vibrações sônicas sobre os corpos de seus produtores e ouvintes.
Tecnologias sonoras e práticas socioculturais: Tecnologias podem ser entendidas
como conjunto de soluções desenvolvidas e concretizadas em objetos para execução de
determinadas tarefas. Essa definição pode ser ampliada para incorporar os protocolos e
pragmáticas cultivados em determinadas atividades humanas que, mesmo não
dependendo de máquinas específicas, propõem uma organização de ações e uma lóg

ica interna àqueles processos. Tecnologias não se desvinculam de fenômenos


socioculturais, mas propõem, por vezes, um discurso autônomo e acrítico sobre seu
próprio funcionamento. Este eixo pretende discutir diferentes aspectos dessas relações.

Som e cultura: Investiga os sons como mediadores de processos sociais e


culturais. Aborda os sons como processos e dinâmicas de circulação e consumo
simbólico, bem como um meio a partir do qual se realiza a socialização, a
transformação, a manutenção, a coesão e a organização de grupos sociais e seus
respectivos paradigmas culturais. Abriga artigos sobre fenômenos socioculturais a partir
de uma perspectiva que foque as sonoridades como uma ferramenta central para estas
práticas.

Arte sonora: Neste eixo se concentram trabalhos sobre o emergente campo da


arte sonora, seja em seus aspectos de produção ou fruição de obras. Serão aceitos
trabalhos teóricos ou que analisem criticamente os fazeres e experiências relacionados à
confecção e audiência de instalações e performances sonoras, peças experimentais
realizadas a partir do emprego de gravações de som, radioarte, música eletroacústica,
bem como trabalhos poéticos que foquem a palavra como sonoridade, em privilégio a
seus aspectos semânticos, etc.

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