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Rodada #5

Direito Penal
Professor Pedro Ivo

Assuntos da Rodada

DIREITO PENAL: Noções Introdutórias. Aplicação da lei penal. Conceitos


básicos da teoria do crime. Imputabilidade penal. Concurso de pessoas.
Espécies de pena. Aplicação da pena. Medidas de segurança. Extinção da
punibilidade. Crimes contra a honra. Crimes contra a fé pública. Crimes contra
a administração em geral (praticados por funcionário público ou por
particular). Crimes contra a administração da justiça. Crimes contra as finanças
públicas. Crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/1990 E alterações).
Crimes contra a ordem econômica. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
(Lei nº 7.492/1986 e alterações). Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens,
Direitos e Valores (Lei nº 9.613/1998). Crimes resultantes de preconceitos de
raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989 e alterações). O direito de representação e o
processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso
de autoridade (Lei nº 4.898/1965 e alterações). Crimes hediondos. Crimes
ambientais.
DIREITO PENAL

a. Teoria em Tópicos

1. O Código Penal dedica o último título da parte especial para tratar dos crimes
contra a Administração Pública. Pretende o legislador proteger o normal
desenvolvimento da máquina administrativa em todos os setores de sua
atividade, proibindo, pela incriminação penal, não só a conduta ilícita dos
funcionários públicos, mas também a dos particulares que venham expor a
perigo de dano a função administrativa.

2. A Administração Pública pode ser analisada sob duas óticas diferentes, ora
no sentido amplo, ora no sentido restrito. O conceito de Administração em
sentido restrito abrange apenas o poder Executivo no exercício de sua
função típica de administrar. Diferentemente, a Administração Pública
analisada no sentido amplo é o próprio Estado, sendo composta pelos três
poderes, ou seja, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

3. O legislador optou por utilizar no Código Penal o conceito de Administração


pública em sentido amplo, abrangendo assim o poder executivo, o legislativo
e judiciário.

4. Os crimes contra a administração são classificados em três grupos:


4.1. Crimes cometidos por funcionário público contra a administração em
geral (art. 312 a 326);
4.2. Crimes praticados por particular contra a administração em geral
(art. 328 a 337); e
4.3. Crimes contra a administração da justiça (art 338 a 359).

5. Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, pois só


podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de
delito, a lei exige do indivíduo uma condição ou situação específica. Os
crimes funcionais classificam-se em:

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5.1. Crimes funcionais próprios - São aqueles cuja ausência da qualidade


de funcionário público torna o fato atípico. Exemplo claro de crime
funcional próprio é o delito de prevaricação, previsto no artigo 319 do
Código Penal. Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não
era funcionário público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum
outro crime. Percebe-se que a qualidade do sujeito ativo aparece como
elemento da tipicidade penal.
5.2. Crimes funcionais impróprios ou mistos - A ausência da qualidade
especial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal.
Exemplo: Concussão – Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário
público, o crime é de extorsão – art. 158.

6. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora


transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública. Verifica-se que o funcionário público, diante do Direito Penal,
caracteriza-se pelo exercício da função pública. Portanto, o que importa não
é a qualidade do sujeito, de natureza pública ou privada, mas sim a natureza
da função por ele exercida.

7. A lei nº 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionário público, equiparando


a este:
7.1. Quem Trabalha Em Entidade Paraestatal - As entidades paraestatais
integram o chamado terceiro setor, que pode ser definido como aquele
composto por entidades privadas da sociedade civil, que prestam
atividade de interesse social, por iniciativa privada, sem fins lucrativos.
7.2. Quem trabalha em empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública
- Difere o contrato do convênio porque naquele é a Administração
Pública, mediante concessão, quem contrata o particular para o exercício
de atividade pública. Já no convênio, verifica-se um acordo de duas ou

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mais entidades para a realização de um serviço público de competência


de uma delas, que deve ser uma entidade pública.

8. Para o legislador, determinados cargos, tais como os em comissão ou de


direção ou assessoramento, pela importância e responsabilidade, devem ser
valorados de uma maneira diferenciada em relação aos demais. Sendo
assim, fez constar no Código Penal que: A pena será aumentada da terça
parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

9. Dos crimes praticados por Funcionário Público contra a


Administração em geral

10. Peculato: O peculato é o delito em que o funcionário público,


arbitrariamente, faz sua ou desvia em proveito próprio ou de terceiro, a
coisa móvel que possui em razão do cargo, seja ela pertencente ao Estado
ou a particular, ou esteja sob sua guarda ou vigilância. Está definido assim
no Código Penal: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena
- reclusão, de dois a doze anos, e multa.

11. Observe que se trata de um crime funcional impróprio, pois se retirarmos


a qualidade de funcionário público passamos a ter o delito de apropriação
indébita, previsto no artigo 168 do Código Penal.

12. A definição do peculato prevista no artigo 312 se subdivide em duas


espécies:

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12.1. Peculato-Apropriação - Definido na 1ª parte do artigo 312. Ocorre


quando o funcionário público APROPRIA-SE.
12.2. Peculato-Desvio - Previsto na 2ª parte do artigo 312. Recebe esta
denominação quando o funcionário público DESVIA.

13. Para que haja a caracterização do peculato, faz-se necessário o


cumprimento das seguintes condições:
13.1. Que o sujeito tenha a posse lícita do objeto material;
13.2. Que a posse lhe tenha sido confiada em razão do cargo; e
13.3. Que haja uma relação de causa e efeito entre o cargo e a posse.

14. Peculato-Furto: No artigo 312 temos a caracterização do chamado


peculato-furto que, segundo o STF, ocorre quando o funcionário público não
detém a posse da coisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do
cargo que ocupa, mas sua qualidade de funcionário público propicia
facilidade para a ocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém no
órgão público em que atua ou desempenha suas funções.

15. Para a tipificação do peculato furto é indispensável que o funcionário


público tenha de alguma forma se aproveitado ou valido da função para ter
acesso ao bem que será objeto do crime.

16. Peculato-Culposo: Nesta forma típica, o funcionário, por imperícia,


imprudência ou negligência, concorre para a prática de crime de outrem.
Assim, em face da ausência de cautela que estava obrigado na preservação
de bens do poder público que lhe são confiados, o sujeito facilita a outrem a
subtração, apropriação ou desvio dos mesmos.

17. O crime se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem, havendo


necessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira que o

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primeiro (peculato-culposo) tenha permitido a prática do segundo. Seria o


caso, por exemplo, do chefe de determinado setor que, negligentemente,
esquece o armário com peças de computador aberto e estas são furtadas.
18.
19. O instituto do Peculato Culposo, nos termos do § 3º do art. 312,
apresenta uma espécie anômala de arrependimento posterior. Normalmente,
o arrependimento posterior, que só pode ser arguido em crimes praticados
sem violência ou grave ameaça, funciona como atenuante e deve acontecer
até o momento do recebimento da denuncia ou da queixa por parte do
magistrado. No caso do Peculato Culposo, este arrependimento funcionará
como excludente, caso ocorra até a sentença transitar em julgado, ou como
atenuante, manifestando-se depois do trânsito em julgado da sentença
penal, situação em que reduzirá a pena pela metade.

20. Peculato Mediante Erro de Outrem: Também denominado Peculato-


Estelionato, encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: Art.
313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
multa.

21. A conduta consiste em o funcionário público apropriar-se de dinheiro ou


qualquer utilidade mediante aproveitamento ou manutenção do erro de
outrem. É imprescindível, para que ocorra o delito, que a entrega do bem
tenha sido feita ao sujeito em razão do cargo que desempenha junto à
administração e que o erro tenha relação com seu exercício.

22. Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informação: Este delito foi


inserido no Código Penal pela lei nº 9.983/00 nos seguintes termos: Art.
313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de

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obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena
– reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

23. Segundo Damásio, “Essa incriminação tem por objetividade jurídica a


Administração Pública, particularmente a segurança do seu conjunto de
informações, inclusive no meio informatizado, que, para a segurança de toda
a coletividade, devem ser modificadas somente nos limites legais. Daí se
punir o funcionário que, tendo autorização para manipulação de tais dados,
vem a maculá-los pela modificação falsa ou inclusão e exclusão de dados
incorretos.”

24. Modificação ou Alteração não Autorizada em Sistema de


Informação: Qualquer sistema de informação de dados sobre empresas,
programa de controle de arrecadação de contribuições sociais dos segurados,
dentre outros, está agora tutelado pela norma penal: Art. 313-B. Modificar
ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena
– detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

25. O objeto da tutela penal é a Administração Pública, particularmente a


incolumidade de seus sistemas de informações e programas de informática,
que só podem sofrer modificações ou alterações quando a autoridade
competente solicita a determinado funcionário ou o autoriza. Desta forma,
mais precisamente como determina Julio Fabbrini Mirabete protege-se, com
o dispositivo, a regularidade dos sistemas informatizados ou bancos de
dados da Administração Pública.

26. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou


alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
27. Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento: O
delito apresenta no CP a seguinte definição: Art. 314 - Extraviar livro oficial

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ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo


ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos,
se o fato não constitui crime mais grave.

28. Visa proteger a Administração no que diz respeito à ordem, regularidade e


segurança de livros oficiais e documentação de natureza pública ou privada,
que devem manter-se íntegros. Exatamente por isso, pune-se o funcionário
que, tendo a sua guarda em razão do cargo, vem a desviá-los, escondê-los
ou inutilizá-los.

29. Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas: A fim de proteger


a regularidade da atividade administrativa no que diz respeito à aplicação de
verbas e rendas públicas, o conhecido crime de desvio de verbas encontra
sua previsão no CP. Observe: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas
aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três
meses, ou multa.

30. Concussão: De acordo com o artigo 316, caput, do Código Penal,


constitui delito o fato de o funcionário público: Art. 316 - Exigir, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois
a oito anos, e multa.

31. Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o termo “concussão” tem sua


origem etimológica derivada do verbo latino concutere, expressão
empregada quando se pretende indicar o ato de sacudir a árvore para que os
frutos caiam. Também significa “sacudir fortemente, abalar, agitar
violentamente”.
32. Como visto no artigo 316, caput, a concussão materializa-se quando o
funcionário exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagens

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indevidas. É o desvio da função pública para esbulhar. É um dos crimes mais


graves contra a Administração Pública.

33. Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcionário público


exige, impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria (este termo já foi
utilizado em provas) e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. Em
outros termos, o crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada
pelo funcionário público, com abuso de autoridade, contra particular que
cede ou virá a ceder em face do metu publicae potestatis (medo do poder
público).

34. Júlio Fabbrini Mirabete, quanto à objetividade jurídica do crime de


concussão, leciona: “Objetiva a incriminação do fato tutelar a regularidade
da administração, no que tange à probidade dos funcionários, ao legítimo
uso da qualidade e da função por eles exercida. Em plano secundário,
protegido está também o interesse patrimonial de particular, ou mesmo de
funcionário, de quem é exigida a vantagem.”

35. Excesso de Exação: Podemos dizer que o excesso de exação é uma


espécie do gênero concussão. Digo isto porque a diferença fundamental é
que aqui o indivíduo não visa a proveito próprio ou alheio, mas, no
desempenho de sua função, excede-se nos meios de execução. Sobre o
excesso de exação dispõe o Código Penal: Art. 316 § 1º - Se o funcionário
exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei
não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

36. Corrupção Passiva: O delito em questão encontra previsão no artigo


317 do CP nos seguintes termos: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de

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assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de


tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

37. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
ou o pratica infringindo dever funcional.

38. Facilitação de Contrabando ou Descaminho: Encontra previsão no


artigo 318 do CP: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8
(oito) anos, e multa.

39. O Supremo Tribunal Federal reconhece o valor das portarias, como


elemento de inovação legislativa que deve ser aplicado concomitantemente
com a lei 10.522/02, adotando o entendimento no sentido de que para a
caracterização do crime de descaminho, é necessário que o tributo aduaneiro
não pago pelo agente seja superior aos R$ 20.00,00 (vinte mil reais).

40. A lógica do STF é bem pragmática. Como a União não ajuíza ações fiscais
relativas a valores inferiores a R$ 20.000,00, este valor é tido como
insignificante pelo governo federal. Caso fosse relevante, existiria ação. Não
existindo interesse da união em iniciar a ação fiscal, não existirá razão de se
configurar crime.

41. O Superior Tribunal de Justiça, no entanto, vem adotando posicionamento


diverso, no sentido de se aplicar o patamar constante na legislação tributária
vigente, ou seja, R$ 10.000,00 (dez mil reais), sob o argumento de que a
portaria do Ministério da Fazenda é norma infra legal que não possui a força
normativa capaz de alterar o patamar para a aplicação do princípio da
bagatela.

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42. Prevaricação: A prevaricação encontra sua definição no artigo 319 do


Código Penal: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano,
e multa.

43. Na prática do fato, o funcionário se abstém da realização da conduta a


que está obrigado ou a retarda ou a concretiza contra a lei, com destinação
específica de atender a sentimento ou interesse próprio.

44. Prevaricação Imprópria: Consiste na conduta de deixar o Diretor de


Penitenciária e/ou agente público de cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
com outros presos ou com o ambiente externo. Encontra previsão no CP.
Observe: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público,
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena: detenção,
de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

45. Condescendência Criminosa: Consiste na conduta de deixar o


funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze
dias a um mês, ou multa.

46. Advocacia Administrativa: O agente vale-se de sua função, malferindo


a lisura administrativa para garantir vantagem indevida à particular em
detrimento do interesse público que deveria proteger. O delito encontra
previsão no CP da seguinte forma: Art. 321 - Patrocinar, direta ou

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indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se


da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

47. Se o interesse patrocinado for completamente lícito, haverá advocacia


administrativa? Sim. O legislador não restringiu a natureza do interesse
privado. Se for legítimo, haverá a forma simples do delito. Caso seja
ilegítimo, haverá advocacia administrativa na forma qualificada, com pena de
detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

48. A advocacia administrativa é um delito eminentemente subsidiário. Dessa


forma, se o funcionário estiver recebendo vantagem indevida para patrocinar
o interesse privado, haverá delito de corrupção passiva.

49. Violação De Sigilo Funcional: A Administração Pública rege-se pelo


princípio da publicidade, plasmado este no “caput” do art. 37 da Carta
Magna. Entretanto, tal princípio não é absoluto, pois certos fatos
relacionados com o poder público devem ficar a coberto do conhecimento
geral em razão do interesse funcional. Desta forma, o legislador optou por
tutelar penalmente estes segredos, punindo o autor da violação de sigilo
funcional: Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena -
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime
mais grave.

50. Somente haverá o crime de violação de sigilo funcional (art. 325, cp) se o
fato não constituir crime mais grave (subsidiariedade expressa). Assim, se o
funcionário violou o segredo, recebendo vantagem indevida para isso,
haverá crime de corrupção passiva e não violação de sigilo (ou segredo)
funcional.

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DIREITO PENAL

51. Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência: Um dos principais


aspetos a ser verificado para a garantia da lisura de um certame licitatório é
o sigilo das propostas. Em uma concorrência, a ideia é que os participantes
coloquem seus “preços” em um envelope lacrado e, após o julgamento, caso
a licitação seja do tipo menor preço, a empresa com a proposta de menor
valor seja declarada vencedora da licitação.

52. Obviamente que se as propostas forem violadas antes do julgamento, fica


fácil manipular o resultado, pois basta que determinada empresa,
conhecendo as propostas das outras, apresente um valor inferior.
Exatamente para impedir esta situação, o Código Penal preceitua: Art. 326 -
Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e
multa.

