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O Verde

Inácio de Loyola Brandão


Estranha é a cabeça das pessoas.
Uma vez, em São Paulo, morei numa rua que era dominada por uma árvore incrível. Na época de floração, ela
enchia a calçada de cores. Para usar um lugar-comum, ficava, sobre o passeio um verdadeiro tapete de flores;
esquecíamos o cinza que envolvia e vinha do asfalto, do concreto, do cimento, os elementos característicos desta
cidade. Percebi certo dia que a árvore começava a morrer. Secava lentamente, até que amanheceu inerte, sem uma folha.
É um ciclo, ela renascerá, comentávamos no bar ou na padaria. Não voltou. Pedi ao Instituto Botânico que analisasse a
árvore, e o técnico concluiu: foi envenenada. Surpresos, nós, os moradores da rua, que tínhamos na árvore um
verdadeiro símbolo, começamos a nos lembrar de uma vizinha de meia-idade que todas as manhãs estava ao pé da
árvore com um regador. Cheios de suspeitas, fomos até ela, indagamos, e ela respondeu com calma, os olhos brilhando,
agressivos e irritados:
- Matei mesmo essa maldita árvore.
- Por quê?
- Porque na época da flor ela sujava minha calçada, eu vivia varrendo
essas flores desgraçadas.
Manifesto verde. São Paulo, Círculo do Livro, 1985. p. 16-7.

Após a leitura desse texto, você ficou indignado com a senhora de meia idade, que vamos chamar de
D. Laura, e resolveu escrever uma carta para ela explicando-lhe porque não se deve fazer isso com as árvores
e porque.
Veja o modelo da carta abaixo e siga-o quando for escrever:

São José do Rio Preto, 20 de março de 2002.

Para Henrique Sousa

Meu nome é Janete Federico, faço parte de uma organização não-governamental que cuida da
proteção dos animais marinhos no Brasil (PROMARBRA) e estou escrevendo esta carta ao senhor porque
percebi que as atividades pesqueiras de sua empresa estão matando alguns animais indefesos como os
golfinhos.
O que lhe peço que o senhor pense em quantos animais estão morrendo injustamente, sem uma
chance de defesa. Animais que, no futuro, certamente, farão falta a fauna marítima. Acredito que o senhor
tenha como fazer uma pesca que seja menos predadora e peço-lhe que invista em pesquisas nesse sentido.
Aguardo a sua resposta e espero que sua opinião seja a mesma: que esses animais têm o direito
de viver livremente sem ter a sua espécie ameaçada.
Sem mais agradeço,

Janete Federico.

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