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DIREITO PENAL

b. Revisão 01

QUESTÃO 01 - ADAPTADA - ANALISTA - TRE-PB - 2015

Ricardo, funcionário público da Prefeitura de Pedra Verde, patrocinou,


indiretamente, no mês de Janeiro de 2015, interesse privado perante a
Administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Ricardo
cometeu crime de:

a) excesso de exação.

b) peculato.

c) corrupção passiva.

d) corrupção ativa.

e) advocacia administrativa.

QUESTÃO 02 - ADAPTADA - JUIZ - TJ-SE – 2015

A conduta de quem exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela,
vantagem indevida, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social, ou cobrá-los parcialmente, configura um delito:

a) tributário.

b) de excesso de exação.

c) de concussão.

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DIREITO PENAL

d) de corrupção ativa.

e) de corrupção passiva.

QUESTÃO 03 - ADAPTADA - TÉCNICO - TRT-9ªREGIÃO – 2015

Considere os seguintes tipos de crimes e suas definições.

Tipo de Crime

( ) Condescendência Criminosa

( ) Peculato

( ) Corrupção passiva

Definição

1. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem


móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio.

2. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

3. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

A correta relação entre o crime e sua definição, de cima para baixo, está em:

a) 1, 2 e 3.

b) 2, 1 e 3.

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c) 3, 2 e 1.

d) 2, 3 e 1.

e) 3, 1 e 2.

QUESTÃO 04 - ADAPTADA - TÉCNICO - TRT – 2015

Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em


geral, é correto afirmar:

a) Os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão e excesso de exação


são hediondos.

b) Crimes funcionais próprios são aqueles que se for excluída a qualidade de


funcionário público, haverá a desclassificação para crime de outra natureza.

c) Crimes funcionais impróprios são aqueles cuja exclusão da qualidade de


funcionário público torna o fato atípico.

d) O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de


regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

e) Após o recebimento da denúncia sempre será adotado o rito sumário.

QUESTÃO 05 - ADAPTADA - OFICIAL DE PROMOTORIA - DPE-SP – 2015

Felipe, Oficial da Defensoria Pública estadual, no exercício de suas funções


recebeu, de um assistido, um HD externo que continha arquivos digitais
solicitados para utilização em seu processo. Após a cópia dos arquivos deveria

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DIREITO PENAL

devolvê-lo no dia seguinte, entretanto, como Felipe passaria a partir daquele


dia a atuar em outra unidade da Defensoria, decidiu levar o aparelho eletrônico
para sua casa utilizando-o como se fosse seu, sem qualquer intenção de
devolvê-lo ao proprietário. Felipe cometeu o crime de

a) peculato mediante erro de outrem, por ter se apropriado de bem móvel


particular, de que tem a posse em razão do cargo, mediante erro do assistido.

b) peculato culposo, por ter concorrido com culpa na apropriação do aparelho


eletrônico.

c) corrupção passiva, por ter recebido o aparelho eletrônico como vantagem


indevida para si.

d) prevaricação, por ter, indevidamente, deixado de praticar ato que estava


obrigado, que neste caso seria a devolução do aparelho eletrônico.

e) peculato, por ter se apropriado de bem móvel particular, de que tem a posse
em razão do cargo.

QUESTÃO 06 - ADAPTADA - OFICIAL DE PROMOTORIA - DPE-SP – 2015

Suzana, Oficial da Defensoria Pública estadual, é responsável pelo registro,


movimentação e tramitação de processos em determinada unidade da
Defensoria. Sua inimiga, Zulmira, solicitou assistência da Defensoria nesta
unidade, e por vingança Suzana deixou de registrar esta solicitação. É correto
afirmar que Suzana

a) não cometeu o crime de Prevaricação, uma vez que não praticou ato ilegal
por sentimento pessoal.

b) cometeu o crime de Prevaricação porque deixou de praticar, indevidamente,


ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

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DIREITO PENAL

c) não cometeu crime algum, embora por ética e responsabilidade


administrativa deveria ter registrado a solicitação de Zulmira.

d) cometeu o crime de Corrupção Passiva, por ter deixado de realizar ato que é
exigido em lei.

e) cometeu o crime de Peculato, por ter praticado ato ilegal por sentimento
pessoal.

QUESTÃO 07 - ADAPTADA - OFICIAL DE DEFENSORIA - DPE-SP – 2015

Verônica, funcionária da Defensoria Pública do Estado que tem a posse de um


telefone celular de propriedade da Defensoria Pública, pelo qual é responsável,
em determinado dia de trabalho ao sair para almoçar esqueceu este telefone
em cima de sua mesa de trabalho. Vagner, seu colega de trabalho na mesma
função, nota o descuido e subtrai o aparelho celular. Nesta situação hipotética,
diante do Código Penal brasileiro é correto afirmar que Verônica

a) e Vagner cometeram crime de peculato, se sujeitando às mesmas


penalidades, pois ambos concorreram para o crime.

b) cometeu o crime de peculato mediante erro de outrem enquanto Vagner


cometeu o crime de peculato doloso.

c) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de peculato, pois se


apropriou de bem móvel público de que tem a posse em razão do cargo em
proveito próprio ou alheio.

d) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de peculato culposo.

e) cometeu o crime de peculato culposo e Vagner cometeu o crime de peculato,


pois ele não estava em posse do bem, mas mesmo assim o subtraiu, em

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DIREITO PENAL

proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a


qualidade de funcionário.

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DIREITO PENAL

c. Revisão 02

QUESTÃO 08 - ADAPTADA - OFICIAL DE DEFENSORIA - DPE-SP – 2015

Marcelo, funcionário público da Defensoria Pública, é responsável por organizar


a fila de atendimento ao público. Ao encontrar seu amigo Pedro, que pretende
ser atendido na Defensoria, diz que pode fazer com que ele seja o primeiro a
ser atendido, embora Pedro não tenha chegado primeiro e sequer tenha algum
motivo justo para isso. Pedro se interessa, mas Marcelo solicita cem reais em
dinheiro para fazer isso e afirma que, se Pedro não quiser pagar, não tem
problema, apenas terá que aguardar seu lugar correto na fila. Nesta situação,
Marcelo

a) cometeu o crime de corrupção passiva por ter solicitado para si vantagem


indevida em razão de sua função

b) cometeu o crime de concussão por ter exigido para si vantagem indevida em


razão de sua função.

c) cometeu o crime prevaricação, pois beneficiou terceiro por ser seu amigo.

d) não cometeu nenhum crime, pois seu amigo não se manifestou quanto a
aceitação no ato de pagar o valor para ajuda de custo.

e) cometeu o crime de advocacia administrativa pois patrocinou diretamente


interesse privado perante a Administração pública valendo-se da qualidade de
funcionário.

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DIREITO PENAL

QUESTÃO 09 - ADAPTADA - PROMOTOR - MPDFT – 2015

Quanto aos crimes contra a administração pública, assinale a opção CORRETA:

a) Para a caracterização do delito de comunicação falsa de crime ou


contravenção, exige-se a instauração formal de procedimento de investigação
do fato comunicado.

b) O falso testemunho deixa de ser punível se, antes da sentença no processo


em que se apura o falso, o agente se retrata ou declara a verdade.

c) O agente de polícia que, valendo-se da facilidade proporcionada pelo cargo,


subtrai, em proveito próprio, dinheiro de fiança prestada por preso em flagrante
na delegacia de polícia em que trabalha, e que estava na posse do escrivão de
polícia, pratica o crime de peculato.

d) Pratica conduta atípica o policial que, negligentemente, deixa à vista, sobre o


painel de seu veículo, a arma de fogo pertencente à corporação e a si
acautelada, sendo tal objeto subtraído sem violência por um ladrão que por ali
passava.

e) O agente de trânsito que retarda, indevidamente, a prática de ato de ofício,


cedendo a pedido ou por influência de alguém, comete crime de prevaricação.

QUESTÃO 10 - ADAPTADA - ANALISTA - TRE-SE – 2015

Patricio, funcionário público, atuando em um cartório de determinada Zona


Eleitoral do Estado de Sergipe, exige a quantia de R$ 50.000,00 em dinheiro de
Ourives, candidato a Vereador em um pleito eleitoral, para não formalizar a
apreensão de material de propaganda irregular e compra de votos promovida
por meio de entrega de cestas básicas a populares do município, tudo praticado
durante o período eleitoral. Neste caso, o funcionário público Patrício cometeu
crime de

21
DIREITO PENAL

a) corrupção passiva.

b) excesso de exação.

c) concussão.

d) prevaricação.

e) peculato.

QUESTÃO 11 - ADAPTADA - TITULAR DE SERVIÇOES - TJ-RS – 2015

Acerca dos crimes contra a Administração Pública, assinale a alternativa que


contém afirmativa correta.

a) Conduzido que oferece ao delegado de polícia determinada quantia em


dinheiro para que este deixe de lavrar o auto de prisão em flagrante comete o
crime de corrupção passiva.

b) Funcionário público que concorreu culposamente para a apropriação de


dinheiro proveniente dos cofres públicos, mas restituiu os valores após o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, terá sua punibilidade
extinta.

c) Funcionário público que, tendo constatado que "W" sonegava impostos e,


antes de efetivar a autuação, colocou faixas na porta do estabelecimento
comercial de "W" com os seguintes escritos: estou sendo autuado por
sonegação de impostos, praticou o crime de excesso de exação.

d) Comete o crime de corrupção ativa o particular que paga vantagem indevida


a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício.

e) N.R.A.

22
DIREITO PENAL

QUESTÃO 12 - ADAPTADA - TITULAR DE SERVIÇOES - TJ-RS – 2015

Sobre os crimes praticados por funcionários públicos, assinale a alternativa que


contém afirmativa correta.

a) O agente que exige, solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem, para
deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobra-os
parcialmente, pratica o crime de corrupção passiva, inscrito no artigo 317 do
Código Penal.

b) O peculato, em qualquer uma de suas modalidades, é considerado como


crime próprio, razão pela qual não se admite a ocorrência de coautoria ou
participação envolvendo particulares.

c) O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da obtenção


de qualquer vantagem indevida para sua consumação.

d) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante autoridade


fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público, configura o crime
de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal.

e) N.R.A.

QUESTÃO 13 - ADAPTADA - JUIZ - TRT – 2015

No crime de peculato, a condição pessoal de funcionário público

a) não constitui elementar e não se comunica ao coautor ou partícipe.

23
DIREITO PENAL

b) constitui elementar, mas não se comunica, em qualquer situação, ao coautor


ou partícipe.

c) não constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que


este conheça a condição daquele.

d) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que este


conheça a condição daquele.

e) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, ainda que este


não conheça a condição daquele.

QUESTÃO 14 - ADAPTADA - OFICIAL DE JUSTIÇA - TJ-RO – 2015

Gustavo, funcionário público que atua junto à Secretaria de Finanças de


determinado Município, quando estava em seu trabalho, recebe uma ligação de
sua esposa dizendo que o filho do casal acabara de nascer. Eufórico, deixa a
repartição pública e esquece o cofre com dinheiro público aberto. Breno,
também funcionário público daquela repartição, valendo-se do esquecimento de
Gustavo, pratica um crime de peculato. Considerando a situação narrada, é
correto afirmar que Gustavo:

a) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que a reparação do dano


antes da sentença irrecorrível gera extinção da punibilidade;

b) não poderá ser responsabilizado por sua conduta, pois o Código Penal não
prevê a figura do peculato culposo;

c) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que a reparação do dano,


desde que anterior ao oferecimento da denúncia, gerará a extinção da
punibilidade;

d) responderá pelo crime de peculato-furto em concurso de agentes com Breno;

24
DIREITO PENAL

e) responderá por peculato culposo, sendo que a reparação do dano, desde que
anterior ao recebimento da denúncia, gerará extinção da punibilidade.

25
DIREITO PENAL

d. Revisão 03

QUESTÃO 15 - ADAPTADA - AUDITOR - TCM-RJ – 2015

O médico chefe de hospital público que retarda a expedição de atestado de


óbito por animosidade com a família do falecido comete crime de

a) exercício arbitrário ou abuso de poder.

b) falsa perícia.

c) corrupção passiva privilegiada.

d) prevaricação.

e) falsidade de atestado médico.

QUESTÃO 16 - ADAPTADA - AUDITOR - TCM-RJ – 2015

O crime de condescendência criminosa

a) Admite tentativa.

b) só é punido na forma dolosa.

c) é um delito comissivo por omissão.

d) caracteriza-se mesmo que o agente não seja superior hierárquico do


funcionário infrator.

e) é punível a título de dolo eventual se o agente ignora, por negligência, a


ocorrência da infração.

26
DIREITO PENAL

QUESTÃO 17 - ADAPTADA - AUDITOR - TCE-RJ – 2015

Durante uma noite de trabalho, Lucio, funcionário público, esquece, de maneira


culposa, o cofre da repartição aberto. Thiago, também funcionário público, ao
perceber aquela situação, comunica o fato ao seu melhor amigo Henrique, que,
sabendo da função exercida por Thiago, vai ao seu encontro. Utilizando a chave
de Thiago da sala em que se localiza o cofre, Henrique subtrai determinada
quantia. Descoberto o fato, Thiago e Henrique foram denunciados por peculato
doloso, enquanto que a Lucio foi imputada a prática do delito de peculato
culposo. Após a denúncia, mas antes de proferida a sentença, Lucio reparou o
prejuízo sofrido pela administração.

De acordo com a narrativa, é correto afirmar que:

a) Henrique, particular estranho ao serviço público, deve ter sua conduta


desclassificada para furto qualificado, eis que o peculato é crime próprio que
somente pode ter como sujeito ativo o funcionário público;

b) o crime de peculato doloso não admite a redução da pena na forma do artigo


16 do Código Penal (arrependimento posterior), tendo em vista que também
visa proteger a moralidade pública;

c) a reparação do dano por Lucio antes da sentença condenatória funciona


como causa de redução de sua sanção penal;

d) o funcionário público que, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a


qualidade de servidor, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai para si ou para outrem, deve responder por peculato-apropriação;

e) a reparação do dano por Lucio antes de eventual sentença condenatória


funciona como causa de extinção da punibilidade.

27
DIREITO PENAL

QUESTÃO 18 - ADAPTADA - CONSELHEIRO - TCE-CE – 2015

Bernardo, funcionário público, ordenou que Luciana, contribuinte, quitasse


tributo indevido. Anteriormente à entrega deste valor, desistiu da ordem.
Conquanto esta atitude, Luciana entendeu por bem entregar o numerário a
Bernardo que o recebeu e o desviou depois do recolhimento ao tesouro público.
Bernardo praticou

a) fato atípico, por ausentes elementos do tipo penal.

b) excesso de exação.

c) excesso de exação qualificada.

d) peculato na modalidade furto.

e) peculato na modalidade apropriação.

QUESTÃO 19 - ADAPTADA - ANALISTA DE PROMOTORIA - MPE-SP –


2015

Nos crimes contra a Administração Pública,

a) o crime de peculato doloso (artigo 312, CP) divide-se em peculato-


apropriação, peculato-desvio e peculato-furto.

b) o funcionário público que exige tributo ou contribuição social, que sabe ou


deveria saber indevido, comete crime de concussão (art. 316, CP).

c) o funcionário que deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente comete crime de
prevaricação (art. 319, CP).

28
DIREITO PENAL

d) o crime de corrupção passiva se consuma no momento em que o funcionário


público, em consequência da promessa ou vantagem recebida, retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional (art.
317, CP).

e) o crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) se configura quando,


na modalidade “violência”, resultar lesão corporal no coacto.

QUESTÃO 20 - ADAPTADA - ESCREVENTE - TJ-SP – 2015

O peculato culposo

a) é fato atípico, pois não está expressamente previsto no CP.

b) tem a ilicitude excluída se o agente repara o dano a qualquer tempo

c) tem a punibilidade extinta se o agente repara o dano antes da sentença


irrecorrível.

d) é punido com detenção, de dois a doze anos, e multa.

e) é punido com a mesma pena do peculato doloso.

QUESTÃO 21 - ADAPTADA - JULGADOR - SEFAZ-PE – 2015

O diretor do almoxarifado da Receita Estadual, após o encerramento do


expediente, solicitou ao segurança do local, que passa por dificuldades
financeiras em decorrência da enfermidade de seu filho, que deixasse a porta
do departamento aberta, pois, retornaria para a finalização dos trabalhos após
o jantar. O segurança informou que não poderia permitir, devido a guarda dos
valores retidos no local e o encerramento do expediente. O diretor propôs,

29
DIREITO PENAL

então, ao segurança, ajudar na compra do medicamento para seu filho. O


segurança deixou a porta aberta ciente das intenções do diretor, que se
apossou dos envelopes contendo quantia em dinheiro referente aos tributos
recebidos naquele dia e os depositou em conta corrente própria. A conduta do
segurança está descrita no crime de

a) peculato-furto em concurso de pessoas.

b) peculato-apropriação em concurso de pessoas.

c) furto qualificado pelo concurso de agentes, por não ser funcionário público.

d) apropriação indébita em concurso de agentes, por não ser funcionário


público.

e) peculato culposo, pois não praticou o verbo do tipo penal.

30
DIREITO PENAL

e. Mapa Mental

CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA

Apropriar-se o funcionário A consumação no


público de dinheiro, valor ou peculato-apropriação
PECULATO
qualquer outro bem móvel, ocorre quando o indivíduo
DIVIDE-SE EM: público ou particular, de que age como se fosse dono do
PECULATO- tem a posse em razão do objeto. Por sua vez, no
APROPRIAÇÃO cargo, ou desviá-lo, em peculato-desvio ocorre
E proveito próprio ou alheio. quando o indivíduo desvia
o bem, sendo irrelevante
PECULATO-DESVIO
se consegue ou não
proveito próprio ou alheio.

O funcionário público, embora Ocorre quando o


não tendo a posse do funcionário público subtrai
dinheiro, valor ou bem o ou concorre para que seja
subtrai ou concorre para que subtraído.
PECULATO-FURTO seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de
funcionário.

Quanto aos delitos acima, se Refere-se aos delitos


o funcionário concorre acima.
culposamente para o crime de
outrem.
PECULATO A reparação do dano, se
CULPOSO precede à sentença
irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a
pena imposta.

Apropriar-se de dinheiro ou O crime se consuma não


PECULATO qualquer utilidade que, no no momento em que o
MEDIANTE ERRO DE exercício do cargo, recebeu funcionário recebe a coisa,
OUTREM por erro de outrem. mas no momento em que,
tendo sua posse, dela se

31
DIREITO PENAL

apropria.

Inserir ou facilitar, o O crime é FORMAL,


funcionário autorizado, a atingindo a consumação
inserção de dados falsos, no momento em que as
alterar ou excluir informações falsas passam
INSERÇÃO DE indevidamente dados corretos a fazer parte do sistema
DADOS FALSOS EM nos sistemas informatizados de informações.
SISTEMA DE ou bancos de dados da
INFORMAÇÕES Administração Pública, com o
fim de obter vantagem
indevida para si ou para
outrem ou para causar dano.

Modificar ou alterar, o Crime de MERA CONDUTA,


funcionário, sistema de consumando-se com a
informações ou programa de alteração ou modificação.
informática sem autorização
MODIFICAÇÃO OU ou solicitação de autoridade
ALTERAÇÃO NÃO competente.
AUTORIZADA DE
SISTEMA DE As penas são aumentadas de
INFORMAÇÕES um terço até a metade se da
modificação ou alteração
resulta dano para a
Administração Pública ou para
o administrado.

Extraviar livro oficial ou Trata-se de crime de MERA


qualquer documento de que CONDUTA. Consuma-se o
tem a guarda em razão do delito com a realização das
EXTRAVIO,
SONEGAÇÃO OU cargo; sonegá-lo ou inutilizá- condutas definidas na
INUTILIZAÇÃO DE lo, total ou parcialmente. norma incriminadora,
LIVRO OU sendo irrelevante a
DOCUMENTO ocorrência de dano para a
administração pública.

32
DIREITO PENAL

Dar às verbas ou rendas O crime é consumado com


EMPREGO públicas aplicação diversa da a aplicação irregular de
IRREGULAR DE estabelecida em lei. rendas e verbas públicas,
VERBAS OU RENDAS não bastando a simples
PÚBLICAS indicação sem execução.

Exigir, para si ou para A concussão é um delito


outrem, direta ou FORMAL e a consumação
indiretamente, ainda que fora ocorre com a exigência, no
CONCUSSÃO
da função ou antes de momento que esta chega
assumi-la, mas em razão ao conhecimento do
dela, vantagem indevida. sujeito passivo.

Se o funcionário exige tributo Trata-se de crime Formal e


ou contribuição social que o delito se consuma no
sabe ou deveria saber momento da exigência ou
indevido ou, quando devido, do emprego do meio
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso.
EXCESSO DE
vexatório ou gravoso que a lei
EXAÇÃO
não autoriza; OU se desvia,
em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher
aos cofres públicos.

Solicitar ou receber, para si Trata-se de crime Formal e


ou para outrem, direta ou o delito se consuma no
indiretamente, ainda que fora momento em que a
da função, ou antes de solicitação chega ao
assumi-la, mas em razão conhecimento do terceiro
dela, vantagem indevida, ou ou quando o funcionário
aceitar promessa de tal recebe a vantagem ou
CORRUPÇÃO vantagem. aceita a promessa de sua
PASSIVA
entrega.
A pena é aumentada de um
terço se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.

33
DIREITO PENAL

Facilitar, com infração de Consuma-se o delito com a


dever funcional, a prática de realização da conduta de
FACILITAÇÃO DE contrabando ou descaminho. facilitação, seja ela
CONTRABANDO OU comissiva (Ex: Aconselhar)
DESCAMINHO ou omissiva (Ex: Não criar
obstáculos).

Retardar ou deixar de Consuma-se o delito com a


praticar, indevidamente, ato omissão, retardamento ou
de ofício, ou praticá-lo contra realização do ato.
PREVARICAÇÃO
disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.

Deixar o Diretor de O crime se consuma com o


Penitenciária e/ou agente acesso do preso ao
público de cumprir seu dever aparelho telefônico, ainda
de vedar ao preso o acesso a que não consiga utilizá-lo.
PREVARICAÇÃO
aparelho telefônico, de rádio
IMPRÓPRIA
ou similar, que permita a
comunicação com outros
presos ou com o ambiente
externo.

Deixar o funcionário, por É CRIME OMISSIVO PRÓ-


indulgência, de PRIO, consumando-se com
responsabilizar subordinado a simples conduta
CONDESCENDÊNCIA que cometeu infração no negativa.
CRIMINOSA exercício do cargo ou, quando
lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente.

Patrocinar, direta ou Consuma-se o delito com a


indiretamente, interesse realização do primeiro ato
privado perante a de patrocínio,
ADVOCACIA administração pública, independentemente da
ADMINISTRATIVA valendo-se da qualidade de obtenção do resultado
funcionário. pretendido.
Há agravante se o interesse é
ILEGÍTIMO.

34
DIREITO PENAL

Abandonar cargo público, fora Delito OMISSIVO


dos casos permitidos em lei. PRÓPRIO. Consuma-se
ABANDONO DE com o afastamento do
FUNÇÃO cargo por tempo
juridicamente relevante.

Entrar no exercício de função Consuma-se o delito no


EXERCÍCIO pública antes de satisfeitas as momento em que o
FUNCIONAL exigências legais ou continuar funcionário pratica o
ILEGALMENTE a exercê-la, sem autorização, primeiro ato de ofício.
ANTECIPADO OU depois de saber oficialmente
PROLONGADO que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso.

Revelar fato de que tem O delito é consumado no


ciência em razão do cargo, e momento do ato da
que deva permanecer em revelação do segredo. Por
VIOLAÇÃO DE segredo, ou facilitar-lhe a ser um crime formal,
SIGILO FUNCIONAL revelação. independe da real
ocorrência de dano,
bastando a potencialidade.

Permitir ou facilitar, mediante O delito é consumado no


atribuição, fornecimento e momento da permissão ou
empréstimo de senha ou facilitação.
VIOLAÇÃO DE qualquer outra forma, o
SIGILO FUNCIONAL acesso de pessoas não
DE SISTEMAS DE autorizadas a sistemas de
INFORMAÇÃO informações ou banco de
dados da Administração
Pública;
Utilizar, indevidamente, o
acesso restrito.

Devassar o sigilo de proposta A consumação ocorre no


VIOLAÇÃO DO
de concorrência pública ou momento em que o
SIGILO DE
proporcionar a terceiro o funcionário ou o terceiro
PROPOSTA DE
CONCORRÊNCIA
ensejo de devassá-lo. toma conhecimento do
conteúdo da proposta.

35
DIREITO PENAL

Praticar violência, no exercício Consuma-se o delito com a


de função ou a pretexto de prática da violência.
VIOLÊNCIA
exercê-la
ARBITRÁRIA

f. Normas utilizadas – Principais Crimes

Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou

36
DIREITO PENAL

gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei
nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que
recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei
nº 10.763, de 12.11.2003)
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

37
DIREITO PENAL

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.


Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
(Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)

38
DIREITO PENAL

g. Gabarito

1 2 3 4 5

E C E D E

6 7 8 9 10

B E A C C

11 12 13 14 15

C C D A D

16 17 18 19 20

B E E A C

21 ***** ***** ***** *****

A ***** ***** ***** *****

39
DIREITO PENAL

h. Breves comentários às questões

QUESTÃO 01 - ADAPTADA - ANALISTA - TRE-PB - 2015

Ricardo, funcionário público da Prefeitura de Pedra Verde, patrocinou,


indiretamente, no mês de Janeiro de 2015, interesse privado perante a
Administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Ricardo
cometeu crime de:

a) excesso de exação.

b) peculato.

c) corrupção passiva.

d) corrupção ativa.

e) advocacia administrativa.

Nos termos do art. 321, comete o crime de advocacia administrativa quem


exerce a conduta de patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

QUESTÃO 02 - ADAPTADA - JUIZ - TJ-SE – 2015

A conduta de quem exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela,
vantagem indevida, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social, ou cobrá-los parcialmente, configura um delito:

40
DIREITO PENAL

a) tributário.

b) de excesso de exação.

c) de concussão.

d) de corrupção ativa.

e) de corrupção passiva.

Questão que tenta confundir o candidato com os crimes previstos no Código


Penal. Leciona o art. 3°, da lei nº 8.137/90, que constitui crime funcional contra
a ordem tributária, além dos previstos no CP, exigir, solicitar ou receber, para si
ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.

QUESTÃO 03 - ADAPTADA - TÉCNICO - TRT-9ªREGIÃO – 2015

Considere os seguintes tipos de crimes e suas definições.

Tipo de Crime

( ) Condescendência Criminosa

( ) Peculato

( ) Corrupção passiva

Definição

41
DIREITO PENAL

1. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem


móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio.

2. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda


que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

3. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

A correta relação entre o crime e sua definição, de cima para baixo, está em:

a) 1, 2 e 3.

b) 2, 1 e 3.

c) 3, 2 e 1.

d) 2, 3 e 1.

e) 3, 1 e 2.

Do Código Penal retiramos:

Peculato: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer


outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

Corrupção passiva: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Condescendência Criminosa: Deixar o funcionário, por indulgência, de


responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,

42
DIREITO PENAL

quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade


competente.

QUESTÃO 04 - ADAPTADA - TÉCNICO - TRT – 2015

Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em


geral, é correto afirmar:

a) Os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão e excesso de exação


são hediondos.

b) Crimes funcionais próprios são aqueles que se for excluída a qualidade de


funcionário público, haverá a desclassificação para crime de outra natureza.

c) Crimes funcionais impróprios são aqueles cuja exclusão da qualidade de


funcionário público torna o fato atípico.

d) O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de


regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

e) Após o recebimento da denúncia sempre será adotado o rito sumário.

Nos termos do art. 33, parágrafo 4º, do Código Penal, o condenado por crime
contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

QUESTÃO 05 - ADAPTADA - OFICIAL DE PROMOTORIA - DPE-SP – 2015

43
DIREITO PENAL

Felipe, Oficial da Defensoria Pública estadual, no exercício de suas funções


recebeu, de um assistido, um HD externo que continha arquivos digitais
solicitados para utilização em seu processo. Após a cópia dos arquivos deveria
devolvê-lo no dia seguinte, entretanto, como Felipe passaria a partir daquele
dia a atuar em outra unidade da Defensoria, decidiu levar o aparelho eletrônico
para sua casa utilizando-o como se fosse seu, sem qualquer intenção de
devolvê-lo ao proprietário. Felipe cometeu o crime de

a) peculato mediante erro de outrem, por ter se apropriado de bem móvel


particular, de que tem a posse em razão do cargo, mediante erro do assistido.

b) peculato culposo, por ter concorrido com culpa na apropriação do aparelho


eletrônico.

c) corrupção passiva, por ter recebido o aparelho eletrônico como vantagem


indevida para si.

d) prevaricação, por ter, indevidamente, deixado de praticar ato que estava


obrigado, que neste caso seria a devolução do aparelho eletrônico.

e) peculato, por ter se apropriado de bem móvel particular, de que tem a posse
em razão do cargo.

A conduta se amolda no art. 312, do CP, que define o crime de peculato como a
conduta de apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

QUESTÃO 06 - ADAPTADA - OFICIAL DE PROMOTORIA - DPE-SP – 2015

44
DIREITO PENAL

Suzana, Oficial da Defensoria Pública estadual, é responsável pelo registro,


movimentação e tramitação de processos em determinada unidade da
Defensoria. Sua inimiga, Zulmira, solicitou assistência da Defensoria nesta
unidade, e por vingança Suzana deixou de registrar esta solicitação. É correto
afirmar que Suzana

a) não cometeu o crime de Prevaricação, uma vez que não praticou ato ilegal
por sentimento pessoal.

b) cometeu o crime de Prevaricação porque deixou de praticar, indevidamente,


ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

c) não cometeu crime algum, embora por ética e responsabilidade


administrativa deveria ter registrado a solicitação de Zulmira.

d) cometeu o crime de Corrupção Passiva, por ter deixado de realizar ato que é
exigido em lei.

e) cometeu o crime de Peculato, por ter praticado ato ilegal por sentimento
pessoal.

A conduta se enquadra no art. 319, do CP, que define como crime de


prevaricação a conduta de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal.

QUESTÃO 07 - ADAPTADA - OFICIAL DE DEFENSORIA - DPE-SP – 2015

Verônica, funcionária da Defensoria Pública do Estado que tem a posse de um


telefone celular de propriedade da Defensoria Pública, pelo qual é responsável,
em determinado dia de trabalho ao sair para almoçar esqueceu este telefone

45
DIREITO PENAL

em cima de sua mesa de trabalho. Vagner, seu colega de trabalho na mesma


função, nota o descuido e subtrai o aparelho celular. Nesta situação hipotética,
diante do Código Penal brasileiro é correto afirmar que Verônica

a) e Vagner cometeram crime de peculato, se sujeitando às mesmas


penalidades, pois ambos concorreram para o crime.

b) cometeu o crime de peculato mediante erro de outrem enquanto Vagner


cometeu o crime de peculato doloso.

c) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de peculato, pois se


apropriou de bem móvel público de que tem a posse em razão do cargo em
proveito próprio ou alheio.

d) não cometeu nenhum crime e Vagner cometeu o crime de peculato culposo.

e) cometeu o crime de peculato culposo e Vagner cometeu o crime de peculato,


pois ele não estava em posse do bem, mas mesmo assim o subtraiu, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.

Questão que exige o conhecimento do art. 312 e seus parágrafos. Observe,


especialmente, o parágrafo 2º que define o peculato culposo:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer


outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a


posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.

46
DIREITO PENAL

Peculato culposo

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à


sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.

QUESTÃO 08 - ADAPTADA - OFICIAL DE DEFENSORIA - DPE-SP – 2015

Marcelo, funcionário público da Defensoria Pública, é responsável por organizar


a fila de atendimento ao público. Ao encontrar seu amigo Pedro, que pretende
ser atendido na Defensoria, diz que pode fazer com que ele seja o primeiro a
ser atendido, embora Pedro não tenha chegado primeiro e sequer tenha algum
motivo justo para isso. Pedro se interessa, mas Marcelo solicita cem reais em
dinheiro para fazer isso e afirma que, se Pedro não quiser pagar, não tem
problema, apenas terá que aguardar seu lugar correto na fila. Nesta situação,
Marcelo

a) cometeu o crime de corrupção passiva por ter solicitado para si vantagem


indevida em razão de sua função

b) cometeu o crime de concussão por ter exigido para si vantagem indevida em


razão de sua função.

c) cometeu o crime prevaricação, pois beneficiou terceiro por ser seu amigo.

d) não cometeu nenhum crime, pois seu amigo não se manifestou quanto a
aceitação no ato de pagar o valor para ajuda de custo.

47
DIREITO PENAL

e) cometeu o crime de advocacia administrativa pois patrocinou diretamente


interesse privado perante a Administração pública valendo-se da qualidade de
funcionário.

A conduta se enquadra no crime de corrupção passiva, definido no art. 317, co


CP, como a ação de solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

QUESTÃO 09 - ADAPTADA - PROMOTOR - MPDFT – 2015

Quanto aos crimes contra a administração pública, assinale a opção CORRETA:

a) Para a caracterização do delito de comunicação falsa de crime ou


contravenção, exige-se a instauração formal de procedimento de investigação
do fato comunicado.

b) O falso testemunho deixa de ser punível se, antes da sentença no processo


em que se apura o falso, o agente se retrata ou declara a verdade.

c) O agente de polícia que, valendo-se da facilidade proporcionada pelo cargo,


subtrai, em proveito próprio, dinheiro de fiança prestada por preso em flagrante
na delegacia de polícia em que trabalha, e que estava na posse do escrivão de
polícia, pratica o crime de peculato.

d) Pratica conduta atípica o policial que, negligentemente, deixa à vista, sobre o


painel de seu veículo, a arma de fogo pertencente à corporação e a si
acautelada, sendo tal objeto subtraído sem violência por um ladrão que por ali
passava.

48
DIREITO PENAL

e) O agente de trânsito que retarda, indevidamente, a prática de ato de ofício,


cedendo a pedido ou por influência de alguém, comete crime de prevaricação.

O Art. 312, § 1°, do Código Penal, ao tratar do peculato furto, define que se
aplica a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.

QUESTÃO 10 - ADAPTADA - ANALISTA - TRE-SE – 2015

Patricio, funcionário público, atuando em um cartório de determinada Zona


Eleitoral do Estado de Sergipe, exige a quantia de R$ 50.000,00 em dinheiro de
Ourives, candidato a Vereador em um pleito eleitoral, para não formalizar a
apreensão de material de propaganda irregular e compra de votos promovida
por meio de entrega de cestas básicas a populares do município, tudo praticado
durante o período eleitoral. Neste caso, o funcionário público Patrício cometeu
crime de

a) corrupção passiva.

b) excesso de exação.

c) concussão.

d) prevaricação.

e) peculato.

49
DIREITO PENAL

Como o verbo utilizado na questão é exigir, enquadra-se a conduta no art. 316,


do Código Penal, que define como crime a conduta de exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida (concussão).

QUESTÃO 11 - ADAPTADA - TITULAR DE SERVIÇOES - TJ-RS – 2015

Acerca dos crimes contra a Administração Pública, assinale a alternativa que


contém afirmativa correta.

a) Conduzido que oferece ao delegado de polícia determinada quantia em


dinheiro para que este deixe de lavrar o auto de prisão em flagrante comete o
crime de corrupção passiva.

b) Funcionário público que concorreu culposamente para a apropriação de


dinheiro proveniente dos cofres públicos, mas restituiu os valores após o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, terá sua punibilidade
extinta.

c) Funcionário público que, tendo constatado que "W" sonegava impostos e,


antes de efetivar a autuação, colocou faixas na porta do estabelecimento
comercial de "W" com os seguintes escritos: estou sendo autuado por
sonegação de impostos, praticou o crime de excesso de exação.

d) Comete o crime de corrupção ativa o particular que paga vantagem indevida


a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício.

e) N.R.A.

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DIREITO PENAL

O excesso de exação, definido no art. 316, do Código Penal, se dá quando um


funcionário público exige um pagamento que ele sabe, ou deveria saber, que é
indevido. Também é considerado excesso de exação atuar de forma
humilhante, socialmente inadequada ou abusiva frente ao cidadão cobrado.

QUESTÃO 12 - ADAPTADA - TITULAR DE SERVIÇOES - TJ-RS – 2015

Sobre os crimes praticados por funcionários públicos, assinale a alternativa que


contém afirmativa correta.

a) O agente que exige, solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem, para
deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobra-os
parcialmente, pratica o crime de corrupção passiva, inscrito no artigo 317 do
Código Penal.

b) O peculato, em qualquer uma de suas modalidades, é considerado como


crime próprio, razão pela qual não se admite a ocorrência de coautoria ou
participação envolvendo particulares.

c) O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da obtenção


de qualquer vantagem indevida para sua consumação.

d) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante autoridade


fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público, configura o crime
de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal.

e) N.R.A.

51
DIREITO PENAL

Crime de concussão: é crime formal, que se consuma com a exigência.


Irrelevância do não recebimento da vantagem indevida (STF, HC 74009/MS).

QUESTÃO 13 - ADAPTADA - JUIZ - TRT – 2015

No crime de peculato, a condição pessoal de funcionário público

a) não constitui elementar e não se comunica ao coautor ou partícipe.

b) constitui elementar, mas não se comunica, em qualquer situação, ao coautor


ou partícipe.

c) não constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que


este conheça a condição daquele.

d) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que este


conheça a condição daquele.

e) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, ainda que este


não conheça a condição daquele.

As circunstâncias elementares do crime são componentes do tipo penal. Estas,


se transmitem aos demais agentes da infração penal. Deste modo, se uma
funcionária pública furta bens da repartição com sua colega que não exerce
cargo público, ambas responderão por peculato-furto. Cabe, por fim, relembrar
o art. 30, do Código Penal, que dispõe:

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter


pessoal, salvo quando elementares do crime.

52
DIREITO PENAL

QUESTÃO 14 - ADAPTADA - OFICIAL DE JUSTIÇA - TJ-RO – 2015

Gustavo, funcionário público que atua junto à Secretaria de Finanças de


determinado Município, quando estava em seu trabalho, recebe uma ligação de
sua esposa dizendo que o filho do casal acabara de nascer. Eufórico, deixa a
repartição pública e esquece o cofre com dinheiro público aberto. Breno,
também funcionário público daquela repartição, valendo-se do esquecimento de
Gustavo, pratica um crime de peculato. Considerando a situação narrada, é
correto afirmar que Gustavo:

a) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que a reparação do dano


antes da sentença irrecorrível gera extinção da punibilidade;

b) não poderá ser responsabilizado por sua conduta, pois o Código Penal não
prevê a figura do peculato culposo;

c) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que a reparação do dano,


desde que anterior ao oferecimento da denúncia, gerará a extinção da
punibilidade;

d) responderá pelo crime de peculato-furto em concurso de agentes com Breno;

e) responderá por peculato culposo, sendo que a reparação do dano, desde que
anterior ao recebimento da denúncia, gerará extinção da punibilidade.

No caso, como não houve a intenção, a conduta amolda-se a definição do


peculato culposo (art. 312, parágrafo 2º). Neste caso, se a reparação do dano
se precede à sentença irrecorrível, extingue-se a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz-se de metade a pena imposta.

QUESTÃO 15 - ADAPTADA - AUDITOR - TCM-RJ – 2015

53
DIREITO PENAL

O médico chefe de hospital público que retarda a expedição de atestado de


óbito por animosidade com a família do falecido comete crime de

a) exercício arbitrário ou abuso de poder.

b) falsa perícia.

c) corrupção passiva privilegiada.

d) prevaricação.

e) falsidade de atestado médico.

Nos termos do art. 319, caracteriza a prevaricação a conduta de retardar ou


deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

QUESTÃO 16 - ADAPTADA – ADAPTADA - AUDITOR - TCM-RJ – 2015

O crime de condescendência criminosa

a) Admite tentativa.

b) só é punido na forma dolosa.

c) é um delito comissivo por omissão.

d) caracteriza-se mesmo que o agente não seja superior hierárquico do


funcionário infrator.

e) é punível a título de dolo eventual se o agente ignora, por negligência, a


ocorrência da infração.

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DIREITO PENAL

Questão que foi anulada pela banca e, assim, modifiquei a alternativa "A", pois
julgo interessante para firmar alguns conceitos. Dá-se a consumação com a
simples omissão, ou seja, ciente da infração, o agente não toma qualquer
providência para responsabilizar o funcionário, ou não comunica o fato à
autoridade competente, se não tiver atribuição para fazê-lo. A tentativa é
inadmissível e não há previsão da forma culposa.

QUESTÃO 17 - ADAPTADA - AUDITOR - TCE-RJ – 2015

Durante uma noite de trabalho, Lucio, funcionário público, esquece, de maneira


culposa, o cofre da repartição aberto. Thiago, também funcionário público, ao
perceber aquela situação, comunica o fato ao seu melhor amigo Henrique, que,
sabendo da função exercida por Thiago, vai ao seu encontro. Utilizando a chave
de Thiago da sala em que se localiza o cofre, Henrique subtrai determinada
quantia. Descoberto o fato, Thiago e Henrique foram denunciados por peculato
doloso, enquanto que a Lucio foi imputada a prática do delito de peculato
culposo. Após a denúncia, mas antes de proferida a sentença, Lucio reparou o
prejuízo sofrido pela administração.

De acordo com a narrativa, é correto afirmar que:

a) Henrique, particular estranho ao serviço público, deve ter sua conduta


desclassificada para furto qualificado, eis que o peculato é crime próprio que
somente pode ter como sujeito ativo o funcionário público;

b) o crime de peculato doloso não admite a redução da pena na forma do artigo


16 do Código Penal (arrependimento posterior), tendo em vista que também
visa proteger a moralidade pública;

55
DIREITO PENAL

c) a reparação do dano por Lucio antes da sentença condenatória funciona


como causa de redução de sua sanção penal;

d) o funcionário público que, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a


qualidade de servidor, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai para si ou para outrem, deve responder por peculato-apropriação;

e) a reparação do dano por Lucio antes de eventual sentença condenatória


funciona como causa de extinção da punibilidade.

Na situação descrita, claramente há ocorrência do Peculato culposo. Nos termos


do parágrafo 3º, do art. 312, do Código Penal, a reparação do dano, se precede
à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.

QUESTÃO 18 - ADAPTADA - CONSELHEIRO - TCE-CE – 2015

Bernardo, funcionário público, ordenou que Luciana, contribuinte, quitasse


tributo indevido. Anteriormente à entrega deste valor, desistiu da ordem.
Conquanto esta atitude, Luciana entendeu por bem entregar o numerário a
Bernardo que o recebeu e o desviou depois do recolhimento ao tesouro público.
Bernardo praticou

a) fato atípico, por ausentes elementos do tipo penal.

b) excesso de exação.

c) excesso de exação qualificada.

d) peculato na modalidade furto.

e) peculato na modalidade apropriação.

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DIREITO PENAL

Na questão, como o funcionário recolhe o valor ao Estado e, posteriormente, se


apropria, temos o caso de peculato na modalidade apropriação.

QUESTÃO 19 - ADAPTADA - ANALISTA DE PROMOTORIA - MPE-SP –


2015

Nos crimes contra a Administração Pública,

a) o crime de peculato doloso (artigo 312, CP) divide-se em peculato-


apropriação, peculato-desvio e peculato-furto.

b) o funcionário público que exige tributo ou contribuição social, que sabe ou


deveria saber indevido, comete crime de concussão (art. 316, CP).

c) o funcionário que deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente comete crime de
prevaricação (art. 319, CP).

d) o crime de corrupção passiva se consuma no momento em que o funcionário


público, em consequência da promessa ou vantagem recebida, retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional (art.
317, CP).

e) o crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) se configura quando,


na modalidade “violência”, resultar lesão corporal no coacto.

O crime de peculato doloso, previsto no art. 312, do Código Penal, divide-se em


peculato-apropriação, peculato-desvio e peculato-furto.

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DIREITO PENAL

QUESTÃO 20 - ADAPTADA - ESCREVENTE - TJ-SP – 2015

O peculato culposo

a) é fato atípico, pois não está expressamente previsto no CP.

b) tem a ilicitude excluída se o agente repara o dano a qualquer tempo

c) tem a punibilidade extinta se o agente repara o dano antes da sentença


irrecorrível.

d) é punido com detenção, de dois a doze anos, e multa.

e) é punido com a mesma pena do peculato doloso.

Nos termos do art. 312, do código Penal, a reparação do dano, se precede à


sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.

QUESTÃO 21 - ADAPTADA - JULGADOR - SEFAZ-PE – 2015

O diretor do almoxarifado da Receita Estadual, após o encerramento do


expediente, solicitou ao segurança do local, que passa por dificuldades
financeiras em decorrência da enfermidade de seu filho, que deixasse a porta
do departamento aberta, pois, retornaria para a finalização dos trabalhos após
o jantar. O segurança informou que não poderia permitir, devido a guarda dos
valores retidos no local e o encerramento do expediente. O diretor propôs,
então, ao segurança, ajudar na compra do medicamento para seu filho. O
segurança deixou a porta aberta ciente das intenções do diretor, que se

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DIREITO PENAL

apossou dos envelopes contendo quantia em dinheiro referente aos tributos


recebidos naquele dia e os depositou em conta corrente própria. A conduta do
segurança está descrita no crime de

a) peculato-furto em concurso de pessoas.

b) peculato-apropriação em concurso de pessoas.

c) furto qualificado pelo concurso de agentes, por não ser funcionário público.

d) apropriação indébita em concurso de agentes, por não ser funcionário


público.

e) peculato culposo, pois não praticou o verbo do tipo penal.

Questão que gera confusão entre o Peculato-Furto e o Peculato-Apropriação.


Peculato furto é uma forma específica de furto, em que o agente subtrai a coisa
que não está em sua posse ou mesmo na sua disponibilidade, valendo-se da
qualidade de funcionário público para realizar a subtração; a condição de
funcionário público é que dá a oportunidade para o agente realizar a subtração.

